As Revistas Semanais Ganharam Dimensões Socioculturais Que Extrapolam O âmbito De Um Negocio Editorial Em Uma Sociedade Heterogênea.docx

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As revistas semanais ganharam dimensões socioculturais que extrapolam o âmbito de um negocio editorial em uma sociedade heterogênea. Pretenderam-se capazes de dar conta das vastas dimensões do país e de assegurar que leitores de diferentes regiões estivessem aptos a compreender o noticiário. (...) Assim, ganharam legitimidade como instâncias discursivas organizadoras do social ao definir os acontecimentos memoráveis. (...). p. 12 Os periódicos de circulação nacional, não são apenas disseminadores de informações, mas também exercem um papel de difusores e organizadores da cultura e da política do país. Selecionando e apresentando os acontecimentos da sociedade de acordo com os seus ideais, interesses políticos e de mercado. Pois entendemos que os meios de comunicação sempre acompanham a demanda do capital e busca trazê-la em seu benefício. “A interpretação sobre o papel da imprensa no mundo contemporâneo não pode deixar de lado os conflitos presentes na própria sociedade capitalista”. (SILVA, 2003, f.26). Acreditamos que as revistas de circulação semanal se tornaram modeladoras dos costumes da sociedade brasileira, devido ao fato de estarem em todo o território nacional. Pois possuem um discurso que é compreensível em todas as regiões do país. (...) Assim, ganharam legitimidade como instâncias discursivas organizadoras do social ao definir os acontecimentos memoráveis. (...). (AREND, 2014, p. 12) Seguindo o que diz Arend (2014) sobre o poder de influência dos meios de comunicação, e no nosso caso, a Revista Veja, cremos que esse poder de interferir na vida cotidiana da sociedade vem do fato de Veja trazer em seus editoriais assuntos que agradam a todos, pais, filhos, esposas, etc.. Esta variedade de assuntos que a torna tão atraente funcionando como uma difusora de costumes no seio da sociedade. (...) A Veja tinha como principal objetivo informar o seu leitor das principais noticias do mundo – política , esporte, cultura, economia – e, em um período curto de tempo, colocar o seu público consumidor na lógica global em que era preciso economizar o tempo e manter-se informado. (...) (ROSSATO, DUARTE, SILVA, 2014.p. 54).

Essa preocupação de Revista Veja em agradar todos os tipos de públicos que a torna tão atrativa para os seus leitores. “(...) O número de páginas de cada edição da revista variava entre 90 a 120 páginas e era dividida por seções com diversos temas: Economia, Saúde, Política, Cultura, História, Educação, entre outros”. (ROSSATO, DUARTE, SILVA, 2014.p. 55). Independente da classe social que o leitor ocupa, sempre encontrará algo que o agrade nas páginas de Veja. Todas essas seções eram voltadas para um público específico. Política e economia para o pai de família, empresário, homem de negócios. Já a parte de saúde e educação geralmente é voltada para o público feminino. Cultura, esportes e história estão voltados para ambos, porém, mais jovens. (...). (ROSSATO, DUARTE, SILVA, 2014.p. 55).

1.2.1 - Veja e a censura

No período que abrange na nossa pesquisa, que vai de 1966 a 1969, a censura não era tão acirrada e frequente como passou a ser posteriormente. Contudo não apesar de não ser tão constante ela sempre existiu. “Os governos militares utilizavam-se da censura para controlar os órgãos de imprensa (...)”. (GAZOTTI, 2001, p. 01). A censura era justificada pelos militares porque esta fazia parte do processo de combate ao “inimigo interno”. Também era a forma dos militares informar a população sobre o que estava acontecendo, sendo o transmissor do pensamento do governo. Assim a censura se justificava “porque os meios de comunicação eram considerados um dos itens de segurança nacional e também seriam responsáveis por transmitir o pensamento “oficial” para o Estado manter a ordem no país”. (GAZOTTI, 2001, p. 01). Diante do que foi exposto acima, entendemos censura na perspectiva defina por Beatriz Kushnir (2012) quando nos diz que: Censurar, como uma polícia de Estado, tornou-se, portanto, a ação individual ou em grupo realizada por um censor – alguém designado pelo governo a pôr em prática o artificio censório – que, ao analisar obras de cunho artístico e/ou jornalístico, permite ou não a sua difusão. (KUSHNIR, p, 35).

No que se refere à censura na Revista Veja, esta não sofreu tanto com os censores nos anos iniciais da sua fundação. “Durante os anos ente 1968-73, Veja não foi censurada tão rigorosamente, nem sofreu perseguições como outros órgãos de imprensa”. (GAZOTTI, 2001, p. 02) Ainda segundo Gazotti (2001), esta “liberdade” da qual Veja se valia vinha do fato da revista defender uma suposta neutralidade. Publicando em suas matérias que iam de acordo com o pensamento dos militares. A revista era bastante flexível, e vivia se adaptando ao contexto ao qual estava inserida. “Além disso, o semanário possuía alguns princípios liberais que o norteavam, mas era bastante maleável e adaptavase ao contexto ditatorial, mesmo defendendo a abertura política”. (GAZOTTI, 2001, p. 02).

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