State19_a Mulher Na Família Internacional

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A Família Internacional

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A Mulher na Família Internacional

Escrito por Paul e Nora Williams Baseado em uma monografia apresentada na conferência anual da Sociedade Científica de Estudos Religiosos (SSSR), Houston, Texas, em 25 de Outubro de 1995. Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis. O coração do seu marido confia nela, e a ele não falta riquezas. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida. A força e a dignidade são os seus vestidos; ri-se do dia futuro. Abre a boca com sabedoria, e a instrução fiel está na sua língua. Olha pelo governo da sua casa, e não come o pão da preguiça. Levantam-se os seus filhos, e lhe chamam bem-aventurada; o seu marido também, e a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas és superior. Enganosa é a graça e passageira a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. (Provérbios 31:10–12, 25–30)1

Introdução

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or tradição, as mulheres sempre foram consideradas o “sexo frágil”, no entanto, suas qualidades de amor, desvelo, compaixão, sensibilidade, intuição e compreensão — consideradas fraquezas por alguns — são muito necessárias nos dias atribulados em que vivemos. Aprender a respeitar, desenvolver e aplicar adequadamente as melhores qualidades das pessoas e valorizar aquilo que distingue uns dos outros é fundamental para a alegria, criatividade e realização humanas. Em um momento em que a guerra, a violência e o terror crescem por toda parte, é grande a força e a inspiração encontradas nas manifestações dessas supostas fraquezas, tais como, o caráter terno e

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protetor da mulher, o cuidado e o desvelo que ela manifesta. Hoje, talvez mais que em qualquer outro momento da história, vemos a necessidade de que as mulheres assumam suas posições e usem seus dons e talentos especiais e, com o poder do amor de Deus, estendam a mão para ajudar a curar o nosso mundo ferido e mutilado pela guerra. Maria David, líder espiritual da Família Internacional [a Família], afirmou: Geralmente as mulheres são mais ternas e amorosas [do que os homens], mas isso não é uma fraqueza. Pelo contrário, é uma força espiritual. O Senhor quer que todos sejamos assim. Todos precisamos cultivar mais as qualidades de mulheres de Deus mais do que as qualidades [de força e agressão física] geralmente atribuídas aos homens. (“Sim a Jesus” parágrafo 42) Neste documento, esperamos proporcionar um entendimento das dimensões espirituais, sociais e sexuais da vida na Família que permitiram às nossas mulheres desempenhar papéis notáveis de liderança, com o mesmo nível de autoridade dos homens, sem abrir mão de seu direito e liberdade de desfrutar papéis femininos enquanto esposas, mães e amantes.

Mulheres na “Revolução por Jesus”

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m sua origem, o movimento Os Meninos de Deus (como era chamado) compunha-se em grande parte por americanos jovens solteiros com uma visão liberal com relação ao sexo, característica

Salvo outra indicação, todos os versículos bíblicos são da Edição Contemporânea Almeida, Editora Vida. ST019–0401

Nunca na história do mundo, tantas mulheres ocuparam posições de liderança [como hoje]! — Primeiras-ministras, presidentes, governadoras e tantas outras posições de liderança. Minha mãe foi uma das primeiras mulheres a exercer cargos de liderança na Igreja de seus dias. Tenho certeza que Maria será uma verdadeira chama que iluminará seu caminho nos dias escuros que estão por vir, depois que eu partir! (“Não Falta Muito” parágrafo 50)

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um reconhecimento à capacidade feminina de liderança, David falou da permanente influência que sua mãe, a evangelista Virginia Brandt Berg (1886–1968), exerceu nele, assim como da grande fé de Maria:

Apesar de as tradições das igrejas ao longo dos séculos terem sempre favorecido a predominância masculina — não só no casamento, mas também nas funções da igreja — David acreditava que, perante Cristo, homens e mulheres são iguais. Acreditava que, no Reino de Deus, as diferenças entre os gêneros fossem irrelevantes; e que o importante era o relacionamento pessoal do indivíduo com Deus. Até mesmo o escritor e líder cristão nos tempos da Igreja Primitiva, São Paulo, que insistia que as mulheres se subordinassem aos homens na Igreja, reconheceu publicamente que, em Jesus, “não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28). Expandindo o princípio deste versículo, David escreveu: Nos nossos lares, consideramos nossas esposas no mesmo nível [de liderança] que os homens. Entendemos não haver diferença no Senhor, que em Cristo Jesus não há macho nem fêmea, que todos somos um em Cristo Jesus. Portanto, para nós, a mãe do lar é tão importante quanto o pai. (“Convívio” parágrafo 23)

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da contracultura dos anos 60 e do começo dos anos 702. Esses seguidores de ideologias liberais reuniam qualidades como o zelo e a adaptabilidade, necessárias para criar uma sociedade comunitária cristã totalmente nova. Sob a orientação do seu fundador, David Brandt Berg (1919-1994), lançaram-se a “ganhar o mundo por Jesus”. Homens e mulheres entravam para o movimento no mesmo nível, unidos pela mesma causa espiritual. No entanto, quando esses jovens “revolucionários por Jesus” começaram a se casar, as diferenças entre os papéis de cada gênero passaram a crescer em importância, quando alguns maridos ficaram descontentes em trabalhar de igual para igual com suas esposas. Tão logo se casaram, alguns preferiram suprimir os dons e talentos de suas esposas a ficar em segundo plano ou subordinados a suas esposas talentosas e comunicativas. Logo no início do movimento, em cartas3 aos seus seguidores, David Berg teve de abordar esse problema de certos homens não quererem dar espaço às mulheres. Apesar de David, enquanto líder do grupo, por vezes desempenhar um papel autoritário, tinha grande consideração pelas mulheres, certificando-se que elas tivessem representação em cada reunião, ouvindo seus comentários e sugestões, dispensando-lhes o mesmo tratamento que tinham os homens. Ele não aprovava que os homens anulassem, depreciassem ou menosprezassem as mulheres, e, pelo contrário, encorajou que os homens permitissem a atuação de suas esposas em todas as áreas. O equilíbrio na distribuição das responsabilidades durante os primeiros anos da Família demorou para ser alcançado, mas foi conquistado, em grande parte, devido aos esforços de David em insistir que as mulheres em todos os níveis, casadas ou solteiras, aceitassem posições de responsabilidade e liderança, e que fossem devidamente aceitas pelos demais. O exemplo mais notável dessa determinação de conferir responsabilidades e poderes às mulheres da Família está nos anos de treinamento pessoal, na confiança e conseqüente transferência da liderança da Família à sua esposa, Maria, que começou no movimento como sua secretária pessoal. Em

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David Berg, cujo pseudônimo na época era “Moisés Davi”, comunicava-se com seus seguidores por meio de cartas de motivação e conselho, conhecidas como “Cartas de MO” ou “CdMs”. Copyright © 2004 por A Família Internacional 3

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A Família Internacional teve início quando nosso fundador, David Berg, começou a compartilhar as boas novas do amor de Deus com os jovens desiludidos da contracultura hippie nos Estados Unidos. Seus seguidores originais se tornaram o movimento conhecido Os Meninos de Deus (MdD) e tiveram um papel importante na “Revolução por Jesus” daquela época. No começo de 1978, o movimento Os Meninos de Deus foi dissolvido e deu lugar à A Família de Amor, com uma nova estrutura organizacional. A Família de Amor hoje é conhecida apenas como A Família ou A Família Internacional. Temos um estilo de vida comunitário que segue o padrão dos primeiros cristãos, segundo o qual compartilhamos nossos bens materiais, recursos e responsabilidades. (Atos 2:44–45) 2

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Quando David Berg faleceu, em outubro de 1994, tinha plena confiança que o movimento que fundara prosseguiria com sabedoria e amor sob a orientação espiritual de sua esposa, Maria, que por muitos anos teve um papel ativo na liderança do grupo. Nos anos que precederam à morte de Berg, Maria assumiu responsabilidades na liderança espiritual e administrativa da Família progressivamente maiores. A liderança plena de Maria não foi surpresa para os membros da Família, preparados por David durante muito tempo para essa transferência de autoridade. A Família já estava acostumada às mulheres ocuparem toda espécie de cargos administrativos. As mulheres da Família, das mais diversas nacionalidades, estão envolvidas de forma ativa e eqüitativa em cada aspecto do nosso trabalho e representadas nos mais altos níveis executivos, em todo o mundo. Na Família, evitamos ao máximo atentar para o gênero da pessoa no que diz respeito à ocupação de funções dentro da estrutura organizacional. O reconhecimento e respeito de cada indivíduo dependem da sua vocação e unção.

funções desempenhadas pelo homem e não estarem limitadas aos papéis de esposas e mães amorosas, podendo dessa forma ser líderes em seus campos de trabalho, comunidades, igrejas, etc. Ser esposa e mãe deve ser algo gratificante, emocionante e maravilhoso, mas as mulheres também devem ter acesso a oportunidades amplas de exercitar e desenvolver o seu potencial de liderança, como acontece com as nossas mulheres da Família. Concomitantemente ao desempenho das funções de liderança, as mulheres da Família desfrutam ser mulher. Gostam de ser sexualmente atraentes, desfrutam do sexo natural e prazeroso, e têm prazer em ser esposas, amantes e mães. As mulheres da Família gostam de ter uma aparência atraente e feminina, ainda que, certamente, a beleza interna seja mais importante que a externa. David escreveu: “Para você brilhar e transmitir felicidade, a paz, a alegria, o amor e a beleza que só Deus pode dar, é preciso que haja a beleza interior dada por Deus no seu coração e na sua vida e até no seu corpo” (“Crianças” parágrafo 31).

A teologia da Família é “favorável às mulheres”

Desfazendo o mito

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creditamos que o Espírito Santo, parte da divindade, seja uma entidade feminina. Essa crença está fundamentada na passagem registrada no primeiro capítulo do livro de Gênesis, nos versículos 26 e 27, que relata a decisão de Deus de criar os seres humanos, à imagem de Deus, um macho e uma fêmea. “E Deus disse, ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.’ Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.” Quando compreendemos que o Espírito Santo é feminino, entendemos que parte da força que rege o Universo é feminina e podemos deduzir, com isso que, aos olhos de Deus, macho e fêmea podem e devem trabalhar lado a lado em posições de liderança. Também entendemos que Deus Pai, o Espírito Santo, e Seu Filho, Jesus, compõem a família celestial, muito semelhante à família humana, tipicamente formada por pai, mãe e filhos. Esse conceito do relacionamento entre Deus, o Espírito Santo e Jesus nos ajuda a ter uma percepção do verdadeiro papel da mulher. O Espírito Santo não é somente uma esposa, mãe e consoladora, mas também é líder. Acreditamos que as mulheres hoje devem poder ocupar as mesmas 4

Ver Gênesis capítulo 3 ; 2 Coríntios 11:3.

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ristãos, judeus e muçulmanos aprendem que o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, foram criados por Deus e viviam num jardim paradisíaco chamado Éden. Eram perfeitos, felizes e viviam totalmente nus, sem sentir nenhum acanhamento por conta disso. Nesse jardim havia duas árvores especiais, a árvore da vida, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus advertiu Adão e Eva que não comessem desta, senão morreriam. Certo dia, Satanás, o anjo caído e tentador maligno, apareceu sob forma de serpente e convenceu Eva de que Deus estava mentindo e que ela não morreria se comesse do fruto proibido. Eva acreditou, comeu do fruto e, em seguida, convenceu Adão a fazer o mesmo. Porque Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, Deus os baniu do jardim para que não comessem da árvore da vida, que os capacitaria a viver eternamente. Foi então que a morte, o mal, o pecado e as doenças vieram ao mundo. Esse acontecimento é conhecido como o pecado original, causador da queda do homem.4 Em muitas tradições religiosas, o pecado original é relacionado de alguma forma ao sexo e a

Casamento

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avid Berg defendia e incentivava o casamento, tipicamente depois de o casal passar algum tempo convivendo e trabalhando juntos, para que estivessem seguros de sua decisão. Seguem-se alguns comentários que fez sobre casamento:

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Entendemos que o relacionamento entre um casal de integrantes da Família deve seguir o mesmo princípio que se observa na Família de um modo geral, ou seja, homens e mulheres estão no mesmo nível. O ideal é que os parceiros estejam no mesmo nível. Tanto o homem quanto a mulher devem “servir um ao outro em amor”, tal como a Bíblia admoesta a todos a fazerem, levando seus fardos de forma eqüitativa. O casamento é um relacionamento de parceria que precisa ser justo, e a carga de trabalho deve ser distribuída entre os dois em amor e em um ambiente de consideração mútua.

Divórcio

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avid escreveu: “O casamento deve ser para o resto da vida, a não ser nas circunstâncias mais raras, realmente extremas e/ou exceções previstas nas Escrituras! Deve ser feito tudo humanamente possível para que os casais permaneçam juntos para o bem deles mesmos, para o bem dos seus filhos e para o bem da obra de Deus!” (“Onda” parágrafo 78) Os casais são muitíssimo incentivados a fazer de tudo ao seu alcance para que seus casamentos dêem certo, principalmente quando têm filhos. O divórcio, no entanto, é permitido após todos os esforços de reconciliação terem fracassado ou quando o casamento passa a não ser mais viável. Espera-se dos casais que a separação ocorra amigavelmente e com respeito mútuo, que cheguem a uma decisão aceitável a ambos sobre os cuidados e a guarda dos filhos. As preferências das crianças devem ser levadas em consideração ao tomarem estas decisões. Para que os casais possam ter a oportunidade de reconsiderar sua decisão de se separar, sugerese que antes de efetivarem o divórcio, passem por um período de separação temporária. Na Família, as separações temporárias são tratadas de maneira informal, mas quando os casais desejam dissolver seus casamentos, devem assinar um acordo registrado em cartório, que especifique os detalhes da custódia dos filhos, etc. Cabe às duas partes a decisão quanto a um divórcio civil.

O Esfregão é uma compilação de citações curtas de uma grande variedade de fontes e autores.

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O casamento é a relação humana mais satisfatória, mais fortalecedora e mais duradoura desta Terra. (Esfregão 667)5 No casamento, deve haver o máximo possível de igualdade e de partilha. Vocês deveriam conversar entre si, orar juntos, amarem-se um ao outro, debater as coisas juntos, chegar a acordos e tomarem decisões juntos. (Esfregão 669) Casamento é mais do que sexo, ou amizade, ou uma relação profissional para a realização da obra do Senhor! É o relacionamento mais íntimo, humilde, amoroso e abnegado entre seres humanos nesta vida. “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” João 15:13. Isto é amor, amor de verdade, amor genuíno: um marido estar disposto a se sacrificar

pela esposa, a vontade ardente da mulher dar a vida pelo marido! Isso é amor sobrenatural, Amor de Deus, mais do que humano! (“Onda” parágrafo 62)

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mulher é vista como principal culpada. Esse mito não apenas deu à prática sexual uma má reputação, também tem sido fonte de muitos maus-tratos contra as mulheres ao longo dos séculos. Na Família, não acreditamos que sexo praticado em amor seja pecado nem que Eva tenha sido uma sedutora pecaminosa que usou o sexo para desviar seu inocente marido do bom caminho. O pecado de Adão e Eva foi resultado da descrença naquilo que Deus lhes havia falado; a descrença, e não o sexo, levou ambos a desobedecer. Não acreditamos que a sexualidade feminina tenha sido a cilada que introduziu morte e destruição no mundo nem que o sexo, em si, seja maligno, pecaminoso ou um fator que tenha contribuído para a queda da humanidade. Pelo contrario, muito antes de sequer existir pecado, o primeiro mandamento de Deus a Adão e Eva foi que praticassem sexo, quando lhes disse: “Frutificai, multiplicai-vos e enchei a terra” (Gênesis 1:28).

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As separações litigiosas são raras e ocorrem tipicamente porque um dos pais decide deixar a Família e o casal não consegue chegar a um acordo quanto à custódia das crianças. Como o nosso estilo de vida missionário não favorece que membros da Família adquiram imóveis ou outros bens pessoais de alto valor, conflitos envolvendo a disputa de bens, tão comuns nos divórcios seculares, são praticamente inexistentes na Família.

Maternidade

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a Família, despendemos um esforço consciente para tornar a maternidade o mais fácil e feliz possível, tanto física quanto psicologicamente. Como acontece com a maioria dos desafios da vida, ser mãe se torna mais fácil, feliz e recompensador quando as outras pessoas sustentam atitudes boas, positivas e encorajadoras. Bons cuidados pré-natais são ensinados e incentivados na orientação que as jovens recebem das mães mais experientes e pela farta literatura da Família sobre o assunto. Partos naturais no ambiente agradável e tranqüilo do lar são preferíveis, quando isso for prático e viável. As mulheres da Família, às vezes, são criticadas pela visão tradicional e por muitos considerada antiquada em relação à vida. Em muitas sociedades modernas, casar-se cedo e pretender ter mais que dois filhos não é politicamente correto. Ainda que fique a critério de cada membro da Família usar ou não alguma forma de controle de natalidade, nossas crenças encorajam os membros a ter filhos, motivo pelo qual cada mulher casada na Família tem, em média, quatro filhos. Não é raro encontrar famílias com oito nove, dez ou mais filhos. Com tantas crianças para serem cuidadas, pode-se perguntar que outras aspirações as mulheres da Família podem ter. Talvez muitos questionem: “Um número tão grande de filhos praticamente dá por encerrada a carreira como discípulo de Jesus?” O número crescente de crianças obrigou nosso movimento a se adaptar à necessidade real no que diz respeito ao cuidado de crianças em um contexto em que seus membros se dedicam ao serviço a Deus. David Berg relatou seus próprios esforços em tempos passados, quando ele e sua primeira esposa, Jane, criaram os quatro filhos. Jane, que sempre fora muito ativa nas atividades da igreja, viu o nascimento das crianças como o fim do seu ministério. Perguntava-se como poderia voltar a pregar ou ensinar. Era difícil aceitar as tarefas 6

corriqueiras dos cuidados da casa e das crianças enquanto seu marido muitas vezes viajava para atender a assuntos relacionados à evangelização. O que ela não percebia naquele momento era quanto o cuidado e a educação de seus filhos eram importantes para o trabalho de Deus. Aquelas crianças um dia começariam um trabalho cristão que alcançaria milhões de pessoas e se espalharia por todo o mundo. Para encorajar as mães que descobriam que seus filhos passaram a ser seu ministério principal, e que eram tentadas a lamentar a “perda” de suas carreiras, David escreveu: A dádiva de Deus é o Seu trabalho. [As crianças] são o Reino de Deus. Portanto, ao cuidar delas, estão ajudando o Reino de Deus a vir sobre a Terra! — “Assim na Terra, como no Céu.” — O Pai Nosso! Eles são o Seu reino, membros do Seu reino. Vocês também o são, é claro, mas quando cuidam do Seu reino na Terra, ajudam a torná-lo na Terra como é no Céu. (“Dádiva” parágrafos 64–66) Concentrar as atenções nas crianças como um novo campo de missão tão importante quanto qualquer outro aspecto do trabalho de Deus ajudou a aliviar a pressão sentida pelos pais e especialmente pelas mães de que tinham de trabalhar em dobro, sendo ao mesmo tempo missionários e pais. Com o passar do tempo, um dado surpreendente foi constatado: muitas de nossas mais proeminentes mães e líderes mulheres são justamente as que têm muitos filhos. Como poderia ser possível? O raciocínio convencional é que os filhos impedem que uma mulher possa alcançar efetivamente seus interesses pessoais e se dedicar a atividades fora do lar, ou pelo menos não as expandir. De fato, na sociedade em geral, é o que tipicamente acontece, mas a maioria dos membros da Família vive em comunidades cooperativas nas quais os pais contam com o apoio dos demais. Um dos grandes benefícios dos membros da Família é um grupo de apoio sempre presente, o que inclui berçário e amigos de confiança que podem ajudar a cuidar de seus filhos, caso os talentos do pai ou da mãe sejam necessários em outro lugar por algum tempo.6 As mães na Família geralmente também se dedicam à evangelização, o que lhes permite levar consigo seus filhos, visto

Para mais detalhes, veja o documento “Crianças na Família Internacional: Educação, Cuidado, Proteção e Direitos”.

Responsabilidades dos pais

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té mesmo na nossa sociedade cooperativa, criar os filhos é trabalho árduo, principalmente se considerarmos que quase sempre educamos os nossos filhos em casa. Nos primeiros tempos do nosso movimento, o cuidado das crianças era visto como uma atribuição da comunidade, a exemplo do que acontece nos kibutz, e a responsabilidade da educação dos pequenos era, em grande parte uma preocupação coletiva. Isso oferece tanto vantagens como desvantagens. Por um lado, aumenta o senso de responsabilidade e amor de todos os membros pelas crianças; mas por outro, pode, sem que haja essa intenção, diminuir a influência e autoridade dos pais. Um envolvimento menos direto da parte dos pais na educação dos filhos atenua o senso de responsabilidade pessoal do indivíduo no tocante aos cuidados e à conduta dos próprios filhos. Encontrar o meio termo entre o cuidado comunitário e parental foi um desafio e tanto. A fim de fortalecer os laços entre pais e filhos e dar às crianças o tempo necessário com seus irmãos e irmãs, desde 1991 é exigido de cada comunidade no mundo todo reservar o “tempo em família” diariamente. Também foi sugerido que os pais alocassem um dia por semana para passar um “dia em família” com seus filhos. Mães solteiras são incentivadas a se juntar a outras famílias durante o tempo em família e nos dias em família, e os homens solteiros e casados são incentivados a ser uma figura paterna para qualquer criança cujos pais não estejam presentes. A promulgação da Carta Magna de Amor [Carta Magna dos Discípulos da Família], em

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O Senhor está procurando casais jovens com filhos para serem exemplos de liderança. [Falando para os casais jovens com filhos:] Vocês compreendem o que é criar filhos e todas as respectivas dificuldades. Vocês conhecem de primeira mão, as necessidades, que isso envolve e, por essa razão, são bons candidatos a posições de liderança. [Falando para a liderança da Família:] Às vezes, podemos pensar que os casais jovens com muitos filhos não deveriam estar em posição de liderança. Mas o Senhor proverá pessoas para ajudar a cuidar dos filhos desses jovens líderes [porque] é muito importante que tenham filhos para que seus colegas possam ver que a vida, a utilidade e o desafio não terminam quando casam e têm filhos. [Ter filhos] não é o fim de uma carreira, mas engrandece a sua carreira e torna vocês mais valiosos no reino, mais cheios de talentos e mais compreensivos. Será verdadeiramente um testemunho para a Família de que realmente acreditam que a dádiva de Deus é o trabalho de Deus, que o fruto do ventre é a Sua recompensa, e que [os filhos] não atrapalha o seu serviço, mas são bênçãos! (“Ouro” parágrafo 449)

Isso talvez explique por que mães experientes da Família freqüentemente encaram com muita naturalidade aquilo que é o temor de tantas mulheres. Parte do segredo é que passam rapidamente da condição de “cativa” dos filhos, para a de capitã de equipe. Em vez de dizerem “Minha nossa, tenho tanto a fazer”, passam a falar: “Prestem atenção, crianças! Hoje temos muito a fazer.” Quando vir um grupo de jovens cantores da Família, ou adolescentes da Família prestando auxílio humanitário às vítimas de algum desastre, apresentando uma peça natalina em um orfanato ou um jovem da Família consolando alguém hospitalizado às portas da morte, ou ouvindo pacientemente um idoso em um asilo, repare bem e vai encontrar aquela mãe atarefada observando cada um, orando e encorajando cada um a continuar. Ela aprendeu o segredo de transformar o “fardo” da maternidade em uma bênção eterna.

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que o serviço cristão facilita que pais encontrem formas de incluir as crianças em suas atividades. Sendo assim, mães e pais da Família descobriram que ainda podem realizar muito para o Senhor com seus filhos (e às vezes até mais). Como David escreveu, “Estou convencido de que as nossas crianças e famílias vão ser alguns dos nossos maiores testemunhos, a prova final, o exemplo vivo dos sermões, que o que temos a dizer sobre viver para o Senhor, da maneira como nós o fazemos, realmente dá resultado!” (“Mão” parágrafo 3) Outra vantagem resultante do trabalho de cuidar e educar as crianças é que proporciona praticamente a melhor capacitação de liderança e gestão de relacionamentos interpessoais que alguém pode receber. No começo de 1996, quando a liderança da Família buscou a orientação de Deus quanto à praticidade de casais jovens com filhos assumirem responsabilidades de liderança, Maria David ofereceu o seguinte conselho:

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1995, combinada à redução no tamanho das comunidades da Família transferiu grande parte dos cuidados diários e das responsabilidades de escolarização das crianças para os pais. De acordo com o documento, cabe aos pais a responsabilidade final pela garantia da educação apropriada para seus filhos, contando com a ajuda da comunidade. A maioria dos pais da Família dedica grande parte do seu tempo diariamente aos filhos, ensinandolhes a Palavra de Deus, ajudando-os com seus estudos, além de ensiná-los a alcançar os outros por meio das muitas atividades voltadas à ajuda dos necessitados.

Mães solteiras

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avid Berg escreveu: “Toda criança precisa tanto de um pai como de uma mãe” (“Deserção” parágrafo 20). No entanto, tal como a sociedade no geral, reconhecemos que esse ideal nem sempre é possível, viável, ou sequer o desejo de todos. Felizmente, nosso estilo de vida comunitário proporciona às pessoas solteiras com filhos (na sua maioria mulheres) todas as vantagens da vida em uma família ampliada. Diferentemente do que em geral acontece na sociedade, as mães solteiras na Família recebem ajuda em todos os muitos detalhes e responsabilidades do dia-a-dia. De um modo geral, as questões práticas que mães solteiras têm de enfrentar no mundo são atendidas por outros na comunidade da Família. Elas não têm, por exemplo, de se preocupar em encontrar para seus filhos uma creche segura, de boa qualidade e dentro do seu orçamento. Não precisam deixar seus filhos sob os cuidados de desconhecidos que não conhecem nem amam seus filhos. A vida comunitária contribui para que as mães solteiras estejam livres de muitas das tarefas diárias que teriam de realizar se morassem sozinhas. Normalmente, não precisam chegar em casa, cansadas do trabalho e ainda encarar sozinha as tarefas de fazer as compras, limpar a casa, cozinhar, dirigir, nem se preocupar em achar uma babá de última hora. Normalmente, a solidão não é um problema tão grave para as mães solteiras na Família, pois geralmente têm amigos por perto com quem conversar. Elas não precisam se preocupar em sair e tentar arrumar um namorado, ou companhia masculina que seja segura e adequada, ou até mesmo sexo. É inegável que ser “solteiro” na Família não é o mesmo que ser solteiro na sociedade do mundo. A Carta Magna também estabelece como

obrigação moral dos membros atenderem e proporcionarem qualquer ajuda necessária para cada pai/mãe solteiro num Lar da Família (100).

O direito à vida

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econhecemos o imenso e eterno valor que Deus atribui a cada alma humana. — Acreditamos ser claramente errado negar a um ser humano o direito de nascer e conhecer a vida, exceto em casos em que a mãe corra risco de vida. Apesar de nossa postura contra o aborto, não admitimos nem apoiamos nenhum tipo de oposição violenta àqueles que pensam de outra forma. (Acreditamos que as crianças cujo nascimento não ocorreu por motivos de abortos, induzidos ou espontâneos, continuam sua existência e crescimento no Céu.) Compartilhamos as dificuldades que as gestantes na sociedade atual enfrentarão quando seus filhos nascerem, e oferecemos aconselhamento e ajudamos das formas que podemos. Acreditamos que há muito que deveria ser feito para facilitar que jovens mães possam dar à luz seus filhos e cuidar deles adequadamente. Nossas crenças espirituais quanto ao milagre da concepção podem ser resumidas da melhor forma nestas palavras de David Berg: A concepção é um milagre de Deus. Não acredito que aconteça por acaso. O espírito de uma criança não é físico! Deus tem de fazer com que a concepção aconteça para criar uma nova alma humana pela combinação de um novo corpo humano com um novo espírito humano. A carne [o corpo físico] é nada mais que um veículo, um instrumento e uma ferramenta. Mas é o espírito que dá vida a uma nova alma humana, uma personalidade nova, distinta, ímpar e individual de qualquer outra pessoa, criada pela mão de Deus e colocada aqui, naquele pequeno óvulo que, juntamente com um espermatozóide, se transforma em um espírito humano, um novo espírito, uma nova alma, um espírito eterno e imortal! (“Respostas” parágrafo 6)

Demonstração de afeto

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demonstração de afeto é uma característica da vida na Família. Entendemos que de-

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Para mais detalhes, veja “Conduta e Crenças em Relação a Sexualidade e Relacionamentos”.

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entamos manter o ambiente em nossos lares harmonioso, livre de competitividade excessiva, agressão, opressão, intimidação ou violência. Mesmo nos esportes de maior contato físico, amor e consideração são mais enfatizados que vencer a partida. Videogames, filmes ou programas de TV excessivamente violentos, linguajar grosseiro e desrespeitoso, materiais pornográficos e músicas que promovam violência, abuso ou sexo sem amor são práticas combatidas em nosso meio. Divergências de opiniões ou discórdias devem ser resolvidas com oração, comunicação sincera e aconselhamento.

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Nossas crenças, estilo de vida e salvaguardas em geral reduzem substancialmente o risco de assédio sexual. Pode-se definir assédio sexual como a insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada, que usa dessa posição para obter favores

Nosso modo de vida livre da violência

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O afeto na forma de beijos, afagos e abraços é importante e nos ajuda a saber que somos amados, o que não tem de forçosamente incluir sexo. O contato físico é importante porque demonstra que somos amados e nos ajuda a nos sentirmos seguros. Nem sempre o sexo é um sinal de amor, mas o afeto sim. É amor verdadeiro, genuíno, ou até mesmo abnegado! O sexo pode ser apenas algo egoísta, que você faz só porque precisa e quer, mas dar amor, afeto e carinho a alguém para mostrar que você o ama está além, vale mais e é mais importante que o sexo. Amor verdadeiro é mostrar às pessoas que você as ama. Acho que o verdadeiro amor espiritual e o afeto é o que realmente conta mais. O amor verdadeiro que você demonstra, as palavras que revelam desvelo e amor, o reconforto de ser abraçado e de simplesmente se sentir amado e querido, que, de fato, alguém os ama, e se importa com eles. É uma grande benção e um grande encorajamento para eles, e os inspira a acreditar que alguém de fato os ama e realmente se importa com eles! É uma bênção tremenda e um grande encorajamento e inspira a fé saber que alguém nos ama e se importa se somos felizes ou não, que alguém de fato se importa conosco, nossos sentimentos e felicidade! É uma maneira tão simples e tão fácil de demonstrar apenas com um sorriso ou algumas palavras amáveis sobre o amor do Senhor, alguns afagos ou beijocas. (“Amor Fraternal”, 1)

sexuais de alguém em posição hierarquicamente inferior, mais fraco ou vulnerável. Visto que o nosso trabalho é também o nosso modo de vida, “funcionários” e “dirigentes” residem juntos em igualdade, principalmente se considerarmos que a liderança do lar é escolhida pelo voto dos membros votantes do lar (pessoas com16 anos ou mais). Qualquer tentativa por parte de um dos integrantes da Família de obter ou oferecer favores sexuais em troca de estabilidade no trabalho, poder ou aumento de salário não teria nexo. As pessoas em nossas comunidades gozam de liberdade para agir com naturalidade. Demonstrar afeto e cumprimentar membros de ambos os sexos com um abraço amistoso é uma tradição social e algo ensinado pelas Escrituras. Tocar a pessoa com quem se está conversando tampouco é incomum e tais expressões de afeto e apreço na verdade são encorajadas. Ainda que tais contatos entre um homem e uma mulher possam tomar um tom ligeiramente sexual, se ambos estiverem confortáveis com isso, não é intrinsecamente errado. É absolutamente normal e natural que os homens sintam atração, desejem e gostem de mulheres e até manifestem acharem uma mulher bonita, desde que de forma amável e respeitosa. Demonstrações visíveis de afeto de caráter sexual em locais públicos não são permitidas. Os membros têm liberdade para se queixarem com outros e com a liderança da Família caso se sintam intimidados ou constrangidos sexualmente. Nas comunidades da Família, a ocorrência de algum comportamento sexualmente ofensivo é um assunto sério e o reincidente está passível de perda do seu lugar na Família. 7

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monstração de afeto seja diferente de insinuação sexual. David e Maria explicam o afeto físico que se demonstra nas comunidades da Família da seguinte forma:

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Atos de violência intencional — principalmente violência intrafamiliar — não são tolerados, exceto em caso de legitima defesa, conforme prevê a lei. Qualquer membro que trate com violência seu cônjuge ou filhos será excomungado da Família. Visto que vivemos em comunidade, qualquer comportamento dessa natureza é rapidamente identificado. Para assegurar a harmonia comunitária e a saúde e segurança de todos os membros, existem restrições quanto ao consumo de álcool, e, claro, ao uso de qualquer substância ilícita é terminantemente proibido. Ensinamos nossos meninos e meninas a ter uma atitude protetora em relação aos seus irmãos mais novos. Espera-se dos homens e garotos na Família que sejam ternos, respeitosos e demonstrem amor, alegria, paz, paciência, gentileza, misericórdia, gentileza, humildade, mansidão, bondade e fé. Ter e cultivar tais valores não é sinal de fraqueza, mas de força e de que o Espírito Santo opera em nossas vidas. Das mulheres, por sua vez, esperase não só que sejam femininas, mas também que ajam com profissionalismo no tocante à prática de sua fé e sejam leais, corajosas, dedicadas e dispostas a “sofrer as aflições” ao lado dos homens (2 Timóteo 2:3–4). Alguns aspectos de nosso trabalho cristão envolvem suportar desconforto, e até mesmo enfrentar perigos reais. As mulheres da Família têm enfrentado esses desafios lado a lado com os homens.

Mulheres no trabalho — As vantagens de um estilo de vida não-competitivo

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a Família, há muitos casos em que os homens trabalham subordinados às mulheres, assim como existem situações em que os papéis se invertem. Independentemente das diferenças entre suas posições e responsabilidades, nossos membros trabalham numa relação de respeito e consideração recíproca pelos dons, talentos, experiências e opiniões uns dos outros. O fato de termos aceitado Jesus em nossos corações torna mais fácil aceitarmos uns aos outros. Por sermos um movimento cristão comunitário ímpar dedicado a Jesus e Sua mensagem de amor e unido em torno de uma causa, existe entre nós uma união pouco comum da sociedade no geral. As comunidades da Família gozam de uma atmosfera de respeito, confiança, admiração mútua e interdependência que transcende as gerações. Jovens e velhos, casados e solteiros, homens e mulheres contribuem com seus diferentes pontos de vista e opiniões, dons, conhecimentos e habi-

lidades pessoais para as operações e preservação do grupo. Quando a humildade predomina, todos podem trabalhar juntos. As pessoas podem buscar a ajuda umas das outras quando surge uma necessidade. É o que chamamos “trabalho em equipe”. Ninguém, homem ou mulher, é auto-suficiente. O Senhor nos criou assim, para que trabalhássemos juntos em equipe, tal como Ele faz com o Espírito Santo e Jesus, para o bem de Sua criação. Nossa estrutura social se baseia na cooperação, no amor abnegado e na partilha. Da mesma forma que o universo é regido pela equipe celeste da Trindade, achamos por bem que nossos lares sejam orientados por, pelo menos, três líderes eleitos, os quais devem aprender a combinar seus talentos e habilidades em parceria, amor, união e respeito mútuo. Até mesmo Maria, que ocupa o cargo mais elevado na liderança da Família, trabalha em equipe e conselho com aqueles que a ajudam a arcar com essa responsabilidade. Na Família, os líderes são vistos mais como orientadores, que como detentores de controle, comando ou domínio. Nas comunidades da Família, a competitividade excessiva não é vista como uma virtude nem fonte de motivação. Da mesma forma, o desnível entre os cargos e gêneros é considerado contraproducente e encontra pouco espaço. As mulheres na Família não precisam competir com os homens por empregos, posições, nem por aumentos salariais, visto que todas são “acionistas e sócias” e têm a mesma participação que os homens na gestão da “empresa”. Por não haver diferenças de salário, pré-requisitos para a obtenção de emprego nem desigualdade de status entre as funções, as pessoas têm mais liberdade de optar pelo trabalho que lhe desperta mais interesse e onde há maior necessidade. Na Família, o interesse, a iniciativa e as habilidades individuais têm um papel determinante para a ocupação de cargos e funções maior que o gênero. Na Família, a idade, a escolaridade e o gênero não afetam tanto o sucesso de alguém em seu trabalho, como tantas vezes acontece na sociedade secular. Nossa tarefa principal é pregar o Evangelho, e pode ser alcançada tanto por homens quanto por mulheres, inclusive os mais jovens de ambos os gêneros. Em alguns casos, estes demonstram eficiência superior à dos mais velhos. Temos muitos outros trabalhos e ministérios, mas os consideramos secundários e satélites ao nosso propósito principal. Alguns cargos podem parecer mais interessantes e atraentes, mas, no geral, não há diferença do status social e valor espiritual

Uma mensagem pessoal de Maria

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uer admitamos, quer não, ao falarmos sobre igualdade nas oportunidades e direitos entre homens e mulheres, muitas vezes a pergunta é: “Quem é que manda?” Competição, orgulho, ciúmes e descontentamento perseguem muitos nos dias de hoje. Seria um grande alívio se em cada local de trabalho e também nas nossas vidas pessoais, pudéssemos simplesmente reconhecer os talentos, as habilidades e as qualidades uns dos outros e, sem atentarmos ao gênero de cada um, fazer o melhor possível para nos assegurarmos que cada um esteja na posição na qual será mais feliz e motivado, e onde poderá realizar mais para a expansão da empresa, organização ou igreja com que está envolvida. Você talvez ache falar é fácil, mas fazer é que são elas, e você tem razão! Em todo lugar, as pessoas querem ser liberadas. A busca pela liberdade não é exclusiva das mulheres. Os homens também buscam ser livres, mas onde encontrar essa liberdade? O segredo da liberdade não está nos homens dominarem as mulheres ou vice-versa; mas em todos trabalharem juntos. Acreditamos que é assim que deveria ser não só o cristianismo verdadeiro, mas em toda a sociedade: homens e mulheres trabalhando juntos em harmonia, unidos, fundidos no amor de Deus, cada um desempenhando o seu papel, cada um tendo o outro como mais importante, todos servindo uns aos outros em humildade. Isso pode lhes parecer um sonho irrealista, uma utopia impossível de se alcançar nesta terra. Considerando as falhas comuns à natureza humana, como é que podemos transpor obstáculos como contendas, invejas, discórdias, disputas acirradas, traições do mundo homem-lobo-dohomem, etc. No mundo atual, muitos já viram os recursos e talentos da mulher não serem aproveitados nem desenvolvidos. Há quem tenha procurado reverter a situação pela força, pela criação e imposição de leis e até pela arbitrariedade, o que causou uma perda da graça e beleza que Deus concedeu às mulheres. Acreditamos que Deus tenha um caminho melhor. Para início de conversa, talvez lhe surpreenda saber que Deus não enaltece a força do indivíduo, seja homem ou mulher. A

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Os bebês e as crianças não são trabalho só das mulheres! Uma canção antiga dizia: “São as mulheres que devem trabalhar, trabalhar, trabalhar!” Bem, na nossa Família não deve ser assim. É antiquado entender que o serviço de casa é das mulheres e o serviço de fora é dos homens. Na família, devemos estar dispostos a fazer seja o que for preciso, em casa ou fora de casa: cozinhar, lavar

pratos, cuidar dos bebês, das crianças ou seja o que for. Se amarem verdadeiramente o Senhor, uns aos outros e as crianças, farão o que for preciso ser feito. (“Dádiva” parágrafos 22–23)

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atribuídos às funções na Família (Ex: cozinheiro, educador, secretário, redator, etc.). Nas nossas comunidades, não somos tão influenciados diretamente por diferenças de renda ou salário quanto na sociedade secular. Todos nossos recursos financeiros são destinados a um caixa comum, exceto quando captados para atender a uma necessidade específica de alguém. Os membros podem receber dinheiro para despesas pessoais ou recursos para adquirir necessidades específicas, mas, no geral, as despesas com aquisições e as contas de consumo são pagas com os recursos comuns. Nossos membros não recebem nenhum tipo de salário. Porque todos gozam dos mesmos benefícios — e todos dividem seus pertences e esforços voluntariamente — os membros dos lares têm o mesmo nível social e econômico. (Atos 2:44-45; 4:34-35). Mesmo aqueles que têm maior responsabilidade, desempenham funções que exigem maiores habilidades técnicas, ou são considerados membros seniores por conta de sua experiência ou tempo na Família, normalmente não recebem vantagens materiais. Independentemente de quão prestigioso seja o trabalho de uma pessoa, ou do seu gênero, ela normalmente utiliza o mesmo carro, senta-se à mesma mesa, come da mesma comida e reside na mesma casa que qualquer outro membro da sua comunidade da Família. São pouquíssimos os trabalhos na Família considerados exclusivos a um dos gêneros. É comum os homens realizarem trabalhos de manutenção da casa, limpeza da louça, culinária ou cuidado infantil. Naturalmente, a maior parte dos trabalhos físicos pesados são atribuições dos homens. Da mesma forma, um número maior de mulheres opta por trabalhar com o cuidado das crianças. O efeito social dessa parceria comunitária ou da abordagem de trabalho em equipe, somado ao sentimento geral de igualdade entre as funções é um fator muito importante para aqueles que gostariam de compreender a vida das mulheres na Família. Como disse David Berg:

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força do indivíduo é muito limitada, mas a maior força, unção, liberação, amor e dons provêm do alto, de Deus. Portanto, as pessoas mais livres são aquelas que atentam ao Senhor e dependem dEle e invocam-nO em busca de forças. Quando alguém se submete a Jesus Cristo, aceita o Seu Espírito em seu coração, vida e mente. E quanto mais se entregar e se submeter a Ele, mais cresce e progride. Isso faz com os talentos e dons que Deus lhe confiou sejam multiplicados muitas vezes e se observa uma mudança: renasce uma nova pessoa, não por meio da força física, mas pela beleza, poder e unção do Espírito Santo. Mesmo que seja um vaso fraco, sem forças próprias, Deus pode lhe dar poder pelos Seus grandes dons, pelos grandes dons que concede. E o mesmo se aplica tanto aos homens quanto às mulheres. Quando submetemos nossas vidas ao Senhor, o Seu poder nos dá forças. É o poder da submissão. Ele assume o controle de sua vida quando a entregamos a Ele. Ao nos submetermos a Ele, de certa forma, imergimos no Seu Espírito, entregando-nos a Ele. A submissão e a mansidão têm poder, pois abrem espaço para o Espírito do Senhor. É Ele quem está operando em nós e por meio de nós. Não é que nos tornemos poderosos, mas Seu poder passa a operar em nós. O Espírito de Deus pode agir da mesma forma nos homens e nas mulheres. É o que proporciona às mulheres a fé para exercer seus dons e talentos, e aos homens fé para reconhecer e apreciar esses dons e talentos, sem se sentirem ameaçados. Infelizmente, algumas mulheres usaram seus poderes femininos para benefício próprio e exercerem o domínio. Usaram seus dons com crueldade, em vez de com amor. Mas quando a mulher manifesta sua força e seus dons permitindo que o Espírito de Deus opere através delas, esses dons e talentos edificam, encorajam e demonstram amor. O segredo da verdadeira liberação não está na busca de domínio e poder, nem em haver um gênero prevalecendo sobre o outro. A verdadeira liberação consiste de homens e mulheres se ajudarem mutuamente, cada um contribuindo com o que tem a oferecer. A solução é o altruísmo e a abnegação de ambas as partes, aceitação mútua dos dons e talentos dos outros, cada um reconhecendo o Espírito de Deus no outro. Quanto mais nos submetermos ao Espírito de Deus, mais aprendemos que não é preciso haver uma diferenciação entre os gêneros. Pois o Senhor está presente em cada um que O recebeu, e dá poder e opera em todos nós. Quanto mais próximo dEle estivermos, mais veremos o Seu

Espírito uns nos outros e deixaremos de pensar: “É a opinião de uma mulher” ou, “É a opinião de um homem”. Em vez disso veremos o Espírito de Deus em cada pessoa. O amor, o respeito, a confiança, o reconhecimento e o apreço mútuo provêm de Deus, principalmente quando nos submetemos a Ele e O amamos e adoramos. Se você deseja essas coisas presentes em sua vida, precisa primeiro chegar-se a Jesus e Ele lhe capacitará e o abençoará com todos os dons e talentos que derramou sobre Seus homens e mulheres. Isso está além da sua capacidade e, por isso, você precisa da ajuda de Jesus. Todos nós que acreditamos e recebemos Jesus somos Suas noivas, tanto coletiva, quanto individualmente. Ele é o nosso marido e quer que todos O respeitemos, como faria uma mulher ao seu marido. Submetermo-nos a Jesus como nosso marido nos ajuda a ter submissão e respeito uns pelos outros. Ele é o único capaz de nos dar amor e respeito suficientes uns pelos outros, independentemente do gênero, e nos encaminhar pela trilha que leva à verdadeira igualdade e liberdade.

Conclusão

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fácil perdermos as esperanças nesta era moderna em que há tanta preponderância das forças negativas que roubam a paz, o amor e a felicidade da humanidade. O amor entre homens e mulheres parece estar esfriando e as manifestações de afeto humano, mesmo entre familiares, amigos, colegas e filhos são evitadas por causa do egoísmo, mágoas ou temores. Mais infeliz ainda é o vazio dolorido no coração humano, que poderia ser preenchido pelo amor, mas que abriga amargura, solidão, baixa auto-estima, frustração, ira e violência. No entanto, poderíamos viver num mundo em que os casamentos fossem maravilhosos, a vida familiar gratificante, a maternidade uma experiência feliz, as amizades calorosas e abraçássemos profissões com as quais nos realizássemos, em locais de trabalho onde as pessoas se importassem umas com as outras, e nossos filhos vivessem em ambientes seguros e saudáveis. Para isso, teríamos apenas de nos unir no amor de Deus e fazer deste mundo o lugar que desejamos que seja. Deus nos prometeu que há um caminho melhor e dias melhores logo além do horizonte destes tempos atribulados. Mas você não precisa esperar por isso! Você pode, agora mesmo, permitir que Seu amor inunde sua vida, preencha o seu coração e ilumine o seu cantinho do mundo. Apenas pare num momento de reflexão e faça esta pequena oração:

Obras Citadas Berg, David. “Uma Onda Maravilhosa de Testificação Mundial.” Boas Novas — fevereiro, 1972. ---. “Respostas às Suas Perguntas No. 8.” Boas Novas — julho, 1983. ---. “Deserção!” Boas Novas — junho 1981. ---. “A Revolução de Convívio” Boas Novas — abril, 1981. ---. “A Dádiva de Deus é o Seu trabalho. 3ª. Parte.” Boas Novas — agosto, 1978. ---. “Não falta muito!” Boas Novas — janeiro, 1983. ---. “Que é isso na sua mão?” Boas Novas — outubro, 1974. ---. “Quem São os Meninos do Céu?” Boas Novas — outubro, 1985. Berg, David e Maria David. “ Permaneça o amor fraternal!” Revista Especial da Família — julho, 1993. David, Maria. “Lute pelo Ouro” Boas Novas — setembro, 1995. ---. “Simplesmente Diga Sim a Jesus!” Boas Novas — fevereiro,1995. Família, A. A Carta Magna de Amor. Bangkok: Serviços Mundiais, 1998. ESFREGÃO, O. volume 2. Comp. Maria David. Madrid: Closas-Orcoyen, S.L., 1984.

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Jesus, por favor, entre em minha vida. Perdoe os meus pecados e me preencha com Sua luz e amor, e com o poder do Espírito de Deus. Mostre-me as Suas soluções para os meus problemas. Dê-me Sua força e coragem para enfrentar esse dia e para fazer o que posso para ajudar a outros. Amém.

(“A Mulher na Família Internacional”, documento baseado em uma monografia apresentada na conferência anual da Society for the Scientific Study of Religion, em outubro de 1995, foi publicado pela primeira vez em abril de 1996 e atualizado em janeiro de 2004.)

O que é a Família Internacional? A Família Internacional é um grupo cristão atuante em mais de cem países.

A Família Internacional Caixa Postal 66345 05311-970 - São Paulo - SP www.afamilia.org E-mail: [email protected]

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Telefone nos EUA: 1 (800) 4–A–FAMILY [1 (800) 423–3264] ou 1 (202) 298–0838 E-mail: [email protected]

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The Family International PMB 102 2020 Pennsylvania Ave NW Washington, D.C. 20006–1846 USA

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A Família tem quatro objetivos principais: 1. Transmitir a mensagem vivificadora de amor esperança e salvação por intermédio de Jesus Cristo, conforme ensina a Palavra de Deus. Comunicando a alegria de conhecer Jesus como Salvador pessoal. 2. Oferecer assistência e consolo aos necessitados, conselho personalizado, realizar apresentações musicais motivadoras e beneficentes, prestar socorro a vítimas de desastres, e ajudar em esforços humanitários. 3. Criar e distribuir uma variedade de produções de caráter devocional, motivador e educativo. 4. Comunicar uma mensagem de preparação e esperança para os dias por vir, denominado na Bíblia de “A Grande Tribulação (Mateus 24:21), período que antecederá a segunda vinda de Jesus Cristo e o estabelecimento de Seu reino na Terra.

Se quiser fazer perguntas e comentários ou receber mais informações sobre A Família Internacional, contate-nos pelos endereços:

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