[performare] A Mulher Na Arte_apostila

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Curso de História da Arte

A mulher na Arte ministrado pela Profa. Catarina Landim

LIVRARIA EXÓTICA 2007

Um outro olhar sobre a História da Arte “A mulher forte não deve ser mais que um símbolo, ela apavora quando é vista em realidade”.

Balzac A necessidade de um curso que refaça o percurso da arte através da obra de grandes artistas mulheres, hoje, em pleno século XXI, é indício que a luta feminista pela revisão da História da Arte Ocidental, uma história masculina que relegou as mulheres apenas ao papel de inspiradoras, iniciada na década de 1970, ainda não se completou. Afinal, quando se pensa em grandes artistas o que vem a mente são nomes como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rubens, Rembrandt, Picasso, Van Gogh. E entre eles nenhuma artista, nenhuma mulher! A proposta desse curso é lançar um olhar na produção feminina, mas não pensando em uma História da Arte das Mulheres, pois acredito que não devemos fazer a diferenciação sexual com olhar masculino, que relega a mulher a apenas uma categoria, o “gênero”. O objetivo aqui é apresentar uma História da Arte a partir da obra de algumas das mais importantes artistas que constroem dia-a-dia o espaço da mulher nas artes, sem perder de vista o relacionamento humano entre homens e mulheres e o desenvolver das artes visuais. Estabelecer uma história de relação e não de exclusão. Para tanto, apresentaremos de início os principais conceitos que norteiam a produção feminina nas artes. As questões da representação das mulheres na arte e do imaginário masculino, os debates acerca do espaço concedido às mulheres artistas e os preconceitos em torno da produção delas, além da apresentação de um panorama da participação das mulheres nas artes visuais a partir do século XVII, são os temas que serão discutidos na primeira aula. Na segunda aula, apresentaremos a produção de algumas artistas que atuaram no século XIX e início do século XX, tais como Berthe Morrisot, Mary Cassat, Suzanne Valladon, Camille Claudel, Käthe Kollwitz, Sonia Delaunay e Hanna Höch, discutindo os principais aspectos da obra dessas artistas e o contexto artístico onde elas se inserem. A arte e as artistas brasileiras serão o tema da terceira aula. Uma situação política e social diferente levou a um contexto artístico onde os maiores expoentes das artes visuais, sobretudo após a década de 1920, são mulheres como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Maria Helena Vieira, Lygia Clark, Tomie Otake e Leda Catunda. Serão apresentadas ainda as obras das primeiras artistas profissionais brasileiras, Nicolina Vaz, Julieta França e Georgina de Albuquerque. Para finalizar, trataremos da produção visual feminina e da arte do pós-guerra, época onde a participação feminina tornou-se decisiva e se fez ouvir na Europa e, sobretudo, nos EUA. Que, ao final, possamos reavaliar a nossa maneira de ver a História da Arte e as noções cristalizadas acerca das artes visuais, e que tenha sido despertado o interesse pela obra dessas artistas e pela arte. Catarina Landim Graduanda em Artes Plástica pela UNICAMP Prof. de História da Arte e História da Arte Brasileira

Curso A mulher na arte 01

A sexualidade em questão: representações e a criação de práticas sociais “Nas artes visuais, em especial na história da arte ocidental, proliferam representações do corpo nu feminino, que manifestam através de olhares para um fictício espectador a submissão ao próprio artista e ao proprietário da obra”. Thomas Laquer (1994)

A figura feminina é um dos mais constantes temas da história da arte, seja como Madona, Anjo ou Demônio. Sempre a partir da imaginação masculina, do desejo do homem, é que se criaram imagens que fortalecem alguns dos conceitos sobre as relações entre homens e mulheres que temos até hoje. Foi durante a Idade Média que a mulher teve reconhecido seu status de pessoa, por causa do cristianismo (Gênese 1,27: “E criou Deus à sua imagem: macho e fêmea os criou”). Depois de vários séculos relegada à uma categoria inferior, que só servia para a reprodução durante a Antiguidade Clássica, as mulheres conquistaram o direito à dignidade, e puderam se envolver com artes como a tapeçaria e a iluminação de livros. É nesse período que surgem as primeiras representações sacras da Virgem Maria. No Renascimento, o resgate da Antiguidade Clássica leva à multiplicação de representações de mulheres e à exploração do corpo feminino como objeto de desejo ou objeto de devoção. Essas representações formam a base da tradição pictórica ocidental. Sejam mulheres sensuais ou Madonas, como as de Rafael, que até hoje são encontradas reproduzidas em vários lares, as mulheres encarnam a imagem da fragilidade, da passividade e da procriação. E ao homem, que se considera o centro de tudo, fica a aura da energia, da força e da criatividade. Mesmo em alguns momentos onde as mulheres tentaram reverter a situação histórica e social se colocando à frente de eventos importantes, como em algumas batalhas à época da Revolução Francesa, a sociedade masculina conseguiu enfraquecer e até diluir a emancipação crescente das mulheres através de posições da medicina, do direito e da religião que criam a idéia de que a mulher é um ser frágil, que não pode se envolver na vida social, devendo ficar em casa e cuidar da família. A essa tradição de representação da mulher se ligam os maiores nomes da História da Arte Ocidental. Existem várias pesquisas que se questionam sobre o motivo de todas as vanguardas do século XX serem encabeçadas por homens. Após a constatação de que não é pelo fato de não existirem mulheres artistas, descobre-se que o fator determinante é a posição machista desses mesmo artistas. Declarações como as de Edgar Degas sobre Mary Cassat: “Ela desenha como um homem” ou de Picasso: “ Pintar é em realidade como fazer amor”, só confirmam o que as representações de dançarinas e prostitutas evidenciam. É interessante imaginar como seria a reação da sociedade se o quadro Les Demoiselles d´Avignon, quadro que representa cinco prostitutas da rua Avignon, em Paris, tivesse sido pintada por uma mulher, sobretudo se ela se envolvesse publicamente com vários homens, como Picasso fazia com suas mulheres. A produção artística moderna associa de forma escancarada o fazer artístico com a energia sexual masculina. Enquanto a idéia de mulher frágil e cada vez mais adornada e produzida de acordo com o gosto da sociedade é difundido através da exaustiva representação de mulheres-objetos desde o século XV, algumas mulheres lutam, desde o século XVII, para serem artistas. Se de início as primeiras artistas eram filhas de artistas, mulheres que tinham que sustentar a casa sozinhas e pintavam por necessidade ou filha de aristocratas que pintavam por lazer, a liberação do acesso feminino ao estudo nas Academias de Artes e em ateliês particulares fez surgir a partir do final do século XIX mulheres que escolhiam ser artistas. É nesse momento que as restrições de temas para mulheres (que só podiam pintar temas religiosas, naturezas-mortas, retratos e paisagens) são superadas e elas passam a representar o próprio corpo nu, as relações entre homens e mulheres, os desejos femininos. É interessante a comparação entre as diferentes representações da mulher em obras masculinas e femininas. Podemos citar algumas.

Fig.1 Tintoretto. Susanna e dois velhos, 1557.

Fig.3 Renoir Nú ao sol, fim do séc. XIX.

A primeira é a representação do tema Susanna e os anciões. Cena em que dois velhos abordam Susanna tomando banho e depois a violentam. Na figura 1, vemos a obra renascentista de Tintoretto, de 1557, onde a mulher olha passivamente e parece aguardar a violência dos dois homens. Já na obra de Artemisia Gentilleschi (figura 2), primeira artista profissional que se tem relato, de 1610, temos Susanna espantada tentando se defender. As diferenças do tratamento do corpo da mulher são explicitadas na contraposição da obra Nu ao sol de Renoir, um dos maiores nomes do impressionismo francês, na qual se observa uma bela mulher tomando sol, passiva, exibindo seu corpo e provocando desejo e na obra Banhistas de Suzanne Valadon, de 1923, onde duas mulheres, fora dos padrões de beleza, posam se relacionando entre si e com o meio onde estão.

Fig.2 Artemísia Gentilleschi. Susanna e os velhos, 1610.

Fig.4 Suzana Valladon Banhistas, 1923 Curso A mulher na arte 02

Fig.5 Camille Claudel Sakountala ou Abandon 1905

O exemplo mais apontado é o confronto da representação da sexualidade nas obras de Auguste Rodin e Camille Claudel, que eram amantes. A obra de Claudel foi esquecida durante muitas décadas pelo fato da artista ser vista apenas como a mulher que provocava o desejo de Rodin. Muito além disso, seu trabalho foi decisivo para a inserção das mulheres nas artes. Foi ela quem representou, pela primeira vez, a sexualidade da mulher, seu desejo e seu poder de atração sobre os homens. Quando nos deparamos com a obra Sakountala ou Çacountala ou L’Abandon ou Vertumne et Pomone, de 1905, é nítida a relação de dependência em que a artista retrata o homem ajoelhado aos pés da amada/amante. Já na obra de Rodin, O eterno ídolo, do início do século XX, observa-se uma mulher que supre as necessidades do homem, sem dar sinal de desejo ou satisfação.

Fig.6 Auguste Rodin O eterno ídolo Década de 1900

A partir desse momento, as mulheres começaram a usar a representação do próprio corpo e, por vezes, até o corpo como meio de expressão para questionar valores cristalizados que fazem nossa sociedade olhar para o corpo feminino como se a mulher não fosse capaz de pensar, de conduzir sua própria vida e ter direito à sua sexualidade. Acima de tudo, a mulher artista não deveria continuar a ser vista como apêndice dos homens, sempre como a esposa, ou amante, ou filha de alguém. O que costuma levar a uma aproximação estreita com a obra dessas artistas, as fofocas em torno da vida pessoal delas, passam a ser mais importantes que o desenvolvimento de sua própria obra. Foi assim que se desenvolveu uma arte moderna/contemporânea feminina que defende o debate e os estudos acerca da participação das mulheres na História, como agente ativo e não como modelo inspirador apenas.

Curso A mulher na arte 04

Mulheres na história da arte: Uma história ainda mal contada O início pouco estudado O início da produção artística feminina será aqui apresentado pela produção de três artistas, que se estende por um período de quase três séculos: Artemísia Gentileschi está entre os principais artistas do barroco italiano do século XVII, com sua obra vigorosa superou a produção de seu pai e foi bem aceita pela sociedade da época, Angélica Kauffmann, suíça que se estabeleceu em Londres conquistou renome sobretudo pela pintura de retratos em fins do século XVIII e Rosa Bonheur pintora francesa, exímia pintora de animais, pertence ao período chamado naturalista/realista da metade do século XIX. Através da obra dessas três artistas é possível traçar algumas das características desse início da produção das mulheres artistas, tais como a influência decisiva de parentes, em geral o pai, para a formação técnica dessas artistas, os temas aceitos pela sociedade, como retratos, temas religiosos, paisagens e naturezas mortas, já que muitas delas ainda não podiam freqüentar a academia e as aulas de nus e sobretudo o esquecimento de suas produções ao longo da história, tendo sido resgatada há poucas décadas.

Judite matando Holofernes 1612-21 Galleria degli Uffizi, Florence

Miranda e Ferdinand na Tempestade 1782

Veaux 1879

Artemisia Gentileschi (1593 – 1652/3) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Individualidade formidável foi uma das maiores personalidades artísticas a adotar o estilo caravaggesco. De talento precoce, logo assegurou grande reputação em toda a Europa e levou uma vida independente, rara para uma mulher da época. Nascida em Roma, trabalhou principalmente lá e em Florença, até fixar-se em Nápoles em 1630. Viajou para a Inglaterra entre 1638 e 1640. Seu estilo poderoso encontra sua melhor expressão nas pinturas Judith e Holofernes, tema em que Artemísia especializou-se. Sua predileção pelo tópico sangrento já foi explicada com base em fatos de sua própria vida. À idade de 19 anos, Artemísia alegou ter sido estuprada por Agostino Tassi (que foi absolvido da acusação) e foi torturada no decorrer dos processos legais; assim a ferocidade de suas representações de decapitação de um homem por uma mulher tem sido visto como uma “vingança” pictórica por seus sofrimentos. Algumas obras: Susanna e os velhos (1610), Judite e sua criada (c.1613-14 - Palazzo Palace, Florence), Judite matando Holofernes (1612-21 - Galleria degli Uffizi, Florence), Lucrecia (1621- Palazzo Cattaneo-Adorno, Genova) e Auto retrato como alegoria da pintura (c.1630 - The Royal Collection, St James Palace.) Angelica Kauffmann (1741-1807) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora Suíça. Desde muito nova acompanhava o pai, o pintor Joseph Johann Kauffmann, em viagens pela Suíça e pela Itália e formou seu estilo em Roma. Em 1766 mudou-se para Londres, onde era ampla a admiração por sua obra e sua pessoa. Angélica começou sua carreira na Inglaterra como retratista das rodas elegantes, mas gradualmente passou a dedicar-se mais à pintura de cenas históricas que aos projetos decorativos. Embora sua obra deva muito à tradição neoclássica, por certo encanto pode ser relacionada ao rococó. De grande beleza em suas melhores manifestações, a produção de Angélica podia ser também bastante insípida, sendo muito mais bem-sucedida em vinhetas decorativas de caráter feminino que na pintura de cenas retiradas de Homero e Shakespeare. Foi membro-fundadora da Royal Academy (1768). Em 1871 seu casou om o pintor Antonio Zucchi e se estabeleceu em Roma. Algumas obras: Retrato de Mulher (1795 - Museum of Fine Arts, Budapest), Miranda e Ferdinand na Tempestade (1782) e L´Allegra (1779) Rosa Bonheur ( 1822-1899) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora francesa especialista na representação de animais. Estudou com seu pai, Raymond Bonheur, e expôs regularmente no Salon de Paris a partir de 1841, onde suas pinturas de leões, tigres, lobos, etc., tornaram-se logo muito populares. O Leilão de Cavalos (1853 – Metropolitan Museum de Nova York) deu-lhe reputação internacional. Rosa Bonheur foi uma figura alegre e formidável, bastante explícita em sua atitude de mulher independente (fumava cigarros e vestia calças). Em 1865 foi a primeira mulher condecorada com a Grande Cruz da Legião de Honra, entregue pela Imperatriz. Algumas obras: The Horse Fair (1853-1855), Ploughing in the Nivernais (1855), Veaux (1879).

Curso A mulher na arte 05

O gênio não é feminino: mulheres nas artes do século XIX A partir da metade do século XIX temos algumas artistas decisivas para o andamento da História da arte, pertencentes ao Impressionismo e Pós-Impressionismo, essas artistas são vistas ainda como coadjuvantes, mesmo tendo desempenhado papel fundamental para o desenvolvimento desses movimentos artísticos.

Wiege 1873 Musée d’Orsay, Paris

Margot em azul 1902

Quarto azul 1923

La Petite Châtelaine 1897

Berthe Morrisot (1841 – 1895) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora impressionista francesa . Neta de Fragonnard, Berthe foi criada em uma atmosfera de cultura, e embora tenha sido aluna de Corot, a principal influência formativa sobre seu estilo veio de Manet, a quem conheceu em 1868 e com cujo irmão se casou em 1874. Diz-se que ela, por sua vez, persuadiu Manet a utilizar a “pintura arco-íris” dos impressionistas e a experimentar a pintura ao ar livre. Após a morte de Manet, em 1883, caiu sob a influência de Renoir. Suas pinturas foram regularmente aceitas pelo Salon, mas a artista opunha-se energicamente aos ensinamentos acadêmicos convencionais e advogava as idéias impressionistas. Especializou-se na pintura de tranqüilas cenas domésticas, pintadas numa técnica delicada e leve, e foi também excelente pintora de cenas marítimas. Algumas obras: Balcão (1872), Na sala de jantar (1875 - National Gallery of Art, EUA), Wiege (1873 - Musée d’Orsay, Paris), Campo de trigo (1875 - Musée d’Orsay, Paris), Modelo no repouso (1887 – coleção particular). Mary Cassat (1844-1926) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora e gravadora americana, que trabalhou principalmente em Paris no círculo impressionista. Degas, por quem nutria grande admiração, persuadiu-a a expor com os impressionistas; não obstante, o caráter extremamente pessoal de sua arte não se modificou, e suas afinidades com os franceses davam-se menos no campo da técnica e da teoria do que na atitude comum de reabilitação das cenas e dos gestos cotidianos como tema da arte. Mary tinha uma habilidade especial para o desenho e manejava muito bem pastéis, ferramentas de gravador e tintas a óleo. Tinha mais de 50 anos quando sua vista começou a fraquejar, e em 1914 já havia praticamente parado de trabalhar. De família rica, Mary Cassat influenciou muito o gosto americano, encorajando seus amigos abastados a adquirirem obras impressionistas. Algumas obras: Margot em azul (1902), Mãe e criança (1908), O banho (1891). Suzanne Valladon (1865-1938) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora Francesa. Na infância trabalhou como acrobata em um circo, mas uma queda forçou-a a trabalhar depois como modelo, tornando-se a grande beldade do bairro de Montmartre, em Paris. Suzanne também desenhava e incentivada por Degas tornou-se pintora de sucesso. É pequena em sua obra a influência do estudo formal e do trabalho dos artistas com que se associou, como Renoir, Toulouse Lautrec e Degas, e sua pintura expressa um olhar renovado e pessoal. Dedicou-se à pintura de retratos, naturezas-mortas e, sobretudo figuras humanas, que freqüentemente destacam-se pelo esplêndido vigor natural e pelo emprego surpreendente de contornos e cores planas. Algumas obras: Jeune fille faisant du crochet (vers 1892), Quarto azul (1923), As duas Banhistas (1923), Banho das crianças no jardim (1923) Camille Claudel (1864-1943) Camille Claudel nasceu em 8 de dezembro de 1864 na França. Convencida de sua vocação artística, Camille se mudou em 1881 para Paris onde estudou, primeiro na Académie Colarossi, com Alfred Boucher e depois com Auguste Rodin, que a contrata como aprendiz em seu ateliê, em 1885. Por causa do amor e da devoção à Rodin, Camille abandonou sua família e trabalhou muitos anos para o mestre, deixando de lado sua própria produção. Por causa da indefinição de Rodin quanto ao relacionamento dos dois, já que ele não queria abandonar a esposa Rose Beuret, e das críticas que apontavam suas obras como tendo sido executadas pelo mestre, Camille Claudel se distanciou de Rodin e tentou uma autonomia perceptível nas obras produzidas entre 1890 e 1897, como La Petite Châtelaine. Em 1898 ocorreu o rompimento definitivo entre os dois, situação retratada na obra Idade Madura, concluída em 1899. Desorientada Camille Claudel desenvolveu um estado de paranóia que se agravou com o passar dos anos e não permitiu que ela gozasse o apoio e o reconhecimento de críticos da época como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt e Louis Vauxcelles ou do curador Eugène Blot, que organizou duas grandes exposições para tentar o reconhecimento moral e financeiro para Camille. Em 1905, seu estado clínico se agravou e ela passou a afirmar que Rodin se apossou de algumas de suas esculturas e as assinou como sendo de autoria dele, o que não foi confirmado na época, já que o diretor do Salão de Belas Artes era Curso A mulher na arte 06

aliado do artista. A artista deixou de se alimentar e passou a desconfiar de todos, mesmo aqueles que queriam ajudá-la. Uma semana após a morte de seu pai, que sempre a apoiou, Camille Claudel foi internada no dia 10 de março de 1913, em uma clínica psiquiátrica pela família, permanecendo lá até sua morte, em 19 de outubro de 1943. A importância da obra de Camille Claudel está na coragem de romper com a tradição existente e retratar a mulher, o feminino através de obras que falam de seu amor, de suas decepções e de seus desejos. Pela primeira vez, uma mulher se atreve a sair dos temas tradicionais permitidos para as artistas e apreciados pela burguesia. A partir da obra de Camille Claudel as artistas passam a refletir sobre a mulher na sociedade e o uso do corpo feminino como objeto de satisfação dos homens, abordando isso em suas obras. Artistas por escolha: mulheres nas artes do século XX No século XX temos um período de grande efervescência artística provocada pelas experimentações e pesquisas das vanguardas. Dentre os principais movimentos, tais como o Cubismo, o Expressionismo Alemão, o Dadaísmo e o Surrealismo, temos a presença de artistas que ainda merecem maiores estudos para podermos colocar nos devidos lugares a importância de suas produções delas. Existem muita outras, mas apresentaremos aqui três delas, das quais conseguimos maiores informações. Sonia Delaunay (1885-1979) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Pintora e designer de tecidos russa. Chegou à Paris em 1905, casou-se com o artista Robert Delaunay em 1910 e associou-se a ele no desenvolvimento do orfismo, derivação mais lírica do cubismo. Durante a década de 1920 trabalhou, sobretudo com tecidos e tapeçarias estampados à mão; como designer, exerceu forte impacto no mundo internacional, concebendo tecidos para mulheres famosas como Nancy Cunard e Gloria Swanson. Em 1930 voltou-se para a pintura e tornou-se membro do grupo Abstracion-Création. Em 1964, uma doação de 49 obras de Robert e 58 obras dela ao Musée d´Art Moderne, Paris, foi exposta no Musée du Louvre, e ela se tornou assim a primeira mulher a ter em vida sua obra exposta nesse museu. Algumas obras: Rythme et couleurs (1939 Lille, Palais des Beaux-Arts), Desenho de padrão de tecido

A lamentação 1938-40

Dada-Ernest 1920

Käthe Kollwitz (1867-1945) (extraído do Dicionário Oxford de Arte) Artista gráfica e escultora alemã. Nasceu em uma família de fortes convicções sociais e morais; em 1891 casou-se com o médico Karl Kollwitz e passou a viver em um dos bairros mais pobres de Berlim setentrional, entrando em contato direto com as terríveis condições de vida do proletariado urbano. Boa parte de sua obra foi concebida como protesto contra as condições de trabalho na época, e Käthe conheceu a notoriedade com a série de águas fortes Revolta dos camponeses (1897-8) e Guerra dos camponeses (1902-8). Concentrou-se nos temas mais trágicos e pungentes da vida humana (especialmente a mãe e a criança), e muitas de suas obras tardias tiveram motivação pacifista (seu filho foi morto na Primeira Guerra Mundial e seu neto na Segunda). Defensora dos ideais de esquerda, visitou a União Soviética em 1927, mas desiludiu-se com o comunismo daquele país. Em 1929 tornou-se a primeira mulher a filiar-se a Academia Prussiana em Berlim, mas foi explusa em 1933, sendo perseguida pelos nazistas. Eliminando todo o acidental e capturando intuitivamente o essencial, sua obra representa, na forma mais pura e mais tocante, o elemnto de crítica social que constituiu boa parte da arte expressionista alemã. “Gostaria de exercer influência nesta época em que os seres humanos estão perplexos e necessitados de ajuda”, escreveu Käthe em 1922. Algumas obras: Os sobreviventes (1923), A lamentação (1938-40), Insurreição (1940) Hanna Höch (1889-1978) Artista alemã, de 1912 a 1914, estudou no Colégio das Artes em Berlim, sobre a orientação de Harold Bergen. Estudou desenho em vidro e artes gráficas. Em 1915, Hannah começou uma influente relação com Raoul Hausmann, um membro do movimento Dada de Berlim. Assim, em 1919, Hoch, começou a envolver-se com o Dadaísmo, tornando-se pioneira, na arte da fotomontagem. Ela refletiu nas suas obras a justaposição entre a mulher alemã moderna e a mulher alemã colonial. Ao fazê-lo desafiou as representações culturais das mulheres, levantando questões relativamente à sexualidade das mulheres e aos seus papéis de género na nova sociedade. Com as suas imagens Hoch abordou os medos, possibilidades e as novas esperanças para as mulheres na Alemanha moderna. Hannah passou os anos do terceiro Reich na Alemanha, tentando permanecer quieta e no plano de fundo. Casou, em 1938, com o muito mais novo homem de negócios e pianista Kurt Matthies, divorciando-se em 1944. Embora, durante a sua vida, o seu trabalho nunca tivesse sido verdadeiramente aclamado, ela continuou a produzir as suas fotomontagens e a exibi-las até à data da sua morte. Algumas obras: Dada-Ernest (1920), The beautiful girl (1920), Tamar (1930) e Dançarina Indiana (1930)

Mulheres na história da arte brasileira Mulheres corajosas A história da arte produzida pelas brasileiras profissionalmente inicia-se em fins do século XIX, mais precisamente em 1898, data do ingresso das primeiras mulheres na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), no Rio de Janeiro. A instituição de ensino artístico superior foi fundada em 1826, por artistas franceses como Debret e Nicolas Taunay vindos ao Brasil com a Missão Artística Francesa em 1816, com a função de instituir o ensino de arte na colônia portuguesa nos moldes franceses. A primeira leva de artistas formados na AIBA era principalmente de pintores de temas históricos, como Pedro Américo e Victor Meirelles, que criaram algumas das mais importantes obras que relatam a história do Brasil, como Independência ou morte (1888) e Primeira Missa no Brasil (1886) respectivamente. A preparação desses artistas durante o curso era bem intensa e tinha grande ênfase no desenho e no conhecimento da anatomia, indispensável para um representação fiel da realidade. Foram formados na AIBA grandes artistas da História da Arte brasileira como Almeida Júnior e Henrique Bernadelli. A permissão do acesso feminino à instituição se deu em 1879, mas foi apenas em 1898 que algumas artistas tiveram a coragem de enfrentar todos os preconceitos da sociedade e se tornarem artistas profissionais, entre elas podemos citar Nicolina Vaz e Julieta França. Às artistas que ingressavam na AIBA, não era permitida a freqüência das aulas de nu, deixando, dessa forma, a formação dessas artistas comprometida, sobretudo no que diz respeito aos gêneros artísticos que dependem de conhecimento da anatomia como a pintura histórica. É nesse contexto que podemos estudar a obra de Georgina de Albuquerque, primeira mulher a pintar um tema histórico e a dirigir a Escola Nacional de Belas Artes (antiga AIBA).

Dia de verão 1920

Georgina de Albuquerque (1885 - 1962) A artista iniciou seus estudos artísticos ainda na cidade natal, Taubaté, em aulas particulares dadas pelo pintor italiano Rosalbino Santoro, radicado em São Paulo e professor do Liceu de Artes e Ofícios local. Em uma viagem à capital paulista, teve a oportunidade de ver uma exposição de Antonio Parreiras que muito a teria impressionado. Em 1904, com apenas 19 anos, decidida a se tornar artista profissional, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), como aluna de Henrique Bernardelli. Na Escola, conheceu e se apaixonou pelo pintor Lucílio de Albuquerque, com quem logo se casaria. Quando, em 1906, Lucílio conquistou o Prêmio de Viagem á Europa oferecido aos alunos regularmente inscritos na ENBA, o casal mudou-se para a França. Em Paris, permaneceram durante cinco anos. Na École des Beaux-Arts, Georgina foi aluna de Paul Gervais e Adolph Déchenaud; também cursou, como era usual entre os brasileiros, a Academia Julian, onde foi orientada por, entre outros, Henri Royer e teve acesso à uma formação mais completa que inclui também o estudo de nus. Em 1911, o casal voltou ao Brasil, já formado artisticamente e pronto para enfrentar o mercado, instalando-se em um ateliê no Rio de Janeiro. A partir de 1927, Georgina passou a integrar o corpo de professores da ENBA, primeiro como livre-docente, depois como catedrática-interina e, finalmente, ocupando como titular a cátedra de Desenho. Em 1952, tornou-se diretora da Escola, tendo sido a primeira mulher a ocupar tal cargo. Seu marido Lucílio faleceu em 1939, quando Georgina tinha 54 anos, ocasião em que ela teve de assumir sozinha as responsabilidades familiares. O casal possuía então mais de uma centena de quadros e, orientada por amigos e colegas, a artista tomou a decisão de montar, em sua própria casa, o Museu Lucílio de Albuquerque, ao qual incorporou todo o acervo familiar; paralelamente, fundou uma escola de desenho e pintura, destinada a ensinar a crianças os primeiros passos na arte. Além dos inúmeros prêmios recebidos nos “salões” anuais, participou de exposições internacionais, nas quais conquistou várias medalhas. Georgina percorreu todos os gêneros de pintura: entre seus quadros figuram retratos, naturezas-mortas, nus, cenas do cotidiano, paisagens e marinhas. Ela mesmo definia sua pintura como “impressionista”, resultado em pare de seu contato com artistas franceses, nos cinco anos que morou em Paris. Sua obra está representada nos principais museus brasileiros, em especial no Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro e na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Algumas obras: Dia de verão (1920), Canto do Rio (1920) e Sessão do Conselho do Estado que decidiu a independência (1922)

O modernismo: arte de mulheres e imigrantes? No início do século XX São Paulo começa a se desenvolver, o processo de industrialização alavancado pela imigração, sobretudo de italianos, transforma a cara da cidade, que cresce e aos poucos se torna importante para o desenvolvimento do país. Nessa cidade a maior parte dos artistas eram imigrantes, que traziam as influências das vanguardas que se desenvolviam na Europa, e mulheres da classe mais abastada, cujas famílias tinham tempo e dinheiro, já que os homens deveriam formar-se profissionais liberais para atender as demandas da sociedade. Foi nessa nova sociedade, mais permeável as transformação já que não tinha uma tradição em artes, que um grupo de artistas começou a se mobilizar para trazer para o Brasil uma nova arte que rompesse com as regras do ensino acadêmico e passassem a tratar das questões nacionais seguindo as tendências Européias. Para a formação desse grupo de artistas foi fundamental a exposição de uma artista paulistana que havia chegado de viagem há pouco. Trata-se da exposição de Anita Malfatti, em 1917.

A partir dessa exposição formou-se o grupo de Modernistas que desenvolveram uma arte de temática Nacional, preocupada em produzir uma arte genuinamente brasileira. À frente desse movimento temos a participação fundamental de Tarsila do Amaral. Anita Malfatti (1889 - 1964) (extraído da enciclopédia visual do Itaú Cultural) Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 - 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 - 1927), Lovis Corinth (1858 - 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 - 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. - 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 - 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista - em que também expunham artistas norte-americanos - recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 - 1948) no artigo A Propósito da Auto retrato 1922 Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e com Georg Elpons (1865 - 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Mário de Andrade (1893 - 1945), Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti Del Pichia (1892 - 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 - 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 - 1955), Henri Matisse (1869 - 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 - 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, a Família Artística Paulista - FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.

Auto retrato 1923

Tarsila do Amaral (1886 - 1973) (extraído da enciclopédia visual do Itaú Cultural) Pintora, desenhista. Estuda escultura com William Zadig (1884 - 1952) e com Mantovani, em 1916, na capital paulista. No ano seguinte tem aulas de pintura e desenho com Pedro Alexandrino (1856 - 1942), onde conhece Anita Malfatti (1889 - 1964). Ambas têm aulas com o pintor Georg Elpons (1865 - 1939). Em 1920 viaja para Paris e estuda na Académie Julian e com Emile Renard (1850 - 1930). Ao retornar ao Brasil forma em 1922, em São Paulo, o Grupo dos Cinco, com Anita Malfatti, Mário de Andrade (1893 - 1945), Menotti del Picchia (1892 - 1988) e Oswald de Andrade (1890 - 1954). Em 1923, novamente em Paris, freqüenta o ateliê de André Lhote (1885 - 1962), Albert Gleizes (1881 - 1953) e Fernand Léger (1881 1955). Entra em contato como o poeta Blaise Cendrars (1887 - 1961), que a apresenta a Constantin Brancusi (1876 - 1957), Vollard, Jean Cocteau (1889 - 1963), Erik Satie, entre outros. No ano seguinte, já no Brasil, com Oswald de Andrade, Olívia Guedes Penteado (1872 - 1934), Mário de Andrade e outros, acompanha o poeta Blaise Cendrars em viagem às cidades históricas de Minas Gerais. Realiza uma série de trabalhos baseados em esboços feitos durante a viagem. Nesse período, inicia a chamada fase pau-brasil, em que mergulha na temática nacional. Em 1925 ilustra o livro de poemas Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, publicado em Paris. Em 1928, pinta Abaporu, tela que inspira o movimento antropofágico, desencadeado por Oswald de Andrade e Raul Bopp (1898 - 1984). Em 1933, após viagem à União Soviética, inicia uma fase voltada para temas sociais com as obras Operários e 2ª Classe. Em 1936 colabora como cronista de arte no Diário de São Paulo. A convite da Comissão do IV Centenário de São Paulo faz, em 1954, o painel Procissão do Santíssimo e, em 1956, entrega O Batizado de Macunaíma, sobre a obra de Mário de Andrade, para a Livraria Martins Editora. A retrospectiva Tarsila: 50 Anos de Pintura, organizada pela crítica de arte Aracy Amaral e apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP, em 1969, ajuda a consolidar a importância da artista.

O pós modernismo: um cenário igualitário Após um longo período de predomínio dos ideais modernos temos a abertura do país para a arte estrangeira na década de 1950, através de ações como a Fundação dos Museus de Arte Moderna do Rio e de São Paulo e a instituição da Bienal de São Paulo. A partir desse momento a preocupação com o tema nacional é deixada de lado e os artistas passam a se preocupar com as questões relativas à própria obra, dessa maneira a abstração, geométrica e lírica, começa a ser produzida e discutida no país, em agrupamentos, como os concretistas e os neoconcretos, ou em produções isoladas. Citaremos aqui o trabalho de algumas, dentre muitas artistas que atuaram e atuam a partir dessa época.

Biblioteque en feu 1974

Bicho 1960

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1922) Nascida em Portugal, Maria Helena Vieira da Silva estuda na Escola de Belas Artes de Lisboa. Muda-se para Paris em 1928, onde estuda escultura. Passa a dedicar-se à pintura e gravura, estudando com Fernand Léger (1881 - 1955). Em 1930, casa-se com o artista húngaro Arpad Szenes (1897 - 1985). Suas obras situam-se entre figuração e abstração. A pintura da artista apresenta uma preocupação em revelar ambigüidades do espaço e da profundidade representados sobre uma superfície plana. Predomina em seus quadros o emprego de uma rede quadriculada, obtida por meio das linhas e de suas interseções, que formam planos semelhantes a quadrados coloridos, como ocorre em La Chambre à Carreaux [O Quarto Quadriculado], de 1935. No quadro L’Atelier Lisbonne [O Ateliê Lisboa], de 1940, pequenos quadrados giram para constituir um interior em perspectiva. No centro da composição, figuras fazem um círculo, lembrando A Dança de Matisse, em um registro espectral. A artista revela também a importância de obras de Bonnard (1867 1947), em especial o quadro Le Nappe à Carreaux [A Toalha Quadriculada], que vê ao chegar em Paris, e das composições abstratas de Torres Garcia (1874 - 1949). O casal Arpad Szenes e Vieira da Silva vem para o Brasil em 1940, devido à Segunda Guerra Mundial, instalando-se no antigo Hotel Internacional, no Rio de Janeiro. Lá convive com intelectuais e pintores, como Cecília Meireles (1901 - 1964), Murilo Mendes (1901 1975) e Carlos Scliar (1920 - 2001). Em 1941, Vieira da Silva pinta La Forêt des Erreurs [A Floresta dos Errantes], quadro que apresenta um ritmo visual quase vertiginoso e uma gama cromática rebaixada, com predomínio de amarelos e verdes. O casal funda o Ateliê Silvestre, que se transforma em centro de discussões artísticas. Traz ao Brasil a novidade da abstração que, no caso de Vieira da Silva, evoca formas de associação entre cores, texturas, ritmos e intervalos. Vieira da Silva, ao longo de sua carreira, mantém uma trajetória coerente e independente das correntes artísticas com as quais se deparou. Na opinião do historiador da arte Nelson Aguilar, o impacto de sua obra pode ser reconhecido no Brasil, por exemplo, nos painéis de azulejos realizados para projetos paisagísticos de Burle Marx (1909 - 1994) e também na obra de Carlos Scliar e Athos Bulcão (1918). Lygia Clark (1920 – 1988) Lygia Clark trabalha com instalações e body art. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1947 e inicia aprendizado artístico com Burle Marx (1909 - 1994). Entre 1950 e 1952, em Paris, prossegue os estudos de pintura com Fernand Léger (1881 - 1955), Isaac Dobrinsky (1891 - 1973) e Arpad Szenes (1897 - 1985). No Rio de Janeiro, entre 1954 e 1956, integra o Grupo Frente. Em 1954, incorpora como elemento plástico a moldura em suas obras como, por exemplo, em Composição nº 5. Suas pesquisas voltam-se para a “linha orgânica”, que aparece na junção entre dois planos, como a que fica entre a tela e a moldura. Entre 1957 e 1959, realiza composições em preto-e-branco, formadas por placas de madeira justapostas, recobertas com tinta industrial aplicada a pistola, nas quais a linha orgânica se evidencia ou desaparece de acordo com as cores utilizadas. Para a pesquisadora de arte Maria Alice Milliet, Lygia Clark é entre os artistas vinculados ao concretismo, quem melhor compreende as relações espaciais do plano. A radicalidade com que explora as potencialidades expressivas dos planos, leva-a a desdobrá-los, como nos Casulos (1959), que são compostos de placas de metal fixas na parede, dobradas de maneira a criar um espaço interno. No mesmo ano, participa da 1ª Exposição Neoconcreta. O neoconcretismo define-se como tomada de posição com relação à arte concreta exacerbadamente racionalista e é formado por artistas que pretendem continuar a trabalhar no sentido da experimentação, do encontro de soluções próprias, integrando autor, obra e fruidor. Inicia, em 1960, os Bichos, obras constituídas por placas de metal polido unidas por dobradiças, que lhe permitem a articulação. As obras são inovadoras: encorajam a manipulação do espectador, que conjugada à dinâmica da própria peça, resulta em novas configurações. Em 1963, começa a realizar os Trepantes, formados por recortes espiralados em metal ou em borracha, como Obra-Mole (1964), que, pela maleabilidade, podem ser apoiados nos mais diferentes suportes ocasionais como troncos de madeira ou escada.

Sua preocupação volta-se para uma participação ainda mais ativa do público. Caminhando (1964) é a obra que marca essa transição. O participante cria uma fita de Moebius [August Ferdinand Moebius (1790 - 1868), matemático alemão]: corta uma faixa de papel, torce uma das extremidades e une as duas pontas. Depois a recorta no comprimento de maneira contínua e, na medida em que o faz, ela se desdobra em entrelaçamentos cada vez mais estreitos e complexos. Experimenta um espaço sem avesso ou direito, frente ou verso, apenas pelo prazer de percorrê-lo e, dessa forma, ele mesmo realiza a obra de arte. Inicia então trabalhos voltados para o corpo, que visam ampliar a percepção, retomar memórias ou provocar diferentes emoções. A poética de Lygia Clark caminha no sentido da não representação e da superação do suporte. Propõe a desmistificação da arte e do artista e a desalienação do espectador, que finalmente compartilha a criação da obra. Na medida em que amplia as possibilidades de percepção sensorial em seus trabalhos, integra o corpo à arte, de forma individual ou coletiva. Finalmente, dedica-se à prática terapêutica. Para Milliet, a artista destaca-se sobretudo por sua determinação em atravessar os territórios perigosos da arte e da terapia. Yolanda Mohalyi (1909 - 1978)

Abertura 1971

Pintora, desenhista. Na Hungria estuda pintura na Escola Livre de Nagygania e, em 1927, ingressa na Real Academia de Belas Artes de Budapeste. Em 1931, vem para o Brasil e fixa-se em São Paulo, onde leciona desenho e pintura. Foram seus alunos, entre outros, Maria Bonomi (1935) e Giselda Leirner (1928). A partir de 1935, começa a freqüentar o ateliê de Lasar Segall (1891 - 1957), com quem identifica-se. Por volta de 1937, integra o Grupo 7, ao lado de Victor Brecheret (1894 - 1955), Antonio Gomide (1895 - 1967) e Elisabeth Nobiling (1902 - 1975), entre outros. Sua primeira exposição individual ocorre em 1945 no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/SP. Em 1951 realiza suas primeiras xilogravuras, com Hansen Bahia (1915 - 1978). Em 1958, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Entre as décadas de 1950 e 1960, executa em São Paulo vitrais para a Fundação Armando Álvares Penteado - Faap e murais para as igrejas Cristo Operário e São Domingos, além de mosaicos para residências particulares. Mais tarde, executa também vitrais para a Capela de São Francisco, em Itatiaia. Entre 1960 e 1962, leciona no curso de desenho e plástica da Faap. É também nesse ano que a artista representa o Brasil na 1ª Bienal Americana de Arte, na Argentina, tendo alguns de seus trabalhos escolhidos pelo crítico Sir Herbert Read para uma exposição itinerante nos Estados Unidos. Em 1963, recebe o prêmio de melhor pintor nacional na 7ª Bienal Internacional de São Paulo

Leda Catunda (1961)

Onça pintada 1984

Retirantes s.d

Pintora, gravadora. Cursa artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo, entre 1980 e 1984, onde é aluna, entre outros, de Regina Silveira (1939), Julio Plaza (1938 2003), Nelson Leirner (1932) e Walter Zanini (1925). A partir de 1986, leciona na Faap e em seu ateliê, até meados dos anos 1990. Desde o fim dos anos 1980, ministra também workshops e cursos livres em várias instituições culturais no Brasil e ocasionalmente no exterior. Recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas/Distrito Federal, na categoria aquisição, em 1990. Em 2003, defende doutorado em artes, com o trabalho Poética da Maciez: Pinturas e Objetos Poéticos, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, com orientação de Julio Plaza. Tem ainda relevante atuação docente, lecionando pintura e desenho no curso de artes plásticas da Faculdade Santa Marcelina - FASM, em São Paulo, entre 1998 e 2005. Em 1998, é publicado o livro Leda Catunda, de autoria de Tadeu Chiarelli, pela editora Cosac & Naify.

Renina Katz (1925) No início da carreira, Renina Katz dedica-se à pintura e realiza retratos e paisagens do Rio de Janeiro. Na década de 1950 sua obra denota preocupações sociais com um caráter de denúncia. Revela o universo dos trabalhadores urbanos e de personagens marginalizados, como nas várias gravuras que tratam do tema dos retirantes (1948/1956) ou no álbum Favelas (1956). Suas xilogravuras apresentam um caráter realista, uma mensagem direta e grande concisão de elementos formais e têm grande requinte técnico, sendo comparadas, por alguns críticos, com a produção da gravadora alemã Käthe Kollwitz (1867 - 1945). A emoção é expressa graficamente na contundente oposição entre os pretos e brancos que confere às cenas o aspecto dramático, como ocorre em Retirantes (s.d.). Renina Katz deixa os temas ligados ao realismo social a partir da metade da década de 1950, quando sua obra passa gradualmente a adquirir um caráter não figurativo, embora permaneça nela a relação com a paisagem. A artista passa a enfatizar, cada vez mais, o jogo de transparências em suas obras. Inicia a produção em litogravura na década de 1970. A maioria de suas gravuras são sugestões de paisagens, concebidas como lugares da memória. Na opinião do crítico Roberto Pontual, quando suas gravuras pendem para o caráter lírico, Katz aproxima-se da atmosfera transparente e musical das obras de Fayga Ostrower (1920 - 2001).

As Mulheres na Arte Contemporânea A arte contemporânea é marcada pela participação de mulheres artistas que trabalham as diversas possibilidades da representação do feminino, da crítica as diferenças sexistas e a representação das autobiografias. Influenciadas pelas idéias feministas da década de 1970, e tendo como obra fundamental a intalação de Judy Chicago A festa do Jantar (1974), essas artistas passaram a fazer novas leituras do mundo a partir de uma ótica feminina, a partir de experiências que são apenas das mulheres. Tamara de Lempicka (1898 - 1980) Pintora do período Art déco, estudou na Academie de la Grande Chaumière, a partir de 1920, onde teve aula com Maurice Denis e André Lothe. Se interessava tanto pelo Cubismo como pela obra de Ingres ou de Pontormo, do qual ela copiou obras na Itália. Tem um estilo decorativo, elegante e escultural. Teve uma vida luxuosa e escandalosa e se tornou uma das boemias mais conhecidas da noite parisiense, freqüentando cabarés e retratando dançarinas e garçonetes. Seus retratos se caracterizam por olhares questionadores e sensuais, bocas carnudas para as mulheres e contraídas para os homens, mãos dobradas, cores vivas, violentas, ressaltadas pelos fundos acinzentados. Utiliza processos pictóricos que ressaltam a estilização das formas, buscando a descontrução/reconstrução das formas. Procurou sempre construir uma obra que fosse reconhecida de imediato como sendo dela, o que alcançou sobretudo com a produção das décadas de 20 e 30.

Auto retrato com cabelo cortado

1923

A Festa do Jantar 1974-79

Frida Khalo y Caldéron (1907 – 1954) Artista mexicana, filha de artista, começou a pintar sem o compromisso profissional. Frequentou a Escola Nacional preparatória do Distrito Federal do México, onde assiste a aulas de desenho e modelado. Um grave acidente em 1925, a deixa de cama por muito tempo. Em 1928, quando Frida Kahlo entra no Partido comunista mexicano, ela conhece o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte. Entre 1931 e 1934 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit com Rivera. Entre 1937 e 1939 Leon Trotski vive em sua casa de Coyoacan. Em 1938 André Breton qualifica sua obra de surrealista em um ensaio que escreve para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declara mais tarde: “Acreditavam que eu era surrealista, mas não o era. Nunca pintei meus sonhos. Pintei minha própria realidade”. Em 1939 expõe em Paris na galeria Renón et Colle. A partir de 1943 dá aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México). Em 1953 a Galeria de Arte Contemporânea desta mesma cidade organiza uma importante exposição em sua honra. Georgia O´Keeffe (1887 – 1986) Pintora norte-americana. Uma das pioneiras do modernismo em seu país integrou o grupo liderado por Stieglitz, a quem conheceu em 1916 e desposou em 1924. É conhecida, sobretudo, por suas pinturas quase abstratas baseadas na ampliação de flores e vegetais, obras de grande elegância e vitalidade rítmica cujas formas sensuais comportam frequentemente uma sugestão sexual. Suas demais obras incluem vistas da cidade de Nova York, pintadas num estilo próximo ao dos precisionistas, e paisagens elaboradas com formas simples e amplas. Na década de 1930 passou a viajar para o Novo México a cada inverno, estabelecendo-se aí após a morte de Stieglitz, em 1946; desde então suas pinturas representam com freqüência a paisagem desértica local. Geórgia viajou muito na década de 1950, e grande parte de suas obras tardias forma inspiradas pelas imagens da terra, do céu e das nuvens vistas de avião. Judy Chicago Artista, escritora, feminista, educadora e intelectual cuja carreira data de quatro décadas. Renomada pela natureza anti-convencional de sua obra , Chicago tem sido reconhecida como pioneira de uma definição mais ampla de arte, um papel mais relevante para a artista, e dos direitos da mulher quanto à sua liberdade de expressão. Seu trabalho seminal, “A Festa do Jantar” (1974-79), criado em colaboração, é um monumental tributo, em técnica mista, às mulheres que em março de 2007 foi instalado na nova sede permanente do Centro para a Arte Feminista “Elizabeth A. Sackler”, do Museu do Brooklyn. Seus dez livros, publicados em várias línguas, tem levado arte e filosofia para os leitores de todo o mundo. Ana Mendieta (1948 – 1985) Artista cubana. Aos 12 anos se mudou para os Estados Unidos. Foi aluna de Hans Breder, na Universidade de Iowa, num dos primeiros cursos interdisciplinares daquela instituição, entrando em contato com a vanguarda artística do início dos anos 1970 e com o movimento feminista. Em 1972, Mendieta começa a fazer performances e earth-body works. Sua série Silueta, feita no México e em Iowa de 1973 a 1980, é seu trabalho mais comentado. São mais de cem obras em que Mendieta faz a silhueta de seu corpo aparecer em meio à natureza: no chão gramado, de terra batida ou molhada, na areia, num solo rochoso, entre uma vegetação rasteira ou na água. A artista também utilizava o fogo, demarcando os limites de seu corpo com pólvora e acendendo. Muitos de seus filmes mostram as silhuetas sendo queimadas e as cinzas que depois sobram. Morte e vida, em seus

aspectos naturais e culturais, são temas recorrentes. Alguns de seus earth-body works e de suas performances foram gravados e fotografados. Quer seja reproduzindo com seu corpo uma cena de estupro ou inscrevendo símbolos femininos na paisagem, seus trabalhos marcaram a história da arte recente. Ghada Amer

Nana 1996

Torturas voluntarias

Niki de Saint Phalle (1930 – 2002) Artista francesa, começa a pintar em 1952 sem freqüentar o ensino formal de artes. Tornou-se conhecida na década de 1960 sobretudo por suas assemblages e por esculturas que incorporavam recipientes cheios de tintas conebidos para serem estourados com tiros de pistola. Trabalhou a representação artística do papel da mulher realizando grandes esculturas muito coloridas com formas femininas, chamadas Nanas, instaladas em espaços públicos. Uma de suas maiores obras é a escultura Hon (ela em sueco), em colaboração com Tinguely. Trata-se de uma escultura de mais de 25 metros de comprimento cujo interior gigantesco é aberto ao público por uma entrada localizada entre as pernas da figura. Anette Messager (1943) Artista francesa, representativa de uma arte cotidiana qie mescla real e fantástico, colocando em evidência a condição feminina de forma ironica. Sua obra é estruturada por diferentes projetos, concebidos como facetas da artista, que se interligam em ciclos como Anette Messager Artista, Anette Messager colecionadora ou Anette Messager mulher prática. Influenciada pelo surealismo de andré Breton e pelo feminismo da década de 1970, seu trabalho se inscreve na corrente dita das « mitologias individuais », que marca o interesse pela autobiografia e pela narração. Louise Bourgeois (1911) Escultora franco-americana, nascida em Paris, onde estudou por certo tempo com Léger. Bourgeois começou sua carreira como pintora e gravadora, e voltou-se para a escultura só no final da década de 1940. Obteve reconhecimento nos anos 1950 por suas construções de madeira pintadas uniformemente de branco ou negro, que precederam as obras similares de Luise Nevelson. Desde então Bourgeois tem trabalhado com diversos materiais incluindo pedra, metal e látex; adquiriu a reputação de ser uma das maiores escultoras americanas contemporâneas. Embora sua obra seja abstrata, sugere muitas vezes figuras humanas; alguns não exitam em traibuir-lhes um significado sexual.

VB 45 2001

Vanessa Beecroft Artista contemporânea italiana. Começou como pintora. Estudou arte em Milão e tem uma relação íntima com o circuito da moda. A partir de 1994, ficou conhecida por suas performances com mulheres nuas que usavam apenas acessórios assinados por designers de alta-costura: “O público sempre acha que verá um grupo de garotas lindas mas, quando está diante da performance, começa a ver as imperfeições. O glamour não existe, e as modelos mostram o desconforto a que estão expostas durante horas”, afirma a artista. Nessas performances o essencial é a visão pessoal de cada espectador.

Essas foram algumas das mulheres que ajudaram a construir a História da Arte no Brasil e no Mundo, ainda são poucos nomes, dada o pouco espaço que temos aqui para trabalhar e o pouco material escrito sobre a maior parte delas. Mas esse pode ser um começo de um novo olhar, assim eu espero. Um olhar sobre o femininocaptado tão bem pelas mãos dessas mulheres tão corajosas. Gostaria de terminar com uma declaração de Louise de Bourgeois, sobre uma de suas esculturas instalada no Jardin de Tuileries, em Paris, que exprime de forma contundente essa maneira singular dessas mulheres artistas captarem o mundo.

“As mãos de boas vindas: são mãos amigáveis. Vocês vêem essas mãos abertas, esse entrelaçamento de formas e essa pegada firme. Essas mãos são vulneráveis e acolhedoras. É o desejo de tocar e de ser tocado, de ninar e de acariciar. Elas exprimem a maneira como um adulto tem a mão de uma criança, com um sentimento de proteção e de afeto. As mãos são generosas, elas revelam ‘nós amamos, qualquer um que chegue’. Cada um tem sua importância, cada um tem papel, cada um é bem vindo”. Louise Bourgeois

Sugestões de leitura e pesquisa Livros COSTA, Cristina. A imagem da mulher : um estudo da arte brasileira. São Paulo : Senac. FRAISSE, Geneviève; PERROT, Michelle (orgs). História das mulheres no ocidente. Porto: Afrontamento, 1991. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 1993. LAQUEUR, Thomas. La construcción del sexo: cuerpo y género desde los griegos hasta Freud. Madrid: Cátedra, Universitat de València, Instituto de la Mujer, 1994. PRIORE, Mary del (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo : Contexto, 2002. 6 ed. TELES, Maria A. De Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil. Sâo Paulo: Brasiliense, 1993, col. Tudo é História. Textos na internet Pratiques féministes et Arts éléctroniques: Origines, féminismes, perspectives. Disponivel em: http:// www.artsnumeriques.com/dotclear/index.php?Art-and-feminism. Consultado em 03/2007. BOUGUERET, Florence. Femmes artistes e images de femmes. MARCO, Edina De; SCHMIDT, Simone Pereira. Além de uma tela só para si . Revista Estudos Feministas. Disponível em : http://www.scielo.br. Consultado em 03/2007. TOULZE, Marielle. A influência dos feminismos em artistas da França e do Ultramar nos anos 70. Sites para pesquisa de imagens e conteúdo http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/ Enciclopédia de arte visuais do Itaú Cultural. Ótima referência para consultar imagens, informações sobre períodos artísticos, artistas e termos empregados em artes plásticas, além de textos críticos. http://www.photo.rmn.fr/cf/htm/ (em francês) Banco de imagens da organização dos museus franceses com mais de 200.000 obras. Para procurar um artista, clique em recherche no menu a esquerda, depois que carregar, digite o nome do artista no espaço texte libre. Abrirá uma ou mais páginas com várias imagens do artista procurado. È possível clicar na imagem para ampliá-la. http://www.pt.wikipedia.com Enciclopédia virtual escrita pelos usuários. Contém textos biográficos e diversas imagens. http://www.musee-elise-rieuf.org/femmes_artistes.html (em francês) Breve história das mulheres nas artes. http://www.csupomona.edu/~plin/women2/part1.html (em inglês). Página sobre mulheres nas artes, com pequenas biografias e imagens. http://www.scielo.br Banco de dados de teses, dissertações e periódicos científicos. Entre os periódicos está a Revista de Estudos feministas com vários textos utilizados para consulta. Sites de museus Museu de Arte de São Paulo. Com programação e textos críticos sobre as exposições que ocorrem e ocorreram lá. www.masp.uol.com.br Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Excelente site de arte moderna e contemporânea com bons textos sobre os principais movimentos artísticos e artistas do acervo. www.mac.usp.br e www.macvirtual.usp.br (Visita virtual) Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tem excelente programação de cursos. www.mam.org.br Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Abriga o acervo da Academia Imperial de Belas Artes. Tem uma amostra do acervo para visita virtual. www.mnba.gov.br Museu Oscar Niemayer, em Curitiba. Tem bons textos e imagens sobre o acervo e as exposições. www.museuoscarniemeyer.org.br Museu virtual de arte brasileira com obra de vários artistas contemporâneos. www.museuvirtual.com.br

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