ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 Aprendendo a escrever de acordo com o Acordo O Acordo Ortográfico de 1990 é um tratado assinado pelos países que possuem a língua portuguesa como idioma oficial. Seriam eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. No Brasil, o Acordo entra em vigor em 2009, num período de transição que vai até 2011 onde tanto a forma antiga quanto a nova são aceitas como corretas. A partir de 2012, só valerá a nova forma.
As ortografias anteriores No século XII, o português começa a se separar do idioma galego. Sua ortografia era fonética, ou seja, de acordo com a pronúncia. Mas os fonemas eram livremente utilizados, sem uma convenção que uniformizava a ortografia. Era comum vermos letras usadas para certos fonemas que seriam hoje um tanto estranhos àquelas letras. Aqui vão alguns exemplos: ANTIGO
ATUAL
algem língoa mangar iulgar oye amigua ceeo dooe ljuro manhãas camîho en o
alguém língua manjar julgar hoje amiga céu dói livro manhãs caminho no
omde grãde gracia nocte escripto fazam tẽpo seendo razõ Sãbbado sabha molier sépre
onde grande graça noite escrito façam tempo sendo razão sábado sabia mulher sempre
Como não havia uma convenção para a grafia das palavras, era comum termos a mesma palavra escrita de várias maneiras diferentes, como: Igreja: yhreja, eygreya, eygleyga, eigreia, eygreia Homem: home, homee, ome, omee Cinco: cinquo, cimco Ano: año, ãno, anno O famoso livro Os lusíadas, de Luís de Camões, era do século XVI, tempo em que a ortografia ainda era dessa maneira. Aqui vão os textos das capas de duas edições do livro: uma de 1572 e outra de 1584.
OS LVSIADAS de Luis de Camoẽs COM PRIVILEGIO REAL
em caſa de Antonio Gõçaluez Impreſſor 1572
OS LVSIADAS DE LVIS DE CAMÕES
Agora de nouo impreßo, com algũas annotações de diverſos autores Com lice Manoel de Lyra Em Lisboa, anno de 1584 Naquela época, as letras u e v eram iguais, cujas formas maiúscula e minúscula eram V e u, respectivamente. A letra s era grafada de forma longa: ſ. O dígrafo ss era grafado assim: ß. Esta letra nada mais é do que a junção do s longo (ſ) com o s padrão (s).
A conjunção “e” era substituída pelo e comercial (&), devido à etimologia. Esta conjunção, em latim, se escrevia como “et”, e com o tempo essas duas letras foram se unindo num único caractere.
Vão aqui as duas primeiras estrofes do primeiro canto d’Os lusíadas: As armas, & os barões aßinalados, Que da Occidental praya Luſitana, Por mares nunca de antes nauegados, Paſſaram; ainda alem da Taprobana Em perigos, & guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana. E entre gente remota edificarão Nouo Reino, que tanto ſublimarão. E tambem as memorias glorioſas Daquelles Reis, que forão dilatando A Fee, o Imperio, & as terras vicioſas De Affrica, & de Aſia, andarão deuaſtando, E aquelles que por obras valeroſas Se vão da ley da Morte libertando Cantando eſpalharey por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho & arte. A partir da segunda metade do século XVI, a língua portuguesa sofre influências das línguas grega e latina, devido ao Renascimento e à necessidade de valorização da língua. A escrita tornou-se etimológica: de acordo com as raízes das palavras. Algumas mudanças marcantes foram a inclusão dos dígrafos ph, ch /k/, rh e th e de consoantes mudas ou dobradas. Um samba chamado Pelo telephone era um verdadeiro “successo” na época.
Alguns exemplos de palavras dessa época: ANTIGO
acto optimo director reacção gymnasio fiscaes officio theatro pharmacia commercio d’ella n’este
ATUAL
ato ótimo diretor reação ginásio fiscais ofício teatro farmácia comércio dela neste
assumpção chimera sciencia innovar cégo archaico elle estylo damno ortographia portugueza anno rheumatismo
assunção quimera ciência inovar cego arcaico ele estilo dano ortografia portuguesa ano reumatismo
A acentuação gráfica era muito pouco frequente na língua, e contrações entre uma preposição e outra palavra eram demarcadas por apóstrofo (’). Em 1911, foi proposta uma reforma ortográfica para simplificar a escrita do português, mas ela só entrou em vigor em 1943. Ela tratou de eliminar consoantes mudas e duplicadas, dígrafos gregos e as letras k, w e y, e de regularizar a acentuação gráfica. Seguimos o nosso guia pelo jardim, se assim se póde chamar uma enorme cupula de vidro sob a qual crescem as mais variadas especies de arvores e flôres dos tropicos. Além, a terra está coberta de neve; aqui, os convidados tomam refrescos á sombra de arvores floridas. A atmosphera suave é artificial: lava-se, humedece-se, oxigena-se, aquece-se no inverno e esfria-se no verão, tudo por meio de engenhosas machinas “climatericas”. As portas se abrem por si mesmo, quando nos vêem com seu invisivel olho electrico. […] Mais adiante estão machinas de moer e picar vegetaes. O assado vae se fazendo de vagar, em frente de um apparelho electrico, cujo calor diminue á proporção que vae ficando prompto. E claro, está que todos os utensilios, roupas e vasilhames se lavam automaticamente e electricamente. Trecho de A vida no anno 2000, publicada na Folha da Noite em 12 de dezembro de 1933.
Veja agora um exemplo de frase na ortografia antiga: Antes da reforma: Em Nictheroy elle poude estudar as sciencias naturaes como a chimica e a physica. Após a reforma: Em Niterói êle pôde estudar as ciências naturais como a química e a física. Não se assuste com o acento em “êle”, pois a reforma usava o acento circunflexo (^) sobre as vogais e e o como acento diferencial ou para definir o fonema correto. Era comum vermos as palavras “agôsto”, “nôvo” e “estrêla”. De acordo com essa reforma, usava-se trema (¨) para sinalizar hiatos átonos, como em “saüdade” e “vaïdade”. Ainda se usava acento circunflexo e acento grave (`) para marcar uma sílaba subtônica em palavras cujo sufixo iniciava-se por -z- ou terminadas em -mente. Tinham acento as palavras “sòmente”, “ùltimamente”, “cafèzinho” e “avôzinho”. Em 1971, um decreto do governo elimina os acentos citados acima, dando origem à ortografia portuguesa como a conhecíamos. A frase citada acima fica então assim: Em Niterói ele pôde estudar as ciências naturais como a química e a física. Em 1990, cria-se um novo acordo ortográfico, desta vez englobando todos os países falantes do português, mas essa reforma só passa a valer em 2009, devido à resistência de Portugal. A reforma afeta 0,5% do vocabulário no Brasil e 1,6% do vocabulário em Portugal. Os países africanos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e o asiático Timor Leste, seguem o português europeu. O Acordo foi criado para igualar a escrita brasileira à escrita europeia, devido a divergências ortográficas entre as duas formas de escrita. Por exemplo: em Portugal, mantiveram-se as consoantes mudas em palavras como “acção”, “óptimo”, “assumpção” e “amnistia”. Outra diferença era que o ditongo aberto éi não era acentuado em paroxítonas, como em “cefaleia”. Algumas palavras, diferente da ortografia brasileira, ainda usavam h inicial, como em “húmido” e “herva”. Certas palavras usavam hífen quando no
Brasil eram separadas por espaço. Exemplos: “hei-de”, “fim-de-semana” e “dona-de-casa”. Fora isso, o trema já não era utilizado na escrita europeia. As sequências “êem” e “ôo” não possuíam acentos, e nomes de meses, dias da semana, estações do ano, pontos cardeais e derivados e as palavras “fulano”, “sicrano” e “beltrano” eram grafadas com inicial maiúscula em Portugal. Era normal dizer que alguém viu “Fulano ao Norte numa Sexta-feira de Dezembro no final do Outono”. A unificação ortográfica se tornou necessária porque, com uma única ortografia, a divulgação de documentos em português mundialmente se tornaria mais fácil. Além disso, seria uma chance a mais para a língua ser adotada com uma das oficiais pela ONU. Agora, vamos então ver quais foram as mudanças decretadas pelo atual Acordo Ortográfico.
MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS Letras estrangeiras e trema As letras k, w e y voltam a fazer parte do alfabeto, mas nada muda quanto às formas de usar estas letras. Antropônimos (nomes de pessoas) de origem hebraica podem conservar os dígrafos ch, ph e th (Baruch, Ziph, Loth) ou serem aportuguesados (Baruc, Zif, Lot). Certas simplificações exigem uma vogal final (Judith → Judite). Se esses dígrafos não forem pronunciados, devem ser eliminados: Joseph, Nazareth → José, Nazaré. Nomes de origem bíblica terminados por b, c, d, g e t mantêm estas letras finais: Jacob, Job, Isaac, David, Josafat. Incluem-se nesta regra o nome “Cid”, onde o d é sempre pronunciado. Em “Madrid”, o d pode ou não ser pronunciado, assim como o t em “Calicut”. No entanto, nada impede que os nomes acima sejam simplificados: Jacó, Jó, Isaque, Davi, Josafá. Topônimos (nomes de lugares) estrangeiros devem ser grafados na forma aportuguesada, caso esta exista e esteja viva na língua: Antuérpia, Genebra, Milão, Munique, Turim; em vez de Anvers, Genève, Milano, München, Torino. Não se usa trema para indicar pronúncia da semivogal u: aguentar, linguiça, frequência. O trema se mantém somente em palavras estrangeiras, junto com sequências de letras que não são comuns na nossa língua: mülleriano (Müller), shakespeariano (Shakespeare). Sequências consonânticas Nas sequências consonânticas cc, cç, ct, pc, pç e pt, a primeira letra (c ou p) se mantém na escrita sempre que for pronunciada na fala. Do contrário, é eliminada. Mantém-se em: compactar, ficção, pacto, núpcias, opção, raptar. Elimina-se em: acionar, direção, objeto, exceção, Egito, ótimo; em vez de accionar, direcção, objecto, excepção, Egipto, óptimo.
Em casos onde a letra c ou p pode ou não ser pronunciada, admite-se dupla grafia, ainda seguindo a regra anterior: aspecto, aspeto; caractere, caratere; facto, fato; sector, setor; recepção, receção; óptica, ótica; lácteo, láteo. Quando o p é eliminado das sequências mpc, mpç e mpt, o m passa a n: assumpcionista, assuncionista; assumpção, assunção; sumptuoso, suntuoso. Nas sequências bd, bt, gd, mn e tm, a primeira letra pode ou não ser eliminada, ainda seguindo a regra de ser mantida somente quando pronunciada: súbdito, súdito; subtil, sutil; amígdala, amídala; amnistia, anistia; aritmética, arimética. Vogais átonas Os sufixos -iano e -iense mantêm o i em substantivos e adjetivos derivados, mesmo que a forma primitiva possua e: acriano (Acre), torriense (Torres). Substantivos que são variações de outros terminados por vogal devem ser grafados com final -io e -ia (nunca -eo e -ea): veste, véstia; haste, hástia; rosa, rósio (neste caso, a forma “róseo” também é aceita). Verbos terminados em -iar possuem conjugação regular. Por exemplo: copiar (copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam); adiar (adio, adias, adia, adiamos, adiais, adiam). Entretanto, os verbos “mediar”, “ansiar”, “remediar”, “incendiar” e “odiar” são conjugados como os verbos terminados em -ear: anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam. Certos verbos possuem dupla grafia por se relacionarem a substantivos terminados em -io e -ia: negociar (negocio/negoceio, negocias/negoceias, negocia/negoceia, negociamos, negociais, negociam/negoceiam), relacionadas a “negócio”. Maiúsculas e minúsculas Usa-se minúsculas em nomes de dias da semana, meses, estações do ano, pontos cardeais e derivados (não em suas abreviaturas) e nas palavras “fulano”, “sicrano” e “beltrano”: sábado, março, primavera, sul, sudeste (mas S, SE).
Em formas de tratamento, expressões de reverência e títulos honoríficos, o uso de maiúscula é facultativo: senhor doutor Joaquim da Silva, Senhor Doutor Joaquim da Silva; bacharel Mário Abrantes, Bacharel Mário Abrantes; santa Filomena; Santa Filomena. Também é facultativo o uso de maiúscula em nomes de disciplinas e domínios do saber: matemática, Matemática; língua portuguesa, Língua Portuguesa. É facultativo também o uso de maiúsculas em início de versos, em tipos de logradouros e nomes de edificações (nos dois últimos casos, as palavras seguintes devem iniciar por maiúscula): rua 25 de Março, Rua 25 de Março; torre de Pisa, Torre de Pisa; “Venho do fundo das eras Quando o mundo mal nascia… Sou tão antigo e tão novo Como a luz de cada dia!”
“Venho do fundo das eras quando o mundo mal nascia… Sou tão antigo e tão novo como a luz de cada dia!” Mário Quintana
Usa-se maiúscula facultativamente em quaisquer palavras, exceto em artigos, preposições e conjunções; ou então apenas na primeira palavra e em nomes próprios. Essa regra é valida para títulos de obras, textos, poemas, filmes, músicas, capítulos e episódios, devendo também manter esses nomes em itálico: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Memórias póstumas de Brás Cubas; O Menino do Pijama Listrado, O menino do pijama listrado; O Dia Depois de Amanhã, O dia depois de amanhã; Os Atores da Ilha Ember, Os atores da ilha Ember. Essa regra não vale para títulos de periódicos, onde o uso de maiúsculas é obrigatório: Gazeta do Povo, Correio Popular. Apóstrofo Usa-se apóstrofo para indicar contração das preposições em, de e por com nomes de obras, filmes e etc.: gosto d’Os lusíadas; li isso n’Os sertões. Nada impede que as preposições não sejam contraídas: de Os lusíadas, em Os sertões.
Usa-se também para marcar contrações entre uma preposição com uma forma pronominal maiúscula (referente a Deus, Jesus, ou outras entidades religiosas): Eu creio em Deus e confio n’Ele. Usa-se o apóstrofo, opcionalmente, para marcar a elisão de vogais finais o e a: Sant’Ana, minh’alma, Pedr’Álvares; Santa Ana, minha alma, Pedro Álvares. As palavras “Santana” e “Santiago” podem ou não possuir apóstrofo. Acentuação gráfica A segunda vogal tônica de um hiato não é acentuada quando precedido de um ditongo: feiura, baiuca, Sauipe. Este acento permanece em oxítonas (tuiuiú, Piauí) e a regra se mantém nos demais casos: caímos, saí, baú, país, raízes; rainha, ruim, raiz. Verbos com acento tônico na letra u em formas rizotônicas (acento tônico no radical) perdem o acento gráfico: argui (gúi), redarguem (gúem). Alguns casos admitem dupla grafia e pronúncia, podendo ou não ter o u tônico: averigue (gúe), averígue (güe); enxaguem (gúem), enxáguem (güem). Não se acentuam as sequências eem e oo: veem, deem, enjoo, voos. Paroxítonas terminadas em –n mantêm esse acento: herôon. Os ditongos abertos éi e ói perdem seus acentos em paroxítonas: ideia, centopeia, asteroide, heroica. Paroxítonas terminadas em –r mantêm o acento nesses ditongos: Méier, destróier, gêiser. Esses ditongos permanecem acentuados em outros casos: pastéis, rói, aracnóideo. As demais regras de acentuação foram mantidas: Acentuam-se monossílabos tônicos terminados em -a, -as, -e, -es, -o e -os: pá, fé, vê, só; mas: nu, um, vi, pi, sem. Acentuam-se oxítonas terminadas em -a, -as, -e, -es, -em, -ens, -o e -os, mas não em ditongos decrescentes: metrô, também, pontapé, está; mas: senti, sorri, peru, papel, saiu, feitio.
Acentuam-se quaisquer paroxítonas que terminem em ditongo decrescente ou não terminem em -a, -as, -e, -es, -em, -ens, -o e -os: réptil, tórax, bíceps, hífen, açúcar, álbum, júri; mas: circuito, gratuito, cetro, Cingapura, recorde, hifens, somos, temos, tenho. Acentuam-se todas as proparoxítonas reais e aparentes (terminadas em ditongo crescente): tâmara, cáustico, hexágono, amêndoa, divisória, hipérbole. Acento diferencial As seguintes palavras perdem seus acentos diferenciais: côa (verbo coar), coa (antigo com + a) → coa pára (verbo parar), para (preposição) → para péla (verbo pelar), pela (por + a) → pela pélas (verbo pelar), pelas (por + as) → pelas pêlo (substantivo), pélo (verbo pelar), pelo (por + o) → pelo pêlos (substantivo), pelos (por + os) → pelos pêra (substantivo), pera (antigo per + a) → pera pólo (substantivo), polo (antigo por + lo) → polo pólos (substantivo), polos (antigo por + los) → polos Continuam com acento: pode (presente) e pôde (passado) pôr (verbo) e por (preposição) Verbos como “ter”, “vir”, “manter” e “conter” continuam com acento diferencial: tem, vem, mantém, contém (singular); têm, vêm, mantêm, contêm (plural). Possuem acento diferencial facultativo: demos (pretérito perfeito do indicativo), dêmos (presente do subjuntivo); forma (ó), fôrma; Verbos de 1ª conjugação onde, no indicativo, a conjugação verbal na primeira pessoa do plural no presente é igual à mesma pessoa no pretérito perfeito: amamos, louvamos (presente); amámos, louvámos (passado).
Dupla acentuação O timbre de algumas vogais no Brasil é fechado, enquanto que em Portugal é aberto. Por isso, algumas palavras assinaladas com acento circunflexo na escrita brasileira, são assinaladas com acento agudo na escrita europeia: bebê, rô, fêmur, ônix, hidrogênio, gênero (Brasil); bebé, ró, fémur, ónix, hidrogénio, género (Portugal). Hífen Regra principal Sempre há hífen antes de h: anti-higiênico, quilo-hertz, sobre-humano, mal-humorado. Há hífen quando a primeira letra da palavra for igual à última letra do prefixo: micro-ônibus, mega-ampère, super-requintado, hiper-resistente, contra-ataque, circum-murado, anti-inflamatório, mal-lavado. Do contrário, não se usa hífen: autoestrada, miligrama, hiperativo, antiaéreo, hidroelétrica, coeditar, ultravioleta, videoclipe, radioatividade, cardiorrespiratório. Caso o segundo elemento comece por r ou s, essa letra deve ser dobrada: antissocial, autossustentável, contrarregra, autorretrato, ultrassom, cosseno. Outras regras (mantém-se a regra principal a menos que seja dito o contrário): Os prefixos co-, des-, dis-, in-, an- e re- sempre se aglutinam à palavra: coerdeiro, cooperar, copiloto, desumano, desabilitar, dissociar, inábil, inviável, analfabeto, anepático, reescrever, reorganizar. O prefixo a- segue a regra principal: a-histórico. Prefixos terminados em b requerem hífen se o segundo elemento se iniciar por r: ab-rogar, sub-reitor. O prefixo ad- requer hífen se o segundo elemento se iniciar por r: ad-renal. A palavra “abrupto” pode ou não ser escrita como “ab-rupto”. Já “adrenalina” sempre se escreve sem hífen. O prefixo pan- recebe hífen quando seguido de vogal ou m: pan-americano. Antes de p e b, passa a pam.
O prefixo circum- recebe hífen quando seguido de vogal ou n: circum-navegação. Os prefixos além-, aquém-, ex-, recém-, sem-, sota-, soto-, vice- e vizosempre requerem hífen: além-terra, ex-marido, recém-nascido, sem-terra, vice-presidente. Os prefixos pós-, pré- e pró- recebem hífen sempre que tônicos: pós-graduação, pré-história, pré-datado; mas: preencher, preconceito. Os sufixos –açu, -guaçu e –mirim são sempre acompanhados de hífen: capim-açu, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim. Palavras compostas cujo primeiro elemento seja um substantivo, um adjetivo, um verbo ou um numeral requerem hífen: amor-perfeito, guardachuva, criado-mudo, má-fé, porta-retrato, para-raio, para-brisa, para-choque, manda-tudo, Exceções: girassol, pontapé, passatempo, paraquedas, paraquedista, paraquedismo, mandachuva, madressilva, varapau. Prefixos pátrios seguem a regra principal: afrodescendente, eurocêntrico, lusofobia. Adjetivos pátrios compostos mantêm seus hifens: afro-brasileiro, latino-americano, anglo-saxão, ítalo-americano, sul-africano. Compostos mestre-d’armas.
com
apóstrofo
levam
hífen:
pé-d’água,
olho-d’água,
Nomes de lugares iniciados por grão ou grã, por verbo ou que contenha artigo entre os elementos recebe hífen: Grão-Pará, Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos. Outros nomes de lugares não levam hífen: Coreia do Sul, Rio de Janeiro, Boa Vista, Timor Leste. Exceção: Guiné-Bissau.
Palavras compostas que indicam espécies botânicas e zoológicas usam hífen: batata-inglesa, cana-de-açúcar, bem-te-vi, onça-pintada, couve-flor, pimenta-do-reino. Palavras referentes a derivados dessas espécies também recebem hífen: água-de-coco, azeite-de-dendê. Caso essas palavras não sejam empregadas no sentido das tais espécies, elimina-se o hífen, como em “bico de papagaio” (nariz grande ou saliência óssea). O prefixo mal- (advérbio) requer hífen antes de vogal: mal-estar, mal-afamado, mal-acabado; mas: malcriado, malnascido, malfeito. Quando mal significa doença, sempre se usa hífen: mal-caduco, mal-canadense. O prefixo bem- requer hífen antes de vogal e n: bem-nascido, bem-aventurado. Em outros casos, o prefixo só se aglutina nos casos derivados de “benfazer” e “benquerer”: benfeitor, benfazejo, benquerido; mas: bem-casado, bem-formado, bem-vestido. Há hífen em “bem-dito” (elogiado), mas não em “bendito” (abençoado). A palavra “bem-vindo” mantém o hífen. Ligações entre nomes próprios requerem hífen: Rio-Niterói, Angola-Brasil. O hífen se mantém na mesóclise e na ênclise: enviar-lhe-emos, adorá-lo. Palavras compostas de repetição de outra palavra ou de formas onomatopeicas devem ser grafadas com hífen: cri-cri, tim-tim, blá-blá-blá, zigue-zague, tique-taque. Os advérbios “não” e “quase” sempre se separam da palavra seguinte: não agressivo, não fumante, quase delito, quase irmão. Os prefixos bio-, carbo- e zoo- podem ou não receber hífen se a palavra se iniciar por h: biebdomadário, carboemoglobina, carboidrato, zooematita, zooematina; bi-hebdomadário, carbo-hemoglobina, carbo-hidrato, zoo-hematita, zoo-hematina.
Locuções de qualquer tipo perdem seus hifens: dia a dia, ponto e vírgula, disse me disse, tomara que caia, fim de semana. Exceções: à queima-roupa, ao deus-dará, água-de-colônia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, cor-de-rosa. Encadeamentos entre palavras requerem hífen: relação professor-aluno, Áustria-Hungria. Se ocorrer translineação na região da palavra onde houver um hífen, este deve ser reescrito na linha de baixo para enfatizar a presença do hífen. Acabei de tomar um anti-inflamatório muito forte.
Fontes Azeredo, José Carlos de. Escrevendo pela nova ortografia. 2ª edição. Rio de Janeiro: Publifolha. 2008. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 5ª edição. Rio de Janeiro: Editora Global. 2009. Acordo Ortográfico de 1990 (Wikipédia), web site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990. Acesso em 15 de maio de 2009. Os lusídas, versão de 1572, web site: http://purl.pt/1/1/P5.html. Acesso em 15 de maio de 2009. A vida no anno 2000, publicado na Folha da Noite em 12 de dezembro de 1933, web site: http://almanaque.folha.uol.com.br/mundo_12dez1933.htm. Acesso em 15 de maio de 2009. Ortografia da língua portuguesa (Wikipédia), web site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ortografia_da_l%C3%ADngua_portuguesa. Acesso em 15 de maio de 2009. ß (Wikipedia in English), web site: http://en.wikipedia.org/wiki/%C3%9F. Acesso em 15 de maio de 2009. & (Wikipédia), web site: http://pt.wikipedia.org/wiki/%26. Acesso em 15 de maio de 2009. História da ortografia do Português no Brasil, web site: http://www.portuguesfacil.net/historia-da-ortografia-do-portugues-no-brasil. Acesso em 15 de maio de 2009.