O Outro Lado E eis que novamente amanheceu Surpreendeu-me pois o "algo", talvez algoz de codinome, continua a corroer as meigas entranhas, tão estranhas para os leigos. É aí que se tenta enter os vagos presságios, subterfúgios aos derradeiros naufrágios mentais. Se apoderam da carne e da suposta alma. Ansiedade por pertencer à luxúria materialista quando ao confronto senil do anímico. Se pode até tentar, mas inicia-se neste ponto a fuga do palpável. Recorre-se então ao cálculo, músculo, ósculo... Aí se empaca. Bigorna e bate-estaca que soterram o vão consciente estudo nos profundos escombros da revelia mental. E eis que surge a sombra: quanto mais próxima a beira do abismo, mais se conhece sobre ele, até que a borda se rompa. Aí nada mais se conhece. Nem mais se tenta, ou ao menos atinam pensar os cérebros sãos. Só quando a ternura ausente de libido se aproximar de ti, e a nobreza sem segundas intenções vierem por instinto afagar-lhe o rosto; saberá que, aí sim, tudo aproxima os antípodas congênitos. Terás então não mais a dúvida e sim, a certeza de que o ocaso não ocorre por acaso e que amanhã novamente amanhecerá. Oribes Neto