O Dia Da Posse

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  • Words: 1,509
  • Pages: 8
1ª Edição Eletrônica VILMA MATOS AUTORA

Capa e Edição Eletrônica: L P Baçan Outubro de 2009 Direitos exclusivos para língua portuguesa: Copyright © 2009 da Autora Autorizadas a reprodução e distribuição gratuita desde que sejam preservadas as características originais da obra. http://www.avllb.org

O DIA DA POSSE

O retorno às aulas trouxe-me algumas recordações. Parece

que foi

ontem, o início do semestre passado, por volta da segunda quinzena de fevereiro de 2009, quando Agatha foi até a coordenação do curso, para questionar a forma do professor de Direito Penal ministrar suas aulas; na verdade, ela queria mesmo era arranjar um jeito e mudar de professor. Nada contra a metodologia de ensino adotada por ele. Era a sua presença que a incomodava, uma vez que ficava totalmente dispersa e atrapalhada. Tudo que ele fazia ou dizia a irritava, sem dúvidas que era uma forma de se resguardar, proteger sua sentimentalidade. O certo é que a sua suposta rejeição não convencia nem mesmo a ela própria. Enquanto isso, minha curiosidade aumentava, queria ver até aonde ia aquela situação. Ela tentava se enganar o tempo todo, mas durante as aulas dele, era notório seu nervosismo e até ficava com cara de boba. Quase saiu reprovada! Certo dia, Agatha me confidenciou que, quando adolescente tinha um sonho, o de quase todas as mulheres: Entrar na igreja de véu e grinalda. No entanto, seu companheiro sempre arranjava uma desculpa, dizendo ser desnecessário e muito oneroso, já estavam juntos, portanto, era o bastante. Nada romântico. Com a insistência dela e a indiferença dele, o relacionamento ia esfriando, ficando desgastado. As suas grosserias e mesquinhez a deixavam extremamente desolada. Contudo, sem fazer qualquer exigência, continuava vivendo ao lado dele. Era sua fiel escudeira e só recebia o que ele queria lhe dar, ou seja, nada ou quase nada. Mas ainda se mantinha acesa a chama da esperança de um dia ser feliz, com ou sem ele.

O companheiro de Agatha, a cada dia era mais desatento à sua presença e necessidade de mulher. Com o passar dos anos, ela se mantinha na mesma postura de antes, conseguiu ocultar e dominar as suas ânsias e desejos de fêmea desprezada pelo homem que a havia transformado em mulher. Nada mais existia entre eles, apenas o compromisso assumido perante a sociedade, amigos e familiares. Na intimidade do lar, ela não passava de uma mera colaboradora que servia tão somente para organizar a casa e pôr as ”coisas” em ordem. Fora isso, ela não tinha voz ativa ou como dizem por aí, era “um zero à esquerda”. Já conformada com sua infeliz sorte, continuava acreditando no amor e, conseqüentemente na volta dele para seus braços. Até que aconteceu o já esperado: a traição, tornando-se conhecido o relacionamento clandestino dele com a secretária. Naquele dia, algo dentro de Agatha ardia, rompia-se, foi tão abrupto que a fonte secou e a terra que ainda necessitava de chuva veio a rachar. O vento que esfriava e o fogo que antes aquecia naquelas horas sofridas, as suas entranhas começava a queimar. Um golpe inesperado, menos para os amigos e familiares que sabiam do caso extraconjugal. Durante o terrível incêndio, Agatha viu desmoronar o seu “castelo de sonhos” e tudo que havia construído, inclusive seus projetos, até mesmo os mais românticos. Tudo que aconteceu, foi por conta de Agatha ter acreditado no fingimento de seu companheiro. Deixou-se levar pela fé, pela autoconfiança, ou quem sabe, pela paciência que somente a teimosia de uma mulher, dominada pela obsessão de reconquistar seu grande amor, é capaz de suportar. Esperou, esperou até ele voltar, dizendo-se morto de apaixonado por ela. Posteriormente ela descobriu que ele apenas a usou, pois era totalmente desmotivado, nem mesmo um ator encenando teria a capacidade de ser tão frio com sua parceira de cena; igual ele foi com a mulher que no mínimo merecia respeito, não só por ser sua companheira de tantos anos, mas, pelo simples fato de ser uma mulher capaz de ter se guardado tão somente para ele.

O silêncio de Agatha era por covardia ou medo? Ela não sabia, somente depois, com a maturidade é que teve a certeza de que era mais por medo do que por covardia, isso, levando em conta que era totalmente dependente dele e não tinha coragem de enfrentá-lo. Afinal, ele costumava fazer-lhe ameaças. Algo comum, não só nos dias de hoje, mas, durante toda a história da humanidade, a mulher sempre foi sacrificada em nome de alguns valores já ultrapassados ou do equilíbrio familiar. Não é a toa que em 2006 foi sancionada pelo governo de, Luis Inácio Lula da Silva, a Lei de nº. 11.340, a bem conhecida e questionada pelos juristas e populares: “Lei Maria da Penha”. Seu coração de mulher amorosa endureceu, até que se partiu em mil, dois mil, em não sei quantos pedaços. No meio desta confusão, a mulher esperançosa que habitava nela, via tudo, totalmente destruído, ficando apenas o vento que soprava as cinzas que encobria sua alma a gemer e a soluçar. O castelo se desmoronou, o fogo se apagou, mas o templo sagrado ali permanecia. Tudo estava calmo, frio, vazio, mas sob as cinzas a mulher ainda estava viva, apenas dormia. Foi quando PIERRE DELA CRUZ, apareceu e, pegando com suavidade sua mão, conseguiu resgatar-lhe dos escombros. Soprou as cinzas e lhe deu um longo e demorado beijo na boca, com isso, todas as chamas de seu corpo reacenderam. Foi assim, tal qual fênix. O Professor, homem distinto, reservado, observador e extremamente educado. Sabia se vestir, assemelhava-se a um Lord... Um dia ele escreveu para Agatha dizendo: “Quero você...”, a partir daí, ele passou a ser o príncipe, o rei, o homem de sua vida. Ainda guarda no recôndito de sua alma, o deslumbre do momento em que ele demonstrou interesses pelo mesmo tema que ela. Chegou a envergonhar-se de ter sido infantil, a ponto de ter perdido tempo, recusando, fingindo, não querendo amar o Homem que passou a regar o jardim de sua vida, fazendo-o florescer; motivo maior de sua leveza e felicidade. Aliás, ela vivia repetindo “Homem da minha vida”. Desde então, os seus melhores

pensamentos, os mais dignos sentimentos eram direcionados a ele. Não temia mais nada, pois se considerava uma nova mulher. O que existia entre eles era tão mágico que, só de imaginar seus corpos realizando a mais bela coreografia, a coreografia do amor, já se transportava para outras dimensões. Agatha Lourenzzo passou a cultuar esta história, no cerne de sua alma, embora ainda estivesse inacabada. Não experimentaram corpo a corpo, pele na pele, pois, antes que isto acontecesse, ele fez uma de suas viagens e não mais voltou. A incerteza de seu retorno chegava a doer em sua alma, mas em contra partida, aprendera que o verdadeiro sentido da vida, consiste em saber amar, para tanto, é necessário esperar e neste tema, Agatha era mestra. Enquanto ele permanece sumido, ela se sente segura, pois sabe que desejou e foi desejada com toda a “plenitude de seu ser”, isso lhe dá a certeza de que o homem que ela escolheu, ficará permanentemente em sua vida e um dia seus corpos se encontraram para completar o que ainda falta, ou seja, a posse um do outro. Que a felicidade se faça morada em cada coração, em cada mente... Que a vida seja sempre plena de paz, de amor, de fé e esperança, em especial para aqueles que não acreditam mais que todo tempo é tempo, para se encontrar e para se viver um grande, verdadeiro e eterno amor.

Vilma Matos Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará – ALMECE Autora do livro odisséia em Ulisséia - 2009 www.vilmamatos.net Fortaleza, 11-07-2009

VILMA MATOS Maria Vilma Matos Peixoto nasceu em 18/11/62, em Crateús, pequena cidade do interior do Estado do Ceará - Brasil, filha de João Marques Barbosa e Maria da Conceição de Matos. Aos 18 anos foi morar em Brasília - DF, oportunidade em que trabalhou como recepcionista de anúncios fonados, no Jornal de Brasília, sito no Setor Gráfico. Retornou a sua cidade natal em 1982, onde concluiu o 2º Grau, ministrou cursos de datilografia na sede do Lions Clube de Crateús, patrocinados pela antiga LBA, SENAC, MOBRAL e outros. No início de 1985, foi morar com seus primos em Fortaleza, capital do Estado, em busca de realizar seus sonhos. Desejava arranjar um bom emprego e ingressar na faculdade de Direito. Em setembro do mesmo ano, conseguiu o emprego sonhado, onde permanece até hoje. Posteriormente, ingressou na Faculdade de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, curso este já concluído. Foi nas dependências da faculdade que seu interesse pela poesia foi aguçado, visto que desde a adolescência cultivava o gosto pela escrita. Como resultado de um trabalho literário na Disciplina "Prática do Ensino" , a poeta criou sua primogênita poesia, entitulada "Ética Pedagógica". O resultado foi tão extasiante e apreciado, que não mais parou de compor. A poeta fala fluentemente Espanhol e está cursando Inglês. Sendo adepta da Doutrina Espírita, acredita na reencarnação e consequentemente na reforma íntima do ser humano.

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