Modelos Educacionais

  • May 2020
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MODELOS EDUCACIONAIS Em um de Outubro de 1964, efectuei pela primeira vez a minha matrícula na escola primária e no dia sete desse mesmo mês entrei para a escola. Era um ensino de rigor e disciplina, ninguém entrava ou saía da escola sem consentimento da Senhora Professora. Os Alunos menos comportados eram repreendidos com réguadas nas mãos ou com uma cana-da-índia na cabeça. Os livros não podiam estar riscados ou dobrados, a bata não podia estar suja. Para se passar de classe fazia-se a chamada prova escolar e na 4ª classe fazia-se exame. Para além do óleo fígado de bacalhau que éramos obrigados a beber todos os dias, não se passava de classe ou se fazia exame se não fizéssemos prova de que éramos competentes. A Senhora Professora era muito respeitada por toda agente na aldeia e a sua autoridade moral sobrepunha-se à do regedor. Como só fiz exame da 4ª classe e admissão em virtude de na minha aldeia não haver outra via de ensino, só em 1982 na Escola Nuno Gonçalves em Lisboa concluí o 2ª ano transitando para a escola Dª Luísa de Gusmão na Penha de França. De 1987 a 1990, na escola Secundária de Jaime Cortesão em Coimbra, estudei em regime nocturno até ao 3ª ano do Curso Geral de Administração e Comércio que não concluí por não ter conseguido fazer a disciplina de matemática. Durante o tempo em que estudei à noite tínhamos diversas disciplinas e chegávamos a fazer vários testes no mesmo dia. Entrava às 19h30 e saíamos às 23h40. Trabalhava o dia todo e por vezes à noite e aos fins-de-semana. Era muito difícil conciliar este método de estudo, com a família, o trabalho e a escola, o que me levou a afastar-me por algum tempo, mas continuei sempre com a ideia de voltar, até que surgiu esta oportunidade de frequentar um Curso Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências - RVCC Básico, que concluí no ano de lectivo de 2007- 2008. Foi uma experiência muito boa, pois levou-me a reviver todo o meu passado de estudante a profissional. Elaborámos trabalhos muito formais, o método de ensino era muito bom e a equipa de formadores era excelente. No final do curso elaborámos um trabalho e o meu foi sobre os museus. Obrigou-me a fazer muita pesquisa, mas creio ter-me saído bem. Exigiu muito de nós mas, eu penso ter correspondido à exigência dos Professores. Foi uma experiência que voltava a repetir. A dissemelhança entre este método de ensino e o ensino regular, é que o aluno demonstra ao Professor que sabe e tem conhecimentos, e que adquiriu competências ao longo da vida, enquanto no ensino regular o professor é o único que parece ter conhecimentos e que os transmite aos Alunos pelos quais serão avakiados. Se olhar para o meu passado escolar, reconheço que o ensino já passou pur muitas alterações. Antes os Alunos eram disciplinados, tinham que demonstrar que sabiam. Reprovavam por faltas ou indisciplina. Relacionando a escolaridade tradicional com o processo EFA: na escola tradicional os cursos são direccionados 1

para uma determinada vertente profissional, ou não. O método de ensino é diferente, o aluno tem de demonstrar ao Professor que sabe, estudam durante o dia e levam três anos para concluir o 12º ano, pode dizer-se que têm outro grau de exigência embora a idade seja outra, o que requer também maior exigência dos Professores. Quanto a preocupações em boa parte têm só as escolares, enquanto que os alunos do curso EFA têm preocupações profissionais, familiares entre outras. Têm que ter um maior rigor e o seu grau de exigência é maior, pois ninguém se compadece com os seus, com o esforço que lhes é exigido seja a nível profissional ou familiar, por vezes tem que abdicar da sua vida familiar em prol da escolar e na sua vida profissional ninguém se compadece com as sua preocupações, embora ele esteja a lutar por uma maior dignidade profissional, mas o futura há-de recompensá-lo. Quanto à relação entre Aluno e Professor: esta relação deveria ser a melhor possível, uma vez que a escola é a oficina da vida e os senhores professores deveriam ser mais compreendidos, mais respeitados tanto por Alunos como por pais, se fizermos uma pequena retrospectiva daquilo que era o ensino antigamente hoje não temos comparação possível, a escola é olhada como um deposito de alunos, os pais depositam os filhos à porta da escola delegando todas as responsabilidades nos Professores sem que para isso lhes concedam autonomia. O Professor é visto como uma pessoa com deveres e o Aluno com direitos. Concedeu-se muita liberdade sem se terem atribuído responsabilidades. Como Aluno deste curso EFA, penso que tenho o melhor relacionamento com os senhores professores e estou aberto a correcções que me possam fazer. Tento cumprir o melhor que posso e sei, na pontualidade sou muito rigoroso comigo mesmo, salvo por questões meramente profissionais. Estes professores que temos estão sempre aberto ao diálogo e dispostos a ajudarem-nos naquilo que nos precisamos, embora também compreenda que noutras turmas do mesmo curso possa haver pessoas menos elegantes. O principal desafio enfrentado pelos educadores neste novo cenário está ligado à mudança de comportamento. E essa mudança vai desde a sua própria adequação às novas tecnologias, passando pelo método de ensino e chegando a formação autónoma do Aluno. O Professor passa a assumir, na sociedade do conhecimento, um papel diferente, o de facilitador da aprendizagem e o aluno também se reveste numa nova postura, a de aprendiz. Compreendo, que devido a uma delapidação que o ensino tem sofrido a função de Professor é cada dia mais difícil mas estou ciente que um dia esta dificuldade irá desaparecer porque a sociedade vai compreender que do ensino vem o futuro, futuro esse que só se consegue graças a um bom método de ensino. E, se queremos ter um futuro mais promissor e não queremos ser governados por pessoas menos competentes, devemos investir no ensino na escola e darmos aos Professores a dignidade que eles merecem.

Coimbra, 1 de Maio de 2009. 2

José António da Costa Silva

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