Mitos E Desafios

  • November 2019
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MITOS E DESAFIOS Introdução O legado da Guerra do Golfo, que aconteceu logo após a vitória sem derramamento de sangue da Guerra Fria, deixou a sociedade ocidental com uma estilizada visão da guerra moderna. A tecnologia é vista hoje como sendo a dona de todas as situações. Assombrantes vitórias podem ser alcançadas com perdas mínimas do lado vitorioso, e com grande redução de danos colaterais em inocentes do lado do inimigo. A guerra pode agora ser delegada a modernos cavaleiros, que substituíram seus vistosos capacetes com plumas por visores pretos de material compósitos, versão militar dos utilizados no filme Guerra nas Estrelas e seus cavalos de batalha são agora aeronaves que custam milhões de dólares. Esta é a percepção ocidental da utilização do Poder Aéreo na guerra moderna. Entretanto, por exemplo, para os sérvios, o moderno Poder Aéreo é apenas uma luz rósea e desfocada proveniente do escapamento dos motores dos jatos da OTAN. Para os residentes em Grozny, o conceito de pequenos danos colaterais em inocentes nunca existiu, enquanto que para os Curdos do Iraque, o Poder Aéreo é algo bastante simpático, visto protegê-los da áspera realidade de vida que tiveram quando sub-julgados por Saddan Hussein, durante dez anos após a retomada da soberania do Kuwait. A chegada o novo século não tornou o mundo um local mais seguro. Brigas e disputas nacionalistas ou étnicas são as grandes ameaças à estabilidade e as disputas territoriais continuam a prevalecer como pano de fundo das relações internacionais, numa tentativa de unir pessoas dentro de uma mesma linha de fronteira, para formar estado-nação. Racismo e intolerância estão cada vez mais presentes no venal aparentemente civilizado estilo de vida. Os desejos 1

naturais, especialmente nas empobrecidas nações, que buscam alcançar a prosperidade ocidental, pouco ajudaram os povos a conviver com seus desastres naturais. Os gastos militares e a pompa da chamada civilização ocidental tornaram esses povos mais vulneráveis. Contra esse cenário de destruição e desolação, quais são os desafios do Poder Aéreo no mundo moderno e numa guerra moderna? Vamos explorar então dez áreas chave, onde mitos devem ser explorados e os desafios tratados. Essas dez áreas desafiantes foram escolhidas para estimular o debate, e não apenas para expor as virtudes do Poder Aéreo. Através desses dez mitos ou desafios, tornar-se-á evidente que um tema comum emergirá, independentemente da tarefa a ser cumprida, a de como o der aéreo fará a diferença do modo como combateremos numa guerra. O Poder Aéreo pode fazer tudo sozinho – Douhet, Trenchard e Mitchell O resultado da 1ª Guerra Mundial deixou uma marca que não se pode apagar, em todos os que participaram do conflito, embora alguns poucos tenham saído sãos e salvos. Muitos acreditam, que a guerra deva ser algo a ser banido da humanidade. Para outros, com a introdução de 3ª dimensão (a guerra aérea), a guerra de trincheiras acabaria com o terrível sofrimento dos homens. O Royal Flying Corps sofreu elevadas perdas, especialmente devido às dificuldades encontradas para treinar pilotos e observadores, tendo em vista a grande quantidade de aeronaves produzidas. Mas essas perdas eram diferentes das sofridas pelo exército nas trincheiras, pois os bombardeiros que se auto-defendiam seriam capazes de levar a guerra no coração da pátria inimiga, com impunidade. Mas Douhet, teórico italiano da guerra aérea, escreveu em seu livro “O Comando do Ar”, que a guerra era essencialmente uma batalha de pensamentos entre dois povos; a flexibilidade oferecida pelo Poder Aéreo permitiria que ofensivas fossem dirigidas diretamente contra a moral da população civil. Trenchard, provavelmente sem ter lido Douhet, canalizava sua predileção na ofensiva, argumentando que o melhor modo de defender o Reino Unido era atacando as bases e a indústria inimiga, seus centros vitais. Trenchard endossou a importância dos “alvos de moral”, declarando que eles tinham uma importância 20 vezes maior do que os alvos físicos. Stanley Baldwin resumiu a convicção difundida na House of Commons em 1932, declarando que “os bombardeiros sempre passarão”. A realidade tecnológica da 2ª Guerra Mundial era tal que os bombardeiros nem sempre conseguiram passar e muitas vidas humanas foram

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perdidas na guerra aérea e terrestre. O Poder Aéreo teve participação importante em muitas áreas, desde a defesa da Grã Bretanha durante a batalha da Inglaterra até a Campanha de Bombardeios, mas ele não pode dizer que fez tudo isso sozinho. Os ataques atômicos contra Hiroshima e Nagasaki podem ter levantado a possibilidade da supremacia do Poder Aéreo, como meio final de uma guerra, embora a maioria dos cenários da Guerra Fria tenham incluído todas as armas de guerra disponíveis. O final da Guerra Fria, sem derramamento de sangue, foi seguido pela invasão iraquiana ao Kuwait, e das Operações Desert Shield e Desert Storm, que culminaram com a expulsão das forças de Saddan Hussein do Kuwait. Essa vitória gerou elogios ao Poder Aéreo, por parte do Presidente George Bush – A Guerra do Golfo demonstrou o valor do Poder Aéreo – e do Secretário de Defesa Dick Cheney – A campanha aérea foi decisiva para a vitória -. Nenhum teórico denegriria a excelente contribuição e valor do Poder Aérea nesta campanha, mas ele não pode nem conseguiu realizar tal feito sozinho. A utilização subseqüente do Poder Aéreo se deu na Operation Deliberate Force na Bósnia em 1995, que destacou os dilemas encontrados pelos líderes políticos e parceiros das forças de coalisão, quando do uso efetivo da moderna tecnologia militar nos ataques, tendo em vista a presença da ostensiva da mídia. O Poder Aéreo tem a habilidade de demonstrar o desejo político, e ainda permitir ao estadista “se engajar nas hostilidades aos poucos”, embora isso também leve ao problema de o que fazer após a utilização de um ataque aéreo, como aconteceu no Kosovo em 1999. As operações aéreas sobre os Bálcãs começaram no dia 24 de março de 1999 e prosseguiram pelos 78 dias seguintes. O que começou como sendo uma pequena e pontual operação voltada para derrubar o Presidente Milosevic, tornou-se uma longa batalha de nervos. Os debates na impressa ficaram concentrados em torno dos que acreditavam que o Poder Aéreo podia realizar

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tudo sozinho contra os “generais de cadeira” que defendiam a idéia que a inserção de forças terrestres seria fundamental para o sucesso. Na realidade a operação realizada pelas forças aéreas aliadas, foi uma operação conjunta com as marinhas e os exércitos, cada uma dando sua contribuição específica, embora a participação do Poder Aéreo tenha sido dominante e o centro das operações conjuntas. Apesar das esperanças dos otimistas, o emprego do Poder Aéreo nas operações das forças aliadas, era apenas uma parte de toda a campanha. A análise dos grandes e dos pequenos conflitos mostra que o Poder Aéreo foi freqüentemente decisivo e ocasionalmente dominante (pelo menos em partes da campanha), mas ele nunca foi sozinho o único responsável pela vitória final. Isso quer dizer, o Poder Aéreo tem feito grande diferença na conduta da guerra, quando empregado de modo adequado. O Poder Aéreo pode ou não participar da decisão diretamente, mas sua utilização caracterizará pesadamente o processo decisório do processo político-militar. O Poder Aéreo é a primeira arma da escolha política A poeira estava assentando-se após o colapso do Muro de Berlim, quando os tesouros financeiros exigiam da OTAN seus dividendos pela paz. Vários esquadrões foram enviados para o Golfo, sem certeza de que eles existiriam quando do retorno. O fracasso na materialização da nova ordem mundial, quase que inevitavelmente deixou as forças armadas inchadas de pessoal e com um horizonte de expansão. A inerente flexibilidade e alcance do Poder Aéreo fornecem aos fabricantes de política civil ou militar um escopo sem precedente para projetarem sua influência próximo à decisão da mídia mundial. Mas, há muito mais no exercício coercitivo da força para fins políticos, do que na diplomacia de guerra. O envio de forças militares para qualquer rincão do mundo em conflito, deve ser acompanhado de uma análise do problema a ser encontrado pelas tropas, independentemente da missão a ser realizada – o

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processo de enfrentamento militar específico é projetado para assegurar que este é o lugar ideal e correto pra envio das tropas. O Poder Aéreo pode ser a arma para ser utilizada como a primeira escolha política, mas poucas, ou talvez nenhum conflito político ou militar, pode ser resolvido apenas com sua utilização. Demonstrações de força ou de apoio político podem ser demonstradas num desfile aéreo, mas muitas das missões de paz, demandam agora o emprego de força terrestre. Do mesmo modo, o Poder Aéreo é apenas de utilidade limitada, e empregado em situações que requerem auxílio às autoridades civis locais, como por exemplo, a Irlanda do Norte. O Poder Aéreo é uma forma não usual de sedução do Poder Militar, em parte porque, como o namoro moderno, ele parece oferecer satisfação sem comprometimento (o Poder Aéreo fica !!!!). Este grau de satisfação pode ser demonstrado pelo Poder Aéreo, quando ele fica disponível facilmente aos líderes políticos, em épocas de recursos escassos, quando os interesses nacionais ou suas sobrevivências pessoais, não são ameaçadas diretamente. Virtualmente, em qualquer situação enfrentada por um governo nacional, o Poder Aéreo é a forma mais adequada de demonstração de força. O papel do Poder Aéreo pode ser o de vigilância, o de auxílio a refugiados ou ataque de precisão. Não importa. Ele certamente fará a diferença. O Poder Aéreo pode realizar ataques cirúrgicos, sem causar vítimas indesejáveis Capacidade de ataques cirúrgicos foi por muito tempo o Santo Gral dos entusiastas do Poder Aéreo. Ele tornou-se quase uma realidade, de uma forma limitada, nos dias de controle colonial do Iraque. Pequenas esquadrilhas, operando em ambiente amigo (em termos de fogo hostil, pelo menos), lançariam pequenas bombas a menos de 100 pés das residências dos civis, sem causar vítimas. Isso era razoável contra inimigos relativamente não-sofisticados, mas não funcionaria em grandes batalhas entre nações. Durante a 2ª Guerra Mundial, a tecnologia disponível não era suficientemente avançada tanto em

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termos das bombas em si como na precisão de lançamento, particularmente quando, por falta de escolta, os ataques passaram a ser realizados à noite. Os planos da USAAF, cujos objetivos principais eram os ataques aos pontos nevrálgicos da economia alemã, eram baseados numa precisão nunca alcançada. Apenas no final da Guerra do Vietnã é que esses fatos se modificaram, com a introdução de bombas guiadas. As percepções dos eventos da Guerra do Golfo, acentuados pelas lentes da mídia mundial, obrigou aos planejadores das operações aéreas no Kosovo a não terem outra escolha se não utilizarem bombas de precisão. A realidade, entretanto, é outra, pois apenas 8% dos mísseis e bombas utilizadas na Guerra do Golfo foram de precisão e guiadas. Elas, entretanto, capturaram a imaginação da imprensa e do público, possivelmente porque esse armamento e seus resultados pareceram ser politicamente mais corretos do que as imagens dos tapetes de bombas lançados pelos B-52 no Vietnã. Durante as operações aéreas no Kosovo, cerca de 35% das 23 mil bombas e mísseis lançados eram do tipo de precisão. O aumento da precisão dos sistemas de lançamento necessitará também, de melhoria dos equipamentos (avionics). A pressão por precisão absoluta é, entretanto, inegável, e falta pouco para chegarmos aos dias em que as bombas convencionais serão armas de último recurso. Na realidade, a pressão sobre os chefes militares e membros das forças armadas de todos os níveis, é algo considerável. Durante as operações aéreas no Kosovo, ameaças de investigação por crimes de guerra foram feitas com respeito a conduta de bombardeios. Existe então, uma presunção de exatidão e precisão. Na realidade, guerras como a do Kosovo, estão aumentando a expectativa dos líderes políticos, militares, da imprensa e do povo em geral, de que “toda vítima é um engano cometido, e os números de vítimas é uma falha”. Mas precisão nunca pode ser definida ou absoluta. Falhas mecânicas ou elétricas ocorrem ou os equipamentos são vulneráveis a contra-medidas. A maioria das armas tem sua precisão medida em termos de um diâmetro, com centro no alvo, no qual 50% de seus tiros caem ali. Nenhuma bomba de precisão evita radicalmente os danos colaterais ou as vítimas. Cerca de 1200 civis foram mortos na Sérvia,

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durante as operações aéreas no Kosovo, e as vidas de muitos outros influenciaram de sobremodo os bombardeios das pontes sobre o Danúbio. Resta, porém, a seguinte conclusão: as armas modernas são muito mais efetivas do que as antigas, a precisão aumentou em muito e o sonho do Comando de Bombardeiros da RAF e da 8ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, tornou-se algo próximo à realidade. O Poder Aéreo é glamoroso e amigo da mídia O relacionamento entre os militares e a mídia foi sempre repleto de pequenos problemas, mas quando foram menos cordiais, resultaram num grande número de artigos sobre o tema. No centro de tudo isto está o aparente conflito entre a indomável busca pela verdade e o desconfiado modo de ser do guerreiro secreto, podendo isto ser exacerbado pela falta de treinamento e pela convivência ocasional corrompida pelos métodos de questionar. Além disso, alguns membros da imprensa são profundamente suspeitos de qualquer instrução que eles avaliam ser diversionárias, enquanto que o militar ver essa atitude como parte integrante de seu dia a dia. De onde nenhuma informação está vindo, a especulação predomina, freqüentemente em detrimento da segurança e da precisão da própria informação. Sempre que existe um erro, há sempre um considerável interesse da imprensa e do público em geral, independentemente de qual seja o conflito. Durante as operações aéreas sobre a Sérvia na Primavera de 1999, a circulação de jornais aumentou em cerca de 15% (na Europa e Estados Unidos), refletindo o interesse da população. Com o andar da guerra, o interesse diminuiu, e a circulação voltou ao normal. O Poder Aéreo pode prover elevados resultados tecnológicos com o mínimo de suporte Em artigo, o General John Jumper, comandante da USAFE (United States Air Force Europe) adverte para os perigos de se tirar lições genéricas a partir de campanhas idiossincráticas como a do Kosovo. Uma das lições de deve-se tirar dessa campanha, entretanto, foi que as Forças Aéreas desconsideraram o perigo das Missões de Apoio Aéreo Aproximado realizadas. O papel do reabastecimento em vôo é vital em qualquer operação aérea. Os dias em que as missões eram iniciadas e terminadas em sua base, terminaram. A realidade é que agora as missões têm longa duração, e envolvem vários reabastecimentos em vôo. No Kosovo, por exemplo, a RAF com sua antiga força

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de aeronaves tanque, teve que realizar enorme esforço para poder apoiar suas aeronaves em ação. Idem aconteceu quando do transporte dos helicópteros Apache americanos da Alemanha para a Albânia, exigindo mais de 500 missões dos cargueiros C-17. O Transporte Aéreo foi utilizado até o seu limite máximo, de modo a poder levar os suprimentos necessários ao teatro de operações e a suas vizinhanças. Essa capacidade incluiu, freqüentemente, o envio de forças aero-móveis ou especiais. A Supressão das Defesas Aéreas Inimigas (SEAD) e a Guerra Eletrônica (EW) são funções igualmente vitais, mas raramente disponíveis em quantidade suficiente. Igualmente, o salvamento de tripulantes abatidos é algo agora esperado e enfatizado, pelos políticos e líderes militares, mas os recursos requeridos para tais missões, não deve ser subestimado. A utilização de aeronaves com tecnologia stealth, reduzirá a dependência da SEAD e da EW, mas a realidade das operações das forças de coalisão foi tal que, a confiança nesses recursos permanecerá como sendo um fator principal a ser considerado no planejamento. Se o Poder Aéreo que fazer a diferença num conflito futuro, o apoio aéreo aproximado deve ter a mesma atenção que é dada a unidades de caça e de combate, pois de outro modo, uma guerra expedicionária sem meios de projetar o poder, será apenas um sonho. O Poder Aéreo não é pré-requisito Existe um sentimento amplamente divulgado de que, se o controle do ar é perdido, a batalha terrestre logo também o será. Isto estava implícito nos escritos dos teóricos do poder aéreo entre as guerras. Generais da 2ª Guerra Mundial como Montgomery e Rommel eram inflexíveis neste ponto de vista. Mais recentemente, os conflitos da Coréia, Vietnã e Oriente Médio, só vieram a acentuar a natureza vital do controle do ar. Entretanto, após a Guerra do Golfo, e mais recentemente no Kosovo, uma nova escola de pensadores surgiu considerando

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que, ou se tem superioridade aérea ou renuncia-se à luta. Esses argumentos são apoiados por aqueles que tem interesse nos grandes contratos de venda de caças, e apenas servem para criar mais debate sobre o assunto. A realidade tanto no Kosovo quanto no conflito do Golfo (que ainda não acabou) é que o controle do ar tem que ser conquistado, vencido e mantido a todo custo. No Iraque, a condução das operações terrestres, nas primeiras 100 horas da ofensiva, teria sido bem diferente, se a força aérea da coalisão tivesse encontrado um inimigo. No Kosovo, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos relatou que 85% dos Mig 29 sérvios e 35% dos caças Mig 21, foram destruídos. Os que restaram, foram dispersos e protegidos, mas restando ainda uma potencial capacidade militar. Se essas aeronaves tivessem sido capaz de atuar, as operações aéreas sobre a Sérvia, teriam sido muito mais perigosas, um importante fator quando a coesão aliada era o centro de gravidade, e sua perda levaria a um desenlace desagradável. Resumindo, ter o controle do ar faz uma diferença considerável na condução de uma campanha militar. Sua perda é algo irreparável. Importância do C2 / C4I É redundância, de natureza das mais simples, acentuar que o comando, o controle e a inteligência sempre tiveram papel vital na conduta de aventuras militares. A importância de “saber o que está acontecendo do outro lado do morro”, a formulação de planos coerentes, a disseminação clara por toda cadeia de comando e a capacidade de se contrapor a situações reversas inesperadas, são características que devem ser levadas em conta após anos de análises teóricas dos tópicos acima. Mas a realidade é que essas lições são freqüentemente reaprendidas a cada conflito, revelando que estruturas de tempo de paz não são normalmente adequadas para tempos de guerra. O grande desafio, a ser discutido, conforme entramos neste novo século, está relacionado com a superabundância de vínculos de comando disponíveis para um moderno comandante. A tecnologia nos permite reduzir o processo em círculo de observar o inimigo, orientar as forças, decidir e agir (OODA), de modo a termos em tempo-real todo controle sobre que armas estão sendo

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empregadas em cada alvo novo detectado, e assim, os canais de vigilância e comunicações permitem que níveis mais elevados de comando estejam inteirados da situação tática. Essa situação pode ser desejada em algumas circunstâncias, mas muitos decisores participando do processo ao mesmo tempo, representa uma involução do denominado negócio militar. A Doutrina não é mais relevante Alguns pensadores militares dizem que a Doutrina é como a lava de um vulcão, pois tende a se solidificar conforme move-se lentamente, a menos que seja sujeita a um constante e crítico relacionamento. Como a tecnologia de ponta avança num ritmo aceleradíssimo, a maioria das forças armadas do mundo tenta manter passo com o último estágio da obsolescência, com pensamento conceitual aberto. Por isso é tarefa das mais importantes dos comandantes das forças armadas converter todas essas informações em insumos para atualização de sua Doutrina. A Doutrina existe em três formas: a escrita forma, no pensamento conceitual e na doutrina emergente resultante. Não podemos esperar sermos capaz de aplicar Doutrina a toda situação militar, com precisão e utilidade, como uma receita culinária. Mas ela deve estar sempre lá, como um guia de nossas ações. Igualmente importante, viva e vibrante, a Doutrina é um excelente modo pelo qual medimos nossos sucessos, ou fracasso, após a ocorrência de um conflito. Lições devem ser identificadas, aprendidas e após os conflitos, tomadas. Se adotarmos uma atitude de que não precisamos de Doutrina, apenas porque estamos adquirindo no mercado, algumas centenas de aviões modernos, estaremos correndo o risco de construir uma Doutrina vazia e deserta, que foi uma característica do pensamento formal dos anos entre guerras. Devemo-nos também, precaver das armadilhas implícitas ao basearmos nossa emergente Doutrina na aquisição de tecnologias ou capacitações que estão além de nosso alcance.

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