Giselda Costa Mercado Ver- o - Peso – Belém do Pará Setembro / 2009 Belém está localizada próxima à foz do Amazonas. Por este motivo, os belenenses consideram a cidade a porta de entrada da maior floresta do mundo. Neste contexto, o Ver-o-Peso é um mercado que faz o elo entre a cidade e a selva. Há mais de 300 anos, barcos aportam na Baía de Guajará trazendo os mais exóticos produtos encontrados somente nas profundezas da floresta.
As características arquitetônicas do mercado como se conhecem hoje somente passaram a existir no final do século XIX e início do século XX. Apenas em 1901 foi instalada a estrutura de ferro em estilo neoclássico com suas torres góticas que marcam a fachada do Ver-o-Peso. A construção conhecida como Mercado de Ferro – ou Mercado de Peixes, por ser o local onde a pesca é vendida é apenas uma parte do complexo do mercado.
Peixe Filhote
A área totalizada inclui também a Praça do Relógio,
Peixe Pirarucu
a Praça do Pescador,
o Palacete de Bolonha,
a Feira do Açaí,
o Mercado de Carnes,
além de um enorme pátio onde estão centenas de barracas
O ver-o-peso é organizado em seções, cada uma destinada a determinados produtos. Há locais reservados para artesanato, vestuário, carnes secas e defumadas, polpas de frutas, farinhas, ervas medicinais, frutas, etc..
cupuaçu O cheiro-verde é assim: pimentas-de-cheiro de todo tipo, da doce e da ardida, cebolinha, coentro e chicória - os dois cheiram quase igual, também chamado de chicória-do-pará, coentro-da-Índia, coentro-de pasto.
Há ainda uma área coberta por uma tenda bege sob a qual é servido peixe frito, açaí, maniçoba, vatapá, e outros pratos típicos dos paraenses.
Além de ingredientes gastronômicos, o Ver-o-Peso também vende poções que prometem curar os dramas do cotidiano, sejam eles de natureza física ou emocional. Mulheres conhecidas como mandingueiras simbolizam a excentricidade do mercado.
Para quaisquer problemas, há sempre uma solução. Não importa se o sintoma seja insônia, indigestão, calvície, reumatismo, gastrite ou até traição, mau olhado, e falta de dinheiro. O remédio está em uma das poções ali vendidas.
Muitas das mandingueiras trabalham no mercado há mais de 30 anos. Suas receitas miraculosas foram transmitidas de geração em geração, e a maioria é baseada em receitas indígenas. Um exemplo é o óleo de andiroba, uma árvore local, usado para o alívio da dor contra pancadas e inchaços – uma espécie de Gelol amazônico. Já o pau-rosa, outra árvore amazônica, apesar de não possuir propriedades medicinais, é um dos mais conhecidos produtos do Ver-o-Peso. Isto por ser um dos principais componentes do famoso perfume francês Chanel número 5.
Os nomes: “hei-de-vencer”, “comigo-ninguém-pode”, “vence-batalha”, “amansa corno” e o vingativo “chora-nos-meus-pés”. Para os comerciantes, ela indica o “chama-tudo”. Se o problema for de amor “como é para a maioria das pessoas”, revela, “leve o “atrativo do amor”.
Mas se o problema é mais complicado, ela ( mandingueira) recomenda comprar parte da genitália do boto. É isso mesmo: no Ver-o-Peso são vendidos pedaços do “sexo” de boto fêmea ou macho dentro de um líquido em garrafinhas.
A senhora se aproxima e explica o uso no pé do ouvido, cochichando de forma discreta: “isso enlouquece o homem. A mulher deve esquentar o vidrinho em banho-maria e depois passar a substância perto da vagina, minutos antes do sexo, como se fosse um lubrificante”. A mandingueira diz que o homem ficará enfeitiçado.
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