Mario Covas - Visitas Internacionais

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  • Words: 33,930
  • Pages: 108
FUNDAÇÃO MARIO COVAS

em revista

ano 1 - março 2009 - n º 2

Em revista

visitas

internacionais

editorial

Pompa e simpatia Recepções, jantares de gala, regras diplomáticas. Nada disso agradava a Mario Covas, um homem que gostava de ser simples e informal. Mesmo assim, cumpria seu papel, recebendo os visitantes internacionais com muita simpatia e respeito às normas. Austero na liberação de recursos para o cerimonial, ele discutia os custos de tudo, mas ficava muito satisfeito com o resultado. Tanto no comando da Prefeitura de São Paulo quanto no do governo do Estado, Mario Covas queria que a cidade e o Estado estivessem representados à altura. Quase toda personalidade internacional política importante dos cinco continentes passou por São Paulo nas gestões Covas. Marcaram presença no Palácio dos Bandeirantes, os presidentes Bill Clinton, dos Estados Unidos, Jacques Chirac, da França, Oscar Luigi Scalfaro, da Itália, Eduardo Frei, do Chile, e Václav Havel, da República Tcheca. Entre os primeiros-ministros, só Antonio Guterres, de Portugal, esteve em São Paulo em três ocasiões. A realeza também veio conversar e trocar presentes diplomáticos com o governador. A visita mais longa e que exigiu mais do cerimonial foi a de Akihito e Michiko, o casal imperial do Japão. Da Espanha, país de origem dos avós de Mario Covas, vieram o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia, antecedidos por seu filho, o príncipe Felipe de Astúrias. Mônaco se fez representar pelo príncipe Albert, e a Dinamarca, pela rainha Margrethe II. Receber tantas personalidades até que não foi problema. Complicado, para Covas, era sair do Estado. Durante seus seis anos de mandato, viajou apenas uma vez ao exterior, em busca de investimentos na Inglaterra e de inspiração para a desestatização na França e na Turquia. Nas próximas páginas, contamos um pouco da história das visitas, dos bastidores do cerimonial e da única viagem internacional de um homem que gostava mesmo era de governar.

Antonio Carlos Rizeque Malufe Presidente da Fundação Mario Covas

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Índice Fotoclip

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Brasília sem cerimônia

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Cris, a arquiteta dos eventos

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Salles, o homem por trás do discurso

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Américas

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Bill Clinton: tecnologia, web e comércio

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Kissinger de olho nas telefônicas

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Alberto Fujimori, o nissei do Peru

18

Eduardo Frei discute Mercosul e cultura

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Escobar busca cooperação tecnológica

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Zamora testa seu prestígio

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Jesse Jackson celebra Zumbi dos Palmares

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Desestatização na agenda de investidores dos EUA

23

George Bush pai faz visita de cortesia

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IFC oferece assessoria em infraestrutura

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Um Guggenheim em São Paulo

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Canadá: governo e empresários juntos

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Fox Quesada em missão política

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Mais visitas

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Europa

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Em São Paulo, Scalfaro sente-se em casa

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Negócios e ecologia na rota do duque de Kent

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Um futuro de parcerias com Herzog

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O Reino Unido aposta no ajuste fiscal paulista

38

A França quer recuperar espaço

38

Delegação portuguesa chega para investir

39

Da Polônia, o estímulo ao intercâmbio acadêmico

39

Tecnologia francesa à disposição

40

Desestatização na mira dos britânicos

40

Brazauskas reata laços diplomáticos

41

Brasil, a prioridade de Antonio Guterres

42

Prodi, Covas e as reformas

43

Václav Havel no papel de presidente

44

Martti Ahtisaari, o pacificador

46

Jacques Chirac e a balança

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Árpád Göncz e o símbolo da integração

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E a Espanha quer mais

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Niels Helveg segue o protocolo

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Jorge Coelho festeja o Dia de Portugal

53

Português com e sem sotaque

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O Príncipe de Orange e o IPT

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Empresários holandeses de olho em São Paulo

57

Albert, um príncipe em São Paulo

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Um encontro de amigos

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Da Galícia, lembranças e protocolo

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Carlo Ciampi vai à Pinacoteca

62

Aos reis da Espanha, com carinho

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Mais visitas

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Ásia

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Elias Hraoui no Pequeno Líbano

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A luta de Rafic Hariri

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Obuchi celebra 90 anos de imigração

70

Li Lanqing, o terceiro homem da China

71

Princesa Sayako, delicadeza e tradição

72

A cerimônia do chá

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Da terra do sol nascente chega o casal imperial

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LG e Hyundai na bagagem coreana

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Kocheril Narayanan vem em missão política

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Xanana Gusmão agradece aos brasileiros

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Taiwan abre as portas para o mundo

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Vietnamitas na Embraer

83

Cingapurianos na Fiesp

83

Japan Bank financia projeto do rio Tietê

84

Keidanren e Fiesp, encontro de gigantes

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Mais visitas

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África

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Angolanos buscam investimentos

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Navios e aves na conversa com o presidente da Namíbia

90

Saúde e educação na pauta de Cabo Verde

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Mais visitas

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Três países numa tacada só

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Alckmin recebe

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Créditos

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fotoclip 6

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Brasília sem cerimônia A chefe do cerimonial fala da adaptação de Mario Covas ao protocolo e conta histórias saborosas das recepções Traquejada na arte do bem receber, Brasília de Arruda Botelho chefiou o cerimonial de Mario Covas na Prefeitura e no governo do Estado de São Paulo. Sua primeira missão – e a mais complicada – foi convencer um homem de estilo despojado a encontrar valor nas regras diplomáticas. Foi duro, mas conseguiu. Nos anos em que acompanhou Covas nas visitas internacionais, Brasília acumulou histórias de bastidor. Aqui, ela compartilha algumas das melhores.

FMC – Como Covas encarava o cerimonial na Prefeitura? Brasília – No princípio, ele não dava a menor importância. Na área internacional, a frase mais constante dele era: “Ah, mais? Cônsul não dá voto, embaixador não dá voto”. E eu ponderava: “Atrás do embaixador e do cônsul vem uma comunidade, um número muito expressivo de pessoas com toda uma cultura”. Fizemos um acordo e ele começou a receber os embaixadores em visita oficial, que, naquele tempo (1983 a 1985), era muito protocolar. O governo do Estado organizava e colocava na agenda uma visita ao prefeito. Qualquer embaixador que viesse pela primeira vez a São Paulo fazia uma visita oficial ao prefeito, ao presidente da Assembléia Legislativa, ao presidente do Tribunal de Justiça e ao governo do Estado. E era acompanhado de batedores, a banda tocava o hino do país e o hino de São

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Paulo no hall da Prefeitura, que ainda era no Ibirapuera. O protocolo exigia que o prefeito recebesse o embaixador assim que ele chegasse. Ele acostumou-se com esse ritual e aprendeu a dar valor. Algumas vezes ele dizia: “Mas como? Quando a conversa começa a ficar interessante você olha no relógio e a visita vai embora”. Essas visitas têm tempo protocolar, duram de 20 minutos a meia hora. FMC – E no governo do Estado, como foi fazer as coisas acontecerem? Brasília – O tempo da Prefeitura foi uma preparação. Na época, toda vez que um presidente da República viesse a São Paulo tinham de estar no aeroporto o governador, o vice-governador, os presidentes da Assembléia e do Tribunal de Justiça, o prefeito e os comandantes militares. O Covas percebeu que, se não houvesse o protocolo, ele não

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estaria colocado no lugar certo, então passou a dar valor a esse trabalho. Quando chegou ao governo do Estado, ele já gostava dessas oportunidades. Alguns chefes de Estado tinham uma conversa interessante, outros ficavam mais no protocolo, mas era um momento de relacionamento, de mostrar. Cerimonial na área internacional trabalha com imagem, e era a imagem de São Paulo que aparecia de uma forma correta. Com todas as dificuldades, ele era um parceiro desses eventos, fazia questão de que o roteiro todo estivesse muito bem explicado e o seguia. FMC – Às vezes ele criava dificuldades, mas, na hora do evento, cumpria todas as suas determinações? Brasília – Um dos pouquíssimos elogios que eu ouvi dele foi na visita do imperador do Japão. Era uma visita longa, com muitos detalhes. A recepção no Palácio (dos Bandeirantes) tinha de ser importante porque a comunidade japonesa em São Paulo é muito grande. Eu queria que ele decretasse feriado para a gente poder fazer o almoço no hall principal sem ter tantos funcionários por ali. Ele concordou porque a dona Lila apoiou, perguntando a ele: “Quantos imperadores existem no mundo, Mario?” Ele teve de dizer que só tinha o do Japão. “Quantas vezes você vai receber o imperador?” Ele também concluiu que era uma única vez. Então os funcionários só foram trabalhar após as 15 horas, permitindo que organizássemos um grande e bem-sucedido almoço. Quando nós nos despedimos do imperador, o Mario Covas disse: “Foi tudo muito bom, muito bem organizado, muito bonito, meus parabéns!”. FMC – Nessas recepções, você sempre buscava algo diferente, criativo... Brasília – É porque eu não sou diplomata de carreira, não fiz o Itamaraty, a minha formação é mais na área de relações públicas e de organização de eventos. Sempre achei que uma recepção trabalha com imagem e que a linguagem simbólica pode ser colocada na mesa, no cardápio, na música. A recepção era um contexto que mostrava, em pouco tempo, um pouco da nossa cultura e da gentileza com que queríamos homenagear o visitante. Quando o imperador do Japão veio, nós colocamos na capa do cardápio a imagem do ipê amarelo. Escolhi essa árvore porque eu já havia recebido os imperadores quando eles

ainda eram príncipes e eu trabalhava com o governador Paulo Egydio Martins. Nessa época, a princesa tinha um ipê florido num broche que ela mandara fazer para a viagem ao Brasil. Eu sabia também que a imperatriz gostava de harpa, tocava esse instrumento quando era jovem. Colocamos uma harpista para tocar durante o almoço. Ela ficou muito emocionada, porque a harpista executou as músicas que ela tocava para o pai. São esses pequenos detalhes que mudam o contexto de uma visita e deixam uma marca especial. FMC – A imperatriz percebeu que era intencional? Brasília – Mesmo com todo o formalismo japonês, antes de subir no avião que a levaria embora, ela virou-se, inclinou a cabeça e agradeceu a organização da visita. Foi um gesto totalmente fora do protocolo japonês, que é muito rígido. Colaborou também a interação boa com o Itamaraty. Na chegada do imperador, chovia muito, a Marginal estava com problemas, a ponte dos Remédios, quebrada, nós precisávamos ter certeza de que o imperador conseguiria ir pela Marginal até o hotel com batedores. Nós conseguimos que a Presidência da República mandasse o avião do presidente, se fosse necessário o imperador se deslocar do aeroporto de Guarulhos para o de Congonhas. O presidente ter mandado o avião dele foi emocionante. FMC – Quais eram as outras atividades do cerimonial, além da recepção às visitas internacionais? Brasília – A ação do cerimonial envolve toda a agenda do governador, todo o trabalho de apoio. O nosso dia-a-dia era bem corrido. Aprendi com Mario Covas que era importante tanto receber chefe de Estado quanto uma ação bem coordenada. Dávamos apoio a ele desde as ações de Prefeitura na periferia até as do interior do Estado. Ele ia de helicóptero e fazia quatro cidades no mesmo dia. O cerimonial e a imprensa iam correndo por terra com duas, três equipes para cobrir todos os compromissos da agenda do dia. FMC – Em compensação, Covas só fez uma viagem internacional. Brasília – Ele achava que a ação dele à frente do governo era mais importante do que visitas ao exterior. Na única viagem

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que ele fez, eu o acompanhei. Começou por Londres, numa rodada de negócios com o apoio do embaixador brasileiro Rubens Barbosa. Depois fomos para Istambul, onde estava se realizando um evento da ONU, o Habitat 2. Antes de viajar, eu soube no último momento que o Mario Covas tinha resolvido levar mais pessoas, como o Junqueira, ajudante de ordens, e o Perosa, fotógrafo. O Junqueira resolveu ir armado e me criou uma enorme dificuldade. Pela norma do Habitat, só poderiam entrar dois seguranças armados por país, e a dona Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique, estava lá com dois. Logo, não podia ter um terceiro. Covas estava aflito, e não havia como resolver rápido porque tinha um procedimento. Aí a dona Lila falou: “Mario, senta aí e fica quieto! Tem quem resolva, isso não é função sua”. E ela calmamente sentou e folheou um livro. Nós resolvemos a situação com um certa rapidez, porque o problema era o credenciamento das pessoas que não estavam previstas. FMC – E depois de Istambul? Brasília – Nós fomos à França, e antes houve um mal-entendido. Isso porque era uma dificuldade conversar e conseguir a aprovação de Mario Covas para os eventos. Durante a preparação da viagem, um dia eu perguntei: “A dona Lila vai a Bordeaux?” E ele respondeu: “A minha mulher vai onde eu for”. Perguntei porque o programa em Bordeaux era muito curto e talvez ela quisesse ficar em Paris. Mas ele achou que a gente tinha programado de ela não ir a Bordeaux. Foi uma calamidade. Bateram na porta do meu quarto uma e tanto da manhã. Abri e lá estava o governador e uma porção de gente. Ele queria saber porque a dona Lila não ia a Bordeaux. Eu falei: “Isso é um engano. Ela irá sim, com certeza”. Aí ele se acalmou. FMC – Como ele ficava nas viagens? Brasília – Muito tenso. Tanto que nunca mais fez outra viagem ao exterior. Embora ele soubesse que o vice-governador estava à frente de tudo, não ficava sossegado. O senso de responsabilidade dele foi marcante. Mesmo muito doente, o que o segurou mais tempo vivo foi a vontade de terminar o mandato. Achava que era um compromisso assumido com os eleitores. Daí o esforço dele em participar de cerimônias, com muita dor.

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FMC – Como era feita a montagem das mesas, a decoração das recepções e a distribuição de pessoas? Brasília – A decoração das mesas devia ser muito expressiva, geradora de assunto para a conversa. Colocávamos sempre uma decoração simbólica, de arte brasileira ou de algo que tinha a ver com a visita ou o visitante. Adotávamos o modelo da mesa principal no centro do salão e as outras em volta. Como essa mesa tinha uma superfície muito grande, exigia uma decoração especial. Usávamos livros antigos, peças de cristal, porcelanas, candelabros. A distribuição das pessoas dependia de vários fatores. Era preciso colocar as pessoas de forma que a foto oficial mostrasse o governador e a dona Lila. As pessoas mais importantes tinham de estar do mesmo lado. Havia uma preocupação também com a língua. Por mais que o intérprete seja necessário, é uma figura incômoda. Eu procurava intercalar pessoas que não falavam a língua com outras que tivessem uma conversação mais fácil, de forma que não era necessário ter tantos intérpretes na mesma mesa. Nas mesas auxiliares, ficam os secretários de Estado. Procurávamos reunir as pessoas da comitiva do visitante com outras de áreas afins. Por exemplo, artistas ficavam na mesma mesa que o secretário da Cultura. FMC – Iam pessoas da comunidade? Brasília – Sim, sempre procurando nomes originais, como a artista japonesa Tomie Ohtake na recepção ao imperador do Japão. Quando veio o presidente da Itália, faltou uma pessoa na mesa principal. Depois de pensar um pouco, convidei dona Filomena Matarazzo, mãe do senador Eduardo Suplicy, que é italiana. Resolveu um problema protocolar, porque ela não tinha cargo público. Até o último minuto é uma grande complicação, porque nosso público não é disciplinado. Uns dizem que vêm e não vêm, outros nem respondem. FMC – Que marca fica para você dessa experiência com Covas? Brasília – Ficou a marca muito boa de alguém que entendeu a importância de trabalhar a imagem e prezava as visitas.

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Cris, a arquiteta dos eventos Covas preferia que tudo fosse simples, mas obedecias às regras da coordenadora de visitas internacionais Cristine Starr, há anos na área internacional do cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, coordenava as visitas estrangeiras na gestão Covas, era o contato do governo estadual com as embaixadas e consulados. Depois de marcado o encontro com o governador, todos os detalhes dos eventos ficavam sob sua responsabilidade, fosse uma simples audiência ou um grande jantar. Veja o que ela conta da época.

FMC – Mesmo cumprindo protocolo, Covas mantinha o bom humor ou prevalecia o lado turrão? Cris – O governador Mario Covas tinha aquele lado implicante, mas sempre recebia bem, as pessoas o achavam muito simpático. Numa visita de um governador japonês, os integrantes da comitiva queriam convidar Covas para um jogo de futebol e ele perguntou: “Mas não é para jogar, é?”, e os japoneses se mataram de dar risada.

FMC – Quais são as dificuldades na recepção de presidentes E reis? Cris – Essas visitas envolvem muitos detalhes. Um dos grandes problemas é a interpretação. A gente tem de tomar muito cuidado para que a pessoa venha acompanhada de intérprete. Se não vier, temos de contratar um muito bom, porque o intérprete tem papel preponderante. Outro problema é o orçamento apertado. Nós tínhamos muitas dificuldades para dar presentes à altura dos visitantes. Ficávamos constrangidos porque dávamos o nosso presente simbólico, e eles vinham com coisas maravilhosas, principalmente os árabes.

FMC – Você se lembra de outro caso? Cris – Uma vez ele não pôde receber um grupo de religiosos porque teria uma audiência no mesmo horário. Quem fez as honras foi o Geraldo Alckmin, no Salão dos Despachos. Depois de um tempo de audiência, o Covas saiu da sala. Por coincidência, eu estava na antesala, telefonando. Quando ele ia passando, eu perguntei: “Governador, o senhor não vai atravessar o salão, vai?” Ele: “Por que não?” Eu: “Porque os bispos estão ali, aqueles que o senhor não pôde receber.” Ele respondeu: “Ah, o inimigo está do outro lado”. E voltou para o gabinete. Ele tinha essas tiradas.

FMC – Como era o presente paulista? Cris – Como Mario Covas era do PSDB, o partido dos tucanos, o presente era um tucano feito de pedras brasileiras e prata. Há fornecedores que fazem esses bichos de pedras semipreciosas, como cristal de rocha, ametista e sodalita, com prata. Convencionou-se dar tucanos porque Covas podia explicar seu significado. Com eles não corríamos o risco de dar uma coisa que a pessoa já tinha. Demos muitos tucanos, lindos, por sinal.

FMC – E a história do jantar? Cris – Não presenciei, mas foi um jantar oficial no mezanino, o salão mais importante do Palácio dos Bandeirantes. Após ter sido servido o prato principal, uma senhora que estava na mesa de Covas levantou-se para ir ao banheiro. Ele, educado, também se levantou. Mas quando ele fez isso, a mesa dele inteira dele se levantou. E como a mesa principal estava em pé, todas as demais se levantaram. Ninguém mais podia dizer “pessoal, senta, ela foi ao banheiro, ainda tem a sobremesa”. Eles passaram para outra sala para tomar café e não teve mais jantar.

FMC – Como foi trabalhar com Covas? Cris – Foi um período rico. Ele entendia a importância das visitas e do Estado de São Paulo no Brasil e no contexto internacional. Fazia questão de receber. Nas raras vezes em que não pôde, por motivo de agenda ou de doença, delegava para o vice-governador, Geraldo Alckmin. Recebia com simpatia e pontualidade, respeitando as regras do cerimonial. Nós trabalhávamos com o Itamaraty, porque não existia escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo. Então, a coordenação toda da visita ficava a cargo do cerimonial.

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Autor dos roteiros para as falas de Mario Covas diz que o governador deu utilidade ao conhecimento acumulado

Salles, o homem por trás do discurso O advogado José Salles dos Santos Cruz respondia cartas de eleitores de Mario Covas quando herdou a tarefa de redigir roteiros para os discursos do então governador de São Paulo. E que tarefa. Covas lia, revisava, chamava o envergonhado escriba para apontar correções e, à revelia do cerimonial, mandava-o encompridar textos destinados aos chefes de Estado. Não deixava passar letra sobrando ou faltando. Em contrapartida, era um bom companheiro nas longas discussões sobre mitologia. Essas e outras histórias Salles conta na entrevista a seguir. FMC – Como você começou a escrever discursos para o Mario Covas? Salles – Caí nisso por acaso. No começo de 1996, eu respondia cartas dos eleitores. Quem fazia os roteiros de discursos e informativos era o Robert Henry Srour. Como ele não podia continuar, porque presidia a CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços), a Lúcia Maria Dal Médico, assessora especial do governador, me convidou para o posto. Como eu não era jornalista nem escritor, comecei a fazer descompromissadamente. Do primeiro discurso, ele não falou nada. No segundo, troquei o nome do reitor da Unesp, e ele leu. No dia seguinte, o jornal noticiou que Covas havia trocado o nome do reitor. Eu estava esperando uma bronca, mas só veio uma recomendação: é melhor não trocar o nome. FMC – Como era o processo? Salles – Eu recebia a agenda do Covas. A partir dela, das informações que o pessoal do Palácio preparava e de alguma pesquisa minha, eu redigia o discurso e mandava. Se ele topasse, falava. Quando eram discursos para chefes de Estado, mandava encompridar – ele achava que o governo de São Paulo tinha que ter uma boa manifestação. Mas isso criava uma tensão. O cerimonial brigava comigo para fazer um discurso curto, por causa da tradução, que não era simultânea

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– o governador lia um trecho, o tradutor traduzia – e duplicava os tempos. Já o Mario Covas brigava para que fosse mais extenso. Obviamente, eu seguia o dono da casa. FMC – Dizia-se que o Mario Covas não era muito ligado aos protocolos, ele até se incomodava com isso. Mas, com os chefes de Estado, ele tinha um cuidado ESPECIAL... Salles – Acho que ele sentia que a dignidade de São Paulo estava em questão. Um exemplo disso foi a inauguração do quadro do Fleury (Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo de 1991 a 1995) no Palácio dos Bandeirantes. Pela tradição, o governador que sai tem um retrato dele pintado e entronizado numa cerimônia reservada, e o Fleury era adversário político do Covas. No dia da inauguração, veio o Fleury, a mulher dele, alguns assessores da época. Quando estava começando a cerimônia, Covas apareceu e prestou homenagem não ao cidadão Fleury, mas ao governador do Estado de São Paulo. FMC – E quando se tratava de alguém da Espanha? Salles – Ele tinha um prazer especial. Quando o príncipe Felipe das Astúrias estava para chegar, Covas achou o informativo e o discurso ruins e pediu a Enciclopédia Britânica

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para ele mesmo se informar e redigir o roteiro. Foi uma grande confusão no Palácio: não havia enciclopédia, nenhum material de consulta, e ele não tinha familiaridade com a internet. Covas informatizou o Estado mas, curiosamente, não era praticante disso. No fim, ele usou o discurso que eu fiz. FMC – As sugestões que ele fazia tinham algum viés político? Salles – Não para os chefes de Estado. Ele podia tocar em dignidade, direitos humanos, alguma coisa política, mas sempre bastante ampla. O diálogo político era atribuição do Ministério das Relações Exteriores, e Mario Covas respeitava muito isso. FMC – Ele fazia revisão DOS TEXTOS? Salles – Fazia, mas era um pouco para me provocar. Ele nunca reclamou de nada, mas gostava que eu o visse fazer as correções. Nos textos para chefes de Estado, ele sempre me chamava para ler junto, pegava uma canetinha e ia corrigindo erros de digitação, tirava letra a mais, punha a que faltou. FMC – Além do humor, você sempre incluía nos discursos histórias, relatos, personagens, tradições. De qual baú vinha isso? Salles – Eram coisas que estavam na minha cabeça, e o Mario Covas deu utilidade a elas, ele tinha prazer nisso. Muitos o apontavam como o cara que não ligava para a cultura, e isso não é verdade. Além do que ele fez como governador, reformando a Pinacoteca do Estado, por exemplo, ele adorava discutir mitologia. Tanto que, no aniversário dele, eu dei três livros importantes sobre o assunto, que ele levou para o hospital quando ficou doente. Inúmeras vezes Mario Covas me recomendou exposições para visitar. FMC – Políticos costumam ter vaidades, e uma delas é o próprio discurso. Mas o MARIO Covas tornou público que era você quem escrevia os DISCURSOS dele. Como ACONTECEU isso? Salles – Covas foi fazer uma palestra numa associação alemã em Santo Amaro, e eu fui junto, para cuidar dos slides. Terminada a palestra, eu tentei escapar de uma festa do PSDB, mas ele não deixou. Pegamos o helicóptero e pousamos no Palace, em Moema, lugar da festa. Ao chegar, me afastei para

que os companheiros do partido que tinham menos contato com ele pudessem estar mais próximos. Ele gostava muito disso e abraçava todo mundo, perguntava da família, era uma coisa afetiva. Depois, ele foi para o palco e eu fiquei no fundão do auditório. FMC – Com a sua timidez... Salles – É. De repente, ele começou a gritar do palco: “Salles, Salles”. Ouvi aquilo e não entendi. E ele: “Cadê o Salles? Vocês conhecem o Salles?”, perguntou ao público. “Vocês sabem essas historinhas que eu conto? O Salles é que inventa, porque é ele quem escreve os meus discursos.” Começou a falar de mim, disse que eu era rápido. Quando eu ouvi aquilo, fiquei morrendo de vergonha e fugi para mais longe ainda no escuro. Mas foi uma coisa muito legal. O Covas tinha segurança, sabia no que ele era importante. FMC – Mario Covas era um político que as pessoas paravam para ouvir o que tinha a dizer. Isso aumentava a sua responsabilidade ao escrever os discursos DELE? Salles – Covas era o melhor com as palavras. Então, eu fazia o melhor que podia, mas sem ansiedade. Com o tempo e a confiança dele, fui me sentindo mais seguro. Se eu fizesse algo ruim, ele saberia dar a volta por cima e transformar aquilo numa coisa ótima. Foi uma boa parceria. A Lúcia (Dal Médico) sempre dizia que havia um respeito muito grande dele por mim, talvez pela minha lealdade. Havia momentos em que Mario Covas absorvia de tal maneira as coisas que eram escritas por mim que chegava a vir me contar as histórias que eu tinha contado para ele. FMC – Valeu a pena ter sido um ghost writer do governador? Salles – Claro que sim. Mario Covas deu significado à minha vida. Sempre gostei muito desse mundo da leitura, mas era uma coisa da qual só eu usufruía, não tinha como compartilhar, e ele me fez compartilhar o idioma, a História, tudo o que eu cultivei durante anos a fio. O legal é que eu sentia nele o mesmo prazer. Algumas vezes ele discutia o sentido de algumas palavras, como empregá-las, se preocupava com isso. Tudo isso foi muito bom. Covas foi o meu caminho para fazer o bem. Ele fazia o bem, e eu, ajudando-o, me sentia representado.

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Mario Covas dá as boas-vindas a Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, na chegada ao Memorial da América Latina

Bill Clinton: tecnologia, WEB e COMÉRCIO Intercâmbio entre professores e alunos brasileiros e norte-americanos foi assunto do encontro do presidente dos estados unidos com Covas

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Cooperação tecnológica foram as palavraschaves do encontro entre o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e o governador Mario Covas, em 15 de outubro de 1997, em São Paulo. As duas autoridades trocaram idéias durante um evento sobre parcerias, realizado no Memorial da América Latina. Promovido pela Câmara de Comércio Brasil – EUA, o seminário contou com a presença de 1.600 pessoas, entre empresários brasileiros e norte-americanos.

brasileiras e norte-americanas, possibilitando a criação de um banco de informações e de experiências didáticas compartilhadas e de fácil acesso a todos os interessados. Previu-se também o intercâmbio de professores e graduandos em diversas áreas acadêmicas, inclusive as ligadas à engenharia e à tecnologia.

O ponto central do encontro foi a proposta de um amplo acordo de cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos, visando o emprego de alta tecnologia, como o uso de computadores e da internet, para fins educacionais. Pretendia-se com isso tornar mais fácil o intercâmbio bilateral entre os professores, os estudantes e as escolas

Durante o pronunciamento realizado durante o evento, o governador do Estado de São Paulo destacou as “várias razões históricas e políticas que aumentam o júbilo de ter o presidente dos Estados Unidos da América entre nós: a contribuição americana às idéias da modernidade; sua presença na arrancada do progresso material

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Liberdade e igualdade

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dos povos; seu sistema educacional; a múltipla e complexa convivência de povos e etnias em seu vasto território e a admirável capacidade de autocrítica da sua cultura.” Em decorrência disso, assinalou Mario Covas “a liberdade tem sido valor consagrado pela prática de uma organização social aberta e plural”; por isso,... “a busca da igualdade, para os vários povos e minorias que coexistem em seu grande país, vem-se acelerando e se objetivando, cada vez mais, em conquistas inestimáveis.” Acrescentou ainda que o grande progresso da nação americana se respalda “na capacidade de trabalho e na inventividade de seu povo”, que geram “positivos avanços materiais e de uma renda cada vez mais bem distribuída, tornandose marcos exemplares para os demais países”. Destacaram-se no encontro temas como a Alca (leia texto ao lado), a proteção ambiental, com enfoque na Amazônia, e o combate ao narcotráfico. Da agenda também constaram assuntos como reforma da Organização das Nações Unidas e ampliação do Conselho de Segurança (Brasil e Argentina disputavam um assento no conselho), cooperação aeroespacial, acordos de cooperação em tecnologia, reforma

Alca, o real interesse dos Estados Unidos A proposta de integração comercial na Alca - Área de Livre Comércio das Américas, um grande mercado comum sem barreiras, que abrangeria todo o continente até 2005, era, na verdade, o tema número um da pauta de encontros de Clinton com o governador Mario Covas, o presidente Fernando Henrique Cardoso, empresários e representantes de entidades. Com esse acordo, os Estados Unidos poderiam ampliar ainda mais o acesso de seus produtos e serviços ao mercado latino-americano, principalmente ao brasileiro. O bloco da Alca teria então mais de 700 milhões de consumidores e abarcaria uma riqueza da ordem de 9 milhões de dólares. Para o desapontamento de Clinton, o Brasil se mostrou resistente em assinar o acordo, avaliando que seria um desastre expor os setores produtivos nacionais à competitividade do gigante americano.

do Estado e globalização, entre outros.

Kissinger de olho nas telefônicas Em 1995, o secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger veio ao Brasil para conhecer os programas de privatização e estudar as possibilidades de futuros investimentos no país. A passagem por São Paulo era inevitável. No dia 4 de setembro, Kissinger foi recebido pelo governador Mario Covas, numa recepção no Palácio dos Bandeirantes. Seus acompanhantes eram Michael Masin, presidente internacional da GTE Corporation, então a maior companhia de telefonia fixa e um dos principais fornecedores de serviços celulares dos Estados Unidos, e Paulo Villares, presidente do conselho de administração das empresas Villares e do conselho da Gevisa, joint-venture entre a Villares e a GE. Da agenda do secretário de Estado norte-americano constaram várias reuniões com intelectuais e empresários. Henry Kissinger e Mario Covas em conversa de gabinete

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O presidente do Peru, Alberto Fujimori, entrega presente diplomático para o governador Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes

Alberto Fujimori, o nissei do Peru Recém-reeleito, o controvertido presidente peruano veio ao Brasil tratar de comércio, cultura, Amazônia e saídas para o mar

Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo integraram o roteiro do presidente do Peru, Alberto Fujimori, em sua visita oficial ao Brasil no mês de fevereiro de 1996. Reeleito no ano anterior, o peruano de origem japonesa procurava estreitar as relações políticas e comerciais entre os dois países. Em São Paulo, foi recebido em audiência pelo governador Mario Covas e participou de uma reunião de trabalho com gestores do governo paulista. Brasil e Peru assinaram um comunicado em que se destacaram interesses bilaterais relevantes, como a integração viária e o desenvolvimento na fronteira de ambos os países, além de um acordo cultural. As principais conversações giraram em torno da proteção da Amazônia e da integração física de ambos os países. A idéia era formar um corredor bi-oceânico, que permitisse ao Brasil ter acesso ao oceano Pacífico, e desse ao Peru uma porta de entrada para o Atlântico.

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Cobre vem, tratores vão Até 1996, o Brasil foi, entre os membros da Aladi – Associação Latino-americana de Integração, o principal cliente dos produtos peruanos. No ano anterior, o comércio entre os dois países somou 551,5 milhões de dólares – desse montante, 365,9 milhões de dólares corresponderam às exportações realizadas por empresas brasileiras. O Peru vendeu ao Brasil cobre, zinco e farinha de pescado e comprou, principalmente, ônibus, tratores e caminhões da Volvo. As construtoras brasileiras Odebrecht e Andrade Gutierrez estavam presentes no Peru há 15 anos, e a Camargo Corrêa e a OAS mostravamse interessadas em participar de alguns projetos no país vizinho. Investiram no Peru empresas instaladas no Brasil, como a White Martins, na produção de oxigênio, e a Alcoa, na fabricação de garrafas plásticas para refrigerantes.

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Mario Covas fala com o presidente Fujimori sobre trocas comerciais entre o Peru e empresas paulistas

Do poder à prisão Quase um ano antes de sua visita ao Brasil, Alberto Fujimori foi reeleito presidente do Peru, com 64% dos votos. O filho de imigrantes japoneses conquistou a maioria no Congresso e arrasou os partidos tradicionais que dominaram a política durante décadas. Sua reeleição deveuse, principalmente, à volta da tranquilidade no país, ao dominar os grupos guerrilheiros Sendero Luminoso e o Movimento Revolucionário Tupac Amaru, que desestabilizavam o poder instituído. No segundo mandato, Fujimori vendeu empresas estatais, que renderam cerca de 8 bilhões de dólares e alimentaram o crescimento econômico de 12% em 1994, o maior do mundo até aquele momento. Mas, em 1995, mais de 85% da população economicamente ativa não tinha carteira assinada e vivia da economia informal. Segundo analistas, os resultados da administração de Fujimori não foram tão positivos como aparentavam. Ele governou um país economicamente pobre, com 23,8 milhões de habitantes e um PIB de 22,1 bilhões de dólares, segundo dados de 1992. Nesse ano, sua maneira autoritária de conduzir o poder ficou mais

evidente. Sob o pretexto de combater o terrorismo e a corrupção, com o apoio dos militares, fechou o Congresso, interveio no Judiciário e suspendeu as garantias constitucionais. Falava-se numa “fujimorização” da América Latina, sugerindo um renascimento de ditaduras em vários países. Em 2000, no turbilhão de um escândalo, renunciou à presidência e pediu asilo político no Japão. Em 2005, Fujimori mudou-se para o Chile na condição de exilado político. Em setembro de 2007, a Justiça chilena atendeu pedido do governo peruano de extradição do ex-presidente, para ser levado a julgamento por corrupção, enriquecimento ilícito, evasão de divisas e genocídio, este pela morte de 25 peruanos durante manifestação contra seu governo. O julgamento por abuso dos direitos humanos e sequestro iniciou-se no final de 2007, em Lima. Fujimori foi condenado a seis anos de prisão pela revista ilegal da casa da mulher de seu exassessor Vladimiro Montesinos. Na sentença, o juiz o obrigou a pagar 400 mil novos sóis (133.000 dólares) como reparação civil ao Estado e o impediu de exercer cargos públicos por dois anos.

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Eduardo Frei discute Mercosul e cultura Mario Covas recebe em São Paulo o presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, que o condecorou

Presidente do Chile condecora Mario Covas e trata de investimentos com empresários paulistas Em 27 de março de 1996, o governador Mario Covas recebeu em São Paulo o presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, e foi condecorado com a insígnia Ordem de Bernardo O’Higgins. Destinada a recompensar os cidadãos estrangeiros que se distinguem por sua participação extraordinária nas artes, na educação, indústria, comércio ou cooperação humanitária e social, a comenda chilena revela, por si, a importância que o presidente do país vizinho deu ao encontro. As excelentes relações entre os governos do Chile e do Brasil foram reiteradas pelo governador Mario Covas em discurso de recepção ao presidente Eduardo Frei, na capital paulista: “Se os indicadores econômicos e os resultados comerciais fossem as condições indispensáveis para a amizade entre as nações, o Chile e o Brasil já teriam aí uma aliança sólida e próspera”. Prosseguindo, disse o governador: “Em sua visita, não nos traz o senhor

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presidente apenas uma agenda econômica, voltada meramente para a integração material entre as duas nações, mas nos traz ainda mais: a possibilidade do estreitamento de nossa fraternidade espiritual pelo acesso à produção cultural chilena, seja a de caráter mais artesanal e popular, ...seja a de artistas contemporâneos, que fazem do Chile um dos principais pólos culturais do nosso continente”. Além do encontro no Palácio dos Bandeirantes, Mario Covas e Eduardo Frei participaram, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, de um encontro com empresários brasileiros na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp. Na pauta do encontro, temas relevantes, como as negociações do Chile com o Mercosul e o papel do Brasil nesse processo, além dos investimentos recíprocos, da ampliação do comércio bilateral, da criação de corredores terrestres bi-oceânicos e do aumento da cooperação cultural.

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O governador Mario Covas explica o significado do tucano para o presidente chileno Ricardo Lagos Escobar

Escobar busca cooperação tecnológica Sucessor de Eduardo Frei Ruiz-Tagle na presidência do Chile, Ricardo Lagos Escobar não demorou a vir a São Paulo. No dia 14 de junho de 2000, ele e sua esposa foram recebidos no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Mario Covas e dona Lila Covas. Nessa primeira visita a São Paulo depois de ter assumido a presidência, em 16 de janeiro do mesmo ano, Escobar veio acompanhado por ministros, embaixadores, empresários, parlamentares, personalidades da cultura e da comunidade científica de seu país. Durante os dois dias de permanência na capital paulista, o presidente chileno visitou o campus da Universidade de São Paulo, a Embraer, a Mostra do Redescobrimento, comemorativa dos 500 anos do Brasil, e participou da cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Chile, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O aprofundamento da cooperação científica e tecnológica esteve entre os principais objetivos da visita do presidente Escobar ao Brasil. Os temas prioritários indicados para a elaboração da declaração sobre a cooperação em ciência e tecnologia foram: biotecnologia, astrofísica, tecnologia de informação, climatologia e meteorologia, desenvolvimento tecnológico, ciência e tecnologia para a Antártica, ciência e tecnologia marinha, matemática, ciências dos materiais, energia, ciências sociais e comunicações. Em relação ao comércio bilateral, verificou-se nos primeiros meses do ano 2000 acentuada recuperação na movimentação de mercadorias entre Brasil e Chile, afetadas nos dois anos anteriores pelos efeitos negativos da crise asiática na economia mundial. Apesar da retração do mercado, o Brasil manteve saldo positivo no intercâmbio comercial com o Chile em 1998 e 1999, de 200 milhões de dólares e 182 milhões de dólares, respectivamente.

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Mario Covas observa o presente que acaba de receber do ex-presidente da Bolívia, Jaime Paz Zamora, em visita a São Paulo

Zamora testa seu prestígio Candidato ao segundo mandato, ex-presidente da Bolívia faz contato com políticos e empresários paulistas Em 19 de setembro de 1996, o ex-presidente da Bolívia, Jaime Paz Zamora, esteve em São Paulo, em visita de cortesia ao governador Mario Covas. Novamente candidato à presidência de seu país, para as eleições do ano seguinte, Jaime Paz Zamora aproveitou a viagem ao Brasil para contatar políticos e empresários nas áreas da construção civil e da saúde. Zamora foi presidente da Bolívia de 1989 a 1993, eleito pelo Congresso a partir de um pacto entre o MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária, de inspiração marxista), seu partido, e a ADN (Ação Democrática Nacional), partido da direita. Foi o primeiro presidente boliviano, depois de 25 anos, a receber a faixa presidencial de seu antecessor,

Victor Paz Estenssoro, dada a quantidade de golpes que seu país sofrera até então. Na gestão Zamora, a Bolívia firmou vários acordos comerciais com o Brasil e outros países da América Latina. Trocou 300 milhões de dólares de sua dívida por títulos da dívida externa brasileira, adquiridos no mercado secundário. Assinou acordos de cooperação e estimulou projetos, como o do corredor ferroviário entre a Bolívia, o Peru e a Argentina. Em agosto de 1992, Zamora assinou com o então presidente Fernando Collor de Mello o acordo para o fornecimento de gás boliviano ao Brasil. Em 1993, a concessionária paulista Comgás e a Petrobrás selaram acordo para a compra do gás boliviano.

Covas expande oferta com gás boliviano Com base no projeto de importação de gás da Bolívia, em junho de 1996, o governador Mario Covas reuniu-se com o presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, o secretário de Energia, David Zylbersztajn, e a presidente da Comgás, Iêda Correia Gomes, para definir os pontos de negociação para a expansão do abastecimento de gás encanado no Estado de São Paulo. Com o início das operações marcado para 1998, o plano de expansão contemplou a região metropolitana de São Paulo, municípios do Vale do Paraíba e outras regiões do Estado na rota do gasoduto Brasil-Bolívia.

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Jesse Jackson encontra-se com Covas durante viagem ao Brasil para a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra

Jesse Jackson celebra Zumbi dos Palmares Ativista dos direitos civis, o reverendo norte-americano conversou com autoridades, ONGs e líderes da comunidade negra O reverendo batista norte-americano e ativista dos direitos civis Jesse Louis Jackson esteve no Brasil para as celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro de 1996. A data lembra a morte de Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil, último país do mundo a aboli-lo. Com uma agenda organizada pelo Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e pela Fundação Cultural Palmares, Jesse Jackson esteve em Brasília com o presidente Fernando Henrique Cardoso, visitou Mario Covas, almoçou na Universidade de São Paulo, conheceu a Pinacoteca e manteve encontros com ONGs. Fundador da Rainbow/PUSH, organização de defesa dos direitos civis, Jesse Jackson é uma das mais importantes figuras públicas dos Estados Unidos. Destacou-se por sua participação em movimentos pela autodeterminação, a paz, a igualdade de direitos entre os sexos e a justiça social e econômica. Luta pelo estabelecimento de prioridades justas e humanas e pela união das pessoas em uma base comum, sem distinção de raça, classe social, sexo e crença.

Desestatização na agenda de investidores dos EUA Empresários americanos escolhem São Paulo para ampliar negócios na área de geração de energia Robert MacFarlane, líder de um grupo de investidores americanos, foi recebido pelo governador Mario Covas em 10 de abril de 1996. Os empresários estavam interessados em ampliar seus negócios na área de geração de energia, na América Latina, e apostavam que o Brasil, São Paulo especificamente, seria o lugar propício para novos investimentos. Em sua visita de uma semana, MacFarlane fez contatos com autoridades, empresários e bancos para identificar oportunidades de transações e parceiros para investimentos de curto prazo. Conhecia o Programa Estadual de Desestatização e Parcerias com a Iniciativa Privada, do governo paulista, demonstrando vontade em desenvolver projetos com aporte de recursos e gestão privada. Estendeu seu interesse também por usinas já existentes, que pudessem ser recuperadas ou ampliadas pelo setor privado.

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George Bush e Mario Covas conversam com o apoio da intérprete Cecília Malzoni

George Bush pai faz visita de cortesia Ex-presidente americano participa de conferência para empresários e professores e encontra-se com Covas Quatro anos após deixar a presidência dos Estados Unidos, George Bush veio ao Brasil, em novembro de 1996, para participar de uma conferência a convite do Fórum das Américas. Com o apoio da Câmara Americana de Comércio e do Instituto Latino Americano, Bush pai falou para 300 empresários e professores. No dia 22, acompanhado pelo empresário Mário Garnero e o advogado Eugênio Montoro, o ex-presidente americano foi recebido pelo governador Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes. George Bush foi o quadragésimo-primeiro presidente dos EUA. Eleito em 1988, assistiu ao desmantelamento do mundo comunista, negociou a redução de armamentos na ex-URSS e atuou na América Latina, invadindo o Panamá para depor o ditador Manuel Noriega. Quando as tropas iraquianas de Saddam Hussein invadiram o Kuwait, em 1990, enviou soldados à Arábia Saudita, liderando uma aliança internacional que expulsou o invasor. A aprovação dos americanos a seu governo atingiu 90%, mas a recessão econômica que veio em seguida impediu sua reeleição em 1992, quando foi derrotado pelo democrata Bill Clinton.

IFC oferece assessoria em infraestrutura Em 22 de outubro de 1997, o governador Mario Covas recebeu Assaad Jabre, vice-presidente de gestão de carteira e operações de consultoria da International Finance Corporation (IFC). Agência ligada ao Banco Mundial, com sede em Washington, Estados Unidos, a IFC fornece capital de risco a países membros, para estimular o crescimento da produtividade no setor privado e dar consultoria ao setor público, como em projetos de implantação de linhas de metrô. Durante o encontro, Assaad Jabre e Mario Covas conversaram sobre o contexto econômico brasileiro e as áreas em que a International Finance Corporation poderia prestar assistência ao setor privado paulista, principalmente em infraestrutura. O vice-presidente da IFC prontificou-se a estabelecer contatos com empresários interessados nos programas de privatizações e concessões.

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Um Guggenheim em São Paulo O Complexo Cultural Villa Lobos era um dos endereços cotados para abrigar a filial do museu nova-iorquino Contando com a possibilidade de a cidade de São Paulo sediar o primeiro museu Guggenheim na América Latina, o governador Mario Covas recebeu em audiência o presidente da Fundação Guggenheim, Thomas Krens, em 18 de outubro de 1999. Na época, o Complexo Cultural Villa Lobos era considerado um bom endereço para abrigar a construção da sede brasileira do museu, oportunidade disputada também por outros Estados brasileiros e países como a Argentina e o Chile. Integravam a comitiva de Krens: Marifé Hernandez, ex-chefe do cerimonial da Casa Branca, Lisa Denison, curadora-chefe do Museu Guggenheim de Nova Iorque, e Newton Simões Filho, da Racional Engenharia Ltda., presidente da Associação Novo Teatro de São Paulo.

Krens (segundo à direita de Covas), conversa com o governador sobre uma filial paulista do Guggenheim

Colecionar, preservar e expor A Fundação Guggenheim foi criada em 1937, na cidade de Nova Iorque, pelo milionário, filantropo e colecionador de arte Solomon R. Guggenheim. Seu objetivo era colecionar, preservar e expor objetos característicos da cultura visual do século XX e, desde a origem, reuniu grandes nomes da arte de vanguarda americana e internacional. O primeiro museu Guggenheim foi aberto em Nova Iorque. Depois vieram os de Veneza, na Itália, Bilbao, na Espanha, Berlim, na Alemanha, e, com inauguração prevista para 2011, o de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

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Canadá: governo e empresários juntos

LeBlanc, governador-geral do Canadá, acompanha Covas pelos corredores do Palácio dos Bandeirantes

Missão comercial canadense traz a São Paulo o primeiro-ministro, o governador-geral, dezenas de autoridades e 389 representantes do setor privado O governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas receberam, no dia 15 de janeiro de 1998, Roméo LeBlanc, governador-geral do Canadá, e esposa, para um jantar no Palácio dos Bandeirantes. Em seu discurso de boas-vindas, Covas destacou que a grandeza da nação canadense não se deve apenas à sua vastidão territorial, “mas sim a valores que a identificam profundamente com as aspirações do mundo moderno: a democracia, a liberdade econômica, os direitos humanos”. Afirmou também que um dos importantes feitos do governo do Canadá reside “no desenvolvimento de políticas públicas concretas ...que tem resultado em uma qualidade de vida já reconhecida como a segunda melhor do mundo, pelo Banco Mundial, e como a primeira, pela ONU”. No dia seguinte, Mario Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso encontraram-se com Jean Chrétien, primeiro-ministro do Canadá, no World Trade Center, em São Paulo, para um almoço com toda a comitiva canadense e empresários brasileiros. Chrétien também chefiava a Equipe Canadá, uma missão comercial que reuniu ministros federais, os dez chefes de governos provinciais canadenses, dois líderes de territórios, prefeitos e algumas centenas de empresários. Ao todo, o encontro contou com cerca de 700 empresários – 389 deles canadenses –, que celebraram uma série de contratos entre os dois países.

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Os objetivos da Equipe Canadá A delegação encabeçada pelo primeiro-ministro Chrétien foi resultado de um esforço de parceria entre a administração pública e o setor privado canadense. Seu objetivo era intensificar os negócios com os mercados emergentes, por meio do apoio a empresas estreantes em comércio exterior e a exportadores que desejavam explorar novos mercados. Entre os setores prioritários da Equipe Canadá destacam-se: telecomunicações, tecnologia da informação, transportes, meio ambiente, energia e recursos naturais, agricultura e agroindústria, indústrias nas áreas de educação e cultura, manufaturas avançadas e serviços especializados. Embora o país seja altamente industrializado, os canadenses levam a sério o conceito de desenvolvimento sustentado, a possibilidade de crescimento econômico associado à proteção do meio ambiente.

Roméo LeBlanc deixa sua mensagem no Livro de Tombo, de registro dos visitantes do governo paulista

Sob domínio britânico Localizado entre os Estados Unidos e o oceano Ártico, o Canadá é o segundo maior país do mundo, formado por dez províncias e três territórios. Colonizado pela França, desde 1763 é controlado pela Grã-Bretanha. A população, composta por franceses, britânicos e povos de origens múltiplas, tem o francês e o inglês como idiomas oficiais. Dono de reservas importantes de petróleo, lidera a produção mundial de zinco e urânio e possui solo rico em potássio, gás natural, níquel e alumínio. Sua economia é uma das dez maiores do mundo, concentrada nos setores industrial e de serviços. Adota a monarquia parlamentarista, tendo como chefe de Estado a rainha Elisabeth II, do Reino Unido, representada pelo governador-geral, e como chefe de governo, o primeiro-ministro. O Poder Legislativo é bicameral. O Senado conta com 104 senadores, indicados pelo governador-geral para mandato até a idade de 75 anos, e a Câmara dos Comuns, com 295 membros, eleitos por voto direto, para mandatos de cinco anos.

Em defesa dos interesses do Brasil Às vésperas da viagem do primeiro-ministro Jean Chrétien ao Brasil, surge uma saia justa diplomática. A tentativa da Bombardier, empresa do setor aeronáutico canadense, de afetar negócios da Embraer para o fornecimento de aeronaves a companhias norte-americanas, provocou reação do governo brasileiro, que ameaçou suspender as negociações para um convênio de cooperação comercial entre o Canadá e o Mercosul e anunciou que reveria todos os projetos de interesse canadense no país, nessa área. Venceram o Brasil e a Embraer.

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Vicente Fox Quesada, presidente do México, troca presentes diplomáticos com o governador Mario Covas

Fox Quesada em missão política Presidente do México traz dirigentes dos três principais partidos de seu país para encontro com o governador de São Paulo Recém-eleito presidente do México, Vicente Fox Quesada esteve em São Paulo no dia 10 de agosto de 2000, em visita de cortesia, e foi recebido no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Mario Covas. Três anos antes, quando ainda era governador do Estado de Guanajuato, Fox Quesada fizera uma primeira visita a Covas. No segundo encontro, de acentuado caráter político, o novo chefe do Executivo mexicano estava acompanhado de Luís Felipe Bravo Mena, presidente do Comitê Executivo Nacional do Partido de Ação Nacional (PAN); Sérgio Garcia Ramires, secretário-geral do Comitê Executivo Nacional do Partido Revolucionário Institucional (PRI); Jesús Zambrano, secretário-geral do Comitê Executivo do Partido da Revolução Democrática (PRD); Santiago Creel, coordenador da área

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política; Porfírio Muñoz Ledo, coordenador da mesa de estudos sobre a reforma do Estado; Luís Felipe de Macedo Soares Guimarães, futuro embaixador do Brasil no México, e Luiz Cabrera, cônsul-geral do México em São Paulo. As relações bilaterais entre o Brasil e o México, segundo o Itamaraty, desenvolvemse habitualmente em clima de cordialidade e cooperação. Os acordos são facilitados pelo fato de ambos os países não abrigarem qualquer tipo de ressentimento histórico entre si e de possuírem interesses convergentes em ampla gama de temas da agenda regional e internacional. Os dois países mantêm aberto um canal de diálogo de alto nível, de que foram exemplos as visitas do presidente Fernando Henrique Cardoso

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O presidente mexicano Vicente Fox expõe ao governador paulista detalhes do cenário político de seu país ao México, em 1996, e do presidente Ernesto Zedillo ao Brasil, em 1999. Além das visitas, houve o encontro dos dois mandatários no contexto das cúpulas do Grupo do Rio (ou Mecanismo Permanente de Consulta e Concertação Política da América Latina e Caribe), Ibero-Americanas e

durante a Cimeira entre América Latina, Caribe e União Européia, em junho de 1999. No Brasil, residiam aproximadamente 2.000 mexicanos na época da visita de Fox, dos quais 1.200 estavam no Estado de São Paulo.

Dos maias ao “dedazo” presidencial Banhado pelos oceanos Atlântico e Pacífico, o México possui belas praias e balneários famosos, como Acapulco, Tampico e Cancún. Antes da invasão espanhola, em 1519, e dos turistas, quem desfrutava do paraíso mexicano eram os povos autóctones maias, toltecas e astecas. Em 1999, a população somava 97,4 milhões de habitantes. O idioma oficial é o castelhano, que convive com línguas nativas, como o náhuati. Os Estados Unidos do México dividem-se em 31 Estados e Distrito Federal. A capital, Cidade do México, é uma das maiores metrópoles do mundo. O país é regido pelos princípios da Constituição de 1917. O Congresso é bicameral, composto pela Câmara Federal dos Deputados, com 500 membros, e pelo Senado, com 128. Todos são eleitos por voto direto para mandatos de três a seis anos, respectivamente. Em 1995, o então presidente Ernesto Zedillo viuse confrontado com uma grave crise econômica e com forças opositoras, sobretudo do Exército Zapatista de Libertação Nacional, fatos que levaram a reformas políticas e eleitorais. Em decorrência das mudanças constitucionais

adotadas em 1996, no pleito do ano seguinte, pela primeira vez, 32 dos 128 membros do Senado foram eleitos por meio de listas partidárias, com mandato de três anos de duração. Os principais partidos são atualmente: Partido Revolucionário Institucional (PRI), Partido da Revolução Democrática (PRD) e Partido de Ação Nacional (PAN), pelo qual Fox foi eleito. O PAN, fundado em 1939, representa o pensamento neoliberal, tendo como importante base política o empresariado dos Estados próximos à fronteira com os Estados Unidos. Fox conseguiu popularizar o partido e trazê-lo mais ao centro. O PAN consolidou seu espaço na contenda eleitoral de agosto de 1994, quando seu candidato presidencial situou-se em segundo lugar na preferência do eleitorado. Vale ressaltar o papel de Zedillo, que, ao reformar o sistema judiciário e influenciar seu partido, o PRI (no poder há sete décadas), a adotar novas regras para a escolha do candidato presidencial, pôs fim à prática de o presidente da República indicar o candidato do partido, conhecida informalmente como “dedazo” presidencial.

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Américas Do continente americano, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:

1995

1998

• Tommy G. Thompson, governador de Wisconsin, EUA • E. Benjamin Nelson, governador de Nebrasca, EUA • Alejandro Gordillo Fernández, embaixador do Peru no Brasil

• Pedro Rosselló, governador de Porto Rico, EUA • Melvin Carnahan, governador do Missouri, EUA • Ricardo Marquez, primeiro vice-presidente do Peru

1996

1999

• Heraldo Muñoz, embaixador do Chile no Brasil • Bill Gates, presidente da Microsoft • Warren Christopher, secretário de Estado dos Estados Unidos • Diego Ramiro Guelar, embaixador da Argentina no Brasil • Lincoln Almond, governador de Rhode Island, EUA • Buddy MacKay, vicegovernador da Flórida, EUA

1997 • Robert Murray Torry, embaixador de Trinidad e Tobago no Brasil • Zell Miller, governador da Geórgia, EUA • Joseph E. Kernan, vicegovernador de Indiana, EUA • Juan Carlos Romero, governador de Salta, Argentina • Jorge Hugo Herrera Vegas, embaixador da Argentina no Brasil • Julie Norris, diretora do Office of Sponsored, do Massachusetts Institute of Technology – MIT, EUA

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• Christine Todd Whitman, governadora de New Jersey, EUA • Adolfo Rodrigues Saá, governador de San Luis, Argentina • Juan Antonio Martabit, embaixador do Chile no Brasil • Arturo Pedro Lafalla, governador de Mendoza, Argentina • James Hunt, governador da Carolina do Norte, EUA • Gobind T. Nankani, vicepresidente do Banco Mundial • Graciela Meijide, deputada federal e líder da delegação de parlamentares da Argentina

2000 • Anthony Harrington, embaixador dos Estados Unidos no Brasil • Jorge Omar Sobisch, governador de Neuquén, Argentina • Carlos Federico Ruckauf, governador de Buenos Aires, Argentina

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Em São Paulo, Scalfaro sente-se em casa Presidente da Itália assina acordo de intercâmbio com pequenas empresas e visita a colônia italiana paulista

Oscar Luigi Scalfaro, presidente da Itália, cumprimenta Covas sob os olhares das respectivas esposas

Foram seis dias de visita oficial do presidente da Itália ao Brasil, em junho de 1995. Oscar Luigi Scalfaro veio intensificar as relações comerciais entre os dois países e quebrar um antigo jejum: encontrou-se com a numerosa colônia italiana paulista, gentileza que os dirigentes de seu país não faziam há 30 anos. Em sua comitiva, Scalfaro trouxe uma delegação de empresários filiados à Confisdustria (Confederação das Federações das Indústrias

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Italianas). Na pauta de negociações constaram as propostas de adoção de um programa de intercâmbio para micro e pequenas empresas, além da integração da América Latina com a União Européia por intermédio do Mercosul. Mario Covas, ao receber o presidente, no dia 28, assinalou em seu pronunciamento a importância da imigração italiana para o processo de transformação da “economia latifundiária e escravista paulista numa economia urbana e

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assalariada. A ela se devem muitas oficinas artesanais e muitas manufaturas, além da base de um operariado habilidoso”. Lembrou também que dos imigrantes italianos nasceram “as raízes de associações e movimentos cooperativos e sindicais”. Deles também herdamos vários aspectos culturais, tais como “costumes, paladares, muitos linguajares e parte característica do gestual”. Ainda em São Paulo, o presidente Scalfaro acompanhou a assinatura de um acordo entre a Confisdustria e a brasileira CNI (Confederação Nacional das Indústrias). Segundo Roberto Ricupero, embaixador do Brasil, o acordo previa associações entre pequenas e médias empresas italianas e brasileiras, além do financiamento de um milhão de ECUs (a unidade monetária dos países europeus, na época), pela União Européia, para compra e instalação de equipamentos.

Católico, advogado e antifascista Oscar Luigi Scalfaro nasceu em 1919, em Novara, Itália. Formou-se em Direito pela Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, ingressando na magistratura. Foi presidente da Ação Católica da diocese de Novara e, durante o fascismo, ajudou os antifascistas encarcerados.

Covas e Scalfaro caminham pelo Palácio dos Bandeirantes seguidos de intérpretes e assessores

Após 1945, foi promotor público nos Tribunais Superiores especiais de Novara e Alessandria e eleito para a Assembléia Constituinte, em 1946. Popular, desde 1948 Scalfaro é reeleito deputado ininterruptamente e sempre o mais votado do Partido Democrata-Cristão, em seu colégio eleitoral. Em 1954, tornou-se vice-ministro do Trabalho e Previdência Social e, de 1954 a 1955, vice-ministro da Previdência do Conselho de Ministros. Entre 1955 e 1962, ocupou os cargos de vice-ministro da Justiça e do Interior. Após 1966, assumiu o Ministério dos Transportes e da Aviação, da Educação e do Interior. Elegeu-se presidente em maio de 1992. O sistema de governo italiano é parlamentarista. O presidente é eleito para um mandato de sete anos. Escolhe o primeiro-ministro e tem o poder de dissolver o Senado e a Câmara, exceto nos últimos seis meses de mandato.

A economia italiana A República Italiana, um dos pilares da civilização européia, sabe aproveitar sua condição. Sua economia baseia-se em serviços, categoria em que se destaca o turismo, e nas indústrias de base, equipamentos de transporte, têxteis, vestuário e produtos químicos. Exporta principalmente máquinas industriais e equipamentos de transporte, vestuário e calçado, manufaturas básicas, produtos químicos e alimentos. Seus principais parceiros comerciais são a Alemanha, a França, os EUA, o Reino Unido e a Holanda.

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O príncipe britânico Edward, duque de Kent, cumprimenta Mario Covas em São Paulo

Negócios e ecologia na rota do duque de Kent Visita do nobre inglês incluiu seminário em São Paulo, encontro das águas de rios amazônicos e Jardim Botânico carioca A visita ao Brasil do príncipe Edward, duque de Kent, da Inglaterra, incluiu várias atividades em São Paulo. No dia 7 de novembro de 1995, o nobre foi recebido pelo governador Mario Covas, no Palácio dos Bandeirantes. Em seguida, presidiu a abertura do seminário “Londres – um parceiro global para o Brasil”, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para empresários brasileiros. Edward visitou o Autódromo de Interlagos, palco das corridas de Fórmula 1, e a Câmara de Comércio Britânica, onde manteve encontros com empresários ingleses. A agenda do duque de Kent não parou por aí. Edward fez questão de ir a São José dos Campos, interior de São Paulo, para conhecer a Embraer, fábrica dos aviões brasileiros que fazem sucesso no mundo, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Em seu giro pelo país, manteve contato com o governador Amazonino Mendes, do Amazonas, e conheceu o encontro das águas dos rios Negro e Amazonas. No Paraná, visitou as Cataratas do Iguaçu, e, no Rio de Janeiro, o Jardim Botânico e a Shell. A comitiva do duque de Kent contou com empresários de peso: Simon Sayer, do Lloyds Bank; Robert Andrewartha, da Matra Marconi; David Mortimer, da British Gas do Brasil; Alan Sinclair, da Rolls Royce do Brasil; Keith Haskell, embaixador da Grã-Bretanha no Brasil; Roger Brown, cônsul-geral em São Paulo e Mike Mecham, do departamento da indústria de Londres.

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O primo da rainha Edward George Nicholas Patrick Paul, duque de Kent, é primo da rainha Elisabeth II e neto do rei George V. Estudou em Eton, na Inglaterra, em Le Rosey, na Suíça, e na Academia Militar Real, em Sandhurst, onde se formou em 1955. Nomeado segundo-tenente no Royal Scots Greys, serviu no Reino Unido e em Chipre, como integrante da força das Nações Unidas. Reformado como generalde-brigada em 1982, assumiu a presidência da Junta Britânica de Comércio Exterior. Em 1959, assumiu cargo na Câmara dos Lordes e foi conselheiro de Estado durante a ausência da rainha. O duque de Kent é presidente de diversas instituições não-governamentais filantrópicas, incluindo o Instituto Real de Barcos Salva-vidas, a Comissão Britânica de Sepulturas de Ex-combatentes, a Associação de Automóveis, a Associação de Escoteiros e a Orquestra Filarmônica de Londres. Foi nomeado chanceler da Universidade de Surrey, em 1977. É diretor não-executivo da BICC Plc (corporação do setor de cabos e telecomunicações) e da Vickers Plc (grande empresa de engenharia).

Acompanhado de integrantes de sua comitiva, o duque de Kent ouve a exposição de Mario Covas

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Um futuro de parcerias com Herzog Presidente da Alemanha participa de feira de tecnologia e trata de cooperação com o governador Mario Covas

Roman Herzog, presidente da Alemanha, entrega a Covas a comenda Ordem do Mérito de seu país

Em seu discurso na recepção ao presidente da República Federal da Alemanha, Roman Herzog, no dia 26 de novembro de 1995, o governador Mario Covas aproveitou a ocasião para definir as novas relações estratégicas que se estabeleciam e se reafirmavam entre os dois países: “Hoje, governar consiste em articular os interesses da sociedade, induzir o desenvolvimento para gerar riquezas e empregos, sem o que não se tem progresso social. Queremos contribuir para reverter uma distribuição de renda cuja curva é perversa. Queremos aparelhar o Estado para que possa desempenhar suas funções sociais”. Para uma platéia de empresários brasileiros e alemães, que lotavam o auditório Ulisses

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Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, Covas destacou que as relações entre o Brasil e a Alemanha “não se alicerçam apenas num passado de realizações. Mas abrigam pela frente um futuro dos mais promissores. Contamos com a efetiva participação das empresas alemãs nos programas de concessão e parceria com a iniciativa privada que o Estado de São Paulo lançou recentemente”. O governador Mario Covas concluiu seu discurso, citando a feira de tecnologia da indústria alemã, que seria inaugurada no dia seguinte com a presença de Herzog, “como signo de uma cooperação efetiva entre Brasil e Alemanha, não em termos de ‘ajuda’, mas em termos de ‘negócios’, bons para ambas as partes”.

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Herzog e Covas (ao centro) participam do lançamento e da entrega do prêmio Personalidade do Ano

Personalidades premiadas No dia seguinte ao encontro de Herzog e Covas no Palácio dos Bandeirantes, foi aberto o evento de lançamento e entrega do Prêmio Personalidade do Ano, instituído pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha e a Confederação das Câmaras Alemãs. O prêmio fez parte da programação da Feira Brasil-Alemanha de Tecnologia para o Mercosul (Ferbral’95), e se inseriu no quadro das atividades do Encontro Empresarial Brasil-Alemanha e da reunião da Comissão Mista de Cooperação Econômica. Com o prêmio, pretende-se reconhecer publicamente as contribuições pessoais e profissionais de personalidades brasileiras e alemãs, em favor das relações de amizade e dos laços culturais, políticos e econômicos entre ambos os países. Uma placa e um diploma – que distinguem o agraciado como um amigo do Brasil e da Alemanha – são entregues anualmente a um brasileiro e a um alemão, alternadamente nos dois países. Nessa primeira edição, foram agraciados o brasileiro Elieser Batista da Silva e o alemão Hans L. Merkle, escolhidos com base em ampla pesquisa da qual participaram os associados da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha de São Paulo. O governador Mario Covas rendeu homenagens aos ganhadores do prêmio e, em seu pronunciamento, disse: “Sabemos que este prêmio constitui o ponto de partida de uma família de prêmios que virão incentivar personalidades cuja competência lhes confere destaque e admiração. E, assim, muito nos orgulha poder colaborar, ao acolher no Palácio dos Bandeirantes o digníssimo presidente da Alemanha, Roman Herzog, bem como sua comitiva. Muito nos alegra saber, além do mais, que a Alemanha elegeu o Brasil como um parceiro preferencial na América Latina”.

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Covas recebe Kenneth Clarke, observado pelo embaixador Rubens Barbosa, secretários e assessores

O Reino Unido aposta no ajuste fiscal paulista Ministro da Fazenda conversa com Covas sobre oportunidades de negócios em eletricidade, gás e água O ministro britânico da Fazenda, Kenneth Clarke, chegou a São Paulo com vontade de conversar. Acompanhado por um grupo de empresários ingleses do setor financeiro, reuniu-se com o governador Mario Covas, no dia 10 de janeiro de 1996, para discutir a cooperação entre empresas dos dois países e as oportunidades oferecidas por São Paulo, principalmente nos segmentos de eletricidade, gás e água. A disposição do ministro foi bem recebida pelo governo paulista. Naquele período, a Grã-Bretanha elegeu o Brasil

como parceiro estratégico, devido às reformas econômicas e o ajuste fiscal promovido por Mario Covas no Estado de São Paulo. Até então, o Reino Unido vendia para o mercado brasileiro produtos químicos, farmacêuticos, equipamentos para geração de energia, maquinários, material de transporte e uísque. Do Brasil comprava, principalmente, alimentos, derivados de papel, maquinários, calçados, produtos químicos e tabaco.

A França quer recuperar espaço Ministro das Finanças traz missão empresarial francesa para reunião com o governo paulista Em janeiro de 1996, veio ao Brasil o ministro das Finanças e do Comércio Exterior da França, Yves Galland, chefiando uma missão com 35 representantes das maiores empresas de seu país, entre elas a AGF, Aérospatiale, Renault, Thomson, Société Generale e CCF. Integravam a delegação de Galland, altos funcionários dos ministérios da Fazenda, Infraestrutura, Indústria, Correios e Telecomunicações, Habitação, Relações Exteriores e Transportes e Turismo. Na reunião de trabalho realizada com representantes de vários setores do governo paulista, a comitiva demonstrou forte disposição da França de recuperar a posição de relevância que, no passado, ocupara no mercado brasileiro.

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Delegação portuguesa chega para investir Missão de 30 empresários de Portugal reúne-se com o governador e secretários de Estado Esteve no Brasil, em janeiro de 1996, uma missão de empresários portugueses chefiada pela empresa Antônio Vilar & Associados. O objetivo era aproveitar o momento de abertura do país ao exterior para investir no Brasil. A Antônio Vilar & Associados é especializada em consultoria de investimentos, e contou com o apoio do Consulado Geral do Brasil e do Porto. A visita foi resultado do seminário Como investir no Brasil, realizado em 1995 na cidade do Porto, e organizado pelo ICEP – Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal. A delegação, composta por 30 empresários, esteve em São Paulo no dia 18 de janeiro de 1996, quando foi recebida pelo governador Covas e vários secretários de Estado.

Da Polônia, o estímulo ao intercâmbio acadêmico Delegação polonesa trata com Covas da troca de experiências nas áreas científica, econômica e educacional

Aleksander Luczak, ministro do Comitê de Pesquisas Científicas da Polônia, entrega presente a Covas O ministro do Comitê de Pesquisas Científicas da Polônia, Aleksander Luczak, e o primeiro vice-ministro de Relações Exteriores, Eugeniusz Wyzner, integraram uma delegação polonesa que visitou o Brasil, em março de 1996.

aberta uma cátedra polonesa na Universidade de São Paulo e uma cátedra brasileira na cidade polonesa de Lodz, com o objetivo de estimular o intercâmbio de estudantes e professores, em diversas áreas, entre elas, economia e ciências.

No dia 8, o governador Mario Covas recebeu em audiência os poloneses para discutir assuntos ligados à cooperação e a troca de experiências nas áreas científica, econômica e educacional. No dia 3 de maio, data nacional da Polônia, foi

A delegação participou do 2º Congresso da Comunidade Polonesa da América Latina, de 13 a 16 de março, em Curitiba, cuja intenção foi discutir a situação da colônia polonesa no Brasil, envolvendo temas como folclore e idioma.

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Mario Covas cumprimenta Bernard Pons, ministro francês responsável pela infraestrutura e transporte

Tecnologia francesa à disposição Cooperação nas áreas técnicas foi tema da conversa do ministro francês Bernard Pons com o governador Bernard Pons, ministro do governo francês responsável pela infraestrutura, habitação, transporte e turismo, veio ao Brasil em março de 1996 para discutir possibilidades de cooperação entre a França e o nosso país, principalmente nas áreas técnicas a que estão vinculadas empresas francesas reconhecidas pela excelência de seu trabalho. No dia 25, foi recebido pelo governador Mario Covas para discutir acordos bilaterais e uma exposição tecnológica francesa, marcada para outubro de 2000, na capital paulista. Os 361 empreendimentos franceses então instalados no Brasil realizavam negócios de mais de 10 bilhões de dólares e empregavam cem mil pessoas. A França era o quinto maior investidor no Brasil. Tais investimentos se concentraram em cinco grandes grupos: Accor, Michelin, Carrefour, Rhodia e SaintGobain, dos quais os três últimos figuram entre os 20 maiores grupos estrangeiros instalados no Brasil.

Desestatização na mira dos britânicos Malcolm Rifkind, chanceler do Reino Unido, vem examinar oportunidades nos setores de eletricidade, água e gás O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Malcolm Rifkind, chegou a São Paulo interessado no programa privatizações do governo paulista. Foi recebido por Mario Covas, no dia 12 de abril de 1996, em uma reunião de trabalho para discutir a ampliação das exportações e dos investimentos britânicos no país. O ministro Rifkind trouxe consigo um grupo de empresários da área financeira para examinar as oportunidades oferecidas pelo governo de São Paulo, particularmente nos setores de gás, água e eletricidade. Cerca de 40 das 100 maiores empresas britânicas já estavam presentes no Brasil, em 1996. Era grande o empenho dos britânicos em fomentar negócios com toda a América Latina - seu objetivo era dobrar o volume de exportações para a região.

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Brazauskas reata laços diplomáticos Primeiro presidente da Lituânia como república independente busca reconhecimento no Brasil Na primeira visita de um chefe de Estado da Lituânia ao Brasil, São Paulo era uma parada obrigatória. Assim, o presidente Algirdas Mykolas Brazauskas foi recebido por Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes no dia 18 de março de 1996. A principal intenção da comitiva presidencial, composta por ministros e chanceleres, era restabelecer laços diplomáticos e buscar reconhecimento para o recente estado político da nova república independente, após 50 anos de ocupação soviética.

Mario Covas posa com Algirdas Mykolas Brazauskas, presidente da Lituânia, vestindo a faixa do país

Localizada no centro da Europa, a nordeste da Polônia, a Lituânia, cuja capital é Vilnus, foi o primeiro dos Estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia) a efetivar sua independência, no ano de 1991. Tornou-se uma república parlamentarista, dividida em onze cidades e 44 distritos rurais. Em seus 65.200 quilômetros quadrados - quase quatro vezes menor do que o Estado de São Paulo – abrigava uma população, na época, composta de 3,7 milhões de habitantes.

Em decorrência de guerras, muitos lituanos imigraram para o Brasil. As primeiras cem famílias que chegaram aqui fixaram residência em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Em 1996, o país tinha a maior comunidade lituana da América Latina, e a maior colônia estava concentrada em São Paulo.

Privatizar com prudência Ao assumir a presidência da Lituânia, Brazauskas, adepto da economia de mercado, imprimiu um ritmo prudente às privatizações, para não desorganizar bruscamente o sistema produtivo. Em janeiro de 1994, assinou um acordo para o ingresso do país na Parceria para a Paz, estrutura criada pela Otan para a cooperação militar com os países do Leste Europeu. No início de 1995, 78% das antigas empresas estatais já estavam privatizadas. Em maio, o país fez acordo de livre-comércio com a União Européia. Nesse mesmo ano, o Brasil exportou para a Lituânia 385.516 dólares em mercadorias, com destaque para café solúvel, cacau, cigarros, máquinas e ferramentas. No mesmo período, importou 1.875.570 dólares em tubos para aparelhos de TV, couro bovino e fios de acetato de celulose.

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Brasil, a prioridade de Antonio Guterres Primeiro-ministro de Portugal encontra-se com o governador de São Paulo pela terceira vez em três anos Durante sua gestão à frente do governo paulista, Mario Covas recebeu Antonio Manuel de Oliveira Guterres em três momentos distintos. A primeira vez foi em janeiro de 1995, primeiro mês de mandato, quando Guterres era ainda secretáriogeral do Partido Socialista português. A segunda, em abril de 1996, seis meses após Guterres tornar-se primeiro-ministro de Portugal, em uma visita de cortesia. Em 24 de junho de 1997, Covas recebeu em audiência o primeiro-ministro português, desta vez cumprindo extensa agenda de trabalho por países da América Latina. No Brasil, ele esteve em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, sempre acompanhado por sua comitiva de ministros de Estado: dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama; da Educação, Marçal Grilo; da Administração Interna, Alberto Costa; da Economia, Augusto Mateus; e o assessor de Comércio, Indústria e Turismo, Luís Nazaré.

Mario Covas mostra o material sobre o programa de desestatização de São Paulo a Antonio Guterres

Antonio Manuel de Oliveira Guterres elegeu o Brasil como prioridade em política externa, para negócios bilaterais e para servir de ponte entre Portugal, a União Européia e o Mercosul. Embora fosse favorável à integração européia, o primeiro-ministro acreditava que Portugal não poderia virar suas costas aos outros países e blocos econômicos, e que seu país precisava encontrar novos mercados.

O que vem e o que vai Em 1995, Portugal exportara para o Brasil mercadorias no valor de 168,8 milhões de dólares e importara o equivalente a 453,2 milhões de dólares. No ano seguinte, vendeu um pouco mais – 225,8 milhões de dólares – e comprou de empresas brasileiras um pouco menos – 427,9 milhões de dólares. Os principais produtos vindos de Portugal eram: azeite de oliva, minério de cobre, combustíveis minerais, vinhos, aparelhos e dispositivos elétricos, moldes, partes de motores, livros, brochuras, frutas e produtos hortículas. Os produtos brasileiros mais exportados para Portugal: couros e peles, soja, bagaço e resíduos de óleo de soja, madeira bruta, café, madeira serrada, madeira perfilada, sisal e fibras têxteis, bagaços de extração de gorduras e chapas de ferro.

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Prodi, Covas e as reformas Em visita inédita, o primeiro-ministro da Itália trata de pontos coincidentes na agenda dos dois países

Mario Covas entrega presente diplomático paulista a Romano Prodi, primeiro-ministro da Itália O governador Mario Covas recebeu em audiência o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, no dia 3 de março de 1998. Era a primeira visita de um primeiro-ministro italiano ao Brasil. Prodi veio a São Paulo acompanhado por uma comitiva de ministros, conselheiros, parlamentares, embaixadores e 110 empresários dos mais variados setores, que mantiveram contato com industriais brasileiros na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A conversa entre Mario Covas e Romano Prodi, no Salão dos Despachos do Palácio dos Bandeirantes, girou em torno de elementos coincidentes da agenda interna de ambos os países: reformas constitucionais, reestruturação da previdência social, avanços no processo de privatização e a importância do controle do déficit público. Brasil e Itália guardam profunda identificação cultural e sentimentos de simpatia recíprocos, favorecidos pela contribuição da imigração italiana à formação da população brasileira.

Segundo o Conselho Geral de Italianos no Exterior, a comunidade de descendentes de italianos no Brasil constituía-se, na época, de cerca de 23 milhões de pessoas, e estimava-se que 5 milhões residiam no Estado de São Paulo.

O sexto mercado Até a chegada de Prodi, a Itália detinha o sexto lugar no ranking de mercados mais importantes para as exportações brasileiras. O intercâmbio comercial entre os dois países expandia-se, passando de 2,75 bilhões de dólares, em 1990, para 5,2 bilhões de dólares, em 1995. Tal aumento devia-se às importações brasileiras, que passaram de 798 milhões de dólares, em 1990, para 3,16 bilhões de dólares, em 1995. A Itália, nesse período, era a quarta maior fonte de investimento estrangeiro direto no Brasil. Entre as empresas italianas que mais investiram no país, boa parte delas instalada em São Paulo, estavam: Fiat, Iveco, Pirelli, Stet, Parmalat, Grupo Círio, De Longhi, Polti e Candy.

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O chefe da Casa Militar, Cel. PM Lourival Costa Ramos, observa o cumprimento de Václav Havel e Covas

Václav Havel no papel de presidente Primeiro chefe de Estado da República Tcheca, o dramaturgo vem divulgar aspectos do novo país Em setembro de 1996, o escritor e dramaturgo tcheco Václav Havel chega ao Brasil em seu papel mais importante: primeiro presidente da República Tcheca, nascida da divisão da antiga Tchecoslováquia, em 1993. Havel e sua comitiva vieram para uma visita oficial de cinco dias, com o objetivo de dar a conhecer os aspectos políticos, econômicos e culturais da recente república e verificar as possibilidades de negócios bilaterais com o Brasil. O presidente veio também agradecer a solidariedade do povo brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, por manter-se do lado dos aliados, contra a ditadura fascista.

Defenestração e cerveja Ao recepcionar Václav Havel e comitiva em São Paulo, em 19 de setembro, o governador Mario

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Covas abriu seu discurso com bom humor: “A história da República Tcheca nos deu muitos exemplos e uma complicação. A complicação veio do povo de Praga, que, em 1618, ao atirar por uma janela os emissários do imperador, trouxe para a língua portuguesa uma de suas palavras mais difíceis de pronunciar: o substantivo ‘defenestração’, ou seja, o ato de jogar alguém janela abaixo, expressão com freqüência utilizada metaforicamente na vida política brasileira”. Covas brincou ainda com os visitantes dizendo que “aos tchecos, também, devemos uma de nossas paixões nacionais: a cerveja Pilsen, originária da cidade de mesmo nome”. Destacou a seguir a tenacidade e a coragem do povo tcheco na defesa de sua pátria e na manutenção de sua identidade ao longo do tempo. “Essa identidade nós

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conhecemos muito bem. Alegre e jovial, dinâmica e empreendedora, a reencontramos em um dos nossos maiores presidentes: Juscelino Kubitschek de Oliveira, de origem tcheca pelo lado materno e, como todos os tchecos, também preocupado com o desenvolvimento e a industrialização”. O governador citou o escritor tcheco Franz Kafka, que anteviu “o ovo da serpente”, ao denunciar

os absurdos do totalitarismo e da burocracia, nas obras O Castelo e O Processo. Mario Covas encerrou seu discurso manifestando o carinho do povo paulista ao presidente Havel: “Que seja o portador da nossa certeza de que o totalitarismo, desta vez, foi definitivamente defenestrado da República Tcheca, isto é, que o autoritarismo saiu de cena para sempre, como se diria na linguagem tão cara ao dramaturgo Václav Havel”.

Václav Havel e Mario Covas conversam com o auxílio de uma intérprete

As relações com o Brasil Em 1994, foi fundada em São Paulo a Câmara Internacional de Comércio, Indústria e Cultura Brasil-República Tcheca. No ano seguinte, o Brasil exportou para os tchecos ferro, manganês, soja, frutas, couro, tabaco e café; e importou artigos para consumo, máquinas, produtos agrícolas, lúpulo e leite em pó. O Brasil também era tradicional comprador de maquinaria tcheca. Em São Paulo estavam sediadas as empresas tchecas Skoda (montadora e produtora de caminhões para fins civis e militares e plataformas de ônibus para venda no Brasil e na América Latina) e Omnipol Brasileira S/A (produtora e distribuidora de rolamentos).

A República Tcheca Em 1º de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia dividiu-se em dois Estados: a República Eslovaca e a República Tcheca, imediatamente reconhecidos pelo Brasil. País de elevado padrão econômico e cultural, a República Tcheca localiza-se na Europa Central, sua capital é Praga e divide-se administrativamente em oito regiões subdivididas em municipalidades. Em 1998, sua população somava 10,3 milhões de habitantes. Industrializado desde o século XIX, destaca-se na fabricação de máquinas e equipamentos, produz cereais e explora recursos naturais. O sistema de governo tcheco é parlamentarista, com chefe de Estado forte. O legislativo é bicameral: o Senado conta com 81 membros, e a Câmara dos Deputados, com 200. O voto é direto, para mandatos de seis e quatro anos, respectivamente.

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Martti Ahtisaari, o pacificador Conhecido por sua atuação diplomática em regiões de conflito, o presidente da Finlândia busca intercâmbio comercial no Brasil Décimo presidente da República da Finlândia - e o primeiro a ser eleito por voto direto -, Martti Oiva Kalevi Ahtisaari esteve em São Paulo em fevereiro de 1997. Veio em missão comercial, acompanhado de uma delegação composta por cerca de 20 empresários, com o objetivo de incrementar o intercâmbio econômico bilateral. Mario Covas e a primeira dama Lila receberam o presidente finlandês em jantar no Palácio dos Bandeirantes, no dia 26. O governador de São Paulo abriu seu discurso saudando “no presidente Martti Ahtisaari, todos aqueles que, como ele, estão empenhados na construção da paz. Sua atuação na presidência do grupo de trabalho da Bósnia-Herzegóvina o fez credor do reconhecimento não apenas dos povos envolvidos no conflito, mas, também, de toda a comunidade internacional”, destacando, assim, e, em primeiro lugar, “a índole pacífica do povo finlandês que se assemelha à do povo brasileiro”.

um merecido Nobel da Paz A história política do presidente Martti Ahtisaari começa com um convite da Direção de Cooperação da Suécia para atuar num projeto educacional no Paquistão. Depois, foi representante diplomático em Moçambique, Tanzânia, Somália, Zâmbia e Namíbia, desempenhando importante papel no processo de independência. Em 1992, presidiu o grupo de trabalho da Bósnia-Herzegóvina na Conferência Internacional sobre a ex-Iugoslávia. Na volta a seu país, os cidadãos da cidade de Oulu propuseram sua candidatura a presidente. Ganhou as eleições por larga maioria, para grande surpresa dos analistas políticos locais. A política econômica que propôs para a Finlândia foi o sustentáculo para o forte apoio popular que desfrutou em seu país. Por seu trabalho na busca de solução para a Guerra do Kosovo, em 1999, Ahtisaari recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2008.

Observado por Mario e Lila Covas, Martti Oiva Kalevi Ahtisaari deixa mensagem no Livro de Tombo

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Mario Covas despede-se do presidente finlandês, após o jantar realizado no Palácio dos Bandeirantes

Renda per capita reforçada A República da Finlândia, cuja capital é Helsinque, ocupa território de 338 mil quilômetros quadrados. As línguas oficiais são o finlandês e o sueco. É dividida em 12 províncias e tem um Parlamento unicameral, composto de 200 membros eleitos por voto direto, para mandato de quatro anos. O chefe de Estado é o presidente da República, com mandato de seis anos. O chefe de governo é o primeiro-ministro. O presidente tem poderes constitucionais para dirigir as relações exteriores, escolher o primeiro-ministro e dissolver o Parlamento. Em 1997, as 200 cadeiras do Parlamento estavam distribuídas entre dez partidos. Dos parlamentares, 67 eram mulheres. As mudanças impostas ao mundo pelo esfacelamento da União Soviética também chegaram à Finlândia. Por manter posição de neutralidade durante a Guerra Fria, o país arcou com a redução de sua capacidade de poupança interna, mas manteve uma renda per capita invejável - 24.700 dólares -, graças a uma

política econômica de austeridade. O Produto Interno Bruto cresceu 4,4%, em 1995, mas o país, como o restante da União Européia, teve problemas com o desemprego, na ordem de 17%. A Finlândia entrou na União Européia como uma das principais parceiras comerciais dos demais países que a compõem. A pauta de importações finlandesa incluía reatores nucleares, equipamentos elétricos, combustíveis, óleos, automóveis e bicicletas, plásticos e derivados, ferro e aço. Segundo estatísticas finlandesas, em 1994, o Brasil ocupava a 23ª posição entre os maiores exportadores e o 39º lugar entre os maiores importadores de produtos da Finlândia. Em 1997, o Itamaraty recomendou intensificação das informações sobre a abertura da economia brasileira e do processo de privatizações para atrair os investimentos finlandeses, fortemente concentrados no Chile. Sugeriu ainda a realização de seminários sobre investimentos e a visita de uma missão comercial a Helsinque.

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O presidente da França, Jacques Chirac, cumprimenta o governador Covas no encontro em São Paulo

Jacques Chirac e a balança Disposto a ampliar o comércio bilateral, o presidente da França e sua comitiva de empresários encontram-se com Covas A balança comercial do Brasil com a França estava desequilibrada quando Jacques Chirac chegou ao país para uma visita de três dias, em março de 1997. No ano anterior, os brasileiros compraram 438 milhões de dólares a mais em mercadorias francesas do que venderam. Mas o presidente francês não estava satisfeito. Chirac queria desbancar os Estados Unidos do posto de principal parceiro comercial do Brasil e estreitar relações entre Mercosul e União Européia. Por isso, trouxe em sua comitiva quase cem empresários, dispostos a fazer negócios por aqui. O que ele não sabia é que o governador

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Mario Covas estava preparado para virar o jogo. Chirac e empresários franceses reuniram-se com Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso, no dia 13 de março, no Hotel Mofarrej-Sheraton. Integravam a audiência 17 executivos de empresas importantes, como Carrefour, Accor e SaintGobain, além do milionário Jean-Luc Lagardère, controlador da Airbus, dono do império editorial Hachette e marido da mineira Betty Lagardère. A seleta platéia ouviu do governador sua visão sobre a conjuntura econômica mundial, marcada pela globalização, e sua esperança de que os problemas históricos de desequilíbrio entre Norte

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e Sul do planeta conseguissem resposta. Pelo menos, o Brasil estava fazendo a lição de casa, esforçando-se para tornar a democracia genuína, inclusiva, tratando de trazer mais gente para o consumo, manter a estabilização monetária e consolidar a abertura externa.

57% acima da média nacional, e era responsável por 40% do volume total de venda a varejo do país. Sobre o esforço de seu governo, Covas afirmou que o Estado tratou de eliminar o déficit público, reduziu o quadro de pessoal e renegociou débitos de forma a restaurar as condições de investir em habitação popular, saúde e educação.

A cara de São Paulo De São Paulo, Covas exibiu o melhor retrato. “O Estado responde por um Produto Interno Bruto de 200 bilhões de dólares, cerca de um terço do PIB nacional. Nele está contida a mais completa rede urbana da América Latina. Suas cidades médias combinam qualidade de vida com infraestrutura moderna e mão-de-obra qualificada”, disse, ressaltando a boa rede de transportes e o aparato tecnológico, entre outros itens favoráveis à atração de novos investimentos. Disse aos franceses que a população paulista, então de 33 milhões de habitantes, contava com renda per capita anual de 6 mil dólares, cerca de

Por fim, o governador Mario Covas discorreu sobre o programa de desestatização e de parcerias com a iniciativa privada como meio de eliminar gargalos de transportes, telecomunicações e energia. “As políticas públicas em São Paulo continuarão a estimular as mudanças. Essa diretriz favorecerá a redução dos custos adicionais de produção criados por ineficiências de qualquer natureza e promoverá a intensificação de relações comerciais com o resto do mundo.” Naquele mesmo dia, Daniel Bernard, diretor do grupo Carrefour, anunciou que aceleraria os investimentos no país, com a abertura de seis novas lojas só no ano da visita de Chirac.

O prefeito Celso Pitta, Chirac, o presidente Fernando Henrique e Covas descerram placa c0memorativa

Empresários de peso A comitiva de Jacques Chirac era composta por presidentes de importantes companhias: Edmond Alphandery, da Electricité de France; Daniel Bernard, do Carrefour; Françoise David, da Compagnie Française d’Assurance pour le Commerce Extérieur; Jérôme Le Carpentier, da Société Anonyme A.C.C.M.; Jérôme Monod, da Lyonnaise des Eaux; JeanPierre Savare, do Groupe François-Charles Oberthur; Jean-Paulo Bailly, da Régie Autonôme de Transports Parisiens; Pierre Bilger, do Grupo GEC-Alsthom; Paul Dubrule, da Accor; Pierre Lescure, do Canal Plus; Jean-Louis Beffa, da SaintGobain; Charles de Croisset, do Crédit Commercial da França; Jean-Luc Lagardère, da Matra Hachette; Yves Michot, da Aérospatiale; Alain de Pouzilhac, da Havas-Advertising, e Guy Vicente, diretor-geral da Société ETA.

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Mario Covas e dona Lila cumprimentam Árpád Göncz e esposa na chegada ao Palácio dos Bandeirantes

Árpád Göncz e o símbolo da integração Ministros, banqueiros e industriais acompanham o presidente da Hungria em almoço com Covas e Lila

O presidente da Hungria Árpád Göncz veio ao Brasil em 1997 com dois objetivos: fortalecer os laços de amizade entre os dois países e constituir relações comerciais bilaterais mais expressivas. Em 4 de abril, o governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas ofereceram um almoço em homenagem ao presidente húngaro e sua esposa, Maria Zsuzsanna Göntér, no Palácio dos Bandeirantes. A comitiva húngara era composta por ministros de Estado, dirigentes de instituições financeiras e empresários dos setores alimentício, de equipamentos petrolíferos e agrícolas, artigos de couro, eletrodomésticos, produtos farmacêuticos e informática.

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No discurso de recepção ao presidente, Mario Covas destacou: “Encravada no centro da Europa, a Hungria tem sido o elo entre dois mundos, mostrando, através da união das cidades de Buda e de Peste, a possibilidade da confluência de vários interesses em um só. Simbolicamente, Budapeste (a capital do país) parece sinalizar à comunidade internacional o caminho da integração”.

Polidos e politizados Os cidadãos húngaros desfrutam de um dos mais altos padrões de vida dos países do Leste

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Europeu. A maioria da população é de classe média, bastante politizada e manifesta elevado grau de cidadania. Descendem principalmente de tribos magiares e ocupam um território de 93.031 quilômetros quadrados no centro-sul da Europa. A Hungria é administrativamente dividida em 19 condados. O Parlamento é unicameral, e a Assembléia Nacional é formada por 394 membros,

dos quais 386 eleitos por voto direto, para mandatos de quatro anos. Exporta máquinas e equipamentos de transporte, alimentos, produtos químicos, vestuário, metais nãoferrosos, ferro e aço, combustíveis minerais e metais manufaturados, e importa máquinas e equipamentos, produtos químicos, petróleo e derivados, fios têxteis, roupas e manufaturas, alimentos, gás natural e metais manufaturados.

De encanador a presidente

Árpád Göncz faz uma observação a Mario Covas antes de sentar-se

Ao nascer em Budapeste, em 1922, Árpád Göncz recebeu o nome do primeiro governante da Hungria, o príncipe magiar Árpád. Era um prenúncio do futuro que o aguradava. Graduado em Direito, Artes e Ciências, foi membro ativo da resistência armada contra a ocupação alemã. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, seu país ficou sob a tutela de Moscou, adotando o comunismo. Sob o novo sistema político, Göncz trabalhou como soldador e encanador.

para o almoço oficial no Salão dos Pratos

Em 1953, morre o ditador Josef Stálin, alterando o rumo político da Hungria e de Árpád Göncz. O país leva ao poder o reformista Imre Nagy, deposto pouco depois pelas forças soviéticas. Em 1956, Göncz participa da rebelião popular, apoiada pelo Exército, que conduz Nagy novamente ao poder. Os soviéticos reagem. Instalam János Kádár no poder (1956-1988), prendem e executam Nagy.

Durante o longo governo Kádár, o país experimentou a estabilidade e o crescimento muito antes de Gorbatchev implementar a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura) no mundo comunista. Foi nessa época que a Hungria passou a viver a plenitude da economia de mercado, abrindo suas fronteiras ao comércio global e ao turismo, destoando assim dos demais países pertencentes à União Soviética. Nesse período, Göncz amargou as penas dos cárceres comunistas por ter participado ativamente da Revolução Húngara, trabalhando na Federação dos Agricultores e unindo-se aos resistentes contra a ocupação soviética. Foi preso e, em 1958, condenado à prisão perpétua. Em 1963, Göncz ganhou a liberdade pela Lei da Anistia. Na segunda metade dos anos de 1980, participou da criação de entidades civis e de partidos políticos. Em 1990, elegeu-se deputado, liderando a Aliança de Democratas Livres, e foi porta-voz do Parlamento em sua sessão de instalação. Elegeu-se presidente da República em 3 de agosto de 1990.

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E a Espanha quer mais

José Maria Aznár, primeiro-ministro espanhol, traz trinta empresários para ampliar negócios no Brasil “Safarad, para os judeus, al Andaluz, para os árabes, Espanha, para os cristãos: são três nomes que designam um só país. Três nomes que demonstram que é na tolerância que se fundamenta toda grande civilização.” Tais palavras fizeram parte do discurso de saudação de Mario Covas ao primeiroministro da Espanha, José Maria Aznár, em 16 de abril de 1997. Naquele dia, o chefe do Executivo espanhol esteve no Palácio dos Bandeirantes, participando de um jantar com empresários paulistas e com representantes da comunidade espanhola de São Paulo. Aznár, que acreditava nas possibilidades de negócio no Brasil, principalmente em São Paulo, trouxe uma delegação com vinte representantes de grandes companhias e dez de pequenas e médias empresas, para fazer contato com o empresariado brasileiro. Já estavam por aqui os hotéis Sol Meliá, os bancos Santander, Bilbao-Vizcaya e Central Hispano e as empresas Carbonell, Gamesa Automotiva Ltda., GTD do Brasil e a CAF-Construção e Auxiliar de Estradas de Ferro.

Trens com ar condicionado

Mario Covas e o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznár, em corredor do Palácio dos Bandeirantes

Logo após a posse como governador de São Paulo, em 1995, Mario Covas firmou acordo entre o governo do Estado e um consórcio de empresas européias, incluindo as espanholas, para a compra de trinta trens com ar condicionado e música ambiente para a CPTM. Covas queria conforto e segurança para o transporte público da periferia da capital.

Diversidade cultural Ladeada pelo mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, a Espanha ocupa uma área de 505.954 quilômetros quadrados, a sudoeste da Europa. Convivem ali mais de 46 milhões de habitantes, entre eles bascos, catalães e galegos, donos de línguas e culturas próprias. Esses povos vivem em três das 17 regiões autônomas da Espanha. O sistema de governo é a monarquia parlamentarista, que possui um Legislativo bicameral com 256 senadores e 350 deputados. As principais cidades são: Madri, a capital, Barcelona, Valença, Sevilha e Saragoza. O turismo é uma importante fonte de divisas do país, dadas as praias, as touradas, os tesouros arquitetônicos de Gaudi e as pinturas de Goya, Picasso, Miró e Salvador Dali.

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Niels Helveg Petersen, ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, em audiência com Covas

Niels Helveg segue o protocolo Ministro das Relações Exteriores da Dinamarca é recebido em audiência pelo governador de São Paulo A visita do ministro das Relações Exteriores da Dinamarca ao Brasil, Niels Helveg Petersen, no início de 1997, foi protocolar. Procedente de Santiago, capital do Chile, ele esteve no país a convite do chanceler brasileiro Luís Felipe Lampreia. Em Brasília, o ministro encontrou-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com ministros da área econômica. Petersen visitou Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, onde foi recebido em audiência pelo governador Mario Covas, no dia 8 de janeiro. O Brasil, na época, era o maior parceiro comercial da Dinamarca na América Latina. Segundo dados do Itamaraty, as relações entre os dois países eram boas e construtivas, e a cooperação bilateral poderia desenvolver-se de modo mais positivo à medida que as expectativas dos dinamarqueses quanto à evolução da economia brasileira fossem se ajustando às novas realidades de mercado. Em 1995, o Brasil importou cerca de 177 milhões de dólares da Dinamarca e exportou 250 milhões de dólares.

Jorge Coelho festeja o Dia de Portugal Ministro português da Administração Interna participa de comemorações lusitanas em São Paulo Foi de cortesia a visita do ministro da Administração Interna de Portugal, Jorge Coelho, recebido pelo governador Mario Covas no dia 9 de junho de 1998, no Palácio dos Bandeirantes. O ministro veio a São Paulo para participar, no dia 10, das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Integravam a comitiva do ministro o embaixador de Portugal, o chefe de gabinete do ministro e o cônsul-geral de Portugal em São Paulo. Portugal ocupa uma área de 91.986 quilômetros quadrados a oeste da Península Ibérica. Sua economia destaca-se pela agricultura, pecuária, pesca, extração de minérios, indústrias de vestuário, calçados, cortiça, química, aparelhos elétricos, cerâmica e polpa de papel. O país produz ainda vinhos e azeitonas, de qualidade reconhecida internacionalmente. Destaca-se como centro turístico graças ao clima mediterrâneo, aos vestígios da presença romana e árabe na região e aos palácios, conventos e monumentos que testemunham seu passado de potência marítima.

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Mario Covas e Jorge Sampaio exibem suas condecorações sob os olhares das esposas Lila e Maria José

Português com e sem sotaque

Na recepção a Jorge Sampaio, presidente de Portugal, Covas expressa com humor a amizade entre brasileiros e lusitanos Ao oferecer um jantar de recepção ao presidente de Portugal, Jorge Sampaio, e sua esposa, Maria José Ritta, em 9 de setembro de 1997, o governador Mario Covas iniciou seu pronunciamento expressando a amizade, o humor e a união que mesclam as relações de portugueses e brasileiros desde os tempos da colonização: “Um amigo português contou-me certa vez que, após fazer compras numa loja, quando já estava indo embora, a vendedora – uma jovem bonita e simpática – comentou: ‘que sotaque bonito o senhor tem’. Não sem alguma irritação, retrucou o amigo: ‘sotaque tens tu, menina,

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eu falo é português’”, disse Covas, provocando gargalhadas na audiência. “Que nos perdoe o senhor Jorge Sampaio se falamos português com sotaque. Mas o fato é que, nestas terras – tão distantes de Lisboa, mas tão próximas do coração lusitano –, nos legaram os colonizadores o patrimônio cosmopolita, o espírito universal e a pluralidade cultural da sociedade portuguesa, que viabilizaram a expansão por cinco oceanos.” “E assim construímos uma nação múltipla racialmente, mas una na identidade e na preservação da cultura herdada dos portugueses”, prosseguiu o governador. “Uma nação que

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sintetizou a linguagem dos primeiros povoadores com a dos primeiros americanos e a dos novos brasileiros trazidos da África.” “Oswald de Andrade, um irreverente homem de letras paulista, apontava como ato inaugural da cultura brasileira a deglutição do bispo Afonso Sardinha, português devorado pelos índios caetés, em 1556. Esse evento radical simbolizaria, da maneira mais íntima, a união entre as duas culturas, entre os dois continentes. Muitos, porém, contestam a tese, ressaltando que, com índios bravos como aqueles, um bispo com aquele nome não poderia ter destino diferente. De

qualquer maneira, estamos aqui comemorando exatamente essa união.” Depois de afirmar que “quando se saúda um presidente, se homenageia aquilo que há de mais nobre em uma nação: o seu povo”, Mario Covas citou como exemplo da excelência do povo português algumas das personalidades famosas mais conhecidas, desde grandes navegadores até eminentes homens de letras, como Fernando Pessoa, Camões e José Saramago. Encerrou sua fala, destacando a trajetória do presidente Jorge Sampaio, marcada pelo esforço em restaurar os valores democráticos, necessários à modernização de seu país.

Troca de honrarias Para renovar e reafirmar os laços de amizade entre São Paulo e Portugal, Mario Covas e Jorge Sampaio condecoraram um ao outro, com as mais altas honrarias de seus governos. Covas recebeu a Ordem do Infante Dom Henrique, no grau de Grã-Cruz, e Sampaio, a Ordem do Ipiranga, também no mais alto grau, de Grã-Cruz. As duas comendas são utilizadas para homenagear aqueles que, com seus méritos pessoais, prestaram relevantes serviços ao país.

Homem de esquerda Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu em Lisboa, em 1939. Participou de movimento estudantil e, como advogado, defendeu presos políticos. Após a Revolução dos Cravos, que pôs fim ao regime ditatorial salazarista em abril de 1974, foi um impulsionador da criação do Movimento de Esquerda Socialista. Em 1978, aderiu ao Partido Socialista e elegeu-se deputado à Assembléia da República por cinco legislaturas. Em 1996, foi eleito presidente de Portugal, no primeiro turno, com 53% dos votos. É autor dos livros A festa de um sonho, publicado em 1991, e Um olhar sobre Portugal, editado em 1995.

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O Príncipe de Orange e o IPT Herdeiro do trono holandês compromete-se a ampliar a colaboração tecnológica com o instituto

Mario Covas recebe Willem-Alexander Claus George Ferdinand, príncipe holandês

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O governador Mario Covas recebeu no Palácio dos Bandeirantes Willem-Alexander Claus George Ferdinand, o Príncipe de Orange, herdeiro do trono do Reino dos Países Baixos, nome oficial da Holanda, no dia 12 de março de 1998. Durante a nobre visita, foi assinada uma carta de intenção entre a Universidade Tecnológica de Delft e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), com o objetivo de aprofundar a colaboração entre as duas instituições.

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Willem-Alexander, nascido em 27 de abril de 1967, em Utrecht, é filho primogênito da rainha Beatrix e do príncipe Claus de Amsberg. Graduou-se em História pela Universidade de Leiden, concluindo mestrado em 1993. É capitão-tenente da Marinha, tenente-coronel do Exército e da Força Aérea e representa a Casa Real Holandesa em eventos oficiais. O príncipe é membro de diversas entidades beneficentes e esportivas dos Países Baixos e patrono do Comitê Olímpico Holandês.

Namoro antigo A origem das relações entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos remonta ao século XVII, quando os holandeses realizaram duas tentativas de se estabelecer na região Nordeste. A primeira, na Bahia, em 1624, o domínio durou pouco. Em Pernambuco, em 1630, levou 24 anos. As invasões eram um empreendimento ligado aos interesses do capitalismo mercantil europeu na América, com o objetivo de recuperar para a Holanda o comércio de açúcar e de escravos, fortemente prejudicados no decorrer do domínio espanhol (1580-1640). Durante esse período, a Holanda enviou seu príncipe Maurício de Nassau ao Brasil para administrar as terras conquistadas.

Dotado de espírito renovador, Maurício de Nassau ganhou a simpatia de parte dos senhores de terras, implantando medidas de estímulo à recuperação de engenhos de açúcar e plantações. Realizou obras de urbanização no Recife, ampliou a lavoura açucareira, desenvolveu fazendas de gado e assegurou a liberdade de culto. Trouxe como colaboradores uma equipe de cientistas e promoveu estudos de História Natural, Astronomia, Meteorologia e Medicina. É também responsável pela vinda de artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, os primeiros a retratar cenas do cotidiano brasileiro. A administração de Maurício de Nassau terminou em 1654, quando os colonos portugueses, apoiados por Portugal e a Inglaterra, conseguiram expulsar os holandeses do Brasil. A partir de 1950, grupos holandeses se instalaram no Brasil e se dedicaram à floricultura, à suinocultura, à produção de laticínios, à avicultura e à citricultura com notável sucesso. No Estado de São Paulo, o município de Holambra destaca-se como um dos redutos importantes de população holandesa no Brasil. Localiza-se na região de Campinas e é conhecido por sua rica produção de flores e plantas. O nome Holambra é um anagrama, formado de Holanda, América e Brasil.

Empresários holandeses de olho em São Paulo Meses depois da visita do Príncipe de Orange, Mario Covas recebeu o primeiro-ministro do Reino dos Países Baixos, Wim Kok, para uma reunião de trabalho. Em 26 de novembro e 1998, o staff governamental chegou com uma comitiva de 80 empresários, conferindo relevante dimensão econômica ao encontro. A visita do primeiro-ministro refletiu o interesse do governo holandês em dinamizar as relações entre os dois países e contribuiu para reforçar a imagem positiva do Brasil nos planos político, econômico e cultural, com a implantação de uma cátedra de estudos brasileiros na Universidade de Leiden.

Países muito baixos Metade dos 41.526 quilômetros quadrados do território da Holanda, no oeste da Europa, fica abaixo do nível do mar. Por isso, foi construído um complexo sistema de diques, aterros e canais para aumentar a área do país, avançando-o sobre o Mar do Norte. Bastante industrializada, a Holanda destaca-se como quarto país produtor de gás natural e é famosa por seus moinhos, que trabalham impulsionados pelos ventos fortes da região. Tem 70% de seu território cultivado, mas importa matérias-primas industriais.

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Mario Covas e o príncipe Albert, de Mônaco, trocam presentes diplomáticos em São Paulo

Albert, um príncipe em São Paulo Então herdeiro do trono de Mônaco, sua alteza veio tratar da construção de uma indústria em Taubaté

Como primeira missão destinada a promover a aproximação sócio-econômica entre Brasil e Principado de Mônaco, o governador Mario Covas recebeu, em 11 de novembro de 1998, a visita de sua Alteza Sereníssima, o príncipe Albert, então herdeiro do trono de Mônaco. O nobre chefiava uma comitiva de ministros e embaixadores, cuja principal agenda foi a assinatura de um contrato para a construção da indústria Mecaplast do Brasil, de capital monegasco, em Taubaté, interior paulista. A fábrica, altamente mecanizada, fornece tecnologia para a produção de componentes de plástico injetado para a indústria automobilística do Mercosul. O príncipe Albert também participou de um seminário na Federação do Comércio do Estado de São Paulo, voltado para aspectos econômicos, comerciais, culturais e turísticos de Mônaco e cumpriu intensa agenda, com vários encontros de negócios e compromissos sociais.

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Faixa preta no trono O príncipe Albert Alexandre Luis Pierre nasceu em 14 de março de 1958, filho do príncipe Rainier III e da bela princesa e ex-atriz norte-americana Grace Kelly, protagonista de Disque M para Matar, filme clássico de Hitchcock. Formado em Ciências Políticas pela Universidade de Amherst, Massachusetts (EUA), é um aficionado por esportes e faixa preta de judô. Recebeu várias medalhas por participação em competições como atletismo, futebol, handebol, judô, natação, tênis, esqui, squash e esgrima, entre outros. É presidente da Cruz Vermelha monegasca, vice-presidente da Fundação Princesa Grace – EUA, que concede bolsas de estudos a jovens talentos no campo das artes, membro de honra do Instituto Internacional de Direito Humanitário, com sede em Genebra, e do comitê de apoio ao World Life Fund, da França. Com a morte de Rainier III, em 2005, assumiu o trono como soberano de Mônaco.

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Acompanhado de secretários de Estado, Covas realiza reunião de trabalho com o príncipe de Mônaco

O segundo menor Estado do mundo Pequeno, o Principado de Mônaco tem apenas 1,95 quilômetro quadrado de território e é o segundo menor Estado do mundo – só perde em tamanho para o minúsculo Vaticano. A capital do país é Mônaco Ville. Por acordo fechado em 1891, a França controla a moeda, a defesa e representa os interesses internacionais de Mônaco. A língua oficial é o francês, embora a população também fale o monegasco, uma mistura do provençal com o dialeto italiano da Ligúria. Monarquia parlamentarista, Mônaco tem como chefe de Estado o príncipe Albert II, da família Grimaldi, desde 2005, e como chefe de governo,

o primeiro-ministro Jean-Paul Proust. O turismo e o setor imobiliário são as grandes forças que movem a economia local. No ano da visita do príncipe Albert a Covas, o orçamento de Mônaco era superavitário há dez anos. No Principado de Mônaco, não há incidência de impostos diretos sobre pessoas físicas. Os recursos do Estado provêm de taxas sobre negócios, rendas aduaneiras, fabricação de cigarros, fósforos, perfumaria, cerâmica e indústrias alimentícias. Mônaco não tem dívida pública e, segundo o consulado no Brasil, jamais um príncipe recorreu a um empréstimo.

Curiosidades monegascas • A família Grimaldi reina há 700 anos. • A data nacional é 19 de novembro, dia de Santo Rainier. • Em 1967, o príncipe Rainier III encampou a Societé Bains de Mer, que controlava o cassino de Monte Carlo, pertencente ao armador grego Aristóteles Onassis. • Segundo o Consulado Geral de Mônaco, no principado não existem pobres. • O príncipe Albert I, pai de Rainier III, foi pioneiro nas pesquisas oceanográficas. • Santos Dumont realizou algumas experiências com o “mais pesado que o ar” em Mônaco. Certa noite, ao tentar um vôo, o aparelho caiu na baía e Santos Dumont foi socorrido pessoalmente pelo príncipe Albert I, seu amigo, que acompanhava o evento. • A Academia Internacional de Turismo nasceu em Mônaco. O principado detém a secretaria da instituição em caráter permanente. Ali é editado, em diversas línguas, o Dicionário Internacional do Turismo. • O Principado possui um time de futebol, o Mônaco. • Nas ruas de Monte Carlo é realizado anualmente o Grande Prêmio de Fórmula 1, o mais famoso evento do país. Os pilotos brasileiros Ayrton Senna e Nélson Piquet, quando atuavam na Fórmula 1, viviam em Mônaco como cidadãos monegascos.

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Um encontro de amigos

Mario Covas e Mario Soares conversam animadamente na sala vip do Parlatino Americano, em 1999

Dois Marios... O Covas, da década de 1930, um brasileiro de Santos, engenheiro civil, líder partidário, deputado federal, prefeito de São Paulo, senador da República e governador de São Paulo. O Soares, dos anos 1920, um português de Lisboa, advogado, líder partidário, primeiro-ministro (1976 a 1978 e 1983 a 1985) e presidente da República (1986 a 1996) de seu país. O Covas foi preso, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos. O Soares foi preso, deportado e exilado na França.

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A admiração de um pelo outro era recíproca. Mario Covas e Mario Soares gostavam de política, respeitavam a democracia, lutavam pela liberdade e viviam pelo bem comum. No último encontro havido entre os dois, no dia 2 de dezembro de 1999, na sala vip do Parlatino Americano, para a solenidade de abertura da 1° Sessão da Comissão Internacional pelos Direitos da Juventude e da Adolescência, da qual Mario Soares foi presidente de honra, o então governador paulista e o ex-presidente português conversaram, como sempre, muito animadamente. O que disseram...

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Mario Covas e Manuel Fraga Iribarne assinam protocolo de cooperação entre a Galícia e São Paulo

Da Galícia, lembranças e protocolo O presidente Iribarne, galego como os antepassados de Covas, fortalece os intercâmbios universitários Expressiva, a comunidade espanhola em São Paulo contava com cerca de 90 mil pessoas, entre imigrantes e seus descendentes, em 1999. Mario Covas, neto de espanhóis galegos da cidade de Pontevedra, era um deles. Com emoção, Covas recebeu o presidente da Junta de Governo da Região Autônoma da Galícia, Manuel Fraga Iribarne, no dia 23 de novembro de 1999. A comitiva, composta por integrantes do governo e empresários, apresentou os cumprimentos do povo galego ao governador paulista, oferecendolhe a medalha de ouro da Galícia.

Durante o encontro, foi assinado um protocolo de cooperação entre a Junta de Governo da Galícia e o governo do Estado de São Paulo, visando promover a assistência mútua no desenvolvimento de atividades relacionadas à União Européia e ao Mercosul. A intenção era a de estimular as relações econômicas bilaterais, fortalecer os intercâmbios universitários e culturais, organizar seminários sobre os temas constantes do protocolo e implantar um programa de formação de bolsistas, destinandoos a órgãos do governo paulista, da Galícia e de suas representações no Mercosul.

Na rota dos peregrinos A Galícia, uma das 17 regiões autônomas da Espanha, situa-se no extremo noroeste da península Ibérica e limita-se com Portugal. Montanhosa e úmida, com litoral recortado por rios, estuários rochosos e amplos, ricos em mariscos, possui uma cultura original, folclore diversificado e língua própria: o galego, que se assemelha ao português. Foi célebre durante a Idade Média devido ao Caminho de Santiago, principal rota de peregrinação européia, entre os séculos XI e XVIII. A região está dividida em quatro províncias: Pontevedra, La Coruña, Lugo e Ourense. Suas construções e espaços mais representativos ficam no interior ou nas imediações da zona que, desde a Baixa Idade Média, esteve delimitada por muralhas: praças, igrejas góticas dos séculos XIV e XV, a Basílica de Santa Maria e o templo de San Bartolomé, que pertenceu à Companhia de Jesus.

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Francisco Weffort, ministro da Cultura, aplaude o cumprimento de Mario Covas e Carlo Azeglio Ciampi

Carlo Ciampi vai à Pinacoteca Presidente da Itália inaugura exposição do pintor Giacomo Balla e lança edição brasileira de jornal de seu país O governador Mario Covas e dona Lila, presidente do Fundo Social de Solidariedade, receberam o presidente da República Italiana, Carlo Azeglio Ciampi e comitiva, em almoço no Palácio dos Bandeirantes, no dia 13 de maio de 2000. À noite, na Pinacoteca do Estado, inauguraram a exposição do pintor Giacomo Balla (1871-1958), um dos fundadores do futurismo e signatário do Manifesto da pintura futurista e do Manifesto

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técnico da pintura futurista, feitos em 1910. Giacomo Balla teve forte influência na Semana da Arte Moderna de 1922 no Brasil. Durante a visita, o governador Covas e o presidente Ciampi também participaram do lançamento da edição brasileira do jornal Corriere della Sera, jornal italiano fundado em 1876 e líder de tiragem naquele país, que seria publicado, em língua italiana, pelo O Estado de São Paulo.

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O intercâmbio cultural entre Brasil e Itália era expressivo, mas não maior do que as trocas comerciais. A Itália manteve-se como o sexto mercado mais importante para as exportações brasileiras nos anos que antecederam a visita de Ciampi. Em 2000, 10 mil empresas italianas

exportavam para o Brasil, enquanto 5,5 mil empresas brasileiras vendiam para a Itália. Segundo o Instituto Italiano para o Comércio Exterior, o Brasil assumiu crescente importância para as operações de grandes grupos empresariais italianos como Fiat, Pirelli e Parmalat.

São Paulo: um pedaço da Itália no Brasil Em seu pronunciamento, o governador Mario Covas disse ao presidente Carlo Azeglio Ciampi que o recebia com alegria “no ano em que o Brasil comemora o seu quinto centenário” e que sua visita iria “estreitar a fraternidade entre países que há muito possuem laços comuns...”, uma vez que “a Itália teve a generosidade de ceder-nos o mais precioso bem de qualquer nação: os seus filhos”. Estimava-se, na ocasião, que residissem no Estado de São Paulo cerca de 5 milhões de italianos e descendentes, somando 23 milhões em todo o Brasil. “Talvez sem qualquer modéstia – e certamente com muito orgulho – nossa capital se considera a maior cidade italiana em todo o mundo. E também a que faz a melhor pizza...”, brincou Covas. Em seguida, assinalou que a cidade de São Paulo “está profundamente marcada pela cultura italiana”, do trabalho às artes. E agradeceu: “Somos especialmente reconhecidos aos capitães de indústria e aos milhares de operários italianos que aqui chegaram para construir o nosso desenvolvimento. E também a seus filhos. Juntos enriqueceram para sempre a cultura brasileira: de Anita Malfatti a Portinari e Volpi, de Camargo Guarnieri a Francisco Mignone, de Lívio a Cláudio Abramo, de Franco Zampari a Adolfo Celli. Pintores, escultores, gente de teatro, arquitetos, intelectuais e cientistas que, a exemplo de Lina Bó e Pietro Maria Bardi, fizeram desta terra a terra nostra, a pátria de todos nós”. Mario Covas destacou a “eloqüência” da democracia italiana pela escolha de Carlo Azeglio Ciampi para a Presidência da República que, não sendo parlamentar e “não alinhado a qualquer partido, foi eleito em primeira votação”. Com uma declaração de amizade entre os dois países, encerrou seu discurso: “Todos os caminhos levam a Roma, porém, o mais seguro, o melhor deles, é o que une a Itália ao Brasil”.

O saneador das finanças Carlo Azeglio Ciampi nasceu em 9 de dezembro de 1920, em Livorno. Formou-se em Literatura em 1941, na Escola Normal de Pisa. Cinco anos depois, graduou-se em Direito, pela Universidade de Pisa. Iniciou sua carreira pública em 1946, na Banca d’Italia (Banco Central italiano), instituição financeira que presidiu entre os anos de 1979 e 1993. De abril de 1993 a maio de 1994, foi primeiro-ministro na transição entre os governos de Giuliano Amato e Silvio Berlusconi. Antes de assumir a Presidência da República, em 1999, exerceu o cargo de Ministro do Tesouro, Orçamento e Programação. Foi um dos principais responsáveis pelo saneamento das finanças públicas e pela adesão da Itália ao euro. Primeiro não-parlamentar eleito a presidente em cinco décadas, Ciampi foi o décimo chefe do Executivo italiano, cargo que exerceu de 13 de maio de 1999 a 15 de maio de 2006. A Constituição italiana de 1948 estabeleceu um parlamento bicameral, que é formado por uma Câmara de Deputados e de um Senado. O sistema executivo é composto de um Conselho de Ministros, encabeçado pelo primeiro-ministro. O presidente da República tem direito a um mandato de sete anos, escolhe o primeiro-ministro, e este propõe os outros ministros, que são aprovados pelo presidente.

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Aos reis da Espanha, com carinho

Brasileiro de sangue espanhol, Mario Covas recebe o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia com um discurso emocionado

O rei Juan Carlos I, Mario Covas, Lila Covas e a rainha Sofia em recepção no Palácio dos Bandeirantes

No dia 12 de setembro de 2000, o governador Mario Covas e sua esposa, dona Lila Covas, receberam o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia da Espanha. O casal real permaneceu em São Paulo durante dois dias. Nesse curto período, os monarcas visitaram a Mostra do Redescobrimento, evento das comemorações dos 500 anos do Brasil, e a Estação Especial da Lapa. Compunham a comitiva membros do governo e séquito de 24 pessoas. Em seu discurso de saudação, Mario Covas falou do povo espanhol, deixando transparecer traços de sua própria identidade e o carinho dedicado aos seus ascendentes que, junto com outras etnias, constituíram a mescla de culturas que compôs a nação brasileira: “Não se sabe bem se

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pela ousadia dos versos ou se pelo atrevimento em verter para o castelhano um trecho das Sagradas Escrituras. Mas conta-se que, no século XVI, frei Luís de Leon – após traduzir o Cântico dos Cânticos, de Salomão – foi despojado de sua cátedra em Salamanca e preso. Libertado após cinco anos de confinamento, imediatamente retornou à famosa universidade. Logo em sua primeira aula, foi falando com toda a naturalidade: Conforme dizíamos ontem...” “Talvez nada revele melhor o caráter espanhol do que estas palavras. Pois aos ibéricos não intimidam as adversidades. Enfrentam-nas, antes, com destemor e galhardia. E, vencida a tribulação, as encaram até mesmo com altivez.”

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“É uma grande honra para todos nós receber a visita de Suas Majestades, o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia, pois os laços que nos unem são tão antigos quanto a própria história de São Paulo. Foi o trabalho de Anchieta, espanhol das Ilhas Canárias, que pacificou os índios do planalto e fez crescer a cidade em torno do modesto colégio dos jesuítas”, disse Covas, emocionado. “Eram espanhóis, igualmente, muitos dos primeiros povoadores... Talvez fidalgos uns, trabalhadores, outros. Tal como fidalgos e trabalhadores se reencontrariam aqui, muitos séculos mais tarde, para, junto com outros povos do mundo, construir uma grande nação.” “Se a linha de Tordesilhas separou um dia as terras de Portugal e de Espanha, em São Paulo ela riscou o traço de união do continente. Pois nossa gente não conheceu fronteira para cumprir a vocação cosmopolita.” “Constrange-me falar da Espanha. Mas, ao mesmo tempo – num sentimento bem espanhol –, muito me orgulha. Porque me honram avós nascidos ali onde a Espanha acaba e o oceano começa. Na Galícia. Em Pontevedra, vizinha a Compostela, onde repousa o discípulo de Cristo e apóstolo da Ibéria – término da jornada de peregrinos que, em todos os tempos, com os pés firmes sobre a terra, mas com os olhos voltados para os céus, para a Via Láctea, buscavam o caminho de Santiago. E o encontravam.”

“Conhecimento e trabalho: estes foram os valores que os espanhóis, mesmo os mais modestos, trouxeram consigo. O saber técnico multiplicado nas fábricas, na agricultura, nos escritórios, nas artes e nas ciências.” No fecho de seu discurso, agradece a contribuição do rei Juan Carlos I à democracia: “Senhor Dom Juan Carlos, não só a Espanha, mas também o nosso continente têm um débito para com Vossa Majestade. Seu firme empenho na defesa da democracia espanhola e na liberdade, este bem que não tem substituto, esta palavra que não tem sinônimo, foi decisivo para que os povos latinoamericanos caminhassem no mesmo sentido, ampliando seus direitos e sua prosperidade.” E deixa também sua mensagem de esperança: “Aguarda-nos o século XXI. Nele reencontraremos a Espanha e o Brasil cada vez mais unidos. Não para viver a luta vã contra os moinhos de vento, mas sim para concretizar o sonho definitivo de Dom Quixote, que é o da preservação dos bons princípios da cortesia, da coragem e da justiça.”

O sonho de Dom Quixote Mario Covas segue em seu discurso discorrendo com paixão os muitos feitos do povo espanhol durante séculos, suas conquistas, suas produções artísticas, sua criatividade em todas as áreas do saber e no trabalho cotidiano. O rei Juan Carlos I e o governador Mario Covas conversam

O monarca tem poder

enquanto aguardam o início da cerimônia oficial

A Espanha é regida por uma monarquia parlamentarista em que o soberano não é apenas uma figura decorativa. O rei é o chefe de Estado, arbitra e modera o funcionamento das instituições democráticas, representa o país nas relações internacionais, sanciona e promulga leis e detém o comando supremo das Forças Armadas. Pode convocar e dissolver Cortes Gerais e convocar eleições. É o rei que propõe o candidato a primeiro-ministro ao Parlamento. Se for aprovado, o monarca o nomeia e pode destituí-lo. O primeiro-ministro chefia o Conselho de Ministros, que exerce o poder executivo.

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Europa Do continente europeu, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:

1995 • Jean-Pascal Delamuraz, vice-presidente e ministro da Economia da Suíça • Philippe Lecourtier, embaixador da França no Brasil

1996 • Marco Formentini, prefeito de Milão, Itália • Artur João Lourenço Vaz, governador de Vila Real, Portugal • Felipe de Borbón y Grecia, príncipe de Astúrias e herdeiro do trono espanhol • Anthony Nelson, ministro do Comércio da Grã-Bretanha

1997 • Oscar Knapp, embaixador da Suíça no Brasil • Claus-Jürgen Duisberg, embaixador da Alemanha no Brasil • Paul Dijoud, embaixador extraordinário da França • Per Christer Magnus Manhusen, embaixador da Suécia no Brasil • Edmund Stoiber, ministropresidente da Baviera, Alemanha • Erhard Rittershaus, vice-prefeito de Hamburgo, Alemanha • César Alba, embaixador da Espanha no Brasil • Miguel Sanz Sesma, presidente de Navarra, Espanha • Michelangelo Jacobucci, embaixador da Itália no Brasil • Bohdan Jastrzebski, governador de Varsóvia, Polônia • Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim, presidente da Ilha da Madeira, Portugal

• José Antônio Ardanza Garro, presidente do País Basco, Espanha • Hiroshi Nagajima, diretor geral da Organização Mundial de Saúde, Suíça • Antônio de Sousa Franco, ministro das Finanças de Portugal

1999 • Frederik Korthals Altes, senador e chefe da delegação de parlamentares da Holanda • Roberto de Sousa Rocha Amaral, vice-presidente do governo dos Açores, Portugal • Angelo Capodicasa, presidente da Sicília, Itália • Patrizia Toia, vice-ministra de Relações Exteriores da Itália • Francisco José Laço Treichler Knopfli, embaixador de Portugal no Brasil • Danilo Türk, embaixador da Eslovênia no Brasil • Roger Bridgland Bone, embaixador da Grã-Bretanha no Brasil

2000 • Piero Franco Rodolfo Fassino, ministro do Comércio Exterior da Itália • John Prescott, vice-primeiroministro da Grã-Bretanha • Jozef Adamec, embaixador da República Eslovaca no Brasil • Vartan Oskanian, ministro das Relações Exteriores da Armênia • John Campbell, embaixador da Irlanda em Portugal e no Brasil • Emil Constantinescu, presidente da Romênia • Juan José Lucas Giménes, presidente de Castilla y León, Espanha

1998 • Ignacio González, vice-ministro da Educação e Cultura da Espanha • Zdenka Kramplová, ministra dos Negócios Estrangeiros da República Eslovaca

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Elias Hraoui no Pequeno Líbano Presidente do Líbano, esposa e filha são recebidos em jantar com a comunidade libanesa de São Paulo

Lila Covas, Elias Hraoui e intérprete, Mario Covas e Mouna Elias Hraoui em jantar no Clube Monte Líbano

O governador Mario Covas e sua esposa dona Lila receberam o presidente do Líbano, Elias Hraoui, sua mulher, Mouna Elias Hraoui, e a filha do casal, Reina Hraoui Hajjal, no dia 4 de setembro de 1997, em jantar de confraternização no Clube Monte Líbano, com a presença de representantes da comunidade libanesa radicada em São Paulo. Em seu discurso, o governador Mario Covas saudou o presidente Hraoui e o povo do Líbano, afirmando que o Brasil muito se orgulha da contribuição que cerca de 6 milhões de libaneses e descendentes

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deram à formação da sua nacionalidade. Uma comunidade que, pelo seu número, e em que pese a vastidão do nosso território, “pode nos levar a ser chamados de Pequeno Líbano. Porque Grande Líbano é aquele que, confinado entre as altas montanhas e o Mediterrâneo, conquistou o mundo pelo comércio, pela cultura, pelo valor de seu povo”, assinalou o governador. “Brasileiros e libaneses estavam mesmo condenados a firmar uma grande amizade. Afinal, aqui, como no Líbano, em São Paulo como

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em Zahle, encontramos a mesma sociabilidade, o mesmo espírito cordial, a mesma alegria e doçura de viver. Até mesmo quando os tempos se apresentam amargos. E foi com sonhos, com muitos sonhos e o firme desejo de concretizálos, que aqui aportaram aqueles que, talvez considerando-se os últimos, mostraram estar entre os primeiros de sua nova pátria.”

Um homem de paz Prosseguindo seu discurso, Mario Covas mostrou seu contentamento em receber o presidente do Líbano: “É uma satisfação, também, porque o presidente Hraoui é uma personalidade forjada na experiência solidária do movimento cooperativista. Uma personalidade temperada pelo espírito de tolerância, que o fez um destacado articulador da ampla participação política das 18 comunidades religiosas que compõem a nação libanesa. Uma personalidade, enfim, profundamente comprometida com o processo de construção da paz em seu país e no Oriente, e, por isso mesmo, comprometido

com a paz mundial. Solidariedade, tolerância e paz: estes são anseios de todos os povos. Estes são o fundamento da prosperidade das nações. Estas são as marcas que o presidente Elias Hraoui gravou na história de seu país”. O governador citou em sua fala um dos grandes pensadores libaneses, Kalil Gibran Kalil (18881931). “‘Grande cantor é aquele que canta os nossos silêncios’. Este pensamento, que contém uma sabedoria milenar, nos remete à nossa própria subjetividade. Mas evoca também a daqueles que nos precederam e que o tempo calou. Mas tem um lado pragmático, também, pois alerta para o fato de que muitas vezes o silêncio é mais eloqüente do que o discurso.” Ao encerrar seu pronunciamento, o governador Mario Covas disse: “Na lembrança de todos os que trabalharam e trabalham pela amizade entre o Brasil e o Líbano, manifestamos, em nome do povo de São Paulo, a alegria de ter vossas excelências entre nós, desejando-lhes que aqui tenham uma boa estada”.

A Ordem do Cedro No encontro com Elias Hraoui, o governador Mario Covas foi agraciado com a Ordem do Cedro, uma honraria outorgada àqueles que prestam relevantes serviços por longo período ao país, a grandes instituições nele existentes e a autoridades julgadas dignas da distinção. É a mais alta condecoração do governo libanês, concedida apenas por seu presidente.

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A luta de Rafic Hariri Primeiro-ministro do Líbano busca apoio em São Paulo para a reconstrução de seu país O primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, esteve em visita a São Paulo no dia 13 de junho de 1995. Em seu discurso de boas-vindas a Hariri, o governador Mario Covas falou da luta pela reconstrução daquele país e a obstinação de seu povo radicado em terras paulistas. “A reconstrução do Líbano, após quinze anos de guerra, luta que o ministro Hariri persegue com determinação, certamente encontrará os apoios necessários numa colônia que já conta com mais de seis milhões de pessoas. E mais ainda: encontrará simpatias, entre os inúmeros empresários que saberão reconhecer no Líbano – tradicional centro comercial e financeiro do Oriente Médio – um país empreendedor”, disse o governador. O primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, e o governador Mario Covas cumprimentam-se no Hall Monumental do Palácio

A participação do Brasil no projeto de reconstrução do Líbano, segundo Covas, poderia se estender aos setores de eletricidade, do petróleo, do transporte urbano, do metrô, das rodovias, da engenharia de trânsito, do asfaltamento, da instalação de redes elétricas, da telefonia e do saneamento básico. “Vale dizer, Brasil e Líbano têm tudo para serem excelentes parceiros, apoiando-se mutuamente em arrojadas empreitadas. Por isso mesmo, quero saudar, na figura do primeiro-ministro Rafic Hariri, a obstinação dos estadistas que dão tudo de si para que seu país prospere”, completou.

Obuchi celebra 90 anos de imigração Ministro japonês participa das comemorações da comunidade nipo-brasileira em São Paulo Governadores e deputados japoneses fizeram parte da comitiva do governo do Japão, acompanhando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Keizo Obuchi, ao Brasil, para as comemorações dos 90 anos da imigração japonesa. Em 21 de junho de 1998, o governador Mario Covas e dona Lila receberam a delegação para um almoço no Palácio dos Bandeirantes, além de representantes da comunidade nipo-brasileira. Mario Covas saudou o ministro e comitiva, registrando “um triplo agradecimento” ao governo japonês. “Em primeiro lugar, à generosidade com que o Japão abriu mão de pessoas que, há noventa anos, para cá vieram. E que aqui ajudaram a construir uma grande nação”. Agradeceu depois “à verdadeira parceria que o governo e as empresas japonesas estabeleceram com o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso país, nele investindo mais de cinco bilhões de dólares”. E finalizou, brincando com os convidados: “Quero cumprimentar o Japão por estar participando, pela primeira vez, da Copa do Mundo. Por aqui, futebol é uma paixão nacional, e como todos sabem, sou torcedor do Santos Futebol Clube, time que já contou com o craque japonês Kazu ...E por ele, registro o terceiro agradecimento.”

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Li Lanqing, o terceiro homem da China Vice-primeiro-ministro chinês veio a São Paulo em busca de novos negócios com os brasileiros Uma comitiva de 68 pessoas, incluindo autoridades governamentais e 37 representantes de setores econômicos e empresariais, acompanhou o viceprimeiro-ministro do Conselho de Estado da República Popular da China, Li Lanqing, e esposa, em visita oficial ao Brasil. Em São Paulo, foram todos recebidos pelo governador Mario Covas, em 7 de maio de 1997, no Palácio dos Bandeirantes. O objetivo do encontro era manter contato com autoridades e empresários brasileiros, visando estreitar as relações comerciais. Na ocasião, Lanqing era o terceiro homem na hierarquia chinesa, responsável pelo comércio nacional e internacional e pelo setor de educação. Era um dos seis vice-ministros de Estado, encarregado da administração pública chinesa, cujos interesses passam pelo comércio exterior, comércio interno e engenharia, promoção de investimentos, metalurgia e siderurgia, farmacologia, indústrias automotiva e leve, transporte marítimo, equipamentos agrícolas e indústria florestal. Na época, considerando o interesse dos chineses pelo Brasil, o governo paulista elaborou um estudo com o objetivo de promover uma missão comercial prospectiva à China, liderada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, e integrada por membros da Federação das Indústrias e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. A intenção primordial consistia em ampliar a pauta de exportações brasileiras, concentrada em matérias-primas, para produtos manufaturados.

Li Lanqing, vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, cumprimenta Mario Covas

Os negócios bilaterais Nos anos que antecederam a visita de Li Lanqing, houve forte crescimento do comércio entre Brasil e China. Em 1992, por exemplo, o volume total negociado foi de 557 milhões de dólares, passando, em 1995, para 2,243 bilhões. Os dados parciais de 1996 mostravam um aumento de 21,27% nas exportações brasileiras para a China e redução de 2,1% nas importações, em relação a 1995. Desde o comunicado conjunto sobre o estabelecimento das relações diplomáticas, de 1974, o Brasil e a China assinaram dezenas de acordos bilaterais nas áreas econômica, científica, tecnológica, cultural e educacional, entre outras.

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Princesa Sayako, delicadeza e tradição Única filha mulher de Akihito, imperador do Japão, a jovem princesa participou das comemorações do Tratado de Amizade

A princesa Sayako brinda com Covas durante comemoração do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão

Simpatia e simplicidade, combinando delicadeza e tradições de um povo milenar. Essa poderia ser a síntese da passagem da princesa Sayako pelo Estado de São Paulo, representando a Casa Imperial do Japão, nos eventos comemorativos do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão. A princesa Sayako, única filha mulher do imperador Akihito e a caçula do casal imperial, tinha 26 anos quando foi recebida, no dia 8 de novembro de 1995, pelo governador Mario Covas.

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Em cerimônia de boas-vindas, o governador paulista saudou a jovem princesa, sua pátria e seu povo: “Gostaria de saudar, na pessoa de Sua Alteza Imperial, Princesa Sayako, o extraordinário povo japonês. Um povo que revolucionou o modo de produzir contemporâneo e converteu a ‘civilização do desperdício’ dos anos 1970 em uma ética da qualidade e da parcimônia. Não é sem razão que conceitos como o do toyotismo e o do controle da qualidade total entraram no vocabulário mundial.”

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A cerimônia do chá

A presença japonesa em São Paulo foi um dos destaques da fala de Covas. “Aprendemos a reverenciar a cultura japonesa, não somente em função de seus êxitos reconhecidos mundialmente, mas também em função das cinco gerações de descendentes de imigrantes japoneses aqui radicados. Dos 240.000 que imigraram nesses exatos cem anos, seus descendentes hoje somam cerca de 1.400.000 pessoas – a maior população nipônica fora do Japão. Esta última referência, aliás, basta para demonstrar o quão correto e visionário foi o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, firmado em Paris, pelo Japão e o Brasil.” Ao encerrar seu pronunciamento, o governador manifestou o desejo de ver intensificadas as trocas comerciais com o Japão. “Acredito que a comemoração do centenário do Tratado pode constituir-se num marco para uma virada nas relações econômicas nipo-brasileiras. Pois o volume atual de intercâmbio ainda é modesto.”... “O estreitamento dos laços entre os dois países encontra razões na própria complementaridade das duas economias. Ademais, assenta-se na velha parceria que o Tratado centenário inaugurou, gerando frutos de longa maturação.”

Como parte dos eventos comemorativos do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, vieram ao país Sen Sôshi, mestre em chadô (cerimônia do chá), e a princesa Masako, sua esposa. Masako é a segunda filha do príncipe Takahito Mikasa, tio de Akihito, imperador japonês, e formou-se em Direito. Sen Sôshi preside a Fundação Urasenke do Japão, guardiã e promotora da cultura japonesa. A cerimônia do chá foi escolhida para a comemoração do centenário porque, dentro das milenares tradições do país, eleva o sentimento cultural dos japoneses. Além disso, o momento coincidia com a campanha de fraternidade universal instituída no Japão, cujo lema era: “A paz mundial, a partir de uma xícara de chá”, que mobilizou os membros do Centro de Chadô Urasenke (Arte do Chá Urasenke) do Brasil. A cerimônia foi realizada em Brasília, no Senado Federal, e em São Paulo, no MASP - Museu de Arte de São Paulo e no Palácio dos Bandeirantes. No dia 27 de outubro de 1995, o governador Mario Covas conheceu e participou do ritual do chadô e foi agraciado com um vaso de estanho e uma peça em porcelana, ambos utilizados na cerimônia do chá. Durante as festividades, houve o lançamento de um livro e uma exposição sobre a Arte do Chá, que assinala a expansão do Chadô no Brasil, graças ao professor Sokei Hayashi, o primeiro professor residente em nosso país, enviado pela Urasenke Foundation, em 1978.

Sen Sôshi realiza a cerimônia do chá com a atenção da esposa, princesa Masako, e de Mario Covas

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Da terra do sol nascente chega o Casal Imperial O imperador Akihito e a imperatriz Michiko, do Japão, almoçam ao som de harpa com Mario e Lila Covas

Michiko e Akihito, Mario e Lila Covas posam para a foto oficial da visita imperial no Salão dos Despachos

O casal imperial do Japão, Akihito e Michiko, visitou o Brasil em junho de 1997. Era a primeira visita de um imperador japonês ao país, uma vez que, nas duas vezes anteriores em que aqui esteve, em 1967 e 1978, Akihito ainda era o príncipe herdeiro, aspirante ao trono. A visita imperial foi um sinal da importância que o Japão dá a seu relacionamento com o Brasil. Mesmo sem uma agenda de compromissos comerciais, Akihito e Michiko representaram o interesse do governo e dos empresários japoneses pelo país. Em sua passagem por Belém, no Pará, o casal imperial revelou sua preocupação com a ecologia, chegando a expressar seu desejo de que a região amazônica possa se desenvolver em harmonia com o meio ambiente.

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Uma singela homenagem Em 5 de junho de 1997, Mario Covas e dona Lila receberam o casal imperial para um almoço no hall monumental do Palácio dos Bandeirantes. Durante a refeição, o som ambiente vinha de uma harpa. No repertório, músicas japonesas, executadas por uma jovem brasileira, que foi buscar na memória da imperatriz seus dias de infância e juventude. Michiko, emocionada e agradecida, pediu bis. Não menos emocionante foi o discurso do governador paulista, que, com certeza, ficou na memória de todos que lá estavam. No pronunciamento, Mario Covas saudou os

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Peixes e piano no cotidiano real

imperadores: “Estão aqui, majestades, os descendentes daqueles corajosos homens e mulheres que cruzaram oceanos, e, espalhandose pelos mais remotos rincões do seu novo país, desbravaram sertões e abriram cidades...” “Estão aqui os filhos, os netos e os netos dos netos daquelas pessoas determinadas que, com o arado e a enxada, com os conhecimentos acumulados em milhares de anos de cultura e civilização, criaram tantas riquezas neste novo mundo, desenvolvendo nossos campos e nossas cidades, fazendo prosperar as empresas, as artes, a universidade...” “Que desta manhã brasileira, em que tantas emoções se encontram, chegue ao outro lado do mundo, ao Japão, o eco dos votos de boas-vindas de todos os brasileiros ao imperador Akihito e à imperatriz Michiko.”

O imperador Akihito nasceu em Tóquio, em 23 de dezembro de 1933. Ascendeu ao trono em janeiro de 1989, com a morte de seu pai, o imperador Hiroito. Estudou no Departamento de Política e Economia da Universidade de Gakushuin e, em 1953, realizou uma viagem de conhecimento por 14 países da Europa Ocidental e pela América do Norte. O imperador é um estudioso de ictiologia, parte da zoologia dedicada aos peixes. Em 1959, casou-se com Michiko Shoda, filha mais velha do industrial Hidesaburo Shoda. A imperatriz Michiko nasceu em Tóquio, em 20 de outubro de 1934. Em 1953, entrou para a Universidade do Sagrado Coração, instituição de ensino superior católica japonesa para mulheres, onde formou-se bacharel em literatura inglesa. Em 1959, o Conselho da Casa Imperial deu o consentimento unânime para a realização do seu casamento com o então príncipe Akihito. Michiko acompanha o imperador em todas as suas viagens. Tem por hobbies tocar piano e harpa, bordar, tecer e executar trabalhos manuais. Aprecia especialmente flores e literatura. Contrariando as tradições, Akihito e Michiko cuidaram da criação dos três filhos pessoalmente, para manter mais estreitos os laços familiares.

Covas e os imperadores do Japão assistem à final do campeonato paulista no Morumbi

A pedido do imperador Apaixonado por futebol, principalmente pelo futebol brasileiro, o imperador Akihito pediu apenas uma coisa. Queria conhecer um estádio em dia de jogo. Pois bem, lá foi sua majestade, acompanhado pela imperatriz e o casal Mario e Lila Covas ao estádio do Morumbi. O programa não poderia ter sido melhor: casa cheia com Corinthians e São Paulo na final do campeonato paulista. Além do futebol, os imperadores apreciaram o espetáculo das torcidas.

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LG e Hyundai na bagagem coreana Empresas anunciam investimentos no Brasil durante a visita de Kim Young Sam, presidente da Coréia O presidente da República da Coréia, Kim Young Sam, foi recebido pelo governador Mario Covas, em 10 de setembro de 1996. Veio acompanhado de uma comitiva de 41 empresários, todos dispostos a fechar negócios bilaterais. A melhor notícia dessa visita foram os investimentos de peso que duas grandes empresas coreanas, a LG Electronics e a Hyundai, anunciaram para o Brasil.

Nessa data, a LG planejava também investir 100 milhões de dólares em São Paulo, até 2003, na implantação de uma indústria com produção anual de 1,5 milhão de televisores, 400 mil videocassetes e 400 mil fornos de microondas. Segundo seu porta-voz, Chung Jae Yup, o Brasil estava destinado a ser o centro de todas as operações da empresa na América Latina.

A LG declarou que pretendia construir uma subsidiária em São Paulo, em terreno oferecido pelo governo paulista. Os primeiros 85 milhões de dólares de investimento destinavam-se à instalação de uma fábrica de monitores de TV, com sede em Taubaté, já no ano seguinte. Projetava-se empregar cerca de 400 pessoas e produzir inicialmente 400 mil unidades, devendo chegar a 3 milhões de unidades até o ano 2000.

A Hyundai, segundo maior grupo industrial coreano, programava naquele momento empregar no Brasil metade dos 3,38 bilhões de dólares que pretendia investir na América Latina na construção de fábricas, usinas de energia e obras de infra-estrutura, como estradas e gasodutos. Uma das suas intenções era comprar 5% das ações da Companhia Vale do Rio Doce e construir uma fábrica com parceiro local.

O governador Mario Covas cumprimenta o presidente da República da Coréia, Kim Young Sam

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As garras do tigre asiático Localizada no nordeste da Ásia, a República da Coréia (ou Coréia do Sul) nasceu da divisão da península coreana, depois da Segunda Guerra Mundial. Até então, tinha compartilhado dois mil anos de história com a República Democrática Popular da Coréia (Coréia do Norte), uma república parlamentarista de modelo socialista. A República da Coréia é um dos chamados tigres asiáticos, países que tiveram grande crescimento econômico de 1960 a 1990, graças à agressividade de sua política de atração de capitais e à aliança de interesses entre governo e grandes grupos industriais. Os conglomerados dividiam entre si os contratos estatais e contavam com o socorro do governo para detonar concorrentes incômodos. Em 1997, a Coréia controlava 45% do mercado mundial de construção naval, era o segundo maior fabricante de microprocessadores para computador e usufruía de uma renda per capita anual de 10 mil dólares.

A intérprete coreana assegura o bom humor na conversa entre o presidente Kim Young Sam e Mario Covas

Um recordista no poder Kim Young Sam nasceu em Koje-gun, em 1927. Formou-se em Filosofia e Ciência Política pela Universidade Nacional de Seul. Em 1954, filiado ao Partido Liberal, foi eleito para a Assembléia Nacional. Nesse mesmo ano, quando o presidente Syngman Rhee começou a recorrer a táticas escusas para que a Constituição fosse revisada e ele pudesse concorrer a um terceiro mandato, Kim Young deixou o partido do governo e passou para a oposição, lutando pela democratização da Coréia. Sam bateu alguns recordes na área política: foi a pessoa mais jovem a ser eleita para a Assembléia Nacional, a que se elegeu mais vezes (nove) para a Assembléia e como presidente de um partido de oposição.

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O presidente da Índia, Kocheril Narayanan, e Mario Covas cumprimentam-se efusivamente

Kocheril Narayanan vem em missão política O governador de São Paulo recepciona o presidente da Índia, ressaltando a visão humanista de seus líderes Mario e Lila Covas ofereceram um jantar ao presidente da Índia, Kocheril Raman Narayanan, no dia 7 de maio de 1998, no Salão dos Pratos do Palácio dos Bandeirantes. O presidente indiano estava acompanhado por sua esposa, Usha, pela filha, Chitra, e comitiva oficial. Na ocasião, o governador de São Paulo fez um discurso em que ressaltou a importância da Índia pela espiritualidade com que influencia o mundo e pela visão humanista e profunda de seus grandes líderes. Valorizou também a amizade entre os dois países, destacando a convergência de ideais apresentados em foros internacionais, e propôs a expansão das relações comerciais bilaterais. Em seguida, Mario Covas abriu as portas da capital paulista para um comércio mais intenso e mais equilibrado com os indianos.

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Segundo o Itamaraty, a visita do presidente indiano teve conotação nitidamente política. Dois anos depois de receber o presidente Fernando Henrique Cardoso - em janeiro de 1996 -, a Índia respondeu ao interesse que o Brasil finalmente demonstrou em elevar as relações entre os dois países a um novo patamar. O comércio bilateral entre Brasil e Índia registrou importantes transformações, especialmente a partir de 1991. As importações de produtos indianos passaram de 2,69 milhões de dólares, em 1987, para 227,8 milhões de dólares, em 1997. Em contrapartida, a Índia importou cada vez menos do Brasil nesse mesmo período. Uma das razões desse movimento era que a Índia beneficiava ao máximo sua indústria de transformação. Por isso, tornou-se importadora basicamente de

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Palavras de Covas a Narayanan

matérias-primas, insumos e bens de capital, e exportadora de produtos manufaturados e semimanufaturados. Outro fator importante era que o mercado brasileiro conhecia pouco o mercado indiano para atuar em melhores condições. O governo e os empresários indianos dedicaram grandes esforços para colocar seus produtos no Brasil. Promoveram encontros empresariais, criaram eventos, participaram de feiras, como a Fenasoft, e instituíram uma política agressiva de exportações, empreendidas pelo ConsuladoGeral da Índia, criado em abril de 1996, em São Paulo, com a finalidade de gerar negócios.

“Barhat para o seu povo. Índia, para todos nós... Mãe pátria das grandes religiões e de ilustres pensadores como Gandhi, Tagore e Jawaharlal Nehru, que marcaram profundamente este século. Apóstolo da não violência, Gandhi afirmava a precedência da verdade e dos princípios éticos em todas as ações humanas, inclusive na atividade política... De Nehru veio o modelo de um líder verdadeiramente democrático que, consolidando a independência do seu país, defendeu a política de não alinhamento, denunciando a Guerra Fria e a polarização do planeta entre as grandes potências. Rabindranath Tagore marcou profundamente a poesia moderna. Prêmio Nobel de Literatura de 1913, destinou os recursos recebidos à escola que criou e na qual se mesclavam métodos de ensino indianos e ocidentais. A Índia está presente no Brasil desde o seu descobrimento pelos portugueses. Um feliz engano desviou a frota de Pedro Álvares Cabral do seu rumo. E cá viemos nós. Mas a amizade entre nossas nações vai mais longe. E se manifesta na identidade de pontos de vista em foros internacionais, como a ONU e o GATT e, também, em expressivo intercâmbio comercial.”

Dona Lila, Kocheril Narayanan, Covas e Usha Narayanan brindam antes do jantar no Palácio dos Bandeirantes

Um pária na Presidência O presidente Kocheril Raman Narayanan foi o primeiro membro da casta dos intocáveis ou párias - a mais baixa na milenar escala social hinduísta - a ocupar a chefia de Estado da Índia. Elegeu-se em 1997 com 95% dos votos dos quase cinco mil membros dos legislativos federal e estaduais. Sua ascensão à Presidência foi o acontecimento histórico que marcou a natureza laica do Estado indiano.

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Xanana Gusmão agradece aos brasileiros Líder de Timor Leste participa de reunião de trabalho com Covas e secretários de Estado de São Paulo

Xanana Gusmão (no centro à esq.) e Mario Covas em reunião com secretários de Estado e parlamentares

A convite do governo brasileiro, o líder timorense Xanana Gusmão esteve no país, em abril de 2000. Nessa primeira visita, Xanana veio agradecer os esforços das autoridades do Brasil na ajuda à viabilização social e econômica do futuro Estado do Timor Leste. No dia 3, visitou Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes, onde participou de uma reunião de trabalho com a presença de secretários de Estado e parlamentares paulistas.

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Na ocasião da visita feita a São Paulo, José Alexandre de Xanana Gusmão presidia o Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT), entidade que governou o território antes da formalização do Estado timorense, e era membro do Conselho Consultivo Nacional da Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (Untaet), que aprovou a independência do país do domínio da Indonésia.

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O Brasil estava vinculado ao Timor Leste por afinidades de caráter cultural, histórico e lingüístico. Segundo o Itamaraty, na época, essas afinidades conferiam legitimidade à ação diplomática brasileira, orientada para a obtenção de uma solução internacionalmente aceitável para a questão do território.

Libertação Nacional de Timor Leste (Falintil), membro da Comissão Política Nacional do CNRT, e do Conselho Consultivo Nacional/Untaet; Roque Rodrigues, embaixador e chefe de gabinete de Xanana Gusmão, membro da comissão executiva do CNRT e embaixador de Timor Leste em Angola; senhora Paulo Pinto, assistente-executiva do gabinete de Xanana Gusmão.

Fizeram parte da comitiva timorense Taur Matan Ruak, vice-comandante das Forças Armadas de

De colônia a Estado independente Timor Leste, cuja capital é Dili, ocupa a parte oriental da ilha de Timor, na Ásia. A ilha tornou-se colônia de Portugal em 1514 e permaneceu assim até que os holandeses, em 1651, conquistassem Kupang, no extremo ocidental do Timor, dividindo a ilha. Em 1945, as Índias Orientais Holandesas declararam unilateralmente sua independência e tornaramse a República da Indonésia. O Timor Ocidental, então, passou a fazer parte integrante do novo Estado. O Timor Leste ficou sob jurisdição de Portugal e, em 1960, foi considerado pela ONU território não-autônomo sob administração portuguesa. Mas a revolução de abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, reconheceu o direito à autodeterminação das colônias. A liberdade durou até a invasão pela Indonésia, em dezembro de 1975. Depois de várias negociações entre Portugal e Indonésia, Brasília de Arruda Botelho e o Cel. PM Olavo Sant’Anna em maio de 1999 firmaram-se acordos para a consulta Filho recebem o timorense Xanana Gusmão popular sobre o futuro político do país. A população aprovou a independência da região, com 78,5% dos votos, que foi aceita por Jacarta, em setembro. A violência na ilha, porém, não pôde ser coibida. A reorganização de Timor Leste passou a ser administrada pela ONU, dirigida pelo diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo. O Brasil participou ativamente do processo de votação, enviando peritos eleitorais, observadores policiais e oficiais de ligação. Também colaborou indicando profissionais e técnicos para a estruturação da administração pública e do sistema judiciário do novo país. Em 20 de maio de 2002, Timor Leste tornou-se totalmente independente.

Namoro na cadeia José Alexandre Xanana de Gusmão nasceu no Timor Leste, em 1946. Prestou serviço militar e, depois da retirada de Portugal da ilha, em 1975, aderiu à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin). Entrou para a clandestinidade quando a Indonésia invadiu a ilha, foi preso e condenado. Na prisão, conheceu a australiana Kirsty Sword, com quem viria a se casar mais tarde. Foi libertado em 1999. Quando visitou o Brasil, era responsável pela Comissão Política Nacional e Comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste (Falintil), entre outros cargos. Em dezembro de 1999, Xanana Gusmão recebeu o Prêmio Sakharov por sua luta em defesa dos direitos humanos. Foi eleito presidente de seu país em 2002.

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Taiwan abre as portas para o mundo O Estado de São Paulo foi escolhido para a realização de encontros comerciais, industriais e de investidores

Chen Ruey-Long, representante de negócios estrangeiros de Taiwan, troca presentes com Mario Covas O ano de 1999 foi especialmente importante para o estreitamento das relações entre o Brasil e Taiwan. Em São Paulo, foram realizados eventos comerciais relevantes, como o Encontro da Câmara Mundial Taiwanesa de Comércio e o 22º Encontro de Empresários Chineses, do qual participaram comerciantes, industriais e investidores de origem chinesa residentes nas principais cidades da América do Norte, Europa e Ásia. Em março de 2000, o governador Mario Covas recebeu os integrantes da missão comercial de Taiwan, liderados por Chen Ruey-Long, diretorgeral do escritório de negócios estrangeiros do Ministério da Economia e Negócios da Ilha de Taiwan, ex-Formosa. A missão foi organizada pelo China External Trade Development Council (Cetra), organização semi-governamental, sem fins lucrativos, constituída para a promoção do comércio de Taiwan com o resto do mundo. O grupo esteve no Brasil para incrementar negócios e investimentos industriais em São

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Paulo e realizar a reunião conjunta BrasilTaiwan, da qual participaram representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de sua congênere taiwanesa, a Chinese National Association of Industry and Commerce.

Uma relação delicada Taiwan ou República da China, de economia capitalista, se considera um Estado independente. Mas a República Popular da China, comunista, a reivindica como um território rebelde. Em 1974, o Brasil rompeu relações diplomáticas com Taiwan, reconhecendo a República Popular da China como único governo. Taiwan não é membro da ONU ou de qualquer organização internacional reservada a Estados. Entretanto, poderá ser admitida na Organização Mundial de Comércio como uma economia, sob a denominação de Chinese Taipei. Brasília e Taipé, capital de Taiwan, mantêm um Escritório Econômico e Cultural, sem status diplomático.

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Vietnamitas na Embraer Acompanhado de uma comitiva de 70 pessoas, Le Duc Anh, presidente do Vietnã, visIta São José dos Campos

Le Duc Anh, presidente do Vietnã, foi recebido pelo governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas no dia 11 de outubro de 1995. Além da esposa, Vo Thi Le, o presidente trouxe uma delegação de 70 pessoas, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, o Chefe da Casa Civil, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, o vice-ministro do Interior, o vice-presidente da Comissão Estatal de Planejamento e o viceministro de Comércio. Em São José dos Campos, o presidente e sua comitiva visitaram a Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer) e o Centro Técnico Aeroespacial (CTA).

Le Duc Anh e Mario Covas, dona Lila e Vo Thi Le trocam presentes diplomáticos

Sempre na luta Localizada no sudeste da Ásia, a República Socialista do Vietnã faz divisa com a China, o mar da China Meridional, o Camboja e o Laos. Sua história caracteriza-se por lutas constantes, como os dez anos de guerra com os Estados Unidos, na busca da identidade nacional e da independência. O processo de abertura econômica começou com a promulgação de uma nova Constituição, em 1992.

Cingapurianos na Fiesp Goh Chok Tong, primeiro-ministro da República de Cingapura, encontra-se com empresários paulistas Em 12 de setembro de 2000, o governador Mario Covas recebeu o primeiro-ministro da República de Cingapura, Goh Chok Tong. Na companhia do presidente estavam o ministro das Relações Exteriores, o ministro da Justiça e o embaixador de Cingapura no Brasil. No mesmo dia, a delegação cingapuriana esteve com o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alcides Tápias, e almoçou com empresários paulistas na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Cingapura, cuja capital tem o mesmo nome, é um país insular, situado no sudeste asiático, na extremidade meridional da península Malaia. Compõe o grupo dos tigres asiáticos, países da região cujas economias têm obtido um rápido desenvolvimento com políticas agressivas. É uma república parlamentarista e um dos principais centros financeiros internacionais.

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Japan Bank financia projeto do rio Tietê Mario Covas reúne-se com representante da instituição para prestar contas e ampliar a parceria

Representantes do Japan Bank posam para foto com Covas, após acerto de contas de financiamento Em 12 de novembro de 1999, o governador Mario Covas recebeu em audiência o representante, no Brasil, do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Noriaki Kishimoto, acompanhado pelo cônsul-geral do Japão em São Paulo, Takaaki Kojima. Discutiu-se a utilização do saldo remanescente do empréstimo relativo ao projeto do rio Tietê. Dos 49,4 bilhões de ienes (559,48

milhões de dólares) para a realização da fase I do projeto – alargamento e aprofundamento do leito do rio, canalização e construção de barragens – restavam 33 bilhões de ienes. Esses recursos foram pleiteados para a realização da fase II do projeto: ampliação e rebaixamento da calha do rio Tietê. Mario Covas prestou contas e apresentou novos projetos para financiamento.

Keidanren e Fiesp, encontro de gigantes Altos executivos das maiores empresas japonesas visitam o governador e empresários paulistas No dia 24 de março de 1997, membros da Keidanren, entidade de classe que reúne a maior parte das empresas do Japão e representa 70% do Produto Interno Bruto do país, avaliado, em 1996, em mais de 4 trilhões de dólares, estiveram em São Paulo. Almoçaram na Fiesp, visitaram a Câmara de Comércio Japonesa e foram recebidos em audiência por Mario Covas. O presidente da Keidanren, Shoichiro Toyoda, liderava a missão de 15 empresários, entre eles, Norio Ohga, o principal executivo da Sony; Minoru Murofushi, presidente da Itochu Corporation; Rokuro Suehiro, vice-presidente da Nippon Steel Corporation; Tokuji Nagaoka, diretor-presidente da Toyota do Brasil S.A.; Yasuyoshi Ohta, presidente da Itochu Brasil S.A., acompanhado por Shigeki Tsutsui, principal executivo da empresa, e Taichiro Ohsumi, diretor-geral da Nippon Steel Corporation.

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Ásia Do continente asiático, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:

1995

1998

• Isamu Imoto, governador da Província de Saga, Japão • Yutaka Nakaoki, governador de Toyama, Japão • Yuzan Fujita, governador de Hiroshima, Japão • Ehud Olmert, prefeito de Jerusalém, Israel

1996 • Yaacov Keinan, embaixador de Israel no Brasil • Adian Silalahi, embaixador da Indonésia para o Brasil, a Bolívia e o Peru • Masayasu Kitagawa, governador de Mie, Japão • Chihiro Tsukada, embaixador do Japão no Brasil • Sam-Hoon Kim, embaixador da Coréia do Sul • Yoshihico Tsuchiya, governador de Saitama, Japão • Li Peng, primeiro-ministro da China • Amsa Amin, embaixador de Bangladesh no Brasil

1997 • Li Zhaoxing, vice-ministro de Negócios Estrangeiros da China • Bahman Taherian Mobarakeh, embaixador do Irã no Brasil • Takeshi Numata, governador de Chiba, Japão • Sekinari Nii, governador de Yamaguchi, Japão • Morihiko Hiramatsu, governador de Oita, Japão • Sota Iwamoto, governador de Ishikawa, Japão • Eisaku Sato, governador de Fukushima, Japão

• Yoon-Mo Kang, vice-ministro da Construção da Coréia do Sul • Cong Fukui, vice-governador de Hebei, China

1999 • Muthal Puredath Muralidhar Menon, embaixador da Índia no Brasil • Muhammad Tawfik Juhani, embaixador da Síria no Brasil • Chuan Leekpai, primeiroministro da Tailândia • Tatsuya Hori, governador de Hokkaido, Japão • Sutadi Djajakusuma, embaixador extraordinário da Indonésia • Itamar Rabinovitch, presidente da Universidade de Tel Aviv, Israel • Li Changehun chefe da delegação do Partido Comunista Chinês • Goro Yoshimura, governador de Nagano, Japão

2000 • Faris Mufti, embaixador da Jordânia no Brasil • Nasser Sabeeh Al-Sabeeh, embaixador do Kuaite no Brasil • Wu Guanzheng, líder da delegação do Partido Comunista Chinês • Mansour Moazami, embaixador do Irã no Brasil

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Angolanos buscam investimentos O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, pede apoio a Covas e renegocia dívida com o Brasil

O presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher, Ana Paula, em visita a Mario e Lila Covas

Foi de cortesia a visita que o presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, fez a São Paulo, onde foi recebido no Palácio dos Bandeirantes por Mario e Lila Covas, no dia 17 de agosto de 1995. No encontro, solicitou apoio do governador e de empresários paulistas para a ampliação de investimentos em seu país, devastado por décadas de guerra. Santos veio acompanhado de sua mulher, Ana Paula Lemos dos Santos, dos quatro filhos, dos ministros Venâncio de Moura, de Relações Exteriores, e Augusto da Silva Tomás, da Economia; do embaixador de Angola no Brasil, Osvaldo de Jesus Sierra Van-Dunen; do embaixador do Brasil

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em Angola, Alexandre Ador, e de empresários angolanos. Em visita à Universidade de São Paulo (USP), foi recebido pelo reitor Flávio Fava de Moraes, almoçou na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e participou de sessão solene na Assembléia Legislativa. A visita de José Eduardo dos Santos ao Brasil teve também como missão a assinatura de um acordo de reescalonamento da dívida de Angola com o nosso país. Naquele momento, o governo brasileiro já estava retomando os investimentos no setor energético em Angola e enviando uma missão de cerca de mil homens para integrar as forças de paz da ONU no país.

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Diversidade étnica e mineração Com mais de 10 milhões de habitantes pertencentes a 90 grupos étnicos distintos, Angola é um país independente desde 11 de novembro de 1975. Depois de submetida por cinco séculos ao domínio de Portugal, a República de Angola ainda se empenha em reconstruir seu território devastado por uma das mais sangrentas guerras de guerrilha do mundo. O conflito, iniciado na década de 1960, só terminou com o acordo de paz, assinado em novembro de 1994. Antes da independência, Angola tinha uma comunidade de cerca de 400 mil portugueses, dos quais 90% voltaram para seu país de origem. A língua oficial de Angola é o português, porém, mais de 90% da população fala línguas bantu. O forte da economia angolana é a mineração – petróleo, diamantes, minério de ferro, cobre, zinco, ouro, manganês, chumbo, fosfato, sal e urânio –, que representava 58,2% do PIB em 1991. Os principais países parceiros comerciais são Portugal, Estados Unidos, Brasil, Holanda e França. O governador Mario Covas acompanha o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, pelo Palácio dos Bandeirantes

Da luta armada à Presidência da República José Eduardo dos Santos nasceu em 1942, em Sambizanga. Com a mudança do cenário político na África, na década de 1950, após a independência de vários países, e em consequência da cruel repressão e da segregação racial, Santos abandonou seu país. Ingressou no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), juntando-se aos guerrilheiros sediados em Kinshasa, capital do Zaire. Em 1963, foi para a ex-União Soviética, fazer um curso superior de Engenharia de Petróleo. Lá também especializou-se em telecomunicações, em 1970, voltando em seguida para Angola, onde continuou na luta armada. Em 1975, foi eleito para o Comitê Central e para o Bureau Político do MPLA e indicado para a coordenação das relações exteriores do movimento. Em novembro desse ano, com a proclamação da independência de Angola, foi nomeado ministro das Relações Exteriores e, depois, primeiro-ministro. Após a morte do presidente Agostinho Neto, em 1979, Santos assumiu o posto e o comando das Forças Armadas, aos 35 anos. Em novembro de 1980, elegeu-se presidente da Assembléia do Povo, órgão máximo do poder de Estado. Ciente das dificuldades do processo de reconstrução nacional e da guerra que assolava o país, Santos dedicou-se à reabilitação da infra-estrutura destruída, com ênfase na defesa do território angolano, no fim do racismo e na formação tecnocientífica da população.

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Sam Nujoma, presidente da Namíbia, recebe presente de Mario Covas, que ouve tradução de Cecília Malzoni

Navios e aves na conversa com o presidente da Namíbia Sam Nujoma discute com Mario Covas a possibilidade de adquirir embarcações e grãos a preço de custo

Acompanhado pelos secretários de Governo e da Agricultura e Abastecimento, Mario Covas recebeu em seu gabinete particular, no dia 1º de novembro de 1995, o presidente da República da Namíbia, Sam Nujoma. Da pauta constavam discussões sobre a possibilidade de um financiamento para a compra de navios brasileiros, o estabelecimento de um termo de cooperação aeronáutica para a formação da Força Aérea Namibiana, o pedido de fornecimento de grãos a preço de

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custo e a colaboração técnica paulista para o desenvolvimento de um projeto avícola. Em 1987, Nujoma fizera sua primeira visita ao Brasil, ainda como líder do movimento guerrilheiro Organização dos Povos do Sudoeste da África (Swapo), de linha marxista. Na época, o objetivo da visita era agradecer o apoio do governo brasileiro ao movimento pela independência da Namíbia, invadida pela África do Sul, em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial. A Namíbia só se tornou independente em março de 1990.

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Covas conversa com Nujoma, acompanhado dos secretários Antonio Angarita e Antonio Cabrera

Décadas de luta pela independência Sam Nujoma nasceu na Namíbia em 1929 e foi educado na Escola Missionária Finlandesa de Okahao. Nos anos de 1940, foi para a capital, Windhoek, trabalhar na South African Railways. Terminou sua educação secundária cursando, por correspondência, a Transafrica Correspondence College, sediada na África do Sul. Em meados da década de 1950, já estava envolvido em atividades políticas contra o domínio colonial sulafricano. Enviava petições à ONU, pleiteando o apoio da comunidade internacional para o término do mandato sul-africano sobre a Namíbia. Preso pela polícia sul-africana em 1959, escapou do país em fevereiro de 1960. Foi para os Estados Unidos e lá solicitou à Quarta Comissão da ONU o fim da administração colonial na Namíbia. Em abril de 1960, a Swapo foi fundada em Windhoek e teve Nujoma como presidente. Seis anos depois, Sam voltou a Windhoek para testar a afirmação sul-africana de que os membros da Swapo estavam em exílio voluntário e podiam retornar livremente ao país. Ao chegar, foi detido e deportado para a Zâmbia. Em agosto de 1966, transportou as primeiras armas da Argélia para a Namíbia e começou o movimento armado. Foi o primeiro líder de um movimento nacionalista africano, durante a campanha para a independência, a falar perante o Conselho de Segurança da ONU, em 1971. Em 1978, assinou o acordo de cessar fogo com a África do Sul. Elegeu-se membro da Assembléia Constituinte, após a vitória da Swapo nas eleições de 1989, e presidente da República da Namíbia, por unanimidade, em fevereiro de 1990. Reelegeu-se com expressiva margem nas eleições gerais de dezembro de 1994.

Os diamantes brotam do deserto A Namíbia é um vasto território desértico, rico em diamantes, urânio, cobre, zinco e chumbo. A mineração responde por 20% do PIB, mas o país também desenvolve a pecuária e da agricultura de subsistência. A população, de mais de 1,5 milhão de habitantes, é composta por 86% de negros, 6,5% de brancos e 7,5% de mestiços. O país exporta, principalmente, diamantes, urânio e gado de corte. Compra no exterior produtos químicos, derivados de petróleo, alimentos, equipamentos industriais e de transporte. Seu principal parceiro comercial é a África do Sul. Constituiu-se como uma república presidencialista, com chefe de Estado forte. A Constituição namibiana pode ser vista como um modelo para outros países africanos, pois é fundamentada numa sociedade multirracial e multipartidária, embasada em um sistema econômico misto, em que a propriedade privada e a presença do Estado na economia convivem harmonicamente. Com cerca de 60% de analfabetos, as línguas oficiais do país são o inglês, o africâner e o alemão. Cada grupo étnico africano fala sua própria língua.

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Saúde e educação na pauta de Cabo Verde Alberto Wahnon de Carvalho Veiga, primeiro-ministro cabo-verdiano, encontra-se com Covas, empresários e acadêmicos

O cabo-verdiano Alberto Veiga entrega presente a Covas, acompanhado pela mulher, Maria Epifânia

Comércio exterior, saúde, educação e turismo foram as áreas de interesse na pauta da visita do primeiro-ministro de Cabo Verde, Alberto Wahnon de Carvalho Veiga, a São Paulo, no dia 8 de abril de 1998. Recebido pelo governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas, presidente do Fundo Social de Solidariedade, o primeiro-ministro estava acompanhado de sua esposa, Maria Epifânia Cruz Almeida, e de vários membros de seu governo, entre eles o ministro da Educação, Ciência e Cultura; o secretário dos Negócios Estrangeiros e Cooperação; o diretorgeral de Cooperação Internacional; o presidente do Instituto de Apoio ao Imigrante; o presidente da Federação Nacional da Juventude; e o diretor de Investimento e das Exportações (Promex). A visita ao Brasil tinha como objetivo reforçar os laços entre os dois países, sobretudo nos setores de saúde, comércio exterior, turismo e educação. Em São Paulo, visitou também a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a Universidade de São Paulo (USP) e se encontrou

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com a comunidade cabo-verdiana, em Santo André. Segundo o Consulado Geral de Cabo Verde, havia 800 estudantes cabo-verdianos no Brasil, dos quais cerca de 120 em São Paulo.

Relações de amizade e cooperação O Brasil reconheceu a independência da República de Cabo Verde no dia de sua proclamação, em 5 de julho de 1975. No dia 28 do mesmo mês, estabeleceu embaixada na capital, a cidade de Praia. Nas relações bilaterais entre os dois países, destacam-se os laços de amizade e de cooperação em vários setores. No campo educacional, o Programa de EstudantesConvênio (PEC) é uma das mais bem-sucedidas modalidades de cooperação brasileira no país. Na área cultural, foi criado em 1984 o Centro de Estudos Brasileiros na cidade de Praia, o primeiro a funcionar na África, com o objetivo de divulgar a literatura e a cultura brasileiras. Os dois países já trocaram várias visitas oficiais de presidentes, vice-presidentes e ministros, desde a independência.

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África e Oceania Do continente africano e da Oceania, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:

1995 • Francisca Pereira, primeira vice-presidente da Assembléia Nacional Popular da Guiné-Bissau, chefiando uma delegação de parlamentares de seu país

1997 • Amílcar Fernandes Spencer Lopes, ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades de Cabo Verde

1998 • Don McKinnon, ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio da Nova Zelândia

1999 • Robert Gabriel Mugabe, presidente do Zimbábue

2000 • Mbulelo Rakwena, embaixador da África do Sul no Brasil • Thaddeus Daniel Hart, embaixador da Nigéria no Brasil • David Hawker, deputado e chefe da delegação parlamentar da Austrália • Alhaji Atiku Abubakar, vice-presidente da Nigéria

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Três países numa tacada só O GOVERNADOR MARIO Covas tratou de parcerias na Inglaterra, de megacidades na Turquia e de água na França De voar, até que ele gostava. Viajar, também. Sair de São Paulo é que era o problema. Cioso de seus deveres no comando do governo estadual, Mario Covas não gostava de se afastar. Queria estar à frente de tudo, sempre, e o telefone não era instrumento suficiente para pilotar a equipe nem para aplacar a ansiedade que o tomava quando se ausentava do Estado, muito menos do país. Em seis anos, o governador fez uma única viagem oficial ao exterior, em junho de 1996, visitando Inglaterra, França e Turquia. Acompanhe o roteiro e as atividades.

O embaixador Rubens Barbosa acompanha Covas no encontro com empresários ingleses

Em Londres, a busca de investimentos O governador Mario Covas e sua comitiva desembarcaram em Londres no dia 5 de junho pela manhã. Nos três dias de visita oficial ao Reino Unido, encontraram-se com autoridades britânicas, visitaram o porto de Tilbury e o metrô e participaram do seminário Parceria com São Paulo, sua principal missão. Realizado no dia 6, no Hotel Savoy, o seminário contou com a presença de representantes de mais de 150 empresas e propiciou a divulgação das possibilidades de cooperação, contatos diretos e reuniões para o exame de projetos com empresas britânicas.

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André Montoro, Rubens Barbosa, Covas, Emerson Kapaz e Plínio Assmann, em seminário em Londres

Na abertura do evento, Covas fez um discurso, convidando as empresas e instituições britânicas a investir em São Paulo, integrando-se ao projeto destinado a impulsionar um novo ciclo de crescimento do Estado mais moderno e desenvolvido do Brasil. Para criar as condições, o país estava fazendo a sua parte, mantendo a moeda estável, dando continuidade ao crescimento e consolidando a abertura externa. Covas retratou São Paulo com seus melhores indicadores. O Estado respondia por um PIB de 149 bilhões de dólares, cerca de um terço do PIB nacional, era o mais moderno dos 26 Estados, continha a rede urbana mais complexa, infraestrutura moderna e mão-deobra qualificada. A população, estimada em 33 milhões de habitantes em 1994, possuía renda per capita anual de 4.400 dólares e respondia por 40% do volume total de venda a varejo do Brasil, um mercado e tanto. Falou do diversificado mercado manufatureiro, do elevado nível técnico da agricultura, da qualificação da mão-de-obra e da capacitação científica e tecnológica. Para que São Paulo pudesse manter o crescimento, o governo estadual deveria apoiar “a inserção do setor produtivo na economia globalizada e promover a superação das carências sociais de parte de sua população”, disse Covas. Com essa intenção, o governo estava reduzindo sua presença na produção de produtos e serviços, reforçando a capacidade de estabelecer políticas públicas, estruturar regiões e exercer sua função regulatória. Era seu compromisso limar gargalos

na infraestrutura de transportes, manter o déficit público sob controle, desinchar a máquina administrativa e explorar os ativos existentes. Do que estava em andamento, Covas destacou o Programa Estadual de Desestatização e Parcerias, com as reestruturações do setor elétrico e de saneamento, as concessões rodoviárias, a modernização das relações de trabalho e a melhoria do porto de Santos, entre outras. Para estimular o cenário de mudanças, o governador anunciou um programa de incentivos fiscais para fomentar as atividades industriais e gerar empregos nas regiões mais pobres do Estado. Covas finalizou seu discurso exortando o empresariado local a visitar São Paulo. “Uma atmosfera de confiança marca nossas relações com investidores nacionais e estrangeiros desde o início de nosso governo , em 1995, levando-os a comprometer, até agora, inversões de capital no montante de 13,2 bilhões de reais – relativos a 91 novos investimentos – em território paulista. Queremos expandir esse processo.” Após a fala do governador, os secretários Émerson Kapaz, da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, André Franco Montoro Filho, de Economia e Planejamento, Plinio Assmann, dos Transportes, Claudio de Senna Frederico, de Transportes Metropolitanos e David Zylsberstajn, de Energia, falaram dos planos para suas áreas. O encontro rendeu conversações concretas sobre gás natural, portos de São Sebastião e Santos, linha 4 do metrô e centrais hidrelétricas.

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David Zylsberstajn, secretário de Energia, e Mario Covas visitam stand do Brasil na Habitat, em Istambul

Em Istambul, o drama das megacidades Será que as megacidades têm futuro? As possíveis respostas a essa questão levaram Mario Covas de Londres à populosa Istambul, cidade turca que sediava a conferência da Organização das Nações Unidas sobre Assentamentos Urbanos, a Habitat 2. O governador esteve presente ao evento nos dias 9 e 10 de junho, acompanhado de dona Lila, David Zylsberstajn, secretário de Energia, e Antonio de Pádua Perosa, secretário-adjunto de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras. A Habitat 2 reuniu 20.000 representantes de 150 países em feira, palestras e várias exposições de agências da ONU e de outras organizações internacionais, fórum de vídeos e a mostra “Construindo para o Futuro”. Foi a primeira vez que as ONGs participaram. Durante as várias atividades, muitas cidades provaram que os problemas urbanos podem ser resolvidos com crescimento econômico e administração competente. Numa perspectiva

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otimista, as megacidades seriam fontes de riquezas. Afinal, é nelas que se concentram as oportunidades de emprego, educação, lazer e de acesso à assistência médica. São espelhos da economia, gerando as maiores fatias do PIB. Apesar do inchaço populacional, constatouse que a qualidade de vida nas megacidades melhorou desde a Habitat 1, realizada 20 anos antes, oferecendo, por exemplo, mais água encanada e esgotos. Mas como a urbanização é rápida e caótica, estimava-se que mais da metade da população mundial estaria vivendo em áreas urbanas na virada do século, com um número maior de sem-teto. Em 1996, mais de 600 milhões de pessoas viviam em condições precárias nas cidades, inclusive com risco de vida. A experiência compartilhada na Habitat 2 mostrou que é a falta de regulamentações apropriadas que inviabiliza as habitações populares. Um programa de gestão integrada entre prefeitura e favelados em Fortaleza, por exemplo, permitiu a reurbanização de 400 favelas na capital cearense. Esse projeto foi um dos doze premiados como as melhores práticas urbanas recentes.

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Covas recebe informações de representantes da Lyonnaise des Eaux na visita às instalações de Bordeaux

Em Paris, o jeito de gerir as águas O modelo francês de lidar com a água era algo que Mario Covas há muito queria conhecer. Com essa intenção, ele e dona Lila deixaram Istambul com destino a Paris no dia 11, acompanhados do secretário David Zylsberstajn, de Energia. Na capital francesa, Hugo Vinícius Marques Rosa, secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, juntou-se à comitiva. No dia 12, em Bordeaux, o governador foi conhecer o método de gerenciamento de recursos hídricos em área urbana da Lyonnaise des Eaux, companhia similar à paulista Sabesp. Nas visitas técnicas, conheceu as estratégias que permitem gestão em tempo real e a forma como a Comunidade Urbana de Bordeaux montou seu programa de controle de enchentes e equacionou o problema. Chamou a atenção de Covas o cimento poroso, que absorve a água das chuvas. À tarde, voltou a Paris. Lá, foram apresentados os pontos críticos em um processo de concessão, como organismos de controle, equação financeira, montagem jurídica e avaliação do atual momento brasileiro.

Carlos Nogueira, diretor para a América Latina da Lyonnaise des Eaux, falou de sistemas de participação da iniciativa privada, especificando as diferenças entre privatização e concessão. Segundo ele, para a implantação de uma concessão era necessária uma montagem jurídica prévia, a verificação e o estabelecimento de leis sobre águas, contratos com o Estado e sobre concessões, além de características dos organismos de controle. Outros representantes da empresa falaram sobre os elementos técnicos da concorrência, como a definição dos objetivos de qualidade e a montagem financeira do projeto. No dia seguinte, Covas visitou a Lyonnaise des Eaux em Nanterre, onde realizou uma reunião de trabalho e almoçou com a diretoria da empresa. À tarde, em Paris, participou de um encontro sobre autoestradas, organizado pela Cofiroute, em que se discutiram os benefícios obtidos pela França nas concessões, custos de pedágio e de manutenção, serviços de ajuda ao usuário, entre outras questões. Em seguida, teve uma reunião sobre gás, montada pela Gaz de France. Foi exposto o modelo de gestão e a experiência francesa no exterior. À noite, o governador embarcou para São Paulo, satisfeito.

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Alckmin recebe Compartilhando com Covas a agenda de visitas, o vice-governador fez as honras da casa em várias ocasiões O fluxo de visitantes internacionais a São Paulo foi enorme na gestão Covas, impulsionado pela possibilidade de ampliar negócios no Estado na esteira da privatização de empresas públicas. Como a agenda do governador estava sempre carregada, seu vice, Geraldo Alckmin, compartilhava a carga, recepcionando dezenas de personalidades estrangeiras. Aqui, destacamos algumas das mais importantes.

Geraldo Alckmin recebe presente diplomático de Kofi e Nane Annan, observado por Lu Alckmin

Kofi Annan secretário-geral da ONU Com um almoço no Palácio dos Bandeirantes, Geraldo Alckmin e Maria Lúcia Alckmin recepcionaram o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, e sua mulher, Nane Annan, no dia 14 de julho de 1998. O casal visitava o Brasil a convite do governo federal, que ratificou, naquela ocasião, o tratado de nãoproliferação de armas nucleares. Em São Paulo, Kofi Annan inaugurou a Associação das Nações Unidas-Brasil - Anubra, em parceria com o Fórum das Américas, presidido por Mario Garnero. A Anubra tem a missão de aproximar o empresariado brasileiro da ONU, especialmente no

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que diz respeito à definição de padrões e normas técnicas. Acompanhavam Annan nessa viagem o embaixador Celso Amorim, representante do Brasil na ONU, e José Antonio Ocampo, secretário executivo da Cepal, entre outros. Sétimo secretário-geral da ONU, o ganense Annan é um homem bem preparado. Formou-se em Ciência e Tecnologia em seu país e pós-graduouse em Economia em Genebra, Suíça. Titulou-se mestre em Gestão no incensado MIT e é doutor em Serviço Público pelo Cedar Crest College, ambos nos Estados Unidos. Sua mulher é sueca, juíza e artista plástica. Na ONU, antes de assumir o mais alto cargo administrativo, diplomático e de conciliação, Annan cuidava das operações de paz, atuando firmemente para a assinatura do acordo que pôs fim à guerra da Bósnia.

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Emil Constantinescu, presidente da Romênia A lista de encontros de Emil Constantinescu em São Paulo no dia 26 de julho de 2000 era extensa. Acompanhado de sua mulher, Nadia Ileana Constantinescu, o presidente romeno reuniu-se com Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes. Depois iria encontrar-se com Yves Marcovitch, reitor da USP, e Horácio Lafer Piva, presidente da Fiesp. Por fim, visitaria a Mostra do Redescobrimento, em comemoração aos 500 anos da descoberta do Brasil pelos portugueses. Chuan Leekpai, primeiro-ministro da Tailândia, admira o tucano que acaba de receber do vice-governador

Chuan Leekpai, primeiro-ministro da Tailândia A Tailândia, um dos tigres asiáticos, enviou a São Paulo seu primeiro-ministro, Chuan Leekpai, chefiando uma comitiva de 51 pessoas dispostas a fazer negócios. Alckmin o recebeu em audiência no dia 31 de maio de 1999, acompanhado de empresários e representantes do governo tailandês, entre eles três ministros: Supachai Panitchpakdi, do Comércio, Surin Pitsuwan, das Relações Exteriores, e Khunying Supatra Masdil, dos Assuntos Comerciais. O advogado Chuan Leekpai é versado também em pintura e escultura. Político desde 1960, foi ministro de Estado durante vários governos. Foi primeiro-ministro pela primeira vez em 1992, após a renúncia de um militar acusado de envolvimento com o narcotráfico. Para o segundo mandato, foi eleito em 1997. Até destacar-se economicamente, a Tailândia passou por poucas e boas. Sua história começa quando o povo thai foi expulso da China no século XI, refugiou-se no Sudeste da Ásia e formou o Reino de Sião. A monarquia tornouse parlamentarista em 1932 e, sete anos depois, mudou para o nome atual. Na Segunda Guerra Mundial, foi ocupada pelo Japão. Depois, os militares controlaram o país, alinhando-se com os Estados Unidos. A estratégia rendeu um bom fluxo de investimentos para o país, que, nos anos 1980, promoveu a abertura comercial e experimentou grande crescimento econômico. Politicamente, a Tailândia conviveu com sucessivos golpes de Estado, até atingir a estabilidade nos anos de 1990.

Integravam a comitiva do presidente Mircea Ciumara, ministro de Estado e presidente do Conselho de Cooperação Econômica e Financeira, Ioan Avram Muresan, ministro da Agricultura e da Alimentação, Constantin Degeratu, general de Exército e conselheiro presidencial, e mais 19 pessoas, entre parlamentares, representantes do Executivo, personalidades da cultura e da comunidade científica. Emil Constantinescu seguiu carreira acadêmica em Direito na Universidade de Bucareste até tornarse reitor, nos anos 1990. Fundou a Aliança Cívica, organização civil dedicada à democratização. Em 1992, presidiu uma coalização de partidos que o lançou candidato à Presidência, após o fim da ditadura de Nicolau Ceausescu, mas perdeu. Em 1996, candidatou-se de novo e venceu, prometendo a reestruturação do país. Em 2000, a Romênia tinha inflação superior a 40% e previa fechar o ano com 12% de desemprego.

Emil Constantinescu, presidente da Romênia, oferece um livro ao vice-governador Geraldo Alckmin

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Roberto Formigoni mostra Medalha da

Roberto Formigoni presidente da região da Lombardia, Itália

Lombardia a Geraldo Alckmin

O ano 2000 estava no fim quando Roberto Formigoni veio a São Paulo. No dia 5 de dezembro de 2000, o presidente da Lombardia foi recepcionado por Geraldo Alckmin. Mais rica, desenvolvida e populosa região da Itália, a Lombardia possuía na ocasião 21 pólos industriais e 25 mil empresas que atuavam no comércio internacional. Desde 1996, o Estado de São Paulo e a Lombardia mantinham um protocolo de intenções com o objetivo de promover o intercâmbio de conhecimentos e colaboração econômica por meio do desenvolvimento de novos produtos e serviços, transferência de tecnologia e capacitação profissional, entre outros itens. Durante sua visita a São Paulo, Formigoni agraciou o governador Mario Covas com a Medalha da Junta Regional da Lombardia. Depois, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, fez uma palestra defendendo a implementação do federalismo em oposição ao centralismo, como forma de modernizar o Estado. Por fim, foi à Fiesp contar aos empresários paulistas como funcionam os consórcios de exportação das pequenas e microindústrias italianas.

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Ramón Bautista Mestre governador de Córdoba, Argentina No dia 2 de dezembro de 1996, Alckmin recebeu Ramón Bautista Mestre, governador da Província de Córdoba, Argentina. Mestre fazia uma visita de cortesia, chefiando uma comitiva composta por José Porta, ministro da Produção e Trabalho, Maria Teresa Panetta de Martinez Marull, subsecretária de Comércio Exterior, Eduardo Silvestre, secretário de Turismo, Guilhermo Hunt, cônsul-geral, e Gabriel Martinez, cônsul-adjunto. Ramón Bautista Mestre combinava duas carreiras: a acadêmica e a política. Nos anos 1960, enquanto estudava Odontologia na Universidade Nacional de Córdoba, era também líder estudantil. Depois fez mestrado, doutorado e lecionou para futuros dentistas, ao mesmo tempo em que exercia cargos públicos, como subsecretário de Saúde Pública e secretário-geral de governo. Foi deputado estadual e prefeito da cidade de Córdoba antes de assumir o governo da Província.

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Cong Fukui, vice-governador da Província chinesa de Hebei, em audiência com Alckmin

Cong Fukui vice-governador da Província de Hebei, China Representando uma das maiores Províncias chinesas, Cong Fukui, vice-governador de Hebei, foi recebido em audiência por Geraldo Alckmin em 17 de junho de 1998. Fukui chefiava uma delegação de cooperação econômica e comercial que buscava entrar em contato com empresários brasileiros de São Paulo e Goiás. Participaram do encontro os diretores-adjuntos de departamentos provinciais Lai Jiuman (Assuntos Exteriores), Cui Jiangsui (Economia e Comércio Exterior) e Ning Jingbiao (Finanças), entre outros. Como Mario Covas, Fukui formara-se engenheiro e passara para a carreira política. Foi prefeito de três cidades e vice-governador de Heilongjiang antes de assumir o mesmo posto em Hebei. Sexta em importância econômica para a China, a província de Hebei possui área de 188 mil quilômetros quadrados e uma população estimada na época em 64,9 milhões de pessoas, quase meio Brasil. Banhada pelo mar Amarelo, Hebei conta com vastos recursos naturais, grande produção de cereais, algodão e óleos vegetais, além de uma brilhante cultura. É nela que fica Pequim, a capital do país.

Ramón Bautista Mestre, governador de Córdoba, entrega presente diplomático ao vice-governador paulista

Depois de São Paulo, Fukui iria a Goiás visitar o governador Luiz Alberto Maguito Vilela e projetos agropecuários. Seguiria em seguida para o Rio de Janeiro e, dali, para a Argentina.

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Fundação Mario Covas Diretoria

Presidente da Fundação Mario Covas

Antonio Carlos Rizeque Malufe

Diretor Secretário

Luis Sergio Serra Matarazzo

Diretor Tesoureiro

Marcos Martinez

Conselho Curador Presidente

Bruno Covas Lopes

Vice-Presidente

Belisário dos Santos Junior

Secretário

Marco Vinício Petrelluzzi

Membros Vitalícios

Florinda Gomes Covas



Mario Covas Neto



Renata Covas Lopes



Rubens Naman Rizek

Membros Eletivos

Edson Tomaz de Lima Filho



Edson Vismona



Fernando Padula Novaes



José da Silva Guedes



Luiz Carlos Frigério



Marcos Arbaitman



Marco Ribeiro de Mendonça



Mauro Guilherme Jardim Arce



Michael Paul Zeitlin



Osvaldo Martins de Oliveira Filho



Sami Bussab

Administração

Rosangela Lopes Moreno Baptista



Eduardo Strabelli



Odair Aparecido Ribeiro Campos

Centro de Memória Mario Covas

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Coordenação

Raquel Freitas

Consultora Arquivística

Maria Cristina de Carvalho Pazin

Técnicos Documentalistas

Gustavo Molina Turra



Noubar Sarkissian Junior



Tiago Silva Rodrigues Navarro



Wesley Cunha Soares

Pesquisadores

Pedro Rodrigues de Albuquerque Cavalcanti



Renato de Mattos

Gestão de Projeto Cultural

FormArte – Projetos, Produção e Assessoria Ltda.

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Fundação Mario Covas em revista Coordenação Editorial

Atelier de Imagem e Comunicação



Teresa Cristina Miranda - MTb 12.170

Editora

Lucia Reggiani - MTb 11.479

Redação

Teresa Cristina Miranda



Lucia Reggiani



Bárbara Ferreira Arena

Administração

Cláudia Sardinha



Projeto Gráfico e Diagramação

Anibal Sá Comunicação & Design

Fotografia

A2 Fotografia

Edição

Angelo Perosa

Produção

Rosana Jerônimo Ribeiro



Ana Paula de Oliveira Silva



Aline Arruda Miranda de Moraes

Fotógrafos

Angelo Perosa



Armando Augusto



Tito Brito



Luiz Novaes



Enio de Freitas



Eliana Rodrigues



Dado Junqueira



Márcia Alves



Ciete Silvério



Cléo Veleda

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patrocínio

apoio

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FUNDAÇÃO MARIO COVAS RUA 7 DE ABRIL, 59 | 2º E 3º ANDARES | CENTRO | SÃO PAULO | SP | CEP 01043-090 TEL/FAX: 55 11 3129-7341 / 55 11 3129-7657 www.fmcovas.org.br

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