O VERBO (Marcelo Batista)
E se meus braços forem curtos para te abraçar? E se de minha boca nada sai que possa abrandar? E se minhas noites desprezarem tua insônia? E se meus traços me levarem a outras paragens? Se meus versos traírem seca paisagem? Se a razão surtar no cirúrgico talho? E se no papel não couberem teus ais? E se meus ais não mais forem iguais Aos ais dos normais, objetos fractais? E se abertos portais, desiguais, preferirem outros tais? *
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Em paragliders alheios liberto-te Nos ventos da torre empino-te Em páginas de jornais sobrescrevo-te Usa-me, turba-me, sorva-me, leva-me, ouça-me Apruma-te, decifra-te, erga-te, isenta-te, ama-te Escreva-nos, suplanta-nos, planta-nos a semente do Verbo Viva o Vivo Verbo paternal! Sal da Vida que estanca feridas Caminho estreito cujo início é o final