Manifesto De Recife.

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MANIFESTO DE RECIFE Ação Integralista Brasileira Manifesto do Núcleo da Faculdade de Direito de Recife “Se desceu uma noite sobre o Brasil, porque os homens que tinham a responsabilidade de seus destinos não souberam evitá-la, procuremos arrancar da Raça e da Terra a nossa luz. Para que não sejamos iluminados por um sol estrangeiro”. Plínio Salgado

O MOMENTO Nunca uma geração brasileira teve tantas responsabilidades como esta, que já tem por mais de uma vez escutado o tamborilar trágico das metralhadoras. Mas, talvez, como nunca uma geração esteja tão capaz de desempenhar a sua vocação histórica. Pois nada como o sangue, o sofrimento para retemperar o homem. Despertar energias cabeceantes. Transformar a vida social. Renová-la. Além disso ela não pode mais ter certas ilusões que envenenaram as gerações passadas. Não tem mais o direito de aspirar a cocaína liberal, salvo se quiser andar em atraso com a experiência dos fatos, com a doutrina, com a própria vida. Não tem, por outro lado, o direito de embebedar-se com o ópio comunista. Com a utopia do internacionalismo. Ninguém nega o dever da colaboração entre as nações todas, realizando não já o fim nacional, limitado, porém o fim humano, mais amplo, da solidariedade social. Universalismo. O internacionalismo russo “parecendo apenas um devaneio de sonhadores que desejam ‘salvar’ a humanidade, nada mais é que um imperativo categórico de sua precária situação de produtores”. País sem autarquia, isto é, sem independência econômica, a Rússia, para viver, precisa colocar “fora da Rússia” seus cereais. São observações do professor Everardo Backeuser. O Brasil subordinado a Moscou, dali recebendo os seus capitãesmores e governadores gerais, - eis a que pretendem reduzi-lo os comunistas. Desejo que pode ser o da finança internacional, que pode ser o dos inimigos da nacionalidade, mas lamentável, mas inconcebível num rapaz brasileiro. Além disso, nem a burguesia, podre e cética, nem o comunismo, bárbaro e grosseiramente materialista, são capazes de ressoar o estado de espírito da nossa geração. De responder ao insopitável movimento de renovação

espiritual, que se processa em nosso país, sobretudo na mocidade. A mocidade desassombrada, que não quer compromissos com os imediatistas, os céticos, os descrentes. Daí o anseio incontido de revisão de valores. E essas energias íntimas transbordam, naturalmente repercutindo na vida externa. Nasceu por tudo isso um maior interesse pela vida nacional. Um amor à terra mais intenso, mais profundo, agora embebida novamente no sangue de irmãos. Ninguém quer seja vão tamanho sacrifício! E a mocidade levanta-se. Ergue-se cheia de entusiasmo, de confiança. Desperta com vontade de vencer. Mas igualmente sem romantismos. Sem ilusões, serena. Ciente de todas as falhas de nossa índole, de nossas instituições. Mas, também, de todas as nossas virtudes. De todas as grandes necessidades do país. De todas as suas possibilidades. Segura da imensidade de sua tarefa... De que a luta contra o espírito reacionário será incessante. Contra todas as correntes desfibradoras da nacionalidade. Contra o capitalismo. Contra o comunismo. Contra o ceticismo, o sibaritismo, a descrença. E esse Movimento Integralista, partindo justamente de onde deveria partir – do São Paulo intrépido das bandeiras – vem objetivar todas as profundas aspirações da mocidade brasileira. Desejo de realização. Nacionalismo sadio. Espiritualismo tradicional. Fora de sentimentalismos românticos. E é preciso que o Integralismo triunfe no Brasil inteiro. Que não seja um fogo um fogo de palha. Que parta de todos os recantos do Brasil. E que interesse o estudante, o político, o agricultor, o operário, todas as classes. A mocidade nordestina de modo algum poderia ficar indiferente. E muito menos alunos da Faculdade de Direito de Recife. Esta escola, que certa vez ouviu proclamar a morte da metafísica, precisa tornarse uma célula vivíssima desse grande movimento de renovação política, social e espiritual. QUE É O INTEGRALISMO Batemo-nos pelo Estado Integralista. Que tem a verdadeira noção do homem, ser composto com uma “vida orgânica inserida na ordem do determinismo econômico, - mas uma vida racional que a deve dominar por natureza, levando-a a uma vida espiritual que é independente de todo determinismo material” (Tristão de Athayde). O Estado que respeita e se informa de todos os componentes da sociedade civil: o grupo biológico (família), o grupo profissional (corporação), o grupo político (município), o grupo espiritual (igreja). Que sintoniza todas essas manifestações de vida, realizando o seu fim. Incumbência do direito, que objetiva o mesmo completo (porque mais particularizado e utilizando a coação), os princípios morais reguladores da ação humana. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade. Que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, instituição fundamental cujos direitos mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo. Pregamos a

humanização da economia. Não se trata de nenhuma frase de efeito. O momento não comporta literatura. É a verdade. Pois a economia capitalista ou socialista, preocupadas com a “mass production” não levam em conta o fundamento real, vivo da economia – as necessidade humanas. Reconhecemos a dupla função, indivíduo social, da propriedade privada e do capital. Com todas as conseqüências lógicas. A reabilitação da política. Uma política nacional informada de todas as realidades econômicas, sociais e espirituais. Que coloque o Brasil à altura de sua missão na América. Pelo globo todo. Somos pela representação profissional. Contra os partidos políticos. Instáveis. Inexpressivos. Fracionadores. Opomo-nos ao voto universal; quanto mais ele ganha em extensão, menos real, menos consciente se torna. Necessidade, portanto, da eleição indireta. E justamente o que há de mais real, de mais orgânico entre nós, é o profundo municipalismo de nossa vida política. E ele nunca foi ouvido! O município no Brasil “tem limites históricos e naturais, é essencialmente grupo político espontâneo, descendente dos patriarcas rurais”(Santiago Dantas). Proclamamos que a religião é o elemento central de toda existência. Que a solução de todos os problemas econômicos, pedagógicos, políticos depende da concepção geral da vida. Os velhos políticos rirão sem dúvida dos nossos propósitos. Os comodistas recusar-se-ão a colaborar conosco. Que se fiquem. Mas esse movimento de mocidade já é hoje incoercível. Porque é a profunda verdade nacional, a própria realidade mundial. São as forças pósrevolucionárias, forças jovens, cheias de fé, nacionalistas no bom sentido, humanas. E não querem mais fazer alto. O Comitê: (as) Otto Guerra, Andrade Lima Filho, Américo de Oliveira Costa, João Roma, Álvaro Lins e José Carlos Dias da Silva.

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APÊNDICE HISTÓRICO SOBRE O MANIFESTO DE RECIFE Sérgio de Vasconcellos Em 07 de Outubro de 1932, Plínio Salgado fundava o Integralismo, lançando o “Manifesto de Outubro”. Como primeira resposta ao canglonar da Inúbia Verde, um grupo de jovens e brilhantes estudantes da Faculdade de Direto de Recife lança o que seria depois chamado simplesmente de “Manifesto de Recife”. Em 24 de Novembro de 1932, portanto, menos de um mês após a divulgação do “Manifesto de Outubro”, o renomado jornal “Diário de Pernambuco” publicava o “Manifesto de Recife”, com grande repercussão. Já em 1993, o Chefe Nacional Plínio Salgado, acompanhado de Thiers Martins Moreira, Capitão Aristófanes do Vale e Hermes Barcelos, parte na primeira Bandeira Integralista, com parquíssimos recursos financeiros, saindo do Rio de Janeiro chega até o Ceará. Em Recife é recebido pelos pioneiros que redigiram o “Manifesto de Recife” e por muitos que aderiram ao Sigma graças ao trabalho daqueles heróicos vanguardeiros. O Integralismo cresceu rápida e enormemente em Pernambuco, com a fundação de inúmeros Núcleos e Jornais. Posteriormente, o Chefe Nacional retornou a Recife, sendo sempre recebido com alegria pelos moradores da Veneza Brasileira.

Líderes Integralistas Pernambucanos. Na fila superior, do segundo em diante: Aurino de Sá Cavalcanti, Luiz Guimarães, Álvaro Lins, Mauro Motta, João Roma, José Queiroz de Andrade, Waldemar Romeiro. Na fila inferior, da esquerda para a direita: Antonio Parisi, Gilberto Osório de Andrade, Airton de Almeida Carvalho, José Guimarães de Araújo, Fernando Mota, César de Barros Barreto, Andrade Lima Filho, Lucilo Costa Pinto, Luiz d’Agostini, Belízio Córdula, Bolívar Mousinho e Pitágoras de Souza Dantas.

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