PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Jor
Lide Fonte: RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de Comunicação. 2ed rev. e atualiz. Rio de Janeiro, Campus, 2001 Do ing. lead (comando, primeiro lugar, liderar, guiar, induzir, encabeçar). Abertura de texto jornalístico, na qual se apresenta sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial, o clímax da história. Resumo inicial, constituído pelos elementos fundamentais do relato a ser desenvolvido no corpo do texto. O lide torna possível, ao leitor que dispõe de pouco tempo, tomar conhecimento do fundamental de uma notícia em rapidíssima e condensada leitura do primeiro parágrafo. Deve ser redigido de modo a "fisgar" o interesse do leitor para a leitura de toda a matéria. Na construção do lide, o redator deve responder às questões básicas da informação: o quê, quem, quando, onde, como e por quê (embora não necessariamente a todas elas em conjunto). Para Fraser Bond, o redator deve observar cinco exigências do lide: "apresente um resumo do fato; identifique as pessoas e os lugares envolvidos; destaque o toque peculiar da história; dê as mais recentes notícias do acontecido; e, se possível, estimule o leitor a continuar lendo o resto da reportagem". Podemos ainda acrescentar outra função desempenhada pelo lide: situar a notícia dentro de um contexto mais amplo, esclarecendo o leitor a respeito de fatos passados ou interligados. A validade do lide no moderno jornalismo é contestada por alguns, que o consideram "quadrado", elemento aprisionador da criatividade do jornalista. Os defensores, por seu lado, consideram-no, ainda hoje, a melhor técnica jornalística de abertura do texto informativo, um recurso de validade sempre renovada, desde que usado inteligentemente. Em defesa do lide, costuma-se alegar a versatilidade que ele permite na disposição dos seus elementos, não sendo, portanto, um modelo fechado. Realmente, nada impede que seja criativamente alterada a ordem dos elementos da fórmula ultradireta do lide tradicional (representada por "3Q-CO-PQ" ou seja, quem fez o quê e quando, seguindo-se depois as explicações de como, onde e por quê). Além de se trazerem para o lide somente as informações mais fundamentais da notícia, é possível obter um impacto maior dispondo essas informações também em ordem de importância, na própria construção do lide. Assim, a redação poderá ser iniciada com o por quê, o como, ou qualquer dos aspectos da informação, de acordo com o assunto e as circunstâncias. O maior impacto poderá ser obtido pela adequada valorização de um desses elementos em relação aos demais. Na própria seleção dos elementos a serem incluídos no lide, o redator põe em jogo a sua criatividade. O estilo característico do jornal implica normalmente regras expressas sobre a confecção do lide: dimensões (número mínimo e máximo de linhas), a divisão em dois parágrafos (lide e sublide), a disposição dos seus elementos etc. Entre os principais tipos de lide, Fraser Bond destaca os seguintes: a) lide condensado - sumariza todos os fatos principais de maneira clara e sempre uniforme. Muito comum nos despachos internacionais. Ex.: "Subiu a 458 o número de mortos no terremoto que atingiu anteontem o sul do México, deixando mais de 600 feridos e destruindo três cidades. Segundo as autoridades, serão necessários vários anos para que a atividade econõmica nas regiões atingidas volte ao normal". b) lide de apelo direto - utiliza o interesse da participação do leitor, a ele se dirigindo diretamente. Ex.: "Se você pretende viajar no seu carro este fim de semana, encha o tanque mais cedo. Por determinação da Petrobras, os postos de todo o Brasil funcionarão apenas até as 17 horas de sexta-feira". c) lide circunstancial- dá ênfase às circunstâncias nas quais ocorre a história a ser narrada. Estilo característico das notícias com um toque humano. Ex.: "Embora tivesse medo de magoar seu marido, Vasco doente, Maria da Silva não conseguiu conter uma expressão de alegria quando o radinho de pilha anunciou o primeiro gol rubronegro. Sua simpatia pelo Flamengo lhe valeu alguns bofetões de José da Silva, que entrou ontem com queixa-crime na Delegacia da Mulher e pedido de divórcio na 2ª Vara de Família". d) lide de citação ou lide entre aspas - começa com uma declaração ou citação, que reflete o aspecto principal das idéias da pessoa focalizada. Esta prática, muito comum na maioria dos jornais, esteve condenada, por algum tempo, pelas normas de redação do Jornal do Brasil, "salvo nos casos em que a frase ou a citação estejam destinadas a passar à História (o que, aliás, é sempre duvidoso e implica julgamento temerário)". O exemplo seguinte é de autoria de Professor mestre Artur Araujo (
[email protected]) site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/ ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/ Página 1 de 2
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Jor Lago Burnett: “ ‘Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus', afirmou ontem, a certa altura do seu Sermão da Montanha, o Rabi da Galiléia, perante uma multidão de milhares de pessoas, entre as quais seus assessores de imprensa - Lucas, Mateus, Marcos e João que documentaram a peça oratória para posterior publicação em livro". Outra maneira, muito usada, de inserir uma declaração no lide é deixá-la para o início do segundo parágrafo, precedida de travessão. e) lide descritivo - apresenta uma visão do lugar onde a notícia ocorreu ou descreve a cena e as pessoas nela envolvidas. Ex.: "De bermudas, boné e camiseta, o ex-chefe do Gabinete Militar da Presidência da República deu ontem sua primeira entrevista política..." Vários outros tipos de lide podem ser ainda lembrados, como o lide ativador de interesse, sensacionalista ou de impacto (começa com um item de peso emocional, capaz de fisgar a atenção para o texto), o lide numerado (relaciona os principais itens da notícia, numerados e em linhas separadas); o lide por contraste (contrapõe elementos contraditórios opiniões, informações, circunstâncias etc. - para obter um efeito expressivo); e os que Fraser Bond chama de lides originais (os que fogem a qualquer classificação, por serem "variações excêntricas da norma primitiva").
Pirâmide invertida Fonte: RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de Comunicação. 2ed rev. e atualiz. Rio de Janeiro, Campus, 2001
Disposição das informações, por ordem decrescente de importância, em um texto jornalístico. "Os fatos principais encabeçam o texto; vêm, em seguida, os fatos de importância intermediária; e o final do texto comporta, apenas, informações que, de nenhum modo, alteram a compreensão da notícia" (Luiz Amaral). Com as informações mais "quentes" (o clímax) da notícia logo no início do texto, o emprego da pirâmide invertida prende a atenção do leitor e permite que ele se inteire dos principais fatos, mesmo que não leia todo o texto. Além disso, essa técnica facilita a diagramação e a paginação: se a matéria estourar, podem ser cortadas as linhas de baixo para cima, sem prejudicar o sentido do texto. Não raro, encontramse reportagens redigidas na ordem cronológica dos acontecimentos (pirâmide normal), e não na técnica da pirâmide invertida. É possível, também, adotar uma mistura das duas técnicas: começar o texto com um lide (recurso característico da pirâmide invertida) e seguir com a narrativa em seqüência cronológica.
Nariz-de-cera Fonte: SANTOS, José Maria dos; Baffa, Altair e SANTOS, Dalisio dos. Glossário das redações. Revista Imprensa. São Paulo, janeiro/1989
Nos velhos tempos, era a abertura de uma matéria que se caracterizava pela falta de objetividade. Era uma espécie de resvalada pseudoliterária, na qual o redator fazia considerações filosóficas sobre o assunto que ia tratar muitas linhas abaixo. É uma expressão clássica do jornalismo, ainda hoje utilizada no sentido crítico: “Esta abertura é do tempo do nariz-de-cera”. Seu principal defeito é desinteressar o leitor.
Professor mestre Artur Araujo (
[email protected]) site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/ ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/ Página 2 de 2