Italianos

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OS

ITALIANOS

NA

MADEIRA.

SICULOS

XV-XVI

1. A presenHa de italianos na Madeira deriva, nno s\, da sua forte implantaHno na penRnsula e manifesto empenho na revelaHno do novo mundo, mas tambJm, da ilha se tornar numa importante nico. A partir de Lisboa ou Cntico. Esta dltima situaHno torna-se evidente com a intervenHno de Ant\nio de Noli e Alvise de Cadamosto. Os italianos,para alJm de divulgadores de novas tJcnicas comerciais, foram, tambJm, quem, depois dos neo, aR foram eles principais interessados no comJrcio de aHdcar oriental. Por isso era inevitneo Atl>ntico J mais elevada a sua presenHa na Madeira e nas Can
.Alberto VIEIRA, O ComJrcio Inter-Insular nos SJculos XV e XVI, Funchal, 1987, 79. 2

Descobrimento da Ilha da Madeira (...), Lisboa, 1947,

3

. O manuscrito de Valentim Fernandes, Lisboa, 1940, p.

102. 111.

ValenHa, onde entno se cultivavam. Note-se que Cadamosto4 ao descrever, em meados do sJculo XV, a ilha estabelece indmeras comparaHtes entre a Madeira e a SicRlia, mas em relaHno ao aHdcar refere apenas que "o dito senhor mandou p^r nesta ilha muitas canas,...".Ser< que ele se esqueceu de referir a relaHno entre ambas as ilhas atravJs da referida cultura? A par disso convJm salientar que no Algarve5 ou em ValenHa a esta cultura se encontravam associados os italianos, nomeadamente genoveses. De certo modo, poder-se-< considerar que os genoveses acompanharam o pJriplo da cana-de-aHdcar para Ocidente e depois alJm-Atl>ntico. Por outro lado este empenho genovLs no mercado atl>ntico ter< a ver com a perda de posiHno mo mercado mediterr>nico, mercL da rivalidade com Veneza e das ameaHas propiciadas com o avanHo turco. A perda de influLncia no mercado aHucareiro cipriota J compensada com a intervenHno privilegiada nas ilhas atl>nticas6. Esta situaHno J evidente na Madeira e nas Canneo Oriental, de que Chipre foi, a partir de 1489, um dos principais pilares. A rede de neg\cios estabelecida pelos italianos no Novo Mundo, mantJm as mesmas caracterRsticas das que detinham na Europa do Norte e Mundo Mediterr>nico. A famRlia J a chave do sucesso, a garantia da sua execuHno em plena seguranHa e a continuidade das referidas operaHtes8. A partir daqui J possRvel 4

. "NavegaHtes...", in A Madeira vista por Estrangeiros, Funchal, 1981, 36-37. . Note-se que em 1404 J referenciado em Quarteira um Jono da Palma, mercador genovLs, com terras de canas, veja-se H. Gomes de Amorim PARREIRA, "Hist\ria do AHdcar em Portugal", in Anais (Junta de InvestigaHtes do Ultramar), vol. VII, t. 1, 1952, 18-19. 5

6

. Confronte-se F. maritime, Paris, 397-398. 7

C.

LANE,

Venise

une

RJpublique

. Confornte-se Alberto VIEIRA, ob. cit., quadros n 3, 8-9-10. 8

1 e

. F. C. LANE, ob. cit., 198; Manuel LOBO CABRERA, El Comercio Canario Europeo Bajo Felipe II, Funchal, 1988, 197.

estabelecer a estrutura dos seus neg\cios,que tinha como porto de divergLncia a cidade de origem. No caso do espaHo atl>ntico podia ser Cncia que a Madeira e as Canncia entre a afirmaHno da cultura em ambos os arquipJlagos. As Can
. Sobre os italianos em Can
. Confornte-se Alberto VIEIRA, O ComJrcio Inter-Insular (...), quadros n s. 1 e 3; Manuel LOBO CABRERA, El Comercio Canario Europeo Bajo Felipe II, pp. 188-198. 11

.Confronte-se Alberto VIEIRA, O comJrcio inter-insular nos sJculos XV e XVI, Funchal, 1987, pp.27-40,129-137; Manuel LOBO CABRERA, El Comercio Canario Europeo Bajo Filipe II,

2. O ro estes os primeiros que aparecem na ilha, atraRdos pelo comJrcio do aHdcar. Depois seguiram-se, nas dJcadas seguintes da centdria, os D\rias, Jono Ant\nio Cesare, Jono Rodrigues Castelhano e Jer\nimo Sernigi. Todavia o grupo mais numeroso de italianos surgir< no primeiro quartel da centdria seguinte, Jpoca ntico. Assim sucedeu con JosJ Adorno e Paulo Dias Adorno, que saRram do Funchal em 1567 para se fixarem em S. Vicente no Brasil 12. Na Madeira os genoveses foram, em simult>neo, destacados Funchal, 1988, pp.108-120,141-150 12

. JosJ GonHalves SALVADOR, Os Cristnos-Novos. Povoamento e Conquista do Solo Brasileiro (1530-1680), S. Paulo, 1976, 88.

mercadores e produtores de aHdcar.Dos dltimos destacam-se Simno Aciaoli (Funchal), Benoco Amador (Funchal), Ant\nio Espindola (Funchal), Jorge Lomelino (Funchal, Santa Cruz) Lucas Salvago (Ribeira Brava), Ant\nio de Negro (Ribeira Brava) e Jono Lido (Ponta do Sol), que surgem com uma posiHno de relevo na estrutura produtiva madeirense, revelando-se como importantes produtores de aHdcar, no perRodo de 1509 a 1537. De acordo com os dados disponRveis sobre a produHno de aHdcar para as trLs primeiras dJcadas do sJculo XVI encontr<mos os seguintes valores:

PROPRIET;RIO MACHICO

FUNCHAL 1509

Simno Acioli Benoco Amador

1530

Jono FlorenHa

148

Lucas Salvago

Jono R. Castelhano

1509

CALHETA

1517

1509

1530

2564 560

Antonio de Negro

BRAVA

1365

Ant\nio Espindola

Jorge Lomelim

R

1020 135

576,5 1982,5 1227,5

Entre todos afirma-se Jorge Lomelino, que se apresenta como proprietncia assumida por alguns destes na economia aHucareira madeirense, referindo quatro como propriet
. Alberto VIEIRA, "O Regime de propriedade na Madeira. O caso do aHdcar (1500-1537)", in I.C.I.H.M., Funchal, 1989. 14

. Livro Segundo das Saudades da terra, Ponta Delgada, 1979, pp. 103, 110, 130.

Jorge Lomelino (Santa Cruz), Rafael Catanho (Santa Cruz) e LuRs D\ria (Faial). O mesmo realHa, ainda, a iniciativa de alguns, referindo o espRrito empreendedor de Rafael Catanho, que em Santa Cruz construiu uma levada para serviHo do seu engenho em que gastou mais de cem mil cruzados. Tal situaHno s\ foi possRvel, segundo Frutuoso, pelo, "grande espRrito" destes italianos 15. Um dos aspectos que mais favoreceu a penetraHno da comunidade italiana na ilha, para alJm do seu conhecimento dos "segredos" da produHno e comJrcio do aHdcar, foi a sua f
. Ibidem, 103.

16

. Alberto VIEIRA, O ComJrcio Inter-Insular (...), pp.

79-80. 17

. A.R.M., C.M.F., t. 1, fl. 150 vo, carta de 30 de Dezembro, publ. in A.H.M., vol. XV, 73. Esta confirma outra de D. Afonso V de 27 de Novembro de 1471 (A.N.T.T., Chancelaria de D. Afonso V, Lo. 29, fls. 53 vo) veja-se V. RAU, "Uma familia de mercadores italianos em Portugal no sJculo XV: os Lomellini", in Estudos de Hist\ria, vol. I, Lisboa, 1958, 1357; veja-se ainda, M. Ros
. A.R.M., C.M.F., fl. 204-211, 3 de Agosto, publ. in A.H.M., vol. I, n 4, pp.13-14

dos madeirenses.Para ambos a opHno era clara: havia um compromisso anterior que deveria ser cumprido e de difRcil revogaHno 19. Todavia atJ 1498 essa possibilidade de acesso B ilha nno esteve facilitada, dependendo das influLncias do senhorio e coroa e da conquista da simpatia das gentes da ilha, uma vez que eles sempre se mostraram contr
. VirgRnia RAU, "PrivilJgios e LegislaHno Portuguesa referentes a mercadores estrangeiros (sJculos XV e XVI)", in Estudos sobre Hist\ria Econ\mica Social do Antigo Regime, Lisboa, 1984, 141-200. 20

. A.R.M., C.M.F., t. 1, fl. 291 vo 292, 22 de MarHo, publ. in A.H.M., XVII, n 217, p. 367. 21

. Idem, Ibidem, t. 1, fl. 69 vo.-75 vo., 21 de Agosto; publ. in Ibidem, n 22, pp. 376-377.

Ant\nio e na Ponta do Sol. O seu patrim\nio nno mais parou de aumentar mercL da sua activa intervenHno em mdltiplas operaHtes de comJrcio e de crJdito, tornando-se num importante proprietmara de Lobos e Arco da Calheta. A capitania de Machico exerceu uma atracHno especial por alguns destes italianos. Assim os irmnos QuRrio e Rafael Catanho, que se fixaram na ilha a partir de princRpios do sJculo XVI, preferiram o convRvio dos capitnes desta vila, tendo o primeiro casado com Maria Cabral, filha de Tristno Teixeira, terceiro capitno. Mais tarde uma filha deste enlace, Angela Catanha, veio a casar com Diogo Teixeira, quarto capitno da capitania, que por ser inv
22

. Jono de Sousa, "Notas para a Hist\ria da Madeira. Os italianos na ilha. Benoco Amador", in Cidade Campo, supl. de Di
. Confronte-se Gaspar Frutuoso, ob. cit., 152.

. Gaspar Frutuoso (Ibidem, 159), refere que esse casamento da filha do capitno do donat
3. Mas aqui e agora importa questionar a dimensno assumida por estes no novo mundo insular. Tal como j< referimos, a Madeira e as Can
MERCADORES NcMERO

CREMONA

13

FLORENGA

40

GENOVA

50

ITALIA

1

TOTAL

%

104

Estes estno maioritariamente sediados no Funchal conforme se poder< verificar: LOCAL

SITUAGmO VIZINHO

ESTANTE

CALHETA

2

4

FUNCHAL

42

5

PONTA DE SOL

1

RIBEIRA BRAVA SANTA CRUZ

1 5

1

Os italianos, em especial os florentinos e os genoveses,

conseguiram implantar-se na Madeira, desde meados do sJculo XV, como os principais agentes do comJrcio do aHdcar, alargando depois a sua actuaHno ao domRnio fundio 26. No dltimo quartel do sJculo a estes vLm juntar-se Crist\vno Colombo, Jono Ant\nio Cesare, Bartoloneu Marchioni, Jer\nimo Sernigi e LuRs D\ria. E, finalmente, em princRpios do sJculo XVI, surgiu outro grupo mais numeroso, que alicerHou a comunidade italiana residente. Nestes dltimos tivemos: LourenHo Cattaneo, Jono Rodrigues Castigliano, Chirio Cattaneo, Sebastino Centurione, Luca Salvago, Giovanni e Lucano SpRnola. Os mercadores-banqueiros de FlorenHa surgem tambJm na ilha e evidenciaram-se nas transaHtes comerciais e financeiras em torno do aHdcar madeirense no mercado europeu. A partir de Lisboa, onde detinham uma priviligiada posiHno junto da coroa, mantLm e orientam uma extensa rede de neg\cios que abrange a Madeira e as principais praHas europeias. Primeiro conseguem da Fazenda real o quase exclusivo comJrcio do aHdcar resultante dos direitos reais por meio do contrato. Depois apoderaram-se do aHdcar em comJrcio, tomando o exclusivo dos contingentes estabelecidos pela coroa, em 1498 27. Assim tivemos, na 25

. Sobre a presenHa italiana na Madeira veja-se Charles VERLINDEN, ob. cit.; M. do Ros
27

. VirgRnia RAU,

O AHdcar na Madeira (...), 29.

. Fernando Jasmins PEREIRA, O AHdcar Madeirense de 1500 a 1537 (...), 61-65.

primeira metade do sJculo XVI, Bartolomeu Marchioni, Lucas Giraldi e Benedito Morelli com uma clara intervenHno no trato do aHdcar 28. A manutensno desta rede de neg\cios fazia-se por meio da intervenHno directa dos mercadores ou por meio do recurso a procuradores e agentes subestabelecidos. Benedito Moreli, em 1509-1510, estava representado na ilha por quatro agentes que tinham a seu cargo o recebimento do aHdcar dos quartos: Simno Acciuolli, Jono de Augusta, Beneco Amador, Crist\vno Bocollo e Ant\nio Leonardo 29. Marchioni, entre 1507-1509, fazia-se representar em operaHtes de idLntica Rndole por Feducho Lamoroto 30. Jono Francisco Affaitati, cremonLs, agente em Lisboa de uma das mais importantes companhias comerciais da Jpoca, teve uma participaHno muito activa nesse comJrcio, entre 1502 e 1526, por meio de contratos de compra e venda dos aHdcares dos direitos reais (1516-1518, 1520-1521 e 1529) e pagamentos em aHdcar a troco de pimenta 31Ele actuava, quer em sociedade com Jer\nimo Sernigi, Jono Jaconde, Francisco Corvinelli e Janim Bicudo, quer isoladamente, tendo para o efeito como feitores e procuradores na ilha Gabriel Affaitati, Luca Ant\nio, Crit\vno Bocollo, Capela de Capellani, Jono Dias, Jono GonHalves, Matia Manardi e Maffei Rogell. A penetraHno deste grupo de mercadores na sociedade madeirense foi muito acentuada 32. O usufruto de privilJgios reais e o relacionamento familiar conduziram B sua plena inserHno na aristocracia terratenente e administrativa. Eles, na sua maioria, apresentam-se como propriet
. Ibidem, 61-91; Idem, Os Estrangeiros na Madeira, 88, 115-117 e 125-128. 29

. Idem, Os Estrangeiros na Madeira, 19, 27, 60, 105, passim. 30

. Ibidem, 115-118

31

. Ibidem, 22-26.

32

. Ibidem, 23.

lomelino, Jono Rodrigues Castelhano, Lucas Salvago, Giovanni Spinola, Jono Antno, Jono FlorenHa, Simno Acciaolli e Benoco Amatori. TambJm nno se coibem, depois de naturalizados, de intervir na vida local. A sua intervenHno na estrutura administrativa madeirense abrangia os domRnios mais elementares do governo, como a vereaHno e repartiHtes da fazenda, que incidem sobre a economia aHucareira. Assim, surgem, como almoxarifes e provedores da fazenda. A par disso tLm uma forte intervenHno na arrecadaHno dos direitos reais, surgindo ainda como rendeiros. A presenHa da comunidade italiana na ilha, nno obstante as resistLncias iniciais, foi salutar, porque eles, para alJm de propiciar o maior desenvolvimento das relaHtes de troca em torno do aHdcar, foram portadores das novas tJcnicas e meios de comJrcio. A eles se deve o incremento das companhias e sociedades comerciais e o uso das letras de c>mbio nas vultuosas operaHtes comerciais. Os florentinos experientes nas transaHtes financeiras, surgem aR com grande destaque, sendo de realHar a acHno de Feducho Lamoroto e de Francisco Lape 33. A par disso a rede de neg\cios em torno do aHdcar, foi recriada e incentivada por estes mercadores, que atravJs de familiares e amigos lanHaram uma forte rede de neg\cios. O seu domRnio atingiu, nno s\, as sociedades criadas no exterior e com intervenHno na ilha, mas tambJm, o numeroso grupo de agentes ou feitores e procuradores subestabelecidos no Funchal. Sno vndega, com outros compatricios - Quirino Catanho, Feducho Lamoroto. 33

. Alberto VIEIRA, ob. cit., 59.

34

. Fernando Jasmins PEREIRA, O AHdcar Madeirense (...),

68-93.

Quanto ao comJrcio de aHdcar, desde a dJcada de setenta, que estes vinham actuando em sociedades para tal fim. Na primeira que conhecemos participavam Batista Lomelino, Francisco Calvo e Micer Leno, tendo como objectivo o comJrcio de todo o aHdcar produzido na ilha. A partir de 1498 com o estabelecimento das escneos - ;guas Mortas, Liorne, Roma e Veneza. Note-se que o primeiro destes detinha na ilha uma importante rede de feitores ou procuradores, de que se destacam Gabriel Affaitati, Luca Ant\nio, Crit\vno Bocollo, Capello de Capellani, Jono Dias, Matia Manardi e Maffei Rojel 35. Tudo isto girava em torno do comJrcio do aHdcar de que o mundo mediterr>nico, dominado pelos italianos, deveria consumir 43% do valor exportado da ilha, conforme o estabelece a esc
IT;LIA

OUTROS DESTINOS

arrobas

%

arrobas

%

36.000

30

78.000

70

MERCADO

140.626

52

130.896

49

MERCADORES

407.530,5

80

112.900

21

ESCAPULAS

Numa an
. Alberto VIEIRA, ob. cit., quadros n s. 13 e 14, pp. 204-205.

exportado, mas na realidade receberam no perRodo de 1490 a 1550, mais de metade do aHdcar que saRu da ilha, deste 97% foi para aR enviado na dJcada de 1501 a 1510. Para o perRodo em que vigoraram as esc
ARROBAS

%

Jono Francisco Affaitati

177.907,5

28,5

Feducho Lamoroto

32.039,5

5

Bartolomeu Marchioni

51.238

8

Benedito Morelli

50.348

8

Matia Manardi

134.423,5

21,5

Outros

179.604

29

TOTAL

625.559,5

Jono Francisco Affaitati, mercador cremonLs de famRlia nobre, chefe da sucursal em Lisboa da companhia Affaitati, uma das principais da praHa, surge no perRodo de 1502 a 1529 como o principal activador do comJrcio do aHdcar madeirense, tendo transaccionado sete vezes mais aHdcar que todos os portugueses. Durante este perRodo, arrematou, em 1502, as esc
sua troca por pimenta ou dRvidas 36. Para manter esta amplitude nas suas operaHtes comerciais na ilha ele contava com um grupo numeroso de feitores ou procuradores: Gabriel Affaitati, Luca Ant\nio, Crist\vno Bocollo, Matia Minardi, Capella e Capellani, Jono Dias, Jono GonHalves e Mafei Rogell. Por outro lado aceitou procuraHno de Garcia Pimentel, Pedro Afonso de Aguiar e Jono Rodrigues de Noronha. Note-se que o grupo inicial J, na sua maioria formado por italianos, ligados ao comJrcio do aHdcar, e que os segundos pertencem a algumas famRlias madeirenses mais influentes. 4. TambJm Crist\vno Colombo fora atraRdo pelo ouro branco e beleza das donzelas madeirenses, pois c< esteve, certamente em Agosto de 1478, ao serviHo de uma sociedade de Ludovico Centurione, por intermJdio do seu representante em Lisboa, Paolo di Negro, para comprar 2400 arrobas de aHdcar e conduzilas a GJnova. Depois disso envolveu-se matrimonialmente com uma filha de Bartolomeu Perestrelo, este tambJm de origem italiana, capitncia no Funchal, teria repousado nos aposentos de Jono Esmeraldo, no Funchal. Esta deduHno, sem qualquer prova documental, parece-nos estranha pois Crist\vno Colombo nunca trocaria o convRvio dos seus compatrRcios pelo fausto dos aposentos do referido mercador flamengo. Note-se que num e noutro momento havia j< no Funchal uma importante comunidade de italianos, onde predominavam os genoveses. Em 1478, quando Colombo se deslocou pela primeira vez ao Funchal, deveria ter contactado com os seus compatrRcios Francisco Calvo, Baptista Lomelino e Ant\nio SpRnola. Aquando da sua segunda est>ncia, j< 36

. Sabe-se disso a partir de um acto notarial de 25 de Agosto de 1479 sobre o nno cumprimento de um contrato de remessa de aHdcar da Madeira. 37

. Confornte-se Manuel C. de Almeida CAYOLLA ZAGALLO, Crist\vno Colombo e a Ilha da Madeira. A casa de Jono Esmeraldo, Lisboa, 1945, 34-35; Agostinho de ORNELLAS,Mem\ria sobre a residLncia de Colombo na ilha da Madeira, Lisboa, 1892, 8-9.

casado, poderia associar-se ao convRvio de outros patrRcios seus, como Jono Ant\nio Cesare, os D\rias. E, finalmente, em 1498, na terceira viagem que fez Bs Indias, B sua passagem pelo Funchal a comunidade italiana era muito importante, tendo-se juntado aos j< existentes, os florentinos Bartolomeu Marchioni, Jer\nimo e Dinis Sernigi38. Em face da presenHa desta comunidade de italianos, dominada pelos genoveses, na ilha da Madeira com maior destaque para o Funchal, parece-nos estranho que este se tenha alojado na casa de um flamengo, recJm-chegado, a quem nno o ligavam quaisquer laHos de convRvio ou comJrcio. O navegador nno podia ignorar os seus compatrRcios, como Baptista Lomelino e Ant\nio SpRnola, que j< se encontravam na ilha B algum tempo, envolvidos no comJrcio de aHdcar. AlJm disso, como mercador que era deveria preferir o convRvio da Rua do mesmo nome e nunca a vivenda de Jono Esmeraldo. Ser< que esta atribuiHno se deve ao facto de Gaspar Frutuoso considerar Jono Esmeraldo como genovLs ? 39. Em face do espRrito de solidariedade que dominava a comunidade genovesa no estrangeiro, considerado um dos factores de sucesso das suas operaHtes comerciais, parece-nos difRcil aceitar uma atitude contr
38

. Manuel C. de Almeida CAYOLLA ZAGALLO, ob. cit., 34-36.

39

. ob. cit., p. 124 e 260.

40

. Crist\bal col\n. Textos y documentos completos, pr\logo y notas de Consuelo Varela, Madrid, 1984, pp. 310 e 363.

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