INSULINAS Disciplina: Farmacologia Médica ICS-UFBA - 2009 Rômulo Meira
SIR FREDERICK GRANT BANTING
Dr. Charles Best & Dr. Frederick Banting
Evolução Histórica das Insulinas (1) 1922 Banting, Best, Collip usam extratos de insulina bovina em seres humanos 1923 Eli Lilly produz quantidades comerciais de insulina bovina mais puras do que as usadas por Banting e colaboradores 1923 Farbwerke Hoechst, um dos precursor do atual laboratório Sanofi Aventis, produz quantidades comerciais de insulina bovina na Alemanha 1923 Hagedorn funda o Nordisk Insulinlaboratorium na Dinamarca – antecessor do atual Novo Nordisk 1926 Nordisk recebe licença do Governo da Dinamarca para produzir insulina sem fins comerciais
Evolução Histórica das Insulinas (2) 1936 os canadenses D.M. Scott, A.M. Fisher formulam a mistura insulina zinco e licenciam-na à Novo 1936 Hagedorn descobre que adicionando protamina à insulina prolonga a duração da sua ação 1946 Nordisk formula a insulina porcina Isofana tambem conhecida como insulina Neutral Protamine Hagedorn ou insulina NPH
Evolução Histórica das Insulinas (3) 1946 Nordisk cristaliza a mistura de insulina e protamina 1950 Nordisk comercializa a insulina NPH 1953 Novo formula as insulinas Lentas porcina e bovina adicionando zinco para uma insulina de ação mais duradoura 1955 Frederick Sanger determina a sequencia de aminoácidos da insulina 1966 C.L. Tsou, Wang Yinglai, e colaboladores conseguem, pela primeira vez, a síntese total da insulina
Evolução Histórica das Insulinas (4) 1969 Dorothy Crowfoot Hodgkin descobre a estrutura cristalina da insulina através de cristalografia por raios-x 1973 Introdução da insulina purificada monocomponente (MC)
Evolução Histórica das Insulinas (5) 1973 Padronização da insulina oficial vendida para uso humano nos EUA em U-100 (100 unidades por ml). Antes da padronização a insulina era vendida em diferentes concentrações incluindo U-80 (80 unidades por ml) e U-40 (40 unidades por ml) A padronização da potência objetivava reduzir erros de dosagem e facilitar o trabalho dos médicos na prescrição de insulina. A padronização foi logo adotada pelos demais países.
Evolução Histórica das Insulinas (6) 1978 Genentech produz a insulina 'humana' sintética usando técnica de DNA recombinante na Escheria coli, licenciada para o Eli Lilly 1981 Novo Nordisk converte química e enzimaticamente a insulina porcina em insulina 'humana' 1982 aprovação da insulina 'humana' sintética da Genentech (acima) 1983 Eli Lilly e Companhia produz insulina 'humana' sintética com tecnologia de DNA recombinante, Humulin 1985 Axel Ullrich sequencia o receptor da insulina da membrana celular humana.
Evolução Histórica das Insulinas (7) 1988 Novo Nordisk produz insulina 'humana' recombinante 1996 Aprovação da insulina análoga Humalog "lispro" da Lilly. 2000 Aprovação pra uso clínico nos EUA e Europa da insulina “glargina” análoga da Sanofi Aventis, Lantus. 2004 Aprovação para uso clínico nos EUA da insulina “glulisina” Apidra da Sanofi Aventis. 2006 Aprovação para uso clínico nos EUA da insulina análoga Levemir “detemir” da Novo Nordisk.
DIABETES CARE, DIABETES CARE, VOLUME 32, NUMBER 1, JANUARY 2009 VOLUME 32, NUMBER 1, JANUARY 2009
Insulina reduz a glicose sanguínea Insulina único hormônio que pode produzir hipoglicemia
Glucagon, adrenalina, cortisol e hormônio do crescimento hormônios que se contrapõem aos efeitos da insulina e elevam a glicose sanguínea
normal pancreas
Células Beta das Ilhotas de Langerhans
Síntese e Secreção de Insulina Estimulada pela Glicose
Secreção da Insulina GLUT-2
ACh M2
+ + + + + K
+
metabolismo da glicose ATP
X
K+
IP3 somatostatina
RE Ca2+
X
CKSA Ca
grânulo de insulina
Ca2+
++
CCVD
?
cAMP
ATP β2
NA
liberação α2
NA
Biossíntese e Armazenamento da Insulina Polipeptídio de duas cadeias ligadas por dissulfeto produzido pela clivagem do “peptídioC” da proinsulina a preproinsulina é o produto do gene da insulina
Proinsulina armazena-se na forma de grânulos citosólicos de secreção durante a maturação controlada por íons de Zn produção e armazenamento equimolar de peptídio-C
Preproinsulina Peptídio marcador
Peptídio C
ponto de corte cadeia-α S
NH2 S
COOH
S
S
S S cadeia-β
ponto de corte
Estrutura da Insulina Humana
Fatores Controladores Glicose sangüínea; mais importante captação via transportador GLUT-2 necessário metabolismo da glicose bifásico; fase aguda, fase tardia
Atividade autonômica Beta-2 e M2 eleva, alfa-2 reduz a glicose
Potenciação fisiológica amino-ácidos (Lys, Leu), AGL, cetonas GIP, gastrina, CCK, VIP, enteroglucagon
Modulação Farmacológica Várias drogas influenciam diretamente a liberação da insulina estimulantes » bloqueadores alfa-2, agonistas beta-2, teofilina, sulfoniluréias inibidores » diazóxido, tiazidas, ácido etacrínico, furosemida, fenitoína
Mecanismo de Ação da Insulina Ligação ao receptor da insulina multimérico; sub-unidades 2-alfa/2-beta inicia internalização do complexo ligante:receptor
Produz ativação gênica e da tirosina cinase IRS-1 é o substrato principal; mutações podem produzir resistência à insulina
Glicosilação Protéica: HbA1C
Hiperglicemia Hemoglobina A1c Importante marcador de exposição prolongada a níveis altos de glicose. Hemoglobina torna-se glicosilada t1/2 120 dias Usada para monitorar objetivos terapeuticos
Sorbitol Produzido à partir da glicose pela aldose redutase Possui atividade osmótica e causa dano aos tecidos
Farmacodinâmica da Insulina Afeta as principais vias metabólicas carbohidratos, lipídios, proteínas
Principais tecidos alvo fígado, tec. adiposo, e músculos esqueléticos
Reduz a produção hepática de glicose reduz a gliconeogênese, glicogenólise, cetogênese, (e síntese do glicogênio)
Farmacodinâmica da Insulina Células musculares aumenta a captação da glicose GLUT-4, oxidação da glicose, síntese de glicogênio, captação de aminoácido, síntese protéica reduz a glicogenólise, liberação de aminoácidos
Adipócitos aumenta a captação de glicose, síntese de triglicerídios, reduz a liberação de AGL e glicerol
Cetogênese A insulina inibe a lipase A insulina inibe a formação do glicerol (substrato para a gliconeogênese) e ácidos graxos livres (substratos para a formação de corpos cetônicos) Deficiência relativa ou absoluta de insulina promove lipólise e formação de corpos cetônicos Resultado: cetonemia, cetonúria, hálito cetônico, poliúria devido à perda de sódio e água na urina Cetoacidose diabética
Farmacodinâmica da Insulina Efeito final Produzir hipoglicemia e aumentar o armazenamento de energia nos músculos, tecido gorduroso e fígado
Farmacocinética da Insulina Inativa por via oral administrada parenteralmente; sc or im; iv em emergência
Meia-vida plasmática < 9 min Inativação pelo fígado e rins
Preparações Comerciais de Insulina Duas Fontes animal (boi ou porco; “pico-único” v. “monocomponenete”) humana (E. coli recombinante v. semi-sintética porcina modificada)
Classificações rápida- (regular; Insulina lispro; insulina aspart) , intermediária- (NPH, lenta) , ação lenta (ultralenta) início de ação, respectivamante .25-1 h, 1-2 h, 46h
Preparações Comerciais de Insulina I INSULINAS HUMANAS
PERFIL DE AÇÃO (horas) Início
Pico
Duração Efetiva
Duração Máxima
Ultra-Rápida (UR)
< 0,25
0,5-1,5
3-4
4-6
Rápida (R)
0,5 - 1,0
2-3
3-6
6-8
NPH (N)
2-4
6-10
10-16
13-14
Lenta (L)
2-4
6-12
12-18
16-20
Ultralenta (U)
6-10
10-16
18-20
20-24
Glargina
4
Não tem
24
24
INSULINAS ANIMAIS
PERFIL DE AÇÃO (horas) Início
Pico
Duração Efetiva
Duração Máxima
Rápida (R)
0,5-2,0
3-4
4-6
6-10
NPH (N)
4-6
8-14
16-20
20-24
Lenta (L)
4-6
8-14
16-20
20-24
Ultralenta (U)
8-14
Mínimo
24-36
24-36
Análogos de insulina * Adaptado de: Medical management of type 1 diabetes – 3rd edition - 1998 - American Diabetes Association
Usos Terapêuticos da Insulina Único uso terapêutico é no tratamento do DM diag.: teste de tolerância à insulina da secreção de GH
O objetivo é o controle da glicemia e normalização do metabolismo a normalização é difícil geralmente auto-administrada (existem também sistemas mecânicos de administração) » regimes giram em torno da alimentação, exercícios, dormir; “misto” mais comum
Efeitos Adversos e Toxicidade do Uso da Insulina Relacionados Principalmente com doses elevadas problema mais grave: hipoglicemia diversos fatores (jejum, exercícios, doenças, estresse, drogas) podem influenciar a sensibilidade à insulina exógena pode resultar em coma tratamento; dar glicose (oralmente, ou iv se comatoso) ou glucagon seguido de glicose distinção obrigatória entre as causas de coma » Não Cetótico Hiperosmolar vs. hipoglicêmico
Efeitos Adversos e Toxicidade do Uso da Insulina - 2 Reações alérgicas à insulina (raras); urticária, angioedema, anafilaxia
Lipodistrofia; alterações na gordura subcutânea nos locais de repetidas aplicações Resistência à insulina anticorpos ativadores, glicocorticóides anormais, irresponsividade tecidual devido ao excesso de insulina
Interações Devido ao Metabolismo da Glicose e DM Interações hipoglicemiantes Álcool X insulina ou hipoglicemiantes orais Salicilatos, oxitetraciclina, IMAOs e insulina
Interações hiperglicemiantes glicocorticóides, fenotiazinas, benzodiazepinas diuréticos tiazídicos podem reduzir a tolerância à glicose » sobretudo pelo efeito direto nas células beta
Interações Devido ao Metabolismo da Glicose e DM - 2 Diazóxido Usado para tratar hipoglicemia (insulinomas) » inibe a liberação da insulina » Estimula a liberação de catecolaminas » Aumenta a produção hepática da glicose
Propranolol é contraindicado para diabéticos, exceto pós-IAM Bloqueia os efeitos compensatórios da adrenalina
Biossíntese do Glucagon Glucagon, e vários peptídios semelhantes derivamse do mesmo precursor; preproglucagon Proteases tecido-específicas determinam que produto será produzido por qual célula Glucagon é um peptídio de cadeia simples (29aa)
Armazenamento e Secreção do Glucagon Glucagon é armazenado em grânulos secretórios das células Alfa pancreáticas Glicose é o mediador mais importante da sua secreção glicose, somatostatina e AGL inibem sua liberação aminoácidos, hormônios intestinais, agonistas Beta-2 e M2 estimulam sua liberação
Mecanismo de Ação do Glucagon Liga-se aos seus receptores na superfície celular ativa a adenil-ciclase (aumenta o AMPc) via proteína-G estimulante AMPc induz expressão do gene PEPCK
PK-A ativa a fosforilase e inativa a glicogênio sintetase hepática
Farmacocinética do Glucagon Administração parenteral Meia-vida plasmática cerca de 9 min Degradado pelo fígado, rins, plasma
Farmacodinâmica do Glucagon Ações principais estimula o metabolismo hepático dos carbohidratos » Aumenta a glicogenólise e a gliconeogênese, reduz a síntese de glicogênio estimula a liberação da insulina (adrenalina com doses elevadas) estimulação cardíaca » aumenta a contratilidade, pouco efeito na frequência
Usos Terapêuticos do Glucagon No tratamento da hipoglicemia recomendado para pacientes comatosos, preferencialmente Tipo-I sem eficácia na crise hipoglicêmica secundária à depleção das reservas de glicogênio meia-vida curta facilita seu uso em condições de hipoglicemia crônica
Usos Terapêuticos do Glucagon- 2 Doenças Cardiovasculares algumas vezes é usado para contrabalançar os efeitos metabólicos de altas doses de betabloqueadores
Diagnóstico doença de armazenamento do glicogênio; feocromocitoma, insulinoma
Relaxamento GI em radiologia
Efeitos Adversos e Toxicidade do Glucagon Principalmente náusea e vômito Pode ocorrer hipocalemia
Pramlintida Pramlintida (Symlin); análogo sintético da amylina Mecanismo de Ação: - inibe a secreção do glucagon - retarda o esvaziamento gástrico - promove a saciedade e a perda de peso Pros: reduz a GPP, reduz a A1c 0.5 % e promove perda de peso Conts: intolerância GI, hipoglicemia, mais uma injeção e custo