Idosos E O Mercado De Trabalho

  • November 2019
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Idoso, Mercado de Trabalho, Trabalho e Aposentadoria: Aspectos Legais e Psicológicos Bruno Alves de Souza Advogado Cleilson Teobaldo dos Reis Psicólogo

O Salto (O Rappa) As ondas de vaidade inundaram os vilarejos Minha casa se foi como fome em banquete Então sentei sobre as ruínas E as dores como o ferro, a brasa e a pele ardiam Como o fogo dos novos tempos Ardiam como o fogo dos novos tempos Regaram as flores no deserto Regaram as flores com chuvas de insetos Mas se você ver em seu filho Uma face sua e retinas de sorte e um punhal Reinar como brilho de sol O que farias tu? Espatifaria ou viveria o Espírito Santo? Se espatifaria ou viveria o Espírito Santo? Aos jornais eu deixo o meu sangue como capital E às famílias um sinal (punhal), um sinal Aos jornais eu deixo o meu sangue como capital E às famílias um sinal (punhal), à corte eu deixo um sinal. Regaram as flores no deserto Regaram as flores com chuvas de insetos

Os idosos no Mercado de Trabalho: Tendências e consequências (Wajnman et alli, 2004)

 Aumento da população idosa

aumento da participação na força

de trabalho → Composição da renda pessoal e familiar → Construção subjetiva em torno do Trabalho → Ausência de alternativas para a vida “sem emprego”

 Crescimento

da participação de idosos na População Economicamente Ativa: Em 20 anos o dobro - 10% para homens e 6% para mulheres

 Participação no Mercado de Trabalho é Heterogênea

Os idosos no Mercado de Trabalho: Tendências e consequências (Wajnman et alli, 2004)

 Em 2002, 41% dos homens de 60 anos e mais trabalhavam ou procuravam trabalho. Entre as mulheres o percentual era de 13%. → Em 2002, 71% da População Economicamente Ativa Idosa era de homens e 29% de mulheres.

 Homens e mulheres negros/as apresentam maior participação na população idosa ativa do que homens e mulheres brancos/as.

 Analfabetos, idosos com primário incompleto e idosos com mais de 11 anos de estudo apresentam maior participação na PEA idosa.

 Em 2002, 78% dos idosos eram aposentados. 24% deles permaneciam trabalhando (PEAi).

Os idosos no Mercado de Trabalho: Tendências e consequências (Wajnman et alli, 2004)

 Quanto menor for a classe de renda familiar, maiores são as taxas de atividade.

 57% dos homens e 84% das mulheres da população de idosos ativos estão ocupados no setor de serviços (no meio urbano).

 47% dos homens e 44% das mulheres da população de idosos ativos trabalham por conta-própria (no meio urbano).

 61% dos homens e 75% das mulheres da população de idosos ativos trabalham em atividades manuais (no meio urbano). → Proporção vai diminuindo conforme a idade avança, aumentando a participação dos trabalhadores em ocupações médias e superiores.

Os idosos no Mercado de Trabalho: Tendências e consequências (Wajnman et alli, 2004)

 72% dos homens e 40% das mulheres da população de idosos ativos têm jornadas de trabalho de acima de 40 horas semanais (no meio urbano).

 Dentre os idosos homens entre 60-64 anos (45% da PEAi), o rendimento do idoso corresponde a 67% de sua renda familiar no meio urbano e 69% no meio rural. → Curiosamente essa participação não diminui com o passar do tempo. Ela migra da fonte do trabalho para a aposentadoria.

 Tendência: Crescimento da participação do idoso no mercado de trabalho.

Os idosos no Mercado de Trabalho: Tendências e consequências (Wajnman et alli, 2004)

 O estrondoso crescimento da cobertura previdenciária pósConstituição de 1988 não teve o impacto que se poderia esperar sobre a atividade econômica, ou seja, o benefício da aposentadoria, enquanto se reverteu em um importante instrumento de geração de renda familiar e combate à pobreza , aparentemente não gerou nenhum incentivo ao afastamento do trabalho

 “... necessidade de adequar um número expressivo de novos postos de trabalho no Brasil à absorção de um contingente crescente de mão de obra idosa, com níveis de escolaridade inferiores ao da média populacional, de qualificação muitas vezes defasada, de difícil reciclagem, mas aproveitando-se, em contrapartida, as vantagens comparativas oferecidas pela maturidade”.

Trabalho: - Ação Iminentemente Humana; - Ação Produtiva * Pensar (Planejar, Inventar) * Interagir (Relacionar-se) * Produzir (Executar, transformar)

• Deve ser entendido não somente como um modo de subsistência, mas também como uma forma de inserção social, onde aspectos físicos e psíquicos são mobilizados.

• Tal como aponta Dejours (1993), “A questão que nos é

colocada pela psicopatologia do trabalho não é a disjuntiva: ‘Trabalho ou não-trabalho?’, mas antes, ‘Qual trabalho?’”.

• Para responder a essa questão, faz-se necessário

entender o trabalho não só nos seus aspectos objetivos e quantitativos que tentam dizer da relação homemtrabalho, mas também evidenciar o seu caráter de “operador fundamental na própria construção do sujeito” ou como “(...) um espaço da construção do sentido e, portanto, de conquista da identidade, da continuidade e historicização do sujeito” (Dejours, 1994).

Aspectos Psicológicos em relação ao Trabalho - Trabalho associado a Emprego. Se não há emprego, portanto, o sujeito vivencia dificuldades em se colocar no mundo; - Trabalho referenciou toda a construção da vida: valores, pensamentos, posição/importância frente à família e à Sociedade; - Relacionamentos sociais mais consolidados circunscritos ao campo do Trabalho; - Vida pouco desenvolvida e ativa fora do campo do Trabalho, dificultando a construção de alternativas ; - Visão distorcida sobre o envelhecimento – inútil e “peso” .

Um homem também chora (Guerreiro Menino) (Gonzaguinha) Um homem também chora, menina morena Também deseja colo, palavras amenas Precisa de carinho, Precisa de ternura Precisa de um abraço da própria candura Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis Guerreiros são meninos no fundo do peito Precisam de um descanso, precisam de um remanso Precisam de um sonho que os tornem refeitos É triste ver este homem, Guerreiro Menino Com a barra de seu tempo por sobre seus ombros Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra A dor que traz no peito Pois ama e ama Um homem se humilha, se castram seus sonhos Seu sonho é sua vida e vida é trabalho E sem o seu trabalho um homem não tem honra E sem a sua honra, se morre, se mata Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz

Intervenção Necessária - Contribuir na transformação da compreensão do Trabalho, compreendendo-o como uma dimensão humana, não necessariamente vinculado à lógica da produção capitalista: Questionar estereótipos (trabalhador X boa-vida/“vagabundo”);



Romper com as hierarquias de valor entre trabalho braçal e trabalho intelectual, trabalho bem remunerado e trabalho mal remunerado, trabalho autônomo e trabalho contratado, etc.



→ Discutir

o conceito de trabalho e o lugar que ocupa na vida de cada um.

Intervenção Necessária - Ampliar as formas de atuação e intervenção na vida, não somente restritas ao trabalho. Pensar o lazer e a vida comunitária fundamentais para o processo de socialização saudável: → Lazer enquanto possibilidade de desenvolvimento da capacidade criativa, da imaginação e da fantasia, mas principalmente de um novo processo de socialização; → Devem estar incluídos em um novo Projeto de Vida, por isso também podem ser planejados e organizados. → Devem ser compreendidos como investimento em si próprio, favorecendo o contínuo processo de desenvolvimento pessoal.

“O lazer faz parte do fazer humano [trabalho], com alto significado para o desenvolvimento pessoal e coletivo da humanidade. Precisa, portanto, ser entendido em todas as suas dimensões, pois só assim levará à reflexão, à crítica, à mudança, ao questionamento e à transformação social” (Ferrari, 2005).

Indicações Bibliográficas DEJOURS, C. Por um trabalho, fator de equilíbrio. In: Revista de Administração de Empresas. São Paulo, n.33, mai/jun, 1993. p. 98-104. _____. Psicodinâmica do Trabalho. São Paulo : Atlas, 1994. FERRARI, M. A. C. Lazer e ocupação do tempo livre na terceira idade. In: PAPALEO NETTO, M. A velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo : Atheneu, 2005. p. 98-105. WAJNMAN, S. et alli. Os idosos no mercado de trabalho: tendências e consequências. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60? Rio de Janeiro : IPEA, 2004. p. 453-479.

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