Extra Mercado De Trabalho

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Novembro de 2008

As dificuldades para conseguir um emprego

Estágio é caminho para o mercado de trabalho

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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Unisul Tubarão | Ano 14 | Número 4 | Novembro de 2008

Novo nicho Com o desenvolvimento vem a necessidade de novos profissionais Pág.7

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OPINIÃO

Novembro de 2008

Cenário do mundo do trabalho Graziela Bez Batti editado por Agcom

Meados de 1970, o diploma de um curso superior era a garantia de emprego. Hoje, estudar, fazer um curso superior, usufruir um diploma, arrumar um bom emprego, trabalhar por algumas décadas, se aposentar e curtir a vida a beira mar, é o sonho ou conquista de poucos. Cena, câmera, ação...O cenário mudou. Não que você deva apagar este sonho, mas o cenário atual de um trabalhador é uma contínua evolução. Pensar que após o término da faculdade você estará livre do estudo é simplesmente decretar a morte à carreira profissional. A necessidade faz com que você esteja apenas iniciando no mercado de trabalho e que, a partir de agora, o dever é sempre estudar e se atualizar. Nesta era da informação, velocidade e orientação para resultados, as pessoas estão cada vez mais atônitas com a rapidez das mudanças. Já não basta ser especialista em uma única área. É necessário conhecimento, experiência e ser realmente o melhor. Segundo consultores e autores de livros bem-sucedidos estamos vivendo a era dos multi-especialistas. Você deve ser especialista em administração, finanças, informática, idiomas, relacionamento (esta, por sua vez, a mais importante e difícil), etc. O objetivo é entender de tudo e a única maneira de dominá-los é através do estudo e constante aprendizado, a fim de se destacar e garantir o sucesso. Estamos chegando em 2009, com um mercado de trabalho repleto de dentistas, psicólogos, advogados, médicos, engenheiros, enfim, as tradicionais profissões concorridíssimas. A chance e a oportunidade do momento é se diferenciar neste mercado. Não é possível anunciar fórmulas, regras ou sugestões, pois desde a época das cavernas, e entre todos os continentes do mundo, o ser humano foi criado para lutar, com garra e determinação, pelas vontades que ele mesmo dispõe. Como diz Domenico De Masi, em seu livro Ócio Criativo, “o futuro pertence a quem souber libertar-se da idéia tradicional do trabalho como obrigação ou dever, e for capaz de apostar numa mistura de atividade em que o trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo e o lazer; o futuro é de quem exercitar o ócio criativo”.

extra Fale com a gente! ESPAÇO DO LEITOR O Extra precisa da sua opinião [email protected] (48)3621-3303

Atenção surge na juventude

A importância do estágio Filipi Ghedin editado por Agcom

Peterson Crippa editado por Agcom

O ciclo de representação funcional e dia-a-dia. Por outro lado, há muitos que do processo de independência do ser- não gozam desta realidade. E são estes humano, tanto para sua vida quanto para jovens que mais sofrem na corrida pelo “ouro”. a sociedade em que Sem contar que, em atua, seguindo a muitos casos, este normalidade, começam Atividade “valioso metal” que já na adolescência. Por produtora possuem, ainda não é isso, é durante a a verdadeira aspiração juventude que desperenvolve e profissional que desetam as primeiras provoca java quando criança, atenções para os pois desde cedo são rumos que se quer diferentes obrigados a sair à seguir na vida. sensações caça do pão de cada Os fatores históridia e custe o que cos e a posição financustar. ceira da família contam Contudo, trabalhar é uma atividade que muito nos caminhos que o jovem deve envolve e pode provocar diferentes tomar. Uns seguindo as suas tendências sensações no Homem. Sempre traz familiares, outros amparados economica- dignidade e propicia doses de responmente pelos pais para buscarem o sonho sabilidades que podem servir como do futuro, de qualquer maneira, na maioria, importante tesouro no futuro. Ainda mais, são estes os beneficiados na seleção do quando se busca a satisfação profissional.

O estágio é a porta que possibilita a entrada para o tão disputado mercado de trabalho. Por incrível que pareça, o número de vagas disponibilizadas é maior que o número de candidatos. A realidade é que as pessoas fazem-se de desinformadas para esconder a incapacidade de buscar uma oportunidade. Os empregadores também têm culpa no cartório. Nas entrevistas de emprego perguntam se o candidato tem ou teve alguma experiência no ramo ao qual pretende ingressar. Como afirmar que uma pessoa é experiente se o estágio é uma porta que empresas lacram para não ter despesas extras? Penso que os atuais patrões esqueceram que foram jovens e que também eram esperançosos para ter

Empresas também são espaço para aprendizagem

Todos querem um lugar ao sol Marcos Dalmoro editado por Agcom

A cada seis meses é mesma coisa. Uma leva dependem dos pais para sobreviver. E senhores de novos profissionais, em dezenas de áreas com até 70 anos que batalham pelo pão de cada de atuação, desponta no mercado. Seus perfis dia. Ou até idosos com mais de 60 anos que são variados. Têm objetivos múltiplos. Mas iniciam uma faculdade. Com a globalização, o todos têm o mesmo desejo: mundo mudou. O jeito de um lugar ao sol. Cursar o se levar a vida é diferente ensino superior e ter o e precisamos nos localizar Instrução diploma em mãos não é neste mundo novo. acadêmica mais garantia de ter um Foi-se o tempo em que bom emprego. A máxima é a palavra trabalho estaainda é o batida, mas ainda vale. va ligada à tortura. Ficou melhor caminho A ordem cronolónos livros de história. Hoje para o bom gica altera-se. O “manual ele serve de instrumento de boa conduta” diz que de sobrevivência. Todos profissional estudamos, trabalhamos, precisam desta ferramenta nos aposentamos para de prazer e ardor. Trabalho então curtirmos a vida. Não é mais assim que é sinônimo de profissionais realizados. E a as coisas acontecem. Hoje vemos homens de instrução acadêmica ainda é o melhor caminho 30 anos, que sem instrução educacional, para o bom profissional.

uma oportunidade na vida. Alguém os ajudou a ser o que são, porque ninguém consegue experiência por conta própria. Sempre tem uma pessoa que transmite seus conhecimentos, e a partir deles as idéias são assimiladas e possivelmente transformadas. É necessário que haja uma valorização do estágio, porque é uma porta de acesso ao mercado de trabalho. Os empregadores precisam estar cientes que suas empresas são também escolas. Um jovem estagiário pode ser uma futura ‘peça’ de grande importância para o local onde trabalha. Para isso, os patrões têm que deixar de visar interesses pessoais e sim os coletivos. Com isso, eles ganham dedicados funcionários. E os recémchegados ao mercado de trabalho, uma chance de demonstrar o seu valor. Essa é a fórmula do sucesso.

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarão Textos e fotos: alunos do 6º Semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: alunos do 7º Semestre/Prof. Ildo Silva | Opinião: alunos do 7º Semestre/Profª. Darlete Cardoso | Diagramação: Davi Carrer, 6ª fase/Jornalismo | Planejamento Gráfico: Lucas Lemos, 6ª fase/ Jornalismo | Capa: Emin Ozkan/Banco de dados SXC.hu | Contracapa: Alan Olivo, Camila Silvano, Cristiani Mariot, Lilian Silva, Miguel Furghestti, Michele Ayres e Rafael Nandi, 4º Semestre de Publicidade e Propaganda/Profª. Valéria Braga Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Profª. Darlete Cardoso Coordenador do Jornal-laboratório: Prof. Cláudio Toldo | Impressão: Gráfica Soller

Reitor: Gerson Luiz Joner da Silveira | Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico: Sebastião Salésio Herdt | Chefe de Gabinete e Secretário-Geral da Reitoria: Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Administração: Marcus Vinícius Anátocles da Silva Ferreira

Curso de Comunicação Social

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TRABALHO

Passo a passo das profissões em quatro etapas fundamentais Davi Carrer editado por Marcos Dalmoro

Enquanto algumas pessoas tentam parar de trabalhar, se aposentando, outras correm atrás do primeiro emprego. Esta é a realidade em que universitários e analfa-

Primeiro emprego A estudante de Psicologia Camila Furlan, de 20 anos, está à procura do primeiro emprego. Mesmo ouvindo constantemente as pessoas falarem que deveria estar trabalhando, Camila dá prioridade aos estudos. “Já fiz cadastros, entreguei currículo, mas agora parei de correr atrás porque meus estudos estão exigindo maior atenção”, explica. Camila não tira a razão de quem incentiva a inserir-se no mercado de trabalho o quanto antes, porque ela já encontra dificuldades por não ter experiência. “As pessoas procuram funcionários com experiência e, como não tenho, fico de Autoretrato: Rafael Nazário

betos sentam lado a lado. Quando a questão é procurar emprego, trabalhar ou se aposentar todos passam pelo mesmo processo. O mercado de trabalho está cada vez mais concorrido, exigindo mão-de-obra qualificada. Segundo pesquisa do IBGE/2007, os principais desta-

ques da evolução do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas mostra que apenas 2,1% das pessoas ocupadas têm até um ano de estudos, enquanto aqueles que têm mais de oito anos de estudo são 71,8%. Existe uma distância no nível

educacional entre os mais velhos e os mais novos. Uma outra pesquisa do IBGE/ 2006 mostra que, dentre os trabalhadores com mais de 50 anos de idade, 70,5% possui oito anos ou mais de estudos. Apenas 54,2% da população que trabalha está nesta faixa. Esta dife-

rença se percebe ainda no número de pessoas que trabalham e que tem até um ano de estudos, ou seja, 6,2% da população com mais de 50 anos e apenas 2,4% com menos. Um ciclo de ascenção profissional e aposentadoria que todos os dias abre-se ou fecha-se.

fora”, reclama. A estudante gostaria de trabalhar na sua área, a Psicologia, ou ao menos como secretária ou recepcionista, já que possui cursos profissionalizantes como telefonista, atendimento e telemarketing. Sem emprego, Camila depende do apoio dos pais. Durante o dia ouve música, estuda para faculdade, acessa a Internet e principalmente lê, uma de suas paixões. A situação é mais complicada para Rafael Grah Nazário. O estudante de Jornalismo, com 24 anos, está desempregado. Em uma idade que seria comum já se firmar em uma profissão, ele ainda busca algo na sua área de atuação e que seja compatível com as suas idéias. “Faltam oportunidades em minha cidade. As rádios de Garopaba, onde moro, não têm programas bem elaborados e que chamem a atenção do público, já os jornais impressos são superficiais, não trabalham com os problemas e acontecimentos da cidade e região”, justifica.

Experiência

em que está há seis anos. Atua como motorista. “Adoro o que faço porque gosto de ônibus, de motor. Além do mais, gosto de todo dia estar em um lugar diferente e de trabalhar com pessoas”, acrescenta. O motorista trabalha desde os 13 anos, quando foi empregado em uma oficina de chapeação e pintura. Durante todo este período ele aprendeu que às vezes é preciso ter jogo de cintura para agüentar o emprego. “A gente tem que ser malandro, pois se você facilitar alguém vai querer tomar o seu lugar”, revela. Ele ainda tem planos para o futuro, mas não se imagina mudando de função, no máximo trocar o ônibus por uma

máquina pesada (retro-escavadeira, patrola). Já o assessor de Comunicação Social e professor, José Carlos Virtuoso, de 45 anos, dá mais valor ao tempo livre. “Gosto de me encontrar com os amigos, dar atenção à família, ler um bom livro e ver um bom filme”, explica. Jornalista, com mestrado em Ciências Ambientais, ele gosta muito do que faz, sobretudo, trabalhar com comunicação social em uma universidade. “Pretendo seguir em frente nesta área, talvez fazer um doutorado e investir mais na pesquisa acadêmica”, acrescenta. Zeca, como é tratado por todos em seu ambiente de trabalho, traz um vasto currículo profissional, além de muitos contatos, o que o ajudou 12 anos atrás a conseguir uma vaga na universidade. “Trabalhei em locais como o Jornal O Estado (Florianópolis), o Diário Catarinense e o Colégio Marista. Em cada um deles a responsabilidade e o comprometimento foram fundamentais para me manter empregado”, comenta. Com 50 anos, o design gráfico Olmar da Silva Vieira Júnior jamais parou de se aperfeiçoar. “Fiz vários cursos na área gráfica e hoje curso a quarta fase de Gestão em Marketing”, revela. “Amo o que faço e hoje sou realizado profissionalmente e pessoalmente por isso. Três coisas são fundamentais hoje em dia: gostar do que faz, se atualizar sempre e curtir a família e os amigos”, ressalta.

Rafael: “Faltam oportunidades em minha cidade. As rádios de Garopaba, onde moro, não têm programas bem elaborados e que chamem a atenção do público”

Oportunidade “Fiquei seis meses atrás de emprego, quando consegui mostrei determinação persistência e o que sabia fazer, não só o que era necessário, mas qualquer coisa para melhorar o serviço”, explica o finalizador de arte de uma gráfica de Cocal do Sul, Crysthian Crema Zomer, de 20 anos. Estudante de Artes Visuais, ele entende que estes foram fatores fundamentais para se manter no emprego, que está há um ano. Seu sonho é abrir um negócio próprio, criar uma independência profissional, mas quer aproveitar as oportunidades antes disso e aprender o máximo para depois aplicar seus conhecimentos. Há dois anos como auxiliar de Recursos Humanos, em Criciúma, Joyce Zuchinalli pretende continuar os estudos mesmo

depois de se formar em Administração. “Tenho planos de fazer uma especialização no exterior, se der certo, é claro, sendo que depois disso estarei sempre me renovando através de cursos e talvez outras especializações, pois para continuar ativo no mercado é necessário se reciclar”, ressalta. Joyce, acredita que obteve o emprego principalmente pelo fato de cursar uma faculdade, que normalmente é um fator que pesa em qualquer currículo, mas depois de conseguir a vaga, acredita não ser o bastante. “Para se manter no emprego foi necessário acima de tudo comprometimento, saber lidar com as pessoas, ser responsável e gostar do que faz. Estou sempre pronta para aprender e desenvolver as tarefas que são repassadas, com eficiência e competência”, comenta intusiasmada.

Há 12 anos na mesma função o motorista de ônibus Fábio Honório, de 31 anos, vive para o trabalho. “Não tenho dia e nem hora, quando me chamam eu tenho que estar pronto. O meu tempo livre é quando assisto ao Jornal do Almoço”. Com o Ensino Médio completo, Honório tem dois empregos, o mais antigo é na prefeitura municipal de Cocal do Sul transportando estudantes até a Unisul de Tubarão. O segundo é na Empresa União de Tranportes, Foto: Zeca Virtuoso

Foto: Davi Carrer

Olmar busca aperfeiçoamento para estar sempre atualizado

Fábio vive para o trabalho, momentos de descanço são raros Foto: Davi Carrer

Asioli (esquerda) e Luzia: juntas no descanso

Aposentadoria Luzia Marcolino Silveira, no auge de seus 59 anos, tem como escolaridade o primeiro ano do ensino médio. Faltando apenas sete meses para se aposentar, ela faz faxina na casa de sua irmã, mas não trabalha só pela aposentadoria e sim porque gosta. “Se tiver saúde quero continuar trabalhan-

do, fazendo o que faço, pois enquanto estou no serviço não fico pensando em besteira”, enfatiza. Luzia garante que é uma boa funcionária, responsável, faz o serviço da maneira correta e com vontade. Ela dá muito valor à carteira de trabalho assinada, que lhe concede inúmeros direitos. “Através dela consegui me aposentar, que é algo que eu

aguardava há muito tempo, principalmente para ajudar com as despesas da casa”, reflete. Sua irmã, Asioli Maria Marcolino Paulo, com 70 anos, está aposentada há 12. Sem saber escrever, apenas ler, ela encerrou suas atividades como merendeira em uma escola municipal de Cocal do Sul. “Já trabalhei em vários locais, mas o que mais gostei foi da liberdade na cozinha que tinha lá no colégio”, comenta. “Depois de aposentada eu pude descansar, ficar em casa e fazer o que gosto, cozinhar para mim e meu marido.

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JO VENS JOVENS

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Jovens têm mais dificuldades para conseguir um emprego Foto: Jon Wisbey/Banco de dados SXC.hu

Olhar do comerciante sobre o mercado atual

Gislaine Fernandes editado por Treissi Amorim

Os jovens são o grupo da população brasileira com maior dificuldade em encontrar um emprego. A participação da população de 16 a 24 anos, no total de ocupados, caiu de 26,3% em 1992 para 23,1% em 2006. Também foi registrado um recuo na taxa de participação do jovem, nesta faixa etária, da população economicamente ativa (PEA) de 69,7% para 67,9%. Os dados são da pesquisa Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente - A Experiência Brasileira Recente, realizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização Internacional do Trabalho, todas agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Há alguns anos o desempenho era melhor frente à competitividade”, analisa Harrison Marcon, sapateiro de Tubarão. “Nos dias de hoje só sobreviverá quem tiver uma estrutura formada e quem for muito profissional. Não existe mais mercado para amador. Ou entra com tudo, investindo forte, ou vai trabalhar de empregado. A concorrência está acirrada, então o diferencial continua sendo o excelente atendimento e quem negociar melhor com seus fornecedores, conseguindo o melhor preço”. Ele comenta ainda que o

Dificuldades para arrumar emprego A queda da participação dos jovens na população, segundo os dados obtidos pela Cepal, é reflexo de um envelhecimento populacional causado pela baixa fecundidade e uma maior expectativa de vida. Outra razão para o alto desemprego entre eles é a grande rotatividade. Arrumam um trabalho, saem, depois

conseguem outro, mas não ROTATIVIDADE é conseguência do desemprego se estabelecem. É por isso que políticas como o recomenda ao governo lançar mais programa Primeiro Emprego são ina- projetos para inserir o jovem no merdequadas. Não adianta dar subsídi- cado de trabalho. Ainda segundo o os para uma empresa contratar um estudo, as dificuldades de enconjovem sem qualificação. Como trar emprego não se resume ao Braconclusão do trabalho, a Cepal sil, é realidade na América Latina. Foto: Martin Billings/Banco de dados SXC.hu

AMÉRICA LATINA Dificuldades de encontrar emprego nessa fase da vida não se resume ao Brasil Cesar da Silva, diretor do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Tubarão, diz que as críticas ao Programa Primeiro Emprego são, muitas vezes, injustas por considerarem que este se resume a colocar jovens em empresas dando isenção fiscal. "A imprensa dá ênfase à questão da subvenção, mas essa é apenas uma parte do programa e depende do interesse das empresas. “Temos hoje 141.943 jovens colocados no mercado via Primeiro Emprego e outros 334.268 que estão sendo qualificados pelo projeto.

“Damos mais ênfase à questão da qualificação”, afirma. O marceneiro Jonas de Farias Borges, 17 anos, fez sua carteira de trabalho recentemente e está feliz por ter conseguido um emprego. “Terei minha carteira assinada na Planejar Móveis, onde comecei há algumas semanas. Tenho certeza que passarei no teste, pois ganhei bastante experiência fazendo bicos na marcenaria do meu vizinho”, relata Jonas. Comerciante de calçados em Tubarão, Harrison Marcon, 33 anos,

diz dar oportunidade para as pessoas que procuram o primeiro trabalho. “Nossas lojas ficam abertas às pessoas sem experiência. Até preferimos assim, pois podemos ensiná-las do nosso modo, evitando que venham com vícios de outros lugares. A maioria de nossas funcionárias não tinha experiência nenhuma com calçados, assim conseguimos moldá-las da forma que queríamos. Investimos em palestras motivacionais, em cursos profissionalizantes, além da prática aqui dentro”, enfatiza Marcon.

comércio para quem gosta é fascinante. “Quem tem uma estrutura formada e for muito profissional se sobressairá. Isso vale para os que procuram emprego. Eu amo essa vida de comerciante, todos os dias temos novas conquistas. Adoro desafios, ver quanto foi vendido no final do dia, superar metas, isso tudo me fascina. Meus tios e avós eram comerciantes, por isso está no sangue. Procuro colocar metas para os funcionários ficarem interessados e se empenharem em atender bem e venderem mais, explica Marcon.

Centro Comercial de Tubarão valoriza região O momento é muito positivo para a economia. A região recebe diversas obras que vão melhorar sua estrutura. Inaugurado recentemente, o Centro Comercial de Tubarão, empreendimento da Eraldo Construções, está localizado às margens da BR-101, no quilômetro 333, com mais de 3,4 mil metros de área construída. Segundo o presidente da Associação empresarial de Tubarão (ACIT), Eduardo Nunes, o empresário e idealizador do projeto, Eraldo Tadeu da Rosa (dono da Eraldo Caminhões), ganha destaque por proporcionar mais possibilidades de negócios ao município. “O Eraldo, construindo o novo centro comercial, está com o espírito valorizado por investir na cidade”. De acordo com Nunes, a iniciativa do empresário é digna de comemoração. “Acreditar em nossa cidade e região é o princípio para que o desenvolvimento aconteça. Por isso, só temos a agradecer e desejar sucesso em mais esta fase”, saúda. Para se ter uma idéia, o centro comercial gera mais de 200 empregos diretos e outros 500 postos de trabalho de forma indireta. O moderno empreendimento acompanha o desenvolvimento da região. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Tubarão, Walmor Jung Júnior, o Centro Comercial Tubarão veio a calhar com o crescimento estrutural atual. "Com as obras de infraestrutura na região (duplicação da BR-101 e a instalação do Aeroporto Regional Sul, em Jaguaruna) a

cidade precisa de investimentos. Walmor também ressalta a iniciativa louvável e parabeniza o empresário Eraldo que, por acreditar na região, diversifica seus negócios. Ele também destacou a importante participação da CDL no programa Primeiro Emprego, desenvolvido pelo Ministério do Trabalho e ministrado em Tubarão numa parceria do Sine com a Fundação Barriga Verde. O curso é destinado a pessoas de 16 a 24 anos, desempregadas ou sem registro em carteira. Conforme o presidente da CDL, a entidade está apoiando o curso por entender que ele vem ao encontro dos propósitos da câmara em promover a qualificação. A CDL já tem parceria com o Núcleo de Educação Profissional (NEP) na realização de cursos de vendas e promove o Programa de Qualificação do Varejo (PQV) no auditório da instituição. "Tudo é um somatório que tem como objetivo principal oferecer ao mercado de trabalho pessoas qualificadas, que atendam bem os clientes, conclui Segundo o comerciante de Tubarão, Antônio Cavagnoli, dono da Pastelaria Scala, “é muito difícil encontrarmos pessoas qualificadas para proporcionar o atendimento necessário aos nossos clientes. Mesmo que a gente explique não fazem que nem a gente. Estamos em contenção de gastos, e para isso demitimos duas funcionárias. Agora minha mulher e minha filha me ajudam a comandar a lanchonete, e precisei aumentar o preço dos salgados”, explica o comerciante.

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EST ABILID ADE ESTABILID ABILIDADE

Trabalhadores brasileiros buscam estabilidade no emprego Jussimara Moraes editado por Treissi Amorim

Grande parte da população sonha com um trabalho fixo. Aquele que tem um horário definido, realizando apenas as suas funções e terminando a carreira profissional, se aposentando no mesmo emprego. A busca da estabilidade é muito grande, porém, com a competitividade, é preciso ter uma formação. Para muitos cargos o ensino médio não é mais suficiente. É preciso ir além e se especializar. Hoje existem alternativas como cursar um técnico, faculdade e até mesmo fazer provas de concurso público. Salários altos, benefícios oferecidos para alimentação e transporte são fatores que atraem na hora de decidir que curso fazer para entrar no mercado de trabalho. “Estamos passando por um verdadeiro período de crise, principalmente quando falamos da mão-deobra não qualificada. Isso tem trazido como conseqüência um perfil de candidato com instabilidade profissional, na qual a carteira de trabalho é um histórico de vários em-

pregos de pouco tempo”. É dessa maneira que a psicóloga organizacional Jussara da Silva Moraes, que trabalha com recrutamento e seleção de funcionários, vê atualmente o mercado de trabalho. “Com carteira assinada, trabalhei três meses em um supermercado de Criciúma. Sem ser registrado fui: cobrador de ônibus por cinco meses; montador de móveis por cinco; carpinteiro, pedreiro e pintor por três; montador de bicicleta durante três meses; entre outros que não lembro”. Essas são algumas das experiências de Giovani Bottini, brasileiro, 26 anos, que mora na Itália há três anos. Em fase de adaptação no novo país, começou a executar a função também exercida no Brasil, na área da construção civil, mas sempre intercalando com outras atividades. Trabalhou durante cinco dias na produção de sorvetes, dois dias em uma loja de produtos da Nasa, por um mês foi pizzaiolo e agora, já faz um ano, tem a própria empresa de construção, na qual presta serviços de pedreiro, pintor e carpinteiro com uma equipe. “O único proble-

ma na construção é a concorrência”. Giovani não se vê trabalhando em um só lugar durante anos. “Isso não existe, não acredito em contos de fada. Quando se trabalha muito tempo numa empresa, nesse período é normal ficar doente, ter que sair ou tirar umas férias para ir ao Brasil, e esse é um motivo que a empresa usa para demitir funcionários”, ressalta. Para ele, o mercado de trabalho é um negócio que não deve ser seguido apenas em uma profissão. “Não procuro estabilidade, gosto de mudar, procurar e aprender coisas novas”. Ele já pensou várias vezes em voltar para o Brasil e montar um bar. A preocupação em ter um trabalho estável, e assim ter um currículo bom, não é a de Giovani. Só que para as empresas, um dos fatores que conta muito é o tempo que a pessoa permaneceu no emprego anterior. É difícil contratar alguém que não pára por muito tempo em um trabalho. Para a psicóloga Jussara, o empregado ideal é aquele que faz uma história dentro da

empresa e que acima de tudo saiba trabalhar em equipe. Ter uma competência técnica é importante, no entanto o diferencial é o comportamento, a flexibilidade. "O que faz um profissional entrar na empresa é a competência e o que o faz sair é o comportamento. A técnica pode ser aprimorada através de treinamentos, mas um comportamento inadequado dificilmente pode ser corrigido”, observa a psicóloga. Giovani não pensa dessa forma. “O dia que eu tiver um currículo bom, já estarei velho, e velho eles também não contratam. E não quero trabalhar pra ninguém, quero ter meu próprio negócio”. Ele ainda comenta que acaba se cansando do trabalho, e às vezes troca porque em outro será melhor remunerado. Já Mara Renata Gabriel, 21 anos, técnica em química e estudante de Química Industrial desde os 18 anos, trabalha com carteira assinada. Foi contratada em uma farmácia de manipulação onde ficou dois anos e 10 meses, sendo demitida sem justa causa. Ela procura estabilidade. Ter feito o técnico foi

muito bom para sua carreira profissional. Com ele soube realmente o que queria seguir. “Gosto de química por ser uma área com vários seguimentos, podendo trabalhar com cerâmica, alimento, análise química, controle de qualidade, entre outros”, afirma a estudante. O curso técnico é uma boa estratégia para ter uma profissão e entrar no mercado de trabalho. Uma vantagem é o custo baixo para quem não tem condições de fazer uma faculdade. Mara é um exemplo. Fez o técnico, conseguiu o emprego, e com o dinheiro que ganhava começou a fazer faculdade. Para a acadêmica, é muito importante ter trabalhado durante anos no mesmo lugar, principalmente na concorrência, para conseguir um novo emprego. “Isso mostra que é um profissional bom, se fosse outro com menos tempo, apenas meses, é de se pensar que alguma coisa não conseguiu cumprir. Pelo tempo que fiquei, quem me entrevistar vai entender que eu consegui cumprir o exigido e que realizei bem o que me pediam”, salienta Mara.

Ficar com a vaga requer muito estudo

Foto: Jussimara Moraes

Jilvanio Lippert da Silva, 37 anos, é natural de Torres, RS, atualmente mora em Brasília, DF, é formado em Contabilidade. É concursado e está satisfeito com o emprego que tem. Aos 26 anos foi aprovado para o cargo de auditor-fiscal da Receita Federal. “Estou em Brasília por opção. Na época do concurso fiz para São Paulo. Consegui, posteriormente, minha transferência para o Rio Grande do Sul, e depois, pedi para vir para Brasília, para fugir do frio do sul”, comenta. Teve seu primeiro emprego aos 16 anos. Logo depois entrou na faculdade. Desde então tomou a decisão de estudar para concursos públicos. O motivo era o melhor custobenefício e ter estabilidade. “Para conseguir o que eu iniciei ganhando no serviço público, eu levaria muitos anos para ganhar na iniciativa privada”. Segundo informações no site www.pessoas.hsw.uol.com.br, a busca de estabilidade no emprego, bons salários e a possibilidade de crescimento na carreira são os principais fatores que atraem no país, todos os anos, cerca de cinco milhões de pessoas que se inscrevem em concursos públicos. Os salários iniciais variam de acordo com o nível de escolaridade dos

candidatos. Para cargos de nível médio, como técnico judiciário, escriturário e oficial de justiça, o salário inicial gira em torno de R$ 2 mil. Para os de nível superior (analista judiciário, auditor fiscal da receita federal, agente da polícia federal, etc.), o valor para o início do trabalho chega a R$ 7 mil. Para ser aprovado em um concurso público não é tão fácil assim, é preciso saber muito de português, matemática, além das especificidades da prova para o cargo escolhido. Jilvanio estudou por conta própria. Aos 24 anos fez o primeiro concurso para o Banco do Brasil, sendo reprovado. Segundo ele, estudou pouco, chegando à conclusão de que milagres não existem, e aí sim, começou a estudar para valer. Pegava as melhores apostilas e estudava durante horas diariamente. Para isso foi preciso abdicar de algumas coisas. Tinha seu trabalho, porém, para ter mais tempo para o estudo, deixou de namorar, sair para festas, ir ao parque, fazer compras, visitar parentes, etc. “O meu mundo passou a ser as apostilas. Também não ouvia músicas. Quando eu escutava alguma coisa, eram as lições e palestras em áudio”, ressalta. Na segunda prova, foi aprovado para policial rodoviário federal,

e continuou estudando. No terceiro concurso para técnico da Receita Federal teve aprovação, trabalhou por um tempo, mas mesmo assim deu continuidade aos estudos. Quando finalmente foi aprovado para auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil, seu emprego atual, parou de estudar para concursos. Jilvanio não quis parar na primeira aprovação. “Me considero obstinado, se eu parasse, teria algo me dizendo que eu não tinha condições de conseguir algo melhor, ou um sinal de acomodação. Jilvanio explica que a estabilidade é necessária para evitar os mandos e desmandos dos políticos. “Poder fazer o trabalho com isenção, mesmo que isso signifique ir contra aos interesses de políticos e fortes grupos empresariais, seja autuando estes grupos, mandando para cadeia, ou simplesmente podendo fazer seu serviço honestamente sem que algum político diga: ‘Faça isso ou estará demitido’”. Eder Policarpo está decidido, quer ser concursado. Aos 31 anos, formado em Farmácia, trabalha na profissão de segunda a sábado das 13h às 21h30. No período da manhã tem se dedicado aos estudos. Há uns dez anos fez quatro provas para concurso, não foi aprovado em

CONCURSO No período da manhã, Éder se dedica aos estudos nenhuma delas. Seus estudos não foram o o suficiente. Tomou a decisão de reiniciar os estudos. Muitas pessoas de sua família são concursadas e sempre deram incentivos para que fizesse o mesmo. Ao iniciar uma família, viu que estar no serviço público traz estabilidade e certa garantia para si, com salário digno, principalmente pensando no futuro.

O farmacêutico considera o ramo muito competitivo, no sentido de vendas, quanto às diferenças de valores de uma farmácia para outra. “Gosto do meu trabalho, mas penso na minha família, e quero estabilidade”. Eder não tem nenhum concurso em vista, está estudando as matérias gerais e quando sair um de seu interesse vai estudar as matérias específicas.

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EMPREGO

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Estágio prepara jovens para ingresso no mercado de trabalho Suellen Souza editado por Sueli Berschinock

Sair da universidade sem trabalho garantido, sem experiência, é um medo que assombra grande parte dos estudantes. Uma das soluções encontradas foi o estágio, é nesse período que o acadêmico pode se destacar e conquistar a vaga tão sonhada. Mas o que é estágio? O Serviço de Atendimento ao Aluno (Saiac) considera estágio as atividades de aprendizagem profissional, social e cultural do estudante na participação em situações reais de trabalho proporcionadas por pessoas jurídicas de direito privado, órgãos da administração pública e instituições de ensino, sempre sob responsabilidade e coordenação da Instituição a que pertence, para o desenvolvimento de atividades relacionadas à sua área de formação profissional. O estágio não é emprego. É um complemento no aprendizado do curso de nível superior. O estágio pode ser: curricular obrigatório, aquele que está previsto na proposta pedagógica (grade curricular) do curso e deve ser realizado pelo acadêmico; e curricular não obrigatório, aquele que o acadêmico procura por interesse próprio, mas que deve estar relacionado à área de estudos do curso. Segundo a Associação Brasi-

leira de Estágio, o Brasil tem hoje 1,1 milhão de estagiários. Mas por que é importante para o estudante fazer estágio? Segundo a psicóloga da Assessoria de Desenvolvimento Humano e Profissional (ADHP) da Unisul, Luciana Silveira de Souza, é através do estágio que o aluno pode vivenciar a prática. “O estágio deve atender aos critérios e perfil do curso e, ainda, deve ser um espaço onde o aluno consiga articular a teoria e a prática. Este aprendizado que vai além dos espaços oferecidos pela Universidade é capaz de proporcionar experiência profissional e propiciar ao aluno o desenvolvimento de competências, como pró-atividade, criatividade, trabalho em equipe, entre outras, além de

Capacidade de adaptar-se às novas situações garante sucesso profissional apontar possibilidades importantes na construção de sua carreira. Com os estágios, o aluno poderá antecipar o conhecimento sobre salários, benefícios, oportunidades de carreira e capacitação.” Força de vontade e espírito de luta por seus ideais são fatores que

ajudam tanto no estágio quanto na conquista de uma vaga, revela a psicóloga. “O fato de o aluno buscar uma motivação maior para a sua formação é o primeiro passo para a conquista profissional e além disso diminui a distância entre o ingresso e a formatura. As mudanças que o estagiário passa durante este período resultam num processo de reestruturação, muitas vezes positiva e produtiva. Nas organizações o resultado desta reestruturação requer respostas rápidas. A capacidade de adaptarse rapidamente às novas situações traz como conseqüências o desenvolvimento e a incorporação de novas tecnologias e modelos de gestão que possam garantir sucesso organizacional e profissional, competências à altura do trabalho. As culturas existentes nas empresas são conhecimentos, habilidades e valores que se aprendem no dia a dia. Com a experiência do estágio, o aluno poderá concretizar na prática estas experiências.” Os estagiários concordam que a experiência é válida. A acadêmica de Jornalismo, Fabiana Pangrácio, estagiária do Serviço Integrado de Comunicação da Unisul (SIC), afirma que o estágio proporciona a prática do que se aprende na sala de aula. “Na minha área, o jornalismo, o estágio é importante para estar em contato com os profissionais que já estão atuando, além de ter a

oportunidade de ver como funciona o mercado de trabalho.” Laise Costa, estudante de farmácia e estagiária no Serviço de Atendimento Interno a Saúde (SAIS), enfatiza que é através do estágio que o conhecimento é ampliado. “O estágio proporciona interação com os pacientes e ainda nos dá a possibilidade de colocar em prática tudo o que aprendemos em sala de aula”, afirma. O estágio é o momento onde surgem as dúvidas, comenta o estudante de medicina, Marcos Okada. “Eu considero esse período o mais importante, porque é quando surgem as dúvidas e é o momento

que temos para aprimorar o nosso conhecimento”. Mas não é só o estudante que ganha com os estágios. As empresas também são beneficiadas, tendo a oportunidade de lapidar os talentos e construir o profissional desejado. “O vínculo entre a universidade e as empresas além de fortalecer as relações, favorece o aprendizado”, finaliza Luciana. No dia 25 de setembro de 2008 a lei do estagiário teve algumas mudanças que vão desde a carga horária até o direito a férias remuneradas. Para consultar as alterações é só o estagiário acessar o site www.estagiarios.com. Foto: SIC/Unisul

LAISE COSTA coloca em prática o que aprendeu em sala de aula

Trabalho informal torna-se alternativa de sustento Julie Menegaz editado por Sueli Berschinock

Trabalhar sem cobranças, durante poucas horas por dia e apenas quando quiser. Essas são algumas das características que geralmente são associadas ao trabalho informal. Elas, porém, muitas vezes não identificam a realidade dos que dependem deste ramo do mercado para sobreviver. Dá-se o nome de emprego informal àquele em que não existe vínculo entre patrão e funcionário (carteira assinada), não há empresa legalizada (CNPJ), não existe recolhimento de impostos e benefícios. Normalmente o setor informal está ligado aos ramos do comércio, alimentação e na prestação de serviços, como vendedores de sanduíches, diaristas e outros, que por algum motivo permanecem na informalidade. Segundo o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), o trabalho informal cresceu durante os anos 90. Nos seis primeiros anos da década a informalidade passou de 40% para 47,5%. Depois de uma breve estabilidade, a crise econômica de 1998 e 1999 empurrou o porcentual para a faixa de 50%, onde permaneceu até 2002. E o trabalho informal no Brasil não pára de crescer. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil é o 4º país com um dos maiores mercados informais do mundo, representando 40% do PIB nacional, e atinge hoje, 58,1% dos ocupados no país, o que representa 38,1 milhões de pessoas. Os empregos informais são percebidos principalmente em grandes cidades por causa das migrações rurais para essas, pelas mudanças que ocorrem diariamente no mercado de trabalho, e ainda pela grande quantidade de desempregados que existem nestas

cidades. Como forma de conseguir a sobrevivência da família, muitas pessoas optam pelos trabalhos informais, já que as empresas buscam cada vez mais mão-de-obra qualificada e se tornam mais exigentes. Esse é o caso de Gustavo Lima, que, após a chegada de novas

Brasil é o 4º país no ranking dos mercados informais do mundo máquinas, foi despedido de uma montadora no estado do Paraná. Por conta disso, veio buscar em Santa Catarina uma nova vida. Não tendo oportunidades, passou a vender brinquedos pelas cidades. “O mercado nos exclui de uma forma

muito cruel, mas a gente acaba se virando para poder viver”, comenta o vendedor. Para muitos estudiosos, o crescimento do trabalho informal está ligado à pressão competitiva que a abertura da economia causou no setor industrial. Para ganhar competitividade na mãode-obra, a indústria buscou tecnologias mais modernas, que empregam menos pessoas, e essas, por sua vez, com grau mais elevado de qualificação. Com isso, os desempregados da indústria acabaram direcionando-se para o setor de serviços, como o comércio. O efeito geral deste fenômeno foi o de aumentar o grau de informalidade da economia. "A demanda de mão-de-obra mudou, com maior utilização de trabalho qualificado e menor de nãoqualificado. Muitas pessoas encontraram oportunidades junto ao mercado informal. Isto ocorreu paralelamente à modernização

tecnológica da indústria”, afirma o professor de economia, Cláudio Pinter. É incorreto afirmar que os trabalhadores informais estão trabalhando de forma ilegal ou criminosa, pois somente não contribuem com a arrecadação de impostos e de benefícios, não possuindo, portanto, nenhum apoio de valores do governo como o FGTS, o INSS, Seguro Desemprego e outros. O grande problema gerado pelo trabalho informal é que o trabalhador fica desprotegido das leis trabalhistas, aposentadorias e do governo, que é atingido financeiramente na Previdência Social, pois a maioria dos trabalhadores informais não contribui para a Previdência. O preconceito é enfrentado por diversos trabalhadores do setor, pois a maioria das pessoas ainda pensa que o que eles fazem é fora da lei. São vistos como malandros que não querem trabalhar.

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FUTURO

Universidades oferecem novos cursos de formação superior Foto: Bruna Borges

Bruna Borges editado por Sueli Berschinock

A crescente competitividade no mercado de trabalho tem feito com que muitas pessoas busquem em novas profissões a chance de conseguir um bom emprego. Com a saturação de vagas em profissões comuns, como médico, enfermeiro, advogado, assistente social, psicólogo, entre outras, começam a aparecer cursos mais específicos. Além disso, as universidades estão percebendo as necessidades do mercado e criando cursos que formem profissionais aptos a suprilas. Pode-se citar exemplos de novos cursos oferecidos por todo o Brasil. O curso de Midiologia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é uma das habilitações em comunicação social e nasceu para aprofundar conhecimentos em uma área que é estudada superficialmente nas graduações de Rádio e TV, Jornalismo e Publicidade e Propaganda, segundo informações do site www.vestibular.brasilescola.com. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) disponibiliza o curso de Engenharia de Minas. O profissional formado nesta graduação trabalha com a exploração de minerais, procurando alternativas para não causar danos ao meio ambiente. É o responsável pela pesquisa, extração e beneficiamento dos minerais, como é explicado no próprio site da instituição: www.portal.ufba.br. A Universidade de São Paulo (USP) oferece a graduação em Física Computacional. Segundo informações do site da universidade, este novo curso formará profissionais de grande competitividade no mercado, capazes tanto de atuar em pesquisa como de repassar eficientemente tal conhecimento para o setor produtivo. Além deste, a universidade traz o novo curso de Informática Biomédica, que forma profissionais aptos a trabalhar em pesquisa médica e biológica de desenvolvimento de produtos ou de pesquisa científica, na criação e no gerenciamento de sistemas de informações de prontuários médicos Os estudantes, recém formandos no Ensino Médio, têm a possibilidade de ingressar em carreiras totalmente novas e pouco exploradas com grandes chances de crescimento profissional. Por outro lado, o maior número de opções disponíveis pode dificultar ainda mais a escolha destes jovens quanto à carreira que pretendem seguir.

FUTURO PROMISSOR Profissionais com formação na área de Tecnologia da Informação acreditam nas boas possibilidades da carreira

Profissões ligadas à TI se destacam As profissões ligadas à Tecnologia da Informação se destacam e cresce o número de profissionais especializados nesta área. Os computadores não apenas automatizam operações como a tempos atrás, mas transmitem e armazenam informações importantes para diversos segmentos. “As empresas precisam entender que a informação é um patrimônio, é uma peça fundamental aos seus negócios. A Tecnologia da Informação é o meio que torna as informações acessíveis e utilizáveis”, explica Emerson Alecrim, formado em Ciência da Computação e dono do site www.infowester.com. Alecrim ressalta também o fato de se investir em profissionais que entendam as necessidades da empresa e possam implementar e manter as melhores práticas computacionais, desta forma evitase fazer investimentos inadequados,

que não tragam nenhum retorno para a empresa. Ele acredita num futuro promissor para aqueles que decidirem seguir carreira na área de TI, mas enfatiza que “somente terão boas oportunidades aqueles que realmente se prepararem”. É pessimista quanto aos profissionais que já estão trabalhando na área: “Atualmente, muitas empresas têm vagas nas áreas de TI não preenchidas por não conseguirem encontrar profissionais preparados. Pelo menos no curto prazo, não há expectativa desse cenário mudar”. Sobre a expansão das profissões relacionadas às áreas de TI, Alecrim diz não ver necessariamente o surgimento de novas profissões, mas sim uma maior demanda em determinados segmentos. “Arquitetura da informação, desenvolvimento de jogos e informática médica são alguns exemplos de áreas que têm tido cada vez mais

procura destes profissionais”, ressalta. Eder Cachoeira, diretor da empresa Tecmedia Internet Design, desenvolvedora de sites e sistemas para Internet, faz questão de selecionar os candidatos a programadores web para trabalhar na sua empresa. Ele diz que “o critério que mais pesa na decisão de contratar um candidato é o conhecimento que ele tem sobre a função e se esse conhecimento supre as necessidades da empresa”. Em segundo lugar, analisa a experiência profissional do candidato e por último a sua postura durante a entrevista. “A forma como se comporta, como responde às perguntas, mostra características que a pessoa pode apresentar no dia-a-dia de trabalho”, conclui o empresário. Segundo Adriana Beal, Engenheira Eletrônica, autora de dois

livros sobre informações nas organizações, "o principal benefício que a tecnologia da informação traz para as organizações é a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade de informações e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores. Os sistemas de informação mais modernos oferecem às empresas oportunidades sem precedentes para a melhoria dos processos internos e dos serviços prestados ao consumidor final", explica a engenheira, que também é MBA em Administração Estratégia de Sistemas de Informação, no site www.guiarh.com.br. A estudante de Sistemas de Informação, Tayse Cascaes, 19 anos, diz que começou a se interessar pela área por influência do namorado e com o tempo foi se identificando cada vez mais com a profissão.

Empresas exigem superqualificação profissional A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em 2006, 5,8 milhões de brasileiros freqüentavam o ensino superior, cursos de mestrado e doutorado. O número representa um acréscimo de 13,2%

em relação ao ano anterior. Com base nestes dados, pode-se perceber que a exigência de qualificação do profissional é cada vez maior. Por isso, o crescente número de estudantes se especializando para a conquista da melhor oportunidade de trabalho ou apenas um emprego que lhe permita adquirir os ele-

mentos básicos para seu sustento. O fato de existirem muitos candidatos para poucas vagas permite que as empresas exijam cada vez mais qualificação dos candidatos a uma função. Por outro lado, a qualificação profissional é uma exigência de mercado para que o profissional se mantenha atualizado

e competitivo, por isso a Educação Profissional tornou-se um setor em expansão e a tendência é aumentar cada vez mais”, avalia Fabiane Francisconi, gerente do Núcleo de Educação Profissional (NEP), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em entrevista para o site www.sinpro-rs.org.br.

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