Estudo dirigido – Literatura Texto I – “Carta de Pero Vaz” (Murilo Mendes) A terra é mui graciosa, Tão fértil eu nunca vi. A gente vai passear, No chão espeta um caniço, No dia seguinte nasce Bengala de castão de oiro. Tem goiabas, melancias. Banana que nem chuchu. Quanto aos bichos, tem-nos muitos. De plumagens mui vistosas. Tem macaco até demais. Diamantes tem à vontade, Esmeralda é para os trouxas. Reforçai, Senhor, a arca. Cruzados não faltarão, Vossa perna encanareis, Salvo o devido respeito. Ficarei muito saudoso Se for embora d'aqui.
Texto II – Fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, darse-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lança
01. O adjetivo “graciosa” possui vários sentidos. Com que sentido esse adjetivo é empregado por Pero Vaz de Caminha?
Como Murilo Mendes satiriza a famosa expressão de Caminha “dar-se-á nela tudo”? Que recomendação Caminha faz ao rei em sua carta? E que recomendação é feita no poema de Murilo Mendes? Quais características do Quinhentismo podemos encontrar no fragmento da carta de Caminha? 06. Podemos afirmar que o poema de Murilo Mendes é uma paródia da carta de Caminha? Justifique a sua resposta. 07. (Enem-2013) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. 02. 03. 04. 05.
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos. b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa. c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente. d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia. e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho. Texto III – Soneto de Gregório de Matos Carregado de mim ando no mundo, E o grande peso embarga-me as passadas, Que como ando por vias desusadas, Faço crescer o peso, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo Caminho onde dos mais vejo as pisadas, Que as bestas juntas andam mais ornadas, Do que anda só o engenho mais fecundo.
Não é fácil viver entre os insanos, Erra quem presumir que sabe tudo, Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo, Que é melhor neste mundo, mar de enganos Ser louco c’os demais, que só sisudo.
08. Quais as principais características do Barroco que podemos encontrar nesse poema? 09. (UFRJ) O soneto de Gregório de Matos apresenta, em sua construção, um conflito entre o eu lírico e o mundo. Em que consiste esse conflito? Qual foi a solução proposta?
Texto IV – fragmento de um soneto de Cláudio Manuel da Costa Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci: oh quem cuidara, Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza!
10. Nos versos citados no trecho acima, o poeta expressa a: a) solidez que sua linguagem poética empresta à paisagem evanescente b) ternura que lhe inspiram as características de seu berço natal c) influência que sua poesia exerce sobre seus compatriotas d) oposição entre seu temperamento e a natureza local e) homologia entre a natureza local e os seus sentimentos
11. Leia os fragmentos de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga e responda: I. Verás em cima da espaçosa mesa Altos volumes de enredados feitos; Ver-me-ás folhear os grandes livros, E decidir os pleitos.
II.
Os Pastores, que habitam este monte, Respeitam o poder do meu cajado; Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja me tem o próprio Alceste
Em qual desses dois fragmentos as características do Arcadismo estão mais presentes? Justifique a sua resposta.
Texto V – O canto do Texto VI – Soneto (Álvares Texto VII – Fragmento de guerreiro (Gonçalves Dias) de Azevedo) “Navio negreiro” (Castro Alves) Aqui da floresta Já da morte o palor me cobre Dos ventos batida, o rosto, Senhor Deus dos Façanha de bravos Nos lábios meus o alento desgraçados! Não geram escravos, desfalece, Dizei-me vós, Senhor Deus! Que estimem a vida Surda agonia o coração Se é loucura... se é verdade Sem guerra e lidar. fenece, Tanto horror perante os - Ouvi-me, Guerreiros, E devora meu ser mortal céus?! - Ouvi meu cantar. desgosto! Ó mar, por que não apagas Valente na guerra, Co’a esponja de tuas vagas Quem há, como eu sou? Do leito embalde no macio De teu manto este borrão?... Quem vibra o tacape encosto Astros! Noite! Tempestades! Com mais valentia? Tento o sono reter!... já Rolai das imensidades! Quem golpes daria esmorece Varrei os mares, tufão! Fatais, como eu dou? O corpo exausto que o - Guerreiros, ouvi-me; repouso esquece... Quem são estes desgraçados - Quem há, como eu sou? Eis o estado em que a mágoa Que não se encontram em me tem posto! vós. Mais que o rir calmo da turba O adeus, o teu adeus, minha Que excita a fúria do algoz? saudade, Quem são? Se a estrela se Fazem que insano do viver cala, me prive, Se a vaga à pressa resvala E tenha os olhos meus na Como um cúmplice fugaz, escuridade. Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Dá-me a esperança com que o Musa libérrima, audaz!... ser mantive! Volve ao amante os olhos por São os filhos do deserto, piedade, Onde a terra esposa a luz. Olhos por quem viveu quem Onde vive em campo aberto já não vive! A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos Sem luz, sem ar, sem razão...
12. Identifique e defina a quais fases da poesia romântica brasileira os poemas acimas são pertencentes.
Texto VIII – Iracema (fragmento)
Texto IX – Senhora (fragmento)
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (...)
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? (...)
13. Quais as semelhanças entre os fragmentos expostos? 14. Quais as diferenças entre os fragmentos expostos? 15. Identifique e defina a qual tipo de prosa romântica esses fragmentos estão relacionados.