Completo - Tarde Demais

  • May 2020
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1. A CHAVE Tudo começou quando eu matei uma barata no meu quarto. O que ela fazia ali? Como entrou? Não sei. Mas ela caminhava como se o quarto fosse dela e não meu. Era a segunda. Uma tinha aparecido morta no banheiro. Alguns diriam para mim que eu não estaria legal. De certo mesmo eu não estava. Tinha ido ao curso nesse dia, mas acabei ligando para meu avô dizendo que eu precisava voltar para casa, pois não me sentia bem. Não era verdade. Mas o que fazer? Eu estava que não meu agüentava mais em assistir aquela aula. Não tinha jeito. Precisava fazer o que eu queria e eu queria mesmo era sair dali. Ora, precisava escrever. Dicionário do lado, pronto. Era o meu ambiente de trabalho. Lá ou aqui é que eu me sinto, por mais que em tanto tempo, tantas coisas escritas, é a minha fonte de prazer. Sou escritor? Sou formado em direito pelas faculdades que hoje se chamam Unicuritiba, antiga Direito de Curitiba, com mais de cinqüenta anos. É uma boa faculdade, mas só os do Sul conhecem, São Paulo mesmo, nunca ouviu falar. Também.., é particular. Escrevo sobre várias coisas, auto-ajuda, histórias e ficções, pelo menos é o que sei e é onde estou tentando me encontrar. Já quis ser várias coisas, juiz, cobrador, pensei em ser taxista, policial e estou parado aqui, num nível lawful evil de personalidade e querendo sucesso. O anel Comprado como um bônus de qualquer coisa que espontaneamente se vem de brinde, observei na possibilidade de fazer com que se dê “algum” valor ao destino, dado meu ceticismo pela vida, tampouco pela contradição que tenho com minha própria imagem – um amuleto a tê-lo sob a égide de um poder que não existe, como Nietzsche tinha para com seu bigode que lhe cobria a boca. Pelo decrescimento intelectivo que tem a vida humana, percebi o que poderia ser feito com o anel, com o passar do tempo, é claro. Logo me servi primeiramente de promessas, que me seguiriam até outras formas de crença e objetividades ao longo da Nossa vida. Por isso, transe (estado vivo inconsciente) por mim definida, é o primeiro aspecto. Segundo, a isso, tudo o que eu poderia fazer, parar e dar – o “determinado” valor às coisas que podiam ser “valoradas” – pela justiça. E pelo tempo, que poderia me ser útil. Entre outras coisas, o anel seria um marco, marcador do tempo e meio de gerenciamento de capacidade, de medida de, e até quando eu deveria cumprir determinada tarefa ou realizar determinado objetivo. Uma agenda, um consultor e sobretudo o objeto que me fizesse confessar aquilo que eu tenho e sobretudo não sei como administrar, como ser humano de carne que sou. Elegi-o como o instrumento que me fizesse mais do que sou e menos do que poderia ser, eu, sem perder a estrutura principal sem dela fazer uso, quer dizer, para ter algo que diga que para amar é necessário ser amado. E para odiar, é preciso mais do que amor, sim ao uso do certo e abandonar o erro passou a ser uma meta, para como deixar as coisas no pé que estão. A verdade é que eu queria dar significado àquilo, mais do que eu poderia, para ter no mínimo, o desejado. Não era aceitar aquilo que eu não podia mudar, mas melhorá-lo a olhos vistos, tornar assim visível, aquilo que eu porventura não aceite ou não aceito. Era o 1

começo da idolatria. Mas não era algo a tornar um ser humano mais importante do que o outro. Era primeiro de tudo aceitar-se. Meu problema principal. Eu prefiro ver a coisa como uma promoção, que vale pelo que é e tem a mesma serventia do que se encontra em outro lugar sob o custo mais elevado ou entre outra forma, diferente, mas diferente de “promoção”, o que é. Depois, de tudo o que eu queria fugir, era essa idolatria, não cabendo a mim dizer como, mas vivendo para ter no que crer, no acreditar que não o anel me faria feliz, pois não passa da natureza que realmente têm, um objeto inanimado, mas defender-me porém de sua proteção, sua representatividade de todos os meus fracassos, dos quais eu me faço ser o que sou e a não abandoná-lo, dando algum valor, talvez, a isso... Mas ainda não era o ponto. Pois eu acabaria tratando de mim mesmo como se nada fosse. O que então? Assim o era. Faltava-me tempo, pois ele e sua eternidade aliada é que me faziam regressar ao passado como apelo à minha própria natureza. Eu tinha pouco. Havia como aumentar o poder, mas isso não mudaria o fato de eu me desenvolver e ele desenvolver-se pouco e desproporcionalmente. Eu estava desolado por isso. Não havia uma saída condizente com o “problema”. “Entrar em detalhes a respeito da interpretação de sonhos seria afastarmo-nos demais do assunto deste capítulo. Compreender sonhos é, naturalmente, uma questão sutil e complexa – embora não tão complexa quanto se julgaria ao ler sobre símbolos esotéricos em grande parte da literatura moderna referente ao assunto. Tais símbolos, como um anel, colocam todo o problema numa linguagem estranha, que é outra maneira tipicamente atual de renunciar à soberania sobre os aspectos inconscientes de nós mesmos. É como se estivéssemos dizendo que as autoridades, os que conhecem as respostas mágicas, podem compreender nossos sonhos, mas não nós mesmos!” E as coisas ficavam mais fáceis, à medida que pouco, mas pouco tempo mesmo se passava, o suficiente para eu tirar uma conclusão qualquer do que estava pensando ou do que no momento pensava – qualquer coisa mesmo. A pena. Certo que os meus objetivos não vinham atrás de mim, mas tenho que o tempo entre mim e eles diminuiu. Não diminuía, mas teve um certo acerto de contas. Eu aprendia a viver e não por causa do anel, mas com sua ajuda. Não podia negar, mas algo tinha ficado mais fácil. Fiquei mais inteligente? Não sei. Mas tenho certeza que mais perspicaz. Aprendi a ver as coisas com outro aspecto, num outro ângulo, que me fazia desinteressar-me pela coisa em si, mas pelas outras, que a cercam, não pelo eu, mas pelo que estava em volta de mim. Era eu mesmo, mas dando uma real importância. Muitos me crucificariam, outros me perguntariam como. Diria eu que como você se vê e se quer, aquilo deve ser o objetivo e nisto não tem nada de segredo a não ser pela dependência que pode-se ter para com pai, mãe ou parentes, mas não deixa de ser algo normal, que existe, por fim, ser por aquilo que é e não depender na questão moral. Isso o anel era o “culpado” – nestes termos. Eu, pessoa, não me divido mais e porque isso acontece diferente com as pessoas a resposta eu não tenho, mas posso dizer que não é possível levar nada adiante sem que não se queira com tudo a não deixar para trás nada que não se perceba. Ninguém passa as férias na praia se não levar roupa de banho ou pelo menos um chinelo. É como a coisa mais 2

básica do mundo. A vida é assim, levar e trazer, senão, só levando, você pode ter certeza que morreu, pois quem traz a vida de volta, esse sim é afortunado, além de vivo. Era o projeto de vida. Queria sim, várias coisas, mas não podia ter tudo e não podia ficar parado. Resolvi fincar raízes em Santa Fé do Sul, morando com meus avós, apesar da cidade não ter tudo que devia. Eu preciso de dinheiro, muito e pretendo fazer minhas próprias “excursões” a Rio Preto, cidade grande e próxima daqui. Mas como? Disse que era formado em direito e no momento faço curso para passar na OAB. Não está fácil. Tenho estudado e entendo que ainda é pouco ou talvez não seja a hora, mas tenho que de um jeito ou de outro preciso do dinheiro que o “advogado” vai me dar. A receita era essa. “Pobre barata!” O que eu tinha na cabeça? Poderia tê-la como prisioneira, uma barata, cuidar dela, alimentá-la dentro de um pote transparente, mas por quê? Isso não me traria dinheiro e entre ficar preso e morrer acho que ela preferiria morrer, até porque depois de um tempo presa eu poderia querer matá-la. Vai saber? Eu voltava do curso que não agüentava mais. Era uma questão moral, não sei ao certo. Liguei o computador que é da minha avó e perguntei ao meu avô, depois de ele me perguntar se eu tinha tomado meus remédios. (Era o vício do café) “- Vô, como o senhor se impõe? Como faz? Suponha que o precise fazer para defender um cliente numa delegacia... - Você deve se impor por meio do conhecimento, da convicção. – Claro que, com isso, ele não respondeu. Gabriel, o que você esperava? Uma fonte singular que trouxesse a torto e a direito, qualquer semelhança com teu espírito? – Eu não conseguia resplandecer a toa, tampouco a torto, se o direito eu estudo e por isso estou fazendo-o sem amor, ou pela obrigação que tenho de me sustentar, por ora que conto com 25 anos e passados os 25 sendo sustentados agora pelos avós. Eu estava mesmo era perdido! Sou uma pessoa com diversas qualidades, mas o defeito de não ouvir os outros nunca porque não vêm de mim e por origens tais de espírito “próprio”, opto por não ouvir de Deus sua onipotência, pois para mim, tudo deve ser racionalizado. “Assim aprendemos a ser bonzinhos e a nos submetermos à autoridade externa. Fomos nos escondendo dos outros e, o que é pior, de nós mesmos. Deixamos de dar importância às nossas sensações, sentimentos e emoções e as engavetamos em alguma parte do nosso corpo. E para conviver com os outros, fomos criando tipos, distorcendo nossa imagem real e o nosso sentir para obter a consideração dos outros e sermos aceitos pelo ambiente que nos cercava. Sufocamos nossas reais motivações e verdadeiras vocações, destruindo assim o nosso senso de vida e as razões de existir. Será que vale a pena agir sem sentir? Será que vale fazer coisas só para obter a aprovação alheia e com isso bloquear o sentir?” A letra que mais me chama atenção no alfabeto é o “Y”, porque ele é o caminho das mentes e por isso não se propaga no erro, pois dele se origina, e erro, como fonte viva, é um caminho seguro, pois é certo, contrário e reverso, mas enquanto morte, acerta-se. Tomemos o sentir como o caminho da vida própria, minha vida, guiada pela racionalidade e pelo não sentir, que como único meio e a que devo valor, procuro achar a chave para o Tabu e não 3

sofrer, dado que toda minha solidão e tristeza é passível de cura, só por isso, por eu ter como me representar. “Quem é o advogado que vai se impor?” “É claro que usar a cabeça, o raciocínio ou quaisquer outras operações intelectuais é importante. E vale notar que são produto do nosso fantástico poder de imaginação. A cada sensação que recebemos, associamos um símbolo, que é uma criação fantasiosa, e depois articulamos sensação e criação. Os símbolos são fantasias que representam nossas sensações, possibilitando-nos pensar, falar e nos comunicar de mil maneiras. Mas você não é só cabeça”. – o homem pode sentir, mas somente num momento de raro prazer. Essa era a minha idéia e para Napoleão: “A idéia governa o mundo”. Quantas vezes eu quis fazer as coisas mais fáceis? Eu não quero nem contar. O caminho com certeza era o mais difícil. Fácil é copiar de si mesmo, era um plano raro, era o que eu tinha que fazer. Escrever para mim e para os outros. Mas não era um plano de ataque e isso eu também precisava. Contei com o direito. A receita era: “Já tenho toda a infraestrutura. No escritório tem livros, banco de dados com os modelos de recursos e petições e um esquema agora no estado de São Paulo, recente, que se chama assistência judiciária, que é a nomeação pelo juiz, de advogado para representar determinado cliente em determinada área”. Fosse melhor se possível, numa guerra, contássemos somente com os aliados, mas infelizmente não é assim. “Se queres paz, prepara-te para guerra!” – É lindo isso, mas para os filmes somente. Nossa vida não é uma guerra senão uma contradição da paz e com isso, a esperteza vale mais e para ser esperto, é preciso ódio, que mais do que o amor, o é, por duas vezes em seqüência. Assim, enquanto teu adversário constrói um muro, deves ter sua base fechada por dois com torres de segurança pelos cantos. Minha vida aqui em Santa Fé do Sul é meio solitária. Vou à Igreja nos domingos, e às vezes saio com o pessoal de lá. Mas é raro. Parece que não é muito organizado, apesar de que, quando eu falo com as pessoas, elas são bem receptivas, o que é comum nas Igrejas Presbiterianas ou evangélicas. O culto é bacana, mas eu prefiro que não tivesse tantos louvores. Louvor = Canto. Há um tempo atrás, com eles, participei de um Retiro. Três dias. Dói muito não ter amigos. Dói mesmo e eu por mais que não queira ir atrás, pareceme que falta um braço. O tempo parece que demora a passar e eu rezo para a chegada do fim de semana, para eu ir à Igreja. Chega a doer falar nisso, mas fazer o que? E fazer o quê? Incrível, mas o que me faltava era o que mais prezo, não que faltasse em mim, mas nas coisas que eu fazia: Estilo. “Estilo é a resposta de tudo. É um jeito especial de fazer uma tolice ou algo perigoso. Antes fazer uma tolice com estilo do que algo perigoso sem estilo. Fazer algo perigoso com estilo é arte. Estilo faz a diferença. O jeito de se fazer. O jeito de ser feito”. – em Crônicas de um Amor Louco. A época que mais me faz falta na minha vida era quando eu era criança, magro, não usava óculos, não tinha que estudar nem trabalhar, apesar de que eu não trabalho, isso com uns oito anos, mais ou menos. Tinha amigos, sabia preservá-los, não dava valor a coisas bestas, não queria ver ninguém sofrer, não que hoje queira, mas o conceito mudou, não deixo de observar e era tudo de bom. Hoje, falta-me aquele braço, me falta coragem, força, imposição, respeito, sei lá, sinto-me vazio e tenho certeza de que tem gente se dando bem por conta disso. Sei também que vai chegar minha vez, mas as coisas que pretendo ter, além e proveniente do sucesso não quero de longas, preciso rápido, de uma solução final. Conclui que viver é realmente muito difícil, pois, ou tem alguém se dando muito mal ou tem alguma coisa errada no procedimento, nos dias, na luz ou em algum lugar 4

acontece coisas raras que o restante do mundo morre, de curiosidade, porque para mim, realmente, não está legal. Há problemas psicológicos? Sim, mas não é só meu. Alguém está pagando errado e não sou eu. Meu conceito de ser livre está completamente transcendental, apagado, problematizado e uniforme. Eu sei o que precisa, mas não consigo achar e é preferível escrever do que ficar dormindo, pensando ou claro, assistindo aulas. Percebam que não há como desistir de si próprio. Há uma brecha para ganância, para o aprofundamento, mas não nos cabe, pois o problema poderá ficar ainda menor, proporcionalmente pior, dada a sua possibilidade de alcance. 2. O PROBLEMA Escrever não é uma coisa fácil. Envolve tempo, paciência e acima de tudo inspiração. Procurar o que fazer com o que se escreve é tanto difícil do que dizer a alguém o que fazer ou como pode fazer alguma coisa. Os objetivos são inúmeros e a vida vista de vários ângulos mantém seus períodos em que, em partes absolutas, nos enganam, ou nós mesmos nos enganamos. Incrível como a experiência fala alto em nossas vidas. Esse mesmo período visto de um ângulo comum, é algo formidável, pois não só é passível de análise e comparação, como fantasia, o óbvio mas diferencial entre as pessoas. “Gosto do preto”. “Prefiro o branco”.- etc. Porcaria! É então o que se diz quando a inspiração não vem. Ou para um dos lados de uma situação – ruim. A vida não tem um canal, não tem um objetivo permanente e não passa como se pensa. Ela simplesmente vai, passa-se, como o vento que muda a direção. “Sou analista, mas gosto de ser o mais direto possível”. – É tanto contraditório, nós, profissionalmente atuarmos, sermos em determinado setor do infinito da vida e em contrapartida, vivermos de outro, como se daquilo, fôssemos literalmente, senão da prática, justamente o contrário. Uma coisa é interessante: aprender a ler. Você quando aprende a ler, é mais do que o famoso caso da bicicleta, tal qual não se cai mais. Você quando aprende a ler e normalmente junto, a escrever, além de não esquecer mais, você aprende a viver de outra maneira, a maneira que não se raciocina, porque opta, por conseguinte ao pensamento – ligeiro momento físico em que, sutilmente, a mesura quer dizer pensar – exercício arbitrário do próprio “eu” em desconformidade com o processo e a realidade. O amor e o ódio acabam sendo frutos da mesma pessoa. O pensamento, por sua vez, é visto como arma e a teoria dentre todas nossas emoções, que não são poucas, tendem a fazê-lo perder dentro de nossa própria realidade. Não só isso se dá no mundo abstrato, mas também no mundo “espiritual” (?). No direito é a teoria das duas faces na mesma moeda. Quer dizer, tudo vale contradição, mas “há que endurecer, sem perder a ternura jamais”. Porque tudo que está na nossa mente teima em achar um resultado. O que encerra que nossa alma só entende a aplicação prática porque não sente a teoria, mas devo-lhes colocar o interesse que tenho em revoltar-me e sugerir que faça o mesmo enquanto contradigo-me e sentes tu pelo teu próprio inverso. Assim, pessoas deixarão de conversar com cães, o que enquanto não fere a lei, não é pecado – então deve ser normal –, mas tratar ou outro como tratante é no mínimo desgostoso pelo menos para mim, que lido com isso da forma mais 5

neutra possível, dizendo que me encosto em determinado argumento, mesmo estando errado, pois o que resulta disso é o que vem depois, o que na minha conclusão e veja se também na tua, pode estar certo, o que não deve remeter-te ao teu passado, mas ao passado social, a própria jurisprudência da tua vida. Jurisprudência, facilmente entende-se por casos que foram julgados e que servem de parâmetro para o julgamento de causas novas, como se dela tomasse parte nos efetivos setores que a lei é ferida, dentro de semelhante caso concreto. Daí eu te pergunto: Você tem cachorro? Será proposta uma teoria de reflexão com conceitos simples, mas que hão de pouco alterar o sistema, de menos aplicação prática e mais teórica, com poucos limites e mais próxima ao encontro do demais. “A mente emocional é muito mais rápida que a racional agindo irrefletidamente, sem parar para pensar. Essa rapidez exclui a reflexão deliberada e analítica que caracteriza a mente racional”. – Daniel Goleman, PhD. Caí, algumas vezes, na armadilha sutil do elogio a mim mesmo, e, sem perceber o que estava buscando, eu queria ser adorado, e isso é o mesmo que procurar o orgulho satânico. Deus me mostrou que dedicar-me a Ele, resulta em anulação do orgulho que almeja a glória. Só uma pessoa merece glória, culto e adoração universais, e essa pessoa é uma trindade – o Deus trino. Só Ele é digno de adoração. Quando nos entregamos a Deus, Ele compartilha Sua glória conosco – coloca glória sobre nós, digamos assim. Isso tem como efeito anular em nós a percepção de nós mesmos. Acabamos preocupados demais com a glória dEle para nos importarmos com a nossa. No momento em que Deus compartilha Sua glória com Seu povo, é criada a única “sociedade de admiração mútua” verdadeira e saudável. Exceção à regra é o meu contradizer, que, como resposta tem de a acertar o que mesmo pergunto, o que não o deve remeter a me encontrar pessoalmente e me questionar pelo que digo, pois seria hipocrisia. Assim, sempre que o paladar de uma pessoa muda, não é porque exista em si um parâmetro racional, pois o ser humano propriamente dito odeia pautar-se pelo que é racional, então minha idéia para evitar essa prospecção é tirada de um título de um livro, chamado Carta Viva. Como sugere, para dar entendimento irretratável a isso, o autor, pressuponho, se vale de seu espírito vivo para dar-se com o entendimento racional puro do seu leitor, como faço neste momento – na Contradição. Significa o verbete que eu posso desmentir quando devia negar-me, mas falho em fazê-lo, por ora que passo, circunscrito e de forma gritante meu devaneio ou minha falha moral e ética e desmistificar meus pensamentos. Isto é, contraditar. Belo senão apático me faria, senão lhe fizesse a mesura de dizer que isso é pura versatilidade de verborrágicas balelas às quais venho me entendendo, mas o caso é que faço do pensamento o estilo necessário de auto-entendimento, ajuda prática e fotográfica, pelo menos na tentativa de abrir uma porta ou desencaixar um bloco ruim em determinado setor da vida. Por outro lado, são luzes de um mesmo plano, que me faz lembrar de coisas materiais e desnecessárias que não levamos para o além mundo, onde tanto isso nos 6

interessa. Deixo então, por preferência minha, deixar de assistir aos desígnios próprios de comportamento e ter por viva a idéia de manusear sempre almas vivas, como de luxo e citação comum dos meus próprios mais autênticos fatos. A principal idéia de que me faço nisso é ter passos prontos, o que fazer, é agendado, o que dizer, é orquestrado e o que fazer, sim, é repetido, senão por orgulho, por desprezo que tenho de lembrar-me do passado, por falta de apetite e desinteresse pela ilusão que se farta o mundo justo. Claro que muito da vida, nesse justo do mundo, se passa através. Não se é hipócrita em entender para não dizer a respeito. Você passa-se através do passar. Quase um passe, o que equivale a uma vida, pois mesmo Jesus tinha suas idéias, e com elas passava o tempo, seja orando, seja discipulando o aprendizado não condizente com o que seja para todos, material, mas teoricamente os ensinamentos do Reino dos Céus. O que isso quer dizer? Diz-se que nem tudo tem um resultado ou produto final, pois o que se faça sempre em troca, não resulta que se tem o pretendido, mas uma oferenda a si próprio, na prática, espiritual. Por exemplo: assim como a tese da gaita, onde pauto meu aprendizado sem aula, um vendedor faz sua propaganda ao oferecer seu produto quase ou senão sabendo de que o primeiro ou o último não irão comprar nada. O esforço em vão, mas sabe-se que o é pelo resultado não alcançado e não por ter feito a propaganda, sendo esta a idéia do que é, venda, e não o resultado, talvez obtido, mas elevado ao mais dEle não conseguir do que conseguir propagar-se – o resultado negativo. Quer dizer, se não como determinado prato, digo que não gosto, mas talvez posso vir a gostar, mesmo sabendo que não gosto porque já tenha provado, mas o farei outra vez, percebendo que mesmo com o paladar de sempre, hei de gostar na vez que provar novamente. Uma vez que estamos nessa da maneira de agir/ pensar, aproveita-se para introduzir realidades diferentes. Se você já viajou para países diferentes ou os viu retratados no cinema, como eu, já se deu conta das enormes diferenças que existem entre as diversas culturas. O princípio das realidades diferentes prova que as diferenças existentes entre indivíduos são igualmente enormes. Da mesma forma que não esperamos que pessoas de cultura diversas da nossa vejam ou façam as coisas como nós as faríamos. O que remete que as diferenças individuais na maneira de ver o mundo devem ser respeitadas. Não é simplesmente o esforço de tolerar diferenças, mas o entendimento real e a constatação do fato de que é impossível de outro modo. Isso pode ser bom. Quando ficamos propensos a ver as coisas de modo diferente, quando se assegura de que outros farão coisas de forma diversa e reagirão de diversamente aos mesmos estímulos, a compaixão que sentimos por nós mesmos e pelos outros aumenta consideravelmente. Do momento que nossa expectativa é inversa, no entanto, o potencial para o conflito se instala. Eu os aconselho a considerar com profundidade e respeito o fato de que somos todos diferentes. Quando vocês o fizerem, o amor que sentem pelos outros, bem como a apreciação pela sua própria individualidade, crescerão.’ Aceitar a verdade Estamos presos a um raquítico sistema emocional. Dentro dele só existem cores e o verde parece-nos o mais atrativo. Por que? Porque é assim. Verde significa esperança, saúde e por sinal, juventude. É corpo viciado à matéria. Façamos do paralelo, o sossego.

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Veja no que dá: Você termina ou para a leitura e resolve comer algo. Comer pode engordar e você, digamos, está com sobrepeso. É mal. Fumar? Não, faz mal. Comer? Não, essa já excluiu-se. Nadar, escrever, trabalhar, dar uma volta. Entenda que tudo que façais estarás preso num limite que se chama “Você”, e o pior é que todos sabem de como isso adquiri força se não estás bem consigo mesmo. É hora de analisar suas emoções e depois, seus relacionamentos. Cada um de nós deságua suas ansiedades em alguma coisa. Jogar sinuca talvez ou dar comida aos peixes ou então brincar com o cão, mas procurar um jeito de “perder tempo” ganhando algo, em tempos atuais, parece impossível. Ora se você continuou a ler já é um grande passo. E o resquício essencial, nessa hora, já estará em você, com o paralelo de mais de uma possibilidade, fugir do sistema ou figurá-lo, assim, feita a sua análise. Ninguém começa do zero. Relacionamentos são importantes, fazer o bem a eles também, mas o paralelo sossego pode ser tantas vezes atingido só no pensar. É pensar em matar que já matou. Eu mesmo vou à Igreja vez por quando, por que não tentar? Sozinho ainda, melhor ainda. Lembramos no verde. Isto significa atitude, ou melhor, juventude como fora dito, mas mais do que isso. Verde parece algo que cria, que reluz, que reflete e transparece o que serve para um e para outro, como o mais dedicado game. Verde é participação, diversão, morada, ’direta’ e acima de tudo, empenho. O verde sempre resulta algo. Toda preocupação inerente aos humanos tende a se dar para com a geração posterior, mais forte fisicamente, mas não correspondente aos métodos racionais, o que por sua vez, entende-se em conseqüência de fatos que não existe algo que se faça com intenção que não seja o de interromper a correção das próprias idéias. Ser é como estar no momento de uma ilusão o que interfere no mundo da ‘seriedade’, para por em prática o momento posterior, um momento em que qualquer atitude seja verde o suficiente para convencer às pessoas de que a vida tem valor, não quanto à racionalidade, mas em vida, nos convencionais passos que ela dá, sobretudo verde, comum à todos. Leis ou mesmo cores falam, sobretudo, de simetria e sinestesia entre uma só razão igual e aplicável pura e convergente. Ora, como os juristas, mais visível em Kelsen, o alemão, tem que para o que é direito, tudo basta ser imbatível, se tanto for, dentro das diversas possibilidades que socialmente estão presentes em um mesmo setor, a primazia da realidade. Real e espiritual são além de formas de promessas, um bloqueio com a própria razão onde se pode claramente ir percebendo que pureza e realidade são obras de um nascente cristianismo e em amplo aspecto, uma religião. Afora teorias baratas dentre as quais o fanatismo é o delineador impuro em detentor de prospectos irracionais puros em seu fundamento, é claro que dizer a respeito do que é como se para você fosse o que está pensando, diz-se impossível, mas como dentro de uma só possibilidade ser provável que, você, como mero operador de somente tua vida e não como um filho de Deus, não só se vê como pode compreender os diversos caminhos, sobretudo o caminho mais óbvio, da sinceridade, espírita, como um dono de alguém, sobrevém que, pais e filhos, numa separação de unicidade, titulariza o terceiro setor, aquele que determina o grito daquilo que se pode dizer, não ser fanático, tendo por óbvio uma sustentação, pode ser uma religião ou a instrumentalidade – o que é aplicado. Nossa mente possui dentro de vários aspectos, uma lógica associativa, elementos que simbolizam uma realidade, própria, através de símiles, retratos e imagens que se comunicam com nossas emoções, assim como os mitos, não-públicos, somos parte da 8

verdade ainda não dita. Concluo dizendo que tudo é atemporal e não há causa sem efeito no processo primário da verdade, sem interdito como tudo senão possível há de ser. Se a mente, nas suas emoções, segue essa lógica e suas próprias regras, com um elemento representando outro, as coisas não precisam, necessariamente, serem definidas através de uma identidade objetiva, sendo importante sim a forma como são percebidas, como parecem ser. A lembrança evocada pela percepção de alguma coisa pode ser muitíssimo mais importante do que a coisa “é”. De fato, na vida emocional, as identidades podem ser como um hologama em que uma parte evoca o todo. Enquanto a mente, então, faz conexões lógicas entre causa e efeito, a mente emocional, nas emoções próprias não faz qualquer discriminação. Liga coisa com coisa que, entre si, guarda uma longínqua similaridade. Essa emoção atua, sob muitas formas, como se fosse uma criança e, quanto mais criança, mais intenso é o seu comportamento. Uma dessas formas é o pensamento categórico, onde as coisas são em preto e branco, sem a coloração cinzenta intermediária; assim, alguém que fica mortificado por uma má sensação pensará imediatamente: “sempre faço coisas erradas”. Um outro indício disso é o pensamento personalizado, ou seja, os eventos são vivenciados como dirigidos à própria pessoa – é o caso do motorista que, depois de um acidente diz que “o orelhão veio em minha direção”. Esse modo infantil de pensar se autoconfirma, na medida em que descarta ou ignora lembranças que possam abalar sua crença e se agarra em tudo que possa mantê-la. As crenças das emoções, por ora, não são firmes; uma nova evidência pode alterá-las e substituí-las – a mente da razão lida com fatos objetivos. A parte emocional, no entanto, considera que suas crenças são contrárias. Eis porque é tão difícil fazer com que alguém, sob perturbação emocional, raciocine; não importa quão válida a argumentação do ponto de vista lógico – nada que não esteja enquadrado nas convicções emocionais do momento pode influir. Os sentimentos se autojustificam por uma série de percepções e de “provas” convincentes. As guerras estão em mais de cinqüenta nações, tribos e etnias lutando entre si. A sociedade busca a paz através das organizações, mas elas se revelam incapazes de conseguir tal objetivo. A única esperança está naquela que pode trazer a verdadeira paz: Jesus. A Bíblia afirma que dura não será conseguida com armas ou tratados. Só haverá paz quando os ser humano for transformado. Se você quiser experimentar a verdadeira paz, terá que conhecer e receber a Jesus, o Príncipe da Paz, em sua vida. 3. A IMAGEM DA ZONA NEGATIVA Eu, em meus devaneios, procuro no obscuro da vida os mais imortais e poucos sinceros mecanismos de como viver bem. Sendo diligente? Sempre que possível. Da vida? Guardando o bem mais necessário, muito e pouco. Minha idéia foi alimentar-me do combustível espiritual para poder carregar a bateria que faria esse favor aos leitores, posto que eu, humano, demasiado humano precisaria do mesmo para escrever algo que composse tal energia que como se percebe, é e sempre será renovável. Por isso a idéia do subtítulo: cheating myself que está em inglês e quer dizer tirando de mim, querendo dizer, facilitado por mim e de mim proveniente. Outro

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significado ainda diz: é roubando de mim, me enganando. Ocorre que se eu é quem escreve, não dura de perceber se reviso depois. Portanto, é e que seja isso. Do veneno da serpente. Dificilmente pára-se para pensar de onde tiramos força para lutar, para viver e continuar o dia-a-dia. Realmente ninguém pensa nisso, pois primeiro porque não há tempo, depois isso é uma bobeira e na pior das hipóteses todos são iguais e tudo que acontece e está acontecendo é normal e no máximo o que se espera. Pois nem tudo é assim. Observa-se claro que cada um de nós possui um ideal, um caminho a ser seguido e nem por isso, alguém resolve parar para descobrir um meio, mecânico ou não, para facilitar o procedimento em questão, ou seja, como facilitar o passar dos dias, num dia normal por vias de tornar-se um amanhã impossível ou insuportável. Há sim, as criações e invenções. O mistério é que, não para por aí. A sociedade que muitas vezes engana, tem a chave para o Tabu, que em origens mais remotas, pensando antes de todos, filosoficamente ou não, cada indivíduo, por sua razão e discernimento – aqui acessório, - escolhe um meio que naturalmente vai facilitá-lo ou mantê-lo de acordo com as possibilidades de servir (servilismo) dentro de sua própria identidade. Essa fôrma separatista não é de todo ruim. Como disse Napoleão, um grande general: “A idéia governa o mundo”. Por isso ter uma idéia é ter grande parte de qualquer problema resolvido, mas não é simplesmente tê-la, pois isso é fácil, todos têm. A questão principal é como mantê-la sempre em posse, em mãos e quando preciso, fazer uso. Não se trata de dons, mas de uma sinestesia da qual se faz alcançar, pela possibilidade, a compatibilidade, como foi dito de servilismo, à própria identidade. Essa compatibilidade sim é o dom, que quando é alcançado torna a vida mais bela e melhor vivida. Dá mais força de vontade. Ocorre que, por não poder ser buscada, pois quem a busca, espera demais; ela também não é presente, pois dela há que se merecer, por vias de uma determinada busca, indireta. Buscar algo indiretamente também não é tarefa fácil. Há que ser diligente, há de não faltar nada e haver contentamento total. Aquele que goza muito, goza mais que tudo e não mais do que os outros. A zona negativa, primeiramente, existe, como algo intocável e pelo menos até onde se pode entender possível, isto é, fisicamente. Como parte de um mundo que não há vida, se caracteriza mais facilmente pelo entendimento de dimensão. Para tanto, não existem maiores estudos sobre ela, por isso, o que tenho explanado adiante é mera imaginação. O mais interessante é vê-la, antes do prévio antever do que ela pode transmitir, o nada, o que não serve e o que automaticamente se deduz: uma “não-vida”. Esta dimensão é perfeita, por um lado, pois nela, se pode entender o mundo real num diferente aspecto, uma intercessão do mal, onde o ar se apresenta como um corpo vivo, mas irreal, transcendente e enigmático, por outro lado. Representa uma terceira visão, um sentido diferente. Como o nascimento da vida, a origem de tudo. Sem meio nem raciocínio, não há matéria nem vício, o que se percebe que além de nada, há uma coberta de vida em processos temporais em que é possível o pó. Conclui-se que não há tempo, mas observa-se a claridade, antes do tempo, a luz. Tem-se o som. O mal, por outro lado, é observável nos animais irracionais, que não possuem visão a cores, mas somente ao som, orientáveis pela vida e pela própria claridade do mundo, como dimensão posterior, num tempo posterior. A imagem procede-nos ao corte da própria imagem, o que pode levar-nos a ela, a Dimensão da Zona Negativa.

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Percebemos toda esta introdução em Gênese do capítulo 1:1-10, antecedendo até a criação da vida, o que posteriormente Deus a fez com a criação posterior à Terra, com a relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem frutos segundo suas espécies e continua... do versículo 11 em diante, sendo que havia noites e manhãs com dias e já prevendo que antes eram trevas e por isso mal, e por isso ser ela, a Zona possível e Negativa, representando a vida trevosa, não sob criaturas peçonhentas mas com o mal, antevendo Deus que haviam coisas boas e coisas más, sem origem e sem nada que lhe fizesse ver que fossem por um acaso úteis. Sabe-se que não há duração proporcional na existência da Zona Negativa, somente que há e que ela está em algum lugar, longe dos homens, que naturalmente bons, esquecemse dela lembram-na quando lêem o livro do Apocalipse 20:1-3. “Então vi descer um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. (o Anel preso a ela). Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos (grifo nosso); lançou-o no abismo (Zona Negativa), fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto por pouco tempo”. E para essa alegoria prosseguir, ditado pela alegria de Apocalipse (20:1-4), sem grifos, pela originalidade de Deus, criara assim o céu e a terra, pois nas Escrituras estava: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos para Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”. Não faço acréscimo. Já cumpri minha parte, então Deus, que é bom não me acrescentará flagelos, mas até que me convença do contrário, minha parte da árvore da vida já foi tirada. E sei que a graça de Jesus pertence a todos. Entendo que os sentimentos foram criados após a origem desta zona e por isso é que as cores têm seus respectivos significados assim como para os elementos, por ela melhor representados. Fisicamente não há porque definir e/ou caracterizar cores à zona em questão, mas delinear melhor o contorno desta dimensão negativa. Então ela é negativa por quê? Zona Negativa é negativa porque não se vê o bem nela, não se vislumbra cores claras ou algum tipo de brilho, mas uma espécie de caractere que retarda, que precisa ser restaurado, como uma desaceleração do meio pelo tempo, como se doura determinado tempo; é o cansaço do tempo. Não é propriedade do tempo, pois antes da luz, a origem que possui antecede este e com cores transparentes não muito bem definidas. É a placenta física do tempo antes dele existir, como o ovo que não se sabe até hoje se veio antes ou depois da galinha. – É enigmaticamente sem humor, mas é isso. 11

É possível como já foi dito, mas não é freqüente sua visita. Nem mesmo pela tentativa árabe de trazer de volta à linguagem por meio de símbolos, o alfabeto, pois se trata de uma forma de representação mais lúcida, iluminada do que seja criado não por Deus, mas pelo mesmo homem que tendendo a ser mal, é bom. É, portanto propriedade do mal, contida em elementos próprios do que antes se enxergou por Tempo e, elementar, como ele mesmo, por elementos, terra, água, fogo, e sentidos, e antes de tudo, algo sem vida, sem percurso e com movimento uniformemente constante, para não descrever “parado”. Esta autoconsciência, esta capacidade para ver-se do exterior, enquanto imagem, é a característica distintiva do homem. É a origem das mais altas qualidades humanas. Existe na capacidade de distinguir entre “eu” e o mundo negativo e proporciona ao homem o talento de suspender o tempo, que é a aptidão para sair do presente e imaginar-se na véspera ou no dia seguinte. Assim os seres humanos podem aprender com o passado e planejar o futuro. O homem é, portanto, um mamífero histórico no sentido em que é capaz de sair de si mesmo e contemplar sua história, influenciado assim seu desenvolvimento como pessoa e, em menor extensão, a marcha dos acontecimentos em seu país e na sociedade como um todo. A autoconsciência existe sob a aptidão humana para usar símbolos, isto é, desligar algo do que ele é, como os dois sons que constituem a palavra “mesa”, convencionando que servirão para toda uma classe de objetos. O homem pode, portanto, pensar em abstrações, como “beleza”, “razão” e “bondade”. À imagem sob a égide do espaço negativo. Esta faculdade da autoconsciência lhe confere o talento de ver-se a si mesmo como os outros o vêem e sentir empatia. Existe ainda sob a notável aptidão para transportar-se até a sala de alguém, onde na realidade só se encontrará na semana seguinte, e em imaginação planejar sua maneira de agir. Permite que a pessoa se coloque no lugar de outra e imagine como se sentiria e o que faria se fosse ela. Por pior que se use, deixe de usar, ou mesmo abuse desta aptidão, ela constitui rudimentos da capacidade para amar ao próximo, ter sensibilidade ética, considerar a verdade, criar a beleza, dedicar-se a ideais e morrer por eles caso necessário. Despertos, nós homens, somos caracteres naturalmente desiguais. Deixamos de lado tudo pelo nada que condiz com a razão e sobre a amplitude do que nos identificamos, seja com outro homem. Ocorre que, racionais, somos parte de um todo e este todo não se configura como se parece fazer, ele é racionalizado pelo meio, fazendo com que outra pessoa, a qual seja parte da relação que tem com você, por exemplo, desacredite no que você propõe, fato natural, ou crê o suficiente para que você descreia em determinada idéia que porventura teria surgido em você. A racionalidade antecede a força de vontade. Um homem que se conduz racionalmente é acessível a nova informação, quer esta o conforte ou o magoe. Quer dizer, que ele deve procurar assim, a informação pertinente aos problemas do momento e significa que ainda não deve procurar formular uma opinião na base das melhores informações aos seu alcance e sim a que for compatível com os seus próprios preconceitos. Não basta, porém, estar meramente exposto Às diversas fontes de informação. Um homem racional pode perceber sem distorção e recordar rigorosamente até informações que discordem radicalmente de suas próprias opiniões ou conflitem com seu próprio pensamento. Não acolhe simplesmente aquelas partes dos argumentos que sejam consonantes com as suas convicções nem recorda apenas as que apóiam seus preconceitos. Em resumo, para ser racional um homem deve expor-se indistintamente a matérias que lhe 12

sejam simpáticas e antipáticas; deve estar habilitado a examinar todas e a percebê-las tal como são, não apenas como gostaria que fossem, assim como estar apto a reter essa informação sem distorções. A capacidade de interferência lógica é importante a esse respeito quando se processa a informação a que se está exposto; deve resistir às pressões para minimizar as incoerências. Assim, ao processar a informação que lhe chega, o homem racional deve ser capaz de tolerar e perceber as incoerências, de suportar certa soma de dissonância suscitada pelas mesmas. Ao mesmo tempo, não pode ser apenas uma tábua rasa. Deve possuir capacidade para a análise crítica da realidade. Quando um argumento se lhe apresenta, deve enfrentá-lo com uma espécie de mecanismo de censura que classifique as idéias por comparação com a sua experiência prévia e a de outros em quem confia. Outrossim, deve-se estar apto a avaliar a plausibilidade da informação que se recebe. Fica assim claro que um componente crucial da racionalidade deve ser a consciência que cada um tem de seus próprios motivos. Quando um homem odeia outro, deve estar cônscio de que realmente o detesta e não, como muitos fazem, protestar sua afeição por ele ou racionalizar a antipatia pessoal como um reflexo de um duelo ideológico. Um legislador pode ser racional se se opõe a um projeto de lei em favor de interesses econômicos especiais de seus eleitores, mesmo que publicamente racionalize sua oposição como se esta refletisse um grandioso princípio de ideologia política. Não é racional, porém, se pretender iludir-se a si própria, em tais circunstâncias, pensando que seu voto tenha sido primordialmente motivado pela adesão a certa doutrina. É óbvio, portanto, que um homem racional deve ser capaz de tolerar um grau moderado de incoerência em suas opiniões e em seus valores. Só nas ideologias mais extremas todos os “fatos” e opiniões são inteiramente consistentes entre si. A pressão do mundo real é tamanha que uma pessoa não pode conciliar sempre, inteiramente, um desejo de paz e um desejo de ampliação de interesse nacional; a convicção de que todos os homens devem ser igualmente tratados e a convicção de que certas pessoas devem beneficiar-se de um tratamento ligeiramente melhor do que outras (os mutilados físicos, por exemplo, ou os membros de uma comunidade minoritária contra a qual se faz discriminação). Por conseguinte, o que distingue um homem racional é ele saber quando deve equilibrar um valor ou interesse pessoal, de modo a não ser sobrepujado por outros, e elevar ao máximo a coerência de suas ações, recorrendo ao arsenal completo de seus valores, convicções e interesses. 4. AUTOMÁTICO Existem três fatores que influem na formação de nossa imagem própria, três elementos que atuam sobre o indivíduo para a criação dessa imagem: o mundo exterior, o mundo interior e todas as potestades do mal, e Deus e sua Palavra. Neste capítulo examinaremos o mundo exterior, já que ele é o primeiro fator, o solo básico do qual brota nossa imagem própria. Nosso mundo exterior é constituído de todos os elementos que entram em nossa formação – nossa herança e nascimento, nossa infância, meninice e adolescência. O mundo exterior compreende toda a nossa experiência de vida até o presente momento. Nossa experiência com o mundo nos diz como fomos tratados, como fomos instruídos e como nos 13

relacionamos com as pessoas nos primeiros anos de vida. Basicamente, ela reflete as atitudes de nossos pais e familiares, e as mensagens que eles nos comunicaram a respeito de nós mesmos, com sua expressão facial, seu tom de voz, seus gestos, palavras e ações. A grande psicóloga Lilian Mendes dos Santos emprega uma expressão bastante interessante para descrever o relacionamento das pessoas com o mundo exterior. Ela a chama de “o eu do espelho”. Um bebezinho tem pouca noção de seu eu. Mas, à medida que vai crescendo, vai aos poucos aprendendo a fazer distinção entre diversos aspectos da vida, e a obter uma imagem de si mesmo. De onde ele retira essas impressões? Do reflexo das reações das pessoas que mais influência exercem sobre a sua vida. O apóstolo Paulo havia dito a mesma coisa séculos antes da Dra. Lilian. Em Coríntios 1:13, ele diz isso mesmo quando se refere ao crescimento humano. “Meu conhecimento é imperfeito, inclusive o conhecimento que tenho de mim mesmo. Quando eu era criança. Mas, quando cresci, pus de lado as coisas infantis, e no entanto ainda assim, vejo como se estivesse olhando num espelho, que me oferece apenas o reflexo da realidade. Mas um dia terei perfeito conhecimento. Então verei Deus e a realidade face a face. Hoje conheço em parte mas naquele dia compreenderei a mim mesmo plenamente, assim como tenho sido plenamente compreendido. Essa minha visão parcial das coisas decorre do fato de eu ver a mim mesmo num espelho, de maneira obscura, indistinta.” Uma das características da criança é que ela sabe e entende as coisas parcialmente. E alcançar um entendimento pleno das coisas, numa compreensão da realidade face a face é um aspecto do desenvolvimento e o atingir de um amor maduro. As imagens e sentimentos que temos a respeito de nós mesmos procedem, em grande parte, das imagens e sentimentos que vemos refletidos em nossos familiares – o que vemos no semblante deles, o que ouvimos no tom de sua voz e vemos em suas ações. Esses reflexos nos dizem não somente o que somos, mas também o que vamos nos tornar. E à medida que esses reflexos vão, pouco a pouco, penetrando em nós, vamos tomando a configuração da pessoa que vemos naquele espelho familiar. Você já entrou numa sala de espelhos, dum parque de diversões? Quando nos miramos num daqueles espelhos, vemo-nos altos e esqueléticos, com mãos compridas. Em outro, nos vemos como um enorme balão. Outro espelho já faz uma mistura dos dois primeiros: da cintura para cima parecemos uma girafa, enquanto que da cintura para baixo parecemos um hipopótamo. Ver nossa imagem refletida nesses espelhos pode ser uma experiência muito engraçada, principalmente para quem está do nosso lado. Essa pessoa pode ter morrido de rir, ao ver-nos com aquela aparência tão estranha. Mas o que acontecia ali? Os espelhos são construídos de forma a dar-nos uma imagem de nós mesmos de acordo com a curvatura do vidro. Pois bem: vamos levar estes espelhos para dentro de nossa casa. E se, de algum modo, nossa mãe, pai, irmãos, avós – que são as pessoas mais importantes das primeiras fases de nossa vida – pegarem todos os espelhos da casa e lhes derem uma certa curvatura de modo que vemos refletida ali uma imagem distorcida de nós mesmos? O que nos aconteceria? Não iria demorar muito e estaríamos criando uma imagem igual à que estávamos vendo nos espelhos da família. Depois de algum tempo, começaríamos a falar e 14

agir, e a nos relacionarmos com os outros de acordo com a imagem que estávamos vendo continuamente “naqueles” espelhos. Pode parecer aqui que estou procurando alguém para jogar a culpa de um problema, mas não é isso que estou fazendo. Neste nosso mundo decaído e imperfeito, todos os pais são imperfeitos no exercício da sua missão de pais. A maioria dos pais que conheço faz o melhor que pode. Infelizmente, os exemplos que tiveram não foram tão bons assim, desde Adão e Eva, Caim e Abel devem ter presenciado muitos conflitos e tensões. O lar deles deve ter sido muito infeliz, para um irmão terminar matando o outro. Embora tenhamos nossa parcela de culpa, não pretendo aqui aplicar a culpa a ninguém. O que estou tentando fazer é levar-nos a ter uma compreensão melhor dessas coisas, uma visão mais abrangente para que reconheçamos os pontos em que precisamos de uma restauração interior, em que precisamos restabelecer uma auto-avaliação correta. Você está precisando de uma nova coleção de espelhos? Muitos adolescentes precisam, bem como casais jovens que estão criando seus filhos. Alguém já disse: “Nossa infância é a época da vida em que Deus deseja construir em nós os cômodos do templo em que ele irá viver quando formos adultos”. Que belo pensamento! Os pais têm o grande privilégio e a responsabilidade de fornecer o projeto básico deste templo – a imagem própria da criança. Uma criança que se convence de que vale muito pouco, dará pouco valor a tudo que diz ou faz. Se ela for “programada” para ser incompetente, vai tornar-se incompetente. Certo homem me disse que a coisa que ele mais recorda é uma frase que o pai sempre lhe dizia: “- Se existe uma maneira errada de fazer as coisas, você sempre descobre qual é”. Se uma pessoa recebeu este tipo de programação, com uma auto-avaliação tão baixa, é muito difícil, e em certos casos até impossível, que ela se sinta amada pro Deus, aceita por ele, e de valor para ele, seu Reino e seu serviço. Muitas de nossas lutas, aparentemente espirituais, não se originam realmente no plano espiritual. Embora tenha toda a aparência de um castigo de Deus sobre uma consciência culpada, na verdade elas procedem de horríveis e danosos conceitos emocionais que criam em nós uma imagem própria negativa. A Cura A imagem própria de cada indivíduo é um conjunto de sensações e conceitos que ele formou a respeito de si mesmo. Nossa imagem, como se vê, vem de três fontes. •



A primeira é o mundo exterior, que examinamos anteriormente. Nesse mundo exterior vemos imagens e impressões acerca de nós mesmos refletidas no espelho dos membros de nossa família. Estabelecemos nossa noção de identidade própria a partir dos primeiros relacionamentos – pela forma como somos tratados, amados e cuidados, e pela comunicação que recebemos em nosso relacionamento com os outros, quando estamos em fase de formação e crescimento. A segunda fonte de impressões é o mundo interior, isto é, os elementos físico, emocional e espiritual que trazemos conosco ao nascer. Dele fazem parte nossos sentidos, sistema nervoso, nossa capacidade de aprender, de registrar fatos, de reagir diante da realidade. E para alguns, esse mundo interior compreenderá também defeitos físicos, deformações e deficiências.

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Não existem duas crianças iguais. Todas são maravilhosamente distintas entre si, assim como os flocos de neve. E que erro cometem os pais consultando apenas livros para criar os filhos, como se estes fossem todos iguais. Os que são pais sabem do que estou falando. A gente tem um filho que é teimoso como uma mula, e é obrigado a usar uma vara até para obter atenção dele, quanto mais para discipliná-lo. E por outro lado tem também um filho que é sensível como uma plantinha tenra, tanto que não é preciso nem erguer a mão ou a voz, para se obter dele o que se deseja. Como é ridículo achar que basta um conjunto de regras sobre a criação de filhos! Essas diferenças existem devido À nossa identidade individual e à nossa constituição psicofísica. Entretanto, existe também o fator espiritual, e é nisso que nos distinguimos de toda a psicologia secular, humanista e pagã, que considera a natureza humana como sendo essencialmente boa, ou então moralmente neutra. Nós, os cristãos, não pensamos assim. Deus nos revelou em sua Palavra que não entramos nesta vida moralmente neutros. Pelo contrário, somos vítimas de uma tendência básica para o mal, de uma inclinação para o erro. Chamamos a isso “pecado original”. A verdade é que a única coisa em nós que não é muito original é o pecado. As leis e princípios que regem todas as inter-relações humanas e o desenvolvimento do homem garantiram a transmissão do pecado quando nossos primeiros pais, de certo modo, se desentenderam com Deus, e passaram a viver em egocentrismo e orgulho. Com o primeiro pecado de Adão e Eva, foi ativada uma reação em cadeia gerando uma criação de filhos imperfeita, conduzida por meio de falhas, ignorância e atos mal orientados e, o que é pior, por amor condicionado a exigências. Essa herança paterna faz de cada ser humano uma vítima da pecaminosidade total. O fato é que não entramos neste mundo perfeitamente neutros em nossa mora, mas pendendo imperfeitamente na direção do erro. Somos desequilibrados em nossas motivações, desejos e impulsos. Achamo-nos fora das proporções certas, com uma forte inclinação para o erro. E devido a esse defeito de nossa natureza, nossas reações achamse fora de foco. Faz alguns anos, ouvi em algum lugar: “As crianças são os melhores gravadores do mundo, mas os piores intérpretes”. O fato é que elas captam muitas das imperfeições que as cercam e, por causa do egocentrismo inerente a toda a raça humana, interpretam erradamente grande parte daquilo que captam e, isso afeta demais sua imagem própria. Parece que, mesmo que os pais criem muito bem os filhos, a maior das pessoas chega à idade adulta com o seguinte conceito: “Tudo bem com você, mas não comigo”. Isso parece fazer parte da constituição humana. A Bíblia deixa claro que não somos meras vítimas. Todos somos pecadores e responsáveis pela nossa identidade e pelo que acabamos nos tornando. Nunca vi ninguém ficar realmente curado de traumas e problemas, enquanto não tivesse perdoado todos aqueles que de alguma maneira o prejudicaram, e também recebesse o perdão de Deus para suas próprias reações erradas. • A terceira fonte de onde recebemos impressões para a formação de nossa imagem própria é Deus. Agora deixamos a questão da imagem própria negativa e passamos a considerar o poder de Deus na formação de uma imagem própria em bases cristãs. Deixamos a doença e passamos à cura, pois existem algumas medidas práticas que podemos tomar, a fim de curar essa deformidade que é a imagem própria negativa.

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Deixemos que Deus e sua Palavra consertem nossas falsas idéias. Muitos de nós absorveram uma certa idéia que, aos olhos de Deus, em verdade, é um pecado, mas o fizeram envolvendo-a em roupagens teológicas. Pode ser que o leitor também tenha transformado esse erro em virtude. Ora, é impossível que uma pessoa viva da maneira certa, se suas idéias são erradas. Não se pode praticar a verdade, quando se acredita num erro. Essa idéia falsa é a crença de que Deus se agrada de uma atitude de autodepreciação, que ela é parte da humildade cristã, e acha-se em oposição a alguns dos ensinos básico da fé cristã. O maior mandamento é que amemos a Deus com todo o nosso ser. O segundo é que amemos ao nosso próximo como a nós mesmos – sendo portanto, uma extensão do primeiro. Não temos aqui dois, mas, sim, três mandamentos: e amar a Deus, amar a nós mesmos e amar aos outros. Coloco o amar a si mesmo em segundo lugar, porque Jesus deixou bem claro que um amor por si próprio, na medida certa, constitui a base para se amar aos outros. Essa expressão amar a si mesmo, para algumas pessoas, tem uma conotação errada. Quer o chamemos de auto-estima ou valor próprio está claro que isso constitui um alicerce sobre o qual vamos construir nosso amor cristão pelos outros. E essa idéia é exatamente o contrário do que muitos cristãos crêem. Embora existem muitos textos das Escrituras que indicam a importância de uma boa imagem própria, o apóstolo Paulo afirmou claramente que ela é a base de um dos relacionamentos mais íntimos da vida – o de marido e mulher, no casamento. “Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja” (Ef. 5:28-29). Numa versão diferente, tem-se uma paráfrase dessa recomendação dizendo: “O marido deve cuidar da esposa com o mesmo carinho com que trata o seu corpo, porque o amor que lhe dedica é uma extensão do amor por si próprio”. E no verso seguinte ele coloca o exemplo divino: “Ora, é o que Cristo sente pelo Seu corpo – a Igreja”. E em seguida Paulo repete a mesma coisa: “O marido ame a esposa, como se ama a si próprio, e que a esposa reverencie o marido”. A experiência confirma essa verdade psicológica de Paulo. Algumas pessoas amam seus cônjuges exatamente como amam a si mesmas, e por isso estão com problemas sérios no casamento. Pois a autodepreciação se manifesta no relacionamento conjugal. Para uma pessoa ser um bom marido ou uma boa esposa é necessário que tenha uma visão correta de seu valor próprio e uma boa auto-apreciação. Essa auto-apreciação também é necessária para se ser um bom vizinho. É muito apropriada a recomendação de Paulo de que não devemos pensar a nosso respeito mais do que convém, mas que pense com moderação. Pensando com moderação não iremos nem subestimar-nos nem superestimar-nos. É Satanás quem nos confunde e nos cega nessas questões, pois nos faz acusações tipo que: “estais muito orgulhoso de si...” Mas a verdade é justamente o contrário. A pessoa que tem uma imagem própria negativa está sempre tentando se mostrar. Ela tem de provar que está certa, em todas as situações, tem que comprovar seu valor. E geralmente fica toda envolvida em si mesma. Sempre voltada para si. Quem tem uma imagem própria muito baixa torna-se muito egocêntrico. Isso não quer dizer necessariamente que seja egoísta. Ele pode até ser um capacho, e isso também é uma das resultantes do problema. Mas é egocêntrico no sentido em que está sempre voltado

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para si mesmo, preocupado consigo mesmo. Pode ser até desses viciados em elogios, que estão sempre buscando a aprovação dos outros, para se sentir mais seguro. Ninguém pode amar aos outros incondicionalmente, quando precisa ficar o tempo todo demonstrando seu valor próprio. Pode parecer que os ama, quando na verdade está apenas utilizando-os para que provem a si mesmo que ele é ótima pessoa. A autonegação não tem nada a ver com a humildade cristã, nem com a santidade. A crucificação do eu e a entrega pessoal a Deus não implicam em depreciação própria. Temos que trabalhar lado a lado com Deus neste processo de reprogramação e renovação. Trata-se de um processo contínuo, e não de uma experiência que se pode ter num momento. Não sei de nenhuma experiência espiritual que possa transformar nossa imagem própria da noite para o dia. Devemos ser transformados “pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2). Como podemos cooperar com o Espírito Santo nesta tarefa? Peça a Deus que lhe dê um toque cada vez que se depreciar a si mesmo. E quando começar a agir assim, terá uma grande surpresa, pois poderá vir a perceber que toda a sua maneira de ser e agir é formada, direta ou indiretamente, de autodepreciações. Vejamos alguns exemplos. Como você reage, quando alguém o elogia? Você diz: “Obrigado”? “Que bom que você gostou”? “Muito agradecido”? Ou se põe a falar depreciativamente a respeito de si mesmo? Se você é dos que estão sempre se diminuindo, nas primeiras vezes, terá muita dificuldade em reprimir-se, pois sua tendência é dizer sempre aquelas coisas. Mas não o diga. Contudo, em minha opinião, a espiritualização da coisa é pior, e creio que deve ser nauseante para Deus. Uma pessoa diz: - Ouvi quando você cantou hoje e gostei muito. Aí então você assume uma atitude superespiritual e responde: - Ora, não fui eu realmente, foi Deus que o fez por mim. É claro que foi Deus. Você vive por ele. Mas não é preciso repetir isso o tempo todo. • Permita que Deus o ame, e deixe que ele o ensine a amar-se a si mesmo, e a amar aos outros. Você deseja ser amado. Quer que Deus lhe dê segurança, que ele o aceite, e é o que ele faz. Mas, devido À programação nociva que recebemos de outras fontes, temos dificuldade em aceitar esse amor. Aliás, é tão difícil, que talvez você prefira continuar a ser como era. Mas eu o desafio neste momento a iniciar esse processo de restauração, para que possa erguer alto sua cabeça, como filho ou filha do próprio Deus. “Louvai a Deus que nos concedeu por Jesus Cristo imensos benefícios espirituais! Vede bem o que fez por nós: escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos, em Cristo, Seus filhos santos e irrepreensíveis, levando uma vida sempre dentro do Seu cuidado. Num plano de amor determinou que fôssemos filhos adotivos por Jesus Cristo”(Ef 1:3-5).

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Auto-Ajuda Você tem facilidade de expressar seus sentimentos? Você tem o hábito de mostrar seu contentamento ou desagrado para com os outros? Você sempre faz o que quer? Você está ligado nas suas sensações? Dê um tempo para refletir e responder a tais questões. Você, provavelmente, pode ter concluído que: • Nem sempre é possível, ou mesmo vantajoso, mostrar seus sentimentos... • Em inúmeras ocasiões, você fez coisas que não queria fazer e as que realmente queriam foram deixadas de lado... • Nesse mundo agitado, não há tempo a perder com sensações, sentimentos, ou seja, não há tempo para se perceber... Raramente nos damos um tempo para refletir sobre nós mesmos. Parece egoísmo pensar em nós quando há tantos problemas ao nosso redor. Desde crianças, fomos condicionados a não expressar nossos sentimentos, a não mostrarmos para os outros, principalmente quando estes agiam de forma que nos desagradava. A nossa educação sempre esteve voltada para os outros, para atender e satisfazer aos outros, para sermos bons com os outros. E com isso o “eu mesmo”, o “mim mesmo”, foi ficando abandonado e cada vez mais para trás. Ainda hoje, as pessoas que tentam agir centradas em si mesmas: são julgadas como egoístas. As frases que mais ouvimos, quando pequenos, eram do tipo: • seja bonzinho. • criança não tem querer. Só obedece. • não maltrate os seus irmãos. • “papai do céu” não gosta de criança malcriada. • não responda aos mais velhos. E como bons meninos e meninas, fomos aprendendo que mostrar sinceramente os nossos sentimentos significava risco, ou seja, o perigo de sermos rejeitados, desprezados, de não contarmos com a aprovação dos nossos pais, a dos outros e, principalmente, de Deus. Assim aprendemos a ser bonzinhos e a nos submetermos à autoridade externa. Fomos nos escondendo dos outros e, o que é pior, de nós mesmos. Deixamos de dar importância às nossas sensações, sentimentos e emoções e as engavetamos em alguma parte do nosso corpo. E para conviver com os outros, fomos criando tipos, distorcendo nossa imagem real e o nosso sentir para obter a consideração dos outros e sermos aceitos pelo ambiente que nos cercava. Sufocamos nossas reais motivações e verdadeiras vocações, destruindo assim o nosso senso de vida e as razões de existir. Será que vale a pena agir sem sentir? Será que vale fazer coisas só para obter a aprovação alheia e com isso bloquear o sentir? Dê-se um tempo para responder essas questões. Na sua vida toda, os outros têm estado a lhe dizer quem você é, o que precisa fazer, o que deve evitar, qual o melhor jeito para obter o que quer, o que vestir, o que comer. Primeiro são os pais, depois a escola, a religião e finalmente o governo. E você, de tanto ouvir, também vive a se dizer o que deve ou não fazer, enchendo-se de culpa, condenação e menosprezo quando faz algo que não traz a aprovação dos outros. Será que os outros estão sempre realmente certos? Mas você pode mudar essa situação se quiser. Como você pode se ajudar para retomar a posse do seu sentir e assumir-se com suas habilidades e limitações? Você está 19

realmente disposto a se conhecer melhor? Pois bem, eu também. O ponto de mudança está no agora. Dê-se uma chance de conhecer mais sobre si mesmo. O processo de auto-ajuda consiste no contato, no tato, na experimentação e na observação daquilo que você sente, para aprender a lidar com as coisas que se passam em você e não nos outros. Ajudar-se é conhecer-se, ou seja; observar a seqüência de sensações que fluem em você. Neste tipo de aprendizado, não adianta ficar somente no campo intelectual, no racional. Intelectualizar é importante para questões práticas da vida diária, mas sentir é imprescindível quando lidamos com questões existenciais do tipo “quem sou eu”, “o que é melhor para mim agora”. Muitas pessoas pensam que conhecer-se é analisar-se, porém a atividade mental de análise consiste em usar o raciocínio enquanto se está fora da situação vivida, seja em relação ao tempo, quando a ação observada está no passado, seja no agora, em que o raciocínio atrapalha a coleta de dados da observação, pois nossa atenção está mais no intelecto do que nas sensações vivenciadas. Viver só nas sensações é retornar à vida animal, como também viver só no intelecto é perder o senso da realidade. O ideal é observarmos o que sentimos enquanto a inteligência trabalha em nós. Observar-se é prestar atenção ao que se sente. O que se sente não é estático. Se observarmos bem, veremos que as sensações são contínuas e ocorrem num fluxo ininterrupto. Então, quando peço que você se observe, na verdade, quero que você observe o fluxo contínuo de suas sensações que ocorrem no aqui e no agora. Só no agora, quando tudo está acontecendo, é que suas observações podem ser realmente mais precisas. Neste primeiro contato com você, a minha sugestão é que você olhe para si, observe-se agora. Assim, o sentir torna-se mais intenso e, portanto, a vida se torna mais viva. Para realizar bem essa observação, é importante que você se desligue de tudo e se ligue só em você. ...(20 segundos)... depois... Conseguiu?! Agora observe que as coisas que gostaria que os outros lhe fizessem, você não faz para si mesmo. É bem provável que você se trate tão mal quanto os outros lhe tratam. Não é fácil aceitar essa verdade, mas procure ser honesto com você. Você acha que os outros não lhe valorizam? E você? Dá valor a si mesmo? Você considera que os outros lhe enganam? E quantas vezes na vida você se enganou, se levou na conversa, fingindo que algo não lhe incomodava? Quantas vezes se encheu de falsas promessas do tipo “Segundafeira eu começo o regime?” Você detesta que os outros sejam autoritários com você? E você? Como faz quando quer impor sua vontade? Percebe que nós somos os primeiros a fazer essas coisas conosco? Eu não duvido se você também não faz isto com os outros, pois costumamos tratá-los como nós nos tratamos. Muitas vezes, para sermos bem tratados, costumamos ser “bonzinhos” e fazemos coisas para os outros que não fazemos nem para nós. Com isto, pensamos que somos melhores do quer realmente somos. Portanto, para se conhecer, é necessário uma boa dose de humildade. É claro que usar a cabeça, o raciocínio ou quaisquer outras operações intelectuais é importante. E vale notar que são produto do nosso fantástico poder de imaginação. A cada sensação que recebemos, associamos um símbolo, que é uma criação fantasiosa, e depois 20

articulamos sensação e criação. Os símbolos são fantasias que representam nossas sensações, possibilitando-nos pensar, falar e nos comunicar de mil maneiras. Mas você não é só cabeça. Não é como dizia o grande filósofo Descartes: “Penso logo existo”. Apesar de ter sido um verdadeiro gênio a quem muito respeitamos, parece que ele estava equivocado. O homem pode viver sem pensar, pois ele pode sentir. Então, quem é você, afinal? Pode ser que você se veja de um jeito que não corresponda mais à realidade, pois continua a pensar que você é como era há alguns anos, sem perceber que ocorreram mudanças. Esquecemos que possuímos reais potencialidades. Elas ficam bem guardadas dentro de nós, prisioneiras de nossa ignorância. Amargamos muita insatisfação, pois o tempo todo nos empurramos para trás e não prestamos atenção em nossa alma. Vivemos como desalmados. Seres apáticos e infelizes. Estamos só com a atenção em circunstâncias que “tem que” ser ou fazer ou acreditar que, em última análise, são os roteiros artificiais para copiarmos os modelos fantasiosos e perfeicionistas que aceitamos que nos fossem impostos. Sendo assim, perdemos um dos maiores poderes que temos: a liberdade de escolha. Porque com o “tem que” isso e aquilo, manipulamos e enganamos a nós e aos outros, para obter que nossa vaidade quer, nos desencorajando a seguir nossa alma na escolha realmente ideal para cada um de nós. Somos livres para escolher, mas criamos uma prisão na cabeça, uma ilusão escravista. Nós nos cegamos e nos acorrentamos às obrigações. Damos ao mundo um dos mais belos presentes que a natureza nos deu: a liberdade de pensar, escolher, agir, buscar e assumir a felicidade que é nossa por direito natural. Obrigação é imposição. E nós só impomos algo quando queremos ir contra a natureza. Quando não acreditamos na inteligência da nossa alma e queremos ser o que não somos na verdade. Lembra-se daquelas coisas que você insistiu em fazer, em se impor e que nunca deram certo? Nós não funcionamos, definitivamente, por imposições absurdas e abusivas. Obrigados, não aprendemos nada. Obrigação não é disciplina nem ordem. Para você conseguir o que quer, não precisa se forçar, basta consultar e ter a aprovação da sua vontade interior. Mesmo assim, você precisará se exercitar, já que certas habilidades só se conquistam pelo treino contínuo e disciplinar. Por exemplo: se você quer aprender a datilografar, precisa de um treinamento durante algum tempo. Ninguém está lhe impondo nada, ao contrário, é uma escolha da sua legítima vontade de aprender, e aí, tudo vai bem. Solidão Em outro aspecto, chamo atenção para uma característica do homem moderno: é a solidão. Ele a descreve com a expressão de “estar por fora” ou, caso seja culto, diz que se sente alienado. Insiste em que é importante ser convidado para esta festa, ou aquele jantar, não porque deseje ir, de modo especial (embora, em geral, vá), nem porque se divirta, busque companheirismo, compartilhe da experiência do calor humano de uma reunião (muitas vezes não se encontra nada disso, entedia-se apenas). Ser convidado é importante como prova de não estar sozinho. A solidão é uma ameaça não violenta e penosa para muitos que não possuem a concepção do isolamento e até se assustam com a possibilidade de ficar sós. Muitos sofrem do “medo da solidão”, observo, e assim absolutamente não se encontram.

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A sensação do vazio e a solidão andam juntas. Quando alguém fala do rompimento de uma relação amorosa raro manifesta tristeza ou humilhação pela conquista perdida; diz que se sente “vazio”. A perda deixa um “imenso vácuo”. As razões do estreito relacionamento entre a solidão e o vazio são fáceis de se encontrar. Quando uma pessoa não sabe, com convicção, o que deseja, e o que sente; quando, numa época de mudanças traumáticas, percebe que as ambições e as metas convencionais que lhe inculcaram não proporcionam segurança e orientação, quando sente o vácuo íntimo e meio à confusão externa e às alterações da sociedade em que vive, então sente-se em perigo e sua reação natural, ou pelo menos algum consolo para não se encontrar sozinha naquele pavor. O vazio e a solidão são, portanto, duas fases da mesma experiência básica da ansiedade. O leitor recordará talvez a ansiedade que se apossou de todos quando explodiu a primeira bomba atômica em Hiroxima. Pressentimos então nosso grave perigo – isto é, que talvez fôssemos a derradeira geração – e ficamos sem saber para onde nos voltar. Naquela época, a reação de muita gente foi, por estranho que pareça, uma súbita e profunda solidão. Quer dizer, toda a história do homem é um esforço para destruir a própria solidão. A sensação de isolamento ocorre quando a pessoa se sente vazia e amedrontada, não apenas porque deseja sentir-se protegida na multidão, como um animal selvagem se resguarda vivendo em bandos. A ânsia pela proximidade dos outros não é também um simples desejo de preencher o vácuo interior, embora esta seja com certeza um faceta da necessidade de companheirismo humano de quem se sente ansioso. O motivo mais fundamental é que o ser humano adquire sua primeira experiência com a estrela de si próprio no relacionamento com seus semelhantes e quando está sozinho, desligado de outras pessoas, teme perder esta experiência. O homem, mamífero biossocial, depende não só dos demais seres humanos, como sua mãe e seu pai, para sua segurança ao longo da infância, como adquire autoconsciência, base da sua capacidade para orientar-se na vida, graças a esses primeiros relacionamentos. A questão é relação para direção de orientação. Contudo, outra razão importante emerge do fato de que nossa sociedade dá muito valor à aceitação social. Esta é a nossa melhor maneira de afastar a ansiedade e principal símbolo de prestígio. Precisamos estar sempre provando que somos um “êxito social” pelo fato de nos procurarmos e nunca andarmos sós. Se a pessoa é estimada, isto é, socialmente aceita, acredita-se que raramente esteja só. Não ser estimada é um fracasso. Nos tempos do homem-giroscópio, o principal critério de prestígio era o sucesso. Hoje, acredita-se que, se houver estima na pessoa, o sucesso nos negócios e o prestígio virão em seguida. A estima faz com que não se passe necessidade. É aceitável querer ficar só temporariamente, para desligar-se de tudo. Mas se alguém mencionar, numa reunião, que gosta de estar sozinho, não para descansar, mas por preferência pessoal, os outros pensarão que há qualquer coisa de errado, que uma aura de doença ou isolamento paira ao redor daquela pessoa. E se alguém se mantém muito isolado, os outros tem a tendência de achar que fracassou, pois para eles é inconcebível que uma pessoa fique sozinha por livre escolha. Este medo da solidão espreita por detrás da grande necessidade de receber convites, ou de ver os seus aceitos. A pressão para manter-se socialmente ativo vai muito além dos motivos realistas, como o prazer da companhia alheia, o enriquecimento das idéias, sentimentos e experiências, ou a simples satisfação do descanso. Na verdade, tais motivos têm pouco haver com a idéia compulsiva de ser convidado. As pessoas mais esclarecidas o percebem muito bem e gostariam de dizer “não”, mas desejam muito a oportunidade de ir; 22

e recusar convites na costumeira roda da vida social significa, mais cedo ou mais tarde, deixar de ser convidado. O temor que emerge das camadas subterrâneas é ser inteiramente afastado, deixado de lado. Tracemos um quadro impressionista, um tanto exagerado, mas ainda assim freqüente, do temor da solidão manifesto nas atividades sociais de um local de veraneio. Consideremos uma colônia típica, de classe média abastada, onde pessoas em férias não dispõem do trabalho como manter fuga ou apoio. É de importância crucial, portanto, manter a contínua roda de coquetéis, embora encontrem diariamente as mesmas pessoas, tomem as mesmas bebidas e conversem sobre os mesmos assuntos ou a falta deles. Importante não é o que se diz, e sim que haja sempre alguém falando. O silencia é um grande crime, pois significa solidão e medo. Não se deve aprofundar as sensações, nem levar muito a sério o que se diz. Aparentemente as palavras produzem mais efeito se a pessoa não tenta compreendê-las. Tem-se a estranha impressão de que todos temem alguma coisa – mas o quê? É como se aquela agitação fosse uma cerimônia tribal primitiva, uma dança de feiticeiros destinada a aplacar uma divindade: é o espectro da solidão que vagueia lá fora, como a neblina vinda do mar. Será necessário enfrentar aquele espectro na primeira meia hora após o despertar, pela manhã, mas no momento deve-se fazer todo o possível para mantê-lo à distância. Em sentido figurado, é o fantasma da morte que tentam se aplacar – a morte como símbolo da derradeira separação, do isolamento dos outros seres humanos. Admitimos que o quadro acima é exagerado. Na experiência diária da maioria das pessoas o temor de estar só não se apresente com freqüência de forma muito intensa. Em geral possuímos métodos de “afastar a idéia de solidão” e nossa ansiedade talvez só se manifeste em pesadelos ocasionais, que procuramos esquecer o mais depressa possível, pela manhã. Mas essas diferenças de intensidade do temor à solidão e o relativo sucesso de nossas defesas não alteram a questão. O medo do isolamento pode não se manifestar propriamente pela ansiedade e sim por meio de sutis pensamentos que nos recordam, ao descobrir que não fomos convidados para a festa de fulano, que outros gostam de nós, mesmo que o fulano em questão não goste, ou nos dizem que tivemos êxito em tal ou qual ocasião passada. Muitas vezes esse processo tranqüilizador é tão automático que não o percebemos, mas sentimos o resultante conforto para nosso amor-próprio. Se nós, cidadãos de meados do século XXI, nos examinássemos com sinceridade, isto é, olhássemos o avesso de nossos costumeiros fingimentos, não encontraríamos o temor do isolamento como nosso companheiro constante, apesar de seus numerosos disfarces? O medo de estar só deriva, em grande parte, da amizade de perder a consciência de si mesmo. Quem contempla a idéia de ficar só por um longo período de tempo, sem ninguém com quem conversar, sem rádio para projetar ruídos no ar, em geral tem sentir-se “perdido”, despojado dos limites de si mesmo, sem nada contra o que colidir, nada para orientá-lo. É interessante ouvi-lo afirmar que se permanecer sozinho muito tempo não conseguirá trabalhar-se ou divertir-se, e assim não ficará cansado, nem poderá dormir. E depois, embora em geral não consiga explicá-lo, acha que perderá a noção entre despertar e sono, e não conseguirá distinguir entre a estrela do subjetivo e o mundo objetivo que o rodeia. Todo o ser humano adquire grande parte do senso de sua própria realidade pelo que os outros dizem e pensam a seu respeito. Mas quem foi longe demais nessa dependência alheia acabou temendo que se ela faltasse perderia o senso de sua própria existência, ficaria “disperso”, como água escorrendo na areia. Muita gente vive assim, tateando como cego, tocando uma sucessão de pessoas. 23

Em sua forma extremada, esse temor de se desorientar é o medo da psicose. Quem se encontra à beira de psicose experimenta muitas vezes uma urgente necessidade de procurar contato com outros seres humanos. É uma reação sadia, pois esse relacionamento constitui uma ponte para a realidade. Mas o ponto que aqui discutimos tem origem diferente. O homem ocidental, habituado há quatro séculos a enfatizar a racionalidade, a uniformidade e a mecânica, vem tentando consistentemente, com pouco êxito, recalcar seus aspectos que não se coadunam com esses padrões uniformes e mecânicos. Será exagerado dizer que o homem moderno, sentindo seu vazio, teme que se não tiver seus associados costumeiro à volta, se esquecer que horas são, perderá o talismã, ou como eu chamei, o diagrama, o anel (como se verá adiante), do programa diário, da rotina de trabalho e sentirá, embora de maneira confusa, uma ameaça como as que se sente à beira da psicose? Quando os métodos habituais de orientação estão ameaçados e a pessoa não encontra outros seres ao redor acaba abandonada aos próprios recursos e força interior, cujo desenvolvimento o homem moderno tem negligenciado. A ameaça de solidão é, portanto real e não imaginária, para a maioria. A aceitação social, o “ser estimado” tem tanta importância porque mantém à distância esta sensação de isolamento. Quando a pessoa está cercada de cordialidade, imersa no grupo, é reabsorvida, como se voltasse ao ventre materna, em simbologia analítica. Temporariamente esquece a solidão, embora o preço da renúncia à sua existência como personalidade independente. Perde assim a única coisa que a ajudaria positivamente a vencer a solidão a longo prazo, isto é, o desenvolvimento de seus recursos interiores, da força e do senso de direção, para usá-los como base de um relacionamento significativo com os outros seres humanos. Os homens “empalhados” acabam por tornar-se ainda mais solitários, por mais que se apóiem nos outros, pois gente vazia não possui a base necessária para aprender a amar. Relacionamento no Momento Presente A coisa mais necessária de um relacionamento construtivo com o tempo é aprender a viver a realidade do momento presente. Pois, falando do ponto de vista psicológico, o presente é a única coisa de que dispomos. O passado e o futuro só têm significado por fazerem parte do presente: um acontecimento passado existe agora porque alguém está pensando nele no momento, ou está sendo por ele influenciado, de maneira que, como um ser vivo, a pessoa torna-se até certo ponto diferente. O futuro tem realidade porque se pode evocá-lo no presente. Procurar viver no “quando”, ou “naquele tempo” passado, resulta sempre numa certa artificialidade, numa separação entre a pessoa e a realidade; pois de fato existe-se no presente. O passado tem significado quando o ilumina, e o futuro quando o torna mais rico e mais profundo. Se alguém olhar diretamente para seu íntimo só perceberá aquele instante de consciência naquele determinado momento presente. E a esse instante, que é o mais real, não se deve fugir. Não é tão fácil como parece viver no presente imediato, pois isso exige um alto grau de consciência de si mesmo, como um “eu” que sente. Quanto menos consciente de si mesmo como a pessoa que age, isto é, quanto mais cerceada e automática, tanto menos consciente estará do presente imediato. Uma pessoa que procurava evitar o tédio num inexpressivo trabalho de rotina descreveu-o assim: “Trabalho como se fosse outra pessoa, e não eu mesma”. Em tais situações sentimo-nos como a milhares de quilômetros de 24

distância, agindo como “em sonho”, meio adormecidos, ou como se houvesse um obstáculo entre nós e o momento presente. Sem solução. Mas, quanto mais percepção se tenha, isto é, quanto mais a pessoa se sinta como agente, dirigente do que está fazendo – tanto mais viva será e melhor reagirá ao momento presente. Como a própria autopercepção, este sentir a realidade do presente pode ser cultivado. E as vezes útil indagar a si mesmo: Que sinto neste momento? Ou então: Onde estou – que é mais significativo para mim, do ponto de vista emocional – neste momento exato? Enfrentar a realidade presente provoca às vezes ansiedade. No plano mais fundamental, esta ansiedade é uma espécie de vaga sensação de estar “nu”, ou de encontrar-se diante de uma realidade da qual não se pode fugir, recuar, ou esconder-se. Tal como alguém se sentiria ao achar de súbito diante da pessoa amada e admirada, confrontada com um intenso relacionamento ao qual deve reagir, agindo de alguma maneira. E uma intensidade de experiência, esta imediata e direta confrontação com a realidade do momento similar à atividade criativa e acarretando o mesmo despojamento e ansiedade, assim como a mesma alegria. A felicidade é o caminho para o agora. Ouve-se dizer que a vida começa daqui à pouco, quando mais um obstáculo é desobstaculizado e indefinidamente, assim por diante. Não é o certo, mas ainda, ver-se diante das demais obstaculidades não é mais do que o desenvolvimento pessoal. A vida tem um único caminho. A vida, cristo ou até mesmo o desenvolver-se do dia-a-dia, senão este, o mais importante de todos (?). É isso mesmo, essa representação: (?). Claro que indefinidamente dali por diante, mas o impasse não há se não tiver criado, o problema, conclui-se, não é este, mas aquele. O objetivo é imenso quanto indefinível, conseqüente e feito por você. A felicidade é não só terrena, mas temporária, ou melhor, “temporânea”. Assim. Você se mede e quando se calcula tem o resultado: Você, disposto a enfrentar os ditames, liames, obstáculos mesmo, e mais, o caminho (?) da vida – é quando consegues. Temos o costume de dicotomizar, mas teríamos uma infinitude de bifurcações que nos levariam ao agora, o tempo em que este poder não mais é do que (?), o que corresponde dizer que você deve progredir, aqui e depois, para que depois se torne o que antes foi previsto e já não o agora, mais o que antes o era. Nossa! É isso. Na ocorrência de um evento que traga para a mente emocional, por um mínimo detalhe, fortes sensações do passado, a reação que se desencadeia é idêntica àquela vivida originariamente. As emoções reagem ao presente como reagiu no passado. Isto é problemático, especialmente quando essa avaliação é rápida e automática, porque às vezes não percebemos que o que valeu antes agora não vale mais. Uma pessoa adulta que, durante a infância, sofreu castigos dolorosos e por isso aprendeu a sentir muito medo e antipatia diante de uma cara raivosa, terá sensações similares ao ver uma cara raiovosa que, efetivamente não constitua ameaça. Se as sensações são fortes, então a reação que desencadeiam são óbvias. Mas se vagas ou sutis, é possível que não percebamos exatamente que emoção estamos tendo, ainda que ela esteja exercendo uma influência na forma como reagimos no momento. Os pensamentos e as reações do passado, mesmo que possa parecer que a nossa reação é devida unicamente às condições do momento presente. Nossas emoções, em seu conjunto, aparelhará seu lado emocional para seus fins, e então, justificaremos nossos sentimentos e 25

reações – racionalizamos – diante do que está acontecendo, sem que nos demos conta, das influencias da memória emocional. Dessa forma, não temos a menor idéia do que está realmente ocorrendo, embora acreditemos piamente que sabemos. Nesses momentos a mente emocional arrebata qualquer tipo de racionalidade, colocando-a seu serviço. 5. CORAGEM a) Virtude Em qualquer época, a coragem é a virtude necessária ao ser humano para atravessar a estrada acidentada que leva da infância à maturidade. Mas, numa época de ansiedade, da moral para as massas e isolamento pessoal, a coragem é sine qua non (condição sem a qual não...). Nos períodos em que os costumes eram guias mais consistentes, o indivíduo ficava mais protegido em suas crises de evolução; mas nos tempos de transição como o nosso ele fica por conta própria mais cedo e por um período mais prolongado. Pode parecer estranho dedicar um capítulo para a coragem, uma vez que nossa tendência nas últimas décadas foi, em geral, relegá-la à prateleira das virtudes fora de moda, ou no máximo admitir que é necessária para adolescentes nos esportes, ou os soldados na guerra. Mas só pudemos, dispensar a coragem porque simplificamos excessivamente a vida: suprimimos a percepção da morte, dissemos a nós mesmos que a felicidade e a liberdade viriam automaticamente e concordamos que a solidão, a ansiedade neurótica e o medo eram sempre neuróticos e podiam ser vencidos com um melhor ajuste. É verdade que a ansiedade normal que acomete qualquer pessoa em evolução, se faz essencial na confrontação e não na fuga. Coragem é a virtude básica para todos os que continuam a crescer, a progredir. b) Autenticidade Coragem é a aptidão para enfrentar a ansiedade que surge na conquista da liberdade. É a inclinação para diferenciar, sair do reino protetor da independência paterna para novos planos de liberdade e integração. A necessidade de ser corajoso surge não só nesses estágios em que o rompimento com a proteção paterna é mais óbvio – tais como o nascimento da autoconsciência, a ida para a escola, a adolescência, as crises do amor, o casamento, e finalmente a morte – como também a cada passo, quando a pessoa se afasta do ambiente familiar para fronteiras desconhecidas. Coragem nada mais é do que uma resposta afirmativa aos choques da existência, que precisam suportar para atualizar a nossa própria natureza. O seu oposto não é a covardia e sim a ausência de coragem. Dizer que alguém é covarde significa o mesmo que afirmar que ela é preguiçosa. Revela simplesmente que uma potencialidade vital não foi realizada, ou está bloqueada. O oposto de coragem, quando se procura compreender o problema em termos de nossa época, é a conformação automática. A coragem para ser autêntica dificilmente seria considerada a maior virtude dos nossos tempos. Um dos problemas é que muita gente ainda associa esta espécie de valor com as atitudes pedantes dos homens mágicos do anel do século XX, por assim dizer, ou com o ridículo, porém sincero tema de ser “Senhor do Seu destino”. O especial valor que 26

muita gente dá hoje em dia ao firmar-se nas próprias convicções fica bem claro na expressão “fazer pé firme”. A principal sugestão desta posição vulnerável é que qualquer um poderia dar uma rasteira nesse pé. A pessoa não poderá ficar vegetando nesta posição, tal um hindu sentado numa árvore, exposto ao ridículo da população, que não dá valor a essa espécie de proeza, até que o galho se quebre. A expressão acentua que o que mais se teme é destacar-se do grupo, sobressair-se, não ajustar-se. As pessoas temem ficar isoladas, sozinhas, sujeitas ao ostracismo social, isto é, ser ridicularizadas ou rejeitadas. Quando alguém mergulha na multidão não corre tais riscos. E isso, lembro, que a expressão de “ser cortado” socialmente é mais exata do que se pensa. Não se trata de um segmento de imaginação neurótica: as pessoas têm um medo mortal de agir segundo as próprias convicções, ao risco de ser rejeitadas pelo grupo. O que nos falta atualmente é a compreensão da coragem amigável, cordial, pessoal, original e construtiva de um grande pensador. Precisamos recuperar a compreensão dos aspectos positivos dessa virtude – considerado o lado interior do crescimento – como a maneira construtiva daquele “tornar-se autêntico” que antecede a capacidade para dar-se. Assim, quando damos ênfase a afirmar nas próprias convicções, não sugerimos absolutamente viver num vácuo separatista; na verdade, a coragem é a base de qualquer relacionamento criativo. Tomando um exemplo ao aspecto sexual do amor, verificamos que muitos dos problemas de importância são devidos ao medo à mulher, que é o temor da própria mãe, foco da ansiedade, que pode ser simbolicamente expressado pelo medo de que o pênis seja absorvido durante a relação sexual, medo à dominação da mulher, ou de se tornar dela dependente, etc. é preciso coragem não só para afirmar-se como para dar-se. Desde os tempos de retiros, admito que há valor na criação. Eu, que conhecia esta verdade por experiência própria, descrevi: “A qualidade que merece, acima de todas, a maior arte da glória na arte – e nesta palavra incluímos todas as criações da mente – é a coragem; coragem de um tipo que as mentes vulgares não concebem, e que talvez seja pela primeira vez aqui descrita... Planejar, sonhar e imaginar belas obras é com certeza uma agradável ocupação... Mas produzir, trazer à luz, passar pelo trabalho de parto, alimentar a criança, tomá-la nos braços todas as manhãs com inesgotável amor, acariciá-la, vesti-la cem vezes com belas roupagens, que ela rasga repetidamente; jamais desanimar diante das convulsões dessa vida louca e dela fazer uma obra-prima viva, que fale a todos os olhos, na escultura, ou a todas as mentes na literatura, a todas as memórias na pintura, a todos os corações na música – esta é a tarefa da execução. A mão precisa estar pronta a todo instante para obedecer à mente. E os momentos criativos não vêm de encomenda... O trabalho é uma luta cansativa, ao mesmo tempo temida e amada pelas naturezas fortes e refinadas, que muitas vezes se quebram sob a tensão... Se o artista não se lança irrefletidamente ao trabalho como um soldado à brecha, e se naquela trincheira não cavar como um mineiro mergulhado sob uma barreira de rochedos... a obra jamais será completada; perecerá no estúdio, onde a produção se torna impossível, e o 27

artista contemplará o suicídio do próprio talento... E é por esta razão que a mesma recompensa, os louros e a glória são concedidos aos grandes poetas, como aos grandes generais”. c) Liberdade É libertar-se dos elos do passado infantil, romper a velha ordem para que nasça a nova ordem. Pois criar, tanto na arte como nos negócios, e criar-se a si mesmo – isto é, desenvolver as próprias aptidões, tornar-se mais livre e responsável – são dois aspectos do mesmo processo. Todo ato de genuína criatividade marca a chegada a um plano mais elevado da consciência e liberdade pessoal e, conforme verificamos nos mitos, podem acarretar considerável conflito. Um pintor de paisagens, cujo principal problema era libertar-se da mãe possessiva, durante anos quis pintar retratos, mas nunca ousou. Finalmente, reunindo toda sua coragem, deu o “mergulho” – pintou vários retratos em poucos dias. Aconteceu que eram excelentes, mas, estranho, o artista não só experimentou considerável alegria, como também uma forte ansiedade. Na noite do terceiro dia sonhou que sua mãe lhe dissera que deveria suicidar-se e que ele estava visitando todos os amigos para se despedir, presa de uma terrível sensação de isolamento. O sonho queria dizer o seguinte: para criar você terá que deixar o que lhe é familiar e se sentirá solitário e morrerá; é melhor ficar com o que já é conhecido. É altamente significativo, ao verificarmos a natureza desta forte ameaça inconsciente, que durante um mês não conseguisse pintar retratos. Só o fez quando finalmente dominou a crise de ansiedade que surgira no sonho. Não falamos de heróis. Na verdade, o heroísmo óbvio, como a impetuosidade, é muitas vezes produto de algo muito diferente da coragem: na última guerra, os grandes pilotos de aviões que pareciam mais corajosos, assumindo riscos incríveis, eram às vezes incapazes de dominar a ansiedade e, precisando compensá-lo, arriscavam-se em ações impetuosas. A coragem precisa ser considerada como um estado interior, senão as ações externas serão muito enganadoras. Galileu transigiu exteriormente com a Inquisição, concordando em revisar sua idéia de que a terra girava ao redor do sol. Mas o que é significativo é que permaneceu interiormente livre como ficou demonstrado em seu aparte segundo o qual: “Contudo, ela se move ao redor do sol”. Galileu conseguiu assim continuar a trabalhar e ninguém capaz de dizer, julgando de fora, quais as decisões que constituem uma renúncia e as que se destinam à preservação da liberdade. Podemos imaginar que a tentação para fugir à liberdade tenha estado presente no íntimo do sábio: “Recuse-se a concordar – morra como mártir e pense no alívio que é não precisar fazer novas descobertas científicas”. Pois é preciso mais coragem ainda para conservar a liberdade íntima e perseguir na jornada interior em direção a novas conquistas, do que desafiar a liberdade exterior. É às vezes mais fácil fazer papel de mártir, do que ser impetuoso na luta. Por mais estranho que pareça, uma evolução firme, paciente, e em direção à liberdade é provavelmente mais difícil de todas as tarefas e a que exige o maior valor. Assim, se o termo “herói” é usado nesta exposição, não se refere a atos especiais de pessoas potencialmente em todo homem.

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d) Moral Toda coragem não será fundamentalmente moral? O que em geral se chama coragem física, significando a capacidade de sofrer dores físicas, pode ser uma simples diferença de sensitividade. O fato de crianças ou adolescentes terem ou não coragem para lutar depende somente em pequena parcela da dor que isto acarreta. Depende muito mais de a criança arriscar-se à desaprovação paterna, ou suportar o isolamento que advém de ter inimigos, ou do papel que inconscientemente assumiu para garantir sua segurança: ficar firme na sua posição, ou procurar ser simpático, tornando-se submisso e “fazendo-se de fraco“. As pessoas que conseguiram lutar com ânimo e sem conflito interior revelam em geral que a dor física é vencida pela excitação da luta. E não será a chamada coragem física para arriscar a vida na verdade uma coragem moral: entregar-se a um valor mais alto que sua própria existência, ou seja, a força de renunciar à própria vida, se necessário? Normalmente uma criança pode dar os passos que diferenciam de seus pais, que a tornam ela mesma, sem insuportável ansiedade. Assim como aprende a subir uma escada, apesar da dor, do esforço e da frustração de cair tantas vezes. E quando eventualmente consegue, ri de alegria, de modo que normalmente vai conquistando passo a passo sua independência psicológica. Cônscia do amor dos pais e de sua segurança proporcional ao seu grau de maturidade e é capaz de suportar as crises ocasionais com os pais, e outras como ir para a escola, sem que sua coragem para evoluir seja cerceada. Não é preciso que fique sozinha em grau mais amplo do que está preparada a fazê-lo. Mas se os pais precisam, pode-se ter a força a assumir determinado papel, o “sob pressão”, dominá-la ou superprotegê-la por causa de sua própria ansiedade, tornando a tarefa da criança mais dura e complicada. Pois quem tem dúvidas íntimas, às vezes inconscientes a respeito da própria força tende a exigir que os filhos sejam particularmente corajosos, independentes e agressivos; talvez comprem luvas de boxe, encaminhem desde cedo as crianças para grupos competitivos e insistam de outras maneiras em que sejam “homens” porque intimamente temem não o ser. Em geral, os pais que empurram os filhos, assim como os que superprotegem, demonstram, por meio de ações que falam mais alto que as palavras, não ter confiança neles. Mas, assim como criança alguma será corajosa se for superprotegida, também não o será se for empurrada. Pode tornar-se obstinada, ou adquirir tendências agressivas. Mas a coragem surge somente como manifestação de confiança, em geral não manifesta, em suas próprias aptidões e qualidades inatas como ser humano. Esta confiança baseia-se no amor dos pais por ela e em sua fé nas próprias potencialidades. O que precisa não é superproteção, nem excesso de incentivo e sim ajuda para desenvolver e utilizar suas forças e, acima de tudo, sentir que os pais a consideram uma pessoa independente, com seus próprios direitos, e a amam por sua capacidade e valor pessoal. Só raramente, é claro, os pais exigem que um filho assuma papel do sexo oposto. Com mais freqüência, fazem questão que corresponda às amenidades do grupo social em que vivem, tire boas notas na escola, entre em grêmios universitários, seja “normal” em todos os sentidos, de modo a nunca despertar comentários negativos, arranje uma companheira, e suceda o pais nos negócios. E quando o filho ou filha se conformam com tais exigências, mesmo que nelas não acreditem, em geral racionalizam suas ações, dizendo que precisam conservar o apoio paterno, financeiro ou outro. Mas, em plano mais profundo, existe, em geral, um outro motivo mais relevante para o problema da coragem. Viver

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segundo as expectativas dos pais é a maneira de obter admiração e elogios e continuar “a pupila dos olhos paternos”. Assim, vaidade e narcisismo são inimigos da coragem. 6. LIÇÕES - O que devo então fazer? - Deve obedecer ao Espírito. 1. A voz de Deus faz você ter consideração pelos outros. Ainda, o faz que se sinta humilde e indigno de Ele falar com você e usar você. Em contrapartida, nos deparamos também, não ao mesmo tempo, com uma inocente retórica do reino da idiossincrasia moral-religiosa que oculta sua real intenção. “Eis aqui alguém cujo professor está ao seu lado e pouco mais que uma palavra de orientação de tempos é necessária para que ele permaneça no caminho certo. Este é o ideal da vida cheia do Espírito, nde o contato entre nós e Ele é tão íntimo que só um susurro basta para nos mover em seu caminho” (Gl 5:16-25). Então, para nós, resta um único meio-caminho estreito de “se virar” defronte às nossas idéias, ou como relata essa primeira etapa, seguir nossa “voz” ao caminho do bem. Não espere hints sobre os detalhes de um pensamento-guia, mas uma releitura sobre esse caminho que é Deus e sobre o que ele alia de mais seguro para todos nós. Então a questão da racionalidade, a de seguir à algo (obedecer), à preocupação com a verdade, preocupação com a metodologia de raciocínio correta, é o porquê de uma pessoa aderir aos desígnios de “Deus”, o que não garante – acreditem – que esta pessoa é necessariamente normal ou cristã, ou ainda, temente a Deus. 2. A voz de Deus é baixa, gentil, dá força e coragem e jamais impressiona com o que seja contrário ao ensinamento bíblico. “Para demonstrar que não há necessidade de uma muleta religiosa, precisamos primeiramente nos empenhar em demonstrar o papel crucial e significante da razão na vida da pessoa – filosoficamente, psicologicamente, praticamente e todo o resto. Acima de tudo, há uma mensagem que devemos comunicar: ninguém tem nada a perder e tudo a ganhar com a busca honesta pela verdade. O desejo pelo conhecimento, pelos fatos isentados de preconceitos emocionais, e assim por adiante, sempre funcionará em benefício do indivíduo em longo prazo. Nunca poderá ser contra seu interesse saber o que é a verdade”. – George H. Smith em Ateísmo: O Caso contra Deus. Resta tão óbvio quanto necessário seguir a Deus. Por causa disso? Por que não?! Mas tanto quanto for necessário fugir desse ensinamento bíblico, por mais que seja uma forma teimosa de se viver, ainda devemos buscar a verdade pelo que é e não tentar impressionar a Deus, como seria esta idéia de – ficar ouvindo a voz de Deus. A questão primordial é você enumerar os meios que Ele fala com você e jamais adotar um, claro que

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este Um é o essencial, mas procurar atender todos, como se fossem fontes-canais para o O, essencial. 3. Permaneça à disposição de Deus, para louvá-lo, sempre que necessário. Pois este já é um exercício de liberdade. Acredite. Deus, à bem da verdade, pode guiar você, a fim de que você esteja no lugar certo e na hora certa para desempenhar um papel importante. Ele pode usá-lo repentinamente, de modo a obter um resultado dramático. Não espere por isso com freqüência (aqui está o segredo), mas quando você vive sob orientação a cada dia, Deus talvez o alerte para determinadas necessidades urgentes e especiais. Louvar, por sua vez, o aproxima dEle e o torna mais consciente, fazendo com que você o ajude e torne-se mais submisso e dependente dEle. Ele coloca mais esperança e fé para o trabalho, ajudando-o a relaxar e permitir que você o espere. Assim, quando você não está ouvindo a voz de Deus, o que é muito freqüente, procure não entrar na esfera de liberdade do outro, não que você não deva conversar, dialogar, mas não esquecer de abrir mão do que você sabe que é capaz de fazer com teu espírito. Não o ouvindo, louve-o, leia sobre ele, espere em seu ombro, como faria Cazuza, no ombro de seu Pai e no peito de seu traidor. (Lição 1.) Lembre que nossa consciência não fala muito. Nosso espírito é calado e Deus agora, fala por nós. 4. (Complementar à lição 3.) O espírito pode restringir você temporariamente, para que aguarde o tempo de Deus, a pessoa de Deus, ou a situação inteiramente preparada por Deus, fazendo-o para seu treinamento, impedindo-o você permanentemente pois que a atitude que você quer tomar não seja a vontade de Deus para você agora ou nunca. Nova orientação será dada a você, à medida que as situações se desenvolvem e Deus introduz novas pessoas em sua vida. Deus ensina a você os segredos da vida guiada tanto pelas Suas sugestões como pelas suas restrições. Ops, mas não era isso que você procurava? Além do que, a restrição do espírito pode fazer parte do Seu treinamento espiritual, tornando-o mais sensível à Sua voz. Para Deepak Chopra, referimos à lei espiritual do distanciamento (a sexta lei espiritual do sucesso), que diz que “para conseguirmos qualquer coisa da natureza, é preciso desistir do apego a ela. Isso não significa desistir da intenção de criar um desejo. Ou seja, você não desiste da intenção e não desiste do desejo. Abandona, apenas, o apego aos resultados”. E completa: “O apego vem da pobreza de consciência, porque o apego é sempre por símbolos. Distanciamento é sinônimo de consciência rica, porque ele oferece a liberdade para criar. O envolvimento com distanciamento cria alegria e felicidade”. Lembre que espaço vazio é tabu, e nossa intenção é distanciarmos dele também, conforme nossa atividade, vida ativa, trabalho e compromisso. Comece qualquer preparativo que possa precisar, assim, se os desejos, habilidades ou experiências sugerirem qualquer vocação em especial, verifique qual treinamento adicional que pode obter desde já. Depois arregace as mangas e vá à luta. Lembre ainda que Deus pode restringi-lo pelo simples fato de mantê-lo fora de qualquer perigo.

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5. Busque a Deus como a um paradigma. Uma vez me disseram que, na verdade, eu não amava o Direito, que é o curso que me formei, mas a uma ilusão. Bem, era verdade. Então eu estava mais do que perdido, pois o problema, como uma bola de neve, terminava com manifestações psicológicas. “O soberbo é alguém que procura se mostrar superior aos outros. É aquele que é arrogante, altivo, orgulhoso, etc. A Palavra de Deus diz que a soberba precede a ruína (Pv 16.18)”. Eu só precisava mudar. A inversão é o mais interessante mecanismo, pois você nada muda, não precisa de tanto esforço. Era inverter a moeda. Sabendo disso, já fiquei mais tranqüilo, pois a solução estava mais próxima de mim do que eu especulava. Eu sim rejeitava um relacionamento com o criador. Analisei. Podia ser a vontade que eu tinha de não crescer. Também. 1ª Conclusão: Não temos idéia do nosso verdadeiro potencial. A verdade é que nós podemos fazer muito mais do que acreditamos poder. Embora conheçamos boa parte do nosso verdadeiro potencial, só Deus o conhece por completo e só quando caminhamos ao Seu lado podemos descobrir isso. 2ª Conclusão: Eu me recusava a crescer. (Síndrome de Peter Pan). Há uma visão distorcida do que é normal para a idade e não se consegue cogitar a hipótese de assumir as obrigações da vida adulta. Os resultados de um caractere assim é a irresponsabilidade, imaturidade e egoísmo. 3ª Conclusão: Talvez tudo dependa de mim e no que eu realmente acredito ser verdade em meu coração. Eu poderia estar diante de Deus um dia e dizer: "mas eu nunca soube que você existia!". E Ele poderia responder: "Sim, você soube. Eu tive certeza que você sabia. No fundo do seu coração, você sabia da minha existência. Eu sei disso porque fui eu quem colocou esse conhecimento em você. Mas como você não queria me conhecer, se recusou a admitir que eu existo. Você ignorou a informação que eu te dei, mas isso não quer dizer que ela não estivesse lá". É mais que provável que somos responsáveis pelo que sabemos. A questão é: o que realmente sabemos? Quanto conhecimento Deus colocou em nossos corações? Seja como for, seremos chamados para responder por isso. E é possível que saibamos coisas que particularmente não queremos admitir. A Bíblia diz, especificamente em Jeremias (17:9) que o coração do homem é enganoso sobre todas as coisas. Sua pergunta parece ser: "E se eu ficasse sempre em cima do muro e nunca tomasse uma decisão?" Estaria tudo bem se você realmente não tivesse informações para prosseguir em busca de certezas. Mas a Bíblia diz que a existência de Deus é evidenciada pela complexidade do mundo que nos rodeia, e que nós somos responsáveis por saber que Ele existe. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis. (Romanos 1:20) E se eu fosse mais além? Muitas pessoas disseram que sentiram Deus "batendo" em seus corações, como se tentasse ganhar acesso. Se isso é verdade para uma pessoa (e Deus saberia), então permanecer sem se decidir seria o mesmo que rejeitá-lo. Quando Ele pede para entrar em nossos corações e em nossas vidas, não há meio termo. Além disso, ainda há a pessoa de Jesus Cristo. Esse homem afirmou ser Deus, fez milagres para provar quem 32

realmente era, morreu por nossos pecados, venceu a morte, ressuscitou e deixou para nós o relato de Sua vida, a fim de que pudéssemos ler coisas escritas sobre Ele. Essa mesma pessoa disse: "Aquele que não está comigo é contra mim" (Lucas 11:23). Com Jesus, você não pode ficar em cima do muro. Ele não nos deu essa opção. Outra coisa para considerarmos: a única razão para esta vida pode ser justamente tomar uma decisão, a favor ou contra Deus. Se este é o caso, talvez seja impossível para nós não tomar uma decisão. Em outras palavras, se não dissermos "sim" para Deus, já teremos automaticamente dito "não". 6. “A cada um será dado conforme suas obras”. – Jesus Cristo. Deus pode até confirmar um propósito através de pessoas ao seu redor, mas Ele não vai dirigir você através dos outros: Deus quer ter um contato pessoal e intransferível com cada um dos seus filhos, através do Espírito Santo que habita dentro de cada um. Se você tem usado estas “muletas” espirituais da dependência dos outros, pare agora mesmo e assuma uma posição de buscar diretamente do Pai o que necessita. Como? Através da Sua Palavra lida, ouvida, meditada, orada, mas com o coração inteiro, não só por costume religioso. O bom de tudo isso é que ainda não é tarde: observe onde caiu, veja o que te esfriou em você, retire as “muletas” espirituais, arrependa-se, mude e volte correndo ao amor do Pai, fazendo do seu relacionamento com Deus uma alegria e não mais aquele procedimento apenas para “cumprir tabela”. Pois creio que o Espírito Santo já falou ao seu coração. Agora é hora de colocar ao Senhor todos os pontos que não vão bem, reler as lições e arrepender-se e mudar de atitude, pensamento e sentimento. Tenho certeza que após uma breve meditação nos aspectos acima comentados a sua oração já não será mais “a de sempre”. Deus não busca os perfeitos, mas os sinceros. O Senhor se agrada quando O queremos de todo o coração e, certamente, Ele tem coisas muito importantes e maravilhosas para todos os que O buscam com sinceridade. 7. NÓS TODOS Parece-nos que todos precisamos de ajuda. Claro que se um ajuda o outro, tudo fica mais fácil. Resulta-se em nós, os mesmos. Quer dizer, há uma só identidade para todos? Sim. Aliás, é exatamente isso que eu pretendo concluir nesse capítulo. Quando damos um passo para cima, não necessariamente subimos um degrau, mas se o for, melhor. Assim, espera-se, como na lição número cinco, do capítulo 4., nós devemos tê-la da esperança o seu próprio esperar, como uma reação em cadeia, que antecede às gerações anteriores. Acreditai-vos ser tudo isso dentro de um padrão correto e de normalidade, por mais que transpareça justamente o contrário. Muito inteligente à contribuição da ignorância, o viés do conhecimento de alguns, por ora que ajuda a equilibrar quando o padrão não sai do mesmo sistema que vinga á vida de todos nós – juntos e ao mesmo tempo. Possível se faz um sistema, se e somente se, o costume da inteligência também o é, por motivos tais que passo a explanar agora.

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Dá-se quando um homem inteligente em conteúdo, relativamente culto, se impõe. É mister determinar que sua personalidade é posta em voga também, como se fossem violentas suas palavras – num campo de luta, onde persevera o mais forte. Em um tribunal do júri, por exemplo. A verdade sempre dirá: mais forte, com mais força e sutileza. Ocorre que, essa personalidade posta à prova decorre de um clima humano, correspondente e ligado ao tempo, que no futuro, transmite a mesma paz ao grupo, a todos, sejam “inteligentes” ou não. A Nossa Força depende de todos acreditarem nela. Nela, todos, somos um só. Relativamente, é a maioria absoluta para a existência de Um Deus, de forma social e metódica-realista. Uma teoria pura. Outrossim, desse fato inteligente, a quem deva o nome decorrente do homem culto e inteligente em convicção, uma posterior atitude, como se forma um ato seguinte, caberá seu julgamento e novo determinar psicossocial de sua personalidade, que supomos (nós) ser a mesma. Claro que, conforme se passa, uma corrente de pensamentos atravessa esta personalidade em jugo. Estamos ainda socialmente ligados. Esse julgamento posterior que vinculará a atitude de um, digamos, argumento, como do citado exemplo do júri, a convicção realizada e postergada como consignada pela justiça, faz com que o julgamento (de convicção agora fora do exemplo  ligado ao comportamento seguinte, próximo e futuro) seja alterável, no sentido de transpor nova regra ou nova convicção de personalidade. Espera-se de coração (do corpo social), que essa futura adição de pensamento ou mesmo atitude, como se queira a vontade humana, se realize por uma concreção – se para todos; em coerência como fora o fato do júri, esperado e condizente com a realidade, ou seja, dentro do aspecto de luta esperado. O que para nós muda a realidade do mundo, pois o mantém, entre outras palavras, unido, como um Ente, de onde se possa confiar à idéia de sistema, de paz ao grupo, com o conclave da inteligência como possibilidade de dizer no final: “- Deus existe.”, porque ele pode existir. O ser humano tem metas, tem possibilidades, tem afeições e principalmente quereres. Tudo isso, para que se possa admitir, não só para ele, óbvio, deve se dar perpendicularmente à sociedade, ou seja, deve passar pela adjacência do termo “nós”. Tudo tem significado, mas nem tudo é passível de significar. Falamos em coragem, em como as coisas se passam automaticamente para um e para outro, mas há de se centrar no egoísmo, o que seja para um e não para o outro. Fala-se em atração como único meio, mas não nos remete à idéia principal, posto a sua impossibilidade real e incondicionada, como o aceite de uma provocação, por exemplo. Sugiro que mediante a uma provocação, o ser provocado, vítima, aceite e interprete como um bem, o que necessariamente passa pelo jugo, pela esfera pessoal do sistema personalíssimo dos caracteres vários necessários ao acordo para isso ocorrer. Nós só vivemos assim. É muito pouco questionável esses fatos, tal ocorrência. Como, mesmo que porventura alguém julga possível para si, uma provocação, uma falha proveniente de desvalor para si ou para seu parente próximo uma provocação, se insere ela mesma no campo principal de sua consciência? Como pode alguém esperar isso de si ou para si? É impossível prática e teoricamente. Mas receio que o entendimento nosso é a chave para uma pergunta como essa. Nós vamos responder e não eu ou o “eu” de cada um. A parábola da rosa reflete muito sobre esse acordo que fazemos com o eu sobre nós mesmos. Parte dela, a inicial conta assim: “Um certo homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente e, antes que ela desabrochasse, ele a examinou. 34

Ele viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou: Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados? Entristecido por esse pensamento, ele se recusou a regar a rosa, e, antes que estivesse pronta para desabrochar, ela morreu”. Podemos concluir: Tristeza é o caminho da vitória e a alegria da alegria só existe nos contos de fadas, o que encerra que se a vida é difícil para um ou se assim ele o considera, ficará mais difícil para outro, pois esse outro terá a dificuldade como objetivo, uma tristeza-difícil, que não cessa, pois um de nós estará com “dificuldade”, e não terá uma identidade que o faça peça do sistema que unifica todos em um, fazendo recair seu eu sobre ele mesmo, tendo como questionável daí, estar sendo aceito o fato de corroborarmos, mesmo com Deus, que isso seja, inquestionável, por questões de personalidade. Não sirvo para isso ou para aquilo..., Eu sou lento de raciocínio..., Ninguém gosta de mim..., Sou ignorante, ... e por aí segue os padrões, que estão intimamente ligados a todos nós e não só a esta pessoa, uma rosa tímida e que não quer se abrir. I. Uma das constatações mais tristes que já fiz relaciona-se com a relutância de alguns de nós em aprender com as pessoas mais próximas de nós – nossos pais, mulheres, filhos e amigos. Ao invés de nos dispormos a aprender, nós nos fechamos por causa de timidez, medo, cabeça-dura ou orgulho. É como se nos convencêssemos que “Aprendi tudo o que podia (ou queria) dessa pessoa; não há mais nada que eu possa (ou queira) aprender”. É triste, porque freqüentemente a pessoa mais próxima de nós é a que nos conhece melhor. Elas muitas vezes conseguem enxergar as formas que escolhemos para agir como sistema de defesa e podem nos oferecer soluções boas e simples. Se somos orgulhosos demais ou cabeças-duras que se recusam a aprender, perdemos modos simples e verdadeiramente incríveis de melhorar nossas vidas. Venho tentando manter-me aberto às sugestões de amigos e da família. De fato, cheguei ao ponto de perguntar a certos membros de minha família e a alguns de meus amigos: “Quais são meus pontos fracos?” Isso não só faz a pessoa a quem se pergunta se sentir desejada e especial, mas você acaba recebendo conselhos realmente geniais. É um atalho para o crescimento, mas a maior parte das pessoas não o usa. Tudo o que ele requer é coragem e humildade, e a habilidade de driblar seu ego. Isso é especialmente verdadeiro se você tem o hábito de ignorar sugestões, avaliando-as como críticas, ou descartando membros de sua família. Imagine o choque que eles terão quando você lhes pedir, sinceramente, conselhos. Escolha algo que você perceba que a pessoa a quem está perguntando está qualificada para responder. Por exemplo, eu freqüentemente peço a meu avô conselhos relacionados à profissão da advocacia. Mesmo que ele termine por me fazer uma palestra, vale a pena. O conselho que ele me dá geralmente me impede de aprender as coisas do modo mais difícil. II. Infelizmente, muitos de nós adiam, continuamente, sua felicidade – indefinidamente. Não é que o façamos de forma consciente, mas passamos o tempo nos convencendo de que “Um dia seremos felizes”. Nós nos convencemos que seremos felizes quando nossas contas estiverem pagas, quando nos formarmos, obtivermos o primeiro emprego, uma promoção. Nós nos convencemos de que seremos felizes quando nos 35

casarmos, tivermos um bebê, depois outro. Depois ficamos frustrados que as crianças não tenham idade bastante – seremos mais felizes quando eles tiverem. Depois ficamos frustrados porque temos que lidar com adolescentes. Certamente seremos mais felizes quando eles ultrapassarem esta fase. Nós nos convencemos de que a vida será mais completa quando nosso marido ou mulher puderem também se realizar, quando tivermos um carro melhor, tivermos oportunidade de umas belas férias, quando nos aposentarmos. E assim por diante! Nesse meio tempo, a vida continua, em frente. A verdade é que não há época melhor para sermos felizes do que agora. Se não for agora, então, quando? Sua vida sempre estará cheia de desafios. É melhor admiti-lo e decidir pela felicidade. Um das minhas citações favoritas é extraída de um autor desconhecido. Ele disse: “Por algum tempo me pareceu que a vida estava prestes a começar – a vida verdadeira. Mas sempre havia um obstáculo ou outro no caminho, algo que deveria ser feito antes, um negócio inacabado, tempo por vir, dívidas a pagar. Aí, sim, a vida começaria. Então, eu despertei para o fato de que esses obstáculos eram minha vida.” Esta perspectiva me ajudou ma perceber que não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. III. Quase sempre, consciente ou inconsciente, esperamos algo dos outros – especialmente se lhes prestamos algum favor – “Eu lavei o banheiro, ela devia limpar a cozinha”. Ou “Eu tomei conta das crianças dela no fim de semana passado, ela bem poderia se oferecer para fazer o mesmo esta semana”. É como se mantivéssemos uma agenda de nossas boas ações, em vez de lembrar que doar é a própria recompensa. Quando você faz algo de bom para alguém, faça, simplesmente, e perceberá, (se tiver a mínima paz interior) que lindo sentimento de tranqüilidade e bem-estar o invade. Da mesma forma que exercícios vigorosos liberam as endorfinas de seu cérebro, fazendo que se sinta bem fisicamente, seus atos de amor liberam o equivalente emocional. Sua recompensa é o sentimento que o toma, após ter participado de um ato de amor. Você não necessita de nada em troca, nem um “muito obrigado”. Na verdade, nem precisa que a pessoa saiba o que fez por ela. O que interfere com seus sentimentos de paz é a expectativa da reciprocidade. Nossos próprios pensamentos interferem em nossos sentimentos pacíficos quando se instalam em nossas mentes, e nos prendem a nossas crenças ou ao que julgamos querer. A solução é perceber seus pensamentos de “quero algo em troca” e dispensá-los, gentilmente. Na ausência de tais pensamentos, seus pensamentos positivos retornarão. Veja se você pode descobrir algo realmente gentil para pensar a respeito de alguém, e não espere nada em troca. Pode surpreender seu companheiro ao limpar a garagem, ou organizar a escrivaninha, cuidar do jardim de seu vizinho, ou voltar mais cedo do trabalho para ajudar sua mulher a cuidar das crianças. Quando você completar o favor, sinta-se penetrado pelo sentimento caloroso de saber que fez algo realmente bom, sem nada esperar da pessoa a quem acabou de ajudar. Se praticar, acho que descobrirá que esses sentimentos são recompensa mais do que suficiente. IV. A maioria das pessoas concordaria que uma de nossas maiores fontes de estresse na vida são nossos problemas. Isso é verdade até certo ponto. Uma assertiva mais correta poderia ser no entanto, perceber a medida do estresse tem mais a ver com a maneira como nos relacionamos com nossos problemas, do que com os problemas propriamente ditos. Em

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outras palavras, será que não somos nós que tornamos nossos problemas, problemas? Nós os vemos como emergências, ou como ensinamentos em potencial? Problemas surgem sob muitas formas, tamanhos e graus de seriedade, mas todos têm algo em comum: Eles nos defrontam com algo que gostaríamos que fosse diferente. Quanto mais lutamos com nossos problemas e mais os queremos ver à distancia, piores eles nos parecem e mais estresse eles provocam em nós. Irônica e felizmente, é o inverso que é verdadeiro. Quando aceitamos nossos problemas como parte inevitável da vida, quando olhamos como ensinamentos em potencial, é como se aliviássemos o peso de nossos ombros. Pense num problema com que venha lutando há algum tempo. Como é que você lidou com ele até este momento? Se você for como a maioria das pessoas, provavelmente o enfrentou, ensaiou-o mentalmente, analisou-o repetidas vezes, mas não chegou a conclusão alguma. Onde toda esta luta o levou? Muito provavelmente a mais confusão e estresse. Agora pense no mesmo problema de outra maneira. Ao invés de empurrá-lo para longe, ou resistir a ele, abrace-o. Mentalmente, traga-o para bem perto de seu coração. Pergunte a si mesmo quais as lições válidas que este problema pode lhe ensinar. Será que ele pode lhe estar ensinando a ser mais cuidadoso e paciente? Terá algo a ver com ambição, inveja, displicência, perdão? Ou algo igualmente poderoso? Quaisquer que seja os problemas com que você está lidando, há boas chances que possa ser avaliadas de uma maneira mais suave, que pode incluir a genuína vontade de aprender com eles. Quando você enfrenta seus problemas, sob esta luz, eles relaxam como um punho que estivesse cerrado, e agora abrisse os dedos. Experimente esta estratégia, e acho que concordará que a maioria de nossos problemas não são as emergências que julgamos. Normalmente, uma vez que aprendemos o que devemos aprender, eles se esvaem. V. Quando algo não corresponde a nossas expectativas, muitos de nós operamos com uma premissa: “Na dúvida, a culpa é do outro.” Podemos observar essa premissa em ação à nossa volta – algo deveria estar aqui, mas não está, então alguém carregou: o carro não está pegando de novo, então o mecânico deve tê-lo consertado mal; suas despesas excedem seus ganhos, então sua mulher deve estar gastando mais do que devia; a casa está uma bagunça, então só você deve estar fazendo sua parte; um projeto está atrasado, então seus colegas de trabalho não devem estar fazendo o que deviam – e por aí vai. Este tipo de pensamento recriminatório (dos outros) vem se tornando muito comum em nossa cultura. No nível pessoal, eles nos levam a acreditar que nunca somos completamente responsáveis por nossas ações, problemas, ou felicidade. No nível social, nos levam a processos frívolos e desculpas ridículas que liberam de culpa criminosos. Quando temos o hábito de culpar os outros, nós os culpamos por nossa raiva, frustração, depressão, estresse e infelicidade. Em termos de felicidade pessoal, não se pode ficar tranqüilo e, ao mesmo tempo, jogar a culpa nos outros. Claro que há ocasiões em que outras pessoas e/ou circunstâncias contribuem para nossos problemas, mas somos nós que devemos corresponder à ocasião e assumir a responsabilidade de nossa felicidade. As circunstancias não fazem as pessoas, mas as revelam. A título de experiência, veja o que acontece quando você pára de culpar os outros por tudo ou nada do que acontece em sua vida. Com isso não quer dizer que não responsabilize as pessoas por seus atos, mas que você se responsabilize por sua própria felicidade e pelas reações às outras pessoas e circunstâncias que o envolvem. Quando a 37

casa está uma bagunça, em vez de acreditar que é a única pessoa que está fazendo sua parte, arrume! Quando você está gastando acima de suas posses, verifique onde você pode gastar menos dinheiro. E, mais importante, quando se sentir feliz, lembre-se que é a única pessoa que pode se fazer feliz. Culpar os outros exige uma quantidade expressiva de energia mental. É um padrão metal que conduz ao estresse e à doença. Culpar faz com que se sinta enfraquecido com relação a sua vida, porque sua felicidade é conseqüência de seus atos e comportamentos em relação a outros, que você não consegue controlar. Quando pára de culpar os outros, recupera seu sentido de poder pessoal. Passa a se enxergar como alguém que faz escolhas. Saberá o que quando está aborrecido, desempenha o papel principal na criação de seus próprios sentimentos. Isto significa que pode desempenhar o mesmo papel protagonista na criação de sentimentos novos e mais positivos. A vida torna-se bem mais divertida e fácil de levar quando paramos de culpar os outros. Experimente e veja o que acontece. 8. PERFECCIONISMO É certo que existem diversos tipos de depressão, sendo eles variantes em graus de profundidade. Vamos focalizar um tipo. É causado por traumas emocionais e mais especificamente por uma distorção espiritual: o perfeccionismo. A idéia que se contrapõe faz no ar, subir várias bandeiras vermelhas em sua defesa. Acreditamos na perfeição dos homens? É claro que sim. Mas há uma vasta diferença entre esta perfeição e o perfeccionismo. Embora, à primeira vista, possam parecer semelhantes, existe uma imensa lacuna entre ambas. O perfeccionismo é uma versão falsa da perfeição humana, da santidade possível. O perfeccionismo, em vez de fazer de nós pessoas santas, com uma personalidade sadia – isto é, pessoas completas em Cristo, ou como queiram, à margem de seguir-se pelo bem – transforma-nos em neuróticos emocionais. Exagero? “Algumas pessoas atam fardos pesados às suas costas, fardos que eles próprios criam. Depois, sentindo que não conseguem carregá-los, ficam atormentados por sentimentos de culpa imaginária. Outros quase enlouquecem com infundados temores de haverem cometido o pecado imperdoável. Em suma, estamos vemos pessoas que, tendo motivos para acharem que sua condição espiritual é boa, preferem pensar que não existe mais nenhuma esperança para elas. Às vezes, a consciência sensível, que é uma qualidade excelente, pode ser levada a extremos. Temos visto pessoas que têm temores, quando não há razão para isso, que estão continuamente condenando-se mas sem causa, imaginando que certas coisas são pecaminosas, quando não há nada nas Escrituras que as condene, e supondo ser seu dever fazer outras, que a Bíblia não ordena. Isso pode ser corretamente identificado como consciência escrupulosa, e na verdade é um grande mal. É preciso que essas pessoas cedam o menos possível a essas idéias, e orem para que sejam libertas deste grande mal, e recuperem a sensatez da mente”.

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O perfeccionismo é o problema emocional mais aflitivo que ocorre entre as pessoas. Dentre os recalques, eis alguns caracteres. 1. A tirania dos deveres. A principal característica deste mal é uma sensação constante de que nunca se age da melhor maneira possível, nunca se está sendo o melhor possível. Esta sensação limita todas as áreas de nossa vida, mas principalmente a vida imaginária. Algumas frases típicas são: • • •

Devo melhorar. Devia ter feito o melhor. Devo ser capaz de melhorar.

E essa sensação aparece em tudo, desde preparar um almoço, até o ato de pensar assim: “Não fiz muito bem”. Os três verbos prediletos do perfeccionista são: poderia ter, deveria ter e teria. E para quem está vivendo neste tipo de condição emocional, a idéia é: “Ah, se ao menos...” Parece que esse cidadão está sempre estendendo o braço ao máximo, sempre esticando-se, sempre tentando atingir certo nível, mas nunca o consegue. 2. Autosubestimação. É óbvio que existe uma grande relação entre o perfeccionismo e a imagem própria negativa. Quem acha que nunca faz as coisas direito, tem um constante senso de autosubestimação. Quando uma pessoa nunca está satisfeita consigo mesma nem com aquilo que faz, a idéia que vem em seguida é bastante natural: Ele nunca está satisfeito com ela também. Parece que ele está sempre lhe dizendo: ”Ah. Vamos lá! Você pode conseguir uma marca melhor!” E o perfeccionista que nunca está realmente satisfeito consigo mesmo, replica: “É lógico!” Por mais que tente, o perfeccionista está sempre em segundo lugar, nunca em primeiro. E como tanto ele como “Deus” exigem o primeiro lugar, o segundo não serve. Então, lá vai ele de volta para as suas galés espirituais, aumentando seus esforços para agradar a si mesmo e a um ídolo cada vez mais exigente, que nunca está satisfeito com nada. Mas sempre fica aquém do objetivo, é sempre incapaz e nunca chega lá, mas também nunca pode parar de tentar. 3. Ansiedade. Esses “devos” e a autosubestimação trazem como conseqüência uma consciência super-sensível, abrigada sob gigantesca sombrinha da sensação de culpa, ansiedade e condenação. Esse guarda-chuva paira sobre a cabeça do perfeccionista como uma imensa nuvem. Vez por outra, ela se dissipa e o sol volta a brilhar, e isso acontece principalmente em avivamentos, conferências de consagração pessoal e retiros, quando ele vai à frente para orar ou “fazer uma entrega pessoal mais completa”. Infelizmente, o brilho do sol dura apenas o mesmo tempo que durou da última vez que ele fez o mesmo percurso, passou pelo mesmo processo e pediu a mesma bênção. Pouco depois ele cai daquela nebulosa espiritual com um doloroso baque. E aquelas mesmas sensações pavorosas de antes volta a aninhar-se em seu coração. Volta aquela mesma sensação vaga de desaprovação divina e a mesma condenação total; volta e ficam a incomodar, a bater na porta dos fundos de sua alma. 4. Legalismo. Essa consciência super-sensível do perfeccionista e sua sensação de culpa geralmente são acompanhadas de um forte legalismo e excessivo escrúpulo, que dão

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demasiada ênfase ao exterior, ao “pode” e “não pode”, a regras e regulamentos. Vejamos porque este sintoma quase que invariavelmente se segue aos três primeiros. O perfeccionista, com sua consciência fraca, sua imagem própria negativa, e sua sensação de culpa quase permanente é muito susceptível ao que os outros pensam dele. Como não consegue aceitar a si mesmo, e não tem muita certeza da aprovação de Deus, procura desesperadamente a aprovação dos outros. Assim ele se torna presa fácil das opiniões e estimativas dos outros. Cada sermão que ouve vai direto para ele. E pensa: “Ah, é esse o meu problema. Talvez se eu conseguir me libertar disso... fazer aquilo... Talvez se eu parar de fazer isso e começar a praticar aquilo, então terei paz, alegria e poder. Talvez então Deus me aceite, e poderei agradá-lo.” E enquanto isso os “pode” e “não pode” vão só aumentando; e a pilha vai crescendo, porque a pessoa deseja sempre agradar a um número cada vez maior de indivíduos. Sua auréola tem que ser colocada de certo modo para satisfazer a uma pessoa e de outro modo para agradar a outra. Então o perfeccionista fica a ajustá-la de um modo e de outro, e antes que ele perceba, sua auréola já se transformou naquilo que o apóstolo Paulo chama de “jugo da escravidão” (Gl 5:1). O jugo era uma peça do equipamento de uma fazenda, muito conhecida naqueles dias, que era colocada sobre um animal para fazê-lo puxar o arado, ou então era posta sobre dois bois para formar uma parelha. Mas o termo tinha outro significado também, e é este que Paulo tem em mente aqui. No velho Testamento, o jugo era símbolo de uma autoridade despótica, que era colocada no pescoço dos povos derrotados na guerra, como símbolo de seu cativeiro. Era um objeto humilhante e destrutivo. 5. Raiva. Mas o pior ainda está para vir, pois a verdade é que está-se passando algo de muito terrível com o perfeccionista. Ele pode estar até inconsciente disso, mas bem no fundo de seu coração, está-se formando uma espécie de rancor. É um ressentimento contra todos esses deveres, contra a fé cristã, contra os outros cristãos, contra ele mesmo, e o que é pior, contra Deus. Ah, mas este ressentimento não é contra o verdadeiro Deus. Essa é a parte mais triste, e me faz doer o coração. O perfeccionista não se ressente contra o Deus de graça, o Deus amoroso que desceu até nós e que, na pessoa de Jesus Cristo, chegou a morrer na cruz, pagando um preço tão alto. Não; esse ressentimento é contra uma caricatura de deus, um deus que nunca está satisfeito, um deus a quem ele nunca consegue agradar por mais que se esforce, por mais que faça renúncias, por mais que imponha leis a si mesmo. Este deus cruel está sempre elevando o cacife, sempre exigindo um pouco mais, para depois dizer: “Sinto muito, mas você ainda não chegou no ponto desejado.” E é contra um deus assim que a raiva do perfeccionista fica a fervilhar. Em alguns casos, essa raiva é identificada, e toda a tirania dos “devos” é desmascarada e vista tal qual é: uma terrível farsa satânica para tomar o lugar da verdadeira perfeição cristã. E algumas dessas pessoas conseguem superar tudo isso, encontrar a graça de Deus e ser totalmente libertas. 6. Negação. Muitas vezes esse rancor não é reconhecido mas negado. A ira é considerada um pecado terrível e por isso alguns a enterram em si mesmos. Então toda essa mistura de erros teológicos, legalismo, salvação pelo empenho pessoal, torna-se como que um mar congelado. É então que se formam no indivíduo os profundos problemas emocionais. Sua variação de humor é tão forte e tão terrível, que ele dá a impressão de ser duas pessoas ao mesmo tempo.

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A Cura O perfeicionimo é a constante sensação de que nunca se consegue atingir o padrão desejado, nunca fazer o que se propõe a realizar de uma forma que seja satisfatória: uma sensação que afeta todas as áreas de nossa vida. Satisfatória para quem? Para todos – para si mesmo, para outros e para Deus. E naturalmente, junto com esta sensação vem uma grande dose de autodepreciação, e autodesprezo, bem como uma forte susceptibilidade com relação às opiniões, aprovação e desaprovação de outros. E tudo isso é acompanhado por uma nuvem de sentimento de culpa. O perfeccionista é compelido a sentir-se culpado, quando não for por outra coisa, será pelo fato de não se sentir culpado de nada. O perfeccionismo produz uma imagem distorcida de Deus, com sensações de dúvida, rebeldia e raiva contra um Deus a quem nunca conseguimos agradar. Mas existe cura para esse mal, através da graça de Deus, que chega até nós na pessoa de Jesus Cristo. Mas, para se experimentar essa cura, precisamos pôr em prática a receita que irá prescrever-nos a cura. O primeiro passo é abandonar qualquer pensamento de uma cura rápida. Não deixemos que ninguém nos iluda com a idéia de que uma experiência espiritual momentânea poderá operar a cura instantaneamente. Aliás, essa nossa tendência de estar sempre querendo uma solução imediata é um aspecto da doença. O perfeccionista se especializa em soluções do tipo: “Se ao menos eu pudesse , tudo ficaria bem.” Como você preencheria esse espaço em branco? Seria com uma solução positiva? “Seu ao menos eu pudesse ... ler, orar, contribuir, testemunhar, servir”? Ou preencheria com uma solução negativa? - “Se ao menos eu conseguisse abandonar esse hábito...” - “Se ao menos eu conseguisse parar de...” - “Se ao menos largar...” - “Se ao menos eu conseguisse seguir as quatro leis, ou dar os três passos, ou receber as duas bênçãos, ou receber um dom, com certeza isso seria a solução do problema!” Cada uma dessas formas desesperadas de uma solução rápida é a busca da fórmula mágica, e não de um milagre. A cura se dá por meio de um processo. Não nos tornamos perfeccionistas da noite para o dia, e tampouco somos curados desse modo. A cura envolve um processo de crescimento na graça, de “reprogramação” da mente, e de restauração de todos os aspectos de nossa vida. Precisaremos de uma cura da mente, com suas idéias distorcidas; da cura dos nossos sentimentos, com seus traumas emocionais; da cura das percepções, com suas avaliações depreciativas; e da cura do nossos relacionamento com os outros, com todas as suas contradições destrutivas. Precisaremos também de uma cura interior que venha atuar sobre nossas lembranças e apague esses “replays” em câmara lenta, de imagens passadas, e que tanto interferem em nossa vida. Alguém pode achar que isso implicará numa transformação total. Pois implica mesmo, e a cura do perfeccionismo se inicia com a disposição de nos submetermos a esse processo.

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9. ENCONTRANDO A PAZ De todos os elementos necessários para criar uma vida de alegria, o mais importante é a paz interior, convenhamos. Sentimos essa paz quando conseguimos o controle da mente e a compreensão da vida, somos parte de um projeto maior. Embora, às vezes, achemos difícil, cada um de nós é capaz de desenvolver uma sensação de paz. Alguns encontram a paz através de religiões tradicionais e de momentos de prece e meditação, mas convenhamos. Outros descobrem ao fazer, daí sim, atividades ao ar livre, como os esportes básicos, há os que se “desenvolvem” pela arte, dança, lutas. Não importa o meio utilizado. A sensação de alegria de viver se enriquece com qualquer experiência que acalme a mente e nos mostre que fazemos parte de um plano mais amplo. Depois de viver uma experiência assim, sentimos uma paz interior de que não queremos abrir mão nunca mais. Manter essa paz é a parte mais difícil. Uma coisa é sentir a paz em meio à calma da natureza. Manter esse estado frente aos desafios da vida diária é completamente diferente. Mas eu acredito que existem hábitos e métodos que podemos adquirir para isso. Eles são nossos aliados na manutenção, no cuidado e na recuperação deste estado que falo, de paz. Durante o dia, milhares de pensamentos passam pela nossa cabeça. Pensamos no trabalho, nas pessoas que amamos, no que vamos comer, no filme a que vamos assistir. E ainda nos preocupamos com fatos e pessoas. Muitas dessas preocupações são tão intensas, que nos tiram por momentos, a alegria e a paz interior. Um modo de acalmar essas preocupações é observar e modificar o nosso diálogo interno. O que dizemos a nós mesmos tem um profundo efeito sobre a nossa sensação de paz, mais até do que aquilo que os outros nos dizem. Pergunte a uma pessoa atlética ou a um profissional bem-sucedido e eles vão dizer que seu êxito está ligado ao modo como se vêem e como falam consigo mesmos. Quando concentramos intensamente os nossos pensamentos no que saiu errado ou pode não dar certo, a esperança se enfraquece e somos tomados pela dúvida. Nosso diálogo interno fica mais pobre com afirmações do tipo “Não vou conseguir fazer isso nunca”, “Não sei o que fazer” ou, pior ainda, “Esse problema não tem solução”. Afirmações como essas provocam uma sensação de frustração e desânimo e nos fazem repetir sempre os mesmos e inúteis padrões de comportamento. A mudança no diálogo interno provoca uma mudança de comportamento. Quando dizemos palavras encorajadoras para nós mesmos, alguma coisa mágica acontece. Começamos a nos sentir melhor e recuperamos a disposição para perseguir os nossos objetivos e viver novas experiências. Somos mais tolerantes com os nossos erros e mais gentis com os outros. Para mudar o diálogo interno, basta seguir um roteiro simples, mas é preciso praticar. O primeiro passo é identificar a forma como você fala consigo mesmo. Observe-se atentamente por algum tempo e talvez você se surpreenda. Provavelmente não admitiria que alguém lhe dissesse palavras tão cruéis e agressivas como as que você diz para si. É que não nos damos conta da torrente de críticas que fazemos ao nosso comportamento quando passamos por situações de medo e incerteza. Observe durante algum tempo o jeito como você fala consigo. Se for preciso, anote. Preste atenção ao seu modo de começar o dia. Veja como descreve o que acontece. Ouça o que diz quando comete um erro. Você costuma pensar: “Não é possível, não acredito que eu

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tinha feito uma tal bobagem”, ou você diz: “Bem, o melhor que eu tenho a fazer é aprender a lição para não errar de novo”? É também importante observar como você se define. Talvez não se considere uma pessoa organizada. Talvez diga para si: “Sou uma pessoa desorganizada. Meu pai não era organizado, meu avô também não.” Agora pense em como um rótulo desses afeta o seu entusiasmo e prejudica a sua luta pelos seus objetivos. Pode ser que você ainda não saiba planejar bem, mas, carregando esse rótulo, não vai ter estímulo para tentar melhorar. E se conseguir algum processo, nem vai notar. O passo seguinte é: sempre que se pegar em um diálogo negativo, mude. Quando começar a se criticar, transforme imediatamente as suas palavras em expressões positivas. Admita tranqüilamente os seus erros e encontre maneiras de se corrigir. Anime-se e torne-se seu maior colaborador, não que matar baratas, no caso do início vai ajudar, mas incentivador. Cada vez que você muda o diálogo, a sua auto-estima cresce. E cresce também a sua disposição em fazer uma segunda tentativa, procurando acertar o que não conseguiu da primeira vez. Também é muito importante modificar sua maneira de descrever os contatos que teve com outras pessoas. Digamos que você tenha se aborrecido com um colega de trabalho ou um parente. Se disser “Ele me desrespeitou”, vai estar incentivando sentimentos negativos. Se, no entanto, pensar “Ele deve estar passando por um momento difícil para me tratar daquele jeito”, vai se sentir muito melhor. Novamente a mudança no diálogo interno modifica a nossa visão da situação. Quando damos mais ênfase ao lado doloroso do relacionamento interpessoal nos sentimos como vítimas indefesas, incapazes de qualquer atitude para mudar a situação. Quando, ao contrário, acreditamos que a outra pessoa apenas foi rude porque estava em um mau dia, e que não era nada pessoal, descobrimos em nós uma nova capacidade de benevolência e compreensão. Outra maneira é mantermos a paz interior é parar de nos preocuparmos com aquilo que não podemos mudar ou controlar. Gostaríamos de poder mudar o passado. Gostaríamos de poder mudar o comportamento de outras pessoas. Gostaríamos de poder mudar as condições do tempo. Mesmo quando sabemos que estamos diante de uma situação irreversível, continuamos tentando e pensando no assunto obsessivamente. Um forma de começar a romper esse hábito é anotar todas as preocupações que nos vierem à cabeça, depois analisar a lista vendo o que pode ser mudado e o que não pode. E tomar a decisão de agir no que for possível, óbvio, e encontrar um modo de conviver com o resto. Quase todos nos preocupamos com que ainda vai acontecer: “Será que as pessoas vão gostar de mim?”, “Será que vou conseguir aprovação no exame?” ou “Será que eu vou suportar a dor de perder uma pessoa querida?”. Muitas vezes ficamos apavorados, com o pensamento voltado para o que pode dar errado em vez de visualizar as situações se resolvendo do jeito que queremos. E o interessante é que, na maioria das vezes, a situação não é tão grave quanto se pensa. Lembre-se das muitas vezes em que sofreu por antecipação e, quando chegou a hora, foi mais fácil do que você imaginava ou, então, conseguiu resolver o problema tranqüilamente. Outra fonte de aborrecimento é a preocupação excessiva com os problemas dos outros. Geralmente nos preocupamos com aqueles a quem amamos porque queremos evitar que sofrem. Às vezes deixamos a nossa vida de lado para ir em socorro deles, mesmo quando não querem se ajudar. Se não tomarmos cuidado, vamos perder tempo e energia. 43

Como acontece com todos nós, as pessoas que amamos são, em última análise, responsáveis por elas mesmas. Se formos protetores ou controladores demais, podemos estar lhes negando importantes oportunidades de resolverem seus próprios problemas e se fortalecerem para enfrentar os próximos desafios que a vida apresentar. Isso não quer dizer que vamos deixar de apoiar, sugerir, explicar, aconselhar. Mas o excesso de proteção e de cuidados impede o outro de usar sua própria energia para superar suas dificuldades e desenvolver a confiança e a auto-estima de que precisa. Todos nós, assim, temos assuntos mal resolvidos, resultado de conflitos antigos com outras pessoas. Às vezes, eles se arrastam por anos. Se não encontrarmos um meio de resolver essas questões de uma vez por todas, podemos ser inconscientemente afetados por elas, que vão minando as nossas tentativas de alcançar uma sensação duradoura de paz. Já lhe aconteceu de estar vivendo um dia como outro qualquer e, de repente, se lembrar de um desentendimento do passado? Lembrar até mesmo do que a outra pessoa disse e da resposta que gostaria de ter dado? Tão desconcertante quando essa lembrança é reencontrar a pessoa e perceber que não consegue ser amável, agir com franqueza e espontaneidade. O ressentimento não deixa. E você acaba decidindo evitar essa pessoa. Situações assim nos roubam a paz e a alegria que tínhamos alcançado. Mesmo que você nunca mais veja a pessoa, o conflito mal resolvido pode vir à tona e interferir em novos relacionamentos. Talvez você tenha medo de repetir um padrão negativo de comportamento e se feche, reprimindo a sua espontaneidade para evitar que aconteça tudo de novo. Velhos ressentimentos e desavenças parecem grudar em nós e continuam a incomodar. O que fazer em relação a essas questões que se arrastam? A resposta está na antiga prática do perdão. Todas as religiões concordam em que existe alguma coisa milagrosa no processo de perdoar. O ato de perdoar purifica de um modo inexplicável. Quando nos perdoamos e aos outros, vivemos uma visível e genuína transformação. O primeiro passo é tomar consciência de qualquer conflito passado e começar o processo perdoando a si mesmo. Afaste a tentação de ficar relembrando o que você poderia ter dito na época para resolver o conflito. Sem acusar ninguém, nem a você mesmo, pense em como teria lidado com a situação se soubesse tudo o que agora sabe. Pense que hoje você é uma pessoa diferente. Reconheça e aceite os seus erros do passado. Livre-se desse fardo. Todos somos espíritos em crescimento, e cometer erros faz parte da nossa aprendizagem. O importante é reconhecer nossa parcela de responsabilidade no conflito e nos desapegarmos dele. O mesmo se aplica quando se trata de perdoar os outros. Reveja a situação e pense como gostaria que tivesse acontecido. Procure entender o ponto de vista do outro. Isso vai fazer você descobrir o motivo do comportamento dele(a) e permitir que lhe conceda o benefício de sua dúvida. Ele – ou ela – provavelmente fez o melhor que podia com o conhecimento que tinha então. Talvez até já tenha se arrependido e não saiba como dizer isso a você. O passo seguinte é buscar um meio de se comunicar com a outra pessoa para que possam esclarecer e reparar o desentendimento. Pode ser por telefone, pessoalmente ou por carta. Quase todo mundo concorda em que essa é a parte mais difícil, mas certamente é a mais importante no processo de cura. Lembre-se a finalidade de resolver um antigo conflito não é reatar o relacionamento, embora isso possa vir a acontecer. É apenas apaziguar. É importante observar seus sentimentos e motivações.

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A Sincronia A vida é cheia de sincronias, quer dizer, coincidências. De repente, tropeçamos em um novo emprego, na oportunidade de um bom negócio ou misteriosamente conhecemos alguém que vai ser nosso sócio, confidente, marido ou mulher. Sonhamos com um velho amigo e, na manhã seguinte, ele nos faz uma visita. Ou o telefone toca e, antes mesmo de atender, já sabemos quem é. Quando falamos em coincidências, quase todo mundo tem uma história para contar de quando tomou uma decisão – comprar um carro novo ou mudar de emprego, por exemplo – e logo depois de conheceu alguém ou recebeu uma informação que transformou o sonho em realidade. Como acontecem essas situações de intuição? Muitas vezes, começam com um pensamento, uma intuição ou o sentimento de que devemos fazer alguma coisa ou ir a algum lugar. Por exemplo: você está a caminho do trabalho, com uma lista longa de compromissos e, de repente, tem vontade de parar numa livraria. Sua mente racional logo afasta a idéia, considerando-a pura perda de tempo valioso e lembrando das obrigações. Mas, ainda assim, você decide seguir o impulso e entra na livraria, e lá conhece alguém ou encontra um livro que soluciona um problema que lhe estava dando tanta preocupação. Nesse caso, a coincidência que fez encontrar uma solução muito desejada foi o resultado de obedecer a uma intuição. É assim que costumam acontecer as situações de sincronicidade. Temos uma intuição e, ao seguir o que ela nos diz, vivemos uma experiência que torna a nossa vida melhor ou nos leva para uma nova direção. Por isso, ao tomar uma decisão, é bom acrescentar a intuição à lógica. Em vez de confiar apenas na lógica e seguir estritamente o planejamento, precisamos ouvir as idéias que, de repente, nos vêm à mente. Quando seguimos as nossas intuições, os resultados são tão incríveis, que nos estimulam a ficarmos mais atentos e obedientes a elas. Como esses pensamentos-guia nos alcançam ainda é um mistério, mas para desenvolvê-los é preciso simplesmente prestar maior atenção aos nossos impulsos e visões do futuro. Aceitar as nossas intuições e desejar ardentemente que venham outras também ajuda. Observando com atenção os nossos pensamentos, logo identificamos dois tipos diferentes. Os pensamentos que utilizamos para analisar e avaliar as circunstâncias da vida diária são de um tipo. É através deles que, antes de estacionar o carro, decidimos se ele vai ou não caber na vaga disponível. Isso é análise e avaliação. A intuição é outro tipo de pensamento. Não é intencional. Ninguém “pensa” uma intuição. Acontece, simplesmente, na nossa mente. Quase sempre se refere a alguma coisa que devemos fazer ou dizer. É como uma idéia espontânea que surge do nada e aconselha uma mudança de rumo, ainda que mínima. Às vezes os pensamentos que nascem da intuição não parecem tão lógicos e estrategicamente óbvios quanto os do outro tipo, mais analíticos. A verdadeira intuição pode nos orientar. Leva ao crescimento, ao progresso e nos encaminha para o lugar certo, na hora exata em que alguma coisa boa, talvez predestinada vai acontecer. São pensamentos positivos, de esperança, e geralmente trazem com eles inspiração e entusiasmo. Se analisarmos as nossas intuições vamos perceber que sempre se referem a questões de nossa vida. Se mantivermos a força das nossas conexões sagradas e observamos atentamente começaremos a ver as nossas vidas como um livro aberto. Através dessa nova perspectiva conseguiremos perceber certas questões importantes para o que está 45

acontecendo em nossa vida. Às vezes são questões mais gerais, como se devemos ou não continuar num emprego. Às vezes são mais específicas, como na história de meu avô Péricles: “Que caminho vou seguir hoje para chegar em casa?” Em qualquer caso, o importante é especificarmos ao máximo as perguntas e ficarmos atentos às respostas. De repente, pode surgir um pensamento inspirador ou alguém que nos ajude. Ou, quem sabe?, o impulso de ir a algum lugar ou tomar certa atitude nos coloque numa posição em que uma grande coincidência aconteça. Quando estamos em sintonia com a sincronicidade em nossas vidas percebemos que misteriosas coincidências apontam para uma determinada direção: a da tarefa ou missão que temos a cumprir para ajudar a construir um mundo melhor. Acredito que todos nós nascemos com uma missão espiritual. Despertar para essas missão é ver a vida assumir um significado muito maior. Isso, basicamente, se chama “auto-realização” ou realização do nosso potencial interno. A vida sem objetivo espiritual é vazia. Muitas vezes, como já foi dito, buscamos satisfazer nossos verdadeiros anseios buscando outras coisas, como sucesso e bens materiais. Felizmente, a alma não desiste e continua a nos estimular a buscar um meio de reconhecer a missão que temos a cumprir no mundo. Às vezes é uma crise pessoal que nos impulsiona para a descoberta da missão. A morte de um ente querido, uma doença, separação ou súbita mudança de carreira podem nos estimular a procurar alguma coisa mais sólida. É muito doloroso tomar contato com a extrema vulnerabilidade da vida, e isso gera muita insegurança. Em quem podemos confiar? Quando não temos consciência do nosso objetivo maior, a situação é de desespero, desejo de morte. Isso é o que os poetas chamam de “noite escura da alma”. É um tempo em que tudo parece desmoronar. Mas, assim como o período mais escuro da noite precede o amanhecer, a escuridão do medo da vida pode ser prenúncio da alegria pela descoberta da nossa missão espiritual. Em certo sentido, estamos apenas despertando e reestruturando a vida para que seja mais plena. Assim como alcançar a conexão espiritual é um processo individual, a jornada até o reconhecimento da nossa missão também o é. Algumas pessoas já parecem nascer com uma consciência mais nítida do que pretendem na vida. Traçam um roteiro e trabalham continuamente pelo cumprimento de sua missão. Outras só vão se interessar por isso muito mais tarde. Passam boa parte da vida voltadas para o que ouvem dizer que é importante até que, um dia, começam a questionar-se, perguntando se há algo além. Embora cada um escolha seu próprio caminho para lidar com sua missão espiritual, existem algumas semelhanças entre os métodos de busca. Em todos eles podemos escutar a sabedoria que trazemos dentro de nós e ouvir o que ela tem a dizer sobre o motivo de estarmos aqui. Este saber se manifesta através dos nossos interesses, das nossas visões e da atração instintiva que sentimos por determinadas áreas profissionais. É quando você se imagina realizando uma determinada atividade e se enche de entusiasmo, ou quando diz: “Fazer isso seria a realização de todos os meus sonhos”. Como vimos, às vezes pensamos que esse tipo de sonho só acontece na infância. Acreditamos que, já adultos, temos de que aceitar o trabalho e as oportunidades que aparecem e não ir em busca do que desejamos. Isso, em geral, inibe a nossa capacidade de conexão com a nossa visão intuitiva mais profunda do que viemos fazer aqui. Pense nas pessoas que tem coragem de mudar de emprego, de carreira, de estilo de vida para perseguir seus sonhos. Nunca é tarde demais.

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10. TARDE DEMAIS Acontece, minha gente, que os descabidos meios de sucesso estão apagados e durante muito tempo isso foi assim. Estamos todos cansados de palavras que dirigem-se somente ao sucesso e de longas somos comunicados, seja verbal-diretamente ou pelo nosso espírito que as coisas vão mudar, pois não vão mudar. É preciso passo a passo mudá-las. Há várias teorias. Há sinas, remédios de charlatões e mais, há a oração. São importantes todos, as teorias, orações e fórmulas. Sina é o que eu prefiro, pois há dentro de um corpo familiarizado, a oportunidade de manter a igreja, a família, o corpo espiritual vivo, seja em forma de oração ou exercícios físicos. Questão: minha idéia paira na sina? Qual a fonte? O que é preciso fazer? O que tem o anel que as demais obras de vida ou caminhos que “seguem” tem a oferecer? Primeiro que o caminho é de “de longas”. É longo e é claro, vale todas as perfeições, pois trata ele, introdutoriamente, de seres humanos, homens e mulheres desejosos, com furor no coração e ambientalmente profundos, não prepotentes, o que é a primeira, também, fonte de promiscuidade a que devemos evitar. Escolhei-vos pelas veredas antigas. Somos perfeitos, não se nega e antes que tudo fique distante, é preciso evitar o que seja inegável, pois é preciso estar aberto, no sentido de que, felizmente esperar é a primeira chave que abre a primeira porta para o bem viver. O que é estar aberto? R: Estar incontinenti aos acontecimentos da vida, do ocorrer dEla ou dEle, mas de uma pessoa a quem se pague ou que se viu, dado seu reflexo na frente do espelho; amistosidade e recepção. O caminho é longo e a distância cobre-se em grandes áreas em um período certo e amplo. Vale a pena. Você acaba vendo que era isso mesmo que você buscava e estava tão perto que se tira de conclusão que não demorou nada – completo pelo conteúdo do complemento divino, das próprias veredas antigas. Isso é para poucos. O tabu é à parte. Assim devemos fazer em relação a Deus, porque confiamos na sua sabedoria e no seu grande amor para conosco. Podemos descansar no espírito “trabalhado” e dizer que se foi sábio perante todas as coisas. Depois faça o que tu quiseres, e o que achares melhor para o teu servo e para a causa de teus objetivos. Depois, segue um caminho diverso, também senão o mais importante deles: mentir sendo honesto. Quando a maioria de nós procura pensar em alguém desonesto, geralmente pensa em outras pessoas e não em si próprio. É o erro subseqüente ao primeiro predicado. Por que é fácil mentir? R: Eu respondo com a questão de que por que é tão fácil exagerar, maquiando verdade e mentindo por omissão? Não se deve “tratar” de autopromoção, de proteção ou de manipular os pensamentos, sentimentos ou ações das outras pessoas. É infelizmente o que mais se encontra. O cadafalso dessa inversão de valores é o primeiro sintoma de que as coisas estão dando errado e já é tarde demais, pois lá no fundo você carrega o medo de que um dia sua desonestidade seja descoberta, que inevitavelmente acaba forçando-o a lembrarse das mentiras do passado para não dizer nada de contraditório que as denuncie. Isso mina. A satisfação, meu caro, não corrobora com o tempo e isso é uma conseqüêncianecessária, tremendamente infeliz, concordo, mas ao mesmo tempo servirá de chave para abrir a segunda porta do sistema que se terá o porvir acabado.

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Tenha em primeira mão um plano de ataque. Este é o critério que vai dizer com mais ligeireza e prestabilidade sobre Sua diligencia. É necessariamente o meio de vida. Sucede de que o meio de vida da pessoa pode ser como pode ser que. Primeiro que o pode ser, já é meio caminho andado, suplementa-se com sua conclusão, o efeito exame da ordem para quem pretende, como eu, ser advogado, como quem quer tirar sua carteira de habilitação por exemplo, que deve antes de aprender a dirigir, como já se advogar, ter a habilitação, documento que possibilita determinada atuação. Este é o pode ser, quase um deve-ser, dentro do mundo consciente, de vida em que se situe, antes de qualquer condição “Se” uma possibilidade de sonhos e “ataque.” E quanto ao pode ser que? Eis o ponto de quem não tem a chave e ao mesmo tempo segura-a como quem procura a porta. R: No início, sustentei uma prótese de sina, que envolve o aprendizado, pelo espírito de não se questionando pela ordem de fatores que dão causas a criação de tabus, envolve o modelo próprio que eu segui, como parte da base da formação vital de um ser humano. Não é tratamento de seqüência. É só uma sina. Descrever o mundo no ambiente em que se encontra, como de início, não é tarefa fácil, como que para todo o caminho, sucede-se a um primeiro passo e sob a forma de um longo e árduo complemento que o delimita em sua área – primeiro plano – informe-se que o ambiente em que vive deve ser propício aos equivalentes ocasionais em termos de que se familiarize você com um ambiente onde ilusões são de maior destaque. Como um efeito Placebo. Questionar-se do material adequado e da informação seguinte é um passo que não merece tipificação. Da qual se origina antes e depois do que chamo de “minha ilusão”. Pegou o tabu? R: O ser humano foge da morte custeando sua própria vida, ou, entre outras palavras, não há segredo que sobreviva sem a política. Nós, homens, somos capazes de coisas que não acreditamos jamais num primeiro aspecto, mas depois, como que um sinal de bem aventurança, sobrevém o segredo, mera indicação. Suplemento da idéia de Placebo (um remédio de boa intenção) – primeiro parâmetro da sina: fazer o que lhe é mandado. A materialidade das coisas são criadas. Você para ter determinado objeto, um óculos por exemplo, não pode querer construí-lo, é preciso que você advogue, policie, interprete, construa ou construa-o, como alguém que o fabrica. É por isso que explica-se você, ser humano potente, pelo seu fundo, seu anverso e o que quer dizer o nome, primeiramente e depois, o objeto a que se resolve, dizer/ descrever os óculos, ou o que se vale antes, uma ilusão. Cada um de nós carrega o fardo de ser quem e o que é. O que é somos iguais e O quem somos vale de cada um perder o “tempo” necessário, como uma idéia que necessariamente valha à pena para o outro, seu adversário ou equipe, dentro da multidão que ainda pode ser que. O plano de ataque sempre será questionar-se, por mais submisso que isso seja, o próprio ataque consiste nisso. Tabu? Não, mas uma ilusão que se ama como fonte do que seja. Mais do que é, amor. O plano tem a idéia de projeto, como que o que se cria e as diversas formas de alcançá-lo é o que inegavelmente deve se ver como um acerto e não um erro. É de grande galardão a educação. Guarde a grosseria para que vejam-no como alguém que quer errar. É mister lembrar que o erro também é necessário, mas com o viés meramente emocional, o que para a minoria dos que podem ser, querendo, que já é um grande começo, lembra de que o anel inventou o homem e antes que outro homem precisasse ajoelhar diante dele, ele 48

quis o poder que só o outro detinha, a porventura daquela bem aventurança que só existe entre os homens através do sinal, da onde se origina a sina – segundo parâmetro seu. Na primeira parte deste capítulo, falamos de duas chaves que abriam as portas para o Um caminho: a satisfação e o esperar. São dois meios que determinam a identidade e o destino da vida. Como já dissemos, Deus intencionou nos dar a resposta para essas tocas chaves, mas quando, na fase adulta, nós permitimos que Ele continue a responder essas perguntas por nós através de outros, na realidade, estamos cometendo idolatria. Muitas vezes, ao darmos mais atenção àquilo que as outras pessoas falam sobre nós em vez de considerarmos o que o corpo vivo diz, estamos permitindo que essas pessoas sejam verdadeiros deuses em nossa vida, pois as colocamos na posição que só a ele(a) pertence. Se eu receber uma mensagem relativa de identidade e/ou destino e simplesmente aceitá-la como uma verdade sem confirmá-la com Minha Vida, então, eu acabo de permitir que essa pessoa se torne um deus em minha vida, cometendo assim, uma idolatria. Ninguém pode me amar o suficiente para ser considerado minha autoridade e para me dizer quem eu sou. Ninguém além dela própria, seguida de uma “auto-sugestão”, que é unicamente qualificada para determinar a minha identidade e meu destino. Toda vez que uma mensagem relativa de maldição for transmitida a você, e você não verificá-la com o Teu Anel e apenas aceitá-la, isso automaticamente estimulará a atuação do medo e da vergonha que estão dentro de você. Então, o medo roubará a paz de sua alma e a carne começará a elaborar um plano para salvar sua vida com o intuito de trazer paz novamente. Dessa forma, você se torna escravo do diabo e tudo o que ele precisa fazer para apoderar-se dos seus pensamentos, emoções e ações é encontrar e usar alguém como um fantoche para lhe transmitir uma mensagem de maldição de identidade através de um relacionamento. Até que você aprenda a recorrer ao Anel e a buscar a verdade das mensagens de identidade que você recebe, você continuará em idolatria. Assim, você permite a outros que determinem a sua identidade e o seu destino e luta carnalmente para salvar a sua alma das conseqüências das mensagens recebidas.

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ÍNDICE CAPÍTULO 1............................................A CHAVE............................................01 ............................................. O anel.............................................01 CAPÍTULO 2........................................O PROBLEMA........................................05 .....................................Aceitar a verdade....................................07 CAPÍTULO 3......................A IMAGEM DA ZONA NEGATIVA.......................09 CAPÍTULO 4.......................................AUTOMÁTICO........................................13 .............................................A cura.............................................15 ..........................................Auto-ajuda.........................................19 .............................................Solidão............................................21 ....................Relacionamento no momento presente....................24 CAPÍTULO 5...........................................CORAGEM...........................................26 CAPÍTULO 6...............................................LIÇÕES..............................................30 CAPÍTULO 7..........................................NÓS TODOS..........................................33 CAPÍTULO 8....................................PERFECCIONISMO....................................38 .............................................A cura.............................................41 CAPÍTULO 9................................ENCONTRANDO A PAZ................................42 .............................................A sincronia.............................................45 CAPÍTULO 10.....................................TARDE DEMAIS.......................................47

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TARDE DEMAIS POR GABRIEL SANTOS

MARÇO 2009

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