Comida Nativa Americana

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Ana Mota

nº75

TH11 2007/08

A COMIDA NATIVA AMERICANA AMÉRICA DO NORTE

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Ana Mota

nº75

TH11 2007/08

Introdução O porque deste tema: A liberdade na escolha do tema do trabalho pedido e a diversificação das matérias que podem ser abordadas em volta da “cozinha”, não tornam a decisão final mais fácil. Na tentativa de encontrar um tema pouco vulgar, pelo qual me sinta interessada e que consiga desenvolver, comecei por pensar em trabalhar sobre Cozinha Saudável, ou O Bem-Estar e a Alimentação, mas este é um tema já a ser abordado por colegas. Após alguma indecisão optei por pesquisar Cozinha Tradicional Americana. Logo percebi que as palavras-chave mais indicadas na pesquisa seriam Cozinha Nativa Americana, como é designado o tipo de culinária praticada pelos povos indígenas deste continente. Neste trabalho vou focar o norte do continente americano, e porque? Alem deste continente, ter uma cultura culinária muito rica e ancestral desde o extremo mais a sul ao local habitado mais a norte.Baseada principalmente em produtos recolhidos da natureza. Presentemente a imagem da cozinha norte americana não passa do típico hambúrguer, do cachorro quente ou até mesmo das cozinhas importadas como a chinesa, a italiana ou a francesa que são bastante representadas. Quando a representação além fronteiras da alimentação americana se faz sentir apenas em pontos de venda de “comidas rápidas” Então, qual é a importância da verdadeira cozinha nativa americana, e quem se lembra que esta existe? Este é um dos motivos que me leva a fazer este trabalho. Outro motivo é o princípio destas receitas, que vai de encontro à alimentação saudável, tendo como base o consumo de vegetais e peixe, tantos ingredientes que consumimos diariamente e não lembramos sequer da sua origem. Outro ainda é o fascínio que tenho pelos Estados Unidos da América, um país tão mediatizado e com tanto ainda para descobrir ou redescobrir. É óbvio, também, que a obtenção dos ingredientes, confecção e apresentação das iguarias, hoje em dia, é completamente diferente. Logo, vamos ter a parte histórica do tema e a adaptação à realidade dos nossos dias. Está apresentada a minha motivação para elaborar este trabalho, e o meu ponto de vista, pois não pretendendo subestimar a “cozinha” pós colonização, nem sobrestimar o tipo de “cozinha” que abordo. Pretendo principalmente descobrir, conhecer e focar o título:

Comida Nativa Americana América do Norte

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Existem tantas cozinhas nativas norte americanas como a quantidade dos seus povos nativos, apesar de todos serem caçadores, as suas dietas dependiam de uma economia de subsistência e estavam condicionadas pela ecologia do local e pela sua visão do mundo. O que podemos considerar uma “dieta saudável” para determinadas condições geográficas e sociais, pode não ser o mais indicado por exemplo para povos de outra área geográfica. Temos que ter presente o relativismo cultural implícito e também o facto de cozinha significar sobretudo a aplicação de calor a alimentos crus, nisto consiste o saber fazer culinário, existindo claro várias técnicas de processamento e conservação dos alimentos. A alimentação indígena dependia assim de diversos factores e desenvolveu-se integrando-se nos ciclos naturais locais, dai advém o facto de poder ser considerada alimentação saudável tal como o é qualquer pratica alimentar que nos proporcione bem-estar físico e mental no nosso quotidiano. Podemos dar alguns exemplos para melhor perceber as especificidades desta alimentação e sobretudo reconhecer a grande divida que temos, nós, ocidentais e contemporâneos por essa cozinha. A carne era muito importante para a dieta alimentar, búfalo ou urso e peixe compunham o ingresso proteico necessário, a par com a recolecção de frutos silvestres e outros produtos da natureza e o cultivo de alguns vegetais já domesticados. Por exemplo no Inverno consumia-se carne secada e fumada, misturada com gordura animal e amoras silvestres, fornecendo as calorias, vitaminas e proteínas necessárias. Na primavera as tribos do nordeste, sangravam as árvores de acer ferviam a seiva e comiam o açúcar resultante depois de cristalizado, hoje é reconhecido o poder purificador que a seiva de acer tem no organismo. Quando os europeus começaram a colonizar a América, os índios eram muito mais altos e saudáveis que os colonos que vinham viver para o ‘novo mundo’. Milho, abóbora, feijões, batatas, farinha de milho, arando, pipocas foram depressa incorporados na cozinha dos colonos e posteriormente nas cozinhas europeias. O continente americano na sua totalidade ofereceu ao mundo dito civilizado, muitos dos alimentos básicos de qualquer ementa contemporânea. A mandioca, os pimentos, o ananás, a baunilha, o amendoim e o cobiçado cacau, o chocolate da palavra Azteca que significa, alimento dos deuses.

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As Três Irmãs Para os Nativos Americanos as “Três Irmãs” são consideradas algo intimamente ligado com o bem-estar físico e espiritual. Algo que sustenta a vida e tido como uma dádiva do criador. Muitas das lendas Índias são sobre as “Três Irmãs” – irmãs que nunca devem separar-se – irmãs que devem ser plantadas juntas, comidas juntas e celebradas juntas. O que são as “Três Irmãs”? São três elementos base da sua alimentação, o milho, o feijão e as cucurbitáceas.

“O milho, planta sagrada entre os índios da América, simboliza a fertilidade e abundância. Quanto mais pobres são os povos indígenas, mais extraordinária é a sua criatividade culinária em torno do milho”

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O Vegetarianismo e os Nativos Americanos Como sabemos o estereótipo do Índio americano é do caçador de búfalo, vestido com pele de cavalo decorada, coroas de penas e sandálias de pele, mas este estilo de vida era quase exclusivo dos Apaches, que floresceu durante, não mais de dois séculos. Isto não representa a maior parte dos Nativos Americanos. Nas tribos Choctaw do Mississipi e Oklahoma os vegetais são o elemento principal da alimentação. A principal comida são estufados de milho, abóbora e feijão e o pão é feito à base de milho e bolotas, outros pratos favoritos são o milho assado e papas de milho. A caça é um elemento raro na sua alimentação. Esta tribo dedica-se à agricultura e tanto as roupas como a construção das casas é feita com matérias-primas vegetais. A maioria das comidas confeccionadas nas celebrações é vegetariana. E o milho é tão importante, que consideram um elemento divino. Noutras tribos muitas das vezes as crianças eram cem por cento vegetarianas até aos dez anos. Acreditavam que esta dieta, a base de vários tipos de milho, tornava as crianças mais fortes e resistentes às doenças. É irónico, os Índios serem facilmente associados á caça e à pesca, quando de facto quase metade das plantas comestíveis conhecidas no mundo foram cultivadas pelos Nativos Americanos. Alguns dos alimentos partilhados com o mundo inclui os pimentos, malagueta, amendoins, caju, batata doce, abacate, maracujá, feijão verde, xarope de acer, arando, chocolate, baunilha, girassol, abóbora, nozes, quarenta e sete variedades de bagas, ananás, etc. Outras tribos além dos Apaches, como os Sioux, Cheyenne, Arapahos, Comanches e Kiowas, desistiram da agricultura e começaram a ter uma vida nómada que dependia prioritariamente da caça para se alimentarem, vestir e construir as suas casas. A maior parte das restantes tribos tinham a caça como um passatempo e não como vocação.

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Carolina do Norte Numa das viagens de reconhecimento ao Mundo Novo, em 1584, Sir Walter Ralegh e o seu grupo, encontraram três nativos. Como não tinha uma língua em comum, os dois grupos recorreram à linguagem universal: comida e bebida. Os exploradores levaram os Índios para um dos seus navios e persuadiram-nos a provar a sua carne e vinho, e eles gostaram bastante. Nos dias seguintes os Ingleses entretiveram alguns índios, e estes agradeceram enviando “ coelhos selvagens e do pântano, peixe, frutas, melão, nozes, pepinos, cabaças, ervilhas, bagas, milho...” Os exploradores descreveram que os Índios costumavam beber vinho e água com gengibre e canela e algumas bebidas à base de ervas medicinais. Quanto mais tempo os exploradores e colonizadores passavam no Mundo Novo, mais apreciavam a cozinha nativa e não deixaram de a retratar e descrever. As águas da região eram muito ricas em esturjão, arenque, tainha e outras espécies, de onde provinha a maior fonte de proteína. Caranguejos, ostras, vieiras, mexilhões e amêijoas eram outra parte importante da sua dieta. Na primavera quando as provisões já tinham acabado e os frutos ainda não estavam maduros, eram destacados membros das tribos para pescar e recolher bivalves, e era desta forma que subsistiam durante algum tempo. Os nativos da Carolina do Norte tinham apenas como animal doméstico o cão. Mas nas vastas florestas e pântanos, abundavam ursos, veados, coelhos, esquilos, perus, pombos, faisões e aves aquáticas. As frutas silvestres eram como um contrapeso na dieta variada dos Índios. Recolhiam morangos, maças, amoras, diospiros, peras dos cactos, mirtilo, arando e tinham ainda quatro variedades de uvas. E também vários tipos de nozes e um tipo de grão parecido com o arroz mas proveniente de outro tipo de erva. Os Índios não eram apenas caçadores e colectores. O milho, a sua cultura principal, produzia bem nos solos ácidos das planícies costeiras. Mas eles também semeavam girassóis, leguminosas e vários tipos de abóboras. Como não tinham fornos, os Índios faziam poucos cozinhados, excepto em vasos, ou directamente na brasa. Extraiam óleos de nozes, sementes e gordura animal para os “fritos”. Mas eles comiam os alimentos, maioritariamente, crus, grelhados, estufados e secos. Grelhavam o peixe nos mesmos grelhadores de madeira que utilizavam para a carne, e não fumavam o peixe nem a carne, para guardar durante muito tempo, como os Índio da Florida faziam. Muitas das frutas e nozes não eram cozinhadas, mesmo algumas abóboras eram comidas cruas. Havia temperos como o louro, folhas e raízes de “sassafras”, mas não tinham o sal. Adicionavam também algumas nozes aos estufados, e além de existirem tipos de cebola na natureza, não as utilizavam na sua cozinha. Os Índios da Carolina do Norte faziam vasos de barro, de vários tamanhos. Foi documentado que cozinhavam e serviam os ingredientes todos juntos, em dias especiais, mas também coziam os alimentos separadamente.

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É de salientar ainda que, ao contrário do que acontecia na Europa, as refeições não eram sinónimo de cerimónia. Eram colocadas esteiras no chão, para as pessoas se sentarem e a comida era servida em pratos de madeira e não utilizavam talhares.

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Ervas Nas culturas nativas as ervas eram utilizadas não só pelos seus poderes medicinais, mas também para temperar os alimentos, pois o sal era um elemento quase inexistente. As ervas mais utilizadas eram tipos de mentas, utilizados para as sopas, estufados e para rechear o peixe, por exemplo.

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Propriedades dos Alimentos Sempre foi e continua a ser um mistério, como em tempos remotos e numa cultura não industrializada, havia os conhecimentos das virtudes alimentícias e medicinais dês frutos, vegetais e ervas. A resposta está mesmo na cultura, que se centra na natureza, nas suas dádivas e dons. Assim, elaboro uma lista de alguns dos alimentos mais comuns e as suas características: •

Milho – Vitaminas A, B3, B5, C, betacaroneto, foliato, magnésio, zinco, fibra.



Abóbora – Vitamina C, betacaroneto, fibra, zinco.



Feijão – Vitaminas B1, B2, B3, biotina, foliato, cálcio, ferro, magnésio, selénio, zinco, fibra, proteína, glúcidos.



Óleo e sementes de girassol – Vitaminas E, B1, B2, B3, cálcio, cobre, magnésio, manganésio, ferro, selénio, zinco, ácido gordo ómega-6, proteínas.



Caju – Vitaminas B2, B3, B5, B6, biotina, foliato, iodo, ferro, magnésio, manganésio, potássio, selénio, zinco, proteína.



Morango – Vitaminas B3, B5, C, flavonóides, silíco, potássio, magnésio, ácido elágico, fibra.



Ananás – Vitaminas B1, B2, C, manganésio, bromelina, fibra.



Batata-doce – Vitaminas B6, C, E, betacaroneto, ferro, potássio, fibra.



Pimento vermelho – Vitaminas B6, C, betacaroteno, fibra.



Abacate – Vitaminas B1, B2, B3, B5, B6, C, E, K, biotino, carotenóides, foliato, potássio, magnésio, cobre, ferro, zinco, beta-sitosterol, glutatião, ácidos gordos, ómega-6, fibra.

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Receitas As receitas que apresento são baseadas nos alimentos tradicionalmente utilizados pelos Nativos Americanos, adaptadas à cozinha actual: •

Creme de Milho Fresco e Courgette

Com caldo de galinha, courgette, cebola, milho, iogurte magro, sal e pimenta. Faz-se o creme com os legumes referidos e serve-se em taças coberto com iogurte. •

Salada de Feijão e Cevada

Com favas, feijão verde, cevada, cebola vermelha, pimento verde, aipo, vinagre, azeite, mostarda de Dijon, alho. Corta-se e coze-se os feijões em água. Numa taça juntar os restantes ingredientes e os legumes em cubos, com os feijões. Mexer muito bem. Guardar no frio durante uma ou duas horas antes de servir.

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Bibliografia •

ALLENDE, Isabel (1997) Afrodite. Histórias, Receitas e Outros Afrodisíacos, Difel



BARFIELD, Thomas (1997) Diccionario de Antropologia, Barcelona, Ediciones Bellaterra



RITCHIE, Carson I.A. (1981),Comida e civilização de como a historia foi influenciada pelos gostos humanos, Lisboa, Assírio & Alvim



WOLF, Eric R. (1997) Europe and the people without history, Berkeley, University of California Press



http://www.nps.gov



http://www.ivu.org/history/native_americans.html



http://www.mypeoplepc.com/members/cherlyn/onefeather/id5.html



http://www.tahtonka.com/food.html

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Conclusão Após a conclusão deste trabalho reconheço que tomei conhecimento de alguns factos, que me eram desconhecidos, como por exemplo a origem dos alimentos que fazem parte da nossa dieta. E consto também que houve uma enorme perda dos valores da América nativa, como dizia num dos textos “o dia de Acção de Graças devia de ser celebrado com milho, e não com peru”. É um facto também o fascínio pelo conhecimento ancestral das propriedades dos alimentos, destes povos. E como tinham uma alimentação vegetariana, saudável. A pesquisa teve como base a Internet. Não houve dificuldade em encontrar sítios sobre esta matéria, a dificuldade foi encontrar textos esclarecedores e objectivos, pois estavam escritos em inglês e utilizavam muitos termos técnicos.

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