Brincar

  • November 2019
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BRINCAR, UMA NECESSIDADE… Terezinha Véspoli de Carvalho Brincando, a criança pode realizar atividades próprias do mundo adulto, o que facilitará seu ingresso neste mundo futuramente. Toda a criança brinca. Ela necessita deste espaço para se desenvolver. É brincando que os bebês descobrem como as coisas funcionam e assim começam a se relacionar com a vida, perceber os objetos e o espaço que seu corpo ocupa no mundo em que vive. A criança simboliza. Brinca de faz-de-conta, representa papéis, “recria” situações que lhe foram agradáveis ou não. Só que quando a criança recria estas situações, faz da forma que ela suporta, não correndo riscos reais. Através do faz-de-conta, a criança traz para perto de si uma situação vivida e a adapta à sua realidade e necessidade emocional. Podemos observar que não adianta proibirmos brincar com armas de brinquedo. Se a criança sentir necessidade de elaborar esta situação, ela o fará utilizando seus dedos ou qualquer outro objeto. E esta elaboração é necessária, sob pena da criança sofrer sérios problemas emocionais. Brincando, a criança pode realizar atividades próprias do mundo adulto, o que facilitará seu ingresso neste mundo futuramente. Nota-se também que conforme se desenvolve emocional e cognitivamente, a criança começa a incluir outras pessoas em suas brincadeiras. Ela começa a brincar com o outro e não mais ao lado do outro. É percebendo a presença do outro que começam a ser criadas e respeitadas as regras. Conviver com outra pessoa exige que se respeitem limites. O limite imposto pelo outro. Começam aí as brincadeiras envolvendo jogos com regras. Os jogos com regras exigem raciocínio, estratégia, antecipação de um resultado. Pode-se perceber que quando a criança se mostra capaz de respeitar as regras dos jogos, seu relacionamento com outras crianças e mesmo com os adultos melhora. O contrário também pode ser verdadeiro. Muitas vezes percebemos que crianças que têm problemas de relacionamento com os colegas, pais e professores, também demonstram dificuldades em respeitar regras impostas pelos jogos. Como psicopedagoga, posso observar que a forma como a criança brinca, pode influir no seu processo de aprendizagem. Se a criança não respeita regras, é porque não vê o outro como algo importante na sua relação. Se ela não vê o outro, como pode aprender? A pessoa que aprende tem que valorizar aquele que ensina para poder aprender o que se quer ensinar. Se a pessoa tem dificuldade em respeitar o direito do outro legitimado através da regra de um jogo, em que todos estão em igualdade de condições, pois a regra assim o permite, como ela vai admitir ser “ensinada" por outrem? Fica difícil abrir este espaço. Pode - se observar que quanto mais a criança se mostra tolerante às frustrações quando perde no jogo, percebendo o direito do outro, e sua capacidade de vencer, pois ela também é capaz de vencer , mesmo respeitando as regras - mais se expande seu interesse em aprender, sua coragem de perceber que não sabe mas pode aprender. A criança percebe que, para vencer, precisa usar estratégias, precisa raciocinar, pois, seu adversário está ali. Quando antecipa o resultado e pensa sobre as razões de sua vitória ou fracasso, ela vai criando hipóteses e estas hipóteses podem contribuir no seu processo de aprendizagem escolar. Muitas crianças chegam ao consultório para um acompanhamento psicopedagógico completamente desacreditadas de si mesmas, se sentindo incapazes de aprender. Jogando com o terapeuta, a criança vai compartilhando e socializando regras através desta experiência, o que pode favorecer a recuperação da auto - estima e de uma relação saudável com o adulto, condição fundamental para que ela aprenda. Portanto, a brincadeira e as situações de jogos são fundamentais para a vida saudável da criança e, por que não dizer, para o adulto também. Já pensou em um jogo que possa interessar a toda família, quantos benefícios poderá trazer? Então, vamos brincar? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fernández,Alícia A Inteligência Aprisionada abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família Trad.Iara Rodrigues 2a reedição 1991 Porto Alegre Artes Médicas Granger, Gilles Gaston (1968) Filosofia do estilo Trad. Scarlett Zerbetto Marton, São Paulo, Perspectiva, 1974 Macedo, Lino de Para umma psicologia construtivista Em Eunice Soriano Alencar( org) Novas Contribuições da Psicologia aos Processos de Ensino e Aprendizagem São Paulo, Cortez

Piaget, Jean(1936) O nascimento da inteligência na Criança Piaget, Jean(1945) A formação do símbolo na criança: imagem, jogo e sonho, imagem e representação. Trad. Älvaro Cabral e Cristiano Monteiro Oiticica, R.J. Zahar, 1978 Piaget, Jean & Bärbel, Inhelder (1948) A representação do espaço na criança - Trad. Bernardina Machado de Albuquerque Porto Alegre Artes Médicas, 1993 Weiss, Maria Lúcia Lemme Psicopedagogia Clínica uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar , 3a edição,revista e atualizada, R.J. DP&A editora, outubro 1997 Terezinha Véspoli de Carvalho - Professora, Psicopedagoga, graduada em Pedagogia e pós- graduada em Psicopedagogia pelas Faculdades Integradas Campos Salles _ Supervisionada pela psicopedagoga Maria Christina Natel retirado do site: psicopedagogia on line

O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Armando Correa de Siqueira Neto Palavras-chave: brincar – natural – desenvolvimento – terapêutico – ludoterapia. Key words: to play - natural - development - therapeutical – playtherapy Resumo Há na natureza uma sabedoria própria, um constante ensinar sobre aquilo que é natural e parte de nós seres humanos, o caminho essencial, que pode ter o mesmo número de configurações quanto de personalidades diferentes das pessoas. Este caminho natural, do desenvolvimento humano, tem características próprias, ao mesmo tempo em que é flexível frente às mudanças e conseqüentes adaptações das quais nos submetemos constantemente, porém, até o momento, uma delas, objeto de estudo neste trabalho, tem se mostrado fundamentalmente convicta de sua própria existência, competente nos seus efeitos, simples em seu conceito e dinâmica, e complexa no que se refere a sua atuação no ser humano, esta estrutura invisível, o brincar, tem todo este acervo de conteúdos em seu bojo, oferecendo a quem dele se utilizar, possibilidades naturais de sermos mais naturais, principalmente, na infância, onde construímos a nossa base principal, suporte para toda uma vida. Ser natural nos possibilita o melhor acesso a nós mesmos durante a vida, para que possamos nos observar, ora externa, ora internamente, e nessa alternância de constante re-conhecimento de si mesmo, lidemos com boa parte de nossos conteúdos, para que, finalmente, estejamos sempre nos permitindo continuar o caminhar do nosso desenvolvimento. O brincar é essencial às crianças e nos revela de diversas formas que tem poder terapêutico natural, além de constituir auxílio na boa formação infantil, nas esferas emocional, intelectiva, social, volitiva e física. Esquecerse do brincar é também esquecer de viver com qualidade de vida, e, ao oferecermos às crianças a possibilidade de brincar, oferecemos muito mais do que o ato em si mesmo, visível aos olhos, estendemos uma perspectiva de vida melhor, um desenvolvimento mais natural e eficiente, uma socialização decorrente de tão somente brincar, e ainda mais, a possibilidade de se reconhecer como ser, na terapia constante do expressar e concretizar criativamente os recursos internos de que dispomos. Introdução A proposta deste trabalho é a de transitar pelas experiências clínicas vividas por diversos profissionais de atuação junto à infância, que se utilizaram do instrumento lúdico em terapias e que deixaram uma rica e vasta teoria para novas e constantes pesquisas, e, relacionar este procedimento ao brincar natural, objeto em foco deste estudo, procurando sinalizar ao final da pesquisa, os valores que representam este mesmo brincar natural. Objetivamos entender se a natureza encontrada no brincar durante a infância tem efeitos positivos quanto ao desenvolvimento e em quais esferas ela acaba por atuar. O brincar

De acordo com Cabral (2000) “Análise infantil é um método de diagnóstico e terapia infantil que combina os princípios da Psicanálise freudiana e as técnicas projetivas consagradas nos testes de Rorschach e de Murray (T.A.T.). A esse método deu Melanie Klein (Psicanálise da Criança, 1932) o nome de playtechnique, ou técnica de brinquedo, ou ainda ludoterapia, depois desenvolvida por outros psicanalistas da Escola de Londres, como D. W. Winnicott e Money Kyrle, e adotada no todo ou em parte por analistas de outras correntes. A análise infantil funda-se no princípio da catarse, uma vez que tenta explorar o mundo de sentimentos e impulsos inconscientes (os”fantasmas” infantis) como origem efetiva de todas as ações e reações observadas nos pequenos pacientes.” Klein (1975) nos fala sobre as descobertas da psicanálise que resultaram numa criação de uma nova Psicologia Infantil. Por meio delas aprendemos que, já nos primeiros anos de vida, as crianças experimentam não apenas impulsos sexuais e angústia, como também sofrem grandes desilusões. O caráter primitivo do psiquismo infantil requer uma técnica analítica especialmente adaptada à criança, e vamos encontrá-la na análise lúdica. Por meio deste método obtemos acesso às fixações e experiências mais profundamente recalcadas da criança, o que nos possibilita exercer uma influência radical em seu desenvolvimento. O terapeuta busca a comunicação da criança e sabe que geralmente ela não possui um domínio da linguagem capaz de transmitir as infinitas sutilezas que podem ser encontradas na brincadeira por aqueles que as procuram. A fim de dar um lugar ao brincar, Winnicott (1971) postulou a existência de um espaço potencial entre o bebê e a mãe. Esse espaço varia bastante segundo as experiências de vida do bebê em relação à mãe ou figura materna, e eu contrasto esse espaço potencial (a) com o mundo interno (relacionado à parceria psicossomática), e (b) com a realidade concreta ou externa (que possui suas próprias dimensões e pode ser estudada objetivamente, e que, por muito que possa parecer variar, segundo o estado do indivíduo que a está observando, na verdade permanece constante). É a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia; finalmente, a psicanálise foi desenvolvida como forma altamente especializada do brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros. É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança e adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self). Conforme Arzeno (1995) Devemos comunicar-nos com as crianças através da brincadeira ou jogo e de algumas palavras simples que possam captar claramente. De acordo com Junqueira O desenvolvimento infantil se encontra particularmente vinculado ao brincar, uma vez que este último se apresenta como a linguagem própria da criança, através da qual lhe será possível o acesso à cultura e sua assimilação. O brincar se apresenta como fundamental tanto ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança quanto à sua socialização, sendo um importante instrumento de intervenção em saúde durante a infância. Molon nos diz (2001) “Em meu trabalho na clínica fica evidente a importância da atividade lúdica para as crianças. Nesta posição de descobridores adquirem novas habilidades (as funções do brincar estão ligadas à construção do próprio corpo), enfrentam emoções complexas e conflitantes reencenando a vida real. Resultado de pesquisa As informações resultantes do questionário de pesquisa apontam alguns dados que delineiam o nosso perfil quanto ao brincar durante a infância, bem como alguns aspectos ligados às funções clínicas da Ludoterapia e seus instrumentos inerentes. Dos profissionais pesquisados, havia algumas especialidades, dentre elas, da linha junguiana, psicanalítica e gestáltica.

Sobre a utilização e o porque da técnica ludoterápica, as afirmações indicaram a necessidade diante dos casos de tratamento psicológico e emocional, percepção do contexto familiar, na situação psicodiagnóstica e posteriormente na psicoterapia, para realizar aproximação e contato com a criança e estratégia de construção de conhecimento e auto-percepção. A indagação, “No seu entender teórico-prático, a criança se expressa por meio do brinquedo?”, nos posiciona que, sim, todos os profissionais alegaram afirmativamente quanto às crianças se expressarem através do brinquedo enquanto brincam. Sobre o efeito terapêutico da ludoterapia sobre a criança, foi possível perceber que, seis sétimos, em torno de 85% das crianças obtêm este resultado proposto pela técnica em questão. A pergunta “Em que colabora o brincar na formação da criança?”, os resultados mostram que, 38,9% dos pesquisados alegou que o brincar colabora na formação emocional, intelectiva, volitiva, social e física, e, de outro lado, concordando integralmente com as questões emocionais, intelectivas e sociais, descartando a volitiva e a física, montavam 61,1% dos entrevistados. Considerar o brincar como parte da psicologia preventiva do ser humano obteve o resultado de 100% nas respostas, destacadamente, aquela onde se ressalta o termo “fundamental”. Ao serem questionados quanto às formas de se brincar, qual teria os melhores recursos psicoterápicos para a criança, foi indicado que, 40% apontam as naturais, como o barro, as físicas e esportivas e as semiprontas e os jogos, 33,33% disseram ser as prontas, como a boneca, as manufaturadas, como a pipa e o playground, e, por último, 26,67% apontaram os eletrônicos. Discussão Da análise dos resultados obtidos desta pesquisa, relacionamos que no trabalho clínico, as pessoas que dele necessitam, visam buscar o eu (self) através de suas experiências criativas, e o instrumento brinquedo, em sua utilidade maior, o brincar fornecem dados variados e fundamentais, que, do ponto de vista da ludoterapia, há uma utilização mais específica quanto ao diagnóstico e a terapia com o auxílio desta técnica, mas é evidente que ela se abre em novas possibilidades conforme percebido em cada profissional. Possibilidades estas, que derivam do ambiente terapêutico, tais como facilitar o contato com a criança, expressão de sentimentos, construção de conhecimento e autopercepção, além de percepção do contexto familiar. A questão ludoterapia foi enfatizada no entender teórico-prático dos entrevistados, os quais concordaram, na sua totalidade, que a criança se expressa por meio do brinquedo. Foi notado que a maioria das entrevistas indicou que durante a ludoterapia clínica, a criança obtém algum efeito psicoterápico, constatação esta, dentro do ambiente técnico da psicoterapia. Indagamos se existiria algum efeito terapêutico na criança, apenas brincando, sem estar numa sessão, o que nos foi respondido, na sua maioria, que sim, a criança obtêm este efeito terapêutico. Alguns profissionais responderam que não, e outros que um pouco. Uma maioria indicadora de que o brincar natural, isto é, fora do cenário técnico, é gerador de efeito terapêutico, uma qualidade na vida das crianças que utilizam deste recurso tão antigo e nosso tema em voga. Dispomos que o brincar é por si mesmo uma terapia. Oferecer às crianças o brincar é em si mesmo uma psicoterapia que possui aplicação imediata e universal, e viabiliza a elas uma atitude social positiva com respeito ao brincar. No desenvolvimento da criança podemos encontrar agentes colaboradores, através do brincar, tais como o fator social entre eles, a construção desta convivência em sociedade, o desenvolvimento emocional e intelectivo, para todos os pesquisados, cabendo ainda, o desenvolvimento volitivo e físico para 38,9% deles. Conclusão A pesquisa revelou que o brincar natural tem expressivo efeito terapêutico por si só, além de auxiliador no desenvolvimento infantil, nas esferas emocional, intelectiva, social, volitiva e física, demonstrando a sua fundamental importância neste período riquíssimo do ser humano, ou seja, a sua própria estruturação, a base construtiva do que tenderemos a chegar no desencadear de nossas vidas, dando-nos o asseguramento necessário para a progressão natural do ciclo vital humano.

O encerramento deste trabalho, apenas abre, ainda mais, a discussão sobre uma temática tão importante de nossas vidas, pois que já fomos crianças em algum tempo, o brincar natural, os brinquedos que fazem parte de nosso desenvolvimento. Cabe lembrar ainda, que trabalhos nesta direção podem e devem apontar hipóteses para a questão do convívio social, elemento pelo qual apenas esbarramos, sem nos atermos, haja vista a sua enorme dimensão. Pesquisas que possam somar informações e valores de como ocorrem os relacionamentos entre as crianças atualmente, dentro de seu universo do brincar, fonte de estruturação também no campo do progresso humano. E, por fim, ressaltar a proposta e objetivo desta pesquisa, sinalizando para quem dela tome posse, que, aquilo que já intuitivamente sabíamos pela natureza das coisas e a própria experiência humana é trazido neste trabalho, pela pequena colaboração científica encontrada nele, que, o brincar natural, tem no mínimo, o poder de colaborar no desenvolvimento das crianças, servindolhes ainda, como fonte terapêutica natural. Referências: Arzeno, Maria Esther Garcia – Psicodiagnóstico clínico: novas contribuições, Porto Alegre, Artes Médicas, 1995. Cabral, Álvaro e Nick, Eva – Dicionário Técnico de Psicologia, São Paulo, Cultrix, 2000. Ginott, Hain G. – Psicoterapia de grupo com crianças: a teoria e a prática da ludoterapia, Belo Horizonte, Interlivros, 1979. Junqueira, Maria de Fátima Pinheiro da Silva – O brincar e o desenvolvimento infantil, http://www.saudedafamilia.hpg.ig.com.br, Rio de Janeiro. Klein, Melanie – Psicanálise da criança, São Paulo, Editora Mestre Jou, 2º edição em português, 1975. Molon, Fernanda Silva – O brincar na clínica infantil, http://www.sapereaudare.hpg.ig.com.br/, 2001. Winnicott, D.W. – O brincar e a realidade, Rio de Janeiro, Imago Editora, 1971.

Armando Correa de Siqueira Neto - Psicólogo Faculdade Paulistana de Ciências e Letras. retirado do site: psicopedagogia on line

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