Brincar E Tea.docx

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Introdução

Tendo em vista as dificuldades de comunicação e interação de crianças diagnosticadas com TEA, as relações que os outros estabelecem com ela podem mostrarse comprometidas muitas vezes desde o nascimento, ou assim que se evidencia o transtorno. Não se trata de culpabilizar pais e familiares, mas de considerar que os fracassos na interação se devem em boa parte ao modo como as pessoas próximas reagem à falta de respostas e de contato do autista, o que certamente afeta seu desenvolvimento, muitas vezes cristalizando o quadro já instalado. A brincadeira caracteriza-se como uma fonte de comunicação, pois até mesmo a criança que brinca sozinha, utilizando seu potencial imaginativo, conversa com alguém ou com seus próprios brinquedos → refletirá diretamente no desenvolvimento da linguagem O deficit do comportamento social é um dos deficit centrais no TEA, e surgem nos diferentes níveis do brincar. Alterações significativas no brincar já podem ser observadas no primeiro ano de vida Bosa (2002) discute a dificuldade que os outros têm para compreender a forma como os autistas comunicam suas necessidades e desejos, e argumenta que um olhar mais atento permite observar o grande esforço que esses sujeitos despendem para encontrar recursos que propiciem a compreensão do que estão expressando. Numa análise minuciosa de registros de filmagem, a autora verificou que o olhar que dirigem para as pessoas, muitas vezes descrito como quase ausente, é na verdade mais frequente do que se imagina, particularmente nas situações em que a criança necessita do adulto. Entretanto, são olhares breves e quase imperceptíveis. Essa característica e a baixa frequência podem ser interpretadas pelo adulto como uma incapacidade de entender “a função comunicativa do olhar” para compartilhar experiências com as pessoas. Bosa (2002) enfatiza “que essa suposição parece trivial, mas faz uma diferença quando aplicada em um contexto de intervenção com os pais: não olhar porque não compreende a extensão das propriedades comunicativas do afeto e do olhar é diferente de não querer olhar” Algo semelhante ocorre na esfera da brincadeira, como mostra o estudo de Bagarollo (2005), referenciado na abordagem histórico-cultural. Assim como as ações da criança são percebidas como movimento e manipulação sem sentido, a mãe e as pessoas próximas vão deixando de significá-las. Como resultado, persiste um brincar limitado e

empobrecido, já que possíveis transformações não são incentivadas. Então, salienta a autora, instala-se um círculo vicioso em que o diagnóstico leva à atuação guiada pela crença nos limites circunscritos pelo diagnóstico, o que, por sua vez, faz estagnar o nível de funcionamento psíquico, ao invés de elevá-lo, “confirmando” as características previstas. A característica central do brincar está no fato de que a criança aprende a agir no campo da significação ao invés de se restringir ao campo perceptual, dependendo mais de suas motivações que das características dos objetos externos. Assim, o campo percebido perde sua força determinante e a criança passa a agir de maneira diversa frente àquilo que vê, operando com significados libertos das características dos objetos e das ações às quais estes estão habitualmente vinculados.

AÇÕES Devemos oportunizar espaços onde o simbólico pode acontecer: brincadeiras de representação, como, por exemplo, as brincadeiras de faz de conta, como super-heróis dentro de uma trama de pega-pega, brincar de “comidinha”, com utensílios de brinquedos, imitação, o jogo compartilhado, o aprofundamento de vínculos, a representação de papéis sociais, a expectativa gerada no outro e com o outro, entre outros comportamentos e reações pouco presentes nos comportamentos de crianças com TEA. Autismo leve → a proposta de brincadeiras livres, para as quais não existe um final pré estabelecido, com regras mais flexíveis e com um caráter mais maleável Já para crianças que igualmente estão dentro do Espectro →construir um brincar que consequentemente as organize mais, visto que sua extrema desorganização reflete-se em sua postura ao brincar (por exemplo, postura de prono, rodopiando junto ao objeto que manipula em círculos). O jogo se apresenta como proposta de brincar mais organizado e estruturado, com começo, meio e fim, objetivos e regras pré-estabelecidas, com caráter previsível. O jogo tem uma sequência, uma previsibilidade, o que pode ser trabalhado com a perspectiva do planejamento. Isso pode ser ampliado para as AVD’s (Atividades de Vida Diária), na qual a criança passa a se organizar em seu autocuidado, Famílias que, naturalmente, utilizam-se do brincar como meio de conhecer seus filhos, de estimular e trabalharem comportamentos que podem ser flexibilizados

processual e gradativamente, o que as possibilita ter um maior repertório de estratégias para lidar com esses comportamentos disruptivos. “Todas as maneiras de brincar podem ser transformadas na forma e conteúdo no sentido de atender às necessidades dos sujeitos que brincam” (Vasconcelos, 2005). Brincadeiras ensaiam por exemplo situações de interação social 

Crianças com TEA apresentam:  Comportamentos repetitivos e restritos que se mostram nas brincadeiras  Atenção especial em detalhes  Desejo de explorar texturas de maneiras diferentes (cheirar, colocar na boca- alt. Sensoriais)  Simbolização: como faz o uso? Fantasiar e criar em cima das situações  Não deixar de brincar!!!  observe como a criança usa o objeto e mostrar promover como realmente se pode brincar – fique atento à brincadeira...atenção e maneira mais dirigida, seja fácil de interagir, natural, espontâneo; pega na mão, verbalize, sente no chão com a criança para brincar  Reciprocidade: não deixar isso acontecer



engaje no interesse para ampliar o repertório

Jogo simbólico

Partindo de brincadeira proposta ou iniciada pela criança, ou a partir de brinquedos estruturados que disponibilizamos para ela, propor ações representativas ou que se utilizem do faz de conta despertam a atenção e interesse dela, envolvendo-a em um jogo de imitação, no qual a linguagem é bastante estimulada. Materiais como cestas de alimentos de plástico, pratinhos, garfinhos e colheres, copos, utensílios de casa em miniatura, podem ser bastante utilizados nos jogos de representação. Brinquedos não estruturados podem entrar facilmente na cena lúdica do jogo simbólico, bastando apenas dar vazão à imaginação, criatividade e envolvimento. Jogos teatrais e de dramatização.

Atividades lúdicas com recursos de Integração Sensorial

Vivências e experiências sensoriais de acordo com suas demandas específicas, sempre explorando o sistema que encontra-se mais afetado. Porém, em geral, atividades com malhas e tecidos, texturas diferenciadas (areia, argila, massinha, espuma de barbear, geleia, etc.), alguns alimentos crus ou cozidos, discos de propriocepção, balanço e estimulação sensorial (com creme hidratante), dentro de um universo lúdico e permeado pelo brincar, se configuram como atividades com ótimo impacto em relação à modulação sensorial de crianças com TEA em todos os sistemas: tátil, vestibular, proprioceptivo, audição, visão e olfação. A utilização de músicas nesses momentos é bastante apropriada para favorecer o ambiente lúdico e acolhedor para essas propostas.

Jogos e brinquedos de construção

Blocos de encaixe: blocos ou peças que servem para serem empilhados de forma a possibilitar construções. Favorecem o desenvolvimento da concentração e da atenção; de movimentos amplos e finos; da coordenação viso motriz; de paciência e de perseverança; da independência; do sentimento de realização que reforça a autoimagem; do pensamento abstrato; reconhecimento de semelhanças e diferenças; encorajamento a soluções de problemas e a formulação de projetos; satisfação de inventar, construir, destruir e transformar, entre tantos outros.

Músicas, som, linguagem e movimento.

Explorar os instrumentos musicais é um canal muito bom para se trabalhar a atenção, interesse e potencial exploratório desses objetos através dos sons que cada instrumento faz (como tambor, teclado, maracas, pandeiro/pandeirola, xilofone, entre outros). Brincadeiras que envolvem canto e movimento são oportunidades para explorar o corpo e experimentar diferentes sensações. Brincadeiras de mãos, em que o adulto está olho no olho com a criança, chamam muito a atenção dos pequenos, que tenderão, naturalmente, a repetir os sons e imitar os movimentos. O mais

importante, porém, é que nesse tipo de brincadeiras formam-se vínculos e comunicação entre as duas partes (FRIEDMANN, 2011, p. 129).

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