Boletim Do Pcb 02.12.09

  • June 2020
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PCB

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Partido Comunista Brasileiro N° 134 – 02.12.2009

Já os bancos e a Sadia... Dia da Reforma Agrária Governo aderiu aos ruralistas

30 de novembro, o Dia da Reforma Agrária no Brasil, foi completamente ignorado pela imprensa burguesa, descaradamente corrompida pela censura aos movimentos populares. A data foi também ignorada pelo governo, que vai reduzir em 2010 para 900 milhões o crédito-instalação aos assentados da reforma agrária, para o apoio e subsistência das famílias até a primeira colheita.

O Banco do Brasil injetou R$ 5,8 bilhões nos bancos Votorantim, Safra e Alfa durante a crise financeira. Também socorreu a Sadia, que se perdeu por má gerência, com um empréstimo de R$ 900 milhões. Exatamente o total previsto para o créditoinstalação para a Reforma Agrária em 2010 para uma só empresa! O Banco do Brasil também está comprando bancos falidos, que é uma forma de salvá-los da bancarrota.

O crédito-instalação vem sofrendo enxugamento orçamentário anualmente. Em 2008, recebeu R$ 1,4 bilhão. Em 2009, R$ 1,2 bilhão. E para 2010 foram anunciados apenas R$ 900 milhões. Ao mesmo tempo, os ruralistas são atendidos em sua exigência para renegociar 1,5 bilhão de reais em dívidas

Lembre-se: em Cascavel, nós somos a Revolução! Prefeito e vereador, não tirem o couro do trabalhador

Abaixo o tarifaço! Passe Livre e tarifa mais baixa: Lotação é direito Lotação é serviço público

O caos do trânsito nos danará a todos?

Alceu A. Sperança* Capinzal. Simpática cidade do interior catarinense onde meu tio-avô José Formighieri abastecia o Exército com mantimentos e onde nasceram Érico Marcon e Olga Bongiovanni. Desde que acompanho, a cidade tinha uma tarifa de lotação de 65 centavos. Foi reajustada para 0,75, depois 0, 80 e agora está em um real. O volume de passageiros aumentou significativamente desde que a Prefeitura assumiu o transporte coletivo urbano em lugar das empresas ávidas por grana, e mais gente usando e pagando viabiliza ainda mais o sistema. É possível, portanto, baratear o lotação sem ter que fazer tarifaços e caça desenfreada às carteirinhas dos direitos conquistados. Tarifaços resolvem o problema de caixa do sistema no momento, mas o volume de usuários tende a cair com a transferência de mais pessoas para o transporte individual. Assim, aumentar tarifa e cortar direitos não valem como solução duradoura. Ao contrário, apressam a aniquilação do sistema. O transporte individual é, com os assaltantes, a carga tributária e político safado, o grande inimigo do cidadão. Mais de 500 carros por dia são incorporados às ruas de São Paulo, que terão quase 10 milhões de carros em 2024, ao ritmo atual. Nos EUA, calcula-se que os engarrafamentos fazem o país perder 10 bilhões de dólares por ano, sem contar os prejuízos econômicos da poluição atmosférica dos automóveis, que atinge em cheio a agricultura e contribui para a morte de lagos, rios e florestas.

Quer dizer, o automóvel arrebenta o agronegócio e ameaça o planeta. Nem ruralista egoísta aguenta isso. Chinês nem a pau gasta 200 mangos por mês em mobilidade, para ir trabalhar ou estudar. E se os chineses resolvessem asfaltar a mesma quantidade de solo por habitante que os EUA, seriam cobertos de pedra e piche 64 milhões de hectares, mais de 40% da superfície agrícola chinesa. Nosso camaradinha chinês teria que comer telefone celular e chips de computador. Ou importar comida. Vivemos a civilização do petróleo, ou seja, dos engarrafamentos de trânsito, do efeito estufa, da chuva ácida e dos atropelamentos de gente que quer fazer uma coisa bem simples: atravessar a rua. Escrevia Cesar Bráulio, no Diário da Tarde, de Curitiba, em 6 de janeiro de 1913: – Aí vêm os (bondes) elétricos, para terminações de martírio desses infelizes irracionais (mulas de carroças) e com esse próximo acontecimento desaparecerá, também, o resto de indolência do nosso povo, que atravessa vagarosamente as ruas, faz ponto no meio das mesmas, atravanca as calçadas e as esquinas; ficará sendo um povo ativo, às direitas, fugindo dos bondes velozes, apertando o passo para apanhá-lo nos pontos de parada, não obstruindo mais os passeios, etc, etc, será um verdadeiro circulez parisiense. Esse aprazível cenário de ruas curitibanas sem carroças e burros e com veículos elétricos degringolou para a realidade atual de que os acidentes urbanos ostentam números similares aos de uma guerra militar sangrenta. Causam perdas ao redor de 30 milhões de dólares por semana. Mas dá pra calcular o valor das vidas perdidas e pôr etiqueta de preço na dor de famílias desestruturadas?

Pesquisa na Alemanha mostrou que uma bicicleta comum exige de seu proprietário cerca de 22 calorias por quilômetro rodado. Caminhada de 1 km consome 62 calorias, trem gasta 550 calorias por passageiro/km, ônibus 570, e um automóvel com um só ocupante gasta 1.150 calorias/km.

Torrar energia à toa não é crime? Isso fez a pátria de Marx subsidiar o transporte coletivo para ser melhor e mais barato. E também por aqui, como em Londres, logo virá o pedágio urbano, aproveitando a estrutura das zonas azuis, até alguém finalmente se tocar que transporte barato é inclusão social: pobre prefere ir a pé antes de entrar em lotação e pagar mais de oito reais ao dia. Esses R$ 8 fazem falta para as contas do mês. Nossos vereadores se sacrificam indo à Europa em busca de nobres propostas para fazer suas cidades avançar. Que tal uma visitinha a Capinzal? Lá verão como é que os catarinas conseguem ter um lotação de 1 real – com passe livre a idoso e deficiente e meio-passe, sem frescuras e exigências bestas, aos estudantes. Meio-passe, aliás, que deveria ser na verdade o passe inteiramente livre, viu, DCE? O transporte público é caro, aqui, em Londres ou Nova Iorque, mas o custo não deve ser repassado aos mais pobres. Ou ele barateia e melhora, para ser alternativa saudável ao caos urbomobilístico, ou nos danaremos todos.

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– *Alceu A. Sperança – Escritor, membro do Comitê Municipal do PCB de Cascavel

Brasil: um país comandado por máfias

Waldemar Rossi* É raro o dia em que, abrindo os jornais do País (sejam eles da mídia conservadora, sejam dos poucos jornais de esquerda), não encontramos notícias sobre a atuação das máfias, que, se já existiam antes, prosperaram muito mais a partir da ditadura militar, e que continuam a prosperar nesses novos tempos em alta velocidade. Há aquelas que são desmascaradas, como as do "sanguessuga", do "cuecão", do "mensalão", dos "aspones" nomeados pelos seus padrinhos, ganhando altos salários sem trabalhar. Esses casos reaparecem constantemente na imprensa porque não mexem com os gordos interesses das grandes empreiteiras, por exemplo, mas servem de aquecimento para a venda de jornais e revistas. Ainda hoje, 27/11/09, deparo com mais uma: a máfia da merenda escolar do Estado de São Paulo. Esta última informação revela como empresas, mancomunadas com políticos municipais e possivelmente com gente do governo do estado, se organizam para roubar o dinheiro e com ele enriquecerem seus proprietários e políticos - políticos que foram eleitos para defender os interesses populares. Mas há muitas outras, porém, que não são catalogadas pela mídia como máfias. Muitas delas são mantidas em sigilo porque são patrocinadoras dos órgãos de comunicação. Compram o silêncio da mídia com caras publicidades diárias. Peguemos o caso do acidente que atingiu um trecho do rodoanel, em construção em torno da cidade de São Paulo. Os fatos mostram que as empresas responsáveis pela obra terceirizaram seus trabalhos e concordaram com a redução de material a ser empregado a fim de baratear a obra e, assim, aumentar seus já fabulosos lucros. Se analisarmos bem o fato e buscarmos casos semelhantes em obras do estado, confrontar-mos-emos com outro grave acidente: o desmoronamento de uma estação do metrô na região de Pinheiros.

Constatado o mesmo procedimento: reduzir o emprego de material para baratear a obra, a fim de aumentar os lucros. No primeiro caso, pessoas ficaram feridas e, por "milagre", não houve mortes. No caso da estação do metrô, infelizmente para os operários não se repetiu o "milagre": gente morta. Nos dois casos, já de cara a perícia mostrou que houve adulteração do projeto e apontou os responsáveis. Mas em nenhum momento a mídia fez questão de ligar os fatos revelando o mesmo procedimento em ambos os casos e, inclusive, que algumas empresas envolvidas estão presentes nas duas obras. Obras que foram contratadas pelo governo paulista e que, apesar da gravidade do fato – já que os usuários das duas obras correrão riscos com possíveis futuros acidentes -, no caso do metrô ninguém verdadeiramente responsável foi punido, as empresas não tiveram os contratos suspensos, como deveria ocorrer se justiça fosse feita e a ética respeitada, malgrado o grau do crime contra a vida do povo. Alguém acredita que no caso do rodoanel haverá punição? Onde está a responsabilidade do senhor governador e seus secretários? Como vai se comportar a justiça diante desse atentado contra os interesses e a vida dos futuros usuários? A máfia, no caso, envolve empresas, governo e, ainda que indiretamente, a própria mídia que, embora caminhe na revelação dos acidentes, não faz a relação mafiosa como o faz no caso dos escândalos do Congresso Nacional. Divulga detalhes muitas vezes com versões diferentes sobre as causas dos acidentes lançando confusão na cabeça do povo - isto enquanto o fato lhe der manchete, venda de jornais ou "Ibope". Depois se cala. Alguém pode dizer que o caso do metrô foi levado adiante? O fato já morreu.

Operários também e todos estão enterrados. Esse, aliás, o destino das falcatruas que estão presentes em todos os contratos de obras entre governos estaduais, municipais, entre o governo federal e a máfia das empreiteiras que, ao lado da máfia do latifúndio, manda e desmanda nas políticas públicas brasileiras. Matar e enterrar o fato para que o povo dele se esqueça. E, para garantir que seus interesses não serão afetados, as empresas compram o silêncio também dos políticos com gordas propinas que custeiam suas campanhas eleitorais. Enquanto isto, alguns movimentos sociais que se dizem representantes dos interesses populares, tendo alguns dos seus representantes pendurados nos cabides oficiais e bem remunerados, permanecem em silêncio comprometedor porque não pretendem "ser empecilhos" aos governantes, seus patrões. Com isto garantem suas mamatas! Felizmente vamos percebendo reações populares que vêm ocorrendo com maior freqüência a partir das bases sociais: greves vêm ocorrendo com maior intensidade em várias áreas da atividade assalariada, movimentos pela punição de políticos envolvidos em crimes das mais variadas naturezas estão ocupando espaços na vida da nação, debates se fazem em torno dessas e de outras questões em universidades e escolas secundárias. Enfim, nem tudo está definitivamente morto neste país. Mas é preciso intensificar o processo de esclarecimento do povo, utilizando para isto todos os meios disponíveis e buscando criar outros. Debates em comunidades e escolas, multiplicação de grupos culturais de protesto, organização de pequenos, mas atuantes grupos locais para defesa das suas reivindicações, criação de pequenos jornais comunitários, reprodução de notícias em panfletos... São passos possíveis e que poderão alavancar um movimento de protestos ainda maior, capaz de abalar a confiança dos exploradores do povo e fazer

renovar as esperanças, a organização e a ação coletiva das forças populares. ––––––––––––––––––––––––––– * Waldemar Rossi – Metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo Este espaço está sempre aberto para artigos e manifestações da comunidade Na Internet, acompanhe uma nova experiência de socialização da informação: http://guizovermelho.dihitt.com.br

Vídeos revolucionários: Veja a emocionante homenagem a Che Guevara, pela cantora Nathalie Cardone: http://www.youtube.com/watch?v=NdRip7nmTTo Os Eremitas e a origem do trabalho: http://www.youtube.com/watch?v=QEfQhhHNEOE ORKUT: PCB de Cascavel http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=15747947519423185415 Comunidade: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=54058996

Contra o trabalho escravo no Brasil e no mundo

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