DE JOÃO DE NORONHA Na nossa comunidade parece estar na moda o recurso a “cartas e/ou mails” anónimos para denegrir a imagem de pessoas e instituições. Normalmente para atacar quem tem sucesso ou apenas trabalha para ter uma vida melhor, para si e para os seus. Muitos de nós temos feito vista grossa ao assunto, mandamos para o lixo as cartas e apagamo-las do nosso correio electrónico. Contudo, muitos são os que, baseados em falsidades, fazem correr a notícia, concretizando os intentos de todos os que cobardemente se escondem por detrás das palavras, sem corpo e sem cara. Há, pois, que alterar este processo de difamar. Porque quem tem provas convictas sobre abusos ou corrupção não tem medo de subscrever a sua queixa. Quando recorre ao anonimato é por saber que o que escreve é falso. Método tão comum entre cobardes e oportunistas... Durante todo o tempo em que estive à frente deste jornal, muitas foram as cartas e correio electrónico recebidas, enviadas por esse tipo de “gente” e sempre as ignorámos e as remetemos para o cesto dos papéis. Neste momento tivemos acesso a uma outra que circula, sobre pessoas importantes da nossa comunidade, onde se vai longe demais e se acusa sem pudor e sem provas. Faz-nos lembrar todos aqueles (e alguns ainda vegetam na nossa comunidade), que se esconderam atrás da PIDE para entregar e enviar para a cadeia conhecidos, amigos e familiares. No essencial, o sistema político mudou em Portugal, falta agora educar os portugueses no processo... porque infelizmente a cobardia é uma cultura que temos para dar e vender. Na passada quinzena falei sobre uma entrevista do cônsul geral em Londres a um jornal que aparece uma vez por ano na nossa comunidade. Nós também quisemos fazer uma entrevista ao embaixador e ao ex-cônsul geral, mas foi-nos recusada. Assim como também foi recusada a entrevista ao secretário de estado da emigração. Que por acaso até nos pediu as perguntas antecipadamente - mas que achou impróprias para responder. Sabemos que, tal como o elefante, incomodamos
compadrio é a nota do dia-a-dia na maior parte dos media portugueses. Por isso, aqui a imprensa é respeitada e constitui o 3º poder, e em Portugal, enquanto não houver coragem, a mesma não passa de um emprego a qualquer preço... Afinal, cada um tem o se preço certo!
muita gente e, por isso, tudo foge a responder às perguntas que, em todo o lugar e em toda a parte, os portugueses gostariam de ver respondidas. Na verdade, a falta de ética e coragem são uma constante das nossas entidades e dos detentores de cargos de confiança política. Até porque há uma carreira a defender. Ainda esta semana, quem viu as duas entrevistas – dos primeiros ministros português e britânico – percebe bem a diferença entre os jornalistas portugueses e ingleses. A entrevista a Sócrates parecia feita por encomenda. Respondeu quando e como quis. Ninguém o interrompeu e lhe disse que as respostas, em geral, não respondiam à perguntas. Ninguém o importunou com temas “quentes” e “polémicos”. Ninguém está pronto a pôr o seu lugar em causa e todos pactuam com o poder, porque em Portugal já ninguém tem vergonha. O peso dos euros está acima de qualquer ética jornalística. E para isso bastava ouvir, ler e comparar as entrevistas de Gordon Brown à BBC e ao Observer. Não há rendilhados nem contemplações. Tudo é nu e cru e os políticos daqui estão preparados a responder, sem rodeios. O
Os bilhetes de identidade portugueses falsos voltaram a circular nas ruas de Londres e não só. Claro que, pelo teor dos mesmos, que vimos na BBC, é fácil constatar que são falsos, tal são os erros e calinadas no português. Contudo, isto faznos pensar... não há muito recebemos uma carta de um cidadã angolana, naturalizada portuguesa, que se queixava do atendimento consular, onde passou meses para conseguir os seus intentos - a emissão de um passaporte. Na carta que temos em nossa posse, esta cidadã contava que após as três horas da tarde, viam-se pessoas conhecidas no seio da comunidade, mas alheias ao corpo consular, passear documentação de um lado para o outro. Depois, a prepotência como somos muitas vezes tratados e a forma como se evita tomar as decisões necessárias mas polémicas, para mudar o rumo dos acontecimentos, continua a fazer-nos pensar - quem fiscaliza o nosso corpo diplomático? A forma como se ignora a comunidade portuguesa residente no Reino Unido e como se dá a volta ao mais evidente dos factos, na razão expressa do total desinteresse e desrespeito pelos imigrantes portugueses. Quem fiscaliza? Como é que queixas contra os cônsules e embaixadores, efectuadas por elementos da nossa comunidade, vêm parar à mão, para decisão final, dos próprios visados? Mas que estado de direito temos nós? Quem fiscaliza? Ninguém! Hoje estamos perto da rotação do corpo diplomático no Reino Unido e, tal como o ano novo, não vale a pena fazer o balanço. Tal como o Solnado dizia numa célebre anedota de um vendedor de banha da cobra: “Vamos embora, Bobby, que já enganámos outro!” No passado dia 10 fez um ano em que The European Challenge arrendou um prédio em Thetford e o transformou no
primeiro grande Centro Comunitário Português no Reino Unido. Não foi um ano fácil para o TEC. Primeiro, porque estávamos perante um projecto arrojado e difícil de gerir, especialmente por uma mão cheia de portugueses. Até hoje nem as autoridades portuguesas nem as inglesas os aceitaram como instituição de apoio portuguesa e as guerras à volta do centro têm-se tornado o “centro” da atenção de toda a comunidade portuguesa na área. E por isso mesmo o sucesso e a adesão de uma importante faixa de famílias portuguesas. Famílias que vêm de todo o lado, inclusive de Londres. Primeiro, porque na META já este grupo tinha desenvolvido uma operação por todos reconhecida, mas também porque o apoio dado é feito de uma forma com que a maioria dos portugueses se identifica e reconhece. Neste jornal Susana Forte Vaz é uma das figuras mais destacadas - com todo o mérito, pois tem sido ela o grande vector para o êxito do centro. Uma obra de
peso que no tempo irá com certeza mudar mentalidades e comprovar a competência e rigor de um grupo de portugueses teimosos e dedicados a promoverem o bem comum. Um pensamento a terminar, incluído na entrevista a Susana no jornal: “não temos culpa dos insucessos dos outros” - nada mais certo do que esta frase, que nos faz pensar o porquê de tanta perseguição... PUB.