728-text (hidden Authors)-1551-1-10-20180131

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OBSERVAÇÃO SOBRE OS ASPECTOS HEMATOLÓGICOS DE TILÁPIA, Oreochromis niloticus (OSTEICHTHYES: CICLIDAE), CAPTURADA EM CULTIVOS NA REGIÃO DE PIRAÍ, RIO DE JANEIRO, BRASIL* Renato Clapp do Rego Barros1+, Nádia Regina Pereira Almosny2, Eliana de Fátima Marques de Mesquita3 e Rodolpho de Almeida Torres Filho1 ABSTRACT. Barros R.C. do R., Almosny N.R.P., de Mesquita E. de F.M. & Torres Filho R. de A. [Hematological aspects of tilapia, Oreochromis niloticus (Osteichthyes: Ciclidae), captured from cultivated areas of Piraí in the State of Rio de Janeiro, Brazil]. Observação sobre os aspectos hematológicos de tilápia, Oreochromis niloticus (Osteichthyes: Ciclidae), capturada em cultivos na região de Piraí, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 34(3):183-187, 2012. Departamento de Zootecnia, Laboratório de Aqüicultura, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Rua Dr. Vital Brazil Filho, 64, Niterói, RJ 24230-340, Brasil. E-mail: [email protected] The hematological values give a diagnostic support to find out the type of disease that is spreading into the population or individual, and also the evolution of it. Studies in blood cells of several species are rare. This research has the objective of a comparative study on fishes’ hematology, in order to obtain patterns to be used in tilapias, Oreochromis niloticus, examinations commercialized and cultivated in Piraí region, Rio de Janeiro state. Fifty blood samples were analyzed and hematological determination was done. The hematocrit (Ht or HCT), hemoglobin, hematimetric reference values, VHCM and CHCM show variation among the samples. It was observed that thrombocytes, monocytes and lymphocytes were high. The hematocrit was the minor average variation index. KEY WORDS. Hematology, Tilapia, commercialized and cultivated fishes.

RESUMO. Os valores hematológicos oferecem a possibilidade de apoio diagnóstico para se descobrir que tipo de enfermidade está acometendo o indivíduo ou uma população, e uma avaliação da evolução da mesma. Entretanto, raros estudos têm sido desenvolvidos no sentido de diferenciar as células sanguíneas nas várias espécies. Com o objetivo de realizar um estudo comparativo na hematologia de peixes, foram realizados exames na espécie tilápia, Oreochromis niloticus, comercializada e cultivada por produtores da região de Piraí, Rio de Janeiro. Foram analisadas 50 amostras de sangue e realiza-

da a determinação hematológica. Entre as amostras dos valores de hematócrito, hemoglobina, hematimetria, VHCM e CHCM ocorreram variações. Foram, também, verificados aumento nas taxas de trombócitos, monócitos e linfócitos, sendo que o hematócrito foi o índice de menor variação média. PALAVRAS-CHAVE. Hematologia, tilápia, peixes comerciais cultivados.

INTRODUÇÃO Os valores hematológicos oferecem também a possibilidade de um apoio diagnóstico para se des-

*Recebi em 8 de novembro de 2011. Aceito para publicação em 23 de fevereiro de 2012. 1 Médico-veterinário, M.Med.Vet., Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária (FV), Universidade Federal Fluminense (UFF), Rua Dr. Vital Brazil Filho, 64, Niterói, RJ 24230-340, Brasil. +Autor para correspondência. E-mail: renatoclapp@ yahoo.com.br 2 Médica-veterinária, Dr.CsVs. Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, FV, UFF, Rua Vital Brazil Filho, 64, Niteroi, RJ 24230-340. E-mail: [email protected]

Médica-veterinária. Dr. Zool. Departamento de Tecnologia de Alimentos, FV, UFF, Rua Vital Brazil Filho, 64, Niteroi, RJ 24230-340. E-mail: [email protected] 3

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Renato Clapp do Rego Barros et al.

cobrir que tipo de enfermidade está acometendo o indivíduo ou uma população, e uma avaliação da evolução da mesma. Sabe-se que a composição morfológica do sangue em sua expressão quantitativa e, possivelmente, qualitativa, apresenta certos aspectos característicos de adaptação ao meio de vida na água. O objetivo do presente trabalho é realizar um estudo qualitativo e quantitativo da hematologia de peixes, visando traçar o perfil sanitário e hematológico dos criatórios de tilápias comercializadas por produtores do Médio Paraíba, Rio de Janeiro, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Em relação à contagem global de leucócitos (leucometria global em mm3) e trombócitos (mm3), em primeiro lugar foi feita a contagem de trombócitos e leucócitos juntos na câmera de Neubauer. Em seguida, ao ser examinado o esfregaço corado com panótico foi determinado o percentual de trombócitos e leucócitos para obter-se o valor global individual de cada um destes. As extensões sangüíneas foram coradas por um minuto usando corante panótico, lavadas em água corrente e postas a secar por 24 horas. Foram contadas 100 células em cada extensão, estabelecendo-se o percentual de cada componente celular. A espécie Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), cultivada na região do Médio Paraíba, Rio de Janeiro, Brasil (latitude 22°37’45’’ S e longitude 43°53’ W), foi estudada. O tipo de cultivo adotado é o de tanques escavados com e sem aeradores, e a despesca é realizada nos criatórios da região (Mello 2004). Entre janeiro e julho de 2008 foram realizadas capturas por rede de arrasto e análise hematológica de 50 exemplares de tilápia do Nilo, O. niloticus, aparentemente sadios, provenientes de propriedades na região. Após contenção manual foi efetuada a biometria. O Comprimento Total (CT), co-relacionado com as demais características biológicas (o peso, a idade e a maturidade sexual), foi medido com um ictiômetro ou régua milimetrada. O Comprimento Standard (CS) foi também efetuado, apesar de não ser uma medição rápida. Após a devida contenção e posicionamento do animal na mesa, a antissepsia do local de punção era realizada. As coletas das amostras mensalmente era feitas por punção venosa da veia caudal utilizando-se seringa de 3 mL dotada de agulha 27 G X ½ 184

(Nissho Nipro Corporation Ltd.). Eram acondicionadas em dois frascos de plástico tipo eppendorf, um deles contendo EDTA e o outro heparina. Após coleta, eram confeccionados esfregaços sanguíneos. A determinação do hemograma foi realizada no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Federal Fluminense, segundo Almosny et al. (1993) e Almosny & Santos (2000). A análise dos parâmetros físicos da água dos tanques de cultivo e da ração usada pelos criatórios foi obtida através de dados coletados diretamente da Associação Peixesul no período entre janeiro a julho de 2008, na região de Piraí, Rio de Janeiro. Sendo utilizados na análise da água os parâmetros: phmetro ou papel de pH (pH); termômetro ambiental (temperatura), oxímetro (taxa de oxigênio dissolvido), disco de Secchi (turbidez) e kit para determinação de amônia. Na coleta foram avaliados a temperatura da água (com termômetro de bulbo), a concentração de oxigênio dissolvido (com oxímetro), o pH, a alcalinidade (pelo método colorimétrico) e a transparência (com disco de Secchi). A hematimetria foi medida pelo Coulter® e confirmada pelos dados manuais. Em relação às características de manejo utilizadas nas diferentes propriedades, as mesmas utilizam ração de um único tipo com teor protéico adequado ao crescimento. Os alevinos são provenientes de um único fornecedor e têm como objetivo o crescimento, engorda e posterior abate desses animais. O processo de adubação como forma de enriquecimento orgânico não é utilizado nos criatórios analisados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os animais analisados apresentavam um peso médio de 441 ± 146g, comprimento total de 28,43 ± 2,67 cm e comprimento standard de 24,44 ± 2,35cm. Durante o período da pesquisa, a água dos tanques de cultivo apresentou: pH 7,0; amônia dissolvida 0,5 mg/L; oxigênio dissolvido 7,18 µg/L; permanecendo dentro dos padrões recomendados (informação verbal)4. Neste estudo, os valores encontrados para a taxa de hemoglobina foram semelhantes aos encontrados em O. niloticus (Tavares-Dias & Faustino 1998, Tavares-Dias et al. 2000a), O. aureus (Allen 1993), O. mossambicus (Nussey et al. 1995), T. sparrmani (Wepener et al. 1992) e T. rendalli (Tavares-Dias et Comunicação feita por Kleber Russoni Poltronieri em 2008 na região de Piraí, Rio de Janeiro, Brasil. 4

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Observação sobre os aspectos hematológicos de tilápia, Oreochromis niloticus (Osteichthyes: Ciclidae), capturada em cultivos na região de Piraí, Rio de Janeiro, Brasil

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da concentração de hemoglobina (Hb), Hematócrito (Hct) e CHCM em diferentes tilápias.

Espécies Hb (g/dL)

Parâmetros Referências Hct (%) CHCM (g/dL)

Oreochromis niloticus 9,77 ± 1,54 29,55 ± 5,36 32,98 ± 2,60 Presente trabalho O. niloticus 8,5 ± 1,9 30,6 ± 5,0 28,9 ± 9,7 Tavares-Dias & Faustino 1998) O. niloticus 9,3 ± 3,4 28,6 ± 7,3 33,8 ± 15,3 Tavares-Dias et al. (2000a) O. niloticus 7,0 ± 0,4 27,8 ± 1,6 27,8 ± 1,7 Ueda et al. (1997) O. niloticus 6,4 ± 2,5 32,3 ± 3,8 20,2 ± 6,1 Alkahem (1994) O. aureus 5,0 ± 0,7 30,6 ± 4,3 17,7 ± 2,9 Silveira & Rigores (1989) O. aureus 9,3 25,6 39,7 Allen (1993) O. mossambicus 8,1 ± 3,2 28,0 ± 6,1 33,0 ± 8,6 Nussey et al. (1995) O. mossambicus x 7,3 ± 0,4 30,4 ± 2,3 24,1 ± 2,0 Lea Master et al. (1990) O. macrochir O. hornorum x 7,3 ± 1,3 28,3 ± 5,3 26,4 ± 5,1 Tavares-Dias et al. (2000b) O. mossambicus O. niloticus x O. aureus 6,8 ± 0,6 29,1 ± 1,2 40,3 ± 8,5 Shiau & Lung (1993) Sarotherodon melanotheron 7,3 ± 0,4 30,8 ± 2,7 23,8 ± 2,0 Lea Master et al. (1990) Tilapia sparrmani 10,7 ± 2,0 33,7 ± 3,1 17,0 ± 1,8 Wepener et al. (1992) T. rendalli 7,3 ± 4,0 29,2 ± 6,9 23,9 ± 8,0 Tavares-Dias & Moraes (2003)

al. 2003) (Tabela 1). No entanto, os valores da taxa de hemoglobina desta pesquisa foram superiores ao encontrado em O. niloticus (Alkahem 1994, Ueda et al. 1997); O. aureus (Silveira & Rigores 1989), O. mossambicus x O. macrochis (L Master et al. 1990), O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), O. niloticus x O. aureus (Shiau & Lung 1993), Sarotherodon melanotheron (Lea Master et al. 1990) (Tabela 1). Os valores do hematócrito (Hct) e da CHCM encontrados foram semelhantes àqueles descritos em O. niloticus (Tavares-Dias & Faustino 1998; Tavares-Dias et al. 2000a); O. mossambicus (Nussey et al. 1995), O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), O. niloticus x O. aureus (Shiau & Lung 1993), Tilapia sparrmani (WEPENER et al. 1992) (Tabela 1). Há, no entanto, diferenças entre os valores achados (Hct e CHCM) e os que foram encontradas na literatura, em O. niloticus (Ueda et al. 1997). Em relação à CHCM foram descritos valores menores para O. niloticus (Alkahem 1994), O. aureus (Silveira & Rigores 1989), O. mossambicus x O. macrochir (Lea Master et al. 1990), e Tilapia rendalli (Tavares-Dias & Moraes 2003). Em relação ao Hct de O. aureus, que apresenta valor diminuído não se tem desvio padrão (Allen 1993). A concentração de hemoglobina (Hb) e a CHCM variam inter e intraespécie, sendo que tais variações podem ser atribuídas a fatores exógenos como a temperatura, concentração de oxigênio dissolvido na água, ciclo sazonal, estresse e a fatores endógenos como o sexo, estágio de maturação gonadal, estado nutricional e doenças (Ranzani-Paiva 1991). O hematócrito foi o índice de menor variação Rev. Bras. Med. Vet., 34(3):183-187, jul/set 2012

média encontrada (25,6 a 33,7%) entre as diferentes espécies de tilápia (Tabela I), estando a atual pesquisa contida nesses valores, em concordância com a literatura, que sugere que o hematócrito é um bom indicador dos efeitos dos diversos fatores ambientais a que os peixes estão sujeitos, pois é o índice de eritrograma com menor coeficiente de variação em O. niloticus (Tavares-Dias & Faustino 1998). Nesta pesquisa comparações entre os valores médios obtidos com O. niloticus oriundos de criação em Piraí, Rio de Janeiro, não demonstraram alteração significativa entre eles e o apresentado na literatura para diferentes tipos de tilápias, em relação a taxa de hemoglobina (Hb), hematócrito (Hto) e a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Como o hematócrito é uma das avaliações que tem demonstrado variação diante de situações de estresse (Martins et al. 2004a), observa-se que entre os peixes da região do Piraí, RJ, essa condição não foi determinante para causar tais variações, o que é demonstrado pelo valor obtido nesta pesquisa muito próximo ao que foi constatado por outros autores que estudaram tilápias. Analisando a série branca, os valores obtidos na pesquisa em comparação aos que se tem na literatura (Tabela 2) revelam que com relação a O. niloticus (Tavares-Dias et al. 2000a, Alkahem 1994) e T. rendali (Tavares-Dias et al. 2003) existe uma diferença acentuada no percentual de trombócitos. Em O. niloticus (Tavares-Dias & Faustino 1998) e O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), não há tanta discrepância entre os valores encontrados. Mas, comparando-se S. melanotheron (Lea Master et al. 1990) e O. mossambicus x O. 185

Renato Clapp do Rego Barros et al.

Tabela 2. Valores médios e desvio padrão do percentual das células sanguíneas de defesa orgânica em diferentes tilápias.

Espécies Tromb

Linf

Parâmetros Neut Mon

Referências Eos

Bas

Oreochromis niloticus 64,18 ± 16,20 24,96 ± 16,06 64,45 ± 17,69 10,45 ± 6,99 0,10 ± 0,42 0,0 ± 0,0 Presente trabalho O. niloticus 59,8 ± 14,0 21,7 ± 8,1 10,7 ± 6,3 7,8 ± 6,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 Tavares-Dias e Faustino (1998) O. niloticus 49,2 ± 13,5 40,0 ± 13,6 6,7 ± 5,3 4,0 ± 4,8 0,09 ± 0,6 0,0 ± 0,0 Tavares-Dias et al. (2000a) O. niloticus - 43,4 ± 9,8 50,1 ± 7,2 6,4 ± 4,9 0,04 ± 0,5 0,09 ± 0,6 Ueda et al. (1997) O. niloticus 40,8 ± 11,1 50,0 ± 8,5 3,2 ± 1,7 2,6 ± 1,3 1,0 ± 1,3 1,0 ± 1,5 Alkahem (1994) O. hornorum x 53,4 ± 12,0 9,3 ± 7,5 32,3 ± 10,6 5,1 ± 3,4 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 Tavares-Dias et al. (2000b) O. mossambicus S. melanotheron 80,5 ± 6,9 11,6 ± 5,3 3,8 ± 3,1 4,2 ± 2,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 Lea Master et al. (1990) O. mossambicus x 78,4 ± 7,9 12,6 ± 6,4 3,8 ± 2,2 5,2 ± 2,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 Lea Master et al. (1990) O. macrochir T. zilli - 61,0 ± ? 24,5 ± ? 7,7 ± ? 6,2 ± ? 0,5 ± ? Ezzart et al. (1990) T. rendalli 42,8 ± 8,8 47,8 ± 9,8 5,8 ± 4,0 2,7 ± 1,6 0,8 ± 2,0 0,0 ± 0,0 Tavares-Dias e Moraes (2003) Obs.: Tromb: trombócitos; Linf: linfócitos; Neut: neutrófilos; Mon: monócitos; Eos.: eosinófilos; Bas: basófilos; ? quando não há informação de desvio padrão.

macrochir (Lea Master et al. 1990) com o presente trabalho, notamos uma significativa diminuição nos dados apresentados em comparação com estes autores. Comparando-se os linfócitos determinados nesta pesquisa ocorrem diferenças para menos em O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), S. metanotheron (Lea Master et al. 1990), O. mossambicus x O. macrochin (Lea Master et al. 1990). Os valores de linfócitos encontrados estão bem menores em O. niloticus (Tavares-Dias et al. 2000a, Alkahem 1994), T. zilli (Ezzart et al. 1974) e T. rendalli (Tavares-Dias & Moraes 2003) (Tabela 2). Quanto aos neutrófilos apresentados, os valores encontrados nos peixes da região de Piraí, RJ foram bem superiores aos encontrados na literatura em O. niloticus (Tavares-Dias & Faustino 1998, Tavares-Dias et al. 2000a, Ueda et al. 1997), O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), O. niloticus (Alkahem 1994), S. metanotheron (Lea Master et al. 1990), O. mossambicus x O. macrochir (Lea Master et al. 1990), T. zilli (Ezzart et al. 1974) e T. rendalli (Tavares-Dias & Moraes 2003) (Tabela 2). A mesma situação de acréscimo ocorreu com os monócitos em que o resultado apresentado na atual pesquisa revela significativo aumento em relação aos valores apresentados na literatura em O. niloticus (Tavares-Dias e Faustino 1998, Tavares-Dias et al. 2000a, Ueda et al. 1997, Alkahem 1994), O. hornorum x O. mossambicus (Tavares-Dias et al. 2000b), S. metanotheron (Lea Master et al. 1990), O. mossambicus x O. macrochir (Lea Master et al. 1990), T. zilli (Ezzart et al. 1974) e T. rendalli (Tavares-Dias & Moraes 2003) (Tabela 2). A presença de maior número de leucócitos no sangue pode in186

dicar melhor resposta de defesa do organismo (Tavares-Dias 2003). Em peixes, além de sua influência na coagulação do sangue, pouco se conhece sobre as funções dos trombócitos, por serem células ainda pouco estudadas, mas acredita-se que possam estar relacionadas com o sistema de defesa, como relatado por Matushima e Mariano (1996). A predominância de linfócitos no sangue de peixes não está bem esclarecida. Nos tecidos, as células mononucleares (linfócitos e macrófagos) predominam na reação de defesa do organismo, porém, em situação de estresse o número de linfócitos circulantes diminui (Iwama & Nakanishi 1996). No trabalho atual, pelos resultados celulares obtidos comparando aos dos demais autores em estudos preliminares com tilápias, acredita-se que haja um maior aumento dessas células nos peixes analisados (Tabela 2). Tal fato leva-nos a acreditar em algum fator estressante entre esses animais, presente nos criatórios estudados, necessitando de maiores análises futuras. CONCLUSÕES Conclui-se que os valores eritrocitários dos peixes dessa região apresentam grande amplitude de variação. Observou-se que as células de defesa mais presentes nos peixes investigados são os linfócitos, ocorrendo variações em relação aos valores encontrados na taxa de hemoglobina na espécie em relação às demais espécies de tilápias descritas na literatura. Evidenciam-se, também, variações entre os valores de hematócrito e da concentração de hemoglobina corpuscular média em relação às tilápias estudadas e ao que é descrito na literatura. O hematócrito foi constado como o índice de menor vaRev. Bras. Med. Vet., 34(3):183-187, jul/set 2012

Observação sobre os aspectos hematológicos de tilápia, Oreochromis niloticus (Osteichthyes: Ciclidae), capturada em cultivos na região de Piraí, Rio de Janeiro, Brasil

riação média mostrando-se como um bom indicador de variáveis ambientais, o mesmo não revelou alterações que pudessem verificar situações de estresse estando de acordo com os parâmetros aquáticos encontrados nas propriedades. As taxas de hemoglobina e concentração de hemoglobina corpuscular média não apresentaram alterações significativas seguindo a tendência descrita na literatura por análise de diferentes espécies de tilápias. Não foram observadas maiores alterações quanto ao que se tem descrito em trombócitos apesar do grande número células observadas. Um aumento de linfócitos e neutrófilos foi encontrado em peixes da região de Piraí, RJ. Agradecimentos. A Dra. Agar Costa Alexandrino de Pèrez (IP/SP) e Dra. Silvia Conceição Reis Pereira Mello (UNISUAM/RJ) pelas sugestões, correções e apoio bibliográfico durante o desenvolvimento deste Projeto de Pesquisa. A Dra. Maria Dalva Silva Ribas Pinto da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) pelo auxílio nas coletas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alkahem H.F. The toxicity of nickel and the effects of sublethal levels on haematological parameters and behaviour of the fish, Orechromis niloticus. J. Univ. Kuwait, 21: 243-52, 1994. Allen P. Determination of haematological parameters of Oreochromis aureus (Steindachner) and the effects of heparin on these. Comp. Biochem. physiology. Physiol., Part A, 106A: 355-8, 1993. Almosny N.R.P., Nascimento M.D., Silva K.P. Hemograma de aves: métodos. In: Congresso Internacional de Medicina Veterinária em Língua Portuguesa, 6., 1993, Salvador. Anais... Salvador, 1993. RETIRAR vide Instrução aos autores em www.rbmv.com.br ou substituir por outra blibliografia Almosny N.R. & Santos L.C. Laboratory in wild animals, p.300-320. In: Fowler M. Biology, Medicine and Surgery of South American Wild Animals. Iowa State University Press, Ames, 2000. Ezzat A.A., Shabana M.B. & Farghaly A.M. Studies on the blood characteristics of Tilapia zilli (Gervais) I. Blood cells. J. Fish Biol., 6:1-12, 1974. Iwama G. & Nakanishi T. The fish immune system. Academic Press, London, 1996. 380p. Lea Master B.R., Brock J.A., Fujioka R.S. & Nakamura R.M. Hematologic and blood chemistry values for Sarotherodon melanotheron and a red hybrid tilapia in freshwater and seawater. Comp. Bioch. Physiol. Bioch. Mol. Biol., Parte B, 97A:525-9, 1990.

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