7 Set Em Bro

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Formação para missionários jovens

N Arquivo CAM Allamano

o mundo contemporâneo, em vertiginosa transformação, a Missão está cada vez mais exigente e desafiadora. Momentos de reflexão são necessários e importantes. Pensando nisso, os missionários da Consolata programaram um curso de formação e atualização permanente para missionários jovens, no Centro de Animação José Allamano (CAM), situado na Região Norte de São Paulo. O curso começou em agosto e terminará em outubro. Participam dele 20 padres, de sete nacionalidades, que trabalham em 11 países de quatro continentes: Europa, África, Américas e Ásia. Estes jovens missionários, engajados no trabalho de

evangelização e promoção humana, provenientes de várias realidades, vieram em busca de “respostas para as novas situações e desafios que estão enfrentando na Missão”. Sob orientação e assessoria, eles estão tendo a oportunidade – através do estudo, aprofundamento, reflexão, partilha de experiências e oração – de ampliar seus conhecimentos e adquirir uma visão mais ampla do mundo, da história e da Igreja. Essa oportunidade será de muita valia para eles, para a Igreja missionária à qual pertencem e para a sociedade onde estão desenvolvendo seus trabalhos.

Ir. Rosa Clara Franzoi, animadora vocacional.

EDITORIAL

Isto não Vale!

Divulgação

O

s conceitos de neoliberalismo e Estado mínimo estão intimamente ligados, já que o sistema daquele incentiva a iniciativa privada e reduz o controle deste. A prática da privatização dos serviços públicos e a exploração dos recursos naturais é uma característica do neoliberalismo. No Brasil, as privatizações em cadeia ocorridas nos últimos tempos devem ser entendidas num contexto mais amplo de crise estrutural da economia capitalista, que contabiliza várias “décadas perdidas”, cujas conseqüências são visíveis. As riquezas de muitos países africanos como, por exemplo, a extração do gás natural em Moçambique enriquece uma minoria e engorda companhias privadas estrangeiras. Enquanto isso, o povo da região que deveria usufruir da extração desses bens, deve contentar-se com a lenha e o carvão para preparar seus alimentos consumidos no escuro ou à luz de velas. Diante desse quadro, não é de se estranhar que resistências e alternativas de novos atores sociais e novas práticas surjam um pouco por toda parte do mundo globalizado. Nisso, talvez o maior exemplo hoje seja a Bolívia que elegeu em 2005, Evo Morales Ayma, o primeiro índio presidente de um país. Com 62% de população indígena, a Bolívia é um dos países da América Latina mais ricos em recursos naturais e um dos mais pobres economicamente. Este contraste, que caracteriza muitos outros países do Hemisfério Sul, bastaria para fazer um juízo sobre o “modelo de desenvolvimento” que o colonialismo e o capitalismo impuseram à grande maioria da população do mundo nos últimos cinco séculos. É importante notar que são os excluídos dos excluídos, os povos indígenas, os protagonistas de um novo processo de mudança na forma de administrar os recursos naturais. Algo interessante está acontecendo. Nas últimas décadas o imperialismo norte-americano concentrou seus interesses nas jazidas petrolíferas do Oriente Médio, voltando as costas para a América Latina. Aproveitando-se dessa oportunidade, países da região estão hoje liderando as reivindicações por um novo modelo de Estado em contraposição àquele construído pelo capitalismo. No Brasil, a Companhia Vale do Rio Doce é a maior produtora de minério de ferro do mundo com jazidas suficientes para 400 anos. Na onda de privatizações do governo FHC, a Vale, até então estatal, com um patrimônio de 92 bilhões de reais, em 1997 foi privatizada por apenas 3,3 bilhões de reais. O valor real da Vale era mais de 10 bilhões de reais e o leilão foi ilegal. Esse tipo de negócio é uma forma de transferir para alguns setores decisivos da produção nacional, o patrimônio de todo o povo brasileiro. Com o objetivo de exigir a soberania da Nação sobre o que pertence a todos, o lema do 13º Grito dos/as Excluídos/as 2007 é: “Isso não Vale! Queremos participação no destino da Nação”, juntamente com o Plebiscito Nacional sobre a Companhia Vale do Rio Doce a realizar-se durante a Semana da Pátria. Além do uso de métodos ilegais, as privatizações dos serviços públicos e o uso dos recursos naturais contribuem para a concentração de renda e poder nas mãos de grupos financeiros e acionistas estrangeiros. É surpreendente notar que não se veja uma relação entre tal política e o aumento da criminalidade, da desigualdade social, da corrupção e do racismo: novos rostos dos excluídos.  - Setembro 2007

SUMÁRIO setembro 2007/07

1 - Partipantes do Fórum Social Mundial, Porto Alegre, 2005. 2 - Celebração durante a V Conferência, Aparecida, SP. Fotos: Jaime C. Patias

 MURAL DO LEITOR--------------------------------------04 Cartas

 OPINIÃO--------------------------------------------------05 Aprendizagem para a vida Marcelo Krokoscz

 PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------07 Todo problema tem solução Rosa Clara Franzoi

 VOLTA AO MUNDO-------------------------------------08 Notícias do Mundo CNBB / Fides / POM

 ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10 Os gritos de ontem e de hoje Patrick Gomes Silva

 TESTEMUNHO-------------------------------------------12 Pronto para tudo Ivo Lazzarotto

 FÉ E POLÍTICA -------------------------------------------14 Aplausos à democracia Humberto Dantas

 FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------15 Discípulos e discípulas para a Missão Ramón Cazallas Serrano

 Juventude missionária ----------------------------19 Campo Missionário Jovem Patrick Gomes Silva

 DESTAQUE DO MÊS -----------------------------------20 Isto não Vale! Rosilene Wansetto

 ATUALIDADE----------------------------------------------22 Formação Missionária para Seminaristas Alessandro H. Coelho e Devair Araújo da Fonseca

 INFÂNCIA MISSIONÁRIA-------------------------------24 Basta de trabalho infantil! Roseane de Araújo Silva

 a turma do biblincando ------------------------25 Mês da Bíblia COMDEUS

 ENTREVISTA DOM JOSÉ SONG----------------------26 Um bispo chinês na Amazônia Jaime Carlos Patias

 AMAZÔNIA-----------------------------------------------28 Animados pela fé e certos da vitória Francisco Andrade de Lima

 volta ao brasil---------------------------------------30 Notícias do Brasil CIMI / CNBB / Notícias do Planalto / POM

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Mural do Leitor Ano XXXIV - Nº 07 Setembro 2007

Diretor: Jaime Carlos Patias Editor: Maria Emerenciana Raia Equipe de Redação: José Tolfo, Ramón Cazallas, Patrick Gomes Silva e Rosa Clara Franzoi Colaboradores: Vitor Hugo Gerhard, Lírio Girardi, Luiz Balsan, Joaquim F. Gonçalves, Roseane de Araújo Silva, Humberto Dantas, Luiz Carlos Emer, Camilo Solano Agências: Adital, Adista, CIMI, CNBB, Dom Hélder, IPS, MISNA, Pulsar, Vaticano Diagramação e Arte: Cleber P. Pires Jornalista responsável: Maria Emerenciana Raia (MTB 17532) Administração: Eugênio Butti Sociedade responsável: Instituto Missões Consolata (CNPJ 60.915.477/0001-29) Impressão: Edições Loyola Fone: (11) 6914.1922 Colaboração anual: R$ 40,00 BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2 Instituto Missões Consolata (a publicação anual de Missões é de 10 números)

Missões é produzida pelos Missionários e Missionárias da Consolata Fone: (11) 6256.7599 - São Paulo/SP (11) 6231.0500 - São Paulo/SP (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR Membro da PREMLA (Federação de Imprensa Missionária Latino-Americana) e da UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação Social)

Redação

Rua Dom Domingos de Silos, 110 02526-030 - São Paulo Fone/Fax: (11) 6256.8820 Site: www.revistamissoes.org.br E-mail: [email protected]

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Revista Missões

Sou leitor e admirador de Missões. Uma revista pode ser definida como uma publicação periódica, em que se divulgam artigos, reportagens sobre diversos assuntos, trabalhos já apresentados em livros ou em outros meios de comunicação. Missões, porém, é uma revista que desde o seu surgimento, continua tendo um propósito determinado: tornar conhecidas as mais variadas mensagens na área missionária, visando despertar nos corações das pessoas a chama da missão, razão de ser de quem lhe está à frente. Essa publicação caminha, certamente, em conjunto com as demais iniciativas missionárias da Igreja e dos dois Institutos da Consolata, radicados em dezenas de países, em quatro continentes. Eles sabem que as palavras voam, mas os escritos perpetuam a mensagem. Missões é uma revista que não se conforma em ficar descansando nas prateleiras de uma biblioteca. Ela quer ser porta-voz de milhares de anunciadores da Boa Nova que utilizam este meio, aparentemente mudo, mas, extremamente eloqüente, para penetrar no seio das famílias. Seu conteúdo interroga e questiona. Ela também chama a atenção por sua apresentação gráfica por sua diagramação artística, por seu alegre multicolorido; mas, especialmente, por seu conteúdo, rico e variado, atual e convincente. Ela se apresenta com um rosto multicultural e planetário, característico de todo missionário, de toda missionária. Para mim, este é um trabalho de perseverança e de teimosia, digno do mais sincero louvor. Parabéns à equipe de redação e colaboradores.

Dario Paterno Paróquia Nossa Senhora Consolata, Jardim São Bento, SP. Quando o Senhor me chamou a contribuir com um pouco do meu tempo e minha capacidade na catequese da minha comunidade, prontamente eu disse sim. Nunca havia participado ativamente de nenhuma pastoral. Pensei que falar de Jesus para as crianças não seria tão difícil; mas depois de ter iniciado, fui percebendo que a minha bagagem era pouca; eu precisava de bem mais conhecimentos, e sai à procura. Participei de vários cursos de formação oferecidos pela paróquia e pela diocese; mas sentia que estava me faltando alguma coisa a mais. Um

dia, alguém me apresentou uma revista missionária. Levei para casa e comecei a ler. Gostei tanto que logo fiz a assinatura. Atualmente, sou Ministro Extraordinário da Eucaristia, contribuo na catequese quando solicitado e estou me engajando num trabalho missionário da paróquia. Nestes dias eu estava pensando o quanto essa revista me ajudou no crescimento da minha consciência missionária. No decorrer desse tempo, ela já mudou várias vezes de estilo, de diretor, e eu continuo firme, não só na leitura, mas também na sua divulgação, porque o que é bom, a gente precisa espalhar. Estou falando com conhecimento de causa, pois são 20 anos que conheço Missões. Minha primeira assinatura foi feita em maio de 1987. Só tenho que agradecer a Deus e pedir que ele continue abençoando todos os que colaboram para que a revista se torne sempre mais divulgadora da Missão.

Robinson Lourenço da Silva Paróquia Santa Margarida, Curitiba, PR. Sinto-me orgulhoso de fazer parte desta família Consolata e de ver que cada vez crescem mais as iniciativas missionárias. Desde janeiro estou no Noviciado em Buenos Aires, Argentina, com outros dez noviços do Brasil, Argentina, Colômbia e Venezuela. Escrevo para parabenizar a vocês pelo excelente trabalho, seja pela revista, seja pelo site. Estando em outro país, acompanho muito do que acontece no Brasil e em “outras partes” através destes meios. Quando chega a revista, procuro ler “de cabo a rabo”. Realmente as matérias são muito boas como instrumento de formação humana e missionária. As novas páginas “Juventude Missionária” e “Passatempo” complementam o ótimo trabalho que fazem. Gostaria de testemunhar que, em especial, nos ajudou muito o material publicado sobre a V Conferência do CELAM. Usamos muitas informações no Noviciado e alguns artigos, traduzi para enviar a outras pessoas. Continuem firmes anunciando “a Missão no plural”.

Júlio Caldeira Noviciado IMC, Buenos Aires, Argentina. Setembro 2007 -

Arquivo Colégio Consolata

OPINIÃO

Aprendizagem para a vida Proposta educativa diferenciada de José Allamano é colocada em prática em colégio de São Paulo.

Alunos do Colégio Consolata, Imirim, SP. de Marcelo Krokoscz

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uando a escola foi instituída pela burguesia no século XVI, manteve a incumbência de educar, isto é, de promover o processo de desenvolvimento integral do infante, de sua capacidade física, intelectual e moral, visando a formação do caráter e da personalidade social. Além disso, a escola assumiu como papel, o ensino, isto é, a transmissão do conhecimento adquirido e acumulado pela humanidade, com o objetivo de formar o homem culto capaz de brilhar nas cortes aristocráticas. A partir da Revolução Industrial (séc. XVIII), a escola passou a ter também a função de instruir tecnicamente seus alunos para atuarem no mercado da nascente era capitalista. Podemos destacar a partir daí, as três principais atividades educativas: Formação, Ensino e Instrução, que em geral, nos programas escolares, são desenvolvidas através de processos atitudinais (formação), conceituais (ensino) e procedimentais (instrução).

Identidade própria e diferenciada

Embora o Bem-aventurado José Allamano, fundador da Obra Missionária da Consolata, nunca tenha elaborado um modelo pedagógico como os que foram concebidos por pensadores como Piaget, Montessori e Paulo Freire, por exemplo, é possível identificar em seus escritos uma grande contribuição educacional. Os teóricos citados e muitos outros desenvolveram modelos pedagógicos a partir de pesquisas e reflexões acadêmicas sobre o processo de ensino e aprendizagem. Na reflexão destes pensadores, destaca-se uma natureza epistêmica, ou seja, uma preocupação orientada para os processos de conhecimento. Diferentemente, o interesse de Allamano é o - Setembro 2007

anúncio da Boa Nova (evangelion), tendo como especificidade a ação missionária. Enquanto a abordagem dos intelectuais resulta em sistemas pedagógicos orientados para o ensino, o enfoque de José Allamano privilegia a importância da formação nos processos educativos. Trata-se de duas características educacionais importantes e complementares, que vêm sendo adotadas na proposta do Colégio Consolata, em São Paulo, há 58 anos. A proposta do Colégio promove a construção de processos de ensino e aprendizagem baseada na concepção pedagógica de desenvolvimento de habilidades e competências; e ao mesmo tempo, cultiva a formação de valores para a vida, através de atividades que promovem a comunhão e estimulam a missionariedade, como: cooperação humana, estímulo à participação social, consciência de cidadania e preservação da dignidade da pessoa. São características fundamentadas pedagogicamente em teóricos como Philippe Perrenoud e nas diretrizes nacionais, enriquecidas com a especificidade dos aspectos formativos de José Allamano. Em suma, como diz a professora Mônica B. Mazzo, coordenadora pedagógica, “o Colégio Consolata, procura em sua proposta, desenvolver uma aprendizagem que faça sentido para a vida, estando adequada aos quatro pilares da educação instituídos pela UNESCO como o grande desafio da educação para o século XXI: Conhecer, Fazer, Conviver e Ser”. No trabalho do Consolata, desenvolvem-se o conhecer e o fazer, com o respaldo técnico dos sistemas pedagógicos disponíveis; mas o conviver e o ser são promovidos com base no modelo educativo allamaniano; o que faz com que o Colégio tenha uma identidade própria e diferenciada. 

Marcelo Krokoscz é mestre em Educação, licenciado em Filosofia e Pedagogia, bacharel em Teologia e educador do Colégio Consolata, São Paulo.

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A profecia na Vida Religiosa

Arquivo CRB

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ntre os dias 16 e 20 de julho, cerca de 500 religiosos e religiosas do Brasil, representando 50 mil membros, participaram da XXI Assembléia Geral da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), realizada no Liceu Coração de Jesus,Campos Elíseos, São Paulo. Tendo como tema “Vida Religiosa e espaços em transformação”, os participantes refletiram sobre diversas questões como: a “Vida Religiosa inserida em meios populares e novos espaços de presença solidária” e a “Missão profética da vida consagrada face aos espaços em transformação”. A Assembléia teve vários assessores, entre eles, o jesuíta Inácio Neutzling e frei Luiz Carlos Susin, que apresentaram um painel sobre a dimensão sociocultural e os desafios da vida religiosa na atualidade. O padre Oscar Beozzo falou sobre a conjuntura eclesial e mostrou os dados da distribuição dos espaços da Igreja no século XX. Beozzo falou sobre o crescimento do cristianismo na África e ressaltou a necessidade de se buscar novas formas de eclesialidade. Ir. Vera Ivanise Bombonatto, FSP, apresentou a Vida Consagrada no documento de Aparecida. Nos estudos e debates sobre o tema da Assembléia, ficou nítida a preocupação sobre os desafios das grandes mudanças atuais à Vida Religiosa Consagrada (VRC), bem como se reafirmou a decidida escolha pelo seguimento de Jesus na fidelidade evangélica que leva à missão profética. Constatou-se igualmente a necessidade de prosseguir em busca da compreensão sobre o alcance das mudanças socioculturais e sobre as exigências da VRC nesses novos tempos. Estes dados foram sintetizados de algum modo na formulação “Vida Religiosa e espaços em transformação”; tendo como lema as inspiradoras palavras de Êxodo 14, 15: “Diga a esta geração: avance!” Com base em experiências anteriores, a Assembléia acolheu a proposta de formular o plano trienal de modo mais sucinto: com um horizonte que assiIrmãs Máriam Ambrósio e Maris Bolzan. nale alguns pontos norteadores da trajetória espiritual da VRC hoje; e com a escolha de prioridades que expressem onde somar forças nesse triênio. Ficou claro que as prioridades assumidas se desdobrarão em planejamentos e projetos específicos; e que de modo algum anulam importantes iniciativas já em curso.

Plano Trienal 2007-2010

No horizonte assumido pela Assembléia destaca-se a Palavra de Deus que conforta e anima a VRC a caminhar adiante, em um mundo em transformação, seguindo Jesus e Dele aprendendo. O mistério da Sua encarnação, paixão e

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morte, ressurreição e ascensão se traduzem para a VRC como mística e testemunho que propagam ao mundo palavras de vida e de esperança. As cinco prioridades elegem pontos de grande importância nos dias de hoje, mostrando o compromisso da VRC: 1. Reafirmar o compromisso da Vida Religiosa Consagrada no serviço à vida diante das grandes questões sociais e ambientais, e fortalecer a inserção nos meios populares e em novos espaços de solidariedade e cidadania; 2. Cultivar uma espiritualidade encarnada e profética, centrada na Palavra de Deus e na mística do discipulado, aberta à diversidade cultural, religiosa e de gênero; 3. Dinamizar a formação inicial e continuada diante da mudança de época, de forma integral, humanizante e geradora de novas relações; 4. Ampliar as alianças intercongregacionais, as redes de parcerias, na formação e na missão, e intensificar a partilha dos carismas com leigos e leigas. 5. Buscar novas formas de aproximação e presença junto à juventude. Estas prioridades merecerão um estudo cuidadoso que desdobre o alcance de seus desafios. E devem gerar projetos específicos que vão integrar o planejamento de ação deste triênio. Na tarde do dia 18 de julho, a Assembléia elegeu a nova presidência para os próximos três anos:

Presidente

Ir. Máriam Ambrósio, da Congregação da Divina Providência. Máriam atualmente é assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Inter-Eclesial da CNBB.

Diretoria

Pe. João Geraldo Kolling, SJ Ir. Maria Augusta Oliveira, SMR Ir. Paulo Petry, FSC Ir. Maria do Desterro R. Santos, FCIR Ir. Célia Aparecida Bahú, CP Ir. Lauro F. Hochscheidt, FMS Ir. Lourdes Oro, SDS Ir. Dayse Darce Pe. José Carlos Lima, SDV Ir. Vilma Moreira, FI

Conselho Superior

Frei José Rodrigues de Araújo Ir. Isaura Raimundo Lima, MC Ir. Luiza Belli Ir. Rosiane Scola, IIC Ir. Rosalba Perotti, FMA Frei Moacir Casagrande, OFMCap Pe. Roberto Jaramilo, SJ

Conselho Fiscal

Pe. Ademar Tramontin, RCJ Ir. Eloísa Helena de Resende, CDP Ir. Maria da Conceição Ferreira, RSA Pe. Marco Biaggi, SDB Ir. Jesumina B. de Toledo, FSCJ Setembro 2007 -

De todas as derrotas, a mais desastrosa é o desânimo.

Divulgação

ou por boa parte da vida? Aqui está o segredo: a diferença, não está nos problemas em si, mas na maneira certa de encará-los e de lidar com eles. Veja, se os agredirmos com raiva e agitação, tratando-os como inimigos, pode apostar que a derrota será certa. Mas, se ao contrário, olharmos com objetividade e calma para eles, tentando entendê-los mais a fundo, e com esforço, criatividade e perseverança procurarmos descobrir as possíveis saídas, com certeza seremos vencedores. Quem tem “pavio curto”, além de não encontrar solução alguma, acabará se complicando ainda mais.

Nossos melhores amigos? de Rosa Clara Franzoi

T

odo problema tem solução. É isso mesmo? Quantos problemas ficam por aí e acabam desaparecendo, insolúveis. Portanto, à primeira vista, a afirmação é um tanto duvidosa. Mas, veja que quem a escreveu foi um entendido no assunto. No seu livro “O sucesso - você pode mudar a sua vida”, o Dr. Lair Ribeiro, médico especializado no campo da neurolinguística, afirma: “Todo problema traz embutida a solução”. E diz mais: “Os problemas são nossos melhores amigos”. Até custa acreditar. Mas, vamos tentar entender como é que isso funciona. Muitas pessoas passam a vida reclamando que tudo é difícil, que ninguém as compreende; vivem chateadas, chegam a cair no desânimo, na depressão. E os culpados são sempre os “proble-mas...” Mas, podemos perguntar: Como se explica o fato, que alguns, com problemas semelhantes ou até idênticos, conseguem dar a volta por cima e outros ficam reféns, arrastando-os por toda

Quer ser um missionário/a? Irmãs Missionárias da Consolata - Ir. Dinalva Moratelli Av. Parada Pinto, 3002 - Mandaqui 02611-001 - São Paulo - SP Tel. (11) 6231-0500 - E-mail: [email protected]

Centro Missionário “José Allamano” - Pe. José Tolfo

Rua Itá, 381 - Pedra Branca 02636-030 - São Paulo - SP Tel. (11) 6232-2383 - E-mail: [email protected]

Missionários da Consolata - Pe. César Avellaneda Rua da Igreja, 70-A - CXP 3253 69072-970 - Manaus - AM Tel. (92) 624-3044 - E-mail: [email protected]

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Sim, porque são eles mesmos, que nos desacomodam, nos estimulam e nos obrigam a procurar alternativas para nos livrarmos deles. É uma constatação: muitas das dificuldades e contratempos que aparecem em nosso caminho são inerentes à nossa natureza humana, frágil e limitada; porém, boa parte deles são criados por nós mesmos e, o que é pior, chegamos a culpar todo mundo, até o próprio Deus, pelos nossos fracassos. Os velhos e tão conhecidos ditos populares, hoje ainda são válidos: “Ajuda-te que Deus te ajudará”, e, “Deus ajuda quem cedo madruga”. Daí, que nunca devemos entregar os pontos, até não termos esgotado todas as tentativas de solução. Tentar, tentar e outra vez tentar, persistir na procura, porque “ninguém é derrotado antes de depor as armas”.

Persistência e vontade de vencer

Conta uma lenda, que um cavalo de estimação caiu num poço. O seu dono, após ter esgotado todos os meios para salvá-lo, chamou alguns homens e pediu que enchessem o poço de terra, sacrificando assim o animal. E o trabalho começou. Porém, a cada pá de terra que jogavam sobre suas costas, o cavalo, instintivamente a sacudia e ela caía. À medida em que a terra ia aumentando, ele levantava as patas e a terra lhe servia de suporte. Não obstante a posição incômoda e os ferimentos que o faziam sofrer, o cavalo continuava a repetir, sem parar, o movimento de sacudir a terra; e enquanto o poço ia se enchendo, o cavalo ia subindo, até chegar ao topo, libertando-se da horrível prisão, para a alegria de seu dono e de todos os que acompanharam sua luta pela vitória. É apenas uma história; mas, a lição que nos deixa é que, sem perseverança, persistência e garra não chegaremos a solucionar os problemas que nos atingem. Diante de tudo o que é motivo de contrariedade que faz sofrer, respire fundo e diga a si mesmo: eu, que sou um ser inteligente e livre, não posso ficar refém desta ou daquela situação; irei procurar me libertar o quanto antes. Além disso, não deixe de pôr em ação a fé. Jesus, falando do poder dela e da oração disse: “Quem pede, recebe; quem busca, acha e a quem bate, ser-lhe-á aberta a porta” (cfr Mt 7, 7-8). 

Rosa Clara Franzoi é missionária e animadora vocacional.

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pró-vocações

Todo problema tem solução

Latina e Caribe. Do Brasil participaram: dom Sérgio Arthur Braschi, bispo de Ponta Grossa, PR, Membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB; padre Daniel Lagni, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Brasil; padre Estevão Raschietti, xaveriano, de Curitiba, PR, Assessor Teológico e Missiológico do Conselho Missionário Nacional (COMINA) e das POM do Brasil.

VOLTA AO MUNDO

República Democrática do Congo Reintegração de crianças ex-soldados

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Cuba Nova presidência do CELAM

O arcebispo de Aparecida, SP, dom Raymundo Damasceno Assis, é o novo presidente do CELAM -Conselho Episcopal Latino-Americano. Ex-secretário-geral da entidade, dom Raymundo foi eleito na 31ª Assembléia Ordinária do Conselho realizada dia 10 de julho, em Havana. Ele substituirá no cargo, o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo de Santiago do Chile. O último brasileiro a presidir o CELAM foi dom Aloísio Lorscheider, entre 1976 e 1979. Na mesma Assembléia foram eleitos dom Baltazar Enrique Cardozo, arcebispo de Mérida, Venezuela, como primeiro vice-presidente e dom Andrés Stanovnik, bispo de Reconquista, Argentina, como segundo vice-presidente. Uma das primeiras missões da nova diretoria, cujo mandato vai de 2007 a 2011, será dar os encaminhamentos finais ao Documento da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida.

Equador Simpósio prepara o CAM3-COMLA8

Realizou-se de 30 de julho a 3 de agosto, em Quito, o 2° Simpósio Internacional de Missiologia, com o tema geral Antropologia e Pastoral da Missão. O objetivo foi de “aprofundar a Antropologia e a Pastoral da Missão, para dar uma contribuição à apresentação do 3° Congresso Missionário Americano-8° Congresso Missionário Latino-Americano (CAM 3-Comla 8, de 12 a 17 de agosto de 2008, na capital equatoriana)”. Durante os três dias de trabalhos aprofundaramse os temas: Nosso Discipulado Missionário Hoje na Comunidade Local, com a conferência sobre Antropologia Missionária, do professor Lucas Cerciño, Bolívia, questionando “o que deve a Igreja assumir da realidade antropológica atual”; Levados pelo Espírito nos Encontramos em Missão, com a conferência sobre as Perspectivas Missionárias da V Conferência, proferida por padre Paulo Suess, Brasil, visando aprofundar sobre “o que propõe a Igreja, discípula e missionária, a partir de Aparecida”; Nossa Igreja de Hoje: a partir de uma Identidade Discípula e Missionária, com a conferência sobre Pastoral Missionária a partir da Comunidade Local, do padre Estevão Raschietti, Brasil, suscitando questionamentos sobre “como podemos realizar a Missão, a partir de nossas Igrejas particulares”. Foram 120 participantes de 16 países da América

Na República Democrática do Congo, onde atuam diversos grupos armados, o problema da reintegração dos ex-combatentes na sociedade civil é muito profundo. A paróquia de Bunyuka, no Leste do país, lançou um programa de recuperação social e profissional de jovens ex-combatentes. Segundo declarou o pároco, padre Jérôme Saytabu “os jovens foram seqüestrados nos campos e sofreram humilhações gratuitas. Percebemos o sofrimento destas crianças e decidimos ajudá-las”. A paróquia conseguiu reintegrar na comunidade local uma centena de ex-combatentes Mai Mai (a milícia local). Agora, é a vez de cerca de 50 jovens congoleses que foram alistados à força por um movimento de guerrilha ugandense (Nalu), que atua ao longo da fronteira entre Uganda e a República Democrática do Congo. Durante uma operação do Exército congolês conduzida no ano passado, os jovens conseguiram escapar de seus seqüestradores e retornar às suas aldeias, tendo sido acolhidos com indiferença. Graças ao empenho da paróquia, estes jovens freqüentaram um curso de alfabetização, para prosseguir seus estudos profissionais. Um trabalho nem sempre fácil para os voluntários que assistem aos jovens na reintegração social.

Filipinas Estudantes cristãos e muçulmanos

Aescola estadual no centro da cidade de Malaybalay, na ilha de Mindanao, é a maior escola primária da capital da província de Bukidnon. Dos seus 2.900 estudantes, 120 pertencem a famílias cristãs e o restante a famílias muçulmanas. Uma professora, Sahra Khabla, defende que para as crianças, sejam muçulmanas ou cristãs, é de importância vital aprender os valores de ambas as religiões. Um outro professor, que é o marido de Khabla, Esmail Datu, reitera o mesmo pensamento e as vantagens do programa para uma educação mais completa. Ele acrescenta que tal ensinamento ajuda os estudantes a adquirir um melhor conhecimento de suas diferenças, para que possam aprender a viver em paz entre si, respeitando-se reciprocamente. Mindanao é uma região de maioria muçulmana. A Frente Islâmica de Libertação Moro, um grupo separatista, está em guerra com as tropas do governo há quatro décadas para obter a autonomia da região. No decorrer dos anos, a guerra fez milhares de vítimas. Enquanto isso, os chefes islâmicos e os líderes da Igreja Católica estão fazendo de tudo para promover a paz na área. Nas Filipinas, o ensinamento dos valores islâmicos é inserido somente em escolas islâmicas ou nos institutos privados muçulmanos. 

Fontes: CNBB, Fides, POM. Setembro 2007 -

INTENÇÃO MISSIONÁRIA A fim de que, aderindo com alegria a Cristo, todos os missionários e missionárias saibam ultrapassar as dificuldades que encontram na vida de cada dia. de Vitor Hugo Gerhard

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m 1824 chegaram os primeiros grupos de imigrantes alemães no Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. Vieram de navio a vapor, numa longa viagem de cinco semanas, atravessando os mares, passando pelo porto do Rio Grande, subindo a Lagoa dos Patos e chegando finalmente ao Porto dos Casais, antigo nome de Porto Alegre. Dali subiam o Rio dos Sinos até chegarem na atual São Leopoldo. 50 anos depois foi a vez dos italianos fazerem um percurso semelhante, subindo até a atual cidade de Caxias do Sul e região serrana. Tudo isso sem estradas, sem energia elétrica, sem telefone, sem celular, sem internet, sem carros com tração nas quatro rodas, enfim, nas condições que os tempos de então ofereciam. E com eles vieram os missionários, para atender às comunidades em suas necessidades religiosas, sociais, educacionais e sanitárias. Uma irmã Franciscana da Penitência e Caridade Cristã nos contava que, naqueles tempos, vieram da Europa grupos de freiras para trabalhar nos leprosários do sul do Brasil e que, antes de saírem de sua terra, deveriam assinar um termo de compromisso que, uma vez estando entre os leprosos, lá permaneceriam até a morte, para evitar possíveis contaminações na população em geral. Estes missionários e missionárias vinham para estas terras sem a menor possibilidade de retornar, ainda que fosse em tem-

Pintura de Ernest Zeuner retrata a chegada dos imigrantes alemães em S. Leopoldo, RS.

pos de “férias” para rever os parentes. Em sua grande maioria, vinham para viver e para morrer nestas terras de adoção. Vinham para gastar o resto de seus dias nas terras de missão. Hoje os tempos são outros e os recursos também. Já não se fala em missão com a mesma radicalidade de antes. As propostas e as ofertas são mais promissoras. Já se pode falar instantaneamente com os lugares de origem, mandar fotos, conversar em tempo real através dos modernos meios eletrônicos e até voltar rapidamente em caso de morte, ou mesmo para tratamentos de saúde e dentários. Agora é preciso dizer algo novo, pois o sobredito já é velho. E a novidade consiste no fato de, independente das condições de outrora ou de hoje, a alegria do missionário e da missionária está ligada, de maneira visceral à radicalidade da opção por Cristo, e não necessariamente à dureza da vida ou ao acesso aos meios. O essencial está no configurar-se ao Senhor da missão e quanto mais formos capazes disso, mais seremos capazes também de irradiar esta alegria própria de quem encontrou um grande amor. 

Vitor Hugo Gerhard é sacerdote e coordenador de pastoral da Diocese de Novo Hamburgo, RS.

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adre Aquiléo Fiorentini, superior geral dos missionários da Consolata, em rápida visita ao Brasil, celebrou seu Jubileu de Prata de ordenação sacerdotal. As comemorações iniciaram-se no dia 22 de julho com uma missa em ação de graças na paróquia Nossa Senhora Consolata, Jardim São Bento, em São Paulo e um almoço de confraternização. A celebração principal ocorreu no dia 29 de julho, na Comunidade São Brás, em Tucunduva, RS, sua terra natal, onde vive a maior parte de seus familiares. A missa contou com a presença de dom Estanislau Amadeu Kreutz, bispo emérito de Santo Ângelo, RS, padres, religiosas e grande número de fiéis amigos. Durante a homilia Padre Aquiléo destacou o dom do sacerdócio como graça de Deus a serviço da Igreja missionária. Na ocasião foi realizado um encontro com os amigos, antigos alunos do seminário da Consolata residentes naquela região do Rio Grande do Sul. Vários familiares de missionários e missionárias da Consolata da região participaram dos festejos preparados com carinho pela família Fiorentini e a comunidade. Padre Aquiléo nasceu em São Brás, município de Tucunduva, aos 11 de fevereiro de 1952, décimo filho de Guilherme e de Rosália Fiorentini (falecidos). Ingressou no seminário Nossa - Setembro 2007

Senhora de Fátima de Três de Maio, RS, no ano de 1965, passando por Erechim, RS, para completar o curso científico; sucessivamente cursou Filosofia em São Paulo. Após o ano de noviciado, em 1978, iniciou o curso de Teologia na Universidade Urbaniana em Roma. No dia 10 de julho de 1982 foi ordenado sacerdote na Igreja Matriz de Três de Maio. Regressou a Roma para completar os estudos de especialização em Missiologia e em 1983 partiu para Moçambique, África, onde trabalhou nas Missões de Vilankulos, Mapinhane e Maimelane, ao mesmo tempo. No ano de 1987 regressou ao Brasil para trabalhar na formação de novos missionários em Cascavel e Curitiba. Em 1995 voltou a Roma onde se especializou em Psicologia. No X Capítulo Geral, realizado no Quênia em 1999, foi escolhido como Conselheiro Geral do Instituto dos Missionários da Consolata. Durante o XI Capítulo Geral, realizado em São Paulo, em 2005, foi eleito Superior Geral, tornando-se o oitavo sucessor do fundador, o Bem-aventurado José Allamano, primeiro brasileiro a ocupar este cargo. 

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Jaime C. Patias

Sucessor de Allamano celebra jubileu sacerdotal

espiritualidade

Os gritos

de ontem e de hoje A Bíblia nos relata que Deus sempre está atento aos clamores do povo. de Patrick Gomes Silva

S

ete de Setembro é o dia da pátria, o Dia da Independência é o orgulho da nação. Porém, talvez nem todos saibam que, de uns anos para cá, nesta mesma data comemora-se o “Grito dos Excluídos”. O que significa isso? “O Grito é uma grande manifestação popular para denunciar todas as situações de exclusão e assinalar as possíveis saídas e alternativas. Antes de tudo, é uma dor secular e sufocada que se levanta do chão. Dor que se transforma em protesto, cria asas e se lança no ar”, conforme seus organizadores. Este ano, o Grito terá como tema: “Isto não Vale. Queremos participar nos destinos da nação”. Todos nós estamos certos que em nossa sociedade ainda existem muitas situações que continuam gritando, clamando, pedindo atenção para que todos se sintam independentes e orgulhosos do país em que vivemos.

Os clamores na Bíblia

Perante certas situações com que somos confrontados nos vem espontâneo um grito, um clamor, que pode ser de alegria ou tristeza (pedido de auxílio). A Sagrada Escritura não é indiferente a esta expe­ riência humana. A linguagem do grito, do clamor não é uma linguagem estranha na Bíblia. Pelo contrário, uma rápida leitura nos mostra como é uma linguagem recorrente e cheia de significado. Um dos textos mais impressionantes é o do livro do Êxodo 2, 23: “Aconteceu, depois de muitos dias,

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Encontro diocesano das CEBs, novembro, 2005, São José dos Campos, SP.

Setembro 2007 -

Ser missionário é escutar os gritos dos aflitos e estar ao seu lado.

Deus que escute o seu clamor (1Reis 8, 28). Mas é, sobretudo, nos Salmos que esta linguagem adquire um significado todo especial. Sendo orações, algumas bem pessoais, apresentam os gritos e os clamores do povo. Como na oração da manhã do Salmo 5: “Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei” (Sl 5, 2). São vários os Salmos que repetem este pedido para que Deus escute o clamor do povo (Sl 17, 1; 18, 6; 34, 15, entre outros). Até agora vimos como na Sagrada Escritura encontramos a linguagem do grito/clamor presente em vários textos, vimos como este grito vem de uma exJaime C. Patias

que morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão”. A opressão a que o povo de Israel fora sujeito durante sua permanência no Egito tornara-se insuportável, não dava mais para agüentar aquela situação. Perante este drama, o povo de Israel grita e clama a Deus. Pedidos de auxílio ao Senhor estão presentes em muitos outros textos. Salomão em sua oração reza: “Volve-te, pois, para a oração de teu servo, e para a sua súplica, ó Senhor meu Deus, para ouvires o clamor e a oração que o teu servo hoje faz diante de ti”. Salomão suplica a

periência que não é possível suportar mais e, portanto, se pede auxílio a Deus para que venha remediar essa situação. Confrontado com os gritos do seu povo, a Bíblia nos relata que este Deus não permanece indiferente ao sofrimento humano, pelo contrário, os gritos e os clamores do povo chegam até Ele e são ouvidos. Novamente o texto do Êxodo demonstra ser precioso: “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto como os egípcios os oprimem” (Ex 3, 7-8). Estamos perante um texto impressionante. Deus escutou o grito, viu a aflição. Deus não permanece indiferente! O clamor chegou até Deus, e agora? Agora é tempo de ação, Deus envia um libertador ao seu povo para que a situação seja mudada radicalmente. Também no primeiro livro de Samuel encontramos a mesma situação. Deus escuta o clamor do seu povo oprimido: “... porque o seu clamor chegou a mim” (1Sam 9, 16).

Deus lembra do seu povo

Na Bíblia encontramos também a promessa de que Deus sempre escutará o grito do seu povo: “... não se esquece do clamor dos aflitos” (Sl 9, 12). O Salmo 145 é mais evidente: “Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará” (Sl 145, 19). Estamos perante um Deus que verdadeiramente não permanece indiferente, mas um Deus que escuta e se coloca em movimento para que a situação possa ser mudada e assim cesse o grito do aflito. Vivemos hoje confrontados com tantos que gritam. Gritam por dignidade, direitos, trabalho, justiça e oportunidades. Perante tais gritos não podemos ficar indiferentes, o texto de Provérbios nos adverte: “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido” (Prov 21, 13). Ser missionário é escutar os gritos dos aflitos e estar ao seu lado na luta por um mundo mais justo para todos. No dia Sete de Setembro, à luz da Palavra de Deus, participemos nos destinos da nossa nação com o Grito dos Excluídos e ouvidos atentos aos clamores de milhões de brasileiros e brasileiras. 

Patrick Gomes Silva é missionário e membro da equipe de formação do Centro de Animação Missionária José Allamano, SP. - Setembro 2007

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testemunho

Pronto

para tudo V

de Ivo Lazzarotto

Decisão aos nove anos

A vida que levavam os freis no seminário, o seu exemplo, seu jeito de vestir, a amizade e a atenção deles para com a nossa família, foram elementos que tiveram peso na minha decisão. Na verdade, desde bem pequeno, eu tinha a idéia de um dia ser padre. Porém, eu queria ser padre passionista, porque sabia um pouco sobre a vida de São Paulo da Cruz, o fundador. Meu pai, assíduo leitor da vida dos santos, ia semeando em nós ideais de vida. Até que um dia, caiu-lhe nas mãos a biografia de São Francisco de Assis. Logo

Fotos: Arquivo Pessoal

enho de uma família numerosa e de tradição católica. A oração em conjunto, a missa dominical e o exemplo dos pais e da vizinhança envolveramme desde a infância, numa certa espiritualidade que foi alimentando a minha tênue vocação à vida religiosa e sacerdotal. A isto, soma-se também o fato de um dos meus irmãos – Alfredo – ter entrado no seminário. Sua alegria e entusiasmo por estar seguindo o chamado do Mestre Jesus foram calando no meu coração e aos poucos, fiquei com vontade de responder, eu também, a esse chamado. Eu era muito criança, mas queria ir para o

seminário. Lembro-me que fui chorando, mas, contente, porque também meu outro irmão – Mário – decidiu ir comigo.

Frei Ivo (centro), com sua mãe e irmão, frei Alberto, em sua primeira missa, 16 de julho de 1978.

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Gaúcho, 58 anos, descendente de italianos, frei Ivo Lazzarotto hoje é pároco em Rio do Oeste, em Santa Catarina, na Paróquia Nossa Senhora Consolata. Incansável, com sua moto leva alegria, consolo e ajuda em todas as direções.

me chamou a atenção sua simplicidade e maneira de se relacionar com o mundo e o Criador. Gostava de ficar ouvindo a leitura que papai fazia nas horas do seu descanso. Aquele aprendizado me mantinha ligado e me empolgava. Até que um dia, com nove anos, disse convencido: eu serei franciscano, e ponto final.

Não fui chamado por ser bonzinho

Decisão tomada, lá fui eu para o seminário Santo Antônio, em Almirante Tamandaré, no Paraná. Mas, não me dei bem. Tudo era muito difícil para mim: a saudade da família, as dificuldades no estudo, as intrigas com os colegas, as desobediências ao regime causaram a minha expulsão. Isto aconteceu em 1962. E agora? Terminei o antigo curso primário e larguei o estudo. Comecei a pensar que o meu futuro, preocupação de todo adolescente, seria casar cedo e ter família. O tempo passava. Um domingo, eu fui com a namorada numa festa de inauguração, onde haveria tarde dançante. A festa rolava com muita música e descontração. Convidei a garota para dançar. Ela recusou. Pensei de oferecer-lhe um refrigerante e saí para buscá-lo. Ao voltar, vi a moça dançando com outro. A decepção foi muito dolorida. Imaginem que direção tomou a garrafa que eu trazia na mão! Errei o alvo. Vi o rapaz vindo em minha direção, desfechando um tremendo soco no meu nariz. Enquanto tentava estancar o sangue e me recuperar daquela humilhação, ouvi o toque do sino da capela, anunciando a hora da missa. Decidi ir para a igreja chorar as mágoas. Frei Francisco presidiu a celebração. Eu, no último banco, escondido atrás de todos, remoía a minha raiva. Quando o frei começou a falar, parecia que as todas as Setembro 2007 -

motivação e animação. A vida e a ação de Jesus me impulsionam a avançar sempre mais - e nesta nova situação - pretendo continuar me dedicando intensamente ao Projeto de Deus, servindo esse povo, e em obediência à ordem do meu provincial que me diz: “Vá devagar, frei Ivo”.

A grande motivação: Jesus Cristo

Frei Ivo comemorando 20 anos de sacerdócio, 19 de julho de 1998.

palavras dele vinham na minha direção. Tive vontade de escapar da igreja, mas agüentei firme até o fim.

Aquela bendita homilia

No seu sermão, frei Francisco acentuou a grande necessidade de pessoas para o anúncio do Evangelho; a necessidade de um maior número de sacerdotes. Que drama! Voltaram à minha mente todos aqueles pensamentos sublimes que eu tinha no coração ao entrar no seminário, e me senti um covarde. Voltei para casa e procurei minha mãe. Ela estava ordenhando as vacas, no currral. Fui até ela e disse: "Mãe, eu quero ser padre". Ela me olhou seriamente, passou a mão no meu rosto e disse: “Vá lá, vá lá, palhaço!” Aquele sonoro palhaço me arrasou. Era mais um fora! Naquele momento, esqueci todas aquelas palavras de incentivo que ouvi na igreja e o propósito feito. Tantas coisas me haviam acontecido, todas depondo contra mim. Mas, o fato está, que um mês depois, eu estava novamente no seminário.

Recomeçar

Retomei os estudos. Estava um tanto atrasado. Cursei o antigo ginásio com 17 anos. Foi bastante difícil me readaptar aos estudos. Mas, agora eu estava decidido a enfrentar tudo. Antes mesmo de terminar - Setembro 2007

"O contra-testemunho ético, moral e político torna-se o responsável pela desordem social que nos circunda". o curso de Teologia, pude cursar Ciências Contábeis. Aos 9 de julho de 1978 tornei-me sacerdote, iniciando assim um novo casamento que perdura até hoje, na fidelidade, na dedicação, com entusiasmo e alegria. Se hoje eu tivesse que recomeçar, faria tudo de novo, dispensando, porém, o “bofetão” daquela fatídica tarde de domingo.

Vá devagar!

Foram várias experiências como sacerdote: pároco, membro do Conselho de Presbíteros, membro da Equipe do Conselho Econômico Diocesano, diretor e presidente da Santa Casa de Misericórdia, diretor presidente de uma rádio e também membro da Equipe Missionária dos Freis Capuchinhos do Paraná e Santa Catarina. Porém, nada melhor do que viver neste cantinho do mundo, chamado Rio do Oeste. Hoje, com 58 anos, após uma cirurgia cardíaca, vislumbro um novo renascer. Agora, será preciso um replanejamento das atividades; porém, eu sinto a mesma

O que motiva a minha vida e o meu trabalho no zelo apostólico e missionário é o testemunho do próprio Jesus, o missionário do Pai, apresentado exaustivamente nos Evangelhos. Jesus não parava. De manhã estava numa cidade, a tarde encontrava-se numa outra e à noite rezava. Grande homem esse Jesus! Quase não tinha tempo para descansar, dedicando-o todo à missão. Assim impulsiono o meu trabalho, com uma diferença: eu não passo a noite toda em oração, como ele fazia... Graças a Deus, a colaboração das lideranças da comunidade ameniza o meu trabalho. Saber descentralizar e delegar responsabilidades na pastoral é a arte mais importante. Ser pároco hoje é estar preso a inúmeras exigências, especialmente no campo administrativo. Ou a gente se organiza, ou tudo vai enfraquecendo. No mundo globalizado em que vivemos, tratar bem as pessoas é fundamental; do contrário, seremos descartados como se descarta qualquer mercadoria. O mundo está imbuído desta cultura: descarta-se o que não dá lucro, o que não agrada, o que não dá prazer, mesmo em se tratando de religião: Igreja, espiritualidade, sacramentos... Neste contexto, o contra-testemunho ético, moral e político torna-se o responsável pela desordem social que nos circunda e que gera o medo e a violência. Tudo isso vai prevalecendo contra a Igreja e contra todos os que querem viver e lutar pela justiça e serem construtores da paz. Por isso, sigo em frente, com um renovado ardor missionário e cheio de confiança, pronto para o que der e vier. 

Ivo Lazzarotto é frade Capuchinho, pároco da Paróquia Nossa Senhora Consolata em Rio do Oeste, SC.

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à democracia

de Humberto Dantas

U

ma sociedade democrática permite que seus indivíduos, dentro de um determinado conjunto de regras, se posicionem frente a diferentes temas. Manifestos são excelentes termômetros para governos, empresas e sociedades. Testemunhamos, ou participamos em 1984, do mais amplo movimento popular brasileiro: as Diretas Já. A sociedade saiu às ruas e foi derrotada em seu desejo de retomar a liberdade de escolher o presidente da República. Ouvia-se nas ruas o grito: um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil. O direito viria apenas em 1989, mas registramos um basta aos 20 anos de autoritarismo.

Um dos maiores valores de uma democracia é a liberdade de expressão.

Certo ou errado?

Para agravar o cenário, o acidente da TAM em Congonhas levou às ruas milhares de pessoas insatisfeitas com o aparente descaso do governo federal em relação à crise da aviação que dura quase um ano. Diante das manifestações, alguns defensores do governo bradaram: “são apenas setores da classe média, insatisfeitos com o mais popular de todos os presidentes desse país”. Que seja. Mas, em nosso cenário democrático, a Ricardo Stuckert_PR

fé e política

Aplausos

Manifestações

Pois bem, nas últimas décadas a política brasileira tem motivado manifestações. É certo que sem o ritmo e a eficácia dos tormentos de nossos vizinhos argentinos, mas reconheçamos que com relevância. O evento mais marcante ocorreu em 1992, quando milhões de estudantes foram às ruas pedir o impeachment de Fernando Collor de Mello, que caiu por razões que transcenderam, em muito, ao desejo popular. Ao longo do período em que fomos governados por Fernando Henrique Cardoso assistimos manifestações duras contra uma série de decisões polêmicas – da privatização de empresas à ajuda aos bancos falidos. Em O presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos Rio-2007. São Paulo, assim como em várias cidades do país, muros amanheciam pintados com o famoso: “FORA FHC”. classe média também pode ter voz. Assim como tinha direito de Manifestantes de esquerda assumiam publicamente a autoria da se manifestar o sujeito que se sentia afetado pelas decisões de “arte”. Fernando Henrique terminou seu governo e não conseguiu Fernando Henrique Cardoso. eleger seu sucessor. José Serra foi ao segundo turno contra Luiz Não existe certo ou errado em um ambiente democrático Inácio Lula da Silva e terminou derrotado. onde os sujeitos desejam manifestar seus descontentamentos O mesmo Luiz Inácio que derrotou o PSDB de FHC seria reeleito dentro de certos limites. O atual presidente da República, homem presidente. E na abertura dos Jogos Pan-Americanos, em julho, que comandou manifestos fundamentais para a retomada da em pleno estádio do Maracanã, recebeu vaias desconcertantes democracia no país, não pode demonstrar insatisfação e desconem cada uma das seis vezes que seu nome foi citado. Parte da trole. Manifestações, como dito no início, são termômetros dos sociedade se transtornou, acreditando que tal atitude representou sentimentos de parcelas da sociedade. E se grupos vaiam Luiz falta de respeito. Outros afirmaram que as vaias simbolizaram o Inácio, certamente outros tantos guardam motivos de sobra para sentimento de parcelas da sociedade pouco contentes com os aplaudi-lo. Foi assim com FHC, é assim com Lula e será assim rumos da política. Quem está correto? Os dois posicionamentos. com seu sucessor, independentemente de quem seja. E viva a Setores do Maracanã vaiaram o presidente porque algo lhes liberdade de expressão, que nos faz acreditar em lampejos de incomoda. E, principalmente, porque nosso país dá mostras de nossa frágil democracia. Participe aplaudindo ou vaiando!  que as pessoas acreditam no espírito democrático e na liberdade de sairmos às ruas para manifestarmos alegrias e tristezas, Humberto Dantas é cientista político, professor do Centro Universitário São Camilo e coordenador afeições e desgastes. de Cursos de Formação Política na Região Episcopal Lapa e na Diocese de Osasco, SP.

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Setembro 2007 -

FORMAÇÃO mISSIONÁRIA

A Conferência de Aparecida

Discípulos e discípulas

para a Missão Quais as conseqüências das decisões tomadas na Conferência de Aparecida para a Igreja na América Latina e Caribe?

C

de Ramón Cazallas Serrano

omeçamos a refletir nestas páginas sobre os temas dominantes na V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho mais conhecida como “Aparecida”. Assim a chamaremos daqui para frente. Queremos ajudar os cristãos a entrar no espírito desta grande Assembléia e não limitar-nos ao que ficou impresso no Documento Final. Algumas vezes mencionaremos o texto como foi aprovado, outras o iluminaremos com reflexão própria ou citações de pessoas que vivem em diferentes contextos.

O discipulado na história

Jaime C. Patias

Na Antiguidade não existiam colégios ou universidades, nem professores e alunos. Para o entendimento da Filosofia e da Religião, existiam os mestres e seus discípulos. Pensemos nas escolas filosóficas do mundo helenista: havia aquelas que dependiam dos mestres, assim os socráticos e platônicos dependiam de Sócrates e Platão. Eles não eram professores,

Participantes da V Conferência em Aparecida, SP.

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mas, mestres. Não era só o saber pelo saber, os mestres transmitiam um jeito de viver e agir que tinham um grande influxo em seus discípulos, que nunca eram chamados de alunos. Imitavam seu mestre para chegar à gnose, ao conhecimento, que certamente exigia comportamentos de vida idênticos aos de quem ensinava. Assim, nas milenárias religiões do Oriente existiam as escolas de espiri­ tualidade dirigidas por homens ilumina-

dos que se reuniam ao redor de outras pessoas que procuravam a sabedoria como iluminação de toda a sua existência. Os meios pedagógicos não eram os livros, mas, sim a atenção mental e as posturas ou atitudes corporais para chegar à plena iluminação e ao domínio total de si mesmo. Imitavam o mestre em todas as formas de vida. Mais próximo do cristianismo encontramos o judaísmo com suas diversas escolas rabínicas, segundo o enfoque

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Fotos: Jaime C. Patias

ma a segui-lo, ou seja, convoca pessoas além dos apóstolos, e podemos pensar que a convocação se tornava um requisito para que alguém fosse citado como um dos seus discípulos. Ele pedia uma relação pessoal mais completa do que aquela dos rabinos.

Jesus e os discípulos

Dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia de Xingu, PA.

que davam à Lei. Rabi era o mestre, e os que seguiam sua interpretação eram chamados discípulos. Os rabinos ou doutores da Lei reuniam em torno de si muitos discípulos, aos quais transmitiam a sua doutrina. Esses discípulos, por seu turno, podiam tornar-se rabinos e continuar a tradição que tinham recebido. Os profetas formavam também escolas sem se darem conta, pois havia pessoas que viviam seus ensinamentos e interpretavam as escrituras. Lembremos os fariseus, os essênios e outros movimentos contemporâneos a Jesus. O último profeta do Antigo Testamento foi João Batista. Homem que se retirara ao deserto, também ele se torna mestre de muitos discípulos, alguns deles serão, depois, discípulos de Jesus. A pregação e o estilo de vida de João vão entusiasmar homens e mulheres do seu tempo.

Discipulado no Evangelho

O termo discípulo se repete cerca de 250 vezes no Novo Testamento. Em grande parte, refere-se aos discípulos de Jesus. Ele acolheu no seu “movimento” e vinculou no seu Reino todos os que quiseram escutá-lo e segui-lo, sem se importar com normas especiais de pureza e de conhecimento, como faziam outros grupos do seu tempo, como os essênios e fariseus. Jesus logo encontrou pobres que foram os primeiros destinatários da sua pregação. Para eles viveu e por eles quis iniciar o seu “movimento”. No seu caminhar

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Os discípulos deviam estar dispostos a abandonar pai e mãe, filho e filha, a tomar a sua cruz e a dar a vida no seguimento de Jesus (Mt 10, 37ss; Lc 14, 26ss). Como o seu Mestre, os discípulos deveriam abandonar suas casas, ficando sem ter onde repousar a cabeça. Não deviam permanecer nem mesmo para cuidar de um velho pai ou para resolver assuntos domésticos (Mt 8, 19ss; Lc 9, 57ss). Além destas diferenças, existem outras, se comparadas com outros movimentos religiosos: não podiam ter esperança de obter promoção, pois, deviam ser discípulos durante toda a vida. Os discípulos de Jesus não se limitavam a transmitir o que o Mestre havia dito, palavra por palavra, mas, a ser “testemunhas” da vida e dos fatos que Jesus realizou, anunciar o Reino e fazer com que esta realidade se tornasse possível.

Jesus encontrou também os simpatizantes. Além dos pobres e, muitas vezes entre eles, Jesus tinha amigos, homens e mulheres, pertencentes ao que podemos chamar de classe média da época, que continuavam vivendo nas casas e campos por onde ele passava anunciando o Reino e curando os doentes. Ao mesmo tempo que tinha “amigos das casas” Jesus tinha discípulos ou seguidores, que deixavam casas e posses para caminhar com Ele, anunciando e pregando a chegada do Reino de Deus. Eram seguidores em sentido estrito, pessoas que assumiam um tipo de itinerância messiânica, caminhando pelos povoados e aldeias da Galiléia, proclamando e acelerando a chegada do Reino. Jesus caminhava assim, rodeado de colaboradores, homens e mulheres, que assumiam e desenvolviam o seu movimento, numa perspectiva de seguimento e de entrega total ao Reino. Com freqüência Jesus cha- Celebração na Tenda da Vida Consagrada durante a V Conferência.

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FORMAÇÃO mISSIONÁRIA

Santuário de Aparecida, SP.

Os discípulos transmitindo a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, são mais testemunhas do que veículos das tradições e leis verbais. Este Mestre vai dar a vida pelos seus discípulos e vai exigir que eles também dêem a vida pela causa do Reino. Em nenhuma religião vai existir esta comunhão entre Mestre e discípulos, de dar a vida reciprocamente e a contínua presença até o fim dos tempos. “Os que se sentiram atraídos pela sabedoria das suas palavras, pela bondade do seu tratamento e pelo poder dos seus milagres, pelo assombro inusitado que despertava sua pessoa chegaram a ser discípulos de Jesus” (Aparecida, n.21). Podemos aplicar também aos discípulos aquilo que Marcos fala dos Apóstolos: “Ele fez Doze, que chamou apóstolos, para estarem com Ele e para os enviar...” (3,14). Bento XVI explica este texto: “eles devem estar com Ele para O conhecerem; para alcançarem aquele conhecimento a que a “gente” não podia captar, que apenas de fora O via e O tinha por um profeta, por um grande da história das religiões, mas que não podia entender a sua unicidade. Os Doze devem estar com Ele, para que conheçam Jesus na sua unidade com o Pai e assim possam ser testemunhas do seu mistério... Eles devem chegar do mais exterior até a íntima comunhão com Jesus, poderia se dizer. Mas, ao mesmo tempo eles estão lá para serem enviados por Jesus, precisamente “apóstolos”, para levar a Sua mensagem ao mundo: em primeiro lugar às ovelhas perdidas da casa de Israel, e depois “até os confins da terra”. Estar com Jesus e ser en-

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viado parece, à primeira vista, que são coisas excludentes, no entanto estão claramente interligadas. Eles devem aprender a estar de tal modo com Ele que estão com Ele mesmo quando vão

A Missão no interior da Igreja é necessária. Mas existe uma multidão de pessoas e culturas que nunca escutaram o primeiro anúncio de Jesus. para os confins do mundo. Estar com Ele leva em si como tal a dinâmica da missão, porque todo ser de Jesus é já a missão”. (Bento XVI, Jesus de Nazaré. Editora Planeta. São Paulo 2007, páginas 155-156). Este binômio Discípulo-Missionário está muito presente na espiritualidade cristã, sobretudo nos fundadores de Congregações Missionárias. Encontramos expressões como estas: “Primeiro Deus, depois os homens”, “Enche o teu coração e depois reparte”; “Contempla o sol para depois poder iluminar”. O fundador dos missionários da Consolata, o Bem-aventurado José Allamano repetia com freqüência aos discípulos e discípulas: “Antes santos, depois missionários”. No fundo é a mesma expressão utilizada por João Paulo II na Encíclica “A Missão do Redentor”: “O verdadeiro missionário é o santo”. E Bento XVI fala no seu livro “que todo ser de Jesus é já Missão”. Poderíamos dizer que na tradição bíblica e espiritual primeiro temos que cuidar o “ser” e depois o “fazer”. Ser discípulos para ser enviados. Ser missionários e fazer

a Missão. Todas estas expressões são equivalentes a dizer que o cristão deve ser discípulo antes de empreender a Missão. Deve estar próximo de Jesus para conhecer seu projeto, fazê-lo próprio para depois transmiti-lo. “Os chamou para estar com Ele e depois enviá-los a pregar”. A Conferência de Aparecida, nas suas linhas gerais para a Igreja que está na América Latina e no Caribe, quer que todos os cristãos sejam discípulos missionários de Jesus Cristo. O batismo é a fonte desta tarefa e a finalidade é para que todos tenham vida em Jesus Cristo. “A grande tarefa de custodiar e alimentar a fé do povo de Deus, e lembrar a todos os fiéis deste continente que em virtude do seu batismo, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo”.

Discípulos na América

O encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo suscita discípulos e missionários. Não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas, de homens e mulheres que se tornam protagonistas de vida nova para uma América Latina que querem reconhecer com a luz e a força do Espírito. O encontro com Jesus na sua intensidade e radicalidade é o mesmo em todas as pessoas. Mas as circunstâncias religiosas, sociais e psicológicas são diferentes nas diversas culturas. A pessoa está imersa num mundo que pode condicionar o seu encontro e dar certas características próprias dessas culturas. Não é igual o encontro do rico e do pobre, do índio e do escravo, do homem e da mulher. Existem mediações para esse encontro com Cristo dependendo dos ambientes, das culturas e de outros elementos. Certas circunstâncias em vez de produzir um encontro, podem ter um efeito contrário, ou seja, um desencontro. Aparecida nos indica pistas e meios para favorecer um encontro “típico” do povo latino-americano com a pessoa de Jesus Cristo; antes de mais nada, os rostos de todas aquelas pessoas que nos lembram o rosto sofredor de Jesus e através deles podemos ter um encontro com o rosto de Cristo que nos lançará à Missão de consolar, promover, libertar. A Conferência nos diz: “Isto nos deveria levar a contemplar os rostos daqueles que sofrem. Entre eles estão

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Jaime C. Patias

FORMAÇÃO mISSIONÁRIA

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sentirem excluídos do sistema produtivo, se vêem muitas vezes rejeitados pelas suas famílias como pessoas incômodas e inúteis. Dói-nos, finalmente, a si­tuação inumana em que vive a grande maioria dos presos, que também precisa da nossa presença solidária e da nossa ajuda fraterna. Uma globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas sim de algo novo: a exclusão social. Com ela fica afetada em sua mesma raiz a pertença à sociedade na qual se vive, pois já não se está nela abaixo, Padre Ramón Cazallas e dom Itamar Vian, arcebispo de Feira de Santana, BA. na periferia ou sem as comunidades indígenas e afrodespoder, mas se está completamente fora. cendentes, que em muitas ocasiões não Os excluídos não são somente “explosão tratadas com dignidade e igualdade rados” mas “restantes” e “descartáveis” de condições; muitas mulheres que são (Aparecida, n.65). excluídas, em razão de seu sexo, raça Perante esta situação que vive o ou situação socioeconômica; jovens nosso continente não podemos ficar que recebem uma educação de baixa indiferentes, somos os discípulos e qualidade e não têm oportunidades seguidores daquele que é o “Caminho de progredir nos seus estudos nem de a Verdade e a Vida”. Em todas as situaentrar no mercado do trabalho para se ções enumeradas anteriormente temos desenvolver e constituir uma família; que nos perguntar: como podemos ser muitos pobres, desempregados, migrandiscípulos Daquele que veio dar a vida tes, sem-teto, camponeses sem-terra, por suas ovelhas? Como não viver na que buscam sobreviver na economia compaixão, na solidariedade e na liberinformal; meninos e meninas vítimas da prostituição infantil unida muitas vezes O Evangelho exige um coração ao turismo sexual; também as crianças universal, aberto a todas as vítimas do aborto. Milhões de pessoas e famílias vivem na miséria e até pasculturas e disponível sam fome. Preocupam-nos também os para testemunhar Jesus Cristo nas que dependem da droga, as pessoas com deficiência, os que vivem com o diversas realidades. vírus do HIV e que sofrem a solidão e se vêem excluídos da convivência tação de todas essas pessoas que são social e familiar. Não esqueçamos os a imagem viva de Cristo? O que faria seqüestrados e os que são vítimas da o Mestre nestas situações? De todas violência, do terrorismo, dos conflitos estas perguntas naturalmente nasce armados e da insegurança cidadã. a Missão porque da contemplação do Também os anciãos, que além de se rosto de Cristo nos rostos dos irmãos

e irmãs vai nascer um envio para que o cristão não fique de braços cruzados. “A resposta ao seu chamado exige entrar na dinâmica do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 29-37), que nos dá o imperativo de fazer-nos próximos, especialmente com quem sofre, e gera uma sociedade sem excluídos seguindo a prática de Jesus que come com os publicanos e pecadores (cf. Lc 5, 29-32) que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10, 13-16), que cura os leprosos (cf. Mc 1, 40-45) que perdoa e liberta a mulher pecadora (cf. Lc 7, 36-49; Jo 8, 1-11), que fala com a Samaritana (cf. Jo 4, 1-26)” (Aparecida, n.150). O discípulo de Jesus deve assumir a centralidade do Mandamento do Amor se quer configurar-se com seu Senhor. É um mandamento Dele e novo. E não existem outras leis e normas que possam turvar este Mandamento, porque se ele for turvado pelas leis humanas, a Missão que dele nascerá já não será a de Jesus, mas, a Missão de uma instituição. Nem todo missionário é discípulo e nem todo discípulo é missionário. A América Latina pelas suas características próprias está pedindo um discipulado com certas especificidades do homem e da mulher latino-americanos:  Discípulas e discípulos que nasceram da Missão;  Discípulas e discípulos pobres que contemplam Jesus pobre nos rostos de tantos pobres;  Discípulos e discípulas chamados para anunciar a Boa Notícia aos pobres;  Discípulos e discípulas cheios de esperança, que vivem o Evangelho com a alegria dos pobres;  Discípulos e discípulas para dar vida e abrir tantos horizontes ao povo pobre, sem condenações, sem anátemas;  Discípulos e discípulas que gritam com suas vidas que Jesus é o Senhor das suas vidas e das suas histórias;  Discípulos e discípulas chamados à Missão universal Ad Gentes, testemunhando o seu amor fora das suas próprias fronteiras. O Discipulado da América Latina para o mundo será o tema do próximo artigo. 

Ramón Cazallas Serrano é missionário, mestre em Teologia Dogmática e diretor do Centro Missionário “José Allamano” em São Paulo, SP.

Setembro 2007 -

Campo Missionário

Jovem de Patrick Gomes Silva

Centro Missionário José Allamano (CAM), situado no bairro da Pedra Branca, Zona Norte da cidade de São Paulo promoveu pela primeira vez a expe­ riência do Campo Missionário Jovem, durante o mês de julho. A finalidade do evento foi proporcionar a alguns jovens a possibilidade de passar as férias de maneira diferente da habitual. A proposta de se organizar o Campo nasceu tímida e receosa, com muitas dificuldades. No entanto, marcou-se a data: de 18 a 22 de julho. Convites foram enviados a grupos de jovens de algumas paróquias para embarcarem nesta aventura. O resultado? Surpreendente! 28 jovens se inscreveram para a primeira edição, provenientes de São Paulo e do Rio de Janeiro. De São Paulo participaram as paróquias Nossa Senhora de Fátima (Imirim), Santa Paulina (Heliópolis) e comunidade São Marcos (Pedra Branca). Participou também um jovem de São Bernardo do Campo, SP. Do Rio, jovens da paróquia Nossa Senhora Consolata.

Atividades estruturadas

A maioria afirmou que era a primeira vez que saía de casa para participar de uma atividade do gênero. Notava-se alguma incerteza sobre o que os esperava nos dias do encontro. O Campo Missionário foi estruturado com base em oração, formação, pastoral e lazer. Os dois primeiros dias foram marcados pelas atividades pastorais. Os jovens foram organizados em 3 grupos para trabalhar nas proximidades do Centro, no Jardim Peri: um foi animar as crianças do Centro Comunitário de Nossa Senhora Aparecida, outro foi visitar os idosos acolhidos pelas irmãs Missionárias da Caridade, de Madre Teresa e o terceiro grupo foi visitar alguns doentes da Paróquia Nossa Senhora da Penha e da Comunidade São Marcos. Foram momentos de solidariedade. Ao regressar das visitas havia a partilha da experiência, quando todos se enriqueciam com a possibilidade de sair de si mesmo e poder se doar mais aos outros. Os momentos de oração foram profundos e bem participados, mostrando que os jovens também sabem rezar. Não faltou a emoção. Sábado, 21 de julho, foi reservado ao passeio ecológico. O destino: Núcleo da Pedra Grande do Parque Estadual da Cantareira na Zona Norte de São Paulo. Logo depois da oração da manhã, todos prepararam o almoço, dividiram as sacolas e saíram a pé rumo ao Parque. Esperava-os uma caminhada de cerca de cinco quilômetros. Apesar da fadiga na subida, ficaram deslumbrados com o espetáculo que se pode observar da Pedra Grande. Aproveitaram para tirar fotos, respirar ar fresco e descansar, pois a - Setembro 2007

Arquivo CAM Allamano

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Experiência nas férias proporciona vivência de solidariedade e fé a jovens paulistanos e cariocas.

Participantes do Campo Missionário Jovem.

caminhada ainda não tinha chegado ao fim: o destino final era o lago das Carpas. À tarde, refletiram sobre a vida de três pessoas: Chico Mendes, irmã Dorothy Stang e dom Luiz Flávio Cappio. Divididos em três grupos, cada um deles estudou sobre a vida e o trabalho de um para apresentar aos outros dois. Em pouco tempo e com muita criatividade, os três grupos prepararam a sua apresentação. Essa atividade proporcionou a todos um conhecimento profundo da importância das três personagens na defesa da natureza. Depois da caminhada de regresso, ainda encontraram forças para rezar o terço, andando ao redor do Centro Missionário, causando espanto aos vizinhos que ficavam admirados ao ver tantos jovens rezando. Foram dias que deixaram marcas profundas em todos os participantes. O domingo, 22, foi reservado para a preparação e celebração da Eucaristia. Os três grupos das pastorais dos dias anteriores ficaram encarregados de preparar diferentes partes da missa. Também aqui não faltou criatividade e participação. A celebração foi muito alegre e bem vivida. Na avaliação do Campo Missionário, todos foram unânimes em considerá-lo como uma experiência diferente e inesquecível. Ficou o desejo de repetir a atividade e proporcionar a outros jovens a mesma sensação. Depois do almoço festivo, foi o momento difícil da despedida. Muitos não conseguiram conter as lágrimas e trocaram os endereços de e-mails, MSN e Orkut. Com certeza, todos os que participaram serão mais discípulos e missionários em suas paróquias. 

Patrick Gomes Silva é missionário, membro da equipe de formação do Centro de Animação Missionária José Allamano, SP.

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Destaque do mês

Isto não Vale! Queremos participação no destino da Nação de Rosilene Wansetto

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O Grito dos Excluídos e o Plebiscito Popular sobre a Companhia Vale do Rio Doce marcam a Semana da Pátria. Plebiscito Popular, neste ano de 2007 sobre a anulação do leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),

ocorrido há dez anos, de forma fraudulenta. Acreditamos que os plebiscitos populares – 2000 sobre a Dívida Externa e 2002 sobre a ALCA e Alcântara - têm sido um exercício, uma pedagogia, uma alternativa de diálogo com o povo sobre temas complexos, mas de extrema importância para a sociedade. O povo brasileiro tem o direito de participar e decidir os rumos da Nação e de suas riquezas.

Por que o Plebiscito?

A pedagogia do diálogo terá espaço neste ano com o Plebiscito Popular sobre a CVRD, com o objetivo de discutir a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, leiloada para o capital privado em 1997, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Por que este Plebiscito? Porque se faz necessário discutir com o povo o leilão imoral praticado pelo Daniel Mkado

os dias atuais percebe-se com mais urgência a necessidade de aprimorar a democracia representativa e favorecer a democracia participativa, através dos diversos mecanismos que a Constituição Brasileira nos fornece, dentre eles, a participação por meio de referendos, plebiscitos e conselhos. A participação popular é uma conquista e um patrimônio precioso da sociedade. Este é um forte debate alimentado pelo Grito dos Excluídos. O Grito encontra-se em sua 13ª edição, este ano com o lema: “Isto não Vale! Queremos participação no destino da Nação”, como parte de toda a sua construção, isto é, privilegiando o protagonismo dos excluídos, e proporcionando

o debate sobre a efetiva participação nos destinos da Nação. O Grito tem contribuído nessa luta desde o seu início, juntamente com outros inúmeros movimentos sociais e populares, organizações e campanhas que assumem essa bandeira da participação e da democracia direta. O Grito dos Excluídos está contribuindo, dando força, articulando em conjunto com outras tantas forças sociais mais um

Grito dos Excluidos 2006, caminhada rumo ao Museu do Ipiranga, SP.

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governo. Na época, o patrimônio da Vale era estimado em 92 bilhões de reais, sendo que foi entregue no leilão pelo valor de R$ 3,3 bilhões. O Brasil é uma das maiores potências econômicas e a Vale do Rio Doce é a maior produtora de minério de ferro do mundo, com jazidas suficientes para 400 anos. Em 1995, a Vale possuía 13 bilhões de toneladas de minério de ferro em reservas. Na avaliação realizada na época para a venda foram declaradas somente três bilhões de toneladas. Compõem o complexo da CVRD duas ferrovias, nove portos, empresas de alumínio e celulose espalhadas em 140 cidades, dez estados e 11 países. Antes de sua privatização, 15 mil funcionários trabalhavam na Vale e o faturamento era de seis bilhões de reais por ano. O Estado brasileiro tinha plenas condições de gerir essa grande empresa. Foi sob o seu comando que ela tornou-se a maior exportadora de ferro do mundo, com a maior frota granelera. Já era na época uma empresa extremamente lucrativa, e o lucro permanecia para o Estado. Hoje o lucro vai para o capital privado e o Brasil só fica com o recolhimento dos impostos.

Irregularidades

A avaliação de venda da CVRD foi feita por um consórcio de empresas do qual participava o Banco Bradesco, hoje um dos maiores acionistas da Vale. A Lei de Licitação no Brasil proíbe que a empresa que participa da avaliação, participe também da compra, do arremate. E foi o que aconteceu no caso da privatização da CVRD, o Bradesco empresa que avaliou, participou também da compra. Diante dos fatos, tanto da avaliação do patrimônio que foi muito abaixo do que a empresa possuía, ou mesmo no caso da participação do Bradesco, podemos deduzir o quão foi fraudulento o ato. Podemos afirmar que a privatização não valeu! Encontra-se sobre julgamento. Existem 107 ações populares que questionam o edital, a nulidade do leilão, e o preço de venda, dentre outros. Todas estas ações ainda estão em julgamento. Em 2005, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a nulidade do leilão, isso nos dá fôlego para continuarmos lutando em favor e em defesa da soberania de nossas riquezas. A Vale se identifica com a soberania, ela não poderia ter sido privatizada e negociada sem uma ampla consulta ao - Setembro 2007

povo brasileiro. O território brasileiro não pode ser privatizado, negociado, vendido, é uma questão de soberania e defesa nacional.

O povo brasileiro tem o direito de participar das manifestações e decidir os rumos da nação e de suas riquezas. O plebiscito popular, como instrumento pedagógico de diálogo com o povo, quer debater estes e outros tantos elementos relacionados a essa privatização, e principalmente conscientizar a população que decisões tão relevantes ao país devem ser tomadas pelo povo; ele precisa ser consultado. E o Plebiscito pode ser um instrumento na construção de um projeto para o Brasil com participação popular.

Como participar

Como participar do Plebiscito Popular? A Campanha pela Nulidade do leilão da Vale (informações: www.avaleenossa.org.br ou tel. (11) 3105.9702) é um processo aberto para que as pessoas possam participar, engajar-se e contribuir na realização. As

pessoas podem buscar o comitê estadual, ou podem ainda organizar comitês locais, realizando debates nos mais deferentes locais – escolas, sindicatos, paróquias, comunidades, pastorais, igrejas, associações, organizando urnas e coletando votos. O Plebiscito ocorrerá na Semana da Pátria, num casamento com o Grito dos Ex­ cluídos que vem de vários anos. O Grito dos Excluídos impulsiona o processo de formação, articulação e realização do Plebiscito entre os dias 1º e 7 de setembro. O Sete de Setembro tem um forte simbolismo, quando o povo sai às ruas para gritar por mais participação, por respeito aos direitos dos trabalhadores. Nas mais de 1500 cidades que realizaram o Grito no ano de 2006, e que sairão às ruas novamente este ano, o povo grita por dignidade, ética, soberania, prioridade para políticas sociais e o fim do superávit primário; por uma auditoria das dívidas, por um projeto popular de Brasil que de fato priorize o povo e não mais o capital. Um ponto forte nesse processo de construção do Grito tem sido os pré-gritos, que acontecem como parte do processo de formação, capacitação e preparação. Na Semana da Pátria, com o Grito dos Excluídos sairemos todos às ruas para gritar que Vale defender uma empresa que respeite o meio ambiente, os povos e a riqueza do território, que não deve ser explorado de modo indiscriminado. Uma empresa que respeite a soberania do povo, do país e do território. Uma Vale que coloque as riquezas do país a serviço de um projeto para o Brasil, respeite as terras dos povos indígenas, tradicionais e quilombolas. Vale pensar um novo modelo de gestão das empresas estatais, com políticas que integrem a classe trabalhadora, e na apropriação e distribuição dos resultados. Vale construir uma verdadeira democracia através da participação direta do povo nas decisões dos rumos da Nação. Vale restituir a Vale ao patrimônio nacional. Fica o convite para todos se somarem a esse grande mutirão em defesa do patrimônio do povo brasileiro, e gritar pela nulidade do leilão e pela reestatização da CVRD. A Vale é do povo brasileiro! Vamos Gritar no Sete de Setembro no Grito dos Excluídos - A Vale é nossa! 

Rosilene Wansetto é socióloga, mestranda pela PUC/SP, membro da coordenação do Jubileu Sul/Brasil e da coordenação do Grito dos Excluídos.

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“O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. Nós vos escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa”. (1 Jo 1, 3-4) de Alessandro Henrique Coelho e Devair Araújo da Fonseca

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ntres os dias 8 e 14 de julho de 2007, realizou-se na cidade de Franca, interior do estado de São Paulo, o Primeiro Curso de Formação Missionária para Seminaristas do Sul 1 da CNBB. A idéia desse evento nasceu de uma iniciativa dos seminaristas que participaram em 2006 do curso promovido pelo CCM (Centro de Cultura Missionária) em Brasília. Esse curso motivou o pedido de um organismo que incentivasse a formação missionária nos seminários diocesanos. O pedido foi acolhido com grande entusiasmo pela OSIB Sul 1 e pelo COMIRE Sul 1(Conselho Missionário Regional). A OSIB (Organização dos Seminários e Institutos do Brasil) ficou encarregada da preparação e organização do evento, enquanto o COMIRE se responsabilizou pelos temas e assessores.

Programação

Na segunda-feira, dia 8, o padre Elviro Pinheiro da Silva Junior, da Arquidiocese de Ribeirão Preto, desenvolveu o tema “Teologia da Missão”; na terça-feira, padre Dioceses e instituições representadas no curso Aparecida, Barretos, Bragança Paulista, Campinas, Campo Limpo, Caraguatatuba, Catanduva, Franca, Itapetininga, Itapeva, Jaboticabal, Lorena, Mogi das Cruzes, Ribeirão Preto, Santo André, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Miguel Paulista e Taubaté. Comunidade “Mar Adentro”, Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos) e a Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula.

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Fotos: Jaime C. Patias

Atualidade

Formação Missionária para seminaristas

Seminaristas participantes do encontro.

Ramón Cazallas Serrano, IMC, falou sobre a Espiritualidade Missionária (Discípulos e Missionários, Teologia do discipulado, Maria, Modelo de discípulo); no dia seguinte Maria Aparecida Gomes, Renata Claudia Barbosa Ferreira e Robson Luiz Ferreira, membros do COMIRE Sul 1, apresentaram o tema “Organização e Articulação da Dimensão Missionária da Igreja no Brasil”; no dia 11, padre Sérgio Bradanini, PIMI, apresentou o tema “Missão Ad Gentes: a responsabilidade missionária da Igreja particular e na sexta-feira foi a vez de padre Jaime Carlos Patias, IMC, refletir sobre “Comunicação e Missão (Leitura missionária e MCS a serviço da missão). O encontro contou ainda com a assessoria dos padres Mauro José Ramos (Diocese de Caraguatatuba), Alessandro Henrique Coelho (OSIB Sul 1) e Devair Araújo da Fonseca (OSIB Sul 1). Entre as atividades merece destaque a visita à cidade de Rifaina, SP, para um encontro com os seminaristas da Diocese de Franca, que

se encontravam em missão visitando as casas e sendo sinal visível da Igreja que vai ao encontro do seu povo. Participaram do encontro 35 seminaristas, vindos de 20 dioceses, número bastante expressivo. Além disso, participaram também duas Congregações religiosas e uma comunidade de vida. Esse primeiro curso de formação despertou uma profunda integração nos seminaristas participantes, e essa integração gerou também uma carta de intenções que pede a criação do COMISE (Comissão Missionária nos Seminários).

Testemunho missionário

No final do encontro os participantes enviaram uma carta aos bispos, padres e formadores do Regional Sul 1 da CNBB, na qual afirmaram: (...) É com muita alegria e espírito de fé e amor que queremos partilhar as alegrias e esperanças de estarmos neste forte processo de discernimento vocacioSetembro 2007 -

nal tendo em vista o ministério presbiteral e podermos contemplar em unidade e comunhão a realidade urgente da missão no Brasil e no mundo, cumprindo assim o mandato de Cristo e crendo em sua presença constante nesta jornada: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28, 20). Queremos sempre mais “avançar para águas mais profundas” (Lc 5, 4), tendo os olhos fixos na pessoa e atitude de Jesus, o missionário do Pai, que ao assumir nossa condição humana se fez servo e obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2, 5-8), para que os homens tivessem vida abundante (cf Jo 10, 10). A realidade do mundo de hoje faz com que nos sensibilizemos diante do fato de que muitos de nossos irmãos e irmãs ainda não ouviram falar de Jesus Cristo, estando impossibilitados de realizar um encontro pessoal com Ele, o que nos deixa reflexivos sobre o que podemos realizar para contribuir com a ação evangelizadora. Ao mesmo tempo, somos conscientes da importância do processo formativo que cada um está realizando nos Seminários Diocesanos, nos Institutos, Comunidades, Congregações e Ordens Religiosas, processo este que contempla as diversas dimensões necessárias para que com protagonismo e verdadeira liberdade possamos ser um dia, pela divina graça, pastores conforme o coração de Deus (cf Jr 3, 15). Porém sabemos que amando e servindo coerentemente os aspectos contemplados neste período fundamental, devemos abrir nossas mentes e corações

às realidades da Igreja nacional, continental e universal que clamam por vida e dignidade, elementos que só se edificam através do anúncio e encontro com Jesus Cristo vivo. Comprometidos com a causa do Evangelho estamos dispostos a aprender com a Igreja, querido povo de Deus, a crescermos no ardor missionário, no serviço e na fidelidade, na solidariedade e fraternidade, através da escuta atenta da Palavra, celebrando e vivendo o dom da Eucaristia, autênticas fontes do nosso crescimento. Diante disso propomos a criação em nosso regional do COMISE (Conselho Missionário dos Seminários), fomentando já em nosso processo formativo a dimensão missionária da Igreja e, conseqüentemente, abrindo espaços para dilatarmos nossos horizontes sobre as urgências da evangelização nos diversos territórios. Este seria um organismo que visa compreender em todos os ambientes formativos uma nova maneira de estímulo aos formandos e também articulação de grupos de ação missionária entre as casas. O desejo brota justamente da contextualização de realidades como a Amazônia, a situação da Igreja no Nordeste, a falta de evangelização em países africanos e asiáticos e a evasão de católicos cada vez mais crescente, bem como a realidade de nossas Igrejas locais, lembrando que “o motivo dessa atividade missionária está na vontade de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos e tenham o conhecimento da verdade” (cf. AG 7). Na unidade da fé lembramos que acolher também é evangelizar, grande semente de transformação deste sonho em realidade. Agradecemos por muitos de nós já estarmos envolvidos em atividades de âmbito missionário nos sub-regionais. (...)

Próximos passos

Um outro ponto importante foi a proposta de já estabelecer para o próximo ano a data do segundo Curso de formação para a segunda semana de julho. Também a parceria OSIB e COMISE, no Sul 1 ficou bastante solidificada, juntamente com a colaboração do Centro Cultural Missionário de Brasília. Foi significativo perceber a abertura e espírito missionário nos jovens seminaristas, sentindo-se interpelados a assumir com ardor os novos desafios da Igreja atual. Vislumbramos neste Curso específico para seminaristas a possibilidade de formar padres com consciência, coração e olhar missionários. Com este novo ímpeto eclesial, a abertura dos seminaristas e a grande convocação da Conferência de Aparecida, podemos vislumbrar um novo tempo na Igreja, onde assumiremos verdadeiramente o nosso batismo, como discípulos chamados à missão e à santidade. Realmente estamos vivendo o tempo da Missão! 

Alessandro Henrique Coelho é sacerdote, formador do Propedêutico da Diocese de Caraguatatuba e membro da OSIB Sul 1. Devair Araújo da Fonseca é sacerdote, reitor do Seminário Maior da Diocese de Franca e membro da OSIB Sul 1. Seminaristas da Missão Meninos cheios de Deus! Homens cheios de querer ser... Plenos da vontade primeira: “Ser tudo para todos” Pretensos a imitar o irmão mais velho: Jesus Cristo! Meninos cheios de Esperança! A serviço da vontade divina. Corações que tocam o céu, Alma que toca o chão. Filiação que se percebe ao longe: São a cara do Pai! Meninos cheios de Batismo! Seminaristas para um mundo novo. Transbordantes de juventude missionária. Repetem o canto mariano: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador!” Meninos cheios de Vocação! Em tudo se parecem com a Mãe. No SIM, carregam o Espírito Santo, Grávidos de um cotidiano servir. Revestem-se de plena realidade, Habitam um constante existir. Meninos cheios de Evangelho! Evangelho cheio de Paz, Paz de um Deus cheio de meninos... de meninos cheios de Missão!

Pe Mauro José Ramos Reitor do Seminário Diocesano Beato José de Anchieta, Caraguatatuba, SP. Momento de descontração durante encontro de Formação Missionária.

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Basta de trabalho infantil! “Tá relampiano, cadê nenêm? Tá vendendo drops no sinal pra alguém!”

Divulgação

Infância Missionária

(Lenine/Paulinho Moska)

de Roseane de Araújo Silva

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sta canção nos chama a atenção para uma realidade que infelizmente não tem diminuído em nosso país. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) há cerca de 2 milhões e 700 mil crianças expostas às condições ilegais de trabalho no Brasil, muito embora a ampliação de políticas sociais de distribuição de renda tenha a intenção de erradicar esta prática. Há muitos posicionamentos favoráveis ou não ao trabalho infantil. Não me refiro aqui à aprendizagem junto aos pais (por exemplo, a ordenha das criações ou cultivo da horta), mas quando o trabalho da criança passa a ser visto como complemento de renda da família pelo aumento da produção, em contato com o grande mercado, como é o caso das plantações de café na África ou na área de sisal na Ásia. O trabalho infantil é um problema bastante sério, não só no Brasil e América Latina, mas também em outros continentes; vale

Sugestão para o grupo Acolhida. Motivação (objetivo): vamos trazer ao conhecimento das crianças do grupo a realidade das muitas crianças impedidas de viver como tal, porque são colocadas no trabalho ainda pequenas. Oração: Ó Deus Pai Todo-Poderoso olhai as crianças e adolescentes brasileiros que sofrem, no campo e na cidade, sendo obrigadas a trabalhar sem exercer o direito de ir à escola. Abençoai também o trabalho dos missionários e missionárias no enfrentamento desta dura realidade. Partilha dos compromissos semanais. Leitura da Palavra de Deus: Lucas 8, 16-18. Ouvir e pôr em prática. Compromissos missionários: A missão a que somos chamados nos coloca a caminho do próximo e o próprio Jesus a compara como uma lâmpada acesa que precisa estar em um lugar visível, para iluminar a todas e todos. Jesus nos convida a ser missionárias e missionários principalmente agindo em favor do próximo, daqueles e daquelas que ainda não O conhecem. A partir da nossa ação missionária, cresce em nós a compreensão de agir a cada dia mais próximos de fazer a vontade de Deus Pai em nossa vida e junto às crianças e adolescentes da nossa comunidade. Convidemos para a próxima reunião um representante do Conselho Tutelar do nosso bairro ou da nossa comunidade rural para falar do que é realizado em nossa cidade para combater o trabalho infantil. Depois desta conversa, organizar para o mural da capela as informações sobre o trabalho infantil no Brasil e em nosso estado. Momento de agradecimento ao Deus Criador pela ação dos missionários e missionárias junto às crianças e adolescentes trabalhadores nos cinco continentes, fortalecendo a esperança destes pequeninos. Canto e despedida.

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ressaltar que é na agricultura que encontramos a grande maioria (70%) das crianças trabalhadoras em todo o mundo. Existem atividades que podem ser consideradas como trabalho de criança e não trabalho infantil porque são disciplinadoras, não as expõem a riscos e não comprometem sua freqüência escolar, nem o seu lazer. O trabalho infantil impede a criança de viver como criança, de brincar, se divertir e principalmente de freqüentar integralmente uma sala de aula, tendo acesso ao conhecimento escolar, ao universo da leitura e da escrita, imprescindíveis à vida em qualquer idade. Qualquer empecilho ao acesso nesta fase, poderá significar um futuro sem êxito para estas crianças e adolescentes. Jesus também foi criança e viveu as dificuldades culturais do seu tempo, o que difere e muito da realidade que vivemos hoje. Teve a chance de aprender junto aos doutores da Lei na sinagoga em Jerusalém (Lc 2, 41-51) e colocar na vida os ensinamentos que aprendera com os seus pais e comunidade. Esta realidade ainda é para nós um grande desafio, porque muitos pequeninos não conseguem sequer freqüentar a escola. O 6º Mandamento da Criança Missionária lembra que todos devem “manter-se bem informados sobre os acontecimentos que envolvem as pessoas dos continentes”, com o compromisso de denunciar tudo o que impede as nossas crianças e adolescentes de terem vida plena e assim repetir como Jesus: “Deixem as crianças virem a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas” (Mc 10, 14). Busquemos fazer a diferença junto aos nossos pequeninos! De todas as crianças do mundo – sempre amigas! 

Roseane de Araújo Silva é missionária leiga e pedagoga da Rede Pública do Paraná. Setembro 2007 -

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na Amazônia Um dia também a China abrirá seus portões para uma liberdade ampla e irrestrita. de Jaime Carlos Patias

Fotos: Arquivo Pessoal

Entrevista

Um bispo chinês

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ão Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, não é um município comum. Está cercado pela floresta e inserido na maior bacia de águas escuras do mundo. É o mais indígena dos municípios brasileiros, habitado por 22 etnias em mais de 550 comunidades. Situado próximo às fronteiras da Colômbia e Venezuela, possui o terceiro maior território do país com mais de 109.000 Km2 de área. Pela sua importância geopolítica, conta com a presença crescente de militares. O mais interessante é que a diocese de São Gabriel da Cachoeira tem à frente um bispo chinês: dom José Song Suí Wan, SDB. Dom Song cursou o Ensino Médio no Seminário Salesiano de Hong Kong, de 1955 a 1959. No Brasil, licenciou-se em Filosofia em Lorena, SP (1962-1966), especializou-se e fez o Mestrado em Filosofia pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma (1968-1971). É licenciado em Letras e fala com fluência chinês e outros dialetos, português, inglês, italiano, espanhol, latim, grego, francês e alemão. Entre outras atividades como padre salesiano, em Lorena, Cruzeiro, Lavrinhas, Campinas e Araras, SP, foi professor de inglês, português, italiano, música, pedagogia, filosofia e teologia. Ordenou-se bispo no dia 27 de abril de 2002, em Araras. Dom Song, o senhor nasceu na China. Como foi parar na diocese mais indígena do Brasil? Uma vez eu estava entrando na igreja matriz de Araras. Um menino me viu paramentado e assustado me perguntou: “Você é índio?” “Sim, sou da tribo Xangai”, respondi. Nasci em Xangai, hoje considerada uma das cidades mais modernas do mundo. Mas quando nasci, nos longínquos

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1941, era bem mais simples. Em 1949 a minha família abandonou a terra natal e partiu para a misteriosa cidade de Hong Kong, que significa, “porto perfumado”. Eu falava só o dialeto de Xangai e fiquei mudo, pois o povo falava contonês, dialeto que tive que aprender para me comunicar. Na escola, estudava ainda a língua oficial, o mandarim. Desde pequeno já era meio “linguarudo”. Nove anos depois, meu pai resolveu vir para o Brasil. Tive que aprender a língua portuguesa. Quarenta e cinco anos depois o Espírito Santo cochilou e me ordenei bispo. Vim parar no Rio Negro, a diocese mais indígena do Brasil com 22 línguas diferentes! Por que sua família deixou a China? A perseguição aos cristãos e a busca de liberdade foram os motivos principais. Nossa família sempre foi católica, com mais de cinco gerações. Meu pai lecionava na Universidade Aurora de Xangai, dirigida pelos jesuítas. Como bom católico, ele

escrevia artigos na revista da universidade sobre o comunismo, suas ameaças, erros e perigos. Com isso, entrou na “lista negra”. Eu tinha nove anos, mas já entendia alguma coisa. Soube que um belo dia, o reitor da universidade, padre Germain, advertiu o meu pai: “Senhor Song, o comunismo está chegando e você está em perigo também. Fuja enquanto há tempo”. Naquela noite meu pai, antes da oração e do Rosário que recitávamos todas os dias, disse a todos nós (mamãe, duas irmãs e três irmãos): “o comunismo está vindo e vamos sair de Xangai. Começamos a novena a Nossa Senhora para pedir o passaporte. Não será fácil, mas vamos tentar”. O primeiro milagre aconteceu: o passaporte saiu no nono dia. Como é a diocese de São Gabriel da Cachoeira? É considerada “a mais confortável diocese do Brasil” devido ao número de padres por habitante: 18 para pouco Setembro 2007 -

mais de 60.000. Tem uma área de aproximadamente 300.000 km2, (tamanho da Itália, menos a Sardenha). É maior do que todo o estado de São Paulo. 97% da população são povos indígenas. Os 18 padres são salesianos, missionários do Sagrado Coração (MSC), missionários xaverianos e diocesanos, entre os quais, quatro indígenas. Apesar das distâncias o clero se quer muito bem. Temos ainda 55 Irmãs Salesianas (FMA) e cinco Irmãs Catequistas franciscanas. Aquelas se dedicam à saúde e promoção social, estas se dedicam à saúde, catequese e formação de futuras irmãs. As distâncias criam dificuldades na assistência pastoral? Entre as dez paróquias e as centenas de comunidades rurais, a principal via é fluvial. Os padres não têm carro, mas possuem barco ou voadeira (motor de popa); o combustível é o mais caro do Brasil (mais de R$ 3,00 o litro). A distância entre as paróquias também assusta. Para chegar à paróquia mais próxima levo cinco horas, à mais distante, cinco dias. Mas apesar das dificuldades financeiras e materiais, levamos uma vida muito saudável e alegre. Cada vez que saio para as visitas pastorais, tenho a impressão de estar fazendo um “piedoso piquenique”. Levo sanduíche, refrigerante, bolachas, colete salva-vida (não sei nadar), balas para as crianças e mágicas para todos. A diocese recebe ajuda de igrejasirmãs no Brasil ou além-fronteiras? Por enquanto não. Contudo, este ano, por causa da Campanha da Fraternidade sobre a Amazônia, estamos recebendo muitas visitas e algumas doações. Mas a alegria será grande quando recebermos a oferta da diocese de Paranaguá, PR, que nos doou o padre Osvaldo Cobianchi por um tempo. A CF 2007 fez um bem imenso no sentido de conscientização. Creio que esta Campanha não foi essencialmente ecológica, de defesa da natureza ou preservação da flora e da fauna. Foi uma Campanha missionária. Ficou claro que o missionário não é apenas aquele padre velhinho, de barba branca, no meio da floresta amazônica remando sua canoa. Todos os cristãos são missionários e discípulos de Cristo. Qual é a característica do seu ministério episcopal? Sempre acredito na força, valor e necessidade do contato pessoal. Por isso, desde o início das minhas atividades episcopais tomei como uma das prioridades as visitas domiciliares. Aos sábados ou domingos pego uma rua e vou batendo - Setembro 2007

Dom José Song toca escaleta para um grupo de crianças.

nas portas, casa por casa. Converso e ouço os anseios do povo. Ofereço uma pequena Bíblia, um Rosário, uma estampa de Nossa Senhora e um folheto de oração. Dou benção às casas, aos doentes, aos velhinhos e umas balinhas às crianças. Nestes cinco anos (2002-2007) visitei 5.500 famílias. Acredita? Sou salesiano e por isso gosto de música (repare meu nome: Song, em inglês: canção) e dedico-me à mágica. Tenho uma escaleta (pianinho portátil) que é presente de estimação de minha mãe. Às vezes sinto vergonha, porque a mala de paramentos de bispo é bem menor do que a que contém os instrumentos musicais e os apetrechos de mágica. Dom Bosco que me perdoe, aliás, foi ele quem me ensinou estes “truques”. O papa Bento XVI faz apelo à renovação e nos estimula para ter novo ardor, novos métodos e nova linguagem. De fato, está na hora de nos renovarmos e apresentar às pessoas, uma Igreja mais alegre e atraente. A sociedade espera contemplar um rosto divino na pessoa e um rosto humano de Deus. Qual a importância da carta que o papa Bento XVI escreveu aos católicos da China? Realmente se trata de uma questão fácil e difícil. Fácil, porque entre a Igreja Católica Patriótica Chinesa e a Igreja Católica Universal não há divergências doutrinais. Difícil, porque se trata de uma questão pessoal, disciplinar. Nisso, Jesus, o Mestre nos dá uma boa dica quando diz: “quero misericórdia e não sacrifício”. Então usemos de misericórdia, compreensão e perdão. Jesus disse ainda: “aprendei de mim que sou manso e humilde”. Então usemos a mansidão e a humildade. A história da Igreja tem demonstrado que

o orgulho tem sido prejudicial para a resolução de certas questões delicadas. Desde 1949 não vejo mais a minha terra, mas todos os dias eu rezo e ofereço sacrifício pela sua reabertura. Creio firmemente que um dia, após muito diálogo e oração, as muralhas também cairão. Que aconteça este “negócio da China”. Nossa Senhora, a Rainha da China, vai conseguir este milagre. O senhor tem contato com cristãos na China, tem estado por lá ultimamente? Eu sou ex-aluno salesiano da Tang King Pó School de Hong Kong. Em 2002, quando era ainda um bispo quase zero quilômetro, a minha escola completou 50 anos de fundação. E eu, “ilustre hóspede” fui convidado para os festejos. Naturalmente pagaram minhas passagens, ida e volta. E assim pude rever e reviver a minha querida Hong Kong. Mas o meu sonho ainda é um dia pisar o solo de minha terra natal, “tribo Xangai”. Como o senhor vê a evolução nas relações entre a Santa Sé e o governo de Pequim? Muitas vicissitudes aconteceram. Não faltaram momentos de constrangimentos, mas também houve sinalizações de esperanças. O muro de Berlim não caiu? Então, a muralha (não literalmente) da China também abrirá seus portões para uma liberdade ampla e irrestrita. A China, a maior população do mundo, ainda abrirá seus braços dando boas vindas a todos. Este dia virá? Sim, um dia. Talvez eu não veja, mas muita gente jovem ainda vai me dar razão. 

Jaime Carlos Patias é missionário, mestre em Comunicação e diretor da revista Missões.

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e certos da vitória

Encontro das Comunidades Eclesiais de Base em Tefé, no Amazonas reafirma importância deste movimento. de Francisco Andrade de Lima

E

ntre os dias 22 e 25 de julho, realizou-se a II Assembléia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé, Amazonas. Este encontro ocorreu depois de 19 anos da primeira Assembléia e teve como tema: “CEBs - memória e prospectiva” e como lema: “Caminhemos na mesma direção”. 721 representantes das comunidades da Prelazia, vindos de todas as paróquias (São Benedito – Itamarati; Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Carauari; Nossa Senhora de Fátima – Juruá; São José – Jutaí; Nossa Senhora de Guadalupe – Fonte Boa; Nossa Senhora Aparecida – Japurá; Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Maraã; Divino Espírito Santo – Uarini; São Joaquim – Alvarães; Divino Espírito Santo – Missão; Bom Jesus – Tefé; Santo Antônio – Tefé e Santa Teresa D’Ávila – Tefé) compareceram. Na primeira noite, dia 22, houve a celebração de abertura na praça da Catedral de Santa Teresa. No dia seguinte pela manhã, reflexão sobre a conjuntura atual da sociedade. Na tarde

deste dia, três grupos foram formados para debaterem sobre a Amazônia – Sustentabilidade ambiental e econômica, a Missão das Comunidades Eclesiais de Base e Dízimo – Auto-sustentação, discussão que ocupou também o dia 24. Na manhã do dia 25, os grupos elaboraram propostas para os três assuntos, que foram apresentadas à tarde do mesmo dia para todos os participantes. A Assembléia foi encerrada com uma caminhada e um ato em frente à CEAM (Companhia de Energia do Amazonas) – devido aos problemas com o fornecimento de energia elétrica enfrentados pela cidade de Tefé. Todos sentiram de perto a falta de luz, sendo necessário providenciar geradores para os locais do encontro, evitando que os trabalhos fossem interrompidos ou prejudicados. A caminhada foi encerrada na Praça de Santa Teresa - local onde havia sido iniciada a Assembléia - com a celebração de envio dos participantes e uma noite cultural com apresentações folclóricas e artísticas. Foi um momento de animação e encontro das comunidades. Estiveram presentes representantes da diocese de São José dos Campos, São Paulo, e houve a assessoria de dom Mauricio Grotto, bispo de Assis, São Paulo. Bettine

amazônia

Animados pela fé

Assembléia reafirma a importância das CEBs para a Igreja da Amazônia.

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Setembro 2007 -

Carta de intenções

A carta elaborada no final da Assembléia resumiu o desejo dos participantes: “Estes quatro dias foram momentos de partilha, de conhecimento mútuo, de fraternidade, de recordação da caminhada das comunidades, de fortalecimento das nossas convicções, de estudo, reflexão e de espiritualidade. Também esteve muito presente nessa memória a caminhada da preservação do meio ambiente, da educação popular e da organização social e política das comunidades. A partir da memória e da conjuntura, no campo da sustentabilidade, assumimos como compromisso a preservação do meio ambiente, a educação ambiental, a cobrança das autoridades constituídas para implementarem políticas públicas, sendo que isto, queremos fazer em parceria com instituições e mo-

vimentos sociais. Com relação às CEBs, reafirmamos como Igreja, o compromisso de continuar o fortalecimento das comunidades em sua organização, assim como a capacitação das suas lideranças. Sobre o Dízimo, somos desafiados a continuar a “caminhar com as próprias pernas”. Para tanto se faz necessário conscientizar as famílias, formar equipes, prestar contas regularmente e partilhar experiências. “Animados pela fé e bem certos da vitória”, tomamos a firme decisão de continuar a caminhar na mesma direção. Que Santa Teresa, Padroeira da Prelazia de Tefé, interceda por nós”. 

Francisco Andrade de Lima é secretário da Prelazia de Tefé, membro da equipe de Coordenação Geral da Assembléia das CEBs.

Mutirão de Comunicação Assessoria de Imprensa da CNBB

O

5º Muticom (Mutirão Brasileiro de Comunicação) realizou-se de 15 a 20 de julho em Belém, PA, com seminários, conferências, oficinas, grupos de trabalho e debates. No encerramento do evento, dom Orani João Tempesta, arcebispo de Belém, afirmou que o Mutirão é um compromisso permanente da Igreja. “Damos por concluído o tempo do Mutirão, mas não dos frutos”, concluiu o arcebispo, anunciando já a realização do 6º Muticom em Porto Alegre, no ano de 2009. Em seguida, ele fez a entrega do símbolo do Mutirão a Dorgival Cruz, de Santa Cruz do Sul, RS, que o encaminhará para a arquidiocese de Porto Alegre. A cerimônia de encerramento foi transmitida ao vivo pela TV Nazaré, e começou com um videoclipe, produzido pela própria emissora apresentando uma síntese do que foi o Mutirão. Durante o Muticom, Orlanda Rodrigues, secretária-executiva do Norte 2 da CNBB - Pará e Amapá -, apresentou o projeto Cidades Solidárias a ser desenvolvido pela Comissão Regional de Evangelização da Amazônia. O projeto visa aproximar a cultura do povo amazônico com as culturas das demais regiões do país. “Nosso projeto tem o objetivo de ser instrumento de integração entre as cidades do Sul, Sudeste, Centro e Nordeste com as cidades da Amazônia”, explicou a secretária. “Convidamos o Brasil a pensar a Amazônia a partir da Amazônia”, completou. Francisco Moraes, presidente da União Cristã Brasileira de Comunicação Social (UCBC), ressaltou que a riqueza do Mutirão foi reunir, em Belém, as diferentes culturas vindas de todo o país manifestadas na presença dos comunicadores presentes ao evento. “A nossa fé é a razão da nossa ação comunicadora e comunicativa”, ressaltou Moraes. “O Mutirão circulou pelo Brasil, de maneira silenciosa, através de nossas rádios aqui presentes”, afirmou a presidente da Rede Católica de Rádio (RCR), irmã Helena Corazza. “A rede de notícias procura trabalhar cristamente a notícia”, explicou - Setembro 2007

Helena, referindo-se ao jornal produzido pela RCR e transmitido em rede por cerca de 200 emissoras. O presidente da Unda/ Brasil, Antônio Celso Pinelli, associou o conteúdo do Mutirão à bagagem que cada participante levou do evento. “A bagagem de vocês está pesada não só de brindes e lembranças do Pará, mas de conhecimentos aqui adquiridos”, avaliou. O diretor de comunicação da Fundação Nazaré e responsável pela organização do Muticom, João Bosco Gomes, iniciou seu Participantes do 5º Muticom. discurso de conclusão do Mutirão, agradecendo a Deus pela realização do evento. “Aprendi, no Evangelho de São João, que sem Deus a gente não pode fazer nada. Entreguei a Deus a organização do Mutirão”, explicou Gomes ao descrever os desafios e as dificuldades, uma vez que teve pouco menos de quatro meses para preparar o evento. “O 5º Mutirão Brasileiro de Comunicação foi mais uma proeza de Deus”, concluiu Gomes, aplaudido de pé pela assembléia. Outro ovacionado pelos participantes foi o arcebispo emérito da Arquidiocese de Belém, dom Vicente Zico, ao ser chamado para se pronunciar. “Acompanhei com alegria a realização desse Mutirão e me associo aos que vivem a alegria desse momento”, afirmou. Para ele, a comunicação da Igreja e a Amazônia são as duas riquezas do Mutirão. 

Assessoria de imprensa da CNBB. Publicado no Informativo Regional Sul 1 da CNBB, n.156, agosto de 2007.

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Roberto Preczevski

Compromisso permanente da Igreja

VOLTA AO BRASIL

Brasília Campanha Missionária 2007

30

O material para a Campanha Missionária 2007 preparado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) já está sendo enviado a todas as dioceses do Brasil. São 130 mil cartazes; 50 mil cópias da Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Missões; 12 milhões de santinhos com a Oração Missionária 2007; 10,6 milhões de panfletos com Oração dos Fiéis para os domingos de outubro; 100 mil exemplares do livrinho Deus Ama sem Fronteiras: da Amazônia para o Mundo, com cinco Celebrações Missionárias; 12,5 milhões de envelopes para contribuição pessoal, a ser coletada no Dia Mundial das Missões. Espera-se que todo este material seja devidamente distribuído e aproveitado, para que os frutos sejam abundantes. O subsídio, enviado com antecedência às dioceses, deverá ser reenviado e distribuído às paróquias e comunidades. O objetivo é preparar uma boa animação missionária para o mês de outubro e uma generosa coleta no Dia Mundial das Missões (domingo, 21). O Material da Campanha Missionária 2007 para download já se encontra à disposição no site das POM: www.pom.org.br Mais informações pelo telefone (61) 3340.4494.

Pastorais da Mobilidade Humana

De 16 a 18 de julho estiveram reunidos na Casa de Retiro Assunção, em Brasília, bispos, coordenadores nacionais e representantes das Pastorais da Mobilidade Humana:Apostolado do Mar, Pastoral Rodoviária, Pastoral das Migrações, Pastoral dos Refugiados, Pastoral dos Nômades, Pastoral do Turismo e Pastoral Nipo-Brasileira. Participaram ainda representantes das congregações dos missionários e missionárias Scalabrinianas no Brasil que têm por carisma o trabalho junto aos migrantes e refugiados. O Encontro foi enriquecido com a presença de dom José Edson Santana Oliveira (Eunápolis-BA), responsável pela Pastoral dos Nômades, dom Alexandre Rufinoni (Porto Alegre-RS), dom Antônio Possamai (JiParaná-RO) e dom Murilo Krieger (Florianópolis-SC), responsável pela Pastoral do Turismo, e pelo grupo da Pastoral da Juventude de Planaltina que fez a animação nos três dias de encontro. O tema central foi a V Conferência: “Discípulos e Missionários no mundo da Mobilidade Humana. A Conferência de Aparecida: desafios e perspectivas”. No primeiro dia, foi feita a memória do I Encontro das Pastorais da Mobilidade (2005) e da Reunião Ampliada (2006), resgatando-se o histórico da caminhada conjunta dessas pastorais e os passos significativos dados nesses dois anos. À luz de reflexões e partilhas, os participantes discutiram linhas de ação pastoral a serem assumidas pelo conjunto das pastorais da Mobilidade Humana. Alegrou os participantes a fraterna presença de dom Dimas Lara, secretário-geral da CNBB.

Estrangeiros compram terras

O investimento massivo de grupos estrangeiros na compra de terras brasileiras tem preocupado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com o aumento da confiança dos investidores internacionais

no mercado interno e com uma legislação que permite a compra ilimitada de terras por empresas nacionais com capital estrangeiro, o território brasileiro tem passado para as mãos de investidores de outros países. De acordo com o Incra, os interesses são diversificados. Parte deles vislumbra grandes oportunidades com projetos de produção do agrocombustível, com destaque para o megainvestidor estadunidense George Soros. Outra parte se dedica à compra de áreas da floresta amazônica, normalmente feita por empresas que poluem seus países, que em contrapartida, estariam supostamente preservando a maior floresta do mundo. Há ainda os especuladores, cujo intuito é adquirir imóveis rurais com vistas a sua valorização no médio e longo prazo. O presidente do Incra, Rolf Hackbart, destaca as perigosas conseqüências deste processo: “a primeira: tende a aumentar o preço da terra e dificulta ao Incra adquiri-la para fazer reforma agrária. Segunda: tende a concentrar a propriedade da terra, porque sempre são compras de grandes áreas. Terceira: tende a não preservar o meio ambiente devido ao cultivo de monoculturas”. De acordo com o presidente do Incra, a ação destas empresas tem elevado os preços da terra e já chama atenção em toda a região Centro-Oeste, em São Paulo, no oeste baiano e no Triângulo Mineiro. Hackbart afirma que o Incra apresentará ao presidente Lula uma proposta de medida provisória que imponha limites por região às aquisições.

Luziânia – GO Assembléia marca os 35 anos do CIMI

A Assembléia que comemorou os 35 anos do Conselho Missionário Indigenista (CIMI) aprovou um documento em que os participantes criticam “a nefasta política macroeconômica neoliberal a serviço das grandes corporações transnacionais”, classificam o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como “um projeto onde as dimensões humana, social e de futuro estão ausentes”. O documento condena também o agronegócio, alerta para o avanço do desmatamento que ameaça pelo menos “60 povos que se encontram em situação de isolamento” e afirma que as políticas indigenistas do governo “têm se revelado incapazes de assegurar os direitos indígenas”. A XVII Assembléia do CIMI, reunida de 30 de julho a 3 de agosto, discutiu a situação de sustentabilidade dos povos indígenas, os problemas enfrentados e as possíveis alternativas. O tema "Economias e territórios Indígenas: tradição, nova realidade e utopia" foi estudado em vários painéis que reuniram teólogos, antropólogos e lideranças ligadas à defesa da causa indígena. O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, visitou os participantes da Assembléia no dia 31. A Assembléia elegeu o bispo da Prelazia do Xingu, PA, dom Erwin Kräuter, presidente do CIMI, confirmando-o no cargo que ocupava há um ano substituindo dom Franco Masserdotti, falecido em setembro de 2006. Para a vice-presidência foi eleito Roberto Liebgott e Éden Magalhães foi reeleito como secretário-executivo. 

Fontes: CIMI, CNBB, Notícias do Planalto, POM. Setembro 2007 -

Centro Missionário José Allamano

ATENDEMOS: Congregações e grupos religiosos, movimentos, paróquias, empresas, associações e outros.

Casa de Retiros e Encontros

Atividades do mês de SETEMBRO Atividades do mês de outubro Atividades do mês de novembro Dias 28 a 30: Encontro Vocacional IMC-MC Dias 26 a 28: Escola Missionária Dias 9 a 11: Encontro Vocacional IMC Dia 30: Encontro de Jovens Dia 28: Encontro de Jovens Dia 25: Encontro de Jovens



PARA MAIS INFORMAÇÕES: Rua Itá, 381 - Pedra Branca - 02636-030 - São Paulo - SP Tel.: (11) 6232-2383 - E-mail: [email protected] www.centromissionario.org.br

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A Revista Missões publica 10 edições no ano. Nos meses de Jan/Fev e Jul/Ago a edição é bimensal.

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