40

  • Uploaded by: Zeca Salgueiro
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40 Bom, agora ferrou... não tem mais volta. Morro abaixo mesmo. Agora é só ficar contando os novos fios de cabelo branco, os novos centímetros por cima de um abdomen que já foi de tanquinho... é... a vida passa. Ainda bem que é pra melhor! Podem ficar sossegados que eu não vou ficar escrevendo a cada aniversário, não. Escrevi sobre completar 39, por que era o “quase lá”, e escrevo sobre completar 40, porque 40 já é “lá”. E não é aquele “lá”, que era longe e que só nossos pais conseguiam chegar; escrevo sobre este “lá” que é aqui ao lado. As pessoas me peguntam se eu tenho experimentado alguma crise existencial, depressão, etc. Respondo sinceramente que nunca tive tempo pra isso! A única depressão que me preocupa atualmente é a econômica, e se houvesse espaço para alguma outra depressão, seria se meu bilau ficasse deprimido. Aí sim, a coisa ficaria feia! Mas, não é o caso. Sobre crise existencial, que sofre com isso é minha conta corrente... tadinha... mas ela caminha com fé! Hoje eu posso falar de peito aberto que eu bato uma bolinha com os amigos toda semana por duas horas ininterruptas e ainda corro pra manter a forma. Todos ficam estarrecidos, afinal, eu tenho 40 anos, e até ontem, quando eu tinha 39, acabar o jogo inteiro (nos dois sentidos: do tempo e da saúde!), não era mais que minha obrigação. Hoje eu posso falar pra um adolescente chato qualquer: “- Me respeita que eu tenho idade pra ser seu pai!”. E acho isso hilário! Como acho hilário desconfiarem da minha masculinidade por eu não ter barriga! O que é uma vitória, afinal eu tenho 40 anos! Viado, talvez; gordo, nunca! Tudo o que estava “lá” longe chegou tão rápido que se bobear a gente fica tonto. Tudo passou tão rápido que nem doeu! Dói de vez em quando depois de duas horas de futebol (sabe ali, perto da virilha?). Não fiquei rico. Também, eu não queria... Aliás, como diz o ditado: “Não tenho tudo o que quero, mas... F***-se!” Realmente, depois de algum tempo, a gente percebe que medir as coisas pelo “ter”, não tem sentido, quando o “ser” é tão mais difícil de se alcançar. Quantos anos eu demorei para aprender que às vezes, por causa de um nada, você põe tanta coisa a perder... Demorei 40 anos para aprender a medir as palavras. Foram 40 anos pra pedir desculpas com sinceridade e perdoar de coração. E ainda há dias em que minha arrogância fala mais alto, eu erro e machuco alguém. São dias péssimos; quando eu me sinto péssimo por ainda não conseguir controlar meus impulsos. Mas, por bondade do nosso Pai maior, esses dias estão sendo cada vez mais raros; e o mais importante: eu consigo perdoar a mim mesmo. As pessoas pedem dinheiro, saúde... eu peço mais um dia. Só de acordar vivo já é uma vitória. Já imaginou morrer assim, de repente, sabendo que falta tanta coisa pra acabar? Tantas arestas para serem aparadas e tantas faltas a serem resgatadas? Mais um dia. Mais cabelos brancos, gordurinha em volta do tanquinho (mas a torneira funciona!), e mais experiência! Quero aprender até morrer! E quero poder ensinar também. Quer coisa mais gratificante do que você deixar um bom exemplo a ser seguido? Olha só, você faz alguma coisa maravilhosa (que pode ser plantar uma árvore), e mesmo depois de morto alguém lembra e faz igual ou melhor. E vamos caminhando para a evolução; que podem chamar de paraíso, nirvana, éden, ou apenas: “lá”. Como eu sei que existe? Eu observo o sorriso de uma criança e simplesmente acredito! Quarentão? É nóis!

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