2000.09.15 - Duas Mortes Na Br 381 - Estado De Minas

GERAIS/POLÍCIA

ESTADO DE MINAS Página 30

15 de setembro de 2000 Sexta-feira

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Suspeito da morte de menina é maníaco que matou Hozzana Para polícia, criminoso que estripou garota em Esmeraldas é o mesmo que agiu na Zona Sul de BH

DALILA ABELHA

O

maníaco Gilberto Fernandes, 24 anos, indiciado pelo assassinato, em março, da estudante Hozzana Rodrigues, nove anos, em Esmeraldas, é também suspeito da morte de Natália Pereira da Conceição, 8, encontrada dentro de uma caçamba, anteontem, na avenida do Contorno, quase esquina de avenida Getúlio Vargas, Zona Sul da capital. O corpo, nu, estava dentro de um saco de náilon, envolto com

ESTEVAM MUSSO

GILBERTO FERNANDES

um saco de lixo preto, entre os entulhos de uma obra. Gilberto foi preso por militares, em Esmeraldas, meses depois do assassinato de Hozzana. Ele estava assediando um menor, tentando levá-lo para um matagal, quando foi denunciado e preso. Fugiu cerca de dois meses depois, da cadeia de Esmeraldas. A desconfiança da polícia de que Gilberto possa também ter matado Natália tem vários motivos. Um deles é que a família do homicida mora no bairro Serra. Outro detalhe que chama a atenção do chefe da Delegacia de Homicídios, Edson Moreira, é que quando o suspeito foi visto por uma testemunha andando na frente da menina, na noite da sexta-feira da semana passada, na Contorno, ele estava de cabeça baixa. Também no caso do assassinato de Hozzana, o criminoso foi visto por uma testemunha caminhando atrás dela quando retornava da escola. Ele passou pela testemunha, após o crime, também de cabeça abaixada e escondida sob um boné. Além das coincidências

no modo de agir, a polícia ainda reforça a suspeita com o fato de Gilberto estar solto. Natália foi sepultada às 16h30 de ontem no Cemitério da Saudade. Entre os presentes, a tia Maria Luíza da Conceição, que voltou a acusar a mãe da menina, Maria de Jesus Pereira, de expor os três filhos. Segundo ela, Natália e os irmãos eram forçados a vender balas nos sinais e surrados em casa se não chegassem com um mínimo de R$ 5,00. Natália era muito conhecida na região onde foi encontrada morta. Uma testemunha, porteiro de um prédio, informou à polícia que na noite de sextafeira viu a menina seguindo um desconhecido. Disse que perguntou onde ela estava indo e a menina respondeu que ia à casa do rapaz, que seguia à frente, buscar o dinheiro do pagamento de um chiclete e tomar o lanche que o estranho lhe prometeu. O vigia contou que parece ter pressentido o perigo e ainda tentou impedir Natália de ir com o desconhecido, mas ela desapareceu rapidamente na avenida.

Caçada ao agressor da UFMG Policiais da Delegacia de Homicídios tentavam ontem identificar, com ajuda de um retrato falado, o homem que atacou a universitária Viviane Silva Gonzaga, 21 anos, estudante de História, no Campus da UFMG, na noite de segunda-feira. Ela foi encontrada desmaiada, com uma corda no pescoço, a 300 metros do prédio da Reitoria. Os policiais tentavam esgotar todas as possibilidades de chegar ao possível maníaco, antes de divulgar seu retrato falado, previsto para hoje. O esboço dos traços fisionômicos do rapaz, feito a partir de informações da

vítima, foi mostrado para moradores da região do Campus até a noite. A polícia investe na busca desse homem, baixo, claro, cabelos louros e lisos, com idade entre 30 e 35 anos, que surpreendeu a estudante quando ela foi até o estacionamento apanhar livros no carro. Embora o delegado Wagner Pinto e também o chefe da Homicídios, Edson Moreira, não vinculem os oito misteriosos assassinatos de mulheres este ano na região Noroeste da Capital à ação de um maníaco, a polícia tem urgência de encontrar o agressor.

Das oito jovens mortas, seis foram estranguladas: Luciana Neiva de Carvalho, 20, Cintia Rosa de Castro, 23, Jaqueline Aline Salgado, 18, e Josélia Mara Lopes, 32, além das primas Michele e Karina. A polícia acredita que cada crime tem um autor, mas nenhum dos inquéritos foi ainda concluído. O relato feito pela estudante, que chegou a ficar por 15 minutos conversando com ele, traça o perfil de um maníaco, um homem desequilibrado, que alternava horas de ira, crise de choro e sorriso enigmático. (DA)

Presos usam latas e cavam túnel para fugir da Dutra Uma fuga em massa, planejada por presos do Pavilhão Dois do Anexo Dois da Casa de Detenção Antônio Dutra Ladeira, foi evitada pelos policiais de plantão, que descobriram um túnel com mais de dez metros de comprimento. A intenção dos presos era atingir o lado de fora da cadeia para conseguir a liberdade. No local, as fugas sempre representam uma dor de cabeça para a Polícia Civil, principalmente as que ocorrem pela porta da frente do presídio. A tentativa de fuga começou na semana passada, quando o preso Valdeci Gonçalves de Oliveira, condenado a mais de 12

anos por assalto, começou a cavar o buraco na cela 20 do Anexo Dois. Ele retirou o vaso sanitário, também chamado de “boi”, e iniciou a escavação, sendo ajudado por outros detentos. Durante vários dias, eles realizaram a escavação utilizando instrumentos rudimentares como pedaços de latas, e colocaram a terra dentro de travesseiros e colchões. Ontem de manhã, o buraco foi descoberto pelos carcereiros de plantão, que conseguiram abortar a fuga. Segundo o vice-diretor da cadeia, delegado Armando Jacob Vargas Júnior, os presos dificilmente conseguiram chegar até a rua,

pois não passariam pelo muro de concreto, que cerca todo presídio. Ele também salientou que, no local, a terra é muito fofa, o que colocaram os presos em risco. “Se um caminhão estivesse passando no momento da fuga, com certeza haveria um desabamento e todos morreriam soterrados”, observou. O delegado calcula que pelo menos 60 presos participariam da fuga em massa, que estava programada para o próximo final de semana. Atualmente, 580 presos cumprem pena na Casa de Detenção Antônio Dutra Ladeira, vinculada à Secretaria de Estado de Segurança Pública. (NC)

Menor encontrado morto no CIA

BC confirma fraude em consórcio JOSÉ CLEVES O juiz da 3ª Vara de Falências e Concordatas, Antônio Armando dos Anjos, decretou a falência do Consórcio Gerais, que causou um prejuízo de mais de R$ 7 milhões aos seus 400 consorciados. A empresa, liqüidada extrajudicialmente pelo BC em 1998, pertencia aos irmãos Alexandre e André de Lima Géo e apresentou várias outras irregularidades em seu patrimônio permanente, como a existência de uma fazenda fictícia, comprada por R$ 1,2 milhão, de João de Lima Géo, pai dos proprietários do consórcio. A fraude foi confirmada ontem na 8ªVara Criminal de Belo Horizonte pelos auditores do BC, Hélio Geraldo de Souza e Antônio Sérgio de Castro, teste-

RENATO WEIL

TÚNEL DE mais de 10 metros foi descoberto por carcereiros que estavam de plantão no presídio

FRANÇOISE IMBROISI

JOÃO DE Lima Geo acompanhado do filho João (de costas) munhas do empresário Rivadávia Salvador Aguiar, proprietário do Consórcio Uniauto, que reclama um prejuízo de quase R$ 10 milhões aplicados pelos donos do consórcio, referente à compra de 500 carros populares que não foram entregues. Além do golpe da fazenda e do calote nos consorciados, o BC

FRANÇOISE IMBROISI

RIVADÁVIA SALVADOR (E) chega ao Fórum com seu advogado

investiga ainda a origem de três duplicadas fraudulentas, no valor de R$ 1,2 milhão cada, sacadas contra a Construtora Andrade Gutierrez e negociadas com o Banco Rural pela empresa Mecominas Mecanização e Empreendimentos Ltda., pertencente a Argeu de Lima Géo, João de Lima Géo Filho e Carlos Géo Quick. A Construtora Andrade Gutierrez informou ao BC que as duplicadas são frias, sem lastro e, portanto, não tinham qualquer valor. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público. O empresário João Géo, que acompanhou o depoimento dos auditores ao lado do pai e do outro irmão, Argeu, negou as acusações. Ele afirma que a dívida do Consórcio Gerais com o dono da Uniauto nada tem a ver com a sua empresa, a Mecominas. O juiz Pedro Coelho Vergara, da 8ªCriminal, não permitiu o acesso dos jornalistas aos depoimentos dos auditores do BC, ontem, a pedido dos Géo.

Dois dias depois de completar a maioridade, o homicida Ubirajara Santana Ferreira, 18 anos, acusado de quatro assassinatos, entre eles o do companheiro Edmar Rodrigo Teixeira, 16, apareceu morto, ontem à tarde, no Centro de Internação do Adolescente (CIA). Ele cumpria medida sócio-educativa em cela individual, por determinação da Justiça, após a rebelião, em julho, e foi encontrado pendurado em uma tira de cobertor, presa a uma grade de ferro. Ubirajara e outros dois menores foram retirados do CIA na tarde do dia 24 de julho, depois de protagonizarem uma das cenas mais chocantes já registradas em unidades de recolhimento de menores infratores. Além de matar um colega, feriram e torturaram

outros três. Durante o banho de sol, mataram o companheiro a golpes de lâmina, sem motivo. Os três foram transferidos para a Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolecente, e lá permaneceram até o início deste mês. Os outros retornaram para o CIA e, uma semana, depois Ubirajara foi internado no Hospital Psiquiátrico Raul Soares. Ele ficou internado apenas uma noite, porque a direção entendeu que a presença dele gerava insegurança, em razão de sua alta periculosidade. A Justiça o mandou de volta ao CIA. Desde que retornou, passou e se automutilar, mordendo os braços e dizia aos colegas que ia se matar. A mãe dele, Valéria Maria Santana, tentou a transferência do filho para uma outra unidade do

complexo CIA, sem conseguir. A direção explicou que a transferência de Ubirajara não seria possível porque a sentença aplicada ao menor era de cumprimento de medida sócio-educativa em regime fechado e aquela é a única unidade apropriada para isso. Ontem à tarde, a assessoria do CIA informou ao Juizado de Menores e também à Promotoria dos Direitos Humanos sobre a morte do interno, mas nenhum representante desses órgãos esteve na unidade. A direção da instituição tentava localizar também os parentes, que só chegaram no início da noite. A Secretaria de Justiça e de Direitos Humanos informou que, apesar da evidência de suicídio, já foi instaurada uma sindicância para apuração do fato. (DA)

GIROGERAIS POLÍCIA ■ POUSO

ALEGRE

■ ACIDENTE

Presos com dólares falsos

Duas mortes na BR 381

A Polícia Militar conseguiu prender ontem, durante busca na praça Senador José Bento, Centro, Maria da Glória Vieira e José Roberto Gomes, que há algum tempo vinham aplicando golpes em vários pontos da cidade. O casal foi pego em flagrante, quando aguardava Lucélia dos Santos Pereira sacar R$ 624,00 de sua conta, no Banco do Brasil, momento em que foram reconhecidos por Paulo Sérgio Felipe, que em dezembro de 98 havia caído no conto do vigário aplicado por Maria e José, que residem em São Paulo. Com a dupla foram encontrados US$ 1.550,00 em notas falsas, um cheque do Banco Itaú no valor de R$ 13 mil, em nome de Liliam Carla Santos Chioppa, dois aparelhos de telefone celular e três cartões magnéticos. Diante do fato eles foram conduzidos à Delegacia de Polícia.

Duas pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida em um acidente ocorrido ontem à tarde na BR-381, perto de Pouso Alegre, envolvendo os caminhões Mercedes Benz placas CQE-2009, de Jacarei (SP), e uma Scânia, placas AAI-1890, de Ibituba (PR). A polícia não teve como evitar o saque das cargas – arroz, feijão e carvão, que ficaram espalhadas na rodovia. Morreram José Adriano de Oliveira, 23 anos, de Jacarei, e Wanderlei Ideoclides, 24, Tremembé-SP, que viajavam no Mercedes Benz. Nelson Avonzir Silveira, 52, foi levada para o Hospital Samuel Libânio, em Pouso Alegre, em estado grave. Segundo informações da polícia, o motorista do Mercedes teria tentado uma ultrapassagem, quando bateu de frente com o outro caminhão.