1999-jardins

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VIEIRA, Alberto (1999), Das Ilhas Jardins aos Jardins das Ilhas.Para a história do Jardim botânico da Madeira,

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: VIEIRA, Alberto (1999), Das Ilhas Jardins aos Jardins das Ilhas.Para a história do Jardim botânico da Madeira, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeiraedu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1999-jardins.pdf, data da visita: / /

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DAS ILHAS JARDINS AOS JARDINS DAS ILHAS Para a História do Jardim Botânico da Madeira ALBERTO VIEIRA "islands seem always to have occupied a significant place in the environmental imagination of man" (D. Worster, Nature's economy. A History of Ecological ideas, Cambridge, 1977, p. 115) "...a zona ideal para o estabelecimento de um jardim desta ordem é a ilha da Madeira. Possui condições de clima, solo e situação verdadeiramente privilegiadas. Direi mesmo que tem condições únicas. Com algum esforço, de certo, mas em relativamente pouco tempo, poderia ocupar um lugar de vanguarda entre todos os grandes jardins do mundo". (António Sousa da Câmara.1950)

As ilhas são um universo à parte. São o fascínio das lendas e dos sonhos em todos os tempos. Desde a Antiguidade que as ilhas Atlânticas são as principais protagonistas disso. Ilhas de utopia ou de sonho acabam por se revelar de forma extasiada aos navegadores do século XV. A literatura de Antiguidade clássica mediterrânica fez do Atlântico o seu lugar de sonho e ilusão. Aí fez nascer ilhas paradisíacas; os jardins das Hespérides, como também se desfizeram algumas, como a testemunha a mítica atlântica.1 Foi esse fascínio que acompanhou os navegadores peninsulares que desde o século XIV demandaram obstinados pela sua conquista e ocupação isto é, trazer o paraíso ao seu mundo e fazer dele a sua morada. A ilusão, a obstinação do paraíso bíblico domina a chegada dos navegadores portugueses às ilhas, como Colombo às Antilhas e os colonos de Mayflower às costas americanas2. A chegada é considerada um acto de reconciliação. O homem regressa ao paraíso da bíblia3. O mesmo pensamento domina a passagem dos cientistas europeus, nomeadamente britânicos, pela ilha a partir do século XVIII. As expedições científicas imbricam-se de forma directa no traçado das rotas comerciais que ligavam as metrópoles às colónias4. Deste modo a ilha da Madeira vai assumir de novo um desusado protagonismo. O paraíso é sinónimo de conhecimento e investigação. A Europa maculada e perdida pela presença humana procura nestes rincões refazer o paraíso perdido. Repetem-se os epítetos vindos da pena destes cientistas e literatos. A ilha conquista-os pelas condições que oferece. O seu clima ameno faz dela uma escala retemperada para a cura da tísica pulmonar ou na da incessante busca dos segredos que esconde a Mãe-Natureza. Para além do fascínio que a ilha oferecia a todos que se deixavam envolver no seu seio é de salientar a importância que assumiu desde que em princípios do século XV foi revelada aos portugueses. Primeira terra descoberta e revelada em todos os seus encantos acabou por assumir um papel fundamental no contexto da expansão europeia no Atlântico. Aqui aportaram os primeiros europeus e aquilo que identifica o mundo natural desses bravos aventureiros. A descoberta é também um acto de transformação do meio natural, 1

. Marcos Martinez. Canarias en la mitologia. S. C. Tenerife, 1992; Las Islas Canarias de la Antiguidad-nuevos aspectos de renascimento. Nuevos aspectos, Santa Cruz Tenerife, 1996 2 Barbara Novak, Nature and Culture- american landscape painting. 1825-1875, N. Y., 1980, p.4, 18; Richard Grove, Ecology, climate and Empire. Studies in colonial enviromental. History 1400-1940, Cambridge, 1997, p.184. 3 J. Prest, The Garden of Eden: The Botanic Garden and the Re-creation of Paradise, New Haven, 1981. 4 Cf. David Arnold, The Problem os Nature: environment, culture and European Expansion(new perspectives on the past), Oxford, 1996, p.165

adaptado às exigências dos novos habitantes. A arca de Noé acompanha os navegadorespovoadores e faz com que tudo se transforme num ápice. O acto dos descobrimentos europeus não é apenas uma forma de afirmação do mundo europeu no novo mundo, que vai do Atlântico ao pacífico. É também uma descoberta do meio natural. Flores, plantas, animais exercem um fascínio especial na prosa desses aventureiros e, por vezes, homens de ciência. Primeiro os animais exóticos, que afluem à Europa como troféu. Depois as plantas que assumem valor económico5. Feitas as contas a permuta foi favorável ao europeu. A cana-de-açúcar, vinha, cereal e alguns legumes serviram de troca ao cacau, café, tabaco e a inúmeros frutos, sementes e raízes exóticas que rapidamente nos conquistaram. Em ambos os sentidos o protagonismo das ilhas nesta permuta foi deveras relevante. O chão das ilhas oferece condições especiais para a sua aclimatação. Mais uma vez a posição geográfica e o papel que jogam nos diversos momentos das relações da Europa com as colónias foi fundamental para esse papel das ilhas como jardins de aclimatação. Conhecer o mundo das ilhas, em mais de cinco séculos de História, é o mesmo que acompanhar a par e passo o devir da expansão europeia e o processo de mundialização da economia que o mesmo provocou. Também deverá ter-se em conta que esse protagonismo atingiu o campo da Ciência, nomeadamente do relacionamento do Homem com o meio envolvente. O interesse pelo conhecimento do mundo envolvente, desde a Fauna à Flora, cativou também os insulares de modo que toda a realização das ilhas a esse nível está intimamente ligada a esse processo. É isso que pretendemos concretizar nas páginas que se seguem.

AS ROTAS DE MIGRAÇÃO DE HOMENS, PLANTAS E MERCADORIAS A valorização do Atlântico nos séculos XV e XVI conduziu a um intrincado liame de rotas de navegação e de comércio que ligavam o Velho Continente ao litoral atlântico. Esta multiplicidade de rotas resultou das complementaridades económicas e de formas de exploração adoptadas. Se é certo que esses vectores geraram as referidas rotas, não é menos certo que as condições mesológicas deste oceano, dominadas pelas correntes, ventos e tempestades, delinearam o seu rumo. As mais importantes e duradouras de todas as traçadas neste mar foram sem dúvida a da Índia e a das Índias, que galvanizaram as atenções dos monarcas, da população europeia e insular, dos piratas e corsários. A par disso a Madeira surge, nos alvores do século XV, como a primeira experiência de ocupação em que se ensaiaram produtos, técnicas e estruturas institucionais. Tudo isto foi, depois, utilizado, em larga escala, noutras ilhas e no litoral africano e americano. O arquipélago foi, assim, o centro de divergência dos sustentáculos da nova sociedade e economia do mundo atlântico: primeiro os Açores, depois os demais arquipélagos e regiões costeiras onde os portugueses aportaram. No traçado de ambas situava-se o Mediterrâneo Atlântico com uma actuação primordial na manutenção e apoio à navegação atlântica. As ilhas da Madeira e das Canárias surgem nos séculos XV e XVI como entreposto para o comércio no litoral africano, americano e asiático. Os portos principais da ilha da Madeira, Gran Canaria, La Gomera, Hierro, Tenerife e Lanzarote animam-se de forma diversa com o apoio a essa navegação e comércio nas rotas da ida, enquanto 5 Cf. José E. Mendes Ferrão, A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1992; António Luís Ferronha, Mariana Bettencourt e Rui Loureiro Alfredo, A Fauna Exótica dos Descobrimentos, Lisboa, 1993; Margarido, As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos, Lisboa, 1994.

nos Açores, com as ilhas de Flores, Corvo, Terceira, e S. Miguel, surgem como a escala necessária e fundamental da rota de retorno. A posição demarcada do Mediterrâneo Atlântico no comércio e na navegação atlântica fez com que as coroas peninsulares investissem aí todas as tarefas de apoio, defesa e controle do trato comercial. As ilhas eram os bastiões avançados, suportes e símbolos da hegemonia peninsular no Atlântico. A disputa pela riqueza em movimento neste oceano será feita na área definida por elas, pois para aí incidiam piratas e corsários ingleses, franceses e holandeses, ávidos das riquezas em circulação nas rotas americanas e indicas. Uma das maiores preocupações das coroas peninsulares terá sido a defesa das embarcações que sulcavam o Atlântico em relação às investidas dos corsários europeus. A área definida pela Península Ibérica, Canárias e Açores era o foco principal de intervenção do corso europeu sobre os navios que transportavam açúcar ou pastel ao velho continente. As ilhas assumem na centúria oitocentista uma nova função para os Europeus. De primeiras terras descobertas passam a campos de experimentação e a escalas retemperadoras da navegação na rota de ida e regresso. Finalmente, no século XVIII desvendou-se uma nova vocação: as ilhas como campo de ensaio das técnicas de experimentação e observação directa, que comandam a ciência das "luzes", e escala das constantes expedições científicas dos europeus. O enciclopedismo e as classificações de Linneo(1735) têm nas ilhas um bom campo de experimentação. O homem do século XVIII perdeu o medo ao mundo circundante e passou a olhá-lo com maior curiosidade, deste modo como dono da criação estava-lhe atribuída a missão de perscrutar os seus segredos. É esse impulso que justifica todo o afã científico que explode nesta centúria. A insaciável procura e descoberta da natureza circundante cativou toda a Europa, mas foram os ingleses quem entre nós marcaram presença, sendo menor a de franceses e alemães6. Aqui são protagonistas as Canárias e a Madeira. Tudo isto é resultado da função das mesmas como escala à navegação e comércio no Atlântico e para fora deste. Foi também aqui que a Inglaterra estabeleceu a sua base para a guerra de corso no Atlântico. Se as embarcações de comércio, as expedições militares cá tinham escala obrigatória, mais razões assistem às científicas para esta paragem obrigatória. As ilhas pelo seu endemismo, própria história geobotânica, levavam obrigatoriamente a esse primeiro ensaio das técnicas de pesquisa a seguir noutras longínquas paragens. Também as ilhas foram um meio revelador dessa incessante busca do conhecimento da geologia e botânica. Instituições seculares, como o British Museum, Linean Society, e Kew Gardens, chegam a enviar especialistas a proceder à recolha das espécies. Os estudos no domínio da geologia, botânica e flora são resultado deste presença fortuita ou intencional dos cientistas europeus. Esta foi uma moda, no decurso do século XVIII, que levou a que algumas instituições científicas europeias ficassem depositárias de algumas dessas Colecções: o Museu Britânico, a Universidade de Kiel, Universidade de Cambridge, Museu de História Natural de Paris. E, por cá, passaram destacados especialistas da época, sendo de destacar John Byron, James Cook, Humbolt, John Forster. A lista é infindável, contando-se, entre 1751 e 1900, quase uma centena de cientista. Está aqui uma riqueza historial que ainda não foi devidamente explorada. James Cook escalou a Madeira por duas vezes(1768 e 2772), numa réplica da viagem de circum-navegação, mas desta feita apenas com interesse científico. Os cientistas que o

6 Cf. "Algumas das Figuras Ilustres Estrangeiras que Visitaram a Madeira", in Revista Portuguesa, 72, 1953; A. Lopes de Oliveira, Arquipélago da Madeira. Epopeia Humana, Braga, 1969, pp. 132-134.

acompanharam intrometeram-se no interior da ilha à busca das raridades botânicas para a sua classificação e depois revelação à comunidade científica. A tudo isto é de referenciar a função de hospital para a cura da tísica pulmonar ou de quarentena na passagem do calor tórrido das colónias para os dias frios e nebulosos da vetusta cidade de Londres. Esta função catapultou a ilha para um evidente protagonismo. O debate das potencialidades terapêuticas da climatologia propiciou um numeroso grupo de estudos e criou uma escala de estudiosos, dentro e fora da ilha. Mais do que estes é de salientar os demais que correspondem, ao seu apelo. As filas intermináveis de aristocratas, escritores, cientistas desembarca no calhau e vão encosta fora à procura do ar benfazejo da ilha. Vem daqui muito do espólio hoje disponível na Casa Museu Frederico de Freitas e Biblioteca Municipal. É esta quase esquecida dimensão da ilha como motivo despertador da ciência e cultura europeia desde o século XVIII que importa realçar. Ela partiu de campo experimental dos descobrimentos a sua afirmação, com a filosofia das luzes, como novo campo experimental de nova ciência que desabrocha, mercê da sua nova função de escala das expedições científicas. Mais uma vez fica demonstrado o activo protagonismo da Madeira no devir histórico ocidental. A sua acção não se resume apenas aos planos político-económico e social, pois se alarga ao científico, como acabamos de constatar.

OS JARDINS DAS ILHAS Para os navegadores do século XV aquilo que mais os emocionou foi o denso arvoredo, já para os cientistas, escritores e demais visitantes da ilha a partir do século XVIII aquilo que mais chama à atenção é, sem duvida, o aspecto exótico dos jardins e quintas que povoam a cidade. O Funchal se transformou assim num verdadeiro jardim botânico. Na Europa desde o século XVI que começaram a surgir os jardins botânicos. Em 1545 temos o de Pádua, seguindo-se o de Oxford em 1621. Em 1635 o de Paris preludia a arte de Versailles em 1662. Em todos é patente a intenção de fazer recuar o paraíso7. As ilhas não tinham necessidade disso pois já o eram. Diferente é a atitude do homem do século XVIII. Aliás, desde a segunda metade do século XVII que a atitude do homem perante as plantas mudou. Em 1669 Robert Morison publica Praeludia Botanica, considerada como o principio do sistema de classificação das plantas, que tem em Carl Von Linné (Linnaeus) (1707-1778). O seu principal protagonista. A partir da publicação de Genera plantorum (1737) e depois de Species Plantarum (1753) e Systema Natural (1778) a visão do mundo das plantas nunca será a mesma. Contemporâneo dele é o Comte de Buffon que publica entre 1749 e 1804 a "Histoire Naturelle, générale et particuliére" em 44 volumes. Os jardins botânicos do século XVIII deixam de ser uma recriação do paraíso e passam a espaços de investigação botânica. O Kew gardens em 1759 é a verdadeira expressão disso. Notese que Hans Sloane(1660-1753), presidente do Royal college of physicians, da Royal Society of London e fundador do British Museum, esteve na Madeira no decurso das expedições que o levaram às Antilhas inglesas8. 7

. Richard Grove, Ecology, climate and Empire. Studies in colonial enviromental. History 1400-1940, Cambridge, 1997, p. 46; J. Prest, The Garden of Eden: The Botanic Garden and the Re-creation of Paradise, New Haven, 1981. 8 Raymond R. Stearns, Science in the British Colonies of America, Urban, 1970

Por outro lado a aclimatação das plantas com valor económico, medicinal ou ornamental adquire cada vez mais importância. Aliás, foi fundamentalmente o seu interesse medicinal que desde o século XVII provocou o desusado empenho9. Assim em 1757 o inglês Ricardo Carlos Smith funda no Funchal um desses jardins onde reúne várias espécies com valor comercial. Já em 1797 Domingos Vandelli (1735-1816) e João Francisco de Oliveira no estudo sobre a flora apresentam no ano imediato um projecto para um viveiro de plantas. O viveiro foi criado no Monte e manteve-se até 1828. O Naturalista francês, Jean Joseph d'Orquigny, que em 1789 se fixou no Funchal foi o principal mentor da criação da Sociedade Patriotíca, Económica, de Comércio, Agricultura Ciências e Artes. Mas este foi um projecto efémero, uma vez que a sua condenação como maçon em 1792 desfez todos os seus projectos. Aqui a ideia de progresso alia-se com o conhecimento do meio natural que nos rodeia10. De acordo com Elizabeth B. Keeney11 na América do Norte a partir de 1820 a Botânica tornou-se muito popular, fazendo surgir a figura do "botanizers", isto aqueles que por passatempo dedicavam-se à colecção, identificação e preservação das espécies botânicas. Afirma-se até que a História Natural é um bom exercício para a mente dos jovens12. Passados vinte anos o espectro muda no sentido da especialização surgindo as associações especializadas como Smithsonian Institution(1846) e American Association for the Advancement of Science(1848). Entretanto em Londres havia surgido em 1838 a Botanical Society Club. Em França, por iniciativa de G. Saint-Hilaire(1805-1861), foi criada em 1854 a Societé Nationale de Protection de la Nature et D'acclimatation. Os franceses a partir da obra de Buffon e Lamarckian foram os principais difusores da noção e prática de aclimatização. Tudo isto ligase directamente com o processo de colonização africana, no caso francês assinala-se o processo em curso na Argélia13. Auguste Hardy é peremptório nesta aproximação: "it may be said that the whole of colonization is a vast deed of acclimatization"14. Esta opção ganhou adeptos em toda a Europa, merecendo o seguinte comentário de Michael Osborne15: "The proliferation of accliatization societies and its empires at midcentury indicates that acclimatization studies were tied to the pan-European phenomenon of settler colonies". Em 1850 José Silvestre Ribeiro, então governador civil da Madeira, avançou com um plano de criação do Gabinete de História Natural, a partir da exposição inaugurada a 4 de Abril no Palácio de S. Lourenço. Mas foi tudo em vão, uma vez que à sua partida em 1852 tudo se desfez. Note-se que nesse mesmo ano, a 23 de Setembro, surge a proposta de Frederico Welwistsch16 para a criação de um jardim de aclimatação no Funchal e em Luanda17. A Madeira cumpriria o papel de ligação das colónias aos jardins de Lisboa, Coimbra e Porto. Notese que este botânico alemão que fez alguns estudos em Portugal, passou em 1853 pelo Funchal com destino a Angola. 9 K. Thomas, Man and the Natural World. Changing attitudes in England. 1500-1800, Oxford, 1983, p. 27, 65-67. 10 Francisco Contente Domingues, "Jean Joseph d'Orquigny e a Sociedade Patriótica do Funchal", in Actas do II Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1990, pp.231-245 11 The Botanizers-amateur scientits in nineteenth century America, Chapel Hill, 1992. 12 . Ibidem, p.45 13 Michael Osborne, Nature, the exotic, and the Science of French Colonialism, Bloomington, 1994 14 L'Algerie Agricole, Commerciale, Industrielle, Paris, 1860, p.7 15 Ibidem, p.176 16 Cf. Ebarhard Axel Wilhelm, "Visitantes de língua Alemã na Madeira(1815-1915)", in Islenha, 6, 1990, pp.4867. 17 . "um Jardim de Aclimatação na ilha da Madeira", in Das Artes e da História da Madeira, nº. 2, 1950, pp.15-16

A presença na Madeira do Padre Ernesto João Schmitz, como professor do seminário diocesano, criou em 1882 um Museu de História Natural, que hoje se encontra integrado no actual Jardim botânico. Só passado um século o tema voltou a merecer a atenção dos especialistas. São várias as vozes que se erguem em favor da criação de um jardim botânico na Madeira. Em 1936 refere-se uma tentativa frustrada de criação de um Jardim Zoológico e de Aclimatação nas Quintas Bianchi, Pavão e Vigia, que contava com o apoio do Zoo de Hamburgo18. Em 1946 António de Sousa da Câmara recomenda a criação de um jardim colonial. Apelo que se refere em António C. Teixeira de Sousa e ganha grande alento em 1950 com a realização no Funchal da "I Conferência da liga para a protecção da natureza"". O apelo de J. de Azevedo Pereira19 lançado neste evento teve repercussão nas autoridades da Junta Geral que souberam criar em 1960 o tão desejado jardim botânico. A criação do Jardim Botânico por deliberação da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal a 30 de Abril de 1960 é o corolário dessa defesa secular das condições da ilha para a sua criação e a demonstração da sua importância científica revelada por destacados investigadores botânicos que procederam a estudos20. Tenha-se em consideração que esta iniciativa só foi possível graças à pertinaz acção de António Teixeira de Sousa como Presidente da Junta Geral. Assim em 1952 adquiriu-se a Quinta do Bom Sucesso onde ficaram os serviços da Estação Agrária, mas o objectivo era a criação do Jardim Botânico. Em qualquer dos momentos assinalados as ilhas cumprem de novo o papel de ponte e adaptação da flora colonial. Os jardins de aclimatação são a moda do momento, que entre nós tem por palco as amplas e paradisíacas quintas. O Marquez de Jácome Correia21 identifica as quintas do Palheiro Ferreiro e Magnólia como jardins botânicos. Estas são viveiros de plantas, hospital para acolher os doentes da tísica pulmonar e outros visitantes. O deslumbramento acompanha o interesse científico e convivem lado a lado nas inúmeras publicações que o testemunham no século XIX. Note-se que os jardins, através da harmonia do frondoso arvoredo e das garridas cores das flores têm nos séculos XVII e XVIII um avanço evidente. Os bosques deixam de ser espaços de maldição e as árvores entram no quotidiano das classes altas, alinhando-se em filas para dar acesso à casa de moradia. Os jardins adquirem a dimensão de paraíso bíblico e como tal espaço espiritual. Eles são a expressão do poder humano sobre a Natureza22. Na Inglaterra do século XIX os jardins e as flores tornam-se muito populares23. Essa ambiência chegou à ilha através dos mesmos súbditos de Sua Majestade. As ilhas exerceram assim um fascínio especial sobre todos os visitantes e parece que nunca perderam a sua imortal característica de jardins à beira do oceano. Deste modo poderemos afirmar, com propriedade, que estas foram as ilhas jardins e que os seus jardins continuam a ser o encanto dos que a procuram, sejam eles turistas ou cientistas. A Natureza conquista o Homem fazendo-o rodear-se de jardins e conduzindo à floresta. Para os EUA a pintura do século XIX é definida como a expressão ambiental do sentimento 18 César A. Pestana, A Madeira Cultura e Paisagem, Funchal, 1985, p.65 19 . "Um jardim botânico na Madeira", in Das Artes e da História da Madeira, Vol. 2, n 3, 1950, 24-26. 20 Cf Boletim da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Abril de 1960; Rui Vieira, "Sobre o 'Jardim Botânico' da Madeira ", in Atlântico, 2, 1985, pp.101-109. 21 A Ilha da Madeira, Coimbra, 1927, p.173, 178 22 Peter j. Bowler, Fontana History of environmental Sciences. N. Y., 1993.,p.111. 23 . Cf. K. Thomas, ibidem, pp.207-209, 210-260

nacional24. Esta ideia de posse sentimo-la na literatura madeirense, quando se afirma peremptoriamente a identificação com os principais recantos da ilha, alvos da cobiça dos visitantes. Por outro lado a floresta deixa de ser lugar de perdição e entra no quotidiano do Homem como espaço de lazer. A floresta não é mais local de perdição, morada das bruxas. Esta mudança de atitude expressa-se na criação dos parques nacionais. Os EUA foram pioneiros em 1872 com o Yellowstone, seguindo-se The Adirondacks(1885) e Yosemite(1890)25. Esta opção também chegou à ilha.

NOVAS FORMAS DE VER E FRUIR O MEIO NATURAL Nos últimos anos a História tem sido enriquecida de novos conteúdos. A Historiografia americana tem permitido esse arejamento temático e metodológico. A história oral, que já aqui referimos, é exemplo disso. A par disso temos ainda outra aportação recente que tanto tem entusiasmado a Historiografia inglesa e norte-americana. Isto é, a História do Meio-ambiente. A partir daqui o meio natural deixa de ser o palco para se assumir também actor da História O primeiro estudo que apela ao tema surge em 1847. Com o livro "Man and Nature" de George Perkins Marsh, que é considerado um dos precursores da defesa do meio-ambiente. O tema começou a ganhar interesse nos anos cinquenta, mas a actual premência actual dos problemas do meio ambiente cativou a historiografia que fez deste um dos novos domínios de ponta do conhecimento e investigação histórica. A publicação do livro "The historical roots of our ecologic crises "(1960) de Lynn White Jr., um dos clássicos estudos sobre a História do meio ambiente ou ecológica, marca o início de uma nova era para a atenção da historiografia norteamericana, que nos últimos anos entrou definitivamente nos currículos académicos e planos editoriais. Acrescem também as revistas especializadas. Destas salienta-se Forest & Conservation History(1957), hoje Environmental History Review, que se firmou como porta-voz dos historiadores em defesa do meio natural26. A par disso a ilha assume nos últimos tempos um lugar de relevo nos novos domínios da História, que ganharam expressão nos meios universitários americanos a partir da década de sessenta. Para isso deverá ter contribuído a publicação do livro Silent Spring(1962) de Rachel Carson, que foi um factor desmultiplicador do interesse civil e académico pelos problemas ecológicos. A História do Meio Ambiente e Ecológica veio fazer apelo de novo ao pioneirismo da Madeira, naquilo que o devir mostra a gesta europeia destruidora do meio envolvente. O processo de expansão europeia não se afirma apenas pela novidade de descoberta de novos 24 Angela Miller, the Empire of the Eye- Landscape representation and American cultural Politics. 1825-1875, Ithaca, 1993, p.8, 76 25 . Roderick Nash, The Rights of Nature. A History of Environmental Ethics, Madison, 1989, p.35; William Beinart e Peter Coates, Environment and History the Taming of nature in the USA and South Africa, London, 1995, p.76; Walter Levy, Christopher Hallowell(ed.), Green Perspectives: Thinking and writing about Nature and the Environment, N. Y., 1994, p.3. 26 Veja-se os seguintes estudos que procedem à análise dos principais textos historiográficos: Frank Stewart, A Natural History of Nature Writing, Covelo, 1994, Roderic Nash, The rights of Nature . A History of Environmental Ethics, Madison, 1989; D. Worster, Nature's Economy. A history of Ecological ideas, Cambridge, 1977; David Arnold, The Problem of Nature. Environment Culture and European Expansion(New perspectives on the past), Oxford, 1996; Roderick Nash, American Environmentalism. Readings in Conservation History, N. York, 1990: I. G. Simmons, Environmental History. A Concise Introduction, Oxford, 1996.

mundos, mas também pelos efeitos destrutivos da presença do europeu sobre a fauna e flora dos novos espaços. Tudo isto foi conseguido por exigências das leis do mercado de então que definiu uma estrutura de monoculturas e exploração intensiva do solo, através de culturas com elevado rendimento económico, como foi o caso da cana de açúcar. Da leitura dos clássicos e da produção bibliográfica recente releva-se uma situação particular que toca de novo o arquipélago da Madeira. A Madeira não se posiciona apenas nos anais da História Universal como a primeira área de ocupação atlântica, pioneira na cultura e divulgação do açúcar ao Novo Mundo, mas também como o primeiro exemplo dos efeitos nefastos de uma exploração intensiva27. A expansão europeia não se resume apenas ao encontro e desencontro de Culturas, mas também marca o início de um processo de transformação ou degradação do meio. O europeu carrega consigo a fauna e flora do seu convívio e com valor económico, que irão provocar profundas mudanças nos novos ecossistemas. Com isto acontece que o espaço vivido e natureza se universalizam. Nos séculos XV e XVI foram as viagens de descobrimento, enquanto no século XVIII sucederam as de exploração e descoberta da natureza, comandadas por ingleses e franceses. A Madeira foi o viveiro de aclimatação nos dois sentidos. Da Europa propiciou a transmigração da fauna e flora identificada com a cultura ocidental. No retorno foram as plantas do Novo Mundo que tiveram de novo passagem obrigatória pela ilha. A riqueza botânica do Funchal resulta disso. O processo de imposição da chamada biota portátil europeia, no dizer de Alfred Crosby28, foi responsável por alguns dos primeiros e problemas ecológicos mais importantes. Quem não se lembra da praga dos coelhos do Porto Santo29? Que dizer do incêndio que lavrou na ilha durante sete anos ? Estas situações são assiduamente referenciadas pela actual historiografia norte americana que se dedica ao estudo da História do meio ambiente, sendo o seu ponto de partida e alento para esta incursão temática inovadora. Outro facto também insistentemente referido é o da própria ilha da Madeira. O nome foi o atributo para referenciar a abundância e aspecto luxuriante do seu bosque. Mas em pouco tempo, as queimadas para abrir clareiras de cultura e habitação, o desbaste para fruição das lenhas e madeiras, fizeram-na desmerecer tal epíteto. Da Madeira quase só ficou o nome…! A tradição refere que os navegadores portugueses atearam um incêndio à floresta densa para poder penetrar, mas este ganhou tais proporções que os atemorizou. Foram sete anos de chama acesa, diz a tradição. Todavia, hoje ninguém acredita nesta versão divulgada por Francisco Alcoforado e repetida em Cadamosto e outros autores da época. Hoje ninguém acredita nesta História, que a ser verdade teria reduzido a ilha a carvão… Esta situação expressa uma realidade que pautará a expansão europeia e que só nos últimos anos tem cativado a atenção do historiador. Tudo isto tem origem num produto devorador que conquista a economia de mercado e que pautou a evolução da economia atlântica

27 , Madeira. Pearl of Atlantic, London, 1959 Veja-se Richard GROVE, Green Imperialism, N York, 1995, pp. 529; idem, Ecology, climate and empire, Cambridge, 1997, p. 45; John PERLIN, A forest journey, N. York, 1989. 28 Imperialismo ecológico. A expansão biológica da Europa. 900-1900, S. Paulo, 1993. 29 Tenha-se em atenção que estes foram motivo de um estudo do botânico alemão Ernest Haeckel(1834-1919 publicado em 1868. Foi ele quem em 1866 em "Generalle Morphologie" usou a palavra Oecologie. Cf. Eberhard Axel Wilhelm, "Visitantes de Língua Alemã na Madeira(1815-1915)", in Islenha, 6, 1990, 48-67.

a partir do século XV. O carrasco é o açúcar. A sua disponibilidade só é possível com esse processo de degradação do meio que viu nascer os canaviais. A Europa parte no século XV à procura do Eden bíblico ou descrito na literatura clássica greco-romana. Foi este um dos motivos do empenho de Colombo, mas também dos navegadores portugueses. O seu reencontro era encarado como uma conciliação com Deus o apagar do pecado original de Adão e Eva. Esta imagem persegue quase todos os navegadores quinhentistas e deverá estar por detrás do empenho daquelas que aportaram à Madeira . Tenha-se em conta que as duas primeiras crianças nascidas na ilha, filhas de Gonçalo Aires Ferreira tiveram nomes bíblicos de Adão e Eva30. Era o retorno ao Eden, que aos poucos foi sendo perdido, tal como sucedera aos primogénitos Adão e Eva. A recuperação desta imagem acontecerá mais tarde no século XVIII em que a ilha é de novo o paraíso redescoberto para o viajante ou tísico ingleses, recuperado e revelado ao cientista, seja ele inglês, alemão ou francês, através das recolhas ou da recriação através dos jardins botânicos. A cana de açúcar poderá ser considerada como a cultura agrícola mais importante da História da Humanidade, pois provocou o maior fenómeno em termos de mobilidade humana, económica, comercial e ecológica. A sua afirmação como cultura agrícola é milenar e abrange vários quadrantes do planeta. É de todas as plantas domesticadas pelo Homem aquela que acarreta maiores exigências. Ela quase que escraviza o homem, esgota o solo, devora a floresta e dessedenta os cursos de água. A sua exploração intensiva desde o século XV gerou grandes exigências em termos de mão-de-obra, sendo responsável pelo maior fenómeno migratório à escala mundial que teve por palco o Atlântico: a escravatura de milhões de africanos. Ligado a tudo isso está também um conjunto variado de manifestações culturais que vão desde a literatura à música e à dança. Foi o Oriente quem descobriu a sua doçura, tendo a Papua Nova Guiné como Berço. Os árabes fizeram-no chegar ao ocidente e foram os arautos principais da sua expansão. Genoveses e venezianos encarregaram-se do seu comércio e Europa. Mas é nas ilhas que ela encontrou um dos principais viveiros da sua afirmação e divulgação no Ocidente: Creta e Sicília no Mediterrâneo, Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde e S. Tomé no Atlântico Oriental Puerto Rico, Cuba, Jamaica, Demerara(…) nas Antilhas. A realidade sócio-económica que serve de suporte ao açúcar diferencia-se no seu percurso do Pacífico/Índico para o Mediterrâneo/Atlântico. Assim, no primeiro caso não assume a posição dominante na economia, primando pelo carácter secundário, enquanto no segundo é patente o seu efeito dominador na economia e sociedade/associação ao escravo, que começa no Mediterrâneo e se reforça no Atlântico. As ilhas, pela limitação do seu espaço, são as primeiras a ressentir-se desta realidade. A consciência ecológica do homem hodierno serve de apelo a esta viragem regressiva à História da Humanidade. O presente actua assim com expressão mediática para a descoberta desse passado que pode ter algum efeito pragmático nas actuais políticas de defesa do meioambiente, para que se alcance o limiar do século XIX com mais e melhor ambiente, preservando aquilo que os nossos antepassados nos legaram.

BIBLIOGRAFIA GERAL SOBRE A HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DO MEIO NATURAL

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