1998-boaventura

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VIEIRA, Alberto (1998), BOAVENTURA. Algumas notas para a sua História, in Boletim Municipal São Vicente, nº.19, série II(Agosto), São Vicente, CMSV, pp.12-17

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: VIEIRA, Alberto (1998), BOAVENTURA. Algumas notas para a sua História, in Boletim Municipal São Vicente, nº.19, série II(Agosto), São Vicente, CMSV, pp.12-17, Funchal, CEHABiblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1998boaventura.pdf, data da visita: / /

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Algumas notas para a sua História 'I?

oaventura é hoje uma freguesia importante do concelho de S. Vicente, situação decorrente da sua plena afirmação a partir da segunda metade do sbculo XIX. Boaventura e terra de gente ilustre e humilde, de colonos e senhorios. Perante os forasteiros que a i afluíam vindos do Funchal apresentava-secomo uma franja de terra onde o homem se resguarda em vales .' amenos numa área que vai da montanhaa serra. A História do lugar reparte-se entre a riqueza dos geus recursos naturais e a sua posição no traçado da rede pedestre que ligava o Norte ao Sul. Esta $ , dltima situação perdeu-a na decada de cinquenta i: me& do incremento da rede v i h a este titubeante caminho pelos progressos da . 'ilha que nos conduz a Boamura e ao seu cada vez mais evidente protagonismo, uma vez quebradas as ieias do isolamento dos seus núcleos de issentamento humano. ' I, . '

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A TOPON/MIA. Uma das questões que muitas rezes nos preocupa, leigos e historiadores, e a

origem do nome dado aos núcleos de assentamento dos povoadores do concelho. Nem sempre as explicações apresentadas são razoáveis e por detrds da designação inicial estão, muitas vezes, aspectos que nos escapam. A toponímia é um campo aberto e muito atreito à nossa imaginação. Ontem como hoje questiona-se a origem do iopónimo Boaventura. O Pe. Fernando Augusto da Silva (Elucidário Madeirense, 1946)., cauteloso, não 6 capaz de apresentar uma explicação: 'Qual 6 a grafia correcta: Boaventura ou Boa Ventura? Não o sabemos dizer,

porque de ambas as formas aparece escrito este nome. A primeira parece ser a mais antiga e é sem duvida a mais comum e usual, mas no entretanto não conhecemos razões especiais de prefergncia para nenhuma delas. S6 nos podemos perder em simples mjecturas ou em hipóteçes mais ou menos engenhosas, mas talvez muito distanciadas da verdade. Já A. Samento (Freguesias da Madeira, 1953) anota aquela que lhe parece plausível: "Parece que primitivamente foram terras chamadas de boa ventura, da alcunha que teve o seu povoador. E boa sorte coube a Pero Gomes de Galdo, pois, de origem castelhana e num tempo em que Portugal andava emperrado oom Castela, soube haver bom quinháo de terras distribuídas no norte da Madeira. Casou com herdeira rica, obteve o cargo ale juiz dos drfãos, e D. Manuel lhe deu cota de armas.em 1510 . Para Maria Lamas continua o mesmo enigma: "Boaventura! Tem qualquer miça de simbólico este nome que marcou a risonha freguesia desde a sua fundação" (Madeira MaravilhaAtlânlica, 1956.). A Histária sempre noç mha desafios inúmeros e enigmas, capazes de espicapar a imaginação criadora de alguns dos seus construtores. Na verdade, nem sempre as questões do presente correspondem as respostas que o passado nos transmite ou pode dar. A toponímia é um campo escorregadio e capaz de provocar opiniões divergentes, como vimos.

A FREGUESIA. Boaventura deverá ser lugar de assentamento muito mais recente que Ponta Delgada e S. Vicente e certamente nunca assumiu a

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importância destas. Todavia, o facto do lugar se encontrar a meio caminho na ligação a vertente sul pelo Curral das Freiras terá propiciado a sua valorização. O primeiro sesmeiro terá sido o castelhano Pero Gomes de Galdo que ai fundou a capela de S. Cristóvão. Note-se que no wiwelho a correspondência entre as actuais freguesias e parbquias só ficou estabelecida em 1836 com a criação da paróquia de Boaventura. Este último lugar esteve por muito tempo dependente da de Ponta Delgada e s6 em 1733, com a criação do curato procedeu-se a separação, ficando como sede a Capela de Santa Qukria. Esta situação resultou de uma reclamação dos moradores do lugar ao Bispo D. Fr. Manuel de Coutinho numa visita a Ponta Delgada. Em 1817 Paulo Dias de Almeida refere o lugar wmo curato dependente da par6quia de Ponta Delgada, donde tardavam a 18 chegar cerca de hinta minutos, por um "muito mau caminho". A afirmaçgo plena do lugar deu-se no século XIX com a sua elevação em 1836 h categoria de paróquia, tendo como sede a nova igreja de Santa Quiteria, construida nos escombros da capela do mesmo nome. Depois disto nova paróquia s6 veio a acontecer em 1919 na Fajá do Penedo, onde se conçtniira uma igreja do Imaculado Coração de Maria. Toda a História da localidade até ao século X1X é alicerpda na dependência da pardquia de Ponta Delgada. Assim no perlodo que decorre ate à criação do municlpio de S. Vicente em 1744 a Area dependia do município de Machico, ficando na alçada do juiz do lugar de Ponta Delgada. E esta situação perdurou por muito tempo. Somente em 1872 surge uma noiva situação, pois a criasão das juntas de paróquia veio a autonomizar o lugar. Já em finais do século XVI Gaspar Frutuoso (Livro Segundo das Saudades da Terra, 1873-1979) na sua descrição das diversas localidades da ilha, apenas faz referencia a Ponta blgada e S. Vicente. Tão pouco Henrique Henriques de Noronha em 1722 faz referência, dando t d a a aten@o a Ponta Delgada e ao protagoniçmo de Antbnio Cawalhd, o homem que catapultau Ponta Delgada para uma p s i w de prestígio no norte da ilha. O facto mais significativo de tudo isto B que Boaventura em relação a Ponta Delgada apresentava-se no século XIX mmo mais populosa e tardou muito tempo em ser reconhecida a sua importância. Para isso certamente contribuiu a dispersão populacional, a pouca capacidade ou interesse das suas gentes em reivindicar a sua autonomia em termos religiosos e politioos.

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IGREJAS, CAPELAS E SOLBRES. A freguesia de Boaventura apresenta no seu recinto algumas ; capelas e casas de inegavel valor patrimonial, algumas delas jB demolidas. De entre estas Mimas destslca-se a Capela & São Cristóvão, demolida em 1748. A sua fundação B atribuída a Pedra Gomes de Galdo ou a um seu descendente, dono de terras de sesmaria em Boaventura e S. Jorge. Foi o primeiro templo religiosa desta localidade. A esta juntam-se Óutras duas na Fajã do Penedo: a Capela de I Santanaedificada em 1768 por António Franciscode Caires e sua mulher Teresa Maria Barros, demolida na primeira metade do século XIX. e a Capela do Coraqão Imaculado de Maria, benzida em 23 de AE)osto de 1919, e mandada fazer, pela devoção de D. Maria Margaridados Anjos Ribeiro.

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Toda a Histdria da localidade até ao século XIX 8 alicerçada na dependência da paróquia de Ponta Delgada. Assim no periodo que decorre at& a criação do município de S. Vicente em 1744 a drea dependia do municr'pio de Machico, ficando AS RIQUEZAS DE BOAVEMURA. A orografia na alçada do juiz desta vertente norte e em especial da Area do lugar de Ponta circunscrita ao concelho de S. V i n t e não configura Dejgada. grandes possibilidades agrícolas. A preparaqão do

A Icimia Matriz da invocação de Santa Qutkria foi const;uida em 1835 no local da antiga capela. Esta capela primitiva fora construída em 1731 por solicita@o das moradores e ficou desde 1833 como sede do curato. Em 1739 foi criada a confraria de Santa Quiteria, que desde 1771 se empenhou na construção da m a igreja. Desta primeira fase deve ser o pórtico principal em rica cantaria lavrada. O tecto foi pintado em 1929, por JasB Zeferino Nunes (Cirilb). No plano da arquitectura civil destacam-se dois solares: o dos Banhos, dos finais do sdc. XVIII, recuperado para pousada, em 1992, por Silvano Jesus Teixeira, e o da Silveira, que apresenta gravado na porta de entrada o ano de 1783. Foi casa dos morgados Licio de Lagos, possuidores terras vinculadas. Atradição aponta a presença de Antero de Quental, hóspede de sua tia D. Isabelde Quental.

solo para o custio foi uma tarefa árdua. Por isso, no início da ocupação da ilha esta área ficou abandonada a si própria e só ganhou irnportancia num segundo momento pela necessidade das madeiras e pressão do movimento demogrAfico. Neste contexto, foi a riqueza das suas madeiras e a sua crescente necessidade para construção civil, naval e industria açucareira que perpetuaram a importância deste n6cleo. FLORESTAS E MADEIRAS. A valorização deste recurso é evidente na presença de serras de âgua. Este era um engenho mecânb movido a Agua, com vantagens sobre o sistema manual no sentido de que era muíto mais rápido e necessitava apenas de um sb homem. A topwiímia testemunha ainda hoje o local onde funcionaram algumas. Em Boaventura ternos o Lombo da Serra de Agua. Paulo Dias de Almeida (1817) refere o local, nomeadamente as partes altas como cobertas de arvoredaS.

cabeças de gado bovino, 4060 do porcino, a que se juntavam de gado manadio, 161 de ovino e 450 de caprimi. A riqueza do sector pecudrio fica reforçadam m a existência desde 1850 de uma fábrica de curtumes, fundada por Joaquim da Silva Ganawa no Sitio do Lombo dos Cabos, onde se curtiam anualmente mais de cem couroç. ARTESANATO. As actividades artesanais assumem a importância adequada ao estAdio de desenvolvimento de cada localidade. De acordo com informação de 1863 a freguesia estava servida de seis teares. Aíteciaa a Iã mas também o linho uma vez que sso referenciadasvinte e uma gramadeiras e seis tecedeiras. A par destes tecidos note-se a importância que era atribuída aos panos de for a da terra, que surgem com certa frequência nos testamentos. Em 1766 Quiéria Ferreira de Andrade refere uma capa pretaque diz ser de %obremq'e em 1768 Maria da Silva Jardim deixa A sua sobrinha ?o& o fato de vestir tanto de ir ouvir missa como &

&ea. O QUOTIDiANO E O PROGRESSO. No presente século a intervenção do municipio foi no sentido de garantir as populações das tr&s freguesias adequadas condiç6es de vida. Com a aposta no investimento social: rede de M d m e n t o de água, eiectrifmç50 e viária, ensino.

Esta reserva florestal tanto era usada localmente No presente como exportada para o Funchal. Temos alguns século a indlcios do uso de madeiras de qualidade, vinhático intenreqdo do cedro e pau branco, pelas populações locais na munic@io foi no mnsim@o de mobilia. Em alguns testamentos ficou 0 ABASTECIMENTO DE AGUA POTAVEL.O sentido de registo disso. Cristóvão Manuel Fernandes Ferreiro abastecimento de água B uma realidade de finais do em 1721 surge com uma caixa de castanho, já em garantir às 1763 Manuel Pestana documenta uma outra de pau século XIX. Até então o consumo fazia-se a partir populaç6es das branco e em 1767 Isabel Gwveia dB conta de outra das ribeiras e muitas levadas que circundavam as áreas agrícolas e tinham passagem obrigatória nos tMs freguesias de cedrocom fechadura. núcleos povoados. adequadas A freguesia de Boaventuracontinuava ainda sem O VIMIEIRO. Outro recurso de não menor condipões de importância foi o vimieiro que teve aqui junto com a o serviço. Deste modo em 1903 reclama a vida. Com a Camacha um grande desenvolvimento.A tradição canalização de água potável e a construção de aposta no assoeia esta aclMdade a ambas as freguesias. Esta marcos fontandiios nos sítios do Ferreiro e Entrosa, na proximidade do adro da Igreja, a ser canalizada investimento situação manteve-se até a actualidade, tendo na no SItio da Fonte. Entremto o Gwemador Civil em decada de setenta da presente centúria um SOCI'~~: rede de momento de apogeu. 1905 recomendava alguns cuidados em termos de

abastecimenfode

AGRICULTURA E PECUARIA. A par disso é de dgm, salientar a agricultura, assente numa exploração de elecm'fic~~ção e subsistência ou de exportação. Neste último caso vidna, ensino. t e m a vinha e a cana de a@car. A cana de a q h r teve na freguesia algum incremento no século X lX, surgindo em 1899 na RiMra do P o m um engenho de António de Abreu Cardoço. Maior interesse despertava o gado vacum pela sua dupla utilidade: estnirne para ferlilizar a terra e o leite para consumo dom6stico ou venda. Neste último caso foi um suplemento importante da economia familiar. A freguesia apresentava no p e r í h de 1938a I 940 doze postos de desnatação, onde intervgm 590 proprietários. O rendimento aufendo é de 2.41644$39. Isso e testemunhado nas e legadas onde é frequente a sua inúmeras dpresença. Em 1713 Manuel Mendes declara três vacas, já em 1778 Salvador Andrade apresentavase com quatro vacas e dois cabritos. Note-se também a presença do gado ovino, caprino e porcino como mais um supfemento económico. Em 1721 Cristóvão Manuel Fernandes declara doze cabras, sete ovelhas, dois novilhas, uma junta de vacas e porcos. De acordo com o arrolamento do gado de f 893 a freguesia apresentava-se com 1508

Boletim Municiipal de mo Viamte

saúde p i i b l i . A VereaçSo informa do seu empenho nisso, atravks da mnstiução de marcos fontanários, para os quais faltam recursos financeiros, reclamando a Junta Geral um subsldio de 600$00 para dois marcos fontanários na Boavenmra e Fajã do Penedo e 1000$00 a Junta Agrícola para outro no Sitio da Igreja. Este último foi construído pela Junta Geral mas nâo estava cumprindo bem o serviço, pois a água fiava 'hwa e aleitada" devido às mgas, pelo que "não pode considerar-se potável e própria para o abastecimento, mas sim perigosa para a saúde pública e insalubre". A situaqão não deverá ser alheia a deliberaçgo da Junta em proceder à entrega dos fontanános que lhe pertenciam. O abastecimento de água a Boaventura não ficara solucionado e a partir da miamação dos moradores parece que foi de pouco efeito o seiviço prestado pela junta. Note-se que os moradores dos sítios da Igreja, Pastel e Serrão reclamavam da f a h de água potável, sendo obrigados a abastecerem-se de Aguas insalubres e perigosas para a saúde ou procura-Ias a grandes distãncias. A a m a r a decide avanwr com a referidacanalização de água potável, contando que a ofeita do projecto e das nascentes, cedidos por um grupo de moradores. O plano tem como objectivo a construção de fontanários nos

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sítios do Pastel, Igreja, Serrão, Fajã do Penedo, Terceira Lombada e Falca. Em 1931 estavam mcluídos a v a n m s e com outros para a Falca e Fajã dos Vinháticos. Se o abastecimento público através dos marcos fontandtios me ser considerado uma realidade do skculo XIX, o mesmo não sucederá. com o domidiario que data dos anos quarenta do nosso século. Até então o recurso era os fontanaiíos, as levadas, ou a possibilidade, apenas para alguns, de aprweitamentodos çobejos das águas dos mafontanários. Outros, como Jose Mana Banhos de Castro Rodrigues do Serrão (Boaventura) providenciavam o seu próprio abastecimento caseiro. Aos demais vicentinos não servidos pela rede pública de fontanáhs restava o recurso da fonte ou então a disponibilidadede uma bilha e um copo para serviço de água como dispunha a secretaria da Cdmara. A rede aos poucos foi-se alargando. Em 1959a Ia fase de Boaventura ao mesmo empreiteiro no valor de 43.858$00.Nos anos çeçsenta apostase na remodelação da rede existente e na sua expansão, que em Boaventura contemplou a Achada do Castanheiro, Cabo da Ribeira.

O ENSiMO. A aposta na f o m ç ã o das populações foi tardou em chegar ao Norte da ilha. O isolamento das diversas localidades mdicionou a divulgação e afirmação do ensino escolar. A par disso os meios disponíveis para a sua promoção eram eçcaçsos. As instalações e sua conservação, a mobília, o pagamento do salfirio dos professores e moradia eram da competQnciada Camara. Nova lei fez retomartal encargo hs Câmaras. De acordo com isto os moradores de Boaventura reclamavam em 1888 uma escola de ensino elementar do sexo maswlino, oferecendo a casa e mobília. Por faita de pessoa habilitada a Camara proveu interinamente o Padre Antdnio Alves Camacho, a Única pessoa habilitada

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A ELECTRICIDADE. Foi a 28 de Maio de 1956 que se inaugurou na freguesia de S. Vicente a primeira fase do projecto de electrificação do concelho. Não era a primeira vez que os vicentinos tomavam contacto com este benbfioo usufruto. O petróleo e a cera haviam já dado lugar em algumas casas pela invenção da electricidade. A mais antiga referência a iluminaçãopublica é de 1896. No ano imediato o sewiqo alargou-se ate a Terra Chã, seguindo-se depois em 1904 as freguesias de Ponta Delgada e Boaventura. A CAmara adquiriu quinze candeeiros no valor de 50$000,sendo dez para Ponta Delgada e os restantes para Boaventura. O beneficio da energia eléctrica surgiu muito cedo na Madeira, pois datam de 1897 as primeiras experiências. Todavia, tardou muito tempo o seu alargamento a toda a ilha. Foi necessáh c h e g a m aos anos quarenta para que se avanqasse com o plano, através da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, Miada em 1943 mas que entrou em pleno exerclcio de funções no ano imediato. S.Vicente foi um mncelho pioneiro na utilizaçãodo serviço, pois desde muito cedo tivemos algumas iniciativas particulares. Em Vereação apenas está documentada uma iniciativa em Boaventura para fornecimento de energia eléctrica a Igreja paroquial. Sabemos da existemia pelo simples facto de a estrada municipal entre S. Cristóvão e a Achada do Castanheiro ter atravessado a conduta de água. Isto obrigou a um desvio que reverteu numa quebra de , rendimento na produção de energia, pelo que o ' pároco solicitou uma indemnizaMo. A partir dos anos cinquenta chegou finalmente a energia eléctrica ao concelho e lançou-se a rede pública de abastecimento. Concluídos os quatros postos de transformação avançou-se para as freguesias de Ponta Delgada e Boaventura. Na segunda a montagem da rede em Dezembro de : 1959. Esta última obra-adjudicada a António : Francisco dos Reis foi inaugurada pelo Governador i Civil com pompa e circunstância,tendo-se queimado fogo no valor de 1 530$00. '

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para tal, no que foi confirmado pela junta escolar com ordenado de 100$000 ao ano. Em 1947 a Junta Geral assumiu a responsabilidade,propondo a Cãmara a construção de novos edifícios no concelho onde se incluía a da Fajã do Penedo. Passados dez anos avançou-se com novos edifícios de que se destaca o da Falca. Nos anos sessenta a quarta fase do plano dos centenArios contempla novas escolas em Boaventura: Lombo do Unal, Igreja, Fajã Grande. Na década de cinquenta apostou-se de novo na alfabetização de adultos, criando-se postos a partir de 16 de M a p de 1953 nas escolas femininas da Fajã do Penedo, Falca e masculina da Fajã do Penedo. A situagão era t a m b aho de reclamação popular, o que denota a inexistencia de absentismo mas sim a falta de condições político governamentais para acabar com o problema. Em 1898 face à inexistencia de uma escola do sexo masculino a vereação reoonhece os "clamores dos pais que desejam educar seus filhos". Para o combater existiam as escolas nocturnas de educação popular, conhecidas desde muito cedo. Sabe-se apenas que o referido curso nocturno funcionou em Boaventura, mediante o mmprovativo de uma despesa feita na oompra de um candeeiro de ilumina@o. Foi deste forma que se iniciou o combate ao absentismo e se iniciou a longa marcha de formação cultural das poputaQõesdestas rdnditas paragens. Tarefa que ainda hoje se torna pertinente e

A partir dos anos

cinquenta chegou finalmente a

energia eléctdca ao concelho e lanpu-se a rede

pública de abastecimento.

Boletim Municipal de São Vicente

A lig-o

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com o Sul tinha nas seras & Boaventum wn acesso

privílegfado. Mas veredas eram de diflcii cirmrlaçáo para as mercadorias e pessoas, pelo menos assim o redamava em 1817 Pauh Dias de Almida: *e daqui se atravessa a ilha passeindo ao Curral ckiç Freiras, cujo caminho 8 p8ssim0,

-. . ,, I. . O resubdo diçso e& na gaiena de ilustrados do norte da ilha podemos salientar em Boaventura tivemos Jose Juliáo de Paulo e Vasconcelos (176& 1859), formado pela Universidade de Coimbra que escreveu um nobiliário madeirense. Dois outros evidenciaram-se no rninistétio sacerdotal: os padres António Alexandrino de Vasconcelos (1791-1 884) e Jose Joaquim de Andrak (?-I 854)

nemssáia.

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A PASSAGEM 00 NORTE AO SUL. A orografia da vertente norte da ilha associada às dificeis condiws de aproximação da costa não facil'iou a circulação de homens e dos produtos arrancados a terra. Este factor wndicionou de forma evidente a evolução das freguesias e concelhos deste espaço. p o r ~ r n o s Em 1774 um dos grandes argumentos usados pelos rochedasatéaoAh moradores do norte para reivindicarem o novo das Torres ...". municipio era a grande dificuldade de comunica@o, por terra e por mar, com Machico. Por terra traçaram-se veredas que, através do Curral das Freiras ou o Paul da Serra, estabeleciam o contacto com a vertente norte. Somente em 1914 tivemos a primeira estrada de ligação ao Funchai pela Ribeira Brava que em 1928 foi atvo de um alargamento para se ajustar a circulação de viaturas. Hoje o sistema o& i iv em progressotende a esbater essa distância A ligação do Norte com o Sul tinha nas serras de Boaventura um acesso privilegiado. Mas veredas eram de difícil circulaçáo para as mercadorias e pessoas, pelo menos assim o reclamava em 1817 Paulo Dias de Almeida: "e daqui se atravessa a ilha passando ao Curral das Freiras, cujo caminho e péssimo, por escabrosos rochedos até ao Alto das Torres ...". E, por isso o recurso mais usual, até ao aparecimento da primeira viatura motorizada, foi o mar. Através dele traçou-se uma rede de comunicaçõesentre as várias localidades. Os ditos "barcos de carreira" eram o elo de comunicação

3otetim Municipal de São Wcente

entre os diferentes portos costeiros. Esta deveria ter sido a irreversível opção dos primeiros colonos que se fixaram na costa norte. Mas ate mesmo aqui as possibilidades da fregueçia eram limitadas. Tal como refere Paulo Dias de Almetda (1817) " O porto desta povoação B na boca da Ribeira da Boaventura, mau porto e com muitos penedos mergulhados." Esta, conhecida como a Ribeirado P o m , é uma das duas ribeiras que sulcam a freguesia. A situação viária da ilha pouco mudou até finais do s6cul0, pois na década de noventa Carlos Faria (RecordaQõesda ilha da Madeira, 1945) refere que este caminho era "muito mau, mas muito interessante pla verdura e grandes arvores da encosta bastante aprumada", sendo a frequência habitual de estrangeiros. A mesma ideia surge em C. A. Power ( Tourists guide to the island of Madeira, 1914), que não se cansa de referir o magnífico cenário que a natureza propiciava entre as Torrinhas e Boaventura. Aqui uma viagem em rede poderia custar vinte dólares, enquanto em cavalo poderia ir até trinta dólares. Até ao actual estabelecimentoda rede viária, que cada vez mais avança para o progreso no encurtar das distâncias, passou-se um sinuoso percurso na aproximação da vertente norte ao sul. O aparecimento do automóvel e a definição da rede viária são uma conquista do nosso século. Ate que isso sucedesse a costa norte manteve-secomo um local de perdição, quase inacessível aos mortais. Atingir estas faldas montanhosas só a pé, a cavalo ou em rede, pois o barco era e continua a ser um meio pouco eficaz. Além disso, os caminhos eram sinuosos e de grande insegurança para os visitantes e insulares. Daqui resulta o seu quase total esquecimento até que a primeira estrada em 1914 a ligou ao Funchal. Depois foi a abertura, em 25 de Junho de 1953do túnel que liga ao Arco de S. Jorge. O TURISMO RURAL. A descoberta das

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potencialidades turísticas da encosta norte não B sb deste final de século, pois começou a delinear-se a partir da centúria oiiocentista. Foi nesta éque o norte se abriu aos estrangeiros, que o devassaram em intermináveis passeios calcorreando veredas e levadas. O testemunho abnatób desta de-rta está materializado em algumas gravuras e textos apelativos ao deleite de novos aventureiros e descobridoresdesta virginal natureza. É precisamente a partir da década de cinquenta que temos um número avultado de visitantes e testemunhos reveladores da descoberta do norte. Em 1851 Edward Harwurt (A Sketch of Madeira) diz que não podia sair da ilha s r n ter este encontro com o cenário deslumbrante do norte, o que concretizou num passeio feito pelo Curral e regressando por Boaventura. . Em Boaventura louva-se a beleza agreste da paisagem,indesckível na voz do eswitor e poeta. S. Peacmk (A Treatise of the Climate and Meteordogy of Madeira.1850) define Boaventura como um vale romAntico. Para E. Worüey (A Visit to Portugal and Madeira. 1854) 'é o mais belo cenário que alguma vez viu", não sendo por isso fácil de o testemunhar em palavras. Para A. Marsh (Holiday Wandenngs in Madeira, 1892) aquilo que mais desperta a sua atenpão B a pobreza dos seus moradores, na sua maioria vivendo como colonos. Aquilo que mais admira o visitante é a forma de estrutura da sociedade,onde o dinheiro não circula. Aqui tudo se troca por forma directa na feira dominical no centro do povoado. É o dia de t m , mas também de danças e cantam.. Para corresponder a tão insistente procura começou a delinear-se um servip de apoio através das vendas. Após mais de sete horas de cavalo o viandante precisava de um sitio para repousar e comer. Em Boaventuraé assinalado apenas a venda de Manuel Carvalho. Esta é já referenciada por Jarnes Yate Johnson (Madeira...,885). I Aqui alojouse A. J. Drexel Biddle (Madeira Islands, 1900) por 9900 réis. A esta junta-se em 1896 Manuel Pereira da Silva, morador no Lombo do Urzal refere que " presta em casa, que B a Última próxima da serra, auxilio aos transeuntes que por ali passam, fornecendo-lhes comida e bebida...', por isso mesmo pede a isen@o no pagamento dos impostos sobre as bebidas que vende pois, caso contrário, acabará com a venda. A Câmara sabendo da utilidade do serviço despachou de modo passível o pedi. Hoje a realidade é outra. As vendas deram lugar As pousadas em antigas casas senhoriais. As veredas d e r a m espap àç estradas asiahdas, de modo que os caminhos que comunicavam com o Funchal sewem apenas os amantes da natureza. Foi certamente esta função de apoio a circulação de naturais e visitantes que fez com que este local assumisse a importância que acabou por adquirir a partir do século XVIII. A importânciada via levou a fixação de gentes desde a orla litoral até ao cimo da encosta. Em torno do circuito estabeleceram-se nkleos de povoamento e mos de desenvolvimento agrÍcoia que usufruíramdesta situação.

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PQLITICOS E REVOLTAS POPULARES. A população desta freguesia, não obstante ser aquela que se encontra a maior distancia da sede do concelho, não se coibiu de participar na vida

municipal fazendo vater os seus direitos e interessa. Alguns dos seus mais destacados moradores tiveram participação activa na vida municipal como vereadores. Um dos factos mais evidentes dessa participação prende-se com a revolta de 1868 que levou a total destruição dos aquivos municipais. Tudo oomeçou com aç eleições desse ano' para eleição do deputado que os representaria pelo circulo da Ponta de Sol.Afreguesia de S. Vicente que havia sido fiel a D. Miguet inclina-se para a sua adesão ao partido fusionista enquanto em Ponta Delgada a maioria estava do lado do partido reformista. A figura do juiz ordinário, Januário José de Aguiar, adepto dos reformistas, não agradou à população de Boaventura que havia sido mobilizada pelo seu regedor, Manuel João de Freitas Galdo. Todavia o juiz instigou um Antbnio de Abreu a chefiar uma revoita popular, mobilizando o ódio da população ao sistema de pesos e medidas (1849) e o sistema métrica decimal (1852-1859). A sublevação ocorreu em 12 de Abril, em plena semana santa, mas foi no dia seguinte que acorreram os de Boaventura instigados pelo seu regedor. Ao confronto entre populares sucedeu a queima dos arquivos camarárim.

BOAVENTURA OU BOA VENTURA. Boaventura, pelo que acabamos de enunciar parece ter sido terra bem aventurada para aqueles que souberam desafiar o isolamento os declives das encostas e a densidade do arvoredo. Todo o vale teve até a abertura da rede viária para os automóveis um papel fundamental na aproximação do Norte ao Sul. A presença de forasteiros nacionais e estrangeiros parece ter sido uma constante. A proximidade de Ponta Delgada envolveu o lugar nas festividades do Senhor Bom Jesus atravbs da passagem e alegria contagiante dos romeiros. Tudo isto mudou cwn o lançamento da rede viána a partir da década de quarenta, o que veio a provocar o isolamento das zonas altas, que só há alguns anos se reabriramde novo. Boaventura B na verdade terra de boa ventura.. ..

Em Boa ventura

louva-se a beleza agreste da paisagem, indescritível na voz do escritor e poeta. S. Peacock (A Treatise of the Climate and Meteorology of Madeira. 1850) define Boa ventura como um vale romdnfico.

A ~ & N o t b necesçária. O resultado disso está na galetia de ilustrados do norte da ilha podemos salientar em Boaventura umamsw tivemos Jose Juliáo de Paulo e Vasconcelos ( 1 7 6 pliviiegiaakr. M s 1859), formado pela Universidade de Coimbra que v e m eram & Míd escreveu um nobiliário rnadeirense. Dois outros arcuk@o para as evidenciaram-se no ministbrio sacerdotal: os padres mercadotiase Antonio Alexandrino de Vasooncelos (1791-1884) e J& Joaquim de Andrade (?-I 854) assim o mchmarra em A PASSAGEM DO NORiE AO WL. A orografia 1817 Paulo Dias de AlmeWa: "e &qui se da vertente norte da ilha associada As difíceis amvessa s ilha condições de aproximação da costa não facilitou a m n d o ao curral circulação de homens e dos produtos amncados a das Firas,c@ terra. Este factor condicionou de forma evidente a evolu@o das freguesias e concelhos deste espap. mmhhoBpe&, Em I i74 um &s grandes argumentos usados pelos por-rochedos a 3 ao Afto moradores do norte para reivindicarem o novo ckis T m ...". município era a grande dificuldade de comunicapo, por terra e por mar, com Machico. Por terra traçaram-se veredas que, através do Curral das Freiras ou o Paul da Serra, estabeleciam o contacto com a vertente norte. Somente em 1914 tivemos a primeira estrada de ligaeo ao Funchal pela Ribeira Brava que em 1928 foi alvo de um alargamento para se ajustar à circulação de viaturas. Hoje o sistema viário em progressotende a esbater essa distância A ligaqão do Norte com o Sul tinha nas serras de Boaventura um acesso privilegiado. Mas veredas eram de difícil circulação para as mercadorias e pessoas, pelo menos assim o reclamava em 1817 Paulo Dias de Almeida: "e daqui se atravessa a ilha passando ao Curral das Freiras, cujo caminho é péssimo, por escabrosos rochedos até ao Alto das Torres ...". E, por isso o recurso mais usual, ate ao aparecimento da primeira viatura motorizada, foi o mar. Através dele traçou-se uma rede de comunicações entre as v8flas lmlidades. Os ditos "barcos de carreira" eram o elo de comunicação

rna Sul tinha nas serras de Boaventura

v * m -

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3oletim Municipal de São Vicente

entre os diferentes portos costeiras. Esta devetia ter sido a irreversível opqão dos primeiros colonos que se fixaram na d a norte. Mas ate mesmo aqui as possibilidadeç da freguesia eram limitadas. Tal como refere Paulo Dias & Almeida (181i) " O porto desta povoaç-30 é na boca da Ribeira da Boaventura, mau porto e com muitos penedos mergulhados." Esta, conhecida como a RiMra do Porco, é uma das duas ribeiras que sulcam a freguesia. Asituqão viária da ilha pouco mudou até finais do s8cul0, pois na década de noventa Carlos Faria (Recordações da ilha da Madeira, 1945)refere que este caminho era "muito mau, mas muito interessante pla verdura e grandes arvores da encosta bastante aprumada", sendo a frequência habiiuai de esirangeiros. A mesma ideia surge em C. A. Power ( Tourists guíde to the island of Madeira, 1914), que não se cansa de referir o magnífico cenário que a natureza propiciava entre as Torrinhas e Boaventura. Aqui uma viagem em rede poderia custar vinte dólares, enquanto em cavalo poderia ir até trinta dólares. Até ao actual estabelecimento da rede viária, que cada vez mais avança para o progresso no encurtar das distâncias, passou-se um sinuoso percurso na aproximagão da vertente norte ao sul. O aparecimento do automóvel e a definição da rede viária são uma conquista do nosso século. AI6 que isso sucedesse a costa norte manteve-se como um local de perdição, quase inacessível aos mortais. Atingir estas faldas montanhosas s6 a pé, a cavalo ou em rede, pois o barco era e continua a ser um meio pouco eficaz. Alem disso, os caminhos eram sinuosas e de grande insegurança para os visitantes e insulares. Daqui resulta o seu quase total esquecimento até que a primeira estrada em 1914 a ligou ao Funchal. Depois foi a abertura, em 25 de Junho de 1953do túnel que liga ao Arco de S. Jorge. O TURISMO RURAL. A descoberta das

Agosto 1998

potencialidades turísticas da e m t a norte não é s6 deste final de século, pois comepu a delinear-se a partir da centúna oitocentista. Foi nesta época que o norte se abriu aos estrangeiros, que o devassaram em inteminfiveis passeios calcorreando veredas e levadas. O testemunho ahnat6rio desta dezmberta está materializado em algumas gravuras e textos apelativos ao deleite de novos aventureiros e descobddoreç desta virginal natureza. É precisamente a partir da década de cinquenta que temos um número avultado de visitantes e testemunhos reveladores da descoberta do norte. Em 1851 Edward Hamurt (A Sketch of Madeira) diz que não podia sair da ilha sem ter este encontro m o cenano âeslumbrante do norte, o que mncretizou num passeio feito pelo Curral e regressando por Boavenhira. . Em Boaventura louva-se a beleza agreste da paisagem, indescritivel na voz do escritor e poeta. S. Peaoodc (A Treatise of the Climate and Meteorolqy of Madeira.1850) define Boaventura como um vaie romântico. Para E. Wortley (A Visit to Portugal and Madeira. 1854) "B o mais belo cenário que alguma vez viu", não sendo por isso fácil de o testemunhar em palavras. Para A. Marsh (Holiday Wanderings in Madeira, 1892) aquilo que mais desperta a sua atenção 6 a pobreza dos seus moradores, na sua maioria vivendo como colonos. Aquilo que mais admira o visitante é a forma de estrutura da sociedade, onde o dinheiro não circula. Aqui tudo se troca por forma directa na feira dominical no centro do povoado. É o dia de trocas, mas também de danps e cantares.. Para corresponder a tão insistente procura de apoio através começou a delinear-se um senr+@o das vendas. Ap6s mais de sete horas de cavalo o viandante precisava de um sitio para repousar e comer. Em Boaventura é assinalado apenas a venda de Manuel Carvalho. Esta B já referenciada por James Yate Johnson (Madeira.. .,1885). Aqui alojouse A. J. Drexel Biddle (Madeira Islands, 1900) por 9900 r&. A esta junta-se em 1896 Manuel Pereira da Silva, morador no tombo do Urzal refere que " presta em casa, que e a última próxima da serra, auxilio aos transeuntes que por ali passam, fornecendo-lhes comida e bebida...", por isso mesmo pede a isenção no pagamento dos impostos sobre as bebidas que vende pois, caso contrário, acabará com a venda. A Câmara sabendo da uülidade do serviço despachou de m d o passivel o pedido. Hoje a realidade é outra. As vendas deram lugar as pousadas em antigas casas senhoriais. As veredas cederam espaço as estradas &&das, de modo que os caminhos que comunicavam com o Funchal servem apenas oç amantes da natureza. Foi certamente esta função de apoio a circula@o de naturais e visitantes que fez com que este local assumisse a importancia que acabou por adquirir a partir do século XVIII. A importância da via levou a ti-o de gentes desde a orla litoral ate ao cimo da encosta. Em torno do circuito estabeleceram-se núcleos de pwoamento e pólos de desenvolvimento agrida que usufniiramdesta situa@o.

POLITICOS E REVOLTAS POPULARES. A população desta freguesia, não obstante ser aquela que se encontra a maior distância da sede do concelho, não se coibiu de participar na vida

municipal fazendo valer os seus direito6 e interesses. Alguns dos seus mais destacados moradores tiveram participação activa na vida municipal como vereadores. Um dos factos mais evidentes dessa participaçáo prendese com a revolta de 1868 que levou a total destruição dos arquivos municipais. Tudo c o m q u com as eleições desse ano' para eleição do deputado que os representaria pelo circulo da Ponta de Sol. Afreguesia de S. Vicente que havia sido fiel a D. Miguel inclina-se para a sua adesão ao partido fusionista enquanto em Ponta Delgada a maioria estava do lado do partido reformista. A figura do juiz ordinário, Januario José de Aguiar, adepto dos reformistas, não agradou à população de Boaventura que havia sido mobilizada pelo seu regedor, Manuel João de Freitas Galdo. Todavia o juiz instigou um António de Abreu a chefiar uma revolta popular, mobilizando o Mio da populqão ao sistema de pesos e medidas (1849) e o sistema métrico decimal (1852-1859). A sublevaçáo w r r e u em i 2 de Abril, em plena semana santa, mas foi no dia seguinte que acorreram os de Boaventura instigados pelo seu regedor. Ao confronto entre populares sucedeu a queima dos arquivos carnarárioç.

BOAVENTURA OU BOA VENTURA. Boaventura, pelo que acabamos de enunciar parece ter sido terra bem aventurada para aqueles que souberam desafiar o isolamento os declives das encostas e a densidade do arvoredo. Todo o vale teve ate à abertura da rede vidria para os automóveis um papel fundamental na aproximação do Norte ao Sul. A presença de forasteiras nacionais e estrangeiros parece ter sido uma constante. A proximidade de Ponta Delgada envolveu o lugar nas festividades do Senhor Bom Jesus atravhs da passagem e alegria contagianie dos romeiros. Tudo isto mudou com o lançamento da rede viAna a partir da década de quarenta, o que veio a provocar o isolamento das zonas altas, que só há alguns anos se reabriramde novo. Boaventura é na verdade terra de boa ventura.. ..

latim Munlciaal de

Em Boaventura / o u v ~a- beleza ~~ agreste da

paisagem, indescritivel na voz do escritor e poeta. S. Peacock (A Treatise of fhe Climate and Meteorology of Madeira. 1850) define Boaventura como um vale romdntico.

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