1946-fasilva-diocese

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A Madeira e a Ordem de Cristo O infante D. Henrique foi o primeiro principe portugues que assumiu a direccao do mestrado da Ordem de Cristo, procurando neste poderoso organismo o principal ponto de apoio para a graridiosa empresa que concebera e pretendia realizar. Os seus membros, cheios de fé e de audacia, desejosos do alargamento e do triunfo dos seus ideais religiosos, e atraidos irresistivelniente para o misterio e para o desconhecido, nao poderiam conter-se nos apertados limites das fronteiras colitinentais. Foram a Ceuta, em 1415, numa primeira e frutuosa tentativa, e iriani depois aos confins do universo. Os servicos que a Ordem ia prestando davam-lhe incontestavel direito ?concessao i de muitos privilegios e regalias. D. Duarte, por alvará régio de 26 de setembro de 1433, fez a essa Ordem a doacao, no espiritual, do arqiiipeiago da Madeira, a pedido do seu ilustre grao-mestre o infante D. Henrique, dizendo-se nesse diploma que ~doutorgarnose damos a dita hordem d6ste dia para todo o sempre todo ho espiritua das nossas ylhas da Madeira e do Porto Santo e da Ilha Deser a...n.Estas faculdades, entao concedidas, foram posteriormente muito ampliadas, estendendo-se a todas as nossas terras descoberfas e havendo os pontifices romanos, por varias bufas, confirmado e sancionado estas concess6es com os privilegios que lhes andavam anexos. Como se sabe, a Ordem tinha a sua séde em Tomar e nos assuntos de caracter religioso superintendia um sacerdote qua-

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lificado, que usava o titulo de Vigario. Este nao sómente possuia toda a jurisdicao espiritual e c?nonica, como tambem o direito de nomeacao de todos os cargos eclesiasticos, nao estando dependente de nenhiim bispado ou metropolita. Era a Vigararia de Tomar consid-rada rtullius diocesis e constituia um vasto padroado, que se alargava das costas americanas e africanas aos extremos do oriente, como já atrás ficou referido com respeito i diocese do Funchal. A BuIa Inter coetera do Papa Caiixto 111, de 13 de Marco de 1455, confirmou em absoluto todos os privilegios já anteriormente concedidos. Além do governo e supesitendencia de todos os servi~os religiosos, teve a Ordem de Cristo, 112stearquipelago, urna acc%odirecta em diversos ramos de administracao publica, nao sendo hoje fácil avaliar com justeza a extendo e naturcsa desses privilegios. No entretanto sabe-se que para as despezas gerais da Ordem e para a manutenczo do culto nestas ilhas, arrecadava, afóra outras, as seguintes rilczitas, segundo nos informa urna das anotac6:s dns Saudades da Terra: .Comenda dos dizimos dos pescados e miuncas da capitania de Machico e Porto Santo; Quarenta moios de pao, vinte de trigo e vinte de cevada, que se dao com o Habito na ilha do Porto Saiito; a Comenda dos dizimos de todas as rendas do pLIo da ilha da Madeira; e a Comenda dosdizimos que rendem as moeridas do pao na Madeiran. Convém notar aqui que, apesar dSste arquipélago se tornar de todo realengo pelo alvará régio de 27 de abril de 14g7 e de haver sido a Ordem de Cristo, p o u c ~tempo antes, encorporada na coro3 com os seus privilegios e regalias, é todavia indubitavel que ainda muito posteriormente a essa epoca continuou a Ordem a arrecadas nesta ilha certas contribuic6es e impostos, nao sendo hoje talves possivel determinar a natureza dessas receitas e quando deixaram inteiramente de ser cobradas. Nao será inverosimil admitir-se que a celebraqao dzs (cmissas dos sabadosl~e ainda porventura outros encargos civis e religiosos constituam a verdadeira causa da arrecadacao desses impostos. No ~~Foraln da cidadr do Filnchal e das vilas da Ponta do Sol e da Calheta, datado de 1510, veem enuniesados alguns dos tributos pertencentes Ordem de Cristo, Além dos que já atrás fazenios mencao (Saud pag. 494 e seg.). No periodo preciso, que decorre de 1433 a 15'33 e em que a Ordem exerceu mais eficazmtrite a sua ac@o scttninistrativa

e de padroado espiritual nestas ilhas, foram seus graos-mestres e vincularam os seus nomes a alyumas importantes medidas governativas o infante D. Henrique (1417-1460), o infante D. Fernando (1460-1470)) o duque D. Joao (1470-1472), o duque D. Diogo (1472-1484)) governando na sua menoridade a infanta D. Beatriz, o duque D. Manuel, depois rei (1484-1521), e o rei D. Joao 111. Como já ficou referido, erarn os religiosos franciscanos em numero muito escasso, com o rápido desenvolvimento da populac20, para acudir convenientemente a tao multiplos e arduos servicos religiosos, tendo os donatários solicitado da Ordem de Cristo a vinda imediata de algcins sacerdotes, cuja falta se estava já fazendo imensamente sentir. Determinou o grao-mestre que o Vigário de Tomar enviasse os eclesiástico^ iiidispensaveis para o desempenho desses servicos, o que parece nao ter-se realizado com a prontidao que os habitaiites bastante desejavam. Estabeleceram-se ent2o várias capela la ni as,^, nalguiiias das ermidas já existentes, em que os sacerdotes nelas providos exerciam todas as funqoes do ministério parocluial. A estas (icapelaiiiasll se dava tambem o iiome de vigararias, sendo algumas delas a origem das futuras paroquias. Foi o infante D. Henrique, como já ficou acentuado, o gráo-mestre da Ordeni de Cristo, que mais assinalados servicos prestou a este arquipélago, nao scíinetite debaixo do ponto de vista da administracao pública, mas ainda na iiiterfcr2ncia directa que teve nos asstintos de caracter estritanieiite i-cligioso. Sucedeu-lhe no grao-mestrado seu sobrinho e lierdciro o infante D. Fernando, que deixou tambem o seu nome vincuiado a importantes medidas governativas, podendo referir-se á Madeira as seguintes palavras, que a seu respeito escreveu um distinto publicista contemporaneo : .Chamar gente de varias partes, distribuir-lhes terras, conceder-lhes privilégios, fundar pcvoac6es, construir igrejas, emfim povoa-las, eis a grande politica deste mestre, que em tudo quís seguir as pasadas do seu imortal antecesor para grandeza e glória da Ordem.. . Alguns foram os templos fundados por este mestre nas novas terras, sobresaindo o da Capitania de hlachico a que mandou prover de tudo em seu testamento e nomeou seu primeiro reitor a Joao Garcia, seu capelao, a quem fez cavaleiro de Cristo. . . O infante D. Fernando teve como si:cessor seu filho, o duque de Vizeu D. Jaao, que, nos dois curtos anos etn que exerceu J,

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o grao-mestrado, nao deixou memória de qualquer facto apreciavel na administraqao das cousas públicas desta ilha. Por inorte deste, passou o mestrado da Ordem de Cristo a seu irmao, o duque D. Diogo, tendo durante a sua menoridade assumido o gnverno desse organismo sua mai a infanta D. Beatriz, que deu sempre sobejas provas, rio desempenho desse meliiidroso cargo, dum verdadeiro tacto administrativo e politico. Entre os actos da sua acertada adtninistracio sobresai um, que deveria ter causado na época grande sensaqao, como hoje se diria, porque em muitos lugares, tanto obras itnpressas como manuscritos, se faz dele especial e pormenorizada menqao. A narrativa de Gaspar Frutuoso nao difere essencialinente das outras que conhecemos e aqui a vamos por discurso do tempo que textualmente transcrever: ~~Depois a terra foi mostrando os seus fructos, dando fama deles no Reyno, e enobrecendo-se em moradores ricos, vendo o Bispo que entao era de Tangere como esta ilha hia em crecimento, e que nao tinha Bispo e Prelado que o governasse, impetrou do Papa hum Breve sein licenca de El-Rey, para anexar esta ilha a Tangere, o que sabido pela Infanta D. Beatriz (que como tutora de seu filho o Duque governava a ilha) enviou huma provisao ao capitain e moradores do Fuiichal na era de 1472, que tal Bispo nao consentissem na ilha, nem o povo obedecesse a provisao sua, porquanto o Estado Eclesiástico pertencia á jurisdiqao das Freiras de Tomar, ao Vigário da qual Ordem e Convento sómente deviam obedecer, por ser a ilha de dito Mestrado, e descoberta pelo infante D. Henrique, Mestre da Ordem e Cavalharia de Jestis Christo: e juntamente com esta provisao veyo outra do mesmo Vigário da Villa de Tomar notificando ao povo a provisao que o Rispo de Tangere tinha, e como indevidamente queria usurpar o Estado Eclesiástico que pertencia A sua Ordem, e que a tal Kispo nao obedecessem, e que se nao agastassern, porque cedo, com o favor Divino, esperava El-Rey vosso Senhor criar Rispo da mesma Ordem na Ilha; e o mesmu escreveo ao Vigário de Machico. . . O prelado que teve esta estranha pretensao era D. Nuno de Aguiar, que as Saudades da Terra 1120 mencionam, mas que vem indicado em outras diversas crónicas. O yue, porém, rienliutnas delas reiere é que 11. Nuno iiascera na Madeira e tinha por isso inteiro coiiheciineiito da terra que desejava anexar ao seu bispado de Tariger, oride apenas f6ra de visita e

iiuma rápida e desinteressada demora. Em outubro de 1476, nomeou a infanta D. Beatriz a Frei Nuno Goncalves capelao no Funchal, corn superintendencia nos outros sacerdotes da capitania, e manifestou sempre o mais devotado interesse na criacao de novas freguesias e no provimento dos diversos cargos eclesiásticos. D. Manuel, durante o seu grao-mestrado, nao só como duque de Beja, mas ainda depois de cingir a coroa, mostrou tambem, em inumeras ocasi6es, o mais desvelado empenho em concorrer largamente para as prosperidades temporais e espirituais do arquipélago madeirense. Entre muitos outros, tres factos da maíor importancia eloquentemente o comprovam: a Madeira tornada realenga e assim absolutamente integrada nos dominios nacionais, a construcao da suntuosa catedral e o estabelecimento da diocese, a primeira criada nas novas terras descobertas. Dos últimos dois, que mais próxima afinidade teem corn o principal assunto deste estu'do, havemos de ocupar-nos corn alguma largueza em capitulas subsequentes. Aiilda no periodo deste grao-m~strado,sendo já entao D. hlaiiuel rei de Portugal, resolveu o Vigário de Tomar, depois de porfiadas solicitac6es e instaticias, enviar á Madeira um prelado que aqui exercesse todas as funct3es do ministério episcopal. Foi para esse fim escolhido D. Joao Lobo, bispo de Tanger e membro graduado da Ordem, que se demorou nesta ilha do ano de 1508 a 1509, havendo percorrido todas as freguesias e desempenhando-se corn verdadeiro espirito apostólico da missao que Ihe tinha sido cometida. Ainda nenhum prelado visitara até eritao a Madeira, sendo recebido corn as maiores áemonstra~desde apreco e simpatia por parte de todos os seus habitantes. A este propósito, lemos num livro pubiicado no ano de 1901 : . Já em 1508 para satisfazer os desejos destas reclamacdes, o Vigário de Tomar lhes enviou o bispo de aiirl D. Joao Iaobo, que foi esperado pelo mestre Frei Nuno Cao corn toda a cleresia e lhe fizeram muitas festas. Dos actos cultuais que exerceu nesta ilha, ficou memória da sagracao da lgreja de s a ~Joao, na Lombada dos Esmeraldos, da freguesia da Ponta do Sol, que ainda actualmente conserva numa das suas paredes interiores urna lapide, em que esta0 gravadas estas palavras : (&EstaIgreja fol consugrada por DO Ionln 1-obo Rispo de Tñlcrr! aos 27 de Agosto de 11..

15OBr,

A Ordem de Cristo foi gradualmente perdendo a jurisdicom a encorporacae da rnesma Ordem na coroa, com a criacao da diocese do Funchal em 1514 e mais ainda com a elevacao deste bispado á categoria de metropolita, ficando reduzida a sua accao a certos privilégios e regalias, que lhe permitiam ainda a arrecada~ a de o determinadas receitas, como já atrás deixamos referido. Se todos afirmam que a Ordem de Cristo prestou os mais assinalados servicos na empreza dos nossos descobriineiltos maritimos e da nossa primitiva colonizacilo em terras africanas, sendo um dos melhores auxiliares de que se serviu o infante D. Henrique para realizar a sua vasta e grandiosa obra, 1120 podemos, de modo especial, deixar de reconhecer que o arquipélago da Madeira muito ficou a dever a essa entao benemerita Ordem, nao sómente pela interferencia directa que teve em varios ramos da administracao publica, inas ainda particiilarmente pela zelosa e acertada direccao que imprimiu aos assuntos de caracter religioso, exercida pelos seus ilustres graos mestres, através da jurisdicao eclesiastica de que gosavam os Vigarios de Tomar.

cae religiosa que exercia neste arquipelago

A criacao das primeiras f reguesias No capítulo segundo, ficaram rápidamente esbocados os tracos tnais salientes da primitiva colonisac20 madeirense, com respeito i constituícao dos primeiros núcleos de populacao e aos trabalhos empreendidos no incipiente amanho e cultura das terras virgens. Tentámos tambem por em relevo o piedoso empenho dos antigos povoadores, em erguer diligentemente, ao lado das suas modestas habitacoes, umas pequenas casas de oraqao, que logo se tornaram os centros das nascentes povoacaes, em breve transformadas em importantes e populosas freguesias. Como igualmente deixamos dito, foram os religiosos franciscanos, trazidos na primeira frota expedicionária e os seus irmaos em religiao encontrados na ilha do Porto Santo, os primeiros sacerdotes que exerceram os actos do culto nesta ilha, desemp~nhando com zelo e com o maior desinteresse as func6es do ministério paroquial. A estes se reunirain muitos outros, que, embora desejoios duma vida solitária e contemplativa, abandonavam temporáriarnente os seus ermiterios, para acudir com presteza a quantos solicitavam os socorros espirituais. Fundadamente se conjectura que em 1433, quando este arquipélago foi doado Ordem de Cristo ou poucos anos mais tarde, era já insiificiente o número de franciscanos para o desempenho de todos os serviqos do culto, devido & circuiistincia de alguns déles se terem retirado para o contitieiite, por moti-

vos que desconhecemos, e outros se haverea coilstituído em mais apertada clausura e estrcita observ2ncia das regras do seu instituto. Essa falta de clero ia tambem tornando-se bastante sensível, pelo rápido desenvolvimento da populacao e disseminaqao dos povoados em potitos afastados uns dos outros. Julga-se que a Ordem de Cristo, como rigorosamente Ihe cumpria, naío satisfez com muita prontidao ás necesidades emergentes, ao menos nos primeiros tempos da sua administ r a @ ~religiosa, a que talvez nao f6sse estranha a caréncia de pessoal suficientemente idoneo para esse fim. Os Vigários de Tomar 1á foram enviando para este arquipélago alguns eclesiásticos, e parece que outros sacerdotes, seculares e regulares, vieram tambem exercer aqui as funq6es d o seu ministério. Comecaram entao a ser providas de capelaes as ermidas situadas nos centros mais populosos, chaniando-se tambem vigários a Mes capelaes e vigararias 2s áreas das respectivas jurisdiqoes. Desta confusao de nomes e tambem da mal definida extensa0 das atribuicoes desses eclesiásticos resiiltou a arbitrariedade havida na exacta determinacaio das épocas em qiie forain criadas as primeiras paróqiiias desta ilha. Primitivamente houve apenas uma capelania ou vigararia, que gosava de mais amplas faculdades e que tinha superinteiidéncia nos serwicos religiosos das tres capitanias. Nas 81Memdrias Seculares e Eclesiásticas. . . , l , de 1 Ienrique de Norbnlia, ¡$-se que o infante D. I-lenrique nunca quís nomear rnais do que iim sapelaa, mas que o seu sucesaor iio mestrado da Ordem atendeu as reclamacoes dos habitantes, provendo outras capelanias com a mesma latitude de atribuíq6es que tinha a do Funchctl. Desta maneira se: foram criando varias capdanias nas duas donatárias, em que a Madeira se achava dividida para o efeito da sua administraqao pública. Diz-nos o ilustre anotador das Saudades da Terra que em 1%30se estabeleceu a primeira freguesia deste arquipélago, na séde da capitania do Funchal. Nao nos parece que, decorridos apenas cinco anos depois de iniciada a primitiva colonizacao, se tivesse já constituído uma paróquia, tomando este termo como significado dum agrupamento autonorno de povoadores, com vida própria e independente, debaixo do ponto de vistasocial e religioso. Seria mais provávelmente uma dessas capelanias a que acima fazemoc referéncia, algumas das quais entao se den~minavam indistintamente capelanias, curatos ou vigararias e

que no decorrer do tempo se lhes daria, com mais propriedade, o nome de freguesia ou paróquia, o que aliás nao tem uma importáncia capital para 3 iiistória da formacao dessas mtsmas freguesias. Com o nome de capelania, curato ou vigararia, aceitemos o ano de 1430 como o do estabelecimento d 6 primeiro núcleo de populacao, que tivesse tido uma forma regular de administracao social e religiosa, sob a superintendéncia dum eclesiástico, legalmente nomeado peln Ordem, e a que podemos na verdade chamar freguesia. A sua primitiva séde esteve instalada na capela de Sao Sebastiao, a primeira construida no Funchal depois da de Santa Catarina e que ficava situada no local, que ainda actualmente conserva o nome de Largo de Sálo Sebastiao, do Chafariz ou do Comércio. O donatário Joao Goncalves Zargo, transferindo a sua moradia de Santa Catarina para o lugar em que hoje se encontra a Quinta das Cruzes, mandou construir, nestas proximidades, a capela de Nossa Senhora da Conceicao, mais tarde de Santa Clara, quási ao mesmo tempo qu.e, por ordem do infante D. Henrique, fez edificar a capela de Nossa Senhora da Natividade, chamada depois de Nossa Senhora da Conccicao e aitida posteriormente Nossa Senhora do Calhau, em virtude da sua situacao próxima da praia, na margem esquerda da ribeira e nao distanciada da sua foz. Em vários lugares se encontra apontado o ano de 1438 como o da sua construqao e para ela se transferiu sem muita demora a séde da paioquia, cujos servilos religiosos continuaram a ser desempenhados pelos membros da Ordem Serifica. Estes religiosos alternavam os exercícios do culto nas duas capelas, que pela sua especial situaqao erani mais conhecidas pelos nomes de Conceic20 de Cima e Conceicao de Kaixo, ficando na última o verdadeiro centro da vida social e religiosa da paróquia. Como é sabido, foi na margem esqugrda da. ribeira, que depois se chamou de Jo2o Gomes, e nao ionge da sua foz, que primitivamente ce formou no Funchal o inais importante núcleo de populacio, e desta circunstancia deriva a coristrucao da igreja e o estabelecimento da paróquia naquele local. O Vigário de Tomar, por indicacao do infante D. Henrique, nomeou o primeiro vigário, cujo nome ignoramos, da nova freguesia, que gsaava da jurisdicao canánica em todas as capitaniris, terido acljut~toalgilrts beneficiados que o auxiliavam

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C R I A ~ ~DAS O PRII~EJRASPREG~ESIAS -

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no munus pastoral e prestavarn servicos paroquiais em algumas capelas, a medida que a populacao se ia notávelmente alargando em diversos pontos. A este primeiro vigário sucedeu ern 1476 Fr. Nuno Gon~alves, apresentado pela infanta D. Beatríz, como tutora de seu filho o duque D. Diogo. Nao foi este eclesiástico feliz na sua administracao paroquial, porque, em virtude de desinteligéncias havidas entre ele e o capitaodonatário e malquistando-se tambem com o pbvo, teve de abandonar o cargo, que nao foi imediatamente preenchido. Alguns anos decorridos, por Carta do grao-mestre da Orden de Cristo, que era entao D. Manuel, duque de Beja, datada de 30 de marco de 1490, foi nomeado vigário de Santa Maria Maior Fr. Nuno Cao, mernbro qualificado da mesma Ordem, que além de vir investido da autoridade de superintender em todos os servicos religiosos da capitania do Funchal, era tarnbem o representante daquele poderoso organismo neste arquipélago, tomando a direccao de certos ramos de administracgo pública, em que a Ordem tinha directa interferencia. Erradamente se 12 em diversos escritos, que Fr. Nuno Cao assumiu aquele cargo em 1450 e até em alguns que no ano de 1430, o que nos levaria a admitir, que ao ser 2le nomeado de80 da Sé em 1514, teria a provecta idade de cem anos ou ainda mais, hipótese que nao oferece nenhuns visos de probabilidade, especialmente sabendo-se que ao deado, naquela época, estava adstrita a obrigacao do servico duma freguesia, cuja vasta área cornpreendia entao as no,ve freguesias, que actualmente compoem o concelho do Funchal. A escolha correspondeu inteiramente aos desejos da Ordem e dos habitantes da capitania, pois que Fr. Nuno Cao prestou . os mais assinalados servicos no desempenho do seu cargo, tendo o senado funchalense agradecido ao grao-mestre a acertada nomeacao que havia sido feita. Nuno Cao que, no dizer do dr. Gaspar Frutuoso, era a Mestre em Teologia e mui bom letrado,,, nao sórnente tinha uma apreciavel cultura de espirito, mas possuia tambem as mais acrisoladas virtudes cristas, de par corn um prudente e criterios~tacto na direccao dos negocios que Ihe estavam confiados, segundo se pode corn inteira verdade deduzir dos factos conhecidos e das elogiosas referencias, que em varios lugares temos encontrado a seu respeito. Como acima ficou dito, foi na rnargem esquerda da ribeira, que se formou Q primeiro e mais importante nucleo

de populacao, mas a breve trecho alargou-se bastante o povoamento para as bandas do ocidente, galgando a margem direita da ribeira de Sao Joao e estendendo-se rapidamente pelas vertentes e encostas das suas mais proximas vizinhancas. Impunha-se a necessidade da criaeao duma nova paroquia ou a mudanca da séde da antíga freguesia para um lugar mais central e mais acomodado ás conveniencias dos moradores A vasta igreja levantada no Campo do Duque e destinada a ser a futura Sé Catedral nao estava ainda de todo concluida no ano de 1508, mas podia já entao adaptar-se convenientemente á imediata celebracao dos oficios divinos, prosseguindo lentamente as obras do seu final acabamento. Naquele ano realizou-se a transferencia da séde da freguesia de Santa Maria Maior, da Capela de Nossa Serihora do Calhau para o novo templo do Campo do Duque, conhecido pelo notne ,de Igreja Grande. Foi entao benzida esta igreja, que sómente algum tempo depois recebeu a sagracao episcopal, dada pelo bispo D. Duarte, como adiante mais largamente se dirá. Frei Nuno C2o continuou na direccao da paroquia, prestando servico ila nova igreja e tendo coino beneficiados ou coadjutores os mesmos eclesiasticos que ein Nossa Senhora do Calliau se empregavam no ministerio do culto. (Suando em 1514 foi criada a diocese do Funchal e organisado o cabido ou corpo capitular, teve o respectivo de20 o encargo do servico paroquial, disposicao esta que perdurou até o ano de 1562, etn que, por carta regia de 20 de Junho desse ario e pelo falecimeiito do terceiro de20 Filípe Rebelo, passou esse servico a ser desempenhado por dois curas, lugares eiltao criados e que assim se manteve até há poucos anos. Fr. Nuno Clo, que morreu por 1530, exerceu as funcoes de paroco da Sé e ainda os seus dois imediatos sucessores o licenceado Gasde Carvalho e Fílipe Rebelo. Em breve se reconheceu a necessidade da restauracao da freguesia de Santa Maria Maior ou de Nossa Senhora do Calhau, ao alargar-se t a notavelmente ~ o pdvoamento para grandes distancias da margem esquerda da ribeira, tornando-se muito dificil e até quasi impossivel a um grande numero de moradores o exacto cumprimento dos seus deveres religiosos, apesar das varias capelas, algumas delas servidas por sacerdotes, que já entao se tinham levantado naquela vasta zona. O alvari regio de 18 de noveinbro de 1557 dividiu a cidadc do

A C R I A ~ A O DAS PRIMEIRAS FREOUSIAS

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Funchal e seus arredores em duas freguesias, ficando uma com a sua séde na igreja de Nossa Senhora do Calhau, como antes fora, e a outra continuando a ter por centro a igreja da Sé Catedral. Abrangia a primeira os terrenos que se estendiam desde a margem direita da ribeira até a partilha da freguesia do Canico, e a segunda cornpreendia toda a área situada entre a margem direita da tnrsma linha de Agua e a inargem da ribeira dos Socorridos. Passado pouco tempo, desmembrou-se da freguesia de Santa Maria Maior a de S20 Goncalo, e da da Sé se formaram as paroquias de Sio Pedro, Santo Antonio, Sio Martinho, Sao Roque e Nossa Senhora do Monte, como adiante se verá. O alvará régio de 23 de Fevereiro de 1558 decretou a criacao ou restauracao da freguesia de Santa Maria Maior, tendo anexa urna colegiada com tres beneficiados além do pároco, qce deviam manter o servico do coro e bem assim aplicar-se ao exercicio do munus pastoral. O primeiro vigário, apresentado por carta régia a 22 de Junho de 1558, foi o licenciado Antonio Mourio, que teve como sucessor o bacharel Bartolomeu Jeronimo, nomeado para este cargo, por alvará rágio de 11 de dezembro de 1572. Os priineiros beneficiados foram o paC!re Diogo Diac, Pedro Moreira e André de Gouveia, nomeados pelo bispo diocesano D. Jorge de Lemos em fins do ano de 1558. Aumentando o serviqo paroquial e julgando-se insuficiente o numero de tres beneficiados, ficou a colegiada composta do vigário e seis beneficiados, a que o alvará de 27 de abril de 1589 acrescentou a criac2o dum curato. Como já ficou referido, foi o infante D. Henrique, que no ano de 1438 manciou edificar a capeladeNossa Senhora da Natividade, mais tarde chamada da Conceicio de Baixo e ainda posteriormente de Nossa Senhora do Calhau, onde se estabeleceu a sSde da primeira paróquia criada na Madeira. Pelo tempo sofreu diversas reparacoes, mas era já muito adiantado o seu estado de ruina por meados do século XVII, mandando o Conselho da Real Fazenda proceder a sua quasi inteira reedifica@o no periodo decorrido d e 1665 a 1667 e á construc2o do respectivo campanário no ano de 1670. Aproximadamente um século mais tarde, realizaram-se importantes trabalhos no técto e coro desta igreja e ainda nas suas ornamentaqoes interiores, que o tornaram um dos mais belos templos de toda a diocese. A terrivel aluviio do dia 9 de outubro de 1803, que destruiu

uma parte consideravel da cidade e vitimou cerca de trezentas pessoas, arrasou inteiramente aquela igreja, restando dela apenas um montao informe de escombros. O Senado do Funchal ou a Camara Municipal, como hoje se diría, ofereceu logo a sua igreja de Sio Tiago Menor para a séde da paroquia, onde ainda actualmente se encontra, e a ela mais de espaco nos teremos de referir, quando nos ocuparmos do principalopadroeiro da diocese, ao qual é dedicada. Fóra da séde da Capitania do Funchal, foi o lugar de Camara de Lobos o primeiro em que se procedeu a um intenso povoamento, favorecido pelas condicoes do meio, devendo especializar-se a notavel fertilidade do sólo, o clima temperado, um porto de desembarque e a sua proximidade da mais importante povoacao entao existente. A respectiva vigararia ou talvez melhor capeiania foi criada quasi pelo mesmo tempo da do Funchal, isto é pouco depois do ano de 1430. O desenvolvimento sempre crescente da populacao determinou a criadum curato, por alvará régio de 5 de novembro de 1576, e alguns anos mais tarde a da colegiada com tres beneficiados, além do pároco e coadjutor, sabendo-se que já anteriormente a essa época outros eclesiasticos, incluindo os religiosos do convento de Sao Bernardino, exerciam ali as funcaes do seu ministérío. Por motivos que ignoramos, foram os tres beneficiados suprimidos em 1676 e de novo restaurados nos Últimos anos do mesmo século. Ao comecar-se a primitiva colonizacao e num rápido reconhecimento através do litoral, tracou Joao Goncalves Zarco e mandou depois edificar a capela do Espirito Santo, onde se estabeleceu a séde da freguesia de Camara de Lobos. Existe ainda o pequeno templo, embora nada reste da antiga construcao, que é um modesto monumento a comemorar os trabalhos iniciais do povoamento e a recordar a distinta personalidade do primeiro capitao donatário do Funchal. Foi reedificado no ano de 1720 e de novo restaurado em 1908. No segundo quartel do seculo XVI se procedeu á edificas20 duma nova igreja paroquial, com o orago de Sao Sebastiao, que foi acrescentada e quasi inteiramente reconstruida no último quarte1 do século seguinte. Ha cerca de trinta anos passou este templo por uma grande restauracao na sua capacidade e nas suas decorac6es interiores. Existiram ali o convento de franciscanos e a igreja de Silo Bernardiiio, de que daremos mais ampla

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A CRIACAO DAS PRIMEIRAS FREBUESIAS -

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noticia, quando nos ocuparmos das comunidades religiosas. Outro lugar, em que nao se fez esperar muito um comeco de povoamento foi o que fica situado nas margens da caudalosa ribeira, que os mais antigos povoadores chamaram Brava. Nao distante da sua foz, logo se ergueu uma pequena capela da invocacao de Sao Bento, tornada centro dum nucleo de populacao, onde se estabeleceu, por 1440, uma freguesia ou antes uma capelania, segundo nos informa o erudito comentador das Saudades da Terra. Escasseiam notícias seguras acerca das transformac6es por que passaria essa capela e da construcao da actual Igreja Paroqual. Presume-se que tivesse sido edificada por meados do seculo XVII, encontrando-se nela um pulpito primorosamente lavrado em pedra, e um triptico, talvez pertenca do antigo convento, que parece ser um trabalho de elevado mérito artistico. Passou recentemente este templo por uma profunda remodelacao com o acrescentarnento de dois corpos laterais e outros notaveis melhoramentos. Por 1540 foi ali estabelecida uma colegiada com quatro beneficiados, cm virtude do desenvolvimento agricola e industrial e do rápido crescimento da populacao. Por estes ponderosos motivos e airida pela dispersa0 dos casais em sitios muito distanciados da Igreja Paroquial, concedeu o alvará régio de 30 de agosto de 1594 ao Prelado Diocesano a faculdade de criar um curato, cujo serventuário faria'parte da respectíva Colegiada. Em fins do seculo XVII, fundou-se na freguesia da Ribeira Brava um pequeno convento de religiosos franciscanos, sendo reconstruida a primitiva capela e ampliada a casa conventual no ano de 1730. Esta paróquia abrangia todos os terrenos que constituem hoje as freguesias do Campanário, Tabúa e Serra de Agua, que dela se desmembrarem nos seculos XVI e XVII, como teremos ocasiao de ver. A colonizacao da Ponta do Sol, isto é o amanho e o cultivo das suas fertilissirnas terras, comecou posteriormente ao do vizinho lugar da Ribeira Brava, mas em breve o excedeu no rápido desenvolvimento do povoado e de modo particular no seu movimento industrial, tornando-se um dos mais activos e abundantes centros da producao do acucar. Conjecturamos que a primitiva ermida de Nossa Senhora da Luz tivesse sido construida por meados do segundo quartel do século XV e nela criada urna capela ou paroquía pelos anos de 1450. Em 1502 era já uma povoa$Ho muito importante, que lilereceu ser

entao elevada á categoria de vila. Pouco anteriormente ao ano de 1572, dá-se a criacao duma colegiada com quatro beneficiados além do pároco, e por alvará régio a 26 de agosto de 1589 é ali estabelecido um curato. A antiga capela sofreu várias reparacoes e acrescentamentos, até que nos principios do sCculo XVIII foi reconstruida com mais amplas proporcoes, tendo ainda há poucos anos sido notavelmente restaurada com importantes melhoramentos. Levantaram-se na freguesia da Ponta do Sol inumeras capelas, quasi todas de instituiqio vincular, algumas das quais ainda existem, sobresaindo a todas a do Santo Espirito, na Lombada dos Esmeraldos, nao sómente pela beleza das suas estatuas, télas, azulejos, obra de talha e outras decoracoes, mas tambem por ter sido o centro dum grande movimento industrial e comercial e ainda a séde do maior morgadio de toda a ilha. Dentro dos limites desta paroquia formaram-se, no decurso do século XVI, as duas novas paroquias dos Canhas e da Madalena do Mar. O primitivo povoamento das terras da futura freguesia da Calheta foi quasi simultaneo do do Funchal e Camara de Lobos. Ali se instituiu, pouco depois de 1430, uma cai~elania ou vigararia, com sua séde na ermida de Nossa Senhora da Estrela, que Zargo (ttracou de sua r n a o ~ e~ mandada construir por seu genro Diogo Cabral. Alguns anos mais tarde, edificou-se outra capela em sítio diferente, que passou a servir de igreja paroquial, tendo sido inteiramente reconstruida e acrescentada no segundo quartel do século XVII. A colegiada, de quatro beneficiados afóra o pároco, foi criada por 1540, a que se deu o acrescentamento dum curato, pelo alvará régio a 27 de agosto de 1589. Desta freguesia se desanexaram as paroquias da Faja da Ovelha, Estreito da Calheta e Arco da Calheta e ainda destas se constituiram outras, como mais adiante se verá. No ano de 1502 elevou D. Manuel a já entao importante localidade da Calheta á categoria de vila. A colonizac%oda sédeda Capitania de Machico acompanhou a do Funchal no seu desenvolvimento industrial e coniercial, devendo admitir-se que os servicos religiosos seguissem tambem a mesma evolucao e em tudo tivessem urna organizacao semelhante. A mais antiga capela que se levantou em Machico foi a de Nosso Senhor Jesus Cristo, hoje conhecida pelo nome de Senhor dos Milagres, cuja história se acha estreitamente ligada á do primeíro desembarque que ali se efectuou e ao ini-

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cio das primeiras exploraqoes agricolas, como já deixamos referido. Logo se teria criado uma capelania nessa ermida, aproximadamente pela mesma época em que se estabeleceu a de Sao Sebastiao do Funchal, e seria tambem, como esta, servida pelos religiosos franciscanos. Supi5mos que a Ordem de Cristo enviaria sacerdotes para algumas das capelas dessa Capitania, a exemplo do que se praticou com varias ermidas da Donatária do Funchal. Nas eruditas anotacoes das Saudades da Terra, tantas vezes citadas, diz-se'que a povoacao de Machico teve a sua constituicao como freguesia no ano de 1450 e que foi seu primeiro vigário Fr. joao Garcia, nonieado pelo Vigário de Tomar e a instancias d o infante D. Henrique. Estas afirmativas precisam de ser suficientemente esclarecidas e retificadas. Iniciando-se o povoamento de Machico simultaneamente com o do Funchal e chegando-se a sustentar que, nos primeiros tempos, a capitania de Tristao Vaz ombreara com a de Goncalves Zargo no seu movimento colonizador, nao pode admitir-se que a paróquia de Machico tivesse sido criada em época posterior á de Camara de Lobos, Kibeira Brava e Calheta, segundo se faz mencao nas referidas anotacoes, a nao ser que 110s refugiemos na confusao primitivamente havida, quanto á designacao de capelania, curato e vigararia, como já atrás fizemos notar. A antiga igreja paroquial, de que o templo actual é uma inteira reconstrucao, teve como fundador o infante I>. Fernando, grao-mestre da Ordem de Cristo, fazendo-se especial referencia a este facto no seu testamento, e deixando como legado que a dita igreja fosse provida de todo o necessário para o exercicio do culto divino. E"tambem devido ao mesmo infante a nomeacao de Joao Garcia, seu capelao, para vigário de Machico, dentro do periodo de tempo decorrido de 1460 a 1470, em que teve a suprema direccao do mestrado daquela Ordem. Será, pois, forcoso admitir-se que a formacao do povoado de Machico, considerado como simples capelania, se deve remontar aos anos de 1430, e que a data de 1450 terá de referir-se á sua constituicao como freguesia no sentido rigoroso deste termo e tambem á nomeacao dum primeiro vigário, com jurisdicao nas diversas capelas da capitania, anterior a Fr. Joao Garcia e cujo nome ignoramos. A igreja, mandada edificar pelo infante D. Fernando anteriormente ao ano de 1470 e para onde se transferiu a séde da freguesia, fai ampliada QU recanstruida nos fins do seculo

XV ou comeco do século seguinte, afirmando-se que as umbreiras de marmore branco da porta lateral, em ogiva, vieram de Lisboa como oferta directa do rei D. Manuel. No ano de 1630 recebeu de novo importantes reparacoes, sendo a capela-mór reedificada por 1689. Demolido o campanário em 1844, por ameacar iminente ruina, procedeu-se á sua reconstruca0 no ano de 1533. Sobranceiro ao altar da capela do Santissimo Sacramento, encontra-se um belo quadro a óleo, representando a adoracao dos Reis Magos, que é uma primorosa obra de arte, objecto de admiracao e apreco de quantos visitam aquela igreja. Teve esta paroquia muitas capelas, algumas delas vinculadas, merecendo mencao especial a de Nosso Senhor Jesus Cristo ou dos Milagres, que foi séde da primitiva capelania e posteriormente da Misericórdia, com a sua confraria e encargos pios anexos. Em Machico estabeleceu-se uma das mais antigas colegiadas, por meados do século XVI, tendo seis benefíciados além do paroco e sendo ainda criado um curato, por alvará régio de 5 de novembro de 1576. Esta vigararia teve como capelanias sufraganeas, com seus capelaes privativos, as ermidas de Santa Cruz, Faial, Sao Jorge, Ponta Delgada, S. Vicente e Porto do Moniz, que em Sreve se tornaram sédes de outras paróquias. As do Canica1 e Agua de Pena desanexaram-se da freguesia de Machico por meados do século XVI. A povoacao de Santa Cruz, próxima da Capitania de Machico a que pertencia, logo ombreou com a sua vizinha e rival e até a excedeu e suplantou com um grande movimento industrial e comercial e um correlativo aumento de populacao, que determinaram a criacao duma alfandega e posteriormente a elevacao do lugar á categoria de município. A capelania ou vigararia de Santa Cruz deve ter sido estabelecida quasi pelo mesmo ternpa do que a de Machico, assim como a Colegiada com os ceus seis beneficiados, sendo-lhe tambem dado um curato pelo alvará régio de 27 de agosto de 1589. A séde da paróquia foi instalada numa pequena capela, que teria talvez a invocacao de Sao Salvador e que porventura se levantaria no mesmo local en1 que se construiu a actual igreja paroquial. Comecou esta a ser edificada por 1533, levando alguns anos a sua construcao. E' um templo de tres naves, tendo-se afirmado que as naves laterais nao sao da primitiva edificacao. Sabe-se que no ano de 1686 se procedeu nela a notaveia trabalhos de

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reparaqao. Esta psróquia teve bastantes capelas, na sua maioria de instituicao víncular, e dela se formaram as freguesias de Gaula e de Santo Antonio de Serra. A única paroquia estabelecida na costa setentrional da Madeira, durante o s2culo XV, foi a de Sao Vicente, cuja criacao deve remontar-se ao último quartel do mesmo s6cul0, dando-se como existindo ali uma capela desde os anos de 1450. A sua área teria sido entgo muito vasta, alargando-se extensamente para as bandas de leste e oeste da actual freguesia e indo-se a pouco e pouco formando os povosdos de Ponta Delgada, Seixal, Porto Moriiz e ainda outros. Rapidamente cresceu ein importancia e no d:senvolvimento da pppulaqao, tendo sido elevada á categnria da vila no aiio de 1744. O alvará regio de 2 de Janeiro de 1606 autorizou a criacan dum curato na capela de Nossa Senhora do Rosário do sítio da Vargem. A antiga ermida de Sao Vicente, em que se instaiou a séde da paroquia, sofreu pelo tempo varias reparacóes, tendo sido recnnstruída e acrescentada no último quartel do século XVII. A provisao episcopal de 14 de Janeiro de 1814 estabeleceu nesta freguehia urna vigararia da vara ou arciprestado, que naio teve larga duraq20, com 'superintendencia nos servicos religiosos das paroquias de Ponta Delgada, Silo Vicente, Seixal, Ribeira da Janela c Porto do Moniz. A povoaqao do Canico era atravesada por uma ribeira, que estabelecia a linha divisoria entre as capitanias do Funchal e de Machico. Nas suas margens ia-se adensando a populacao, ao mesmo tempo que profundas rivalidades surgiam entre os moradores das duas jurisdicGrs, a ponto de se haverem levantado duas igrejas paroqtiias, a pequena distancia urna da outra, em que alternadsmente se realizavam os diversos actos do culto. O grupo de habitantes, que demorava na margem direita, no sitio cliatnado ~llanicopara a cidade., tinl~aa capela do Espirito Santo como igreja paroquial, e o grupo exístente na margem esquerda, no lugar conheciclo pelo nomz de ~(Canicopara Machicov, tinha a capela de Santo Antao como séde dasua freguesia. Apesar das duas igrejas e dos dois sítios pertencerem a capitanias diferentes, a verdade é que os servicos religiosos foram sempre desetnpetihados em ambas essas igrejas pelo mesmo sacerdote. Primitivamente houve apenas urna capela, igriorando-se hoje em qual das duas margens ficava situada, e desconhecendo-se tambem em que epoca teria sido construida a

capela da outra margem. As duas igrejas iam entrando em adiantada ruina, sem que as antigas rivalidades permitissem a reedificacao duma delas, até que em 1779 se deu comeco A construcao da actual igreja paroquial, concluida em 1783, tendo como oragos o Espirito Santo e Santo Antao-Sancto Spirito Paradito atque dlvo Antonio abbatl sacrum. . . como na efam os patronos das duas velhas e já frontaria se le-que entao desmanteladas capelas. Foi o Canico um dos mais antigos lugares em que se proeedeu ao arroteamento das glebas, assinalando-se o ano de 1440 como o do estabelecimento duma capelania ou vigararia, em virtude do importante nucleo de populacao que se formara nas margens da ribeira, como já fica dito. O alvará régio de 20 de outubro de 1665 criou alí um curato, e das terras que constituiam esta freguesia se desmetnbrou a paroquia da Camacha no ano de 1676. A Donataria da ilha do Porto Santo, pelo seu isolamento, pela distancia a que se achava das capitanias da Madeira e ainda por outras condicoes do meio, nao chegou a atingir nunca um prospero desenvolvimento comparado com o das suas congeneres do Funchal e de Machico. O seu primeiro povoamento deveria ter sido coevo do da Madeira, e certamente que nao se faria esperar muito a criacao duma capelania ou vigararia, especialmente em atencao ao seu isolamento, de cuja data nao alcancámos notícia. Conjecturamos que essa criacao se daria por meados do segundo quartel do sCculo XV. Teve colegiada, estabelecida anteriormente ao ano de 1572, com tres beneficiados, sendo-lhe mais tarde acrescentado um quarto beneficiado e tambem um coadjutor, pe!o alvará régio de 27 de agosto de 1589. Urna pequena capela, dedicada a Nossa Senhora da Piedade e construida logo no princípio do povoamento, serviu de séde A instalacáo da paroquia, tendo tido muitas reparacoes e reconstrucoes através dos tempos. Sofreu esta igreja varias profanacaes e ultrajes, por parte dos mouros de Marrocos e de corsários franceses, que frequentemente assaltavam aquela ilha na sua fúria de pilhagem e de chacina. Foi esse templo saqueado e incendiado algumas vezes, nomeadamente nos anos de 1556, 1600, 1617, 1690 e 1708, cometendo os assaltantes toda a sorte de excessos e violencias. Deu-se a sua Última reconstrusilo nos primeiros anos do seculo XVIII, tendo sido posterior-

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mente restaurado nas suas ornamentacoes interiorrs. A capela lateral chamada da Morgada, que pertencía A familia Baiao, é de edificacao bastante antiga, sendo o resto do edificio de construca0 muito posterior Aquela. Neste já extenso capitulo, procurámos apresentar uma sucinta ideia do desenvolvimento da populacao e do seu correlativo movimento religioso nos pontos mais importantes do arquipelago, dando especialmente rápida notícia ácerca da origem e criacao das dez freguesias instituidas no seculo XV, seis das quais foram os nucleos duma cidade e das cinco vilas, que em breve se estabeleceram e largamente prosperaram.

Todos sabem e já o deixámos ligeirarnente esbocado, que a primitiva colonizacao madeirrnse se operou com notavel rapidez, se atentarmos na distáncia a que esta ilha se achava dos centros europeus, na enorme dificuldade das comunicac6es e nos deficientissimos meios de povoamento em gente, em dinheiro e em outros elementos duma eficaz accao civilizadora. A excepcional benignidade do clima, a exuberante fertilidade do s610, os escravos africanos e mais ainda a energia e a vitalidade dos sesmeiros continentais supriram vant2josamente aquelas falhas e insuficiencias. A breve trecho tornava-se a Madeira o mais importante empório comercial e industrial dos nossos dominios ultramarinos e um apetecido ponto de atraccao para nacionais e estrangeiros, que aqui encontravam condicoes favoraveis para o exercício da sua actividade e das suas aptidoes. A este progredimento colonizador ardou sempre associada uma correlativa expansao social e religiosa, que logo se assinalou pela edificacfio de inuitas capelas e igrejas, pela c r i a ~ a o de varias paroquias providas com o indispensavel pessoal eclesiastico e ainda pela construcfio do suntuoso templo, que seria a futura Sé Catedral. Fazia-se, porém, imensamente sentir a falta da a c d o imediata e evangelizadora dum prelado, que nao sbmente vizsse desempenhar as funcoes do seu alto ministério episcopal particularmente na administracao dos sacramentos da confirmacao, e da ordem, mas ainda irnprintir a todos os servisos religiosos urna f e i ~ a omais eficaz e mais disciplinada

de harmonia com as leis gerais da Igreja Católica. Os habitantes deste arquipelago e os respectivos capitaes-donatários tinham, por mais duma vez, solicitado a satisfacao dessa urgente necessidade, como já atrás deixámos acentuado. No capitulo quarto deste despretencioso estudo fez-se referencia estranha pretensao do bispo de Tanger D. Nuno de Aguiar, pedindo ao Papa a anexacao deste arquipelago ao seu bispado e da energica oposicao oferecida pela infanta D. Beatriz, como tutora de seu filho o duque de Vizeu, que era ent2o o grao-mestre da Ordem de Cristo, a que a Madeira pertencia no espiritual. Por essa ocasifio f6ra feita a promessa da próxima criacao duma diocese com séde no Funchal, que sómente quarenta anos mais tarde se converteu em concreta realidade. E só tambem decorridos trinta e tantos anos depoisdessa promessa formal, é que a Ordem de Cristo enviou a esta ilha o bispo D. Joiío Lobo, que aqui permaneceu aproximadamente um ano, de 1508 a 1509, regressando em seguida ao continente. Vai finalmente ser decretada a criaqao da Diocese do Funchal, a que parece nao ser estranha a circunstancia de pretender elevar-se dignidade de bispo o entao Vigário de Tomar, Diogo Pinheiro, o mais qualificado membro eclesiastico da Ordein de Cristo e pessoa da maior consideracao e privanca do rei venturoso D. Manuel. O respectivo diploma é do Papa Lego X e datado de 12 de junho de 1514. Pela sua importancia e interesantes informacoes que encerra, damos na integra a sua traducao, feita pelo antigo professor do Liceu e do Seminráio, padre Ricardo Augusto de Sequfira e publicada no ~~Correio do Funchal~~, de 27 de novembro de 1897. Ei-lo: Le60 Blspo, Seno dos Servos de Deus. Para perpetuar a memórla do facto. Atenta a supremacia da Sé Apostólica, na qual, como sucessor de Siío Pedro, Principe dos Apostólos, nos achamos colocados, se com méritos inferiores, ao menos com igual autoridade, entendemos ser objecto digno da atencao do Pontífice Romano o da criaqfio de novas sés e igrejas episcopais, no espacoso campo da igreja militante, afim de que, por este rneio, se aumente a devocao dos povos, floresca o culto divino, se consiga a salvacao das almas, e recebam lustre os lugares que, pelos esfor~osdos reis e principes católicos, foram arrancados As mios de nacoes barbaras e infieis, e convertidos na parte infiel 4 luz da fé, nos logares em que sabemos que, com a ben-

c2o do Senhor, os fieis se teem multiplicado, é que de melhor grado erigimos estas igrejas, para que esses fieis, achando no estabelecimento da nova sé e na assistencia dum venerando prelado, rodeado de seus competentes ministros, motivo para persistirem na sua devocao e até para procurarem o aumento dela, possam, auxiliados por Deus no seu piedoso propósito, conseguir mais facilmente o prémio da felicidade eterna. Ora possuindo o nosso carissimo filho em Cristo, D. Manuel, ilustre rei de Portugal e dos Algarves, em ultramar, desde o Cabo Bojador até a India, muitas terras, provincias e ilhas, umas que ele mesmo arrancara do poder dos infieis, outras que os reis de Portugal e dos Algarves, seus predecessores adquiriram; e nao havendo nessas terras, provincias e ilhas, bispo que desempenhe as funcoes da ordem episcopal, sendo o vigario da vila de Tomar, nulllus diocesis, freire da milicia de Cristo, da ordem de Cister, quem exerce a jurisdicao episcopal nos referidos lugares, terras e ilhas, por privilegio apostólico que em ternpo Ihe foi concedido. E desejando, por isso, o mesmo D. Manuel que ceja para sempre suprimida e extinta a vigararia da dita vila de Tomar, e erigida em Sé Catedral a igreja de Nossa Senhora, templo suntuoso,.que o referido rei D. Manuel mandou fundar e construir na cidade do Funchal da ilha da Madeira, situada no mar oceano, cerca de quinhentas millias ao su1 da Lusitania, e cuja descoberta se deve ás diligencias do infante D. Henrique de preclara memoria, filho de D. Joao 1, rei de Portugal, que a mandou povoar, igreja, diziamos, onde sabemos haver um vigário, da mesma ordem de Cristo, e quinze beneficiados, todos presbiteros seculares, que possuem beneficios eclesiasticos chamados porcoes congruas, e todos os dias nela celebram os oficios, e Nós, querendo condescender com os ardentes desejos de El-Rei D. Manuel, conformando-nos com o parecer de nossos veneraveis irmaos a quem sobre este assunto consultamos, em nome da plenitude do poder apostólico, em louvor de Deus Omnipotente, da mesma Virgem Nossa Senhora, e de todos os santos da cirrte celeste, em proveito do culto divino, em honra da mesma cidade do Funchal, tao recomendave! pela grandeza e suntuosidade de suas obras arquitectonicas, de seus edificios eclesiasticos e seculares, e nao menos pela densidade da sua populacao, que entre riaturais e forasteiros, cavaleiros, homens de ciencia e de letras, doytores em teologia, direito e

medicina, fidalgos e negociantes se eleva ao numero de cinco mil habitantes, senao mais, e em honra tambem da mesma ilha da Madeira, que conta oito víias importantes e muitas aldeias, em virtude da nossa autoridade apostólica e pelo teor das presentes letras, de todo suprimos e extinguimos a mencionada vigaria de Tomar, corn assentimento expresso do nosso amado filho Diogo Pinheiro, seu actual vigario e doutor In utroque jure; e em virtude da mesma autoridade erigimos a supramencionada igreja paroquial em igreja catedral, corn sé, e mesas episcopal e capitular, e corn todas as outras insignias, honras e preeminencias cateaais, e assinamos-lhe por dote todos e cada um dos frutos; rendimentos, proventos e emolumentos que o mesmo Diogo Pinheiro, vigario de Tomar, percebia do exercicio da sua jurisdicao e da suprimida vigararia, o que tudo andava orcando por duzentos e cincoenta ducados de ouro da Camara, segundo comumente se calcula. Outrosim aplicamos e assinamos para sempre á mesa episcopal, corn consentimento expresso de Ei-Rei D. Manuel, a importancia anual de quinhentos ducados do mesmo metal, que dos rendimentos anuais da ilha da Madeira pertencem a este rei; e damos-lhe por cidade a mesma cidade do Funchal, e por diocese o distrito ou territorio dessa cidade, corn a ilha da Madeira e todas as outras ilhas e lugares sujeitas ao vigario de Tomar, e que por direito, privilegios ou indulto apostólico Ihe deviam ficar sujeitos, corn os castelos e aldeias existentes nessas ilhas e lugares, cujas denominacoes queremos que se considerem como exQressas na presente carta. Outrosim lhe concedemos e assinamos por clero todos e cada um dos clerigos secuiares e regulares de toda e qualquer ordem, e por povo os habitantes e moradores da dita cidade e diocese do Funchal. O lugar de vigario e os de quinze beneficiados da referida igreja de (Santa Maria) Nossa Senhora erigimo-los, em virtude da nossa autoridade e pelo teor das presentes letras, em quatro dignidades a saber : urn deado, que na dita igreja erecta será a maior dignidade depois da pontifical, para um só deao, que presidirá ao cabido, um arcediagado, para um só arcediago, um chantrado para um só chantre, uma tesouraria para um só tesoureiro, e doze canonicatos e outras prebendas para doze conegos. Para dote destas dignidades, canonicatos e prebendas para sempre aplicamos e assinamos os bens que constituiam o dote

dos referidos beneficiados; e mandamos que o nosso amado filho Nuno Cahon (Cao), professor de teologia, freire da dita ordem de Cristo, e que actualmente representa o vigario de Tomar na-supramencioriada igreja de Nossa Senhora (Santa Maria) seja elevado á dignidade de deao da mesma igreja erecta em catedral, e os tres beneficiados mais antigos sejam respectivamente elevados pela ordem da sua antiguidade ás dignidades de arcediago, chantre e tesoureiro, e os outros doze beneficiados sejam feitos conegos, e todos constituam o cabido dela; que a mesma igreja, seu prelado e cabido, e os que Ihes sucederem usem, logrem e gosem todos e cada um dos privilegios, prerogativas, imunidades e liberdades que usam lograin e gosam as outras igrejas catedrais daquelas paragens, e porque o pessoal acima designado já possuia beneficios na igreja que acaba de ser erecta em catedral, concedemos-lhes sem mais cola~aoou carta estas dignidades canonicatos e prebendas. E contudo, em virtude da nossa autoridade apostólica e pelo teor da presente carta, o direito de padroado e de apresentar pessoa idonea para a igreja do Funchal, assim elevada a Catedral, de. cada vez que ela vague, reservamo-lo para sempre a el-rei D. f i n u e l e seus sucessores. nao devendo n6s nem nossos sucessores prover naquela igreja pessoa diversa da que tiver sido nomeada pelo rei de Portugal e dos Algarves; e nos mesmos termos reservamos ao bispo do Funchal a instituicao nas dignidades, canonicatos e prebendas, que estavam a cargo do grao-mestre da Ordem de Cristo, a quem pertenciam o direito de padroado e de apresentar nos suprimidos beneficios, sempre que vagavam. Nao obstante as constituicoes e ordenacoes apostólicas e quaisquer outras disposicoes em contrario, queremos que o apresentado e colado no dito deado impetre da Sé Apostólica dentro do praso de seis meses a contar do dia da sua colocaurna nova provisao e pague á Camara Apostólica os direitos que lhe silo devidos por aquela nomeacao sob pena de ficarem sem efeito a sua apresentacao e instituicao, e o deado se considerar desde entao vago por essa ornissao. Portanto, a nenhum homem seja licito infringir ou temerariamente contrariar esta nossa carta de supressao, extincao, concessao, fundacao, instituicao, aplicacio, assinac%o, indulto, mandado, ordenacao e vontade. E se algucrn ousar faz&-lo, fique sabendo que incorrerá

cae

aa indignacáo de Deus Omnipotente, e dos seus Apostolos Silo Pedro e Sao Paulo. Dada em Roma, na Basilica de S%oPedro, aos doze de junho do ano da Incarnacao do Senhor, de 1514 e segundo do nosso Pontificado. Foram expedidos tres diplomas pontificios referentes á instituicao do Bispado do Funchal, datados de 12 de junho de 1514, sendo um deles a Bula Pro excellentl proemlnentla, cuja traducao portuguesa fica transcrita, outro a Bula Oratlae Dlvlnae Premlum, e o terceiro a Bula Hodie Eccleslae Funchalensls. O primeiro, de todos o mais importante, é o que verdadeiramente constitui a criacao e a ereccao da Diocese e vem integralmente publicado, que saibamos, na Hlstorla Oenealoglca da Casa Rlal Port-tguesa por D. Antonio Caetano de Sousa (Provas 11-259) e no Corpo Dlplomatlco Portuguez, dirigido por L. A. Rebello da Silva (1-257), dizendo-se, na primeira destas obras, que o respectivo original se encontra no ~ArquivoNacional da Torre do Tombort, no Livro 1 dos Breves, a pag. 151 v., e, na segunda, no Maco 20 das Bulas, sob o numero 34. O segundo diploma, que comeca pelas palavras Oratlae Divlnae Premlum, é o que faz ao monarca portugues a comunicac%o oficial da criacao do Bispado e da apresentacao do doutor Diogo Pinheiro para o desempenho desse cargo, achando-se trasladado no já citado Corp. Dlpl. Port. (1-261), com a indicacad de que o original está arquivado, na Torre do Tombo, no Maco 20 das Bulas, sob o numero 28. O terceiro diploma, a Bula Hbdie Eccleslae Funchalensls, C ainda a participacao da instituicao da Diocese mas dirigida ao clero e aos habitantes das terras que formavam a nova circunscricgo diocesana. Vem transcrita a pag. 568 das eruditas anotacoes das Saudades da Terra, dizendo-se ali que foi copiada do origina¡ existente na Camara Eclesiastica do Funchal. Convém, porém, advertir que nao é inteiramente exacta a informacao das Saudades, quando afirmam que essa Bula 6 da criacao do Bispado, pois, como acima se ve, o seu titulo 6 Pro excellentl proemlnentla. Como já ficou dito num dos capítulos anteriores, na Vigararia de Tomar, que era a sédee o principal centro da Ordem de Cristo, residia toda a jurisdícao religiosa e canonica sobre as novas terras descobertas, tendo gosado o privilegio de nulllus dlocesls e nao estando por isso dependente de qualquer

bispado ou metropolita e sómenk sujeilrr A Santa S&Apr~sMlica. A já citada Bula Pro excellentl proemlnentia suprimiu a Vigararia de Tomar e criou a Diocese do Funchal, taansferindo para esta as isencoes e regalias, que usufruia aquela privib legiada Vigararia. Como pela mesma Bula se ve, o sacerdote que ao tempo representava e dispensrva as facuidades de que gosava a referida Ordem, passou a exercer o efevaeto, cargo de Bispo do Funchal, dando-se assim a transicao daqueles direitos, sem se levantarem atritos de jurisdicao nern quaisquer redamacdes por parte da mesma Ordem, se porventura outtco tivcsse sido o contemplado com aquela alta merce eclesiastica: Foi a Diocese do Funchal a primeira criada nas novgs terras descobertas, tornando-se desde logo a mais ampla de todo o mundo, e talvez ainda posteriormente nenhruar a tenha excedido na vastidao da sua &ea. Estendia-se das praias da Mgi deira, isolada na imensidade do oceano e nao muits distamíadas das costas marroquinas, até ás terras americanas e aofarquipelago japones nos mais remotos confias do extfemo oriente. Cabendo hoje os seus apertados limites denbo &m perímetro de oitocentos quilómetros quadrados, ocupou j4 a superficie duma parte muito considerável do planeta ern*que habitñr mos. Como é faciC de prestimir, ni& poderia conservar por rnui. Lo tempo essa tao dilatada extensao, porque as necessidades de caracter religioso, criadas nas novas regides, expiorachs, determinaram imperiosamente a criacao de outros bispados. Essa larga jurisdicao canonica foi assin rcotavelrnente cereeacka com respeito aos direitos episcopais, mas conservou-se integro e atré mais ampliada corn relaca0 As faculdades de que gosow m q u e lidade de metropolita e de sede dumt arcebispado, como mais ao diante se verá. Estavam satisfeito*os desejos dos povos e as instantes solicitacoes das pessoas mais qualificadas da terra com rospeito & criacao da Diocese, e ainda porventura ficarim saciadas as vaidades e as ambicdes dos que pretendiam dngir a mitra e empunhar o baculo, mas a verdade é que a gerencia dos dlvssos negocios eclesiasticos e a a ~ a evangelisadora o dum prelado se fizeram desde logo irnensamente sentir com grave prejuizo dos intereses espirituais e religiosos dos habitantes de todo o arquipblago. Sómente quarenta c tantos anos depois da insUtuicao do Bispado é que D. Jorge de Cem~s,o se% quarb pre-

lado, veiu pessoalmente assumir as func6es do cargo, porque os tres primeiros, ocupados em altos negocios do estado e em varias missaes diplomaticas, npo poderam desempenhar entre n6s as obrigacoes do ministério episcopal. Em caso perfeitamente idéntico, pregunta com sobrada razao um distinto escritor católico-para que aceitaram esses lugares e os encargos que lhes andavam anexos? Nesse periodo de quasi meio século, vieram 4 Madeira dois prelados titulares, enviados pelos bispos proprietarios, mas apenas se demoraram alguns meses nesta ilha, mal lhes permitindo o tempo adquirirem um rápido conhecimento das mais urgentes necessidades da diocese.

A S é Catedral Ainda está infelizmente por fazer um estudo completo ácerca da Sé Catedral do Funchal, em que a sua história, a sua arquitectura e os primores artísticos que ali se encontram, sejam postos em saliente relevo e descritos com o brilho e com o rigor que na verdade merece aquele suntuoso monumento nacional. Esta falta lamentável deve principalmente atribuir-se ao isolamento e á distancia em que a Madeira se acha do continente portugues, nao se tendo ainda despertado a atencao dum escritor consciencioso e de provada competencia, que tentasse elaborar essa tao desejada e por muitos títulos interessante monografia. No entretanto existem valiosos trabalhos sobre diversas igrejas e capelas, que nao oferecem, debaixo daqueles aspectos, um tao vasto campo de observacao e de estudo como o que vantajosamente se depara no majestoso edifício da nossa Sé Catedral. Talvez que uma condigna remuneracao, concedida por meio dum concurso, provocasse o aparecimento dum trah l h o dessa natureza, sendo pouco provável que por outro meio o possamos satisfatóriamente alcancar. Embora nos escasseiem os conhecimentos indispensáveis para abordar este melindroso assunto, vemo-nos forcados, nesta altura da narrativa histórica que estamos fazendo, a dedicarlhe umas breves páginas, aproveitando os poucos elementos dispersos que a tal respeito se possam coligir, de par com algumas nocoes colhidas pela nossa observac%odirecta nas frequentes visitas feitas a esse templo,

Já ficou anteriormente referido que no ano de 1472, quando D. Nuno de Aguiar, bispo de Tanger, tentou anexar á sua diocese o territorio do arquipélago madeirense, foi pelo graomestrado da Ordem de Cristo feita a promessa da criaqao dum bispado com séde na capitania do Funchal, opondo-se energicamente D. Beatriz ás pretensoes daquele prelado, que nilo conseguiram obter despacho favorável. Posteriormente a essa época e por diversas vezes, solioitaram os povos da Madeira, secundados pelos capitaes donatarios, o cumprimento da promessa feita, que sómente se tornou uma concreta realidade no ano de 151; E ao mesmo tempo ia surgindo e tomando corpo a necessidade da fundacao duma igreja, que servisse de séde á futura diocese e que digna e apropriadamente correspondesse ao elevado fim a que se destinava, pois que na antiga vila do Funchal nao existia qualquer templo, que para isso pudesse sofrer uma conveniente adaptacao. Tem-se muitas vezes afirmado, e isso representa uma verdade incontestável, que se deve principalmente atribuir ao rei venturoso D. Manuel a cscstrucao da nossa Sé Catedral, havendo, nao só como grao-mestre da Ordem de Cristo mas tambem como monarca, manifestado, por diversas fórmas, o melhor desejo na edificacao desse monumento, que na verdade lhe mereceu sempre toda a proteccao e o mais desvelado interesse, conforme abaixo mais largamente se veri. Por esse ponderoso motivo, já foi sugerida a ideia da colocacao, no vestíbulo do templo, duma lápide comemorativa daquele facto, que assim seria condignamente perpetuado e que serviria tambem de proveitosa licao para contemporaneos e vindouros. Com respeito ao tempo, lugar e certas condicoes do meio, silo sem duvida motivo de justificada admiracao as amplas proporcoes que desde o seu início se deram á construcao da Sé Catedral. Pouco mais de meir: século tinha decorrido após o coméco do povoamento, todo o arquipklago nao contaria entao mais de quinze mil habitantes e o numero de moradores da vila do Funchal mal atingiria cinco mil, segundo se pode depreender da propria Bula da criaqao da Diocese. A-pasar-de ser relativamente grande o desenvolvimento da populacao e notáveis as prosperidades materiais que simultaneamente o acompanhavam, é todavia certo que nao abundavam as indispensáveis fontes de receita para custear urna obra daquela magnitude. Quasi que deveria apenas contar-se com os limitados re-

cursos de caracter local, pois que que .a metrápole, asaoberbada com as expedicoes marítimas e os empreendiritenkts da colonisacao africana, dificilmente poderia acudir ás necessidades destas ilhas, nao deixando de fazer-se a cobran9 & 2 a a t k contribuicoes e impostos, que aqui se arrecadavam aescrupulosamente, sobretudo os que incidiam sobre a pradu~8oc .exportaca0 do acucar No entretanto é forcoso reconheeer (que do govérno central vieram valiosos auxilios, nao .só decretando ae o lancameato de varios tributos especialmente destinados &quele fim e recomendando-se com muita insistencia aos tpouos a neceskidade de prosseguirem os trabalhos iniciados, mas tambem cedendo-se uma parte considerável das xeceitas públicas aqui arrecadadas e ainda enviando-se abundantes materiais e arquitectos e operarios especialisados, que de todo escaseavam entre nós. A vastidao e o aparato arquitectonico que, com relacao As condicoes do meio se deram ao templo da Sé e a que já aoima fizémos ligeira referencia, tem sua suficiente explica$ío ntis ponderosas circunstancias que entao ocorriam. (O importante organismo da Ordem de Cristo, a que f6ra concedida a absoluta jurisdicao espiritual e religiosa em todas as novas terras descobertas ou conquistadas, ao projectar a criacao do primeiro bispado dentro da área desses vastos dominios, quis imprimi-lhe um caracter de notável grandeza, que teria oertamente de reflectir-se no templo que serviria de centro a essa mesma criacao. Embora aquela Ordem nao mudasse de sede e desta continuasse a partir uma valiosa coopera@o no movimento colonisador qyle se estava operando, é todavia certo que as suas faculdades de ordem espiritual, de que largamente gosava, transitariam para a nova diocese a estabelecer e seria extinta a chamada Vigararia de Tomar, que dentro da referida O rdem era a dispensadora dessas mesmas faculdades. Nesta t & d e rencia de jurisdicao deveriam de algum modo reflectirdse 'as antigas prerogativas daquela prestigiosa corporacao, dando-se 4 sua nova séde episcopal um aparato correspondente .áqueles privilegios. Nao seria entao difícil conjecturar que o bispado, ,a miar-se, estenderia a sua área até os confins do extremo oriente, constituindo, em territorio, a mais ampla jurisdicilo religiosa que jimais existiu. D. Manuei, antes e depois de rei, assumiu o grao-mestraido da Ordem de Cristo e muito concorreu, como

já fícou dito, para ah construc%odessa igreja e havia tambem de contribuir, com o seu espirito faustoso e magnanimo, para imprimir-lhe o aspecto de aparato e suntuosidade que ela nos qresenta. A Madeira era entao o mais importante emporio cornwcieib que se formára nos novos dominios coloniais, e um apetecido ponto de atraccao para inúmeros estrangeiros, que aqui vinham tentar fortuna, calculando-se que em breve se tornaria um centro largamente movimentado em todos os ramos da actividade humana. Poucos anos posteriores A epoca a que nos estamos reportando, poderia com inteira verdade dizer-se .que foi esta ilha a metrópole secular e eclesiástica dos nossós domínios ultramarinos, empório da nossa navegacao e comercio coloniaisu . Seria absurdo admitir-se que, naquela época, num meio t20 limitado como o Funchal e nas desfavoraveis circunstancias oconentes, se projectasse o levantamento dum templo com tilo amplas prop~rcoes,destinado apenas a uma simples igrqa paroquial, se nao existissem já na mente dos fundadores ~ ficam acima sumariamente apresentadas, além de as i & i ~que outros motivos, que ainda possam, porventura, aduzir-se ácerca destc assunto.

O enMo chamado Campo do Duque foi o local escolhido para a constru~á[oda nova e majestosa igreja. E' certo que na margem esquerda da ribeira de Joao Gomes e nas proximidade des da sua foz se havia formado o mais importante moradores ao. iniciarem-se os primeiros trabalhos dee colonisa@o, mas logo o povoamento se estendeu largam nte pela margem direita da mesma linha de agua, tornando-se o Campo do Duque um dos pontos mais movimentados da ant iga pov o w o do Funchal. A preferencia da sua escolha deve em grande parte atribuir-se A amplidao do sitio, que permitia proce der-se ali c m largueza e desafogo As diversas edificacoes pro jecta. das. Proiongava-se esse Campo entre as margens das duas ribeiraq mas. o seu principal centro limitava-se, a leste, pela capela de Silo SebastiHo, actual Largo do Comercio, e, a oeste, pelo Convento de S20 Francisco, hoje Jardim Municipal. Era pertewa da Ordem de Cristo, que no periodo decorrido de 141.8 a 1521 tivera como graos-mestres os infantes D. Fernando, D. Joao e D. Diogo, todos duques de Vizriu, e D. Manuel, &que de Beja, e destea tiaulos nobiliárquicos tirou aquele tra-

to de terreno a denominacao de Campo do Duque, passando depois, em parte, a chamar-se Terreiro da St! e posteriormente o Passeio Publlco, tendo em 1821 tomado o nome de Prap da Constitulgdo, em 1911 o de Praga da Republica e alguns anos rnais tarde o de Avenida do Doulor Manuel de Arriaga, que ainda conserva. Surgiram algumas dificuldades a respeito da escolha do local mais apropriado para a construcao da nova igreja, opondo-se Joao Gonqalves da Camara, segundo capitao-donatario do Funchal, a que ela se erigisse no Campo do Duque, por motivo que hoje se ignora. Nesse sentido, interpos o seu valimento junto de Grao-mestre da Ordem de Cristo, que era D. Manuel, mas felizmente triunfaram a raza0 e o bom senso, porque nesse tempo nao existia na antiga vila do Funchal outro lugar que melhor se adaptasse áquela edificacao, nao tendo o duque de Beja atendido as pretensoes do capitao-donatario, como abaixo mais largamente se verá. A Ordem de Cristo, que tinha o padroado de todas as igrejas e servicos religiosos nos nossos dominios ultramarinos, dedicou especiais cuidados á ereccao do templo, que seria a séde da primeira diocese a criar naquelas regioes, pois que almas dezenas de anos, anteriormente a essa criacao, adoptara acertadas providencias tendentes, em boa parte, a assegurar os recursos indispensáveis para a construcao do edificio, que haveria de servir de futura Sé Catedral. Dessas medidas eficazes, que principalmente se devem ao seu Grao-mestre D. Manuel, antes e depois de ser rei, vamos fazer aqui uma pequena resenha. O documento mais antigo que se conhece acerca da projectada construcao tem a data de 1485 e dele se acha lancada uma súmula no tomo 1 . O do Arquivo da Camara do Funchal, dizendo-sc ali que naquele ano f6ra feita a doacao do terreno necessario, sito no Campo do Duque, para a edificacao da igreja, lavrando-se o auto respectivo e havendo-se para esse fim, procedido, no ano imediato, isto é em 1486, á exacta demarcacao do local. Referindo-se certamente a essa doacao, afirma-se que, num antigo documento existente no referido Arquivo da Camara e que varias vezes temos visto citado, f6ra aquela cessao assinada a 5 de Junho de 1485, em Sao Tiago de Cacem, pelo duque de Beja D. Manuel, e que ela *compreendia o terreno destinado para uma igreja e praca e adro

e casa para o Concelhow. Essa cedencia do Grao-mestre da Ordem de Cristo fez-se por intermedio do seu ouvidor Braz Aponso, no dia 5 de Novembro de 1485, e no mesmo dia tomou .o Cenador fosse do dito chao~t. Informa-nos Henrique Henriques de Noronha, nas suas Memorias manuscritas do primeiro quartel do sCculo XVIII, existentes na Biblioteca Municipal do Funchal, que uma Ordem Regia de 21 de Marco de 1488 determinara que revertessem a favordaprojectada constru(;ao ras penas criminais~~ pertencentes oa monarca, e que no ano seguinte foi expedida uma nova Ordem com o mesmo fim, criando se a eimposicao nos vinhos atavernadas,, e proíbipdo a seus sucessores, csob pena da sua b$n~iíou,que nao desviassem esses impostos para diferentes destinos. Outro documento, bastante valioso e iriteressante para o nosso assunto, tambem registado no Arquivo da Camara, é o alvará regio de 21 de Outubro de 1485, do qual transcreveremos os seguintes trechos: .que da aqui emdiante todas las penas que em essa ylha forem postay., e ao iante se posserem assi para minha Camzra como chancelaria como de qualquer outra qualidade, que se aja di dar a metade para o facimento da Jgreja que no dito Funchal prazendo a Deus espero mandar fazer e pera se esta cousa tnelhor arrecadar vos mando que em Camara et-ilexzis pera ysso hum ftome para ella pertencente e abot~cdo que tenha carrego e cuyde de has ditas penas receber e arrecadar, ao qual se o bern fazer Ihe rnandarey fazer dellas aquella mercee que bem parecer ou doutra cousa algua em maiieysu que deva csin rrazam de ser contente e o escrivao da Camara escreva todo o que elle assy receber e assente sobre elle a metade das penas ern que assy encorreretn para as aber de rrecadar e dar dyso csnta e ejam assidados os ditos recebedores e escrivam de o fazerem fielmente;bem e com diligencia porque se assy o fezerem receberam de nos merece e fazedo-o doutra maneira ajam por certo que tomarey a ysso como seja razam e direito e o traslado deste alvará se assente ito dia camara.~ Do ano de 1493 exisiem um alvará regio e uma carta do duque de Beja D. Manuel, como grao-mestre da Ordem de Cristo, mandando aplicar a renda da imposicao do vinho ás obras do templo e notificando com insistencia os povos a que voluntariamente concorresscm para elas No prosseguimento dessas obras, novas fontes de receita se 11..

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criaram para acudir 5s múltiplas despesas dessa dispendiosa construcao. Em 1500, aproximadamente sete anos depois de iniciados os trabalhos, foi expedido um alvará régio confirmando as medidas tributárias aplicadas áquele fim, que anteriormente tinham sido promulgadas, havendo o rei D. Manuel dirigido uma carta aos habitantes da capitania do Funchal, em que de novo e vivamente peda a todos que concorressem com seus donativos para aquela obra. De 1502 existem dois importantes diplomas: um mandando aplicar anualmente mil arrobas de acucar para esse fim, e outro, datado de 16 da agosto daquele ano, do qual transcrevemos o seguinte trecho: ~Primeiramentenos pedis que ha ymposicon das billas da ponta do soll e calheta fosse sempre pera has obras da ygreja desa billa (o Funchal alnda entdo era itlla) 8r do concelho. A esto respondemos i3 nos praz que em quanto durarem has obras da dita ygreja se arrecade a ymposicon dos sobre ditos lugares para ellas somente e mays nom. It. que os moradores da ponta do soll 8r da calheta paguem pera ygreja desa billa (Funchal) o que f6r taxado atee ser acabada. A esto respondemos 8r nos praz que paguem o que a cada hum f6r taxado segundo a sua faculldade.. Por informacoes colhidas em documentos que existiam no arquivo velho da Camara do Funchal, sabe-se que o rei D. Maanuel m a n d o ~a Madeira uma caravela, no ano de 1503, trazer trinta reais de prata para as obras da Sé e que por essa epoca enviou tambem quarenta reais a Antonio Correia, que este dera de emprestimo para o mesmo fim. Em anos subsequentes, outras medidas se promulgaram com igual destino, prosseguindo os trabalho com pequenas interrupcoes mas com vagarosa lentidao. Diz-nos ainda o referido arquivo que o mesmo monarca, no ano de 1519 e por alvará r6gi0, fizera doacIo d Fabrica da Sé Catedral dumas casas, que tinham sido primitivamente destinadas ao edificio da Alfandega e que estavam sitas nas proximidades do Pelourinho. Pelo indice dos antigos livros de arquivo da Camara d o Funchal, organisado por Antonio José de Lamedo, que de novo acabamos de compulsar, vemos que sómente naquele arquivo se acham registados mais duma dezena de documentos respeitantes á edificacao da Sé Catedral, havendo muitos outros que ali nao foram tombados.

O edifício da Sé Catedral deve ter sido talhado nos moldes do estilo gótico, embora alguns dos trechos arquitectónicos que o constituem nao obedecam inteiramente ao rigor e á pureza do mesmo estilo. O ilustre anotador das Saudades da Terra dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo diz que a sua aarquitectura é puramente manuelinan e Albretch Haupt, no seu notavel trabalho Archltectura da Renascen~aem Portugal, inclina-se a incluir esse templo no numero dos monumentos ecleásisticos dos do tipo dos primordios da Renascenca. E afirmando um distinto critico de arte que no chamado estilo manuelino é resultante da fusilo do estilo .ogival florido e da renascencan, podemos talvez assegurar que a arquitectura da nossa Sé comparticipa de algumas das modalidades desses estilos. Nas varias e sempre fugidias referencias com que temos deparado a respeilo da arquictura desse edificio, vemos que em geral 6 classificado, ora como pertencendo ao estiloqgótico ora ao estilo manuelino, mas sem a descriminacao de pormenores, que nos levem a formar um juizo seguro Acerca dos elementos predominantes dos estilos que ali se possam encontrar. Nao deverá isso causar-nos grande estranheza, se admitirmos que o estilo manuelino .ora propende para o gótico, para as formas mouriscas da Renascenca, ora se define numa maneira naturalista toda arbitrária. . . , l . No entretanto podemos talvez assentar, duma maneira generica, que a frontaria, as naves e a torre sao pertenca do estilo gotico e que a parte exterior do templo que olha ao sul, adjacente á capela-mór, com os seus eirados, balaustradas e platibandas, deve encorporar-se no estilo manuelino. E' claro que esta afirmativa nao exclui a possibilidade de admitir-se ali a intromissao de outros elementos estranhos áqueles estilos, como se nota na capela-mór e ainda em outras partes do edificio. O exterior da igreja sofreu no decorrer dos tenipos vários acrescentamentos e rnutilacGes, que notavelmetite Ihe desfiguraram a feicao caracteristica da traca primitiva. Algumas dessas acessorias ampliacoes impuseram-se pela forca imperiosa das circunstancias e carencia de lugar mais apropriado, mas outras houve, que, sem prejuizo para os servicos cultuais, se poderiam ter facilmente evitado, contando-se nesfe numero as pequenas casas que se levantaram entre o sopé da torre e a chamada sacristia dos conegas, bem como alguns das dependencias anexas 4 capela do Santissimo Sacramento. Sem esfor-

co se reconhece o inconveniente resultante dessas construcoes, que, além de afearem o local e esconderem uma parte consideravel do edificio, vieram tambem quebrar a bem equilibrada harmonia do conjunto. Ainda há pouco, permitiu-se a construcao dum quiosque, coníiguo á parede exterior duni dos extremos do transepto, a-pesar-dos protestos que entao se fizeram e das acres censuras dirigidas ás entidades oficiais, que concederam a necesásria licenca para essa grotesca edificacao. Os protestos e censuras foram tomando vulto e 1á se conseguiu, passados alguns anos, que o já famoso quiosque fosse de ali removido. O mesmo se pode dizer, em boa parte, das construcoes que ladeiam a capela do Santissimo Sacramento, as quals ocultam alguns dos trechos arquitectónicos mais interesantes de todo o edificio. E seja-nos licito, a tal respeito, arquivar aqui algunb periodos dum belo artigo que há anos foi publicado no aDiario da Madeiran, devido certamente á pena do seu ilustre director: tdTemos que a parte mais bela, pelo que se refere á arquictetura exterior da nossa Sé, é, a que do lado do oriente, sobrepuja o alta-mór e a capela do Santissimo Sacramento: corre sobre o primeiro urna galeria com coruchéus de estilo gotico; e na segunda salienta-se inferiormente a formosa guarnicao gótico-manuelino rencada de cruzes de Cristo, onde afloram coruchéus de forma conica em salientes torreoes helixoidais. Sendo para notar que estes esguios remates passados do estilo ogival á nossa renascenca afectou em a nossa Sé um aspecto que ainda nao vimos em elementos identicos doutro qualqueir monumento dasta época.. E' sem duvida para lamentar que uma parte dessas preciosidades artisticas tivessem ficado ccultas á vista do observador e mais ainda consideravelmente prejudicadas, no conjunto do seu belo aspecto, como todos os primores arquitectonicos que ali profusamente se encoiitram. Urna mutilacao, porém, sem raza0 ponderosa que a justificasse, foi a que se praticou tia frontaria do edificio com a abertura de duas janelas, que veiu alterar profundamente uma das características fundamentais do estilo gótico, que ali se salientava em todos a sua pureza arquitectónica. A primitiva fachada, obeciecendo á orientaqao do estilo em que o templo f6ra moldado, compunha-se apenas da porta em arco ogival com as suas arquivoltas e da caraterística fosacea que 1á no alto solitarimente se destacava. Algures se diz que eia .está

transfurada em pedra dum trabalho por vezes delicado, verdadeiramente maravithoso, cujos vasados sao livres, mas que nas catedrais de maior vulto $20 preenchidos corn vitraisn. Surgiu, nao sabemos como hem quando, a ideia infeliz de iluminar-se mais abundantemente o interior do templo e de modo particular o coro que sobrepuja o vestíbulo, desfazendo-se assim a meia luz tao apropriada ao recolhimento e á oracao e que tanto caracterisava as igrejas daquela Cpoca. E até C possível que a falsa e errada nocao de imprimir á frontaria maior beleza e elegancia levasse á perpretac20 daquele atentado, tendo o conego Joao Paulo Berenguer, nos fins do século XVIII ou princípios do século seguinte e certamente com pleno consentimento do respectivo cabido, mandado abrir á sua propria custa as duas insaraterísticas janelas, que ladeiam a bela rosacea, desfiguragdo-se notavelmente o tracado do plano inicial e tenda-se ainda adicionado um grotesco varadim com a sua gradaria de ferro. Outro atentado ali cometido foi o da pintura das pedras de cantaria lavradas, que cobrem uma parte consideravel da froritaria, tendo-se praticado igual atentado com todos os arcos e colunss das tres naves. Há razoes para acreditar que a camada de tirtta aplicada no frontespicio data dos meados do século XVIII, após o terremoto de 1748, que causou grandes estragos nesta e em muitas igrejas e edificios de toda a ilha. Por esse motivo, se procedeu na Sé Catedra1 a importante reparacoes na torre, na fachada, nalgumas paredes e no altar-mór, que bastante concorreram para mais ainda prejudicar a beleza de todo o edifícia. Tem-se conjecturado que as portas fronteiras e Iaterais da Sé, que olham ao norte e ao sul, nao pertencam á antiga construcao, ou entao qu?, por serem de limitada altura (e porventura de fórma oyivai) houvessem sido substituidas pelas actuais. Nao s podemos afirmar, mas é todavia certo que essas portas, destoam do estilo predominante no templo e mais ainda estao os respectivos litniares e ombreiras talhados no tlosso basalto poroso ou idcantarja rijan, que sómente camecou a usar-se em construcoes urbanas nos meados do século XVII. Junto do braco do tsansepto, que olha ao norte, levanta-se a alta e graciosa torre, que é baatante elevada com relacao aos olrtros corpos da igreja e que, num vasto perimetro, notavelmente se destaca dos inumeros edifícios que a rodeiam. Tem a fórma quadrangular e é toda construida de pedra de ~lcantaria

molett devidamenie lavrada. Terminam as suas paredes em pequenas ameias e sobre o corpo principal assenta outro de menor superficie e de menor altura, donde se eleva um elegante corucheu em fórma piramidal revestido de azulejos e rematado por nma grímpa de metal. Os melhores sinos que ali se encontram datam do ano de 1814. O relógio que ali funciana foi oferecido plo súbdito britadico dr. Miguel Grabham e realisou-se a sua instalaca0 em fevereiro de 1922. Veiu substituir o antigo relógio, mandado construir pelo governador e capitao-general da Madeira Joao Antonio de Sá Pereira no ano de 1775, sendo este o primeiro que ali existiu para o servico do público. Cometeu-se há pouco o erro, talvez justicado pela forca das circustancias ocorrentes, da colocac20 nesta torre de alguns postes dstinados ao servico dos telefones, o que logo foi considerado como um atentado contra a boa estética daquela parte do edificio e ainda do seu conjunto, nao faltando tambem quem afirmasse que a solidez e seguranca do campanário tinham bastante a recear com a instalacao, embora provisoria, que ali se fez. Por esse duplo motivo, muito seria para desejar que se procedesse á breve remocao desses postes, sem maior prejuizo do servico público. O interior da igreja lqgo surpreende agradavelmente o observador atento pela sua singela grandeza de par com uma rara e graciosa elegancia. Essa impressionante combinacao duma sóbria magnificencia com uma acentuada e notavel distinca0 de linhas resulta principalmente da relativa vastidao do edificio, relacionada com a altura e esbelteza das colunas, que sustentam as suas naves. Nao é de estranhar que o granda escritor D. Francisco Manuel de Melo, segundo nos informa um artigo manuscrito, ao examinar essas colunas exclamasse #que a circunstancia de serem tao delgadas Ihe revelava a maior perfeicao delas e a grande temeridade do artista.. A equilibrada e bem proporcionada disposicao das arcarias com relacao ás outras partes do edificio concorre tambem consideravelmente para esse aspecto de grandeza e de elegancia que tanto impressiona os visitantes. Tem esta igreja a fórma rigorosa duma , rcuz latina sendo a haste maior constituida pela nave central e capela-mór e a transversal pelo transepto, em cujos extremos se levantam as capelas do Senhor Bom Jesus e de Satito Antonio. E' de tres

amplas naves, sendo a central de maior altura e tendo o seu prolongamento no transepto e capela-mór. Fica separada das naves laterais por dois renques de seis elegantes arcos ogivais cada um, sustentados por quatorze esbeltas colunas fasciculadas. As naves nao sao abobadadas, mas cobertas com um rico tecto de madeira indigena, como mais adiante diremos. Essa delicadeza de construcao e elegante simplicidade, como já notámos, imprimelhe uma bela e atraente perspectiva, que logo convida o visitante desprevenido a uma mais atenta e demorada obs e r v a @ ~dos objectos que o rodeiam. Parece que no primitivo tracado se incluira a construcao dum coro junto da capela-mór, mas havendo-se ponderado ao rei D. Manuel o inconveniente dessa construcao, ordenou o monarca, por carta de 27 de Fevereiro de 1514, que em vista desse coro ildanar a dita capela, que ele se fizesse sobre a porta principal^^, como realmente veiu a acontecer. Mas passados aproximadamente tres seculos surge a disparatadaideia de levantar-se esse projectado coro, que na verdade chegou a construir-se e que ali permaneceu muitos anos com notavel prejuizo da beleza e correccao de linhas que oferecem o transepto e a capela-mór. Numa louvavei atitude do bom gosto e de bom senso foi de ali removida aquela desnecessaria e inestética excrescencia no ano de 1925. Os dois elevados arcos, que ladeiam o arco central da capela-mór, davam acesso ás capelas que hoje correspondem á do Santissimo Sacramento e de Nossa Senhora do Amparo, conservando esta ultima, em outro tempo, uma disposicao diferente da que actualmente tem. Comunicava ela com a sacristia-mór da Catedral, .que fora primitivamente instalada na pequena sacristia que fica na base interior da terra, onde ha poucos anos se colocou o altar da antiga capela dos Varadouros, e ali permaneceu até o segundo quartel do século XVIII, em que se procedeu á construcdo da casa capitular e da sacristia chamada dos conegos, como mais adiante melhor se verá. As edificacoes erguidas em volta do templo e a que acima fazemos referencia vieram, sem dúvida, prejudicar bastante a sua beleza e harmonia exteriores, mas algumas delas corresponderam, ao tempo, a imperiosas necesidades, pois que a antiga e pequena cerca, já entao muito cerceada pela rua de Joao Gago e varias casas de moradía adjacentes, nZo tinha a suficiente: largueza para impedir que ali se levantasse aquele

agrupamento de consirucoes. Nao será descabido acentuar agora, que a edificacao da sacristia-mór, da casa do capitulo e ainda dumas dependencias da capela do Santissimo Sacramente obedeceu a exigencias inadiáveis do servico do culto, que entilo, como hoje, nao podem de modo algum ser dispensadas. E nao será tambem fóra de proposito recordar que, embora as igrejas possam ser, e muitas vezes o sao, verdadeiros museus de arte, teem acima de tudo que acomodar-se ás necesidades do culto para que foram construidas e para cujo fim principal se destinam. Nesta materia, o verdadeiro critério consistiria, quanto possivel fosse, em conciliar os preceitos impostos pela arte com as exigencias dos servicos cultuais, como na maioria dos casos se tem procurador Observar. As ornamentac6es1'que interiormente guarnecem e aformosiam o edificio da Sé Catedral, nao constituem maravilhosas manifestacoes na arte, que deslumbrem e arrebatem os visitatites cultos e viajados, ao observa-los rapidamente no seu conj u n t ~ .E', no entretanto, incontestavel que ao repousar-se a vista, particularmente ns seu tecto de madeira e ainda em outros pontos de toda a decoracao interior, com facilidade se descobrem alguns preciosos pormenores, que pela sua grande originalidade e rara beleza artistica sao dignos da maior admirae apreco, Diz o autor do do Iivro ~Architecfurada Renascenca em Portugaln que o tecto da nossa Sé é muito semelhante e em nada inferior ao da Egreja matriz de Caminha, sendo este geralmente considerado como unico no seu género no nosso país. Falando desse tecto, afirma o .Portugal Munumentaln, que é uma preciosidade artística em que se admira a prodigaliáade artística de talha em caixoes de madeira, formando combinageométricas de género alhambresco r. Pelas palavras transcritas, pode-se com verdade ajuisar da encantadora surpresa que aos entendidos causa a primorosa obra do tecto da nossa Sé Catedral, porventura despido de toda a belesa para os menos familiaris'ados com os trabalhos dessa naturesa. Foi todo construido no odorífero e incorruptivel cedro indigena (iuniperus oxycedrus), que entao fartamente abundava nas opulentas matas da nossa ilha. Está fabricado em estilo <mudejaro ou mourisco em que predominam figuras geométricas de linhas rectas entrelacadas, sendo em boa parte marchetadas com incrustacoes de marfim. A respeito desta obra, leem-se no

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no ultimo livro de Emanuel Ribeiro, antigo profesor da nossa Escola Industrial, as seguintes e entusiásticas palavras: . admira-se no tecto que cobre as naves e o transepto a música complicada dos entrelacadentos árabes, nos quais o geómetra soube descobrir uma filosofia da fórma, onde residiam sensacoes estranhas, ora de sentimentos calmos, serenos e magestosos, ora impregnados duma vaga melancolia de mistério. Toda essa decoracao poligonal, que souberam com tanta mestria e maravilha combinar, revelava'aos olhos desses ledores da imagem pareceres profundos e primorosos,. Vimos que as naves e a transepto coriservam como cobertura um rico tecto de madcira de cedro com magníficos lavores, sendo a capela-mór e as duas capelas laterais os Únicos trechos deste edifício que teem 9s tectos abobadados, de ucantarian indigena, artisticamente artesoados com nervuras rematadas pela cruz de Cristo, o escudo das quínas e a esfera armilar. O altar-mór desta capela rnereceu a Albrecht Haupt esta interesante referencia: 11D.1 antiga decoracao é sobretudo valioso, a nosso ver, o altar-mór, cuja grandioso camarim apresenta quasi completamente o estilo gótico. Encerra doze avultados paineis da antiga escola portuguesa enquadrados por um fino motivo arquitectónico de frisos e corucheús dourados; o coroamento ostenta um suntuoso baldaquino, com alizares transfurados, evocando A memoria o desaparecido cadeirado do coro em Tomar, de cujo lavor muito se aproximam as minudencias ornamentais. Nao deixa tambem de recordar-nos as antlgas estátuas do camarim do altar-mór de Belém, sem predecessor. Andaria acaso por aqui a mao de Oliva1 de G a n d ? ~ Acérca deste altar dá-nos ainda Emanuel Ribeiro este curioso trecho:-~~Algumas tábuas das treze que ornam o retábulo da capela-mór merecem atentos minutos de estudo. Em uma delas julgamos encontrar o soberano perfil duma personagem ilustre. Guardo, porém, para um próximo trabalho, algumas detalhadas e elucidativas referencias a esse painelr. Infelizmente nao apareceu ainda a público esse trabalho. O distinto pintor Alberto de Sousa reproduziu pela aguarela vários trechos do apainelado desta capela, encontrando-se nesta ilha alguns desses primorosos trabalhos, Estando a ocupar-nos da capela-mór, é a ocasigo oportuna de nos referirmos ao cadeirado, que ali se encontra, destinado ao servico privativo do c6ro.Para isso aproveitaremos al-

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guns períodos dum excecelente artigo do distinto professur e arquitecto E. Ribeiro já acima citado, lamentando que a falta da reproducao, neste lugar, dos gráficos que acompanham aquele artigo, tornem menos interesante e menos inteligivel a sua leitura, .O cadeirado da Sé do Funchal corn os seus assentos custosos e bem lavrados de rica marcenaria oferecem ao estudioso motivo de atenta análise. AIgumas figuras que nele foram esculpidas permitem reconstituir corn toda a seguranca alguns tipos do povo, dando-lhes assim valor arqudológico e etnográIico. Podem dividir-se em tres grandes grupos ou figuracoes, que esse cadeirado nos revela: realista, anedótico, fabuloso. A parte realista poder-se-ia dividir ainda em figuras corn valor etnográfico ou nao. Assim para maior eficiencia do estudo, apresentaremos separadamente as figuras que de facto representam um valor elucidativo dessa época corn referencias á vida rural do povo madeirensen. E a seguir o autor reproduz as figuras, pela gravura, acompanhadas de breves notas descritivas do acrobata, muito em voga no tempo e vulgarmente encontradas em monumentos do século XIV, do bobo, indivíduo grotesco e hilariante tilo frequentemente admitido nas cortes da Europa, do galerlano corn os pés presos a um poste por meio de correntes. Encontram-se ali as figuras, que representam o vildo, nao lhe faltando o barrete ainda em uso no principio do século XIX, o borracheiro esvasiando o seu odre, o cavador corn a sua característica enxada de fórma lanceolada, as quais podemos talvez chamar de caracter regionalista. A fauna está abundantemente representada pelo dromedário, burro, veado, cilo, porco, pombo e cordeiro, Como se verifica em outros trabaIhos desta natureza e que corn muita frequencia se encontram em tantos edificios religiosos, tambem na nossa Sé Catedral se deparam corn alguns grotescos, que pela sua posicao e pelo seu significado nao deveriam ali figurar. O curioso e elucidativo artigo termina corn estas palavras: cAlgumas destas figuras sao feitas corn muito espirito e nitida compreensao técnica do material em que sao executadds . . No cadeiral de que tratamos, ha a juntar o valor que, como documentario, nos dá para o estudo dum povov. Tem-se vagamente afirmado e muitas vezes repetido que entre os paineis existentes nas paredes e altares da Sé Catedral

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se encontram alguns quadros de notável valor picturai, produto da paleta de distintos artistas, mas a verdade R que ainda nao apareceu um crítico de arte, competente e consciencioso, que realisasse nm estudo acerca dessas télas e pinturas e nos désse uma ideia, embora rapida mas segura, dos seus presumiveis autores ou escolas a que pertencam, da epoca aproximada da sua factura, dos assuntos ou acontecimentos que representam, do seu relativo estado de conservaciXo, das restauracaes de que porventura necessitem etc. O distinto professor, já varias vezes citado emite, a tal respeito, estaopini30:-.Na Sé do Funchal ha mais de cincoenta panos e tábuas onde o pincel do artista faz, e em alguns deles bel~rnente, vibrar as gamas iridescentes das cores. Dos fundos escurecidos aparece-nos, por vezes, o recorte puro de figuras tocadas dum tal sentimento e vida, animadas duma tal pureza e ternura, que apenas parecem quedar-se numa estática e mística contemplacao envoltas em aurifrigiadas mantas que, em longas pregas clássicas, caíem sobre os corpos emagrecidos das iongas\inédias de sacríficion. Dum livro escrito ácerca da Madeira, vamos transcrever os seguintes períodos, ern que nos parece haver algo de fantasia e que deixamos inteiramente á apreciacao de melhor crítico: ~ U m adas últimas tábuas da base do retábulo do altar-mór representa um vodo, que deve ser pintura de Lucas Granach ou de alguns dos seus discipulos, que o imitaram no humorismo e nessa realidade de reprtsentacao de costumes e de vida pública e domestica que torna;am célebres os pintores holandeses do século XVII; nessa tábua dum colorido severo mas duma inspiracao ridente, veem-se a s corpetes de sirgo, alguns deles adamascados, policromos, sobre os quais desfralda-se o manteu, que silo no estilo em que as camponesas da Madeira vestem os seus corpetes de serguilha vermzlha lavrada, sobre os quais aperta na cintura, como a vertugada senhoril da mesma época da cota, saia de carda lambelada, no trajo de pouca cerimonia, ou lavrada de bordados no de gala, 4s barras ensartadas de missanga e avelórios, ou a retrós e crochet, matizadas de várias d r e s e muito vivas predominando o amarelo, o vermelho e o verde.. E' de limitada área a capela do Santissimo Sacramento, mas duma rara perfeicilo e surpreendente beleza na sua elegante arquitectura e ricas decoracaes que a guartiecem, embora algo discordantes do estilo que predúmina no resto do edifício.

A magnífica obra de talha dourada, as primorosas esculturas e os belos mármores dfo ao seu conjunto um aspecto de uma extraordinaria formosura e duma grande opulencia artistica. E' um pequeno recanto do edifício, em que abundantemente se acumulam tantas manifestacoes das artes plásticas nas suas mais ricas e variadas modalidades. Contigua á sacristia desta Capela encontra-se uma pequens mas formosa sala, para uso privativo da respectiva confraria, que tem em tbrno um precioso lambris de azulejoi da época de D. Joaa V e ao fundo um rico movel envidracado, contendo muitas pecas de prata e outros objectos arlisticos, destinados ao servico do culto, entre os quais se destaca uma antiga salva d i mais primorosa factura. Merece uma atenta visita esta dependencia da Capela do Santissimo Sacramento. As duas capelas do Senhor Bom Jesus e do taumaturgo portugues Santo Antoriio, que se levantam nos dois extremos do transepto com a l t ~ se elegantes retábulos, sendo talvez o primeiro no estilo renascenca e o segundo no barroco, estao fabricados em bela talha de madeira dourada, notando-se neles custosas ornamenta~oes, que, no entretanto, nao se harmonisam inteiramente com o estilo predominante no templo. Ao longo das naves laterais encontram-se seis altares ou capelas reconstruidas nos fins do século XVIII e principios do seguinte, que sfo de sóbria e elegante factura, mas que nfo oferecem quaisquer primores artisticos, que detenham a atenta observacao dos entendidos. A sacristia-mór, comumente chamada dos conegos, é uma das partes do edificio de mais recente construcao e nao chegou a ser inteiramente concluida no belb apainelado, que lhe cobre as paredes laterais. E' muito espacosa e de notavel elegancia, tendo ao fundo um altar encirnado por urna grande téla representando o papa Sao Sixto. Guardam-se ali em amplos vestiarios os principaís paramentos e alfaias destinadas ao servico do culto.

Podemos fixar o ano de 1493 como o do comeco dos trabalhos de cbnstrucao da Sé do Funchal, embora se lhe tenha atribuido uma época aproximadamente anterior ou posterior á daquele ano. Do confronto de alguns documentos e da apreciacao de varias referencias respeitantes a esse facto, julgamos que todas as probabilidades, para nao dizer inteira certeza, mi-

litam a favor da fixacao do tempo que deixamos assinalado. Além de haver sido extremamente morosa essa construcae, como em geral acontecia corn as edificacaes da época, tiveram esses trabalhos diversas interrupcoes até o seu final acabamento, podendo corn certa aproximacao distinguirem-se quatio periodos em toda a duracao das obras, nao contando corn as' diversas reparacoes acidentais, que se fizeram no largo periodo de quatro sCculos. Seis a sete anos levou a formacao ou estrutura do que chamaremos o esqueleto do edificio, isto 6, o fabrico das paredes exteriores, das tres naves, da torre e respectivas coberturas, corn excepcao da sacristia mór e da casa capitular, que s%oedificacaes do século XVIII. Quando, no ano de 1508, se procedeu d simples benc%oda igreja e para ela se transferíu a séde da paroquia de Santa Maria Maior, a unica entao existente no Funchal, estavam ainda bastante atrazados os trabalhos dessa construcao. Haver-se-ia alargado o primeiro período dos trabalhos de edificacao desde o início das obras em 1493 até a sagracao solene realizada no ano de 1516; estender-se-ia o segundo período dos fins da dominacao castelhana até meados do século XVII; e o terceiro e quarto periodos teriam respectivamente decorrido no segundo e terceiro quarteis do século XVIII. Foi no primeiro período que se realizaram as obras de maior vulto. A aplanacao da superficie do terreno, olanqamento das fundacoes, a ereccao das paredes exteriores e das naves, o levantamento da torre corn o seu coruchéu e ameias, a capela-mór e a antiga capela do Santissimo Sacramento corn os seus terracos adjacentes e alguma das capelas laterais fizeram-se nessa primeira etapa com a vagarosa lentidao, que permitiam os recursos e circunstancias ocorrentes. Foi posteriormente a esta época e pelo ano de 1560 que se construiu a entao chamada Cerca, em volta da capela-mór e da torre, espaco que hoje corresponde ao local ocupado pela sacristia dos conegos e casa do cabido. O segundo período da construcao comecou no último decénio do dominio filipino. A capela-mór, que nao tinha sido concluida na primeira edificacao, recebeu entao o seu inteiro acabamento, iniciando-se esses trabalhos por 1630. Fizeram-se por esse tempo o primoroso apainelado do altar e das paredes laterais dessa capela e bem assim o aparatoso cadeirado a que

já atrás nos referimos, sendo de época pouco posterior as bem esculturadas figuras em madeira dourada, que servem de espaldar e ficam sobranceiras ás cadeiras canonicais. A sacristia-mór e a chamada Casa do Cabido pertencem ao terceiro periodo, realizando-se a sua construcao no episcopado de D. Manuel Coutinho, a quem se deve em grande parte esse importante melhoramento e que esteve 4 testa des!íl diocese nos anos de 1725 a 1740, dizendo-se algures que o custo dessas obras atingiu a quantia de sessenta mil cruzados. No terceiro quartel do século XVIII, procedeu-se á reedificacao da actual capela do Santissimo Sacramento, que opulentamente veiu substituir a antiga, constituindo essas obras o quarto periodo da construcao da Sé Catedral. Entre as muitas reparacoes e trabalhos de conservacao, a que se tem procedido nesta igreja em diversas épocas, devem destacar-se os realizados no ano de 1792, mandados fazer pela respectiva fabrica, e os que ali se executaram há cerca de noventa anos, quando se achava á frente do governo deste distrito o benemerito e nunca esquecido conselheiro José Silvestre Ribeiro. Nessa ocasiao, além de butros necessarios repairos, impunha-se acudir sem demora á iminente derrocada que em alguns ponto5 ameacava o famoso tecto de cedro indigena, sendo para ali que convergiram as especiais e cuidadas aten@es dos que dirigiram esses trabalhos de urgentes reparacoes, que áquele ilustre Governador Civil ficaram devendo a sua pronta realizzcao. No penultimo decénio do século XIX tambem se fizeram apreciaveis obras de restauracao e conservacao neste templo, sendo o conego da mesma Sé Feliciano Joao Teixeira, entao deputado pela Madeira, que obteve do governo central a necessaria dotacao para se proceder a esse indispensavel melhoramento. Eram para n6s inteiramente desconhecidos os nomes de quaisquer artistas, arquitectos, mestres de obras ou operarios que tivessem com o seu apurado engenho ou porfiado Iabor concorrido para as obras do majestoso edificio..Num valioso manuscrito de Henrique Henriques de Noronha, do ano de 1722, conservado na Biblioteca Municipal do Funchal, colhemos a informacao de que .o architecto de toda a obra foi Julianes*, o que. a ser verdadeiro, constituia urna noticia muito interessante. Essa ioformaca~foi recetite e posteriormente confirmada, em boa parte, com o aparecimento duma pedra se-

pulcral, encontrada nos escombros da capela de Nossa Senhora da Conceic20, situada no lugar da Serra de Agua da freguesia do Arco da Calheta e ha pouco recolhida no Museu Regional desta cidade, onde se leem os seguintes dizeres: sepultura de 011 y Enes pedreiro mestre da Sk.. E' uma lajea tumular bastante antiga, que teria sido posta sobre o coval de Gil Enes pouco tempo depois do seu enterramento. Henrique Henriques de Noronha chama-lhe .o architecto de tcda a obra. e o epitáfio confere-lhe apenas a qualidade de upedreiro-mestre~, podendo telvez as duas express6es, com rela~aoaos principios do seculo XVI, ter um significado análrgo ou tnuita aproximado, segundo se pcde depreender de outros casos semelhantes que se conhecem. Nao alcrincánBc quaicquer outros pormenores ácerca do currlcu!um vitae de Gil Enes e consultando a notável obra de Sou a Virerbo Diccionario Hlstorico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construrlores Portugueses, que se ocupa de alguns centenares de individuos, nada encontrámos que nos podesse esclarecer. Ao que disse Henrique Henriques de Noroilha e qiie fica acima trmnscrito, dá-nos ele ainda esta curiosa informacao: . . nesta (na Sé) se ve numa coluna por baixo do pulpito urna cabeca, que é tradicao ser a sua efigie.. Aind-i hoje, na coluna de pedra lavrada em que assenta 0 pulpito, destaca-se, em bem saliente relevo, essa efigie, que ignoramos se será ou nao a vera efigie do arquitecto ou pedreiro-mestre Gil Enes. Na obra do Visconde de Condeixa sobre o Convento da Bztalha faz-se mencao dum artista imaginario de nome Gil Enes, conlemporineo do pedreiro mestre sepultado na freguesia do Arco da Calheta. Pode surgir uma duvida: o epitafio diz 011 y Enes e Noronha escrcve Julianes. Os dois nomes, t2o eufonicamente semelhantes, dizem .respeito a utn s6 individuo? Estamos pela afirmativa. Tiveram as obras da Sé, por parte do monarca, um vedor ou surperintendente, que dirigia os diversos servicos de administra@~,providenciando ácerca da aquisicaio de materiais, pagamento de salarios, fiscalisacao dos trabalhos e outras quest6es de caracter economico e administrativo. Ha noticia de que foi Pedro Frazao o primeiro que exerceu esse cargo. Sobre o assunto, informa-nos o já citado Henrique Henriques de Noronha que D. Manuel escreveu ao Senado da Camara do Funchal, comunicando-lhe que para o desempenho daquele

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cargo nomeara Joao Gomes, pessoa da sua casa e antigo pagem do livro do infante D. Henrique. O Eltccidarlo Madelrense, da nossa co-autoria, informa aque ele se tornou conhecid0 com o nome de Joao Gomes o Trovador, pois que cultivou com dístincao a poesia, encontrando-se treze composic6es poéticas suas no Canclonelro Oeral de Garcia de Rezende. Casou no Funchal com D. Guiomar Ferreira, filha de Goncalo Aires Ferreira, o conhecido companheiro de Jo2o Goncalves Zargo. Teve terras de sesmaria nas margens da ribeira que tomou e ainda hoje conserva o seu nome.. Parece que a morte nao o deixou largo tempo no ezercicio daquele cargo, tendo sido nele substituido por seu filho Barbaro Gomes, de quem se diz algures aque correa c m toda a obra, assistindo aos pagamento~dela e assim o vemos com a bolsa esculpida nas costas da primeira cadeira do coro que pertencia 6 dignidade do deao~.Morreu por 1544. Segundo se deduz duma informacao encontrada no tomo 1.' do antigo Arquivo da Camara do Funchal, era Gil Fernandes escrivao das obras da Sé em 1508, mandando o rei pagarlhe nesse ano o .aposento diario. pelos serviqos que nelas tinha prestado. No ano de 1515 foi passada carta a Braz Correia pare servir o mesmo cargo das obras da Sé, do Hospital e da Alfandega.

A Sé Catedral Passamos a dar uma rápida notícia dos objectos artísticos e dignos de maior apreq3, pertencentes a Catedral do Funchal, comecando por fazer m e n c 2 ~duma das grandes ma ravilhas da ourivesaria portuguesa do século XVI, que é urna cruz processional ofcrecida pelo tei D. Manuel á primeira Sé episcopal, que se fundou nos domínios das novas terras descobertas A-pesar-de extensa, nao podemos subtrair-nos ao desejo de transcrever neste lugar a descricao que dessa cruz se encontra na Historia de Portugal, de Pinheiro Chagas, preferindo-a á do respectivo Catálogo da exposicao, em que ela figurara, por a julgarmos mais completa. ~ F o iesta urna das maravilhas da Exposicao de Arte Ornamental, em Lisboa, em 1882. E' de prata dourada, cercada toda de um filigranado ou rendilhado, do mais elegante trabaIho. Os bracos da cruz, terminados cada urn por um retábulo fechado por tres semicirculos no superior e por quatro nos outros tres, apresentam em relevo Jesus Cristo no horto, o beijo de Judas, a flagelacao e o Ecce Horno. No alto, fechando inferiormente o retábulo superior, está a fita da inscricao. A figura de Cristo, em alto relevo, está encostada a um ornato elegante de folhas de carvalho, que termina lateral e inferiormente junto ás maos e aos pés, e superiormente vai até á inscricao, formando aí como que dois vo1uteados.-Na face posterior, está a imagem de Cristo em pé, sustentando na mao um globo sobrepujado pela cruz. Quatro retábulos, nos extre-

mos da cruz, em correspondencia aos da face anterior, existem na posterior, representando os quatro evangelistas. No remate inferior, antes do nó, acham-se as armas riais de Portugal, lavradas e sustentadas por dois anjos. Todo o moldurado da haste é orlado interiormente por um cordao, que tambem cérca superio e inferiormente as armas, e ela assenta sobre uma base hexagonal, tambem ornada na aresta exterior de um cordao.-Inferior a tudo há o pé da cruz, que serve para encaixar em haste de rnadeira. Entre este e a base ergue-se o belissimo nó. Do pé surgem urnas ramadas de carvalho, que parecem sustentar o nó. Este levanta-nteem fórma de templa gótico, em tres andares, profusame se ornamentado, cercado de corucheus, arco-botantes ou botareus, todos armados de estatuetas cobertas por baldaquinos do mais exquisito e gracioso 1avor.-Ao centro de cada face e de cada andar do n6 há uma especie de porta ou janela, toda floreada, e cada uma diminuindo de altura, da inferior para a superior. Todo este corpo ou nó é rematado superiormente, de ambas as faces, posterior e anterior, pelas armas riais de Portugal, sustentadas por dois anjos, como as outras de que já falámos; nas duas faces que ladeiam as armas, resaltam em alto relevo, as esferas armilares, conhecendo-se que faltam as da face posterior. ##Esteportentoso artefacto acha-se um tanto danificado, por mutilacoes provenientes do tempo.-A cruz é evidentemente do principio do século XVI e deve ter sido dada por D. Manuel, como bem demonstram as armas e esferas, quando em 1514, fez criar o bispado do Funcha1.-O esculturado das figuras e uma certa suavidade nas fórmas da cruz, fazem-nos crer que se o artefacto nao veiu de fóra e foi lavrado no país, devem ter trabalhado nele artistas extrangeiros da vasta pleiade dos que se achavam estabelecidos aqui, atraidos das suas riquezas, e que até tinham muitas questoes com os nacionais.. Acerca desta preciosa joia de ourivesaria do século XVI, encontramos ainda as seguintes palavras, no vol. 111 da .Historia de Portugaln, de Fortunato de Almeida, que tambem queremos deixar aqui arquivadas :-.Das cruzes da época manuelina ou de desorganisacao de estilo gótico, mencionaremos em primeiro lugar uma famosa cruz processional, pertencente 6 Sé do Funchal e que data da primeira década do século XVI. Nela há mutilacaes deploraveis, mas que nilo obstam á reconstitui-

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do conjunto. Os elementos góticos Iá aparecem, mas sem desempenharem papel fundamental, construtivo, antes e unicamente adoptados como elementos decorativos. . E' de inteira justica recordar que o imediato retorno da primorosa cruz á igreja a que sempre pertenceu, depois de haver figurado na Exposicao de Arte Ornamental de Lisboa, deve-se .especialmente ao conego Feliciano Joao Teixeira, que, sendo entao capitular da Sé do Funchal e deputado por esta ilha, empregou as mais activas diligencias para que ela voltasse sem demora ao lugar da sua procedencia, depois de a haver mandado convenientemente restaurar. Essa rara preciosidade artística escapou ao terrível saque que os huguenotes franceses deram á cidade do Funchal no ano de 1566, em que durante dezaseis dias fizeram na populauma horrível carnificina e carregaram onze embarcacaes de ricos e variados despojos. As mais custosas alfaias de uso do culto tinham sido enterradas entre duas sepulturas recentemente abertas, afastando assim do espírito dos assaltantes a ideia dali se encontrar um precioso tesouro, em que estava #escondido e metido todo o ouro e prata do servico daquela Sé, calices, cruzes, lampadarios, custódias, pomas, galhetas, turíbulos, caldeirinhas, navetas, macas e finalmente tudo o que de prata havia-se.. . o , segundo a notícia que nos é fornecida pelo autor das Saudades da Terra. E ali se encontraria, certamente, a rica cruz processional oferecida por D. Manuel, pois é de presumir que ela tivesse sido remetida para o Funchal durante a vida do monarca, que faleceu quasi meio século antes do assalto dos corsários franceses. No Catalogo da Exposl~úode Arte Ornamental, realisada em Lisboa no ano de 1882, além da descric20 da famosa cruz, figuram os seguintes objectos, pertencentes á Sé do Funchal, que estiveram expostos naquele certame artístico : aPíxide de prata dourada. Ornamentacao de arabescos e algumas aves. A tampa é encimada pcr urna cruz. Altura OIm39. Século XVII; aGrande frontal de prata rebatido, Altura 1 metro e comprimento 2,m15.; 11Campainha de bronze com pé e capa de prata de lavores relevados flores e folhagens. Século XVI.. Temos encontrado algumas referencias a uma custódia ou ostensório de prata dourada, da mesma época e talvez do fabrico dos mesmos artifices da cruz que ficou acima descrita, que certamente seria outra preciosidade artistica, porventura

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tambem proveniente da generosa liberalidade do Rei Venturoso. Cremos que esse objecto, em virtude dos estragos que o tempo e o uso Ihe causaram, foi ha muito refundido e transformado em outros objectos ornamentais, igualmente destinados ao servico do culto, e entre estes se deve contar a bela e artística *custodia,l, que ainda actualmente serve nas principais solenidades. Tambem nos queremos referir á grande e rica aurna) de prata, que encima o rico camarim e que guarda o Santissimo Sacramento. durante a celebracao dos actos litúrgicos da quinta e sexta-feira santas. S2o dignas de especial rnenc%oalgumas das alfaias destinadas ao uso privativo da capela do Santissimo Sacramento, entre as quais se destacam o seu sacrário e respectiva maquineta, duas grandes talhas, algumas lanternas e varas do pálío, tudo de prata cinzelada com belos e artísticos lavores, além de primorosos jarrdes da India e de alguns ricos paramentos. Entre muitos objectos de valor intrinseco e de aprimorada factura, contava o tesouro da Sé um avultado número de tocheiras 9 casticais, grandes lampadários, turíbulos e navetas, um rico gomil chamado dos Bastioes, do nome dos fabricantes, um frontal do altar da capela de Sao José, calices, galhetas, bandejas e outras alfaias de servico cultual, tudo de prata, e algumas delas do mais apurado bom gosto. Sabe-se que D. Manuel ofereceu ainda para a nossa Sé tres valiosas pegas, dignas deserem aqui mencionadas: o putpito, a pia baptismal e a baca dum paco ou cisterna, todas de cmarmore brecha da Arrabida, trabalhadas em monolitos de grande valorw, segundo afirma uma autorfdade no assunto. As duas primeiras existem ainda, em excelente estado de conservacao, e a terceira desapareceu ao ser soterrada a cisterna de que fazia parte. A seu respato lemos num antigo manuscrito, que era de cinco bracas de agua e que ficava sita na nave lateral do lado da epistola, o que nos parece uma afirmacao algo estranha, acrescentando-se ali, que tendo estado inutilisada durante muitos anos foi, em 1722, restituida ao seu primitivo USO.

Merece referencia especial o grande orgao da Sé, durante muitos anos inutilisado, que se encontrava no caro principai e foi mandado construir pelo bispo diocesano D. Jeronimo Fer ., nando, que esteve á testa desta diocese no periodo decorrido de/ 1624a 1641. Para a época, foi tido como uma peca de muito valor,

tendo sido delineado e tracado o seu desenho pelo padre Antonio Gongalves e fabricado por um artifice natural de Cordova, ,por nome Joao Manuel. Foi ha poucos anos iiiteiramente remodelado, aproveitando-se o orgtio mais pequeno, que servia nos actos do culto e que se achava no antigo coro anexo á capela-mór. Outra obra, digna de todo o apreco, 6 o formoso e elegante trono, vulgarmente chamado camarim, que todos os anos de levanta por ocasiao das solenidades da Semana Santa, ocupando toda a superficie da ampla capela do Senhor Bom Jesus e elevando-se a urna grande altura, o que, no seu conjunto, oferece um aspecto de supreendente beleza e notavel aparato. E' formado por inumeras pecas abertas em excelente talha de madeira dourada, que no tempo da sua construcao, principios do seculo XIX, era considerado o mais grandioso de todas as igrejas portuguesas.

A primeira paróquia criada na Madeira, e a que verdadeiramente se pode dar esse nome, foi a de Santa Maria Maior ou de Nossa Senhora do Calhau, que teve seu principio, como freguesia autónoma, pelos anos de 1440. Aproximadamente setenta anos mais tarde e no ano de 1508, fez-se a transferencia da séde dessa paroquia para a Igrrja Grande, como entao se chamava ao novo templo, que em breve seria elevado á categoria de Sé Catedral. Foi benzido nesse ano, a-pesar-das obras de construcao se encontrarem ainda bastante atrazadas e sómente se procedeu á sua solene sagracao no ano de 1516. A tal respeito, deixou-nos o dr. Gaspar Frutuoso, nas Saudades da Terra, a seguinte notícia, que julgamos corresponder inteiramente á verdade: UNOano de 1516, por o primeiro bispo do Funchal ser ~cupado no servico de el-rei como desembargador do Paco e impedido em negocios de el-rei, mandou á cidade do Funchal um bispo, que se chamava D. Duarte, o qual, por ele nao poder vir, crismou c deu ordens e regulamento na Sé e executou outros ministerios competentes a seu oficio e cargo, e consagrou a Sé da cidade do Funchal em dia de Sao Lucas, 18 de Outubro, com muita solenidade e benzeu um dos sinos que puzeram na torre da mesma, e fez muitas outras cousas necessarias.. O erudito comentador das Sarcdades, que sempic oferece maior seguranca nas suas informacoes do que aquelas que nos

dá o autor da referida obra, equivocou-se evidentemente neste ponto, como já em outro lugar tivemos ocasiZo de notar, escrevendo as seguintes linhas : #O ilustre anotador da obra de Frutuoso dá a igreja por concluida em 1508 e diz que foi nesse ano sagrada pelo bispo D, Joao Lobo, emquanto que o historiador das ilhas assinala o dia 18 de Outubro de 1516 como o da sagracao e afirma que foi sagrante o bispo D, Duarte. Neste ponto, estamos com o autor e nao com o comentador das Saudades. Em várias antigas crónicas, temos encontrado a notícia de que a nossa Sé foi sagrada no ano de 1516, sendo talvez o dr. Rodrigues de Azevedo o unico que assevera que o foi no ano de 1508. Além disso, em todos os escritos de caracter eclesiástico que pudémos consultar se afirma que a sagracao foi feita pelo bispo D. Duarte e náo resta dúvida que este prelado veiu a esta ilha por mandado do primeiro bispo D. Diogo Pinheiro, nomeado no ano de 1514, por ocasiao da criacao da Diocese.. Nao pode duvidar-se que a sagracao da Sé Catedral se realisou a 19 de Outubro, dia em que a Igreja Católica celebra a festa do evangelista Sao Lucas, data esta que entre nós se conservou sempre na tradicao e que ainda hoje é confirmada pela solenidade que anualmente se faz nesse dia no templo da Sé em comemoracao daquele facto. Desde séculos que o respectivo calendário diocesano impoe a todo o clero deste bispado a celebracao da missa da Dedicacao da Santa Igreja Catedral Funchalense no dia 19 de Outubro, e tambem estabelece para o memo dia a recitacao das Horas Canonicas de harmonia com o rito prescrito para a celebracao do Santo Sacrificio da Missa. Julgamos que a discrepancia apontada resulta dum simples equívoco. A igreja da Sé foi benzida em 1508, quando para ela se fez a transferencia da séde da freguesia de Santa Maria Maior, tendo nesse ano vindo á Madeira o bispo D. Joao Lobo, que aqui se demorou aproximadamente um ano. Pode, porventura, ter acontecido que este prelado procedesse á benda Sé, sendo, porém, o bispo D. Duarte que presidiu á sua sagrscao solene, que S ~ Oactos litúrgicos bastante diferentes, havendo nesta diocese poucas igrejas sagradas e sendo o maior número delas simplesmente benzidas. E a proposiio diremos que a igreja da Sé Catedral (l516), as paroquiais do Estreito de Camara de Lobos (1814), de Nossa Senhora do Monte

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(1818) e de Sao Martinho (1918), as capelas da Lombada dos Esmeraldos na Ponta do Sol (1508) e a do Faial no Caminho do Palheiro (segunda metade do stculo XVI) sao as Únicas desta diocese de que temos conhecimento de haver recebido a sagracao solene, que só pode ser ministrada por um prelado, conforme o exigem os preceitos da liturgia católica. Admitindo-se, pois, aquela provavel hipotese, poderemos conciliar as opinioes do autor das Saudades da Terra e do seu anotador, estabelecendo, no entretanto, como ponto incontroverso, que a sagractio solene da Sé Catedral do Funchal se realisou no dia 18 de Outubro de 1516, sendo sagrante o bispo D. Duarte. A propria Bula Pro excellenll Proeminentla, de 12 de Junho de 1514, que criara a Diocese do Funchal, fixou desde lago o primitivo quadro do cabido da nova Sé, que ficou constituido com as quatro dignidades de deao, arcediago, chantre e tesoureiro-mór e mais doze capitulares. Ao tempo, funcionava na igreja, entao erecta em Sé Catedral, urna colegiada composta de um vigaris e quinze beneficiados, que, ern virtude das disposic6es do mesmo decreto pontificio, foram elevados, o respectivo paroco Fr. Nuno Ctio á dignidade de deao, os tres beneficiados mais antigos ás tres outras dignidades já referidas e os restantes providos em doze conezias. Com o decorrer dos tempos, expediram-se várias cartas regias criando novos lugares ou melhorando os já existentes, conforme as circunstancias de ocasiao aconselhavam ou o servico do culto ia progressivamente exigindo. Nas anotacaes as Saudades da Terra e em varios antigos manuscritos, temos deparado com a mencao de muitos dcsses diplomas emanados d poder rial, mas alguns deles nao se harmonisam entre si e silo discordantes nas respectivas datas, e porisso vamos limitar-nos a mencionar apenas os principais alvarás e cartas rtgias citados no ~IndiceGeral do Reg'sto da Antiga Provedoria da Real Fazenda desde o ano de 141b até o de 1775 da extincao ds mesma Provedoria~, que é um índice ou resumo, de caracter oficial, dos documentos expedidos pelo governo da metrópole ácerca do preenchimento dos diversos cargos civis, eclesiásticos e militares, que iam sendo criados ou providos neste arquipélago. Nos primeiros tempos, o servico religioso, que em comum

se realizava no coro corn a recitacao das Horas Canonicas e corn as outras funcoes do culto, era sbmente desempenhado pelos cónegos, como aliás aconteceu antigamente em muitas sés catedrais, tendo sido pelo alvará régio a 5 de Maio de 1539, que se criaram os primeiros quatro lugares de capelaes ou beneficiados, a que sucessivamente se acrescentaram mais dois capelaes, por alvará de 10 de novembro de 1557, outros dois, por alvará de 9 de fevereiro de 1558, e ainda mais outros dois, por alvará de 18 de junho de 1578. O cabido foi aumentado corn duas meias conezias ou conegos de meia prebenda, oor alvará régio de 5 de Maio de 1536, e de novo acrescentado corn outros dois meios canonicatos, por alvará de 5 de setembro de 1577, ficando entio constituido corn dezasseis capitulares de prebenda inteira e mais quatro de meia prebenda além dos doze beneficiados ou capelaes do coro. Poy 1590, foi de novo criada a dignidade de mestre-escola e ainda em 1607, por alvará de 9 de agosto, a de cónego doutoral ou teologal, sendo esta provida numa das conezias já existentes. Ficou entao o cabido da Sé do Funchal aparatosamente composto de vinte e um capitulares, dos quais seis investidos em dignidades, organisacao esta que perdurou quasi até á idade contemporanea. Nos anos de 1538, 1564, 1566, 1577 e 1612 foram respectivamente criados os lugares de sacristao-mór, sub-chantle! mestre de capela, altareiro e mestre de cerimonias, sendo quasi todos estes cargos cumulativamente exercidos corn os de capelaes-cantores. Pelas várias referencias que temos encontrado ácerca do pessoal da Sé Catedral, sabemos que ele se manteve inalteravelmente, como deixamos indicado, atC o fim da primeira metade do século XIX, desconhecendo as alteracoes que porventura tenha sofrido posteriormente áquela época. N%ofazemos aqui mencao dos inúmeros diplomas oficiais, indicados no citado Indlce.. da Provedorla e referentes ao aumento das respectivas cóngruas e ainda a outras particulari dades de administracao eclesiastica, porque isso nos levaria muito longe e por nao oferecer grande interese ao assunto deste nos?o pequeno estudo. O Cabido da Sé do Funchal, por ocasiao da elevacao desta diocese á categoria de arcebispado em 1533, foi dotado com algumas regalias e privilegios inerentes ás Sés metropolitas,

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que foram suprimidas com a extincao da arquidiocese no ano de 1551. Apenas se conserva Q uso, como recordacao histórica do facto, dumas magas de prata, em certas solenidades, e tambem duma cruz de dois bracos, que sao insígnias privitivas dos arcebispados. Num escrito de meados do seculo XVIII, encontramos, a tal respeito, esta informac20:-~~Depois de ficar esta ígreja reduzida a bispado, ficou contudo conservando muitas cousas até o dia de hoje, que pertenciam unicamente á Igreja Metropolita. Em todas as procissoes do Cabido, leva este cruz de dois bracos; nos dias classicos va0 á estante seis capelaes com macas; e sendo dignidade que oficie vao dois meios c6negos e quatro capelaes, tanto nas procissoes e estacoes como As Laudes e Vesperas caiitadas~. No ano de 1818, foi o Cabido do Funchal agraciado com o privilegio do tratamento de Senhorie, que nao somente poderia ser por ele usado como corpo capitular, mas ainda individualmente por cada um dos seus membros. Havendo-nos agora ocupado do pessoal eclesiástico da Sé do Funchal, julgarnos ser esta a ocasiao oportuna de apresentar uma breve resenha dos membros mais distintos do respectivo Cabido, de que pudémos alcancar noticia e que temos por muito incompleta. @ primeiro deao e o mais antigo membro do corpo capitular foi Nuno Cao, freire qualificado da Ordem de Cristo, que no dizer de Gaspar Frutuoso #era mestre em teologia e mui bom letrado*, tendo deixado do seu nome as mais honrosas tradicoes. Era na Madeira o representante daquela Ordem e superintendia em todos os negocios eclesiásticos, havendo sido escolhido para o importante cargo de deao, por ocasiao de ser criada a diocese. As antigas crónicas madeirenses e particularmente as Saudades da Terra referem-se com o mais alto louvor ao presente que o faustoso Simao Goncalves da Camara, terceiro capitao-donatario do Funchal, enviou ao Papa Le20 X, que consistiu, além adum cavalo persio.. e de muitos mimos e brincos da ilha, de conservas.. . e o Sacro Palacio todo feito de assucar e os Cardiais todos de alfenim, dourados a partes.. e feitos da estatura de hum homem.. .D. Era assessor e secretario da embalxada, que conduzia a oferta ao Pontífice, o conego da Sé Vicente Martins, homem de vasta cultura e distinto humanista, que em Roma, na presenca do grande Papa e da corte ponti,

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ficia, proferiu uma alocu~aona lingua latina, apresentando os membros da embahada e os valiosos objectos ofertados por Simao Goncalves da Camara, que tinha na capital do orbe católico seu filho, o bispo D. Manuel de Noronha, como secretario particular de Leao X. Jeronimo Dias Leite, segundo o testemunho de Frutuoso, foi pessoa de grande cultura e muito dado a investigacoes historicas, tendo sido ele que principalmente forneceu ao historiador das ilhas os indispensaveis materiais para a elaboracao das Saudades da Terra na parte respeitante ao arquipélago da Madeira, encontrando-se em diversos passos dessa obra varias e elogiosas referencias aos meritos daquele capitular da nossa Sé. O Cónego Manuel Afonso Rocha, que foi um distinto membro do Cabido, fundou em 1638 um mosteiro ou recolhimento na rua que ainda hoje conserva o nome de Mosteiro Novo, que por imperiosos motivos nao teve o destino para que f6ra criado, sendo nele instalado o Seminario Diocesano nos ultimo quartel do seculo XVII. O Conego Henrique Calasa de Viveiros, natural da ilha do Porto Santo, fizera voto de levantar um mosteiro, em honra e louvor da Virgem da Incarnacao a quem era muito devotado, quando o seu país se libertasse inteiramente do jugo castelhano e retomasse a sua antiga independencia. Cumpriu religiosamente o seu voto, fazendo erguer, no ano de 1589, o modesto convento com sua igreja adjunta, no sitio em que actualmente se encontra o Seminario Diocesano Dom Manuel Agostinho Barreto. O Conego Manuel Ribeiro Neto, que era formado em direito canónico e desempenhou nesta diocese os lugares de vigario geral e governador do bispado, foi um apreciado escritor e publicou algumas obras, que veem mencionadas na Biblioteca Lusitana de Barbosa Machado. Era natural do Funchal e faleceu a 3 de Janeiro de 1681. Simao Goncalves Cidrao, arcediago e deao da nossa SC e eclesiastico que gosava do maior prestigio nesta ilha, foi o fundador do Recolhimento do Bom Jesus da Ribeira pelos anos de 1665 e ali jaz sepultado, estando aquela instituicao prestando ainda actualmente um bom servico de asistencia a muitas das pessoas ali recolhidas. O Conego Antonio Veloso de Lira (1616-1691), que 6 conerado um dos mais distintos madeirenses do seu tempo,

notabilisou-se como escritor e exerceu diversos cargos eclesíásticos (Vid. Elucld. Mad. 11. 68). O Conego Pedro Correia B~rbosa grangeou muita riomeada como orador sagrado e publicou alguns dos seus sermoes, chsmando-lhe Diogo Barbosa Machado urn insigne pré8 gador. Foi vigario geral e governador do bispado e fundou a capela de Stío Francisco, conhecida pelo nome de Silo Francisco das Furnas, no Caminho de Santo Antonio, que passou ao morgadio Jervis de Atouguia Manuel da Cunha Pinheiro, irmilo do prelado diocesano D. José de Sausa Castelo Branco, %quedepois de sert~ir na Inquisicao de Evora foi deputado, promotor e inquisidor na de Lisboa, donde subiu a deputado do Conselho Gerall,. Joao Francisco Lopes Rocha (1747-1818), formado em canones, deao e governador da diocese, foi um ilustre madeirense da sua época (Vid Elucld. Mad. 11-75) Antonio Joaquim Goncalves de Andrade (1795-1868) deao, bacharel em canones e secretario de D. Amelia Imperatriz do Brasil, possuia urna vasta iluptracilo e cultiva a distintamente as letras, havendo sido um dos melhores colaboradores daquela magnanima soberana na fundacao do Hospicio da Princesa D. Maria Amelia (El. Mad. 1-59) Antonio Lopes de Figueiredo (1836-1898), formado em teologia, professor de ciencias edesiasticas, distinto orador sagrado, tendo pubíicado alguns dos seus discursos. Morreu arcipreste da S6 de Braga. Dom Aires de Ornelas de Vasconcelos (1837-1880), doutor em teologia, deáo, bispo do Funcha: e arcebispa de üoa, foi um dos mais ilustres filhos da Madeira, que pelas suas eminentes virtudes, brilhante talento e larga cultura melhor soube honrar o país em que nasceu (Vid. Obras de D. Aires de Ornclas de Vasconcelos e Elucld. Mod. 11-249) O Conego Custadio de Morais e Brito, bacharel formado em teologia e direito, distinto prsfessor e orador, possuia uma larguissima cultura geral e teológica, tendo exercido no Funchal varias comiss6es de servico público e eclesiastico. Morreu na cidade do Porto. Alfredo Cesar de Oliveira (1840-1908) distinguiu-se notavelmente como orador, jornalista, politico e parlamentar (El. Mad 11-234) Feliciano Joao Teixelra (1843-1906) desempenhou diversa

comissoes de servico público, exerceu o professorado e represento~a Madeira em cortes, tendo morrido conego da Sé Arquiespiscopal de Evora, bem como o antecedente. Manuel Esteves Fazenda (1845-1903) foi distinto professor, orador, politico e jornalista. Joao Joaquim Pinto, (1851-1919) bacharel em teologia, deao, professor e autor de diversas publicacoes. Era a igreja do extinto convento de Sao Francisco o ver. dadeiro panteao da maior parte das antigas e distintas familias madeirenses, que tinham ali os seus carneiros c sepulturas, cobertos com pedras de belos mármores, ostentando muitas delas os seus epitáfios brazonados. Em quaci todas as igrejas paroquiais, nas igrejas de Santa Clara, de Sao Joao Evangelista, de Nossa Senhora do Carmo e ainda em bastantes capelas particulares, existiam tambem muitos jazigos privativos de varias familias desta ilha. Sao ainda dignos duma visita os interessantes túmulos que ladeiam as paredes da capela-mór da igreja do Carmo e o de Joao Goncalves Zargo na igreja do antigo convento de Santa Clara. Como aconteceu com a maioria das sepulturas espalhadas nas diversas igrejas e capelas, as pedras tumulares da Sé Catedral ficaram, na sua quasi totalidade, escondidas sob os pavimentos de madeira, quando os enterramentos deixaram de realisar-se dentro do recinto dos templos, tornando-se deste modo muito dificil descobrirem-se agora os jazigos das pessoas mais distintas que ali tiveram as suas ultimas moradas. Sabemos que as sepulturas de alguns prelados desta diocese, depostas na capela-mór, foram cobertas com lapides em que se liam inscricoes tumulares, que hoje se acham inteiramente ocultas sob o madeiramento que as cobre. Vamos dar os nomes de diversos individuos de elevada cotacao social ou mental no meio madeirense, a comecar pelos prelados diocesanos, que neste templo tiveram as suas derque nao fazemos radeiras jazidas, a-pesar-de co~~jecturarmos mencao da maior parte dessas pessoas, por nos escassearem os elementos indispensaveis para isso. O, Bispo D. Luis Figueiredo de Lemos (1586-1608). Faleceu no Funchal a 26 de Novembro de 1608 e foi sepultado na capela de Sao Luis, por ele erigda junto do antigo Paco Episcopa1 e que ainda se conserva de pé, tendo os restos mortais

desse prelado sido trasladados para a Sé Catedral no ano de 1893 e inumados no chao da igreja, a dentro do guarda-vento, e cobertos com a mesma lousa sepulcral, existente iiaquela antiga capela, e onde se le o seguinte epitáfio: Aqul jaz Dom Lulz Flguelredo de Lemos, Blspo que jol do Funchal. Faleceu a XXVI de Novembro de MDCVIII. Bispo D. Fr. Gabriel de Almeida (1671-1674). Morreu a 13 de julho de 1674 e algures se diz que udebaixo do presbiterio (na capela-mór) está um carneiro onde jaz sepultado.. Bispo D. Fr. Antonio Teles da Silva (1675-1682). #Tende pedido por humildade sepultura por debaixo da pia da agua benta na sua Sé, Iha deu o cabido dela no pavimento da capela-mor, junto do primeiro degrau que sobe para o altar; na campa se lhe pos este epitáfio: Aqul jaz o Ilustrlsslmo Senhor D. Fr. Antonio Teles da Sllva, fllho de Jodo ffomes da Sllva, Regedor que fol da Rela~dodo Porto e de Lisboa. Faleceu a 14 de Feverelro de 1682n. Bispo D. Jogo do Nascimento (1741-1753). Morreu a 5 de Novembro de 1753, tendo sido inumado no coro dacapela-mór. Bispo D. Gaspar Afonso da Costa Brancíao (1757-1784). Faleceu a 14 de Janeiro de 1784 e foi sepultado na capela-mór. Bispo D. Luis Rodrigues de Vilares (1797-1810). Morreu a 10 de Outubro de 1810 e teve sepultura junto do altar-mór. O Arcebispo D. Aires de Ornelas de Vasconcelos. Foi bispo do Funchal de 1871 a 1874 e depois arcebispo de Gba, tendo morrido em Lisboa a 28 de Novembro de 1880 e sendo os seus restos mortais trasladados para esta ilha no ano de 1903 e sepultados no jazigo de familia da capela de Santo Antonio da S6 Catedral, lendo-se na pedra tumular esta inscricao: Aqul jaz D. Aires de Ornelas de Vasconcelos. Nasceu no Funchal a 18 de Setembro de 1837. Blspo de Oerasa uln partlbus lnfidellum~,. Coadjutor e futuro sucessor do Funclzal. Blspo do Futzchal. Arceblspo de Ooa e Prlrnaz do Oriente a 19 de Novembro de 1874. Morreu em Lisboa a 28 de Novembro de 1880. Alvaro de Ornelas, que foi um ilustre fidalgo e fundador da capela de Santo Antonio da S¿ Catedral, faleceu a 11 de Janeiro de 1526 e foi sepultado, como o anterior, no jazigo da sua familia existente na referida capela. Corregedor Francisco Rodrigues, distinto rnembro da ant'ga magistratura, que no desempenho do seu cargo nesta ilha donde era natural, prestou assinalados servicos e ainda em mu

tos outros ramos da administracao publica. Faleceu em 1577. Conego Antonio Veloso de Lira (1619.1691), distinto escritor, que morreu a 4 de Janeiro de 1691 e foi enterrado na capela-m ór (E. Mad. 11-68). CJovernador e capitao-general decte arquipélago (1701-1704), Joao da Costa de Athaide e Azevedo, faleceu a 8 de Marco de 1704. C o ~ e g oPedro Correia Barbosa, grande orador sagrado e fundador da capela de Sao Francisco das Furnas, que morreu a 3 de Fevereiro de 1709, tendo sepultura na capela-mór. Deao Aiitonio Correia Henriques Betencourt, capelao da Casa Real e Comissario do Santo Oficio, falecido a 25 de agosto de 1725. Francisco Vieira, mais conhecido pelo nome de Vlclra Portuense, ilustre pintor portugues, a quem uma morte prematura nao deixou revelar toda a pujanca do seu grande talento, faleceu no Funchal a 2 de Maio de 1805, tendo sido sepultado na Sé Catedral, em local que hoje nao se pode determinar. Corregedor e distinto magistrado Dr. Joao Antonio da Silva Bacelar Alvares das Asturias, que inorreu a 21 de Abril de 1810. Governador e capitao-general Luis Beltrao de Gouveia e Almeida (1813-1814) morreu a 1 de Julho de 1814 e teve sepultura na capela do Santissimo Sacraniento. Deao dr. Joao Francisco Lopes Rocha (1747-1819), um dos mais distintos madeirenses da sua época, falecido a 8 de, Maio de 1819 (E. Mad. 11-75), Dr. Luis Antonio Jardim, distinto poeta e advogado, que faleceu a 14 de Fevereiro de 1825. Deve aqui referir-se que junto da porta lateral, que olha ao norte, encontra-se uma sepultura, que tem despertado a atencao de muitos visitantes e que mereceu do distinto arqueólogo dr. Pedro Vitorino uma referencia cspecial no seu recente e bem elaborado opuscolo intitulado Lamlnas Sepulcrals de Bronze. Tem-se afirmado, embora erradamente, que ali se acham sepultados o fidalgo flamengo Joao Esmeralda e sua mulher (Vid. o opusculo Lombada dos Esmeraldas), estando a respectiva lagea sepulcral coberta com duas placas de bronze, que a tornam singularmente original e interesante. Diz o dr. Pedro Vitorino: .As placas tumulares de bronze existentes em bem raras-seis apenas. Além daquelas a que me Portugal S ~ O

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referi, encontram-se mais duas, separadas, na igreja dos Loios, em Evora e outras duas, conjuntas, na Sé do Funchal.. Pode dizer-se ignorada, visto nao lhe ter sido feita qualquer referencia publica. As figuras orcam por Om,90 de altura. Uma esta mutilada. Assentam sobre lousa, possivelmente pedra azul da Belgica, de que há varios exemplares com incrustacdes de metal 1á fóra, visto um dos centros produtores de tais obras ser a Flandres. A reduzidissima serie de láminas sepulcrais de bronze do nosso paí? oferece-nos exernplares dos dois tipos corihecidos: uma pedra onde a figura se fixa recortada numa lámiua metálica (Funchal) que é o mais frequente no estrangeiro, e uma folha inteira de metal, na realidade formada de varias pecas ligadas, menos numerosas mas que compreende os especimens mais belos e mais ricos (Evora, Leca do Bailio, Penafiel). No folheto, que fica citado, reproduz-se pela gravura a fotografia da seuultura existente na nossa SE: Catedral, já hoje muito danificada, que pela sua grande originalidade e raridade deve ser cuidadosamente conservada. JA ern 1844 o dr. J. M. Neale se referiu a esta sepultura numa comunicacao feita a uma sociedade cientifica de Cambridge. Do outro lado da igreja e junto da porta que olha ao sul, encontra-se urna sepultura semelhante áquela, que tambem foi revestida com uma cobertura de metal, de que actualníente s6 restam alguns vestigios.

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Merece particular referencia a importante coleccao de do. cumentos, exístentes no arquivo da Sé do Funchal, que ha alguns anos foram encorporados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo e que ali se encontram sem urna metódica catalogacoa, que facilite a sua consulta aos estudiosos. Deve-se especi. almente ao grande prelado D. Luis Figueiredo de Lemos, que, por decreto episcopal de 22 de Agosto de 1586, ordenou a criacao de um cartorio, estabelecendo .que se fizessem tomos onde, para conservacilo se lancassem os treslados e memorias antigasn, e nomeando o conego Gaspar Nunes para assumir a direccilo dele. O Ilustre anotador das Saudades da Terra classificou de rica essa colec~ao,e num desenvolvido estudo acerca do Arquivo da Torre do Tombo, le-se .que ha catalogar.. ., destacando-se por sua importancia o cartorio da colegiada de Guimaraes e o da S6 do Funchal.. .u, Do arquivo da Sé do Fun-

chal foram transferidos para a Torre do Tombo cerca de sessenta volumes encadernados, além de algumas dezenas de macos de documentos avulsos, existindo de uns e de outros um catálogo incompleto e muito deficiente, que nao torna facil o estudo e a consulta desses documentos 4s pessoas que nao possam dispor de largo tempo para esse fastidioso trabalho. Nao queremos esquecer a interessante galeria de retratos dos prelados, que teem ocupado o sólio episcopal funchalense no longo periodo de quatro séculos. Sao umas dezenas de telas a oleo, algumas delas já bastante antigas, que talvez nao primem pelo esmerado da factura, mas que constituem urna valiosa documentacao para a historia religiosa da diocesse. Acham-se todas em bom estado de conservacilo e convenientemente dispostas numa ampla sala da casa capitular. Pode chamar-se completa essa galeria, pois que embora ali se nao encontre ainda o retrato do bispo D. José Xavier Cerveira e Sousa (1844-1848), pela grande dificuldade que tem havido em obter-se uma cópia do respectivo retrato original, vai em breve suprir-se essa deficiencia com a colocacao desse retrato, copiado duma primorosa téla que existe na vila de Mogofores, no proprio solar, em que aquele prelado nasceu em 1797 e nele veiu a morrer no ano de 1862.

Primeiro Biepo D. Diodo Pinheiro Embora se pretenda afirmar que a insfituicao desta Diocese se dave em boa parte atribuir á circunstancia do rei 1). Manuel querer elevar á hierarquia episcopal o doutor Diogo Pinheiro, como galardao de certos servicos prestados, nao pode todavia duvidar-se de que a promessa solene daquela criacao havia já sido feita quarenta anos antes, e que ela varias vezes se repetira, sempre que os habitantes do arquipélago insistiam pela visita temporária ou vindu definitiva dum prelado. Importa tambem lembrar que haviam entao decorridos poucos anios e logo foram criados os bispados dos Acores, Cabo Verde, S. Tomé e Goal sabendo-se que todos esses dominios ultramarinos estavam num grande plano de inferioridade com relacio á Madeira, no que respeitava ao seu movirnento colonizador. A criacaoda Diocese do Funchal era urna grande necessidade que se impunha e geralmente reconhecida por todos, tendo-se até comecado a construcao do templo, que deveria servir-lhe de séde, cerca de vinte anos antes daquela instituicao. Deve igualmente recordar-se que tendo a Ordem de Cristo a direccao privilegiada de todos os negócios religiosos nas novas terras descobertas, independenternente de qualqucr outra autoridade canónica, afora a da Santa Sé, era natural e até certo ponto legitimo que no mais qualificado membro eclesiástico daquele poderoso organismo recaisse a nomeacao para o primeiro bispado, que se criasse dentro dos limites daquela jurisd i c a ~ espiritual. Além disso, era o doutor Diogo Pinhei-

ro considerado como um dos indivíduos mais categorizados do seu tempo, pelos seus raros méritos pessoais e pelos elevados cargos que desempenhava, sem mesmo contar com o pree tigio e com a privanca de que gozava junto do monarca, segundo abaixo mais largamente veremos. Para apresentar aqui uns ligeiros tracos biográficos de D. Diogo Pinheiro, lamentamos que nao tivesse sido concluido um desenvolvido estudo que o distinto escritor José Azevedo de Menezes, autor do interessante livro Nlnharlas, preparava para dar á estampa ácerca desse prelado e que uma cruel e pertinaz enfermidade obrigou a interromper inteiramente. Os códices e documentos, que nos foi possível consultar, nao fornecem informac6es muito apreciáveis acerca da sua accao episcopa1 neste arquipélago, o que geralmente acontece com respeito aos prelados diocesanos dos séculos XVI e XVII e de modo especial com aqueles que nao assumiram pessoalmente a dlreccao do seu rebanho pastoral, Um incendio que se deu na Camara Eclesiástica na primeira metade do seculo XVIII e a incorporacao do copioso arquivo da Sé Catedral no Arquivo Nacional da Torre do Tombo dificultam e até impedem a narracao circunstanciada dos principais acontecimentos ocorridos nesses bispados e que muito interessariam á sua historia. Das Bulas Pro Excellentl Proemlnentla, Oratiae Dlvlnae Prcmlum e Hodle Eccleslae Funchalensls, a que j4 nos referimos no capitulo Vl desta obra e que constituem os diplomas basilares da instituicilo do Bispado do Funchal, C especialmente a segunda que faz a apresentacao do primeiro prelado desta diacese na pessoa do doutor Diogo Pinheiro, que era entao o vigario de Tomar ou seja o mais graduado membro eclesiástico da Ordem de Cristo, como jB, acirna ficou dito. Foi entao extinta a Vigararia de Tomar, transitando para o titular da nova diocese a larga jurisdicao que ao tempo gozava aquela Ordem e que se estendia até os confins do extremo orielite. Nao deve, pois, causar estranheza que D. Diogo Pinheiro se intitulasse u . . . Vigario Geral por autoridade da Santa Madre de Roma no espiritual e temporal de toda a Ordem e Cavalaria de Christo.. . Bispo da Ilha da Madeira, dos Acores e de Cabo Verde, da Etiopia e das Indias, imediate ii dita Santa Madre Igreja de Romai D. Diogo Pinheiro, em doze anos de episcopado, nunca vsitsu as tsrras da sua diocese, por ter que exercer a alto car-

D. Drooo PINHEIRO

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go de desembargador do Paco e .estar ocupado em outros servi~osde el-reiv, conforme se refere em varios lugares. Um dos actos mais importantes da sua administrac%oepiscopa1 foi, por certo, o de ter enviado á Madeira um prelado, que desempenhasse as diversas funcoes do seu ministério e providenciasse satisfatoriamente ácerca de todos os negócios de caracter eclesiástico. Havia j& oito anos que o bispo D. Joao Lobo estivera em missao religiosa nesta ilha, sendo por isso altamente apreciável a presenca dum prelado, que foi cabalmente preenchida com a vinda de D. Duarte, bispo titular de Dume, no ano de 1516. Além de ministrar o sacramento da confirmacao a um considerável número de pessoas e de conferir a ordenaciio a alguns sacerdotes, percorreu uma grande parte da diocese e procedeu á sagracao solene da S6 Catedral no dia 18 de outubro de 1516, de que, no capitulo VIII, démos já dcsenvolvida notícia. Adoptou certas medidas com respeito á disciplina eclesiástica e a outros servicos religiosos e deixou um regimento interno do Cabido da Sé, de que havla urgente necessidade. Depois da permanencia aproximada dum ano nesta ilha, regressou D. Duarte ao continente, ficando a gavernar a diocese um provisor e um vigario geral, nomeados para esse fim pelo bispo proprietário D. Diogo Pinheiro. Promoveu este prelado a vinda ao arquipélago da Madeira do licenceado Francisco Cardoso Tenreiro, como visitador eclesiiístico e dos casos de justica, tendo o monarca recomendado ao Senado Funchalense que lhe fosse dada aposentadoria e recebido com as honras inerentes inatureza do cargo que vinha desempenhar . Conseguiu D. Diogo que fossem melhoradas as cót~gruas dos membros do cabido da Sé do Funchal e de outros serventuários eclesiásticos, sendo tambem por suas diligencias que se cancederam certas facilidades e auxilios para o prosseguimento e conclusao das obras daquele templo. A morte do rei venturoso D. Manuel, ocorrida no ano de 1521, foi de modo particular muito sentida na Madeira, em virtude das grandes provas de acrisolado interesse que aquéle monarca sempre manifestou pelo engrandecimento e prosperidades deste arquipélago, devendo-se especialmente A sua memória um grato reconhecirnento pela criacao da diocese, edificacao do templo da S6 Catedral e ainde outros ~ervicosde caracter religioso, de que já atrás fizemos rápida mencao.

A epidemia da peste, que por vezes salteou o continente portugu6s, tambcm fez seu aparecimento nesta ilha, causando bastantes vitimas e levando a muitas frenuesias todo o seu corteja de horrores. Manifestou-se ela maii intensamente no ano de 1523 e toda a ~ouulacaorecorreu fervorosamente aos auxíseu padroeiro o apóstolo Silo Tiago lios do céu, elegendb Menor e fazendo em seu louvor um voto solene, que os vindouros souberam cumprir e observar inteiramente. E' este um dos factos mais importantes deste episcopado, que, pelas circunstancias particulares que o revestem, merece uma notícia pormenorizada e por isso Ihe dedicaremos um dos subsequentes capítulos desta obra. Pelos fins do primeiro quartel do século XVI e no decurso deste episcopado, deu-se um facto que no tempo teve uma certa retumbancia e de que várias antigas crónicas falam com alevantado encarecimento. Era entao capitao-donatario do Funchal o faustoso Simao Goncalves da Camara, chamado o Magnífico, pai do bispo D. Manuel de Noronha, que em Roma gozava da privanca do grande papa Leao X e de quem fora camareiro secreto. Querendo talvez tornar universalmente conhecido o seu nome, resoiveu Simao Goncalves presentear o pontífice eom uma aparatosa oferta, que tomou as proporcoes duma ernbaixada. A :comitiva era presidida pelo fidalgo Joao de Leiria e tinha como secretário o cónego da Sé do Funchal Vicente Martins, distinto humanista, que na presenca do papa e da corte psntíficia proferiu uma erudita alocucao na litigua latina, fazendo a apresentacao da embalxada e dos valiosos objectos ofertados pelo capitao donátario. Gaspar Frutuoso (Saud., 189) diz-nos que calém dum cavalo pérsica de rnuito preco.. . de muitos mimos e brincos da ilha.. . ia o Sacro Palacio todo feito de acucar e os Cardeais todos feitos de alfenim, dourados a partes, o que ille dava muita graca, e feitos de estatura de 11um homem. E tudo foi em caixas, ernbrulhado em algodao, corn que foram mui seguros e sem quebrar até dentro a Roma: cousa que, por ser a primeira que desta sorte ali se vio, a estimou muito o Papa, e cada huma peca por si foi vista pelos Cardeais e Senhores Romanos, sendo presente o Papa, que lauvava muito o artifício por ser feito de acucar,.

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Pertencia o doutor Diogo Pinheiro a urna das mais distintas familias do norte de Portugal, tendo nascido na vila de

Barcelos pouco antes de 1460 e sendo filho do doutor Pcdro Esteves e de D. Isabel Pinheiro, ambos representantes de antigas e nobres casas vinculadas. Ternos deparado com as mais elcgiosas referencias ao dr. Diogo Pinheiro, como homem de extraordinário talento e de rarissima cultura, havendo por isso exercido elevados cargos na magistratura e sido desembargador do Paco, além de sutras altos servicos publicos de qre f6ra encarregado pelo monarca. Barbosa Machado, na sua Blbllotheca Lusitana, di-nos notícia, nas seguintes palgvras, dos principais lugares seculares e eclesiásticos que desempenhou: aFoi um dos mais célebres letrados do seu tempo, assim em urna e outra jurisprudencia, como na teologia escolástica e moral, cujas sciencias lhe adquiriram os honarificos lugares que possuiu, sendo prelado de Tomar, D. Prior da Colegiada de Guimaraes, comendatario do convento de S. Simao da Junqueira, administrador do mosteiro de Castro de Avelas, desembargador do Paco e ultimamente Bispo do Funchal.. Esteve ao servico da Ctisa de Brsganca na qxliditde de advogado ou consultor jurídico, como hoje se diria, e da qual foi tambem capelso-fldalgo, tendo tido a coragem, que no caso se pode chamar heroica, de ser defensor no julgamento do duque de Braganca D. Fernando. jiisticado em Evora no ano de 1483, como chefe duma conspiracao que pretendia atentar contra a vida de D. Joao 11. Tornou-se celebre e vem citado em muitas partes, a-pesar-de conservar-se inédito durante largos anos, um escrito intitulado qManifesto feito pelo dcutor Diogo Pinheiro, depois bispo do Funchal e Desembargador do Paco, em que mostra a inocencia do duque de Braganca D. Fernando 11, a falta de prova e a nulidade da sentencci por que foi condenado,, que deve conkr um transuntn ou os principais t6picos, acrescidos de novas provas, da defesa profrrida naquele cClebre julgarnento, que no tempo tilo profuridamenfe emocionou o país inteiro. F6mos agora ler esse extenso mas interesante documento. Nao pode deixar de recnnhecer-se, como já acentuámos, a coragem do doutor Diclgo Pinheiro a defrontar-se com as iras omnipotentes de D. J o m 11, e tambem a sua grande dedicacao pelo infeliz duque de Braganca, D. Fernando. Nao é de estranhar que esta altiva e nobre atitude do doutor Diogo Pinheiro Ihe grangeasse as boas gracas do rei D. Manuel, que nunca perdoou ao seu real cunhado o assassi-

nato do duque de Vizeu e a decapitacao do duque de Braganca. Tambem deu provas de muita coragem e duma grande isenciio de caracter, tomando ostensivamente a defesa dos judeus, quando j4 se promovia contra eles uma acentuada perseguicao, que chegou ao ponto de decretar-se a sua completa expulsao de todo o país. Alexandre Herculano, na sua embora suspeita obra ácerca do estabelecimento da inquisicao em Portuga1,diz o scguinte: aforam dos mais notváeis o bispo do Algarve D. Fernando Coutinho e D. Diogo Pinheiro, bispo d o Funchal, anciaos que haviam servido o seu país em cargos eminentes nos reinados de D. Joao 11 e D. Manuel, e que nos conseltios daqueles monarcas haviam sempre sustentado ácerca dos hebreus os verdadeiros prncípios de tolerancia evangblica, principios acordes com os da sa politicam. Algures se 18 que D. Diogo Pinheiro era homem de génfo muito violento e írascivel, que o levou 4 prática dos mais lamentaveis excessos, citando Anselmo de Brencamp Freire, no Arqulvo Hístorlco Porluguiz, alguns factos, que inkiramente o comprovam. Fortunato de Almeida, na sua tilo apreciada Hlstorla da Igreja Catollcta em Portugal, tornou-se eco dessa opiniao, nao contestando~a[veracidadedaquelas afirmativas. D. Dicgo Pinheiro morreu no mes de Junho de 1526,dispondo que a sua sepultura se fizesse na igreja de Santa Maria dos Olivais, na entiio vila de Tomar. E' interessante ler-se o que acerca do seu grandioso túmulo se encontra na notável obra A Archldcctura da Kenascenga em Portugal, de Alberto Haupt: a . . encerra ainda o mais primoroso monumento sepulcral da mais pura Renascenca primitiva em todo o país, suposto que de acentuado tipo frances.. Este túmulo 6 um monumento mag:iífico, nao apresentando avultadas dimens6es, disposto á feicao de nicho, emoldurado por colunas abalaustradas, ccroado por um frontao liso; e a dentro do arco encerrando um como que sarcófago. A data supra citada e as minudéncias decwativas patenteiam acharmo-nos em presenca de um dcs trabalhos dos franceses conimbricenses. O conjunto 6 um primar de composicao.. No aparatoso mausoleu, le-se o epitáfio Aqul joz Dom Glogo Plnhelro, prlmelro blspo do Funchal, com esta lcgenda latina Hétculea quondan daha fuere manu. A morte de D. Diogia Pitih:ir.u detcrmini~ua vacincia deste bispado, que, a-pesar-do seu preenchimento com a nomea-

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@o de D. Martinho para arcebispo do Funchal, continuou sem ter um prelado á testa dos seus negócios eclesiásticos até o ano de 1558, em que, pela primeira vez, isto é 44 anos depois da criacao da diocese, veiu um bispo proprietário assentar-se no sólio episcopal funchalense. Ao haver conhecimento da morte de D. Diogo D. Pinheiro, foi cometido ao corpo capitular da Sé o governo do bispado, mas nao soube este compenetrar-se da gravidade da sua missao e manter-se á altura dela, suscitando-se desde Iogo no seu seio as mais lamentiveis dissencoes, que chegaram ao extremo de alguns dos seus membros dirigircm ao monarca acusaqoes de uns contra os outroc, salientando-se pela sua atitude incorrecta e atrabiliária o arcediago Amador Afonso. Com o assentimento do Cabido, nomeou o rei o dr. Afonso Mexia, como provisor e vigário geral, vindo de Lisboa com os pcderes de governar a diocese nos diversos ramos da sua administracao. Pouco tempo se demorou no desempenho desse cargo e bem assim os seus sucessores Custodi~Dias e Antonio Machado, o que nos leva a conjecturar que a sua accao como governadores deste bispado seria entrecortada de tilo graves dificuldades, que os obrigassem ao abandono do lugar. A-pesar-da atitude do Cabido nao ser de molde a captar as boas gracas do monarca, é contudo certo que pelos alvarás régios de 30 de setembro de 1527 e 7 de novembro dc 1529 foram concedidas Aquela corporacao eclesiástica as merces do acrescentamento das suas cóngruas e da criacao de alguns novos lugares. Durante esta vacincia, o facto mais importante de que ha conhecimento é o do célebre caso dos Profetas do Porto Santo, de que daremos uma rápida notícia, socorrendo-nos especialmente da narrativa das Saudades da Terra. Foi urna lamentável ocorrbncia, que alarmou extraordinariamente os espíritos, obrigando as autoridades a adoptar medidas de enérgica repressao contra os desmandos que se estavam praticando. Pelos anos de 1532, na ilha do Porto Santo, aconteceu que um individuo, por nome Fernao Bravo e uma sobrinha deste chamada Filipa Nunes, pessoas rudes e sem cultura alguma, se arvoraram inesperadamente em profetas e advinhadores de csusas ocultas, tentando predizer os acontecimentos futuros e pondo a descoberto muitas faltas graves de várias pessoas, que eram de todo ignoradas, Promoveram os dois profetas reuniaes públicas, sob

pretexto do exercicio de alguns actos do culto, e numa delas chegou a ser morto um dos asistentes, por se mostrar pouco crédulo nas predicaes de Fernao Bravo. Foi tiio imperioso a poder de sugestao exercido~nosespíritos, que atc! o clero da paróquia se deixou avassalar pelas prédicas dos profetas, contribuindo desfe modo para que o mal se agravasse e logo tomasse proporcoes alarmantes. A ida %quelailha do corregedor de Machico pos termo imediato aos excessos que ali se cometiam impunemente, tendo a devassa a que entiio se procedeu evidenciado a desorientacao e a insensatez de toda aquela gente, que parece hnverem atingido as raias da loucura. Efectuaram-se várias pi-i4es e os profetas foram condenados a sair da arqui~éligor sofceram outros castigos, sendo tarnbem aplicadas vár~aspen.is aos moradores do Porto Santo, com o pagamento de certcis ímpostos, por terem dado ficil crédito 4s prégacoes dc:s improvisados profetas. Os membros do clero daquela ilha r ~ c ~ b e r a amimposicao canónica de severas penalidades eclesiásticas pela censurável atitude que tomaram em tao estranh:, caso, nao reprimindo, como lhes cumgria, os excessss e abusos que se estavam praticando 4 sombra da própria religiao.

Arcebispedo Nos anais religiosos do nosso arquipélago, figura como

um dos factos mais assinalados a elevacao desta diocese á proeminente categoria de Sé Metropolitana. Com essa prornocao, dentro da jerarquia eclesiástica, conquistou novos títulos de honras e privilkgios, mas nao alargou a sua vastissima área, pois que ela estendia já a sua jurisdicao a todas as novas terras descobertas e conquistadas, que iam da América e da Africa até ás remotas ilhas do Japao. Sendo certamente a diccese de maior extensa0 territorial, passou tambem a constituir o arcebispado de mais dilatada superfície que tem existido. A nova provincia eclesiástica, que foi a primeira que se criou fóra do continente europeu, ficou tendo quatro bispados sufragineos, com todas as prerogativas inerentes áquela tao elevada categoria. A sua ereccao nao obedeceu, porém, á satisfacfo duma necessidade imediata e urgente, a-pesar-dos motivos mais ou menos especiosos, que no tempo foram largamente aduzidos. Se nao existem razaes ponderosas para acreditar que a criacao do bispado do Funchal houvesse apenas representado um favor pessoal do re¡ D. Manuel, para galardoar aiguns servicos que Ihe foram prestados, como deixámos acentuado no capítulo anterior, o mesmo nao poderá afirmar-se com respeito á instituicao desta arquidiocese, em que parece ter predominado o desejo de elevar o bisoo D. Martinho de Portugsl, amigo, parente e embaixador de D. Joao 111, á alta dignidade de arcebispo, impondo-se para isso a criacao dum novo lugar de

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DIOCESEDO FUNCHAL

metropolita, o que nao poderia facilmente realisar-se no continente portugues, sem o enérgico protesto das circunscri~6es eclesiásticas existentes. Por muitos motivo ,que longo seria expor aqui, e entre as quais avultam o quasi imediato desmembramento do arcebispado e a sua curta duracao, somos levados supor que as ambic6es de D. Martinho e os valiosos servicos prestados na sua embaixada em Roma teriam sobretudo determinado aquela dispensável e atC certo ponto inútil criacao. Em 1532, ao ser D. Martinho de Portugal nomeado em. baixador junto da Santa Sé, recebeu de D. Joao 111 umas largas Instru~des ácerca dos importantes negócios de que teria de ocupar-se em Roma e da maneira como deveria proceder com os mais qualificados membros da corte pontifícia. E' um documento demasiadamente extenso, que se ocupa de variados assuntos e onde se encontram algumas páginas destinadas a demonstrar a urgencia da instituicao das dioceses de Angra, Cabo Verde, S. Tomé e Goal que ficariam sendo bispados sufraganeos do arcebispado do Funchal, cuja criacao instantemente se pedia no mesmo documento, apontando-se desde logo o nome de D. Martinho de Portugal como sendo o do primeiro titular, que deveria ocupar esse eminente cargo eclesiástico. Era ele o portador dessas curiosas Instrugbes e seria tambem o proprio promotor da sua elevacao á dignidade de metropolita. Desse interesante documento ressalta evidentemente o empenho de satisfazer os desejos do ambicioso prelado, nao se apresentando argumentos ponderosos de caracter religioso, que possam justificar a conveniencia ou necessidade do insistente pedido. Ter-se-ia, trlvez, D. Joao 111 arrependido da grande proteccao dispensada a D. Martinho, pois nao falta quem afirme que este prelado nao soube corresponder á confianca, que nele depositara o p iedoso monarca. Nas aturadas investigacoes a que temos procedido, nao lográmos ainda descobrir o diploma pontifício que criou o arcebispado do Funchal, mas, a-pesar-dessa falta sensivel, existe a inteira certeza ácerca da época exacta da sua instituicao. E assim temos que a pag. 416 e 417 do tomo 11 do Corpo Dlplomatlco Portuguez, se encontra exarada, na integra, a transcricao da cédula conistorial, datada de 31 de Janeiro de 1533 e assinada pelo pursurado A Cardlnalls Sanctorum Quator, em que se participa ao governo portugues a elevacao desta diocese 4

jerarquia de arcebispado, podendo afirmar-se que a dato referida, 6 a da respectiva instituicifo, pois que a comunicacao do facto, segundo se verifica por inúrneros casos semelhantes, era smpre dos mesmos dia, mes e ano do que os da criacao do proprio cargo. Em corroboracao desta afirmativa, ternos a insercao, a pag. 424 do tomo acima citado, da cédula consistorial de 10 de Fevereiro de 1533, que participa ao monarca a nomeaciio de D. Martinho de Portugal para exercer o logar de primeiro arcebispo do Funchal. Da primeira dessas duas cédulas extratamos as seguintes palavras, que tém uma mais intima relaflo com o assunto: m . tunc per obitum mrmoriae Didaci episcopi funchalensis, extra romanam curiam defuncti, pastoris solatium destitutrm. de simili consilio et a~ostolicewotestatis plenitudine in met;opolitanam cum archieprocopale dignitate, iurisdictione et su~erioritate'accrucis delatione etaliis metrouoíicitis insignis, dicta auctoritate erexit et instituit ac ilIi civitates et dioceses predictas pro provincia, et ipsarum sancti jacobi et sancti T h ~ m eac de O la, necnon sancti Michaélis ecclesiarum.. .m Estava, pois, criada a primeira iirquidiocese nos nossos dominios ultramarinos, a que em 1534 foram dados os bispados sufraganeos de Angra, Cab3 Verde, S. Tomé e Goa, iris\tuidos nesse mesmo ano. Se é certo que aquela criacilo nao representava a satisfaca0 duma medida de maior alcance, nao pode todavia duvidar-se que a ereccifo das novas dioceses foi contribuir consideravelmente para o alargamento e consolidac6es dos ideais religiosos nessas regioes, que entao se encontravam em periodo activo de colonisacilo.

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Nao obstante o que fica exposto, em muitos lugares se afirma que a criacao de arcebispndo do Funchal data do ano de 1539, por isso que a Bula Romanl Pontlflcls Clrcurnspectlo, de 8 de Julho désse ano, se ocupa da ereccao e confirmacao do mesmo arcebispado, proporcionando assim motivo iquela e r r a d ~afirmativa e até conferindo-lhe fóros duma verdad2 inc mtestável. Dzsiparece, no entretanto, qualqurr dúvida, f i z :iiq-se u n exams, e m b ~ r a bupcrficííl, ao texto da citaii BlIa, onds se encontrarn várias referencias á anteriw criacI3 da aryuidiocrie e até com a por. m:n~risaca3 d- muitas circunstancias alusivas a esse facto. E' um documento muito extenso, que vem inserto no Corpo Di.

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plomatlco Portuguee (IV-82 e SS,) e na Historia Oenealoglca.. (Provas 11-726 e SS.) e que foi publicado, numatraducao portuguesa, em rlguns números do antigo periodico Corrclo do Funchal do mes de Marco de 1898. A-pesar-da sua importincia e da intima afinidade que tem com o assunto de que agora nos ocup~mos, nao nos permite a sua demasiada extensa0 transcreve-la neste lugar, limitando-nos por isso ao extrato de alguns dos seus mais elucidativos trechos: .Como o nosso carissímo filho em Cristo Dom Joao, actual e ilustre rei de Portugal e dos Algarves, filho e sucessor de el-rei Dom Manuel, manifestasse o piedoso desejo de que na referida diocese do Funchal.. . . se propagassem os meios de salvac8o das almas e se fundassem algumas igrejas catolicas e entre elas uma metropolitana, a quem as outras por direito metropolitico ficassem sujeitas. . . ~ClepienteVII, tambem nosso predecessor.. . erigiu e instituiu par sua autoridade apostolica a igreja do Funchal, vaga por obito do seu bispo Diogo, em lgreja mctropolltana e prfmacla1 das Indias e de todas e cada uma das ilhas assinaladas por dioceses da mesma igreja funchalense.. deu-lhe por prelado um arcebiapo prirnaz das Indias e das mencionadas ilhas e terras e das igrejas, cidades e dioceses que nelas viessem a criar-se. . ~Desmernbroue separou para sempre da igreja ou da mesa arquiepiscopal funchalense todas e cada uma das terras e provincias de Africa e Asia, que ficam para o su1 do rio Senegal perto de Cabo Verde, inclusive as ilhas a elas adjacentes. . . e separando as supromencionadas terras, ilhas. . circunscreveu-as aos seguintes territorios que aliás jB lhe pertenciam:-i Madeira e Porto Santo, as ilhas Desertas e Selvagens, aquela parte continental de Africa que entesta com a diocese de Safi e bem assim todas as terras do Brasil, tanto as ja descobertas como as que vierem a descobrir-se.. . e assinou por diocese da mesma igreja funchalense as ilhas e os territorios zfricanos e brasileiros ocima mencion~dos. . cAlem disso para que entre a igreja metropolitana e as suas sufraganeas se desse a mesma propor~aoque se nota entre a cabeca e os membros quis que as dignidades, conegos, beneficiados e mais pessoas de S n Salvador de Angra, de Silo Teago de Cabo Verde, de Sao omé e de Santa Catarina de (aoa., fossem obrigadas, rlo tocante celebracao do culto

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divino, ministerios, precedencia. a conform. r-se em tudo e por tudo com a igreja metropolitana funchalense. , que a isso fossem compelidos pelo arcebispo do Funchal os prelados daquelas dioceses sob as penas d . interdito da entrada na igraja e de ex-comunhao lotae sententice.. . "Determinamos e ordenamos que os limites da diocese de Goa. . comecem no Cabo da B3a Esperancz, estendendo-se al6 á India e da India até á China,nde devem terminar.. aE que tais limites sejam e se entendam assim constituidas contanto que com isso nao fique prejudicada alguma outra diocese e que o direito do padroado e de apresentar ao arce, bispo e ao seu vigario , seja e se entenda reservado mas s6 a el-rei Dom Joao ou a seus sucessores mas ao mestre ou admi. nistrador da dita ordem militar.. . #E que os bispos de S20 Salvador, de S%oTiago, de Sao TomC e de Santa Catarina de Ooa. . . fiquem de direito sujeitos ao seu metropolita do mesmo modo que os outros bispos sufraganeos do reino de Portugal s%o aos seus respectivos metropolitanos. e A Bula Romanl Pontlflclts Clrcumspectlo, de que extratamos estes periodos, confirma em absoluto a criacao do arcebispado e visa particularmente á limitacao da sua extensissima área, parecendo ser o primeiro golpe vibrado para a sua proxima extincao. Aiargaram-se consideravelmente os lirnitc s da diocese de Goa, que ficou entao pertencendo á provincia eclesiástica de Lisboa, con tinuando 0s tres restantes bispados sufraganeos a fazer parte da arquidiccese do Funchsl. Depreende-se deste diploma pontificio que ele tambem tivera em vista fixar com rnaior rigor os preceitos de sujeicao das dioceses sufraganeas aos seus metropolitas, devido talvez ti suspeita de quaisquer abusos que porventura tivessem sido cometidos Nao obedecendo a instituicao do arcebispado a uma reconhecida necessidade, como já temos dito, logo sofreu um grande cerceamento na sua área após seis anos a sua criacao, e passado um periodo de tempo relativamente curto tratou-se da sua completa extin~ao. Tendo morrido D. Martinho de Portugal no ano de 1547, nao se tratou da sua substituicao como arcebispo do Funchal, e acha-se publicsda uma carta da nossa embaixada em Roma, de Julho de 1551, dirigida ao monarca, em que se fala das diligencias empregadas para a supressao do arcebispado, o que veiu a acontecer ainda no

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referido ano. E parece que já outras tentativas se tinham anteticrmente f ito nesse sentido. Os factos que ficam rpontadcs nao deixam dúvidas acerca dos verdadeiros rrotivos que determinaram a instituicao da arquidiocese funchalense, embora nas Instru~desacima citadas se pretenda engenhosamente justificar essa criac2o com uma larga série de argumentos, que nao poderao resistir ? mais i ligeira critica. Tinhamos j i perdida a esperanca, nao obstante as diligenaias empregadas, de alcancar noticia da Bula que extinguira o arcebispado, quando uma aturadi pesquiza realisada no livro do Tombo da Sé do Funchsl nos deparou o traslado desse importante dipioma, que é datado do ano de 1551, mas sem a indicacao do dia e mes en1 que foi expedido, devendo esta deficiencia atribuír-se a um 1ap;o do copista, qu: fizera a respectiva transcricao. E é curioso nqtlr qur o documento exarado no cartório da nossa Catedral é a cópia duma certidao da Bula, extraida do registo existente nos arquivos da Santa Sé e passada por um notário apostólico a 2 de setembro de 1698, isto 6 , quarenta e sete anas depois da promulgscao desse diploma. Pode presumir-se que, nao sendo conhecidoentrenós o texto dessa Bula, fosse p~didaem Roma uma certidao autentica dela, para ficar devidamente arquivada e registada na séde desti diocese. Com a costumida prolixidade, alegam-se vários motivos que justificam o pedido da extíncao do arcebispado, sobresaindo a sua vasta área, os conhecidos perigos e dificuldades das navegacoes, a enorme distancia a que uma grande parte das terris ficava da série da arquidiocese, a extraordinária demora na resolucao das apelacoes e uma maior facilidade de comunicac6cs com a cidade de Lisboa, a cujt provincia eclesiástica deveriam pertencer os bispados sufraganeos etc. Pelo confronto da certidao acima citada com a B ~ i a Super universas orbis eccleslas, que suprimiu o arcebispado, ve-se que essa extincfo se deu na segunda metade do ano de 1551. E m resumo temos que em 1514 foi criado o bkpado do Funchal, c2m o privilegio nulllus dlocesis e sbmente sujeito a Santa Sé Apostólica, havendo sido elevado, ainda com mais amplas regalies, á categoria de arcebispado no ano de 1533. Decorridos seis anos, em 1539, foi a arquidiocese cerceada na sua ampla superficie e despojada do bispado de G&a, e em 1551 inteiramente suprimida e reduzida a urna sim-

ples diocese sufraganea do arcebispado de Lisboa e compreendendo sómente as ilhas da Madeira, Porto Santo, Desertas, Selvagens e Arguim. E' caso para citar-se o conhecido proloquio latino: Slc translt gloria mundl. A nossa Sé Catedral, por ocasiao da elevac%oda diocese A categoria de arcebispado, foi dotada com algumas regalias e privilegios inerentes ás sés rnetropolitas, que foram suprimidas com a extincao da arquídiocese. Apenas se conservou o uso, em certas solenidades, como recordacao histórica daquele facto, dumas matas de prata conduzidas por capelaes revestidos de pluvial, e tambem duma cruz processionai de dois bracos, que sao insignias privativas das F ~ Sarquepi~copais. Num escrito de meados do séculr, XVIII, encontramos a tal respeito a seguinte informacao: aDepois drsta igreji reduzida a bispado, ficou contudo conservando muitas cousas atC o dia de hoje que pertenciam unicamente á igreja Metropolita. Em todas as procissaes do Cabido, leva este cruz de dois bracos; nos dias clissicos vao á estante seis capelaes ccm masas; e sendo dignidade que oficie vao dois meios cónegos e quatro capelaes, tanto nas procíss6es e estecoes com ás laudes e vesperas cantad a s ~ .A lima do tempo vai pulverisando os antigos costumes, e ao presente achem-se reduzidas a bijm pouco essas práticas tradicionais usadas nas ceremonias da nossa Sé Catedral. Como j i repetidas vezes ternos dito, possuia a Ordem de Cristo o direito de padroado nos dominios ultramarinos com o privilegio de nulllus dlocesls, que lhe fora concedido pela Bula lnter cociera, de 13 de Marco de 1455, residindo na vigararia de Tomar, réde da mesma Ordem,toda a jurisdicáo espiritual e religiosa exercida nesses domínios. Com a criacláo do bispado do Funchal no ano 1514 foi extinta a vigararia de Tomar, parsando para o prelado da nova diacese todos equeles privilegios de jurisdicao espiritual. Veiu, porém, a Bula Oregls Donrlnlci, de 25 de Agosto de 1536, que restituiu a s vigrrio de Tomar, a que nessa ocasiáo conferiu o titulo de Prior, aqueles antigos direitos de jurisdicao, ficando parcialmente dele privados o arcebispo do Funchal, a que pertenciam. E, finalmente, no ano 1550, todos os direitos de padroado transitaram pira o monarca, que assumiu esses privilegios como grao-mestre que era da Ordem de Cristo. A diocese e arquidiocese do Funchal gosaram-da mais ampla jurisdicao espiritual e religiosa, que

porventura tem existido, desde o ano de 1514 até 1536, com a desanexacao do bispado de GGa. As tres Bulas iniciadas pelas palavras Equum Reputamus, datadas de 3 de Novembro de 1534, criiram os bispados de Angra, Cabo Verde e S. Tomé, a Bula Reglmett Unlversalls Eccleslae, de 10 de Abril de 1537, instituiu a diocese de Goa e a Bula Etsl Sancta, de 4 de Fevereiro de 1558, elevou este ultimo bispado á categoria de arquidiocese, fazendo-se em todos esses diplomas pontificios largas referencias ao bispado e arcebispado do Funchal, em que se explicam as vicissitudes por que eles passaram dentro de tao poucos anos.

D. M a r t i n h o de

Portugal Primeiro e única arcebisPo Elevada a diocese do Funchal á categoria de arcebispado, teve como seu primeiro e único arcebispo a D. Martinho de Portugal, que foi o segundo prelado que esteve á frente da administra@~eclesiástica deste arquipélago. Como vimos no capítulo precedénte, data de 10 de Fevereiro de 1533 a sua nomeacao para esse alto cargo, que tem sido considerado como um favor pessoal de D. Joao 111, querelido galardoar valiosos servicos prestados e satisfazer as ambicoes do agraciado com urna tao elevada merce. D. Martinho de Portugal nas chegou a visitar a sua arquidiocese e talvez se possa afirmar que nunca pensou em tal, ao ter-se conhecimento dos graves negocios em que sempre andou envolvido como embaixador e das atursdas diligencias que empregou para alcancar o cardinalato e isto pouco tempo depois da sua nomeacao para o srcebispade. Afirma-se que tomou posse deste cargo no ano de 1538, isto 6, cinco anos decorridos após a sua apresentacao, o que nao contraria a queixa formulada pelo arcebispo numa carta dirigida a D. Joao 111 em 1535, lamentando a falta havida na remessa dz dinheiro, para as despezas com a expedicao da Bula da sua nomeacao como prelado desta arquidiocese. Como semelhantemente fizera o seu antecessor D. Diogo Pinheiro, intitulava-se assim: D. Martlnho de Portugal, por dlvlna comlsera~do, Arceblspo do Funchal, Prlrnaz das Indias e de todas as terras novas descobertas e por descubrir.. Nos

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quatarze anos de arquiepiscopado, a contar-se da data da sua nomeacao, sao escassas as noticias que chegaram até n6s ácerca da sua accao como prelado desta diocese, mas vamos, no entretanto, referir o pouco que a tal respeito pudemos alcancar. A exemplo do seu antecesor procedeu muito louvavelmente, mandando a este arquipClago um prelado visitador, afim de exercer todas as funcoes do ministério episcopal e providenciar ácerca da exacta observancia da disciplina eclesiástica. Eram já decorridos vinte e dois anos depois da vinda do ultimo bispo enviado por D. Diogo Pinheiro, quando no ano de 1538 chegou a esta ilha D. Ambrósio Brandao, prelado titular de Rociona, que foi recebido com os maiores testemunhos de consideracao e grande contentamento de todo o povo. O doutor Gaspar Frutuoso refere-se ao facto nos seguintes termos: u.. . crismou e deu ordens e fez todos os ofícios competentes eo cargo pontifical de arcebispo. E porque ainda nestc ano e principio dele ficava a peste na cidade do Funchal, o bispo D. Ambrosio saiu e desembarcou. , . em Machico, onde esteve até passar o mes de Maio.. . O bispo D. Ambrósio antes de um ano acabado, como nao teve mais qutlfazer, foi-se para o reino.. .n Acompanhando o bispo D. Ambrósio e por nomeacao de D. Martinho de Portugal, vieram os visitadores eclesiásticos Jordao Jorge e Alvaro Dias, que provocaram sérios atritos no exercício do seu cargo, em virtude do excessivo rigor de que usaram ou dos graves abusos que encontraram ou ainda por ambos os motivos, sendo curioso auvir-se o que a tal respeitó nos informam as Saudades da Terra, nesta pitoresca linguagem: a , . . executaram em toda a ilha seu oficio,nao com aquele mimo cm que o Bispado estava criado, antes com muito rigor e aspereza; porque os calos que os vicios tínham feíto nas almas dos delinquentes era necessario desfaze-los com a trementina e nao com oleo de brandura e piedade, pelo que estavam mal quistos~. Nao tinham sido ainda decretadas na Madeira as chamadas Constltulgdes Diocesanas, que sao as leis privativas de cada bispado, destinadas particularmente a regularisar a execucao das leis gerais da Igreja dentro dos limites das diversas circunscri@es eclesiásticas, sendo o arcebispo D. Martinho que as fez elaborar e promulgar para serem observadas nesta diocese c encarregando o prelado D. Ambrósio Brandao de dar-lhes in-

teiro cumprimento por intermédio dos mencionados visitadores. Neste arquiepiscopado foram criados no Cabido da Sé do Funchal os lugares de dois cónegos de mcia prebenda, de quatro capelaes au beneficiados e de sacristao-mor, sendo tambem melhoradas as cóngruas de vários empregados eclesiasticos. D. Martinho de Portugal enviou de Roma para a nossa Sé Catedral algumas preciosas reliquias e tambem diversos objectos de valor destinados aos wrvicos do culto. Neste arquiepiscopado e no ano de 1536, morreu o quarto capitao-donatario do Funchal Joao CIoncalves da Camara, que notavelmente se distinguiu nas nossas pracas do norte de Africa pelos seus actos de heroismo e pelos grandes socorros em gente, armas e dinheiro, que diversas vezes enviou desta ilha 4s mesmas pracas, para acudir ao perigo irninente de serem sitiadas ou tomadas pelos mouros. D. Martinho de Portugal, que pertencia á mais alta nobreza d? país e era irmao do primeiro conde de Vimioso, nasceu em Evora no terceiro quartel do seculo XV. Exerceu vários cargos eclesiásticos e era bispo de Vizeu no ano de 1525, quaiido partiu para Roma como embaixador de Portugal, tendo alguns anos mais tarde desempenhado novamente esse mesmo lugar. Tanto prestigio alcancou na capital do orbe católico e de tal modo se acreditou junto da corte pontifícia,que chegou a ser nomeado núncio do Papa em Portugal, o que dificilmente se concedia a prelados estrangeiros. A-pesar-disso e do extraordinario talento de que era dotado, nao soube manter-se nessa privilegiada situacao e veiu a descair do grande conceito em que era tido, tanto pelo pontífice romano como pelo proprlo monarca portugués. Havendo D. Martinho de Portugal sido um dos representantes de D. Joao 111, especialmente encarregados do estabelecimento da Inquisicao em Portugal, nao é de estranhar que Alexandre Herculano, na conhecida obra em que trata do assunto com a maior largueza, se refira a esse prelado nos termos mais violentos e exagerados, chegando a dizer que .era homem sem moral e sem crencas, para quem a religiao nao passava de um instrumento politico, e que até nao recuaria diante da ideia dum assassinio, quando este pudesse aproveitar-1he para quaisquer fins,. (1-216, ed. de 1854). Antonio Caetano de Sousa, na sua Historia Ocnealogtca. .. ( ~ - 8 3 3 )em , mani-

festa contraposic20 áquelas palavras, faz de D. Martinho este alto panegiriíx: .um dos maiores prelados de aquele tempo, digno de ser celebrado entre os mais insignes que refere a nossa história, porque foi dotado do engenho sublime.. . generosa piedade e inccmparavel isencao e desinteresse, magnífico no trato, prudente na política que usava como ministro, um prelado vigilante e religioso, de sorte que as virtudes que exercitava lhe adquiriram estimacao entre os principes e soberanos estrangeiros . Quem lEr desapaixonadamente os numerosos e insuspeitos documentos, que se encontram no C6rpo Dlplomdtlco Portuguiz, nao pode compartilhar da opiniao de Caetano de Sousa e antes se inclinará a aceitar sem esforco o autorisado juizo de Fortunato de Almeida exarado na sua Hfstdrla da Igreja em Portugal. Oucamos o seu depoimento: 11.. .em Roma nem sempre correu próspera a fortuna do arcebispo do Funchrl. Ambicionando a púrpura cardinalicia, procura lisongear Paulo 111, atraicoando a miss20 que el-rei lhe confiara na cúria. Chamado por tal motivo a Lisboa, a pretexto de informar o monarca do estado das negociacoes, nao s6 D. Martinho perdeu a esperanca do cardinalato como tambem incorreu no desagrado do pontífice. Pela sua parte procurava D. Joao 111 vingar-se do embaixador desleal. Tentara este na cúria um processo para provar a legitimidade do seu nascimento como meio de alcancar a confirmacao na dignidade de arcebispo (ou de cardiai ?). O processo enfermava de tgdas as falsidades, que D. Martinho, homem sem escrúpulos pode acumular a bewda sua pretensilo, pelo que o andamento da causa se protelou em incidentes e chicanas. Em 1536 era o proprio rei quem promovia dificuldades, usando da sua influencia e da accao dos seus agentes na curia, para comprometer as pretensoes de D. Martinho, provavelmente com o principal intuito de obstar que ele fosse nomeado cardial~. Por motivos ignorados, pediu D. Martinho de Portugal a renúncia da dignidade de arcebispo do Funchal e solicitou a nomeacao de bispo do Algarve, o que lhe foi concedido, nao chegando, porém, a assumir o desempenho deste cargo, porque Ihe sobreveiu a morte, ocorrida em Lisboa a 15 de novembro de 1547. Passados quatro anos, foi extinta a arquidiocese da Madeira, como já ficou referido no capítulo antecedente. Esteve vaga a $4 do Funchal desde o ano de 1547 ate o

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ano de 1552, em que tomou posse o novo prelado D. Fr. Gaspar do Casal. Foi entao cometida a gerencia eclesiastica da arquidiocese ao arcediago Amador Afonso, cujo governo durou dois anos, seguindo-se-lhe no mesmo cargo o tesoureiro-mór do cabido Pedro da Cunha e a este sucedeu o conego Lopo Barreiros, dos quais nao conhecemos quaisquer actos de administracao diocesana que merecam ser mencionados.

XII

3." Bispo D. Fr. Gaspar

do Casal Deste tcrceiro bispo do Funchal, nao se tornaria dificil esbocar aqui os mais salientes traeos da sua biografia, porque havendo sido uma proeminente figura eclesiástica do seu tempo no nosso país, em muitos lugares se encontram inúmeras e elogiosas referencias aos altos méritos e virtudes que tao notavelmcnte o distinguiram. O mesmo se nao pode dizer como prelado desta diocese. Nao chegando a vir á Madeira e tendo sido o seu episcopado de curta duraciío, nao ficaram assinalados, na passagem da sua direccao episcopal, quaisquer factos apreciaves, que merecam uma especial referencia. D. Fr. Gaspar do Casal foi nomeado bispo desta diocese, logo após a supressao do arcebispado, isto é na segunda metade do ano de 1551, e porventura na propria ocasiao em que se deu aquela extinciio. Estas circunstancias levaram alguns autores a considerá-lo como arcebispo do Funchrl e até algures se diz que na inscricao do seu túmulo se lia erradamente essa designacao . Tomou posse, por procuracao, no ano de 1552 e enviou como provisor e vigário geral o licenciado Antonio da Costa, que durante alguns anos teve o governo do bispado, deixando boas tradícoes da sua administracao diocesana. O doutor Gaspar Frutuoso, seu contemporArieo e talvez do seu conhecimento pessoal, pois que Antonio da Costa f6ra deao da Sé de Angra, di-nos Acerca dele esta elogiosa informacao: .serviu sempre de provisor ate a vinda do Bispo D.Jeronimo Barreto e faleceu

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na era de 1574, no qual tempo serviu sempre mui inteiramente o cargo de provisor, visitando por especial mandado dos prelados do seu tempo todo o bispado, e castigando e emendando os delinquentes com muita prudencia, porque era singular letrado cfoi mui temido c por essa razao austero de sua condiciíor Tendo passado na Madeira, vindo das ilhas Canárias, um bispo espanhol por nome D. Sancho, foi vivamente instado para demorar-se nlgum tempo nesta cidade, afim de exercer as func6es d o ministerio episcopal, visto haver mais duma dezen 1 de anos que este arquipélago nao tinha sido visitado por um prelado. Nao foi muito curta a sua permanencia na Madeira, desempenhando com muito zelo e grande aprazimento dos ha. bitantes todos os actos próprios do seu elevado cargo. Para isso percorreu urna parte consideravel da diocese e antes de deixar esta ilha presidiu á sagracao da antiga igreja do convento de Sao Francisco, que revestiu a maior solenidade. Pouca depois teve conhecimento de que o prelado desta diocese D. Fr. Gaspar do Casal f6ra transferido para o bispado de Leiria, e informa-nos uma antiga crónica que D. Sancho afoi ter a Lisboa com o propósito de pedir a el-rei o bispado do Funchal, alegando para isso o que nele tinha feito, mas sua alteza mandou-ihe satisfazer mui bem seu trabzlho, e houve escusa da siia peticao, visto como nao era natural e no reino haver muitos que o mereciam.. Após quatro anos de episcopado, foi D. Gaspar transferido para a diocese de Leiria no alto de 1556, sendo quasi imediatamente substituido no Funchal pelo prelado 1). Jorge de Lemos.

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O bispo D. Fr. Gaspar do Casal nascru ein 1510, na entao viia de Santarem, e tendo ingresado, ainda em verdes anos, na ~ r d e m dos Ermitas de Santo Agostinho, nela professou rio ano de 1526. Havendo-se doutorado na faculdade de teologia, a cujos aprofundados estudos apaixonadamente se dedicou, foi um dos mais distintos lentes da Uriiversidade de Coimbra, scndo entao considerado como urna grande autoridade nos diversos ramos daquela ciencia. A par da sua vasta cultura estavam as suas eminentes virtiides e nobres qualidades de caracter, serido por isso escolhido para desempeiihar algumas miasdes da maior responsabilidade, entre as qiiais avulta a de ser enviada

como teólogo do rei D. Jogo 111 ao Concílio de Trento e anessa veneravel assembleia, diz a Blblfotcca Lusftana, deu manifestos argumentos da sua profunda sabedoria e eloquencia de expressaos. Criada a celebre Mesa da Consciencia e Ordens, foi escolhido para seu primeiro presidente, tendo ainda exercido outros elevados cargos, em que notavelmcnte se distinguiu. Depois do seu breve episcopado do Funchal, esteve mais de vinte anos 4 testa da diocese de Leiria e em seguida ocupou a cadeira episcopal de Coimbra, nas quais se dedicou exclusivamente á pastoreacao do scu rebanho, deixando em ambas as mais honrosas tradi~oesdo seu zelo apostólico. da sua dedicacae e do seu desinteresse pelo bem espiritual e temporal dos seus diocesanos. Deixou diversas obras impresas, quasi todas sobre matérias teológicas e escritas na Iíngua latina, tendo algumas delas vairias edicoes, como mais largamente se poder4 ver na Blblfoteca Lusftatra de Barbosa Machado. Faleceu etn Coimbra a 9 de agosto de 1584 e ali foi sepultado no Colegio de Santo Agostinho, lendo-se o seguinte epitáfio na sua sepultura: ~ H i cjacet bonae memoriae Pater Pauperum D. Fr. Gaspar Casalius augustinianus sanctimonia et octo doctissimorum librorum editione conspicuus . Quidam ex primis hujus Academiae lectoribus primus Presidens Senatus Conscientiae, Joannis 111 Lusitaniae Regis Confessarius, consiliarius et concinator, Archiepescopus primo Fui~chalensis, déinde Episcopus Leyriensis (quo tempore b's interfuit Concílio Tridentino), tandem episcopus Conimbricensis et Comes Arganillensisn

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4.' Bispo D. Jorge de Lemos Os prelados D. Joao Lobo, D. Duarte e D. Ambrósio e ainda o bispo espanhol D. Sancho, que nos anos de 1508, 1516, 1538 e 1554, por mandado dos bispos proprietários ou por virtude do seu zelo apostólico, visitaram e percorreram urna parte considerável da daocese no exercicio do seu ministério episcopal, tiveram sernpre nesta ilha urna ligeira e rdpida permanencia, que apenas lhes permitiria obter um conhecimento muito superficial do estado das cousas religiosas, nao podendo providenciar com eficaz energia ácerca dos abusos que inevitavelmente se corneteram nas demoradas ausencias dos respcctivos chefes eclesiásticos, alCm desses visitadores tempnrarios nao se acharem investidos da forca e do prestigio, que sómente o direito da verdadeira autoridade costurna legitimamente conferir. Quarenta e quatro anos haviam decorrido após a criacao desta diocese, quando o seu quarto prelado D. Jorge de Lemos veiu, pela primeira vez, assumir pessoalmente a pastoreacao do seu rebanho, tendo sido recrbido com as maiores demonstra~aesde apreco e regosijo por parte dos habitantes e de todas as autoridades do arquipélago. Nao foi de larga duracao o seu episcopado de treze anos, que se estendeu do de 1556 a 1569, e destes apenas cinco com residencia dentro dos limites da diacese, F6ra confirmado bispo pelo Papa Paulo IV a O de Marco de 1556, e partiu para a Madeira a tomar posse do seu cargo

no ano de 1558. Nesta ausencia de riois anos, teve o governo da diocese o licenciado Antonio da Costa. Havia mais durn século que se iniciara a coinnisacáo deste arquipélago e a-pesar-das faculdades especiais de que gosava o delegado da vigararia de Tomar e d l existencia duma carnbinidade religiosa franciscana de austera observilricia, é certo que alguns abusos se tinham introduzido na disciplina eclesiástica e no cumprimento das diversas l e i ~canonicas. Tendo o prelddo que c~rrigiresses abusos e de reformar antigos e inveterados costumes, impossivel seria deixar de incorrer no desagrado dos delinquentes, surgindo desde logo atritos e dificulclades, que a sua prudencia e energia souberam conjurar convenientemente. No arquivo da Camara do Funchal acha-se registado urn alvará régio, dirigido a diversas entidades oficíais, ordenando que prestassem ao preladoatodo o favor e ajuda* de que ele carecesse no exercicio do seu cargo. Dizem-nos Gaspar Frutuo-o e D. Antonio Caetano de Sousa que D. Jorge de Lemos afoi mui isento de condicao e algum tanto áspero dela, por castigar seus subdítos com severidade, porém scmprc fez o que devia, dando o prémio a quem o merecia e castigando os obitinadosr. Como anteriormente deixámos dito, a freguesia de Santa Maria Maior transferiu a sua séde para a ~Igrcja Grande., a futura Sé Catedral, no an2 de 1508, sendo em 1558 restaurada aquela paroquia, ficando entao o Funchai cnm duas freguesias, que tinham por linha divisória a ribeira já entao conhecida pelo nome de Joao Ciomes. O servico paroquial da freguesia da Sé, a contar da criacao da diocese, passou si ser exercido pelo deao do Cabido até 1562, sendo, por alvará régio de 20 de Junho desse ano, criados dois curatos, a cujo exclusivo mistér se anexou o desempenho do mcsmo servico. Desmembrada da paroquia da Sé, criou-se ainda no ano de 1568 a freguesia de Sao Pedro, devendo-se aos bons oficios do prelado a adopcao de todas essas medidas, que foram de grande alcance para o regular exercício dos servicos religiosos na cidade do Funchal e suas mais proximas imediacoes. Ocupou-se desveladamente das diversas funcoes do culto na Sé Catedral, a que assistia com grande assiduidade, fazendo-se acompanhar, na sua vinda de Lisboa, dum músico distinto, que reformou o exercício do canto, caido na maior decadencia em toda a diocese, ao mesmo tempo que remodelava

muitas das disposicoes do regimento interno da mesma Sé. D. Jorge de Lemos, depnis de ter pastoreado pessoalmente a seu rebanho pelo espaco de cinco anos, com a maior zelo e arendrada dedicaqan, retirou-se para o continente no ano de 1563, continuando ali a interesar-se vivamente pelos assuntos religiosos do seu bispado e tendo por esse modo conseguido a solucao de muitos negocios de capital importancia para esta diocese, entre os quais se deve cantar o da cria~iiodo Seminario Diocesano, pela alvará régio de 20 de Setembro de 1566, e de que adiante nos ocuparemos com o indispensavel desenvolvimento. Na ausencia de D Jorge de Lemos, ocorreu o facto mais importante do seu episcopado e tambem um dos mais assinalados de todaa historia madeirense, que foi o do assalto que uns corsarios franceses, capitaneados pelo fidalgo Pedro de Montluc, deram á cidade do Funchal no día 3 de outubro de 1566, praticando actos da maiur ferocidade e selvageria, em que a terrivel carnificine excrcida nos habitantes e urna desenfreada pilhagem atingiram as tnais espantosas e horrorosas proparcoes. As Sondades da Terra, que constituem a principal fonte histarica deste acontecimento, dedicaram cerca de quarenta paginas á sua pormenorisa a descricilo, mas, apesar disso, nao nos fornecem urna i d ~ i aclara e precisa dessa tristissima ocorrencia, pois que as digressoes inuteis, as manifestas contradi. cdes que entre si guardam muitos episódios e circunstancias essenciaic, a falta de nexo e de sequencia lógica na exposicao dos factos, prejudicam n:~tavelmente o conjunto da narrativa, nao podendo chegar-se a conclus6es seguras e definitivas, sobretudo ácerca da extensa0 e violencia do assalto, da resistencia que Ihe foi oferecida, das causas que o provocaram e ainda das graves conseíluencias que dele derivaram. Embora alguns escritores franceses e ainda recentemente Edmr~ndFalgairolle tenhazm pretendido explicar esse canibaiesco atentado, alrihuindo-o a urna rgpresália dos piratas á maneira como ft~rarnrecebidos no Funchal, nada ha que possa justificar nena sequer atenuar a horrorosa chacina de rilguns centenares de pessoas a destruicilo exercida nas igrejas, conventos, casas de! residencia e outros edificios, e particularmente o saque desenfreado a que durante dczasseis dias se entregaram os assaltantes, abarrotando onze ernbnrcacoes com valio-

sas mercadorias e os objectos mais preciosos que puderam encontrar. Sómente uma inaudita ferocidade provocada pelos mais desmedidos desejos da pilhagem consegue suficientemente explicar essa terrivel hecatombe. O ilustre anotador das Saudades da Terra esforca-se por demonstrar, ao contrario do que afirmam todos os escritores portugueses que se ocupam deste assunto, que nao eram huguenotes mas católicos os ferozes assaltantes do dia 3 de outubro de 1566. Estamos convencidos que entre eles se encontrariam alguns católicos, ao menos de nome, mas inclinamonos a acreditar que a parte mais consideravel dos piratas seguia a religiao calvinista, sendo facto averiguado que entao, uns e outros, por vezes. se mancomunavam, para essas depredacoes e violencias. E' dificil supor qne, naquela época, uma turba amotinada de católicos, embora pouco fervorosos nas suas crencas, praticassem os actos de revoltante vandalismo que aqui se cometeram em quasi todas as igrejas da cidade. Quem quizer um conhecimento mais detalhado &ssa verdadeira invasao dos barbaros, pode Ier as paginas que o autor das Saudades da Terra e o seu curudito comentador consagram a esse assunto. O capitan-donatário do Funchal Joao Gnncalves da Camara, ao partir de Lisboa para socorrer esta ilha, por ocasiao do assalto daaueles corsários, trouxe na sua comitiva dois, religiosos da Companhia de Jesus, que, pelas suas eloquentes prédicas e raro zelo apostiilico, captaram a maior consideracáo e benevolencia por parte dos habitantes, tendo estes solicitado insistentemente do monarca a fundacao dum Colegio daquela ordem religiosa no Funchal, o que em breve veiu a realisar-se pelo alvara régio de 20 de agosto de 1569. Dele nos ocuparemos com maior largueza num das capítulos subsequentes. Como acima dissémos, D. Jorge de Lemos ausentou-se para Lisboa no ano de 1563 a tratar da sua saude e de negócios da diocese, tendo resolvido, depois de alguma demora na capital, renunciar a mitra, em virtude da sua avancada idade e particularmente pelo desgosto que sofrera com o assalto dos piratas franceses, nao se sentindo com animo de voltar a esta va a assumir o exercicio do seu ministério, que entao se achava envolvido nas mais graves e pesadas responsabilidades. Passou a desempenhar o cargo de esmoler do rei D. Sebastiao e em Novembro dc 1569 foi-lhe aceita pelo papa a renuncia

do bispado do Funchal, que muito insistentemcnle pedira. No fim deste episcopado, a 23 de Setembro de 1569, faleceu na cidade de Lamego, onde era bispo diocesmo, D. Manuel de Noronha, natural da Madeira e iilho do te) criro capitao donatário do Funchal Simao Gonc~lves da Lamara. Foi um dos mais distintos prelados do seu tcmpo, tendo vivido alguns anos em Roma e gozado ali da privanca do grande papa Leao X, junto de quem dcsempenhou alguns cargos da maior importancia. D Jorge de 1,emos morreu em Lisboa no ap 3 de 1573 e foi ali sepultado no convento da ordern a que t? Ttencia. Icrido-se no seu túmulo este breve epitáfio: ~ A q u i j.z D. Jorg? de Lemos Bispo que toi do Funchal e esmoler (i: el-rei, dz ordem de Sao Domingos,. Este prelado, que nascera em Lisboa de nobrc: e distinta familia, sendo filho de Francisco Velh 1 e de 11. Rrites de Lemos, tinha urna formatura ern leologia e prcfessou, ainda em verdes anos, na ordem dos PrCgadores.

5.' BisPo D. Fernando d e Távora No Consistório de 15 de Nnvernbro de 1569, em que foi aceita a renuncia de D. Jorgede Lemc s da bispaiao do Funchal, fez-se também a nomeacao do S ~ Usucess(.r na pesigoa dum confrade na ordem dominicana e filho do mcsmo convento de Lisboa o religioso Fr. Fernando de Tavnra. Nao chegou a vir á sua diocése, ?endo ttrmado posse dela, por meio de procuracao, em 1570 e servido í.té o ano de 1573, em que também renunciou os pesgdns erirar;ousa, conternporarieo, irmao na srdem e seu panegirista, embora cm linguagem velada, nao o isenta inteiramente de culpa, em nao ter ele assumido pessoalmente a direccao do seu bispado, dizendo a tal respeito .que foi culpad(^ de receios de paisdr o mar, seodo a passagem breve e pouco arriscada e em breve veiu a renúncior á dignidade e passou o restu da vida recr~lhidono convento de Azeitao.. Num manuscrito do século XVIII, enicontrámos esta curiosa informacao: <Sagrado bispo D. Fernando de Tavora e disposto para vir para a ilha, veiu a abálrrecer-se tanto dos negócios edisturbios do Bispado, que o deixou. Era homem de condicao branda e pacífica, inclinado ao estudo e ao socego e quietacao d i cela e cum felta de vi.;ta, deu em abar recer e fugir ao trato da gente e curn o pretexto de ser cego renuriciou formalmetiie u Bisyndo e se retirou para urna quinta no lugar de Azeitao onde acabouw.

Sabe-se que ca licenceodo e membrcj do Cabido António da Costa frri governndor da diocése durante o episcopado de D. Ferriarido dc? Tavtm, nao se tendo conh?cimerito da ocorrCncia de qualqucr factn de ;~dmiriistracaoepiscopsl, que pocsa atria o deste prelado. buir-se á a ~ ~ drr~cta No seu ternpn forsarn promulgados os alvarás régios de 30 de agosto de: 1570, determinando que os provimentos dos benrfícins da S6 Cazedrsl e das igrejas paroquiais se fizCsse por meio de concurso, e o de 28 de Abril de 1571,regulando a f6rma d o pagamento das cóngruas dos diversos serventuários eclesiásticosB. No dia 15 de Julho de 1570, nas alturas das ilhas Canárias, sofreram o martíyio o beato Inácio de AzevCdo e seus trinta e nove campanlieiros, ti2doc da Compaqhia de Jesus, que poucos diac antes hai.uiam saido da Madeira em direccao ao Brasil, tendo permanecido alguns dias no Funchal como hóspedes dos seus irmaos ern religiao. Ao diante, nos referiremos com mais alguma 1.rgiiéza a este facto. ' D. Ffrnando de Távora falcceu no mes de Julho do ano de 1577 e teve sepultura em Lisboa, na igreja do convento da sua ordem, onde se 12 esta inscricao: ~ A q u jaz i D. Fernando de Távora, Bispo que foi do Funchal e Religioso de Sao Domi~~gos. 11 Muiko haveria a esperar dos méritos pessoais e acrisoladas virtudes deste kdistinfo prelado, se tivésse pessoalmente assumido o gov&riio da sua diocese, ao cansiderarmos nas muitas e elogiosas referencias com que temos largamente deparado a seu respcitci. Merecem ficar aqui registadas algumas notas biográficas, aproveitando particularmente as que encontramos na Biblioteca Lusitana e que ern resumo vamos reproduzir. Nasceu em Santarem, sendo filho de Francisco Cardoso, pertencente a urna arrtiga e ilustre familia daquela vila. Sentindo verdadeira vocacao para a vida monástica, professou na ordem dos Prégadores, em o cotivento de Bemfica, nas maos do religioso, que mais tarde viria a ser o insigne D. Fr. Bartolomeu dos Mártires. FGrz dotado de raro talento e duma natural propensa~para o estudo, revelando as suas aptidazs ern várias modalidades dos conhecimentcrs humanos. Evidenciou-se especialmente como um abalisado teologo, um notável orador e urn distiiito cultor das artes plásticas. Ficou inédito, por moti-

vo da sua morte, um largo estudo sobre o cvangeiho de Slo Joao, intitulado Camentdria Evangellam D. Joannls. Grangeou muita reputacao como orador sagrado, tendo sido nomeada prkgador do rei D. Sebastiao. Distinguiu-se no cultivo da pintura, deixando várias télas, consideradas coma obras notáveis no seu gknero. A aplicacao constante ao estudo e o amar de urna vida afastada de todo o bulicio mundano, levaram-no para a solidao e o isolamento do mosteiro de Azeitao, onde passou os últimos anos da existencia, sendo os seus restos mortais trasladados para o convento de S. Domingos da cidade de Lisboa.

6.' Bispo D. Jerónimo Barreto Após a renúncla de D. Fernando de Távora, em 1573, como bispo desta diocese, nao se fez esperar muito a nomea~ %do o seu sucessor. No mesmo ano, foi apresentado o presbítero secular dr. Jerónimo Barreto, que, nao havendo ainda atingido a idade canónica para cingir a mitra, somente no ano imediato recebeu a sagraqao episcopal e assumiu o governo da diocese. Chegou ao Funchal no dia 31 de Outubro de 1574, tendo uma brilhante e aparatosa recepcao. A sua vinda era ansiosamente esperada, p ~ i sque havia já treze anos que o prelado D. Jorge de Lemss saira da Madeira, ficanda durante esse largo período de tempo a administracao diocesana entregue a temporhrios e n e a sempre escrupulosos governadores de bispado. O novo prelado consagrou-se desde logo com verdadeiro &lo e grande dedicacao ipastoreacao do seu rebanho. Sobravam-lhe para isso a f6rca da idade, uma rara cultura teológica e as mais acrisoladas virtudes. Vm dos factos mais importantes deste episcopado foi a promulgacao dumas novas mConstituic6es Diocesanass. E' certo que o arcebispo D. Martinho de Portugal tinha já elaborado e decretado umas aConstitu'c6esw, como atrás deixámos dito, mas importava harmonizar a execuqao das leis canónicas com as recentes disposicoes do Concilio Tridentino e por isso tornava-se necessário que outras .Constituicoesw corivenientemente estudadas viessem substituir as antigas. Para isso fez D. Je-

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DIOCESE DO FUNCHAL

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rónimo Barreto convocar em sínodo ou concílio diocesano todo o clero disponivel do seu bispado, a que se imprimiu a maior solenidade, e nesta assembleia eclesiástica, reunida na S6 Catedral, foram largamente apreciados os principais artigos das novas aConstituic6es Sinodaís.. A 18 de Outubro de 1578, no 0 2 . O aniversário da sagracao da Sé Catedral, foram lidas e solenemente promulgadas essas leis canónicas privativas da diocese, que deveriam ser postas imedjabmente em execucao. Por decreto episcopal de 4 de Maio de 1579, foi ordenzda a sua impressao, feita á custa do prelado, tendo sido publicadas nesse mesmo ano e de cuja edicao nao conseguimos ver qualquer exemplar. Por parte de diversas autoridades e entidades oficiais receberam essas cConstituic6es. uma forte oposicao com o fundamento de que algumas das suas disposicoes feriam os direitos e privilégios de que legitimamente goznvam essas autoridades. E' bastante para admirar que passados apenas seis anos e no ultimo do episcopado de D. Jerónimo Barreto se fizesse uma reimpressao dessas cConstituic6~sr,nao se sabendo se teriam sido alteradas em algumas das suas primitivas disposi@es, por motivo da oposicao que sofreram Esta reimpressan intitula-se: ~ConstltulgOes Synodaes do Blspado do Funchal. Fdtas e ordenadas por Dom jeronyrno Barre!o Blspo do dlto Blspado, impresas em Lisboa, de mandado do dito senhor Bispo, e com licenca e aprovacao do Conselho geral da sancta Inquisicáo e do Ordinario, por Antonio Ribeiro impressor M. D. LXXXV... No ano de 1601, o bispo D. Luís Figueiredo de Lemos promulgou e mandou imprimir umas «Constituiq6es Estravagantes~,de que adiante se falará. Nao nos consta que se fizesse uma nova reimpressao das duas =Constituicdes. e tambcm nos parece que no decorrer dos sCculos nao sofreram qualquer alteracao nas suas principais disposicoes. Ha muito que se consideram obsoletas e caidas em inteiro desuso, podendo hoje constituir apenas um interessante objecto de estudo e uma documentacao proveitosa para a historia dos costumes daquela época. Sao raros os exernplares que dessas Constituic6es se encontram nesta diocese. A instancias do bispo D. Jorge de Lemos e em obediencia as disposi~6esdo Concílio de rrento, foi criado o Seminário Diocesano, por alvará régio de 20 de Setembro de 1566, mas deve-se a sua instalaca0 e o início do seu funcioiiamcnto

aos diligentes esforcos do prelado D. Jerónimo Barreto, sendo este atC considerado como o verdadeiro fundador daqucla casa de forrnacao eclesiástica. Ficou provisóriamente instalado numas casas contíguas residencia do prelado, na antiga rua Direita, estendendo-se entao esta via pública pela margem esquerda da Ribeira de Santa Luzia atC As alturas da actual Ponte do 'Torreao. D. Jerónimo Barreto dedicou especiais cuidados & arganisacao do novo Seminário, cuja criacao era entao considerada como uma das mais urgentes necesidades a que convinha acudir sem perda de tempo. Neste episcopado sofreu a circunscricao paroquial uma grande alteracao dentro dos limites da cidade e seus arredores, csm as disposicoes do alvará rCgio de 3 de Marco de 1579, que extinguiu a freguesia de S. Pedro, criada havia apenas treze anos, e estabeleceu as novas paróquias de Sao Roque e de S20 Martinho. D. Jorge de Lemos frequentava assiduamente o coro da Sé Catedral, tomando parte na recitacao das horas canónicas, e por sua diligencia foram criados no respectivo cabido mais dois lugares de cónegos de trirtia prebenda, dois de capelaescantores e o de altareiro. Neste episcopado perdeu a Madeira tres dos seus mais ilustres filhos: os patdrec Manuel Alvares, Luís Goncalves da Camara e Martim Goncalves da C&?iara. Como se sabe, foi o primeiro o grande gramático e humanista, autor de vários escritos e da conhecida gramática latina, que teve inúmeras edic6es e mereceu ser traduzida em diversas línguas. O segundo é o célebre mestre do rei D. Sebastiiio, membro ilustre da Companhia de Jesus, íntimo confidente de Santo Inácio de Loiola, lente em Coimbra e que desempenhou outros elevados cargos. O terceiro, irmao do precedente, foi o omnipotente ministro de D. Sebastiao, que depois de haver sido reitor da universidade, presidente do Desembargo do Paco e da Mesa da Consciencia e Ordens, Vkdor da Fazenda e exercido ainda outros lugares se recolheu humildemente no Colegio dos Jesuitas em Lisboa e ali faleceu, entregue apenas ao estudo e 4 oracao. Dentro deste episcopado tambem faleceratu, ambos no ano de 1580, os capitiies donatPrios do Funchal, yai e filho, Sirnao Goncalves da Camara e Joao Goncalves da Camara, que

foram irmao e sobrinho dos padres Luis Goncalves e Martim Goncalves da Camara. A perda da independencia no ano de 1580, com o domínio do poder castelhano, fez-se tambem sentir neste arquipélago em factos muito lamentayeis, nao sbmente nos negócios de administracao civil como ainda em assuntos de caracter eclesiástico, embora neste pcrticular sejam bastante escassos as notícias que chegaram até nós. No entretanto sabe-se que a Igreja sofreu aqui algumas perseguicots e vkxames, nas pessoas de vários sacerdotes, por parte das autoridades castelhanas, ao serem estas investidas no exercício das seus cargos. Haviaese formado um forte partido a favor do Prior do Crato e é possivel que alguns eclesiásticos tivessem manifestado as suas simpatias por essa faccao política, provocando deste modo as iras dos partidários de Castela. Nao temos elementos seguros para estabelecer urna proxima correlacao entre essa verdadeira ou suposta atitude do clero e a execucao de Fr. Joao do Espirito Santo, mas é de presumir que uma nao fosse inteiramente estranha á outra. Diz-nos Rebelo da Silva que esse religioso, por andar incitando o povo a seguir o partido do Prior do Crato, f6ra enforcado no Funchal, vestido em trajes de leigo, pagando com a vida os seus ardentes sentimentos patrióticos. Conjectura-se que este sucesso se tivesse dado pouco depois de estabelecer-se o governo filipino na Madeira, sendo bastante para estranhar que o dr. Gaspar Frutuoso, contemporineo do facto, e tambem as mais conhecidas crónicas madeirenses nao facam a &le a menor referencia. Depois de onze anos de um fecundo e distinto episcopado, foi D. Jerónimo Bsrreto transferido para a diocese do Algarve, tendo saído da Madeira para assumir o desempenho do seu novo cargo no ano de 1585. A'cerca deste ilustre prelado, encontrámos numa antiga crónica as seguintes palavras, que merecrm ser aqui trasladadas pela ínteira justica que representam: .Era homem muito zeloso da honra e servico de Deus, contínuo e pontual nas obrigacoes de Pastor, inseparável dos cónegos nos oficios divinos.. . Visitava frequentemente o bispado, extirpou muitos vícios e fez uma grande reforma nos costumes. De nenhum consentiu escandalos e pecados públicos, punia severamente os criminosos, favorecia os homeni de letras e virtudes e estes eram os que só admitia, honrava e amava. Era muito verdadei-

ro nas suas palavras tanto nas obras, igual na justica e grande remunerador de merecimentos, tao esmoler que depois de dar o que tinha pedia emprestado para dar aos pobres c a um chegou a dar uma vez a capa, a outro o c3bertor da cama.s Na sua Hlstdrla da Igreja em Portugal, diz Fortunato de Almeida que ufoi um bispo de notavel zelo e piedadev. D. Jerónimo Barreto nasceu na cidade do Porto pelos anos de 1544 e era filho de Gaspar Nunes Barreto e de D. Isabel Cardoso, pessoas nobrec e senhores dos coutos de Freiris e Penagate. Era formado em canones pela universidade de Coimbra, que frequentou com grande brilho e aproveitamenfo, revelando os seus especiais conhecimentcs nessa matéria com a elaboracao das Constituicoes da Diocese do Funchal. Quatro anos depois de deixar esta ilha e tendo apenas 45 anos de idade, faleceu em 1589 na cidade de Silves, sendo sepultado na respectiva S6 Catedral.

7OBíspo

D. Luís Figuei-

redo d e Lemos

Foi D. Luís Figueiredo de Lemos um dos mais distintos prelados desta Diocese pelas suas excelsas virtudes, grande zelo apostólico, espírito eminentemente reforinador e rara cultura intelectual, deixando da sua memória as mais honrosas tradicoes, depois de vinte e dois anos de um brilhante e frutuaso episcopado. Poucos meses decorridss após a renúncia do seu antecessor, foi apresentado bíspo do Fiinchal em 1585 e no ano seguinte confirmado pela Santa Sé, recebendo em Lisboa a sagracao episcopal, na igreja do mosteiro da Trindade, na quar to domingo da quaresma desse ano. Passado um mes tomou posse do Eeu cargo, por meio de procuracao, representado pelo entao deao e govern~dor do bispado o dr. Francisco Henriques. A 4 de Agosto de 1586, deu entrada nesta ilha, vindo já precedido da fama dos reconhecidos méritos, que justamente grangeara no arquipélago dos Acores. Era vasia a messe e pouco numerosos os cegadores, mar; logo comecau a penosa ceifa pela remodelaciio dos servicos religiosos nas freguesias, em que o abandono dos respectivos pirocos, a ruina da maior parte das igrejas, a falta de presbitérios, a escasses de recursos das fábricas, a má organisacao dos arquivos paroquiais, etc., tinham levado todos esses servicos á situacao mais deplorável, estando $les a exigir urna imediata e enérgica reforma, que o zelo e a vigilancia do pastor puderam desde logo atenuar com as mais acertadas medidas e

de modo particular corn as frequentes visitas pastorais realizadas pessoalmente ou por intermédio de idóneos visitadores. Essas urgentes providencias, que entao tomou e muitas outras que posteriormente se adoptaram, tiveram sua plena sanca0 no sínodo diocesano celebrado na Sé Catedral, no dia 29 de Junho de 1597, em que se fez a solene promulgacao de umas navas uConstituic6es Estravagantes., como complemento das que foram decretadas pelo bicpo D. Jerónimo Barreto, visto que estas ceram breves e nao compreendiam tudo e so. brevirem casos que tinham necessidade de outras novas.. a. O decreto episcopal de 15 de Agostó de 1597 ratificou a aprovaciio das novas aCnnstituic6as> e ordenou a sua impressao, tendo saido a lumu corn este fítulo: tConstltulgOes Synodaes do Blspado do Funchal, corn as extravagantes novamente Irnpressas, por mandado de D. Luís Figuetredo de Lemog, Btspo deste Blspado, Lisboa, por Pedro Craesbeck, 1601, de XX-188 p a g . ~No fim encontram-se as ~Extravagantes*, corn novo rosto e nova numerac%o, assim intituladas: cConstltuigdes Extravagantes do Bispado do Funrhal, feltas e ordenadas por D. Luís Figuelredo de Lemos, Blspo deste Bispado.. Lisboa, impresso por Pedro Craesbeck, ano de 1601, de 54 pag .m. Como dissém~sno capitulo precedente. as aConstituic6esu promulgadas pelo bispo D. Jerónimo Barreto, que o seu sucessor D. Luís de Figueiredo quís manter em inteira vigenciae bem assim as que ele próprio decretara, sofreram uma enérgica oposicao por parte de várias autoridades e outras entidades oficiais, que se julgaram viclentamente lesadas nos seus legítimos direitos por muitas das disposicoes contidas nesse código de leis canónicas privativas desta Diocese. O dr. A l v a r ~ Rodrigues de Azevedo, corn o seu conhecido sectarismo, refere-se ao caso em termos muito ásperos, e como prova das suas afirmativas transareve algtans artigos das mesmas uConstituicoes~. Nao é de estranhar que as autoridades corn o senado funchalense á frente tivesse oferecido resistencia á sua execucao. Tinham-se iritroduzido condenaveis abusos que vinham de Ionge, sendo mister adoptar medidas de enérgica repressao para os cxtirp~r.E' evidente que apreciadas agorg, a mais de tres séculos de distincia e íi luzdas ideias e princípios do nosso tempo, nos pareeem representar urna intolerável invasao de poderes, mas aplicadas aos costumes da época e condicionadas

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pelas circunstAncias ocorrentes deixam de ter o caracter de extremada violencia que se lhes pretende atribuir. Alkm disso, nesses tempos, era msis forte e arreigado, ao contrário do que á priineira vista poderá julgar-se, esse apego ás regalias e privilégiss de que gozsvam os municípios, sendo um facto corrente a oposig.20 sistemática a quaisquer medidas que fossetn ferir esses privilégios, alguns deles j i seculares e etnbora reconhecidamente abusivos. Em vista do que fica sumariamente exposto e mais ainda do despotismo de que usnvam as autoridades castelhanas, querendo ostentar a forca do seu poder, nao é para admirar que a Camíara dt) Futichal alcaticisse no ano de 1593 a sentenca de que o dr. Radrigues de Azevedo faz mencao numa das suas anotacoes das Szudades du Terru. Convém advertir e ter na devida consideracao que aquelas uConslituic6es~ foram elaboradas por dois dos mais ilustres prelados desta Diucrie, nos quais concorriam, ern elevado grau, nao sóaerite as mais acrisoladas virtudes, de que falam com tanto encarecimento as antigas crónicas madtirenses, mas tambem se distingtiiram pela sua rara cultura e especiais conhecimentos das ieis canónicas, como eloquentemente u provam as mcsmrs nCtlnstituic6es., sendo ambos formados em ciencias teológicas, a cwjos estudos se tinham aprofundadamente dedicado. Além disso, eram pastores possuidos de verdadeiro zelo apostólico e ciosos dos direitos e prerrogativas da Igrejsi, nao sendo para estranhxr que os animasse o desejo de corrigir inveterados erro;; e hbusos e que antepusesseni o cumprimento das leis ecle%iásticas a esses privilCgios e regalias de que abusivamente usufruiam as autoridades locais. Nao ternos o propósito de exduir inteiramente a possibilidade dum imr de tao distintos prelados, prudente excesso de zelo p ~ parte mas apenas defender a sua memória dos rigorismos e arbitrariedades que o ilustre anotador das Saadades lhes quere atribuir. Determinada ern boa parte por essa oposicao do senado e de autras autoridades, levantou-se um confiito entre o prelado e o governador gersrl do arquipélago ácerca das cerimonias a observar no coro da Sé Catedral respeitante ao mesmo Ciovernador, yuando este assístia &S solenidades religiesas ali realizadas. Devido certamente a uma queixa apresentada ao monarca, foi expedido o alvará régio de 30 de Jiinho de 1588, que aprova o pracedimento do bispo diocesano e estabelece

certos princioios de doutrina a observar em casos semelhante. O curioso documento v m integralmente transcrito na obra Docunzentos. . . paro o estudo de dlrelto clvll-eclcsldstlco portuguts.. . (11-200 e SS.) da autoria do cónego dr. Joao Joaquim Pinto. Ainda relativamente aos excessos .ou abusos que entao se comcteram, di-nos Fortunato de Almeida, á vista do alvará régio de 20 de Junho de 1608, publicado na Collecgdo Chronológlca da Legislagdo Portuguesa, de Andrade e Silva, estas pouco edificantes notícias: cNao era fasil ao clero corrigir os abusos cometidos na procissao de Corpus Christl, além de outras razaes, porque se lhes limitava a competencia no govCrno da mesma procissao, como prova um documento de 1608. Na procissao de Corpo de Deus,que se realizou no Funchal em 1603, houve desordens e esc2ndalos, porque o vigário geral saiii do lugar que Ihe pertencia, para andar na procissao com seus oficiais a vigiar se nela se faziam cousas indecentes. Levados os factos pelo bispo ao conhecimento de el-rei para se adoptarem providencias no futuro, o monarca decidiu que nas procissaes nao podiam os vigários dos prelados intender mais que no governo das pessoas eclesiásticas; se entre leigos se cometesse algum excesso ou cousa de que resultasse irreverencia ao Santo Sacramento, ou ás relíquias e cousas sagradas que fossem nas prociss6es, podiam e deviam os vigários, como juizes competentes, que eram, conforme o direito, acudir a tais excessos e mandar sobre eles o que lhes parecesse conveniente; mas fóra desta ocasiio nilo deviam intrometer-se no governo dos leigos nem sair do lugar em que iam os eclesiásticos, posto que dissessem que o queriam fazer para vigiar e prevenir semelhantes casosr. Nilo resta dtívida que o diploma citado nao era de molde a corrigir os abusos cometidos, mas antes parecia favorecer os escAndalds, que em muitas terras do país entao se praticavam, por acasiao do saimento das procissoes do Corpo de Deus, em que os senados municipais tinham geralmente uma interferencia muito directa e quasi sempre abusiva. Deu se ainda um grave conflito entre s prelado diocesano e a Catnara do Furichal, motivado pela nomeacao do capelio da igreja de Sao Tiago, pertenca da mesma Camara, e pelo destino que o prelado pretendia dar Li casa de residencia desse ctipelao, que era anexa 4 referida igreja. O senado funchalense

recalcitrou e levou recurso para o monarca, tendo saido vitorioso no pleito. Emprr~rrdeuD. Luís de Figueiredo a realizacao dum importante rneihor~menio: a construcao dum edifício destinado á residencia dcs prelados diocesanos e á instalacao da cúria episcopal. Drssa edificacao, erguida nos ultimos anos do sCculo XVI ori priílcíyi~sdo século XVII, restam ainda umas antigas depeo:benciás, simelhandu üm velho claustro, com uma capela ?iltxa da invocacao de Sao Luís de Tolosa, há já muito profanadm,que ficam contíguzs ao edifício em que hoje se acha insha1,do CJ Liceu Ja me Moniz. As casas construidas por D Luís de Figueiredc scrviram de residencia oficial dos respectivcs prelndcc r:é n ano de 1751, em que se deu por terminad? e edificacan do novo Paco Episcopal, mandado Ievantar ~ - 1 0 bicpo D. Joao Coutirlho e actualmente ocupado cam os ~iversrlsservicm d c llceu. Esta c~ge3ade S39 Luís tem merecido, em diversas obras, niuifas e c.:pccr°ai.; r:ferencias ao seu elegante pórtico, talhado no basa!trj paroso da ilha comumenfe chamado ccantaaia rijas e lavradr coan b c ! ~e artísticos lavores, em que predominam as ornamcntac6es do brazas de armas do seu ilustre fundador. Corcluida a ~ . ~ n s t r u c adao residencia episcopal, tratou D. Luís de Figueired:.: de Instalar, numas casas a ela contíguas, o Seminária Diocesano, que D. Jerónimo Barreto havia estabelecido na rua Dirti;::, j~inti. á hrnbitacao deste prelado. Esta casa de formacao eclesiástica, que ficou ocupando também uma parte considerave1 do Paco Episcopal, mereceu ao bispo D. Luís de Figueiiedt, as mlaiores atencoes e desvelos, constituindo semprc urna das mais sérias preocupacoes do seu espírito. A este prc!~ds se deve especialmente a criacao definitiva dos castoric;s pzrcquiais, cujos servicos muito deixavam a decejar, e por d ~ e r e t oepiscopal de 22 de agosto de 1586 estabelcccu o nrq~livo da Sé Catedral, ordenando .que se fizessem tc~mosonde, para conserva~dosc Inncassem os traslados e memorias antigas., a norneou o conego Gaspar Nunes para assumir a direccilo dete. Dcseravolvt-u iiotavrltaenie a accao religiosa nas freguesias rurais com a criacao de pequenas paróquias, curatos e capelanias c o n (;S C ~ U Sservent~ia;ios eclesiásticos de residencia perr~anel:te nos lrigar:~, estabeleceiido deste modo um regular e eficaz servicu paroquial, completado com a nomeacao de ouvi-

dores nas freguesias de Machico, Calheta e Porto Santo e no castelo de Arguim. Por suas diligencias se restaurou a freguesia de S. Pedro, por alvará régio de 4 de agosto de 1587, e foram também criados alguns lsgares na SC Catedral. Tendo morrido dentro do período deste episcopado, cometeriamos uma falta imperdoavel, se aqui nao se fizesse uma referencia embora passageira ao ilustre acoriano padre Gaspar Frutuoso (1522-1591), o celebre autor da canhecicla obra Saududes da Terra, que, a-pesar-dos defeitos e lacunas que possa conter, é e será sempre um dos mais abundantes e preciosos repositórios de elementos para a história do norso arquipélago nos séculos XV e XVI, fornecendo tambem ncitíclas muito apreciáveis para a história eclesiiistica da diocese do Funchal. Gaspar Frutuoso nasceu na ilha de Sao Miguel, e d i faleceu, sendo pároco da vila da Ribeira Grande, no dia 24 de Agosto de 1591. Merece uma atenta e demorada leitura o mggistral estudo que Acerca de Frutuoso e da suói obra se eilcontra na monumental edicao das Saudades da Terra, comecada a publicar-se na ilha de S20 Miguel e destinada a comemorar o centenario do nascimento do grande historiador das ilhas. Neste episcopado faleceu o ilustre madeirense D. Sebastiao de Morais ( -1588), primeiro bispo du Jxpag. Era membro da Companhia de Jesus e nela exerceu os mais elevados cargos, tanto em Portugal como na Italia, aonde f6ra acompanhar a infanta D. Maria, neta do rei D. Man?ei, tendo publicado, além de outras obras, uma biografia dessa princesa, que foi traduzida em diversas linguas. Quando í a a caminho do seu bispado, faleceu em Mocambique a 19 de Agnsto de 1588. Outro madeirense e tambem membro ilustre da Companhia de Jesus, falecido n6ste período, foi o padre Le20 Iienriques -1589)' natural da vila dn Potita do Sal. Era descendente ( de Joao Goncalves Zarco e próximo parente do padre Luís Goncalves da Camara. Além de ter desempeahadu os tslais proeminentes cargos no seio da sua ordem, fui rcitor da Universidade de Evora e confessor e conselheiro d s cardeal-rei D. Henrique, gozando por ésse motivo de grande prestígio e infiuencia e mais ainda pelas surs virtudes e méritos pessoais. Segundo a legisla~aoeiitara vigente, quando n: goveriiadores gerais e mais tarde os governadores e capitles-gtnerais se achavam ausentes ou legalmente impedidos de exercer o cargo de autoridade superior do arquipéiago, eram os bispos dio-

cesanos chamados para interinamente os substituir no desem. penho desse lugar. Foi D. Luís Figueiredo de Lemos o primeiro que serviu de governador geral no ano de 1600. Dentro do periodo deste episcopado, na noite de 26 de Julho de 1593, foi esta cidade tragicamente surpreendidi por um pavoroso incendio, que no espaco de quatro horas destruiu cerca de cento e cincoenta casas, entre as quais se contavam algumas habitacaes das pessoas mais categorisadas do Funchal. Soprava intensamente um vento abrazador, o conhecido vento leste, produzindo-se entao o fenómeno da incandescencia atmosférica, causa provavel do incendio, que com grande violencia e s maior rapidez se alastrou numaparte consideravel da cidade. As casas eram na sua quasi totalidade construidas de madeira, nao sendo de estranhar que o fogo, ateado pela f6rca do vento, tomasse logo as proporcaes niais assustadoras e causasse os mais incalculáveis prejuizos. Além do incendio, a lestla inutilisou inleiramente em toda a ilha a colheita das uvas e danificou em extremo os canaviais e as outras culturas agrícolas. Diz um escrito da Cpoca que os prejuizos causados pelo incendio e pela accao destruidora do vento ascenderam a muitas centenas de milhares de cruzados. Ocorreu este calamitoso sucesso vinte e sete anos depois do asselto da desenfreada pilhagem e da inaudita carnificina, que os corsarios franceses deram á cidade do Funchal no ano de 1566. Depois dum laborioso episcopado, em que sempre revelou o seu ardente zelo e a mais acendrada piedads, faleceu D. Luís Figueiredo de Lemos nesta cidade a 26 de Novembro de 1608, sendo sepultado na capela de Sao Luís, que ele erigiu junto do Paco Episcopal. Encontrando-se há muito profanada esta capela, mandou o saudoso bispo D. Manuel Agostinho Barreto trasladar, no ano de 1903, os restos mortais daquele prelado para a Sé Catedral, sendo inurnridcs a dentro do guarda-vento e cobertos com a Iápide de marmore lavrado, que tapava a sua sepultura na referida capela, lendo-se ali o seguinte epitáfio: aAqul jaz Dom Luis Flguelredo de Lemos, Blspo que fol do Funchal. Faleceu a XXVI de Novembro de MDC VIII O prelado D. Luís Figueiredo de Lemos, segundo nos informa o seu contemporán:~ e talvez conhecido pessoal o doutor Gaspar Frutuoso, nasceu na ilha de Santa Maria, do arquipCIago acoriano, a 21 de Agosto de 1544, sendo oriundo de antiga e nobre ascendencia. Feitos os primeiros estudos na

ilha de Sao Miguel e continuados em Lisboa no ColCgio dos Jesuitas, matriculou-se na Universidade de Coimbra, obtendo a formatura e a licenciatura nas faculdades de teologia e de canones. Fixando residencia em Sao Miguel, exerceu ali vários cargos e entre eles o de ouvidor eclesiástico, sendo depois no* meado deao da Sé de Angra e governador do bíspado. No desempenho destes lugares deu grandes provas do seu fervoroso zelo, virtudes e austeridad$ de caracter, que logo o impuseram consideracao dos seus contemporaneos. Por morte de D. Luís Figueiredo de Lemos, foi o monge Fr. Antonio de Ceia aprcsentado bispo do Funchal, mas nao chegou a ser sagrado nem confirmado pela Santa SC, porque faleceu quatro dias depois de haver sido nomeado para o exercicio desce cargo.

As f reguesias criadas no século XVI A coionizacao mrdeirense teve sempre e desde o seu iní. cio um rápido desenvolvimento, chegando a atingir notáteis proporci3es na segunda metade do século XVI. Embora as especiais condici3es do meio, devido principalmente ao inverosímil acidentado dos terrenos, tornassem bastante dificeis e penosas as exploraci3e.s agricolas, eram estas amplamente compensadasa com a exuberante fertilidade do sólo, fabricando-se em larga escala o vinho e o acúcar, que eram no seu genero os mais preciosos produtos que entao se conheciam. Dava-se correlativamente o aumento ine~itável dos que se entregavam sio cultivo das glebas, dos trabalhadores rurais e ainda de outros misteres afins, formando-se muitos centros de populacao e multiplicando-se as chamadas fszendas povoadas, e deste modo se constituiram inúmeros agrupamentos de habitantes com uma vida social e religiosa mais ou menos independente e que foram as primeiras paróquias a organizar-se. As dez freguesias criadas durante o século XV e outros pequenos núcleos de populacao formados pela mesma época foram-se a pouco e pouco desmembrando e no fim do século XVI ascendia já a trinta e sete o número de paróquias, sem contar com alguns curatos ou capelanias servidos com seu pessoal eclesiástico privativo e espalhados em diversos pontos da diocese. O povoamento foi-se alargando para o interior, estendendo-se pelas lombas e vertentes e ocupando por vezes lugares ínvios e quasi inacessiveis. Vamos apresentar um

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esb6co desse movimento colonizador, darado uma noticia sumaria das freguesias que se criaram durante o século XVI, como já o fizemos com respeito ás que se estabeleceram no século anterior. Santa Marla Malor (Orago: Nafividade de Nossa Senhora)Como atrás deixámos dito, foi esta freguesia, a que primitivamente se chamou de Nossa Senhora do Calhau, a primeira que se estabeleceu na Madeira, tendo a sua séde na igreja existente junto á margem esquerda da ribeira de Joao Gomes e nao muito distanciada da sua foz, no local que hoje serve de praca de automoveis e nas imediacoes do grande fontenario, que tem o nome de Paco do Calhau. Ainda nao estava coricluida a construcao da Igreja Grande, a futura Sé Catedral, quando no ano de 1508, por ocasi20 da criacao da cidade do Funchal, se fez a transferencia da séde daquela paróquia para o novo templo, nao sómente pela larguesa e comodidades que este oferecia, mas tambem pela grande densidade que a populacao ia tomando nas margens das ribeiras de Santa Luzia e de Sao Joao. O alvará régio de 18 de Novembro de 1557 dividiu a cidade do Funchal em duas paroquias distintas, tendo como linha divisória a ribeira de Joao Gomes, e pelo alvará de 23 de Fevereiro do ano seguinte ficaram elas definitivamente estatabelecidas, sendo urna com séde na igreja de Nossa Senhora do Calhau, e assim restaurada a antiga freguesia, e a outra tendo como centro a igreja da S6 Catedral. Com a restaura~aoda paróquia de Santa Maria Maior, foi nela criada uma colegiada com vigário e tres beneficiados, sendo este número elevado posteriormente a seis e a que se acrescentou um curato, pelo alvará régio de 27 de Agosto de 1589. A antiga igreja paroquial, que se encontrava em adiantado estado de ruina, foi reedificada no periodo decorrido de 1667 a 1672 em propurcoes mais amplas do que a primitiva. A terrivel aluviao de 9 de outubro de 1803,que foi urna das maiores calamidades que tem assolado a Madeira, destruiu completamente esta igreja, havendo a séde da paróquia sido entao transferida para a igreja de Sao Tiago, onde ainda actualmente se encontra, cedida para esse fim pela Camara do Funchal, a que pertencia desde a sua fundaciio. Dentro da área desta freguesia, como aconteceu em quasi todas as paróquias da Madeira, levantaram-se muitas ermidas e

capelas, que eram na sua maioria de instituicao vincular. Foi esta ilha a regiao do país em que, proporcionalmente ii sua superficie e A sua populacao, houve um mais avultado número de morgadios e prasos vinculados, que chegaram a abranger dois tercos de todos os terrenos araveis. E muitos desses morgadios tinham suas capelas privativas, constituindo a sua posse um motivo de justificacao das prosapias avoengas dos seus administradores. Em todas elas se celebrava frequentemente o santo sacrificio da missa, pois que entao era maior o número de sacerdotes do que hoje, sendo muitos deles membros das familias a que essas mesmas crpelas pertenciam. Das que existiram, ha noticia das seguintes: *Almas Pobres~,instituida por CJoncalo Dias da Silva pelos anos de 1470; a dos .Santos Reisn, anexa ao antigo hospital, na rua do Hospital Velho, e doada pelo rei D. Manuel; a de aNossa Senhora da Boa Viagem., na rua deste nome, muito antiga e fundada por Bento da Veiga; a de aNossa Senhora dos Prazeresw, no sitio da Boa Vista, de construcao pouco anterior a 1610; a de eNossa Senhora da Paz,, edificada pelo padre Jerónimo da Silva no ano de 1621; a de eNossa Senhora da Estrelam,que existia em 1632; a de aSao Filipem, dentro da Fortaleza de Sao Tiago, edificada por meado do século XVII; 8 de aNossa Senhora do Monte Olivete., construida por Pedro Lopcs de Vasconcelos no ano de 1675; e a de ~Nossa Senhora do Cartnom, cujo fundador, ano da fundacao e local sc ignoram. Existem ainda as capelas de .Santo Antonio., na rua do Hospital Velho, fundada por Antonio Teles de Menezes no ano de 1682,, e a de cNossa Senhora da Oliveira., na rua da Boa Viagem, que ha muito se acham profanadas e em adiantado estado de ruina. Abertas ao servico do culto, tem esta freguesia as capelas de Sdo Pedro Oonplves Telmo, vulgarmente cbmada do Corpo Santo, que 6 das mais antigas de toda a diocese; a da Natlvidade de Nossa Scnhora, mais conhecida pelo nome de Nossa Senhora do Faial, tomado do sitio em que se encontra, instituida pouco posteriormente ao ano de 1544 por Zenobio Acciaioli; a de Sdo Filippe, fundada por Filipe Gentil de Limoges pelos anos de 1562; a de Nossa Senhora M d e dos Homens, na quinta deste nome, ao Caminho do Meio, construida na segunda metade do século XVII; a de Nossa Senhot a do Bom Sucesso, situada á margem da mesma estrada e

que C pertenca da Camara Municipal do Funchal; e a de Nossa Senhora da Concelgdo, na Quinta do Pomar, ao sitio da Choupana, mandada edifícar no ano de 1929 pelo Visconde de Cacongo. Da rua ou Largo de Sao Paulo, se transferiu para esta freguesia em 1485 o Hospital da Misericórdia, que tinha anexa a capela dos Reis Magos e que ficava situado na rua, que rinda hoje conserva o nome de Hospital Velho. Desta paróquia se desmembrou a de Sao Ooncalo, primeiramente como um curato dependente e depois como freguesia autónoma e de que abaixo se dará mais ampla noticia. A paróquia de Santa Maria Maior é geralmente conhecida, sobretudo entre as classes populares, pelo nome de freguesia do Socorro, provindo esta denominac20, que é muito antiga, da imagem de Nossa Senhora do Socorro, existente na igreja destruida pela aluvils de 1803, que era objecto da maior veneracao, havendo nessa igreja um altar em que se prestava culto especial á referida imagem. Sd Catedral (Orago: Assuncao de Nossa Senhora)-A paróquia de Santa Maria Maior, como já se disse, mudou a sua séde para a Igreja Grande, a futura Sé Catedral, no ano de 1508 e compreendia entilo todo o território que se estendia desde a ribeira dos Socorridos até a partilha da freguesia do Canico. Aquela freguesia foi restaurada em 1557 e a da Sé Catedral ficou muito cerceada na sua área, perdendo assim os terrenos que hoje formam as freguesias de Santa Maria Maior e de Sao Ooncalo. O pessoal eclesiástico, composto do pároco e dos outros mcmbros da Colegiada, que exerciam o seu múnus na igreja de Nossa Senhora do Calhau, transitou todo para a Igreja Grande, continuando ali no desempenho dos diversos servicos religiosos. Com a criacao da diocese em 1514, o respectivo pároco e os outros beneficiados foram elevados i categoria de deao e de cóncgos do novo Cabido, ficando o servico estritamente paroquial a cargo do mesmo deao auxiliado por alguns dos capelaes-cantores. Por morte do deao Filipe Rebelo, o alvará régio de 20 de junho de 1562 desligou das obrigacoes do deado o encargo da administracio dos sacramentos e de outras funcdes paroquiais, criando o mesmo diploma os lugares de dois curas encarregados de desempenhar todos esses servi-

cos. Haverá cerca de quarenta anos que o prelado D. Manuel Agostinho Barreto promoveu a extincao dum dos dois curatos, sendo o outro desdobrado em tres coadjutorias paroquiais, entilo criadas nas freguesias da Sé Catedral, Silo Goncalo e Sao Martinho. Ficam dentro da área desta freguesia as igrejas de Sao Evangelista, comumente chamada do Colégio, por fazer parte do antigo colégio dos Jesuitas, a de Nossa Senhora do Carmo e a do Senhor Bom Jesus, das quais se dará, ao diante, mais desenvolvida noticia. Foi há pouco demolida a capela do hospital de Santa Isabel, que brevemente deverá ser reedificada junto do hospital dos Marmeleiros. Existem ainda as capelas interiores de Nossa Senhora do Bom Despacho, no edificio do velho Seminario do mesmo nome, e a de Nossa Senhora do Socorro, no antigo Recolhimento das Orfas, anexo ao actual edificio da Junta Geral deste Distrito. Tambem existem ainda, mas profanadas e arruinadas, as capelas de Sao Luís, junto ás dependencias duma velha residencia episcopal e de que já atrás nos ocupámos, e a de Santo Antonio, no patio da alfandega, fundada em 1714 pelo provedor Joao de Aguiar, onde no alto do pórtico se le a inscricao latina Ad salem sol, que tem sido objecto de diversas ihterpretacoes. Como notícia histórica, faremos menclo de outras capelas, que há muito nao existem. Sao as seguintes, afóra algumas de que porventura nao tenhamos conhecimento: a de ~ S a oSebastiao~, no largo deste nome, uma das mais antigas e logo edificada no comeco da colonisacao, que foi demolida, reconstruida e de novo demolida em 1827; a de uS2o Bnrtolomeur, situada na margem esquerda da ribeira de Santa Luzia e fundada por Goncalo Enes Velosa nos fins do século XV; a de cNossa Senhora do Livramento~,contígua A antiga cadeia da cidade, na rua que ainda conserva o nome de Cadeia Velha; a de ~NossaSenhora da Piedade., no largo conhecido pelo nome de Igrejinha, mandada construir em 1613 por Domingos Rodrigues Garces; a de ~JesusMaria José., instituida pelo cónego Manuel Afonso, no ano de 1629; a da ~Natividadede Nossa Senhora. ou de .Silo Lourenco~,no interior da Fortaleza deste nome, construida em 1635; a de «Santo Antonio. da Laranjeira, na antiga rua deste nome, hoje rua do Carmo; a de
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Ainda existiu e foi demolida no ano de 1911 uma interessante capela dedicada a Nossa Seiihora do Monte e erigida no actual Largo dos Varadouros, que era das mais antigas desta ilha e havia sido reconstruida na segunda metade do século XVII. Levantava-se ali um elegante e aparatoso arco, que durante séculos fora a entrada nobre da cidade, e sobre pilastras, nas trazeiras do mesmo arco, erguia-se a típica e original capela, sendo para lamentar que o camartelo municipal a nao tivesse poupado. Dentro da área desta freguesia teve sua séde a Confraria da Misericordia com o hospital anexo de Santa Isabel, que al¡ funcionou desde 1687 até o ano de 1931. Adjunto ao edificio da Misericordia, foi criado no ano de 1725, por Francisco da Costa Freire, um recolhimento para orfas, que ainda existe com o destino com que foi instituido e que esta sob a direc~ a eo proteccao da referida Confraria da Misericordia. Da paróquia da Sé desmembraram-se sucessivamente as freguesias de Sao Pedro, Santo Antonio, Monte, Sao Martinho, Sao Roque e Santa Luzia. Estreito de Camara de Lobos (Nossa Senhora da Grata)Dentro da área da capitania do Funchal e fóra da sua séde, fol Camara de Lobos, como já ficou dito, o primeiro lugar em que se procedeu a um activo movimento colonizador, notavelmente favorecido pelas condicoes locais do clima e da grdnde fertilidade do sólo. Em breve se criou a paroquia, se estabeleceu a colegiada e se fundou um convento, nao tardando muito que se formassem importantes núcleos de populacao e novas freguesias se fossem desmembrando da antiga igreja matriz. E assim se constituiu a paróquia do Estreito de Camara de Lobos pelos anos de 1509, ao menos co~mo capelania-curato, segundo afirma o comentador das Saudades da Terra, havendo-se instituido a sua séde na pequena e antiga capela de Nossa Senhora da Graca, que foi reconstruida tio terceiro quartel do seculo XVII. O seu estado de ruina e acanhadas dimensoes levaram iedificacao duma nova igreja, lancando-se a primeira pedra a 3 de Fevereiro de 1753, sendo benzida a 18 de Janeiro de 1756 e prosseguindo ainda por alguns anos as obras do seu acabamerito e vindo a ser sagrada solenemente pelo bispo D. Joaquim de Menezes e Ataide no ano de 1814. Teve esta paroquia as capelas de rNossa Senhora do So-

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corrov, fundada em 1684 por disposicao testamentaria de Goncal0 de Faria Lial; a de csantanan, pertencente ao morgado dos Cardosos; e a de rNossa Senhora do Livramento., cujo instituidor e ano de construcao se ignoram. Existem ainda as capelas de aNossa Senhora da Incarnacae., no sitio da Vargem, que era da casa vinculada dos Ornelas Cabráis; a de ~NossaSenhora da Consolacao~ no sitio do Foro; a de cSanto Antonio., na Quinta de Santo Antonio, construida em 1705 por Ignacio Viana do Rego, pertenca do morgadio dos Heredias; a de ~NossaSenhora do Bom Sucesso>,no sitio de Garachico, mandada edificar nos fins do sCculo XVII por Manuel Jo2o Ferreira; e a das ~Almasr,no sitio da Vargem, de que nao temos qualquer noticia. Na noite de 6 de Dezembro de 1829, deu-se um horroroso e sacrilego desacato na igreja paroquial desta freguesia, cometendo-se o roubo de diversos vasos do culto, incluindo a sagrada píxide, em que estava encerrado o Santissimo Sacramento, que os profanadores consumiram. Descobertos os autores deste atentado e sentenciados em Lisboa, foram cinco condenados á pena última e ali justicados e tres degredados perpetuamente para a província de Angola. O caso produziu a maior sensacao, tendo sido realizados muitos actos de reparaciio e desagravo em todas as igrejas e capelas. Sdo Jorge (Sao Jorge) -A existencia desta freguesia comecou por um curato autonomo, criado pelos anos de 1520, compreendendo entao na sua área as futuras paróquias de Santana e do Arco de Sao Jorge, as quais dela se desmembraram nos anos de 1552 e 1676. Numa pequena capela dedicada a Silo Jorge e situada na margem esquerda da ribeira do mesmo nome se instalou a séde da nova freguesia. No sitio do Calhau e proximo da foz da ribeira, construiu-se alguns anos mais tarde a igreja paroquial, que uma grande aluviao, pelcis anos de 1660, deixou quasi inteiramente destruida. Passado um seculo, isto é, por meados do século XVIII, benzeuse um novo templo, em sitio mais seguro e com maiores proporcoes, que é a actual igreja paroquial, cujo altar-mór constitui uma rica peca de obra de talha em madeira, talvez a mais bela e precíosa deste genero em toda a diocese. O alvara regio de 11 de Fevereiro de 1746 criou um curato nesta paróquia, cujas funqoes eram, em geral, cumulati-

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vamente desempeahadas pelo pdroco da vizinha freguesia do Arco de Sao Jorge. Teve as capelas de ~ S a oSebastiao~,no sitio deste nome, cojos fundadores e ano de construciio se ignoram, tendo sido reedificada em 1765 pelo p.= Francisco Marques de Mendonca; e a de mNossa Senhora do Rosario., no sitio da Ilha, mandada construir pelo padre Matias Jorge Jardim nos fins do século XVIII. Existe ainda a capela de as30 Pedro~,nas proximidades da igreja paroquial, de edificaciio antiga, que foi restaurada pelo prelado D. Manuel Agostinho Barreto no ano de 1901. Haverá aproximadamente quarenta anos que os prelados desta diocese possucm nesta freguesia uma excelente casa de campo, conhecida pelo nome de Quinta de Sao Jorge, legada por D. Maria Leopoldina de Oliveira ao bispo diocesano D. Manuel Agostinho Barreto.

Falal (Natividade de Nossa Senhora).-Quando a antigr colonizacio passou dos lados de Machico para a parte setentrional da ilha, foi o lugar do Faial um dos que mris rapidamente se desenvolveu e se converteu num centro populoso de relativa importancia. Logo na margem esquerda da caudalosa ribeira se levantou uma pequena ermida, que em 1519 jii tinha capelao privativo e que no ano de 1550 foi elevada á catcgoria de paróquia. Esta capela, a-pesar-das reparacaes que sofreu no decorrer do tempo, tornou-se insuficiente para o servico religioso de toda a populacao, em virtude das suas acanhadas dimensaes e tambem por estar exposta a ser arrastada pela violencia da corrente, que lhe passava proximo. A nova igreja, comecada a construir em lugar mais seguro no ano de 1745, 6 um templo elegante e espacoso, tendo o seu altar-mór fabricado em excelente talha de madeira dourada e sendo um dos mais belos de toda a ilha. A antiga capela, dedicada á Natividade de Nossa Senhora, foi centro duma concorrida romagem e ali afluiam inúmeros romeiros, vindos de freguesias distantes, a-pesar-dos incómodos da viagem e da falta de quaisquer comodidades que o local lhes poderia oferecer. Embora em proporcoes mais limitadas, continua a realisar-se esta romigem a actual igreja paroquial, que tem a mcsma invocacao da velha ormida. Pelo Breve Pon-

tificio de 30 de rgosto de 1785, 15 concedida indulgencia pIenária 'aos que visqarem este templo, por ocasiao da festividade do respectivo orago, que anualmente se realiza no dia oito do mes de setembro. O alvará régio de 11 de fevereiro de 1746 decretou a cria@io dum curato nesta freguesia. Nos seus limites encontravam-se as capelas de Sao Roque, onde se instalou a séde da paróquia de Sao Roque do Faial; e o de *Silo Luiz~,que já nilo existe, fundada em 1725 por Manuel de Carvalho Valdavesso, no sitio da Diferenca. Tem ainda i capela de Nossa Senhora da Penha de Franca>, no sitio da Fazenda, instituida por Antonio Teixeira em 1685 e restaurada por Joao Teodoro Figueira no ano de 1904. Fajl da Ovclha (Silo Joao Baptista). Sao discordantes os dados que se conhecem ácerca da época precisa da criacao destr freguesia. Sabe-se que por meados do primeiro quartel do seculo XVI se estabeleceu na ermida de Sao Lourenco urna capelania-curato, com seu capelao privativo, e que pelo ano de 1550 se instalou ali a sCde da nova paróquia. Um alvará régio do ano de 1705 autorisou a transferencia daquela séde para o sitio da Faja da Ovelha, mas sómente muito mais tarde é que neste lugar se construiu a respectiva igreja paroquial, que se deu por terminada pelo meado do seculo XVIII, realizando-se entao a projectada mudanca. O novo templo teve Sao Joao Baptista como titular, continuando a antiga capela com a invocacao de Sao Lourenco, a qual existe ainda no sitio deste nome. Foi estabelecido um curato nesta paróquia pelos fins do seculo XVIII, nilo tendo encontrado notícia do alvará régio que o criou.

Ponta Delgada (Senhor Bom Jesus)-Por 1469 tomou o antigo povoador Manuel Afonso de Sanha terras de sesmaria no lugar desta futura freguesia e nelas instituiu uma ermida dedicada ao Senhor Bom Jesus, cuja construclo 6 anterior a 1507, ano dr morte do seu fundador. Foi capelania-curato e nelr se estabeleceu a séde da paróquia,criada pelo ano de 1550. A antiga crpela recebeu importantes reparacoes em 1637 e foi notrvelmente ampliada no ano de 1700. No principio do seculo XIX passou por uma grande restauracao, destacando-se os trabrlhos realizados na capela-mór, na capela do Santissimo

Sacramento e na sacristia, que tornaram este templo o mais belo e suntuoso da costa setentrional da Madeira. A 12 de JuIho de 1908 foi inteirrmente destruido por um violento incendio, que o reduziu a um montao de escombros, tendo a grande dedicacao e os mais diligentes esforcos do respectivo pároco Casimiro de Freitas e Abreu procedido sem demora á sua reedificacao e havendo sido solenemente sagrado no ano de 1919. A capela do Senhor Bom Jesus foi centro duma antiga rornagem, que ainda hoje é das mais concorridas de toda a ilha, havendo notícia de que já se realizava no ano de 1577. Na noite de 30 de Dezembro de 1847 praticou-se nesta igreja paroquial um roubo muito importante de grande numero de objectos de prata destinados ao servico do culto, tendo sido descobertos os autores do roubo e restituidos quasi todos esses objectos. Esta paróquia compreendia os terrenos que hoje a constitoem e tambem os que actualmente formam a freguesia da Boaventura. Alargando-se o povoamento para o interior, veiu o alvará régio de 4 de Fevereiro de 1733 criar o curato da Boaventura com sCde na capela de Santa QuitCria, qu'e ali fdra construida alguns anos antes pelo povo, tornando-se paróquia autonoma no ano de 1836. Esta freguesia teve as capelas de #Santa QuitCria., já mencionada, e a de ~ S a oCristovao., no sitio deste nome, ambas dentro da área da paróquia da Boaventura; a de aNossa Senhora da Conceicao,, reedificada por Manuel de Freitas da Silva no ano de 1754; e as de <Santo Antonio. e de *Santanas, cujos instituidores e anos da sua construcao nos sao desconhecidos. Ainda ali se encontra a capela dos Reis Magos, antiga instituicao vincular da casa Carvalhal, que foi reconstruida em 1778 e novamente restaurada no principio deste seculo. Por legado de D. Julia Esmeraldo, falecida hA poucos anos, possuem os prelados diocesanos nesta paróquia uma boa casa de campo, conhecida pelo nome de Quinta da Palmeira, que tem anexa uma capela de construcao muito recente.

Santana (Santana)-Esta paróquia nao teve primitivamente um tao rápido desenvolvimento como as freguesias do Faial e de Sao Jorge, que a limitavam pelos quadrantes de leste e sCste, devido a circunstancias que hoje se dessonhecem. Foi

desmembrada da de S. Jorge e criada pelo alvara: régio de 4 de Junho de 1552, sendo instalada a sua séde na capela de Santana, que ao tempo era jai servida por um capelao, o qual continuou a exercer as funcoes paroquiais atk o ano de 1565, em que definitivamente se fez a nomeacao do primeiro pároco. A antiga capela de Santana, F e parece ter sido acrescentada nos fins do século XVI, serviu de igreja paroquial até os primeiros anos do século XVIII, em que ficou concluido o novo templo, cuja constrccao tinha sido iniciada no ano de 1698. Recebeu importantes reparacoes por meados do século XVIII e princípios do século seguinte. Diz-nos o anotador das Saudades da Terra que houve nesta freguesia uma capela da invocacao de S20 Joao, fundada em 1660 pelo chantre Domingos Cioncalves Alvarenga, e existe ainda a de #Santo Antonio~,no sitio da Achada de Santo Antonio, construida no segundo quartel do século XVI e reedificada pelo povo no ano de 1730.

As

fre~uesias criadas no -

século XVI

Selxal (Santo Antao) A benignidade do clima e a fertilidade do sólo convidaram a antigrs explorq8es agrícolas nesie lugar, e o isolamento e grande distiicia a que se encontrava dos núcleos de populacao de Sao Vicente e do Porto do Moniz determinaram a construcao duma capela, que ern breve se erigíu em igreja paroquial, com a criacao da freguesia, pelo alvará regio de 20 de Junho de 1553, a pzsar-do número limitado dos >eus habitantes. A antiga ermida era dedicada a Santo Antgo, que continuou a ser o orago da iarzja paroquial, nao conseguindo alcancar quaisquer outras informacoes, que possam interessar á historia desta. Alkm da igreja piroquial, nao temos noticia de outra capcla existente neste freguesia. Campandplo (Sao Brás)-Provem-lhe o nome, diz-se algures, da existencia dum ilheu, com a fórma duma pzqueria sineira ou camoanário, situ~dqproximo da costa maritima, que a violencia dos ondas embravtcidas já destruiu em grande parte. Dzsagrepida da píróquia da R~beiraBrava, formou-se a do C ~ m ~ í n á r no i o terciiro qu~rteld 2 sCculo XVI, sendo constituidi freguesia autó iqmx pelo$ anos de 1553 E da. beleceu-se a sua séde r i c~pela ~ de s a ~ B-ás e ali permarleceu por muitos anos. Na ) s3b:mos se a actual igrejq, que foi reedifícida n l p-riido dec~rridgde 1677 a 1633, C a ampliacáo ou reconstrucao da antiga capela ou se foi erigida em sitio diferente dela. O notavel desenvolvimento da popu-

laca0 determinou a cria@o dum curato, pelo alvará régio de 7 de Maio dc 1727. Existiram nesta freguesia as capelas de aNassa Senhora do Carmo~,instituida em 1658 por Domingos Fernandes; a de aSao JoiXo Baptista,, construida por Joao Bztencourt da Camara no ano de 1728; e a de cNossa Senhora do Rosario., mandada edificar em 1748 por Antonio Leindro da Camara Lomelino. Conservam.se ainda as de aNossa Senhora da Gloria-, fundada por Henrique de Betencourt em 1599 e restaurada ha poucos anos pela condessa de Torre Bela; e a de ~NossaSenhora do Bom Despacho*, instituida por Jerónimo de Atouguia Betencourt e reedificada pelo padre Francisco Nicolau de Brito no ano de 1762. O Colégio da Companhia de Jesus do Funchal possuia nesta paróquia o seu mais vasto prédio rústico, chamado a Quinta Orande, que mais tarde veiu a constituir urna parte muito consideravel da freguesia que hoje tem este nome. Tambem era pertenca do mesmo Colégio o sitio que aindr agora conserva a denominacao de Faja dos Padres, tendo ali os jesuitas uma pequena capela da invocacao de ~Nossa Senhora da Conceicaon, que os mouros destruiram no ano de 1626. Nasceu nesta freguesia o bispo da cidade de Sao Paulo, Brasil, D. Manuel Joaquim Goncalves de Andrade, falecido no ano de 1847.

Oaula (Nossa Senhora da Luz)-Teria sido desmembrada d i freguesia de Santa Cruz pelo ano de 1558, ao menos como curato autónomo, sendo essa a data aproximada da sua criacáo. Conjecturamos que nesse tempo já ali existir a capela de Nossa Senhora da Luz, séde do curato e posteriormente da paróquia, que nela permaneceu cerca de dois séculos. A nova igrejr, que é a actual, comecou a ser edificada por 1754, havendo sofrido varias reparricos através dos tempos e sendo-1he construido o campanário no ano de 1915. Teve as capelas de 1iSao Joiío de Latraor, no sitio deste nome, mandada construir por Nuno Fernandes Cardoso, como pertenca do morgrdio por ele instituido em 1515; e a de cSao Marcos., no sitio do Porto Novo, de que nao houvemos outra noticia. Possui a igreja paroquial uma primorosa cruz de prati dourada do século XV, que é um objecto de grande valor aro

tístico, tendo figurado na Exposicao de Arte Ornamental de Lisboa no anb de 1882.

Ponta do Pargo (Slo Pedro)-Pouco depois de estabelecida a freguesia da Faja da Ovelha, dela se desmembrou a da Ponta do Pargo, cuja criacao nao deve ser muito anterior ao ano de 1560. Instalou-se a sua séde na pequena capela de Sao Pedro, já ali existente e que ao tempo nao seria de uma construcao muito recente. Tendo-se esta desmoronado, foi reedificada em ano que nao podemos precisar. Por 1690, ordenou-se a edificacao dum novo templo com mais largas proporcaes, o que veio a realizir-se dentro de poucos anos. No mesmo sítio, mas em tres lugares diferentes, se fizeram essas diversas construc6es. Na área desta fregues'a encontram-se as capelas de aNossa Senhora do Amparo>, no sítio deste nome; e de ~NossaS e n h ~ ra da Boa Mortew, no sitio do Cabo, fundada em 1666 por Custodio Nunes da Costa. Agua de Pena (Santa Beatriz) -Pode afirmar-se com grandes probabilidades de certeza que alguns dos mais próximos descendentes do donatario de Machico Tristao Vaz foram os primeiros pov~adores~deste lugar e que a Cles se deve a fundacao duma pequena ermida da invoca$ío de Santa Beatriz. Nela se erigiu a sCde da nova paróquia, separada da de Machico, pelo ano de 1560. No decurso do tempo foi essa capela acrescentada e recebeu importantes reparscoes, havendo sido ordenada a construcao duma nova igreja no ano de 1690, mas as respectivas obras semente vieram e realizar-se por meados do século XVIII. No ano de 1836 o vigario capitular e governador do bispado Antonio Alfredo de Santa Catarina Braga suprimiu esta paróquia e anexou-a A de Santo Antonio da Serrs, mas foi de novo restaurada pela carta de lei de 24 de Julho de 1848, dando-se entao uma pequena alteracao na distribuicao dos sítios, que compunham as duas freguesias. Tem duas capelas e ambas de recente fundacao: a do 8Sagrado Coracao de Jesus., no sítio dos Cardais, instituida pelo conego Henrique Modesto de Betencourt no ano de 1907; e a de ~NossaSenhora de PerpCtuo Socorro*. no sitio da Queimada, mandada construir cm 1924 par Francisco de Freitas Corre'a.

Canica1 (Sao SebastilIo)-A antiga capela de Sao Sebastiao foi fundada no primeiro quartel do século XVI por Garcia Moniz, que possuia muitas terras de sesmarii$nSste lugar, entao pertencente A fteguesia de Machico. O seu isolamento e outres condicaes do meio aconselhariam a cria~aoduma paróquia, o que veio a acontecer no ano de 1561, ficando sempre, até a épc ca actual, uma pobrissima povoacao de pescadores. A capela, que Ihe servili de séde, foi ampliada por 1594, tendo-a deixado em grande ruína o terramoto de 1748. Prc-cedku-se sem demora a sua reconstrucio cnm maiores dimenso-S, sendo benzida solenemente a 13 de Dezembro de 1750. Numa eievacao montanhosa sobranceira ao oceano, encontra-se uma capela dedicada a gNossa Senhora da Piedade., que é bastante antiga, atribuindo uns a sua coristrucao ao voto feito pela tripulacao duma caravela que naufragara no sopé da penedia, e outros a um dos descendentes de Garcia Moniz, vindo posteriormente a ser pertenca do morgadio dos Barretos de Santa Cruz. Entre esta caprla e a igreja paroquial, atravessando o mar em numerosos barcos vistosamente engalanados, redliza-se todos os anos um original e pitoiesco cortejo religioso, conduzindo a imagem de Nossa Senhora da Piedade, que é ali objecto de grande veneracao.

Estrello da Calheta (Nossa Senhora da Grata)-Urna fazenda povoada, estabelecida pelo polaco André Goncalves de Franca, qrie seu filho Jcao de F r a n c ~tornou vinculada e nela edificou urna capela, foi a origem remota desta freguesia, que veiu a constituir-se como paróquia autónoma pouco anteriormente ao ano de 1562, tendo sido uma capelania-curada com o scu capelao privativo ali residente Essa capela, dedicada a Nossa Senhora da Graca, serviu de séde i nova freguesia até iconstruqao da igreja paroquial, havendo sofrido varias reparacOes e sido tambem notavelmente acrescentada. Em vários lugares veem citados um diploma oficial de 20 de Julho de 1690, quemanda dar de arrematacao as obras de construcao dum novo femplo, e o alvará régio de 27 de Julho de 1705, que autoriza a reedificada igreja em sítio diferente do primeiro. O anotador das Saudades da Terra diz que essa reconstrucilo se fez no período decorrido de 1690 a 1705, o que nao contraria as informa~ 6 e fornecidas s por aqueles documentos. No entretanto é c a t a que na frentaria da actual igreja se le urna inscric%o latina, em

cae

que se diz que ela foi mandada construir por D. Maria 1 no ano de 1791, data esta que deve corresponder inteiramente 4 verdade. Em virtude do desenvolvimento da populacao foi criado um curato nesta freguesia pelo alvará régio de 20 de Outubro de 1605. Existem nesta paróquia as capelas dos (Reis Magos*! no sitio do Lombo dos Reis instituida em 1529 por Francisco Homem de Gouveia; a de ~NossaSenhora da Conceicaos, no sítio da Igreja Abaixo, edificada por Atidré de Franca Andrade no ano de 1672; e a de ~NossaSenhora do Livramento~,no sitio do Lombo dos Reis, fundada em 1858 por D. Inacia Betencourt Perestrelo. Teve a capela de aNassa Sznhora da Piedadeu, mandada construir em 1641 por Francisco Alvares Homem, e de mNossa Senhora dos Prazeres*, de que nao ternos outra noticia. Santo Antonio (Santo Antonio) -Diz-se numa das anotacaes das Saudades que esta freguesia foi provavelmente criada pelo tempo da de Sáo Pedro, isto é no ano de 1566, mas inclinamo-nos a acreditar, como já deiximos dito no livro Par6qufa de Santo Antorrlo, que a sua instituicao deve datar, ao menos com um curato independente, do ano de 1557, pois que a partir desta época é regular o lancamento dos termos de baptismos e casamentos, o que evidentemente demanstra a existencia duma paróquia autónoma. Já entao havia ali uma capela consagrada ao taumaturgo portugues Santo Antonio com seu capelao residente, servindo ela para a instalacio da séde da nova freguesia. No primeiro quartel do século XVII procedeu-se á construca0 dum novo templo, que no período decorrido de 1665 a 1682 foi nptavelmente acrescentado e passou por urna grande restauracao, sendo ainda consider~dode acanhadas dimenaaes para o movirnento sempre crescente da populacao. A edificacáo da igrcja actual realizou-se nos anos de 1783 a 1789, prosseguindo ainda por muito tempo os trebalhos da sua definitiva conclusao. Ameacando o tecto iminente ruina e sendo ainda reclamadas outras imediatas reparacoes, fizeram-se recentemente, de 1921 a 1930, largas e dispendiosas obras de rest turacao, em que entraram a reedificacao das campariilrios cam a instalacao dum magnifica relógio, a arlística decorP~a0

da capela-mór e de outras dependencias do templo, a construda casa do arquivo e de muitos outros melhoramentos considerados indispensáveis. O alvará régio de 29 de Outubro de 1602 autorizou a criac8o dum curato nesta freguesia, que é o mais antigo dos curatos deste bispado, olém dos das igrejas que tinham colegiadas. Dos anos de 1906 a 1930 Ioi servida por um segundo cura ou cura-coadjutor. Existiam nesta paróquia as capelas de .Santa Maria Madal e n a ~ no , sítio deste nome, fundada no segundo quartrl do século XVI e inteiramente reediiicada no ano de 1684 por Josk Machado de Miranda, que tomou o encargo de padroeiro, restando apenas dela um montan de ruinas; a de tNossa Senhora das Brotas., no sítio da Quinta das Freiras, instituida em 1678 por Manuel Martins Brgndao; a de cNossa Senhora da Quietacao~,no sítio dos Alecrins, construida no ano de 1670 por Lourenco de Matos Coutinho; a de .Santa Quitéria.. no sítio deste nome, mandada edificar pelo alferes Simao de Nobrega, no ano de 1727; e urna pequena ermida com a invocade .Santa Cruz e Almas., anexa á antiga igreja paroquial e construida nos fins do século XVII. Aplicadas ao uso do culto possui esta paróquia as seguintes capelas: a de .Santo amaro^, no sitio do mesmo nome, que é das mais antigas da diocese e data de 1460 o ano da sua construcao, que se atribui a Garcia Homem de Sousa, genro de Joao Gonc%lves Z ~ r c o tendo , sido reedificada nos fins do século XViI ou princípios do :éculo XVIII; a de asilo Fiíipe de Jesus., fundada em 1536 por Martim de Leme, reconstruida por Inacio da Camara Leme em 1654 e de novo reedificada, por motivo dos estragos causados pelo terramoto, por Francicco Aurélio da Camara Leme no ano de 1752; a de eNossa Senhora do Amparo,, no sitio dos A1iamos, instituida em 1698 por Bartolomeu de Sá Machado; a de tNossa Senhora do Populov, no sitio do Pico do Cardo, conhecida pelo nome de Capela da Quinta dos Padres, por haver pertencido 4 residencia que os jesuitas ali porsuiam, cuja fundacao deve datar dos princípios do seculo XVIII; a de mNossa Senhora das Preces., no sitio deste nome, mandada construir em 1768 por Rodrigo da Costa e reedificada em 1856 pela sua entao proprietária D. Joana de Albiiquerque e Franca; e a do cemiterio parequial, dedicada a .Nosso Senhora da Luz. e construida por

cae

cae

1843, conservando-se nela o altar da antiga capela das Brotas. No sitio do Trapiche desta freguesia fica a conhecida Casa de Saúde destinada aos doentes do sexo masculino atacados de alienaciío mental e dirigida pela benemérita ordem religiosa de Sao Joao de Deus, que é um estabelecimento verdadeiramente modelar, nao receando confrontos corn os outroj hospitais similares do seu genero. No local existiu uma antiga casa solarenga com urna capela adjunta dedicada a Sao Joao e Santana e construida em 1814 pelo morgado Joao Antonio de Gouveia Rego, sendo substituidas por varios pavilhoes e uma a m ~ l aigreja consagrada ao fundador da Ordem de Silo 1020 de Deus, que foi recentemente inaugurada. Esta casa de saúde foi fundada em 1923 e está prestando no meio madeirense os mais assinalados servicos. O velho solar, a capela anexa e uns vastos terrenos adjacentes foram legados por D. Maria Paula Rego, representante dos antigos fundadores e falecida no ano de 1922, ao padre Manuel Joaquim de Paiva e destinados aos encargos gerais da Diocese do Funchal. No ano lectivo de 1917 a 1918 funcionaram ali todos os servicos escolares e de formncao eclesiástica do Seminario Diocesano. No sitio da Terra-Cha, encontra-se uma modesta initituic2o de assist2ncia denominada ~Dispensárioda Divina Providencia~,fundada há dois anos pelo dr. Wiiliam Clode, que particularmente se destina ao fornecimento de leite e tratamente médico de muitas criancas desvalidas, tendo tambem anexo o funcionamento duma pequena créche.

Nossa Senhora do Monte (Nossa Srnhora do Monte)-N&te lugar e por 1470, estabeleceu Adao Goncalves Ferreira, o primeiro homem que nasceu nesta ilha. urna fazinda povoada com urna pequena ermida dedicada a Nossa Senhora da Incarnacao, que foi a primitiva origcm deste: centro de populictIo. Nessa capela se instalou a séde da paróquia, quando se deu a sua criaqlo, pelo alvará régio de 7 de Marco de 1565, tendo-se mudado o nome da sun invocaciío para Nossa Serihora do Monte, depois do aparecimento da Virgem S~ntissima,no Terreir0 da Luta, a uma pobre e ingénua pastorinha. A actual igreja paroquial, que foi levantada com um certo aparato e magnificencia, levou seis anos a construir no período decorrido de 1741 a 1747, coiitinuando ainda, em anos subsequentes, os trabalhos das decoracoes interiores e da con-

clusio definitiva de outras dependencias indispensáveis ao servico do culto. O terramclto de 1748 danificou bastante a nova igreja, que foi prontamente reparada, corrigindo-se entao alguns erros graves, que se tinham cometido na primitiva edificacao. Para acudir a tilo dispendiosas obra., fizeram-se vários peditórios em toda a diocese, e o bispo D. Fr. Joao do Nascimento institoiu para esse fim a mconfraria dos Escravos de Nossa Senhora do Monte>, que despertou grande devocao entre os fieis e cujas reccitas foram totalmente aplicadas áquele destino. Esta igreja foi sagrada pelo bispo D. Fr. Joaquim de Menezes e Ataíde no dia 20 de Dezembro de 1818. Acha-se sepultado neste templo o imperador Carlos de Austria, que faleceu na Quinta do Monte a 1 de Abril de 1922. E' centro duma das mais antigas e talvez da mais concorrida romagem, afluindo ali, nos dias 14 e 15 de agosto, muitos milfares de pessoas vindas de todas as freguesias da Madeira. Tem esta freguesia as capelas dos aReis Magos., no sitio da Quinta dos Reis, fcndada por Duarte Mendes de Vasconcelos no ano de 1554; a de aNossa Senhora do Desterron, no sitio do mesmo nome, cujo instituidor e ano de construcao ignoramos, sendo recentemente adquirida e restaurada pelo dr. Juvenal Henriques de Araujn; a de ~NossaSenhora do Livramento., no sitio deste nome, construida em 1684 por Inacio Ferreira Pinto e reedificada um século depois, por JO&O José Betencourt de Freitas; a de aNossa Senhora do Rosárion, na Quinta da Paz, sitio da Quinta do Salvador; a de lasanto Ant o n i o ~ no , sitio da Prnha de Franc~, mandada edificar em 1718 por Manuel Ferreira Brazao; a de aNossa Senhora da Piedade., no sitio deste nome, fundada em 1728 por D. Escolastica Lomelino; a de (Nossa Senhora da Conceicaott. no sitio das Babosas ou Largo da Conceicao, erguida no ano de 1906, para ccmemorar o semi-centenário da definicao do dogma da Imaculada Conceicao; a do asagrado Coracao de Jesus., no sitio do Livramento, levantada pelo padre Carlos Jorge de Faria e Castro, por 1920; a do *Sagrado Coracao de Jesus., na Quinta do Monte, sitio do Pico, mandada construir em 1924 por Luiz da Rocha Machado, em memórla do imperador Carlos de Austria; a do «Menino Jesus., no sitio da Quinta dos Reis, edificada em 1925 por Francisco Ferreira Caseiro; a de aNossa Senhora da Paz., no Terreiro da Luta, adjunta ao Monumento da Paz e erigida em 1928 por iniciativa

FREGUESIAS DO SÉCULO XVI

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do pároco José Marques Jardim; a da [~Visitacaode Nossa Senhora a Santa Isabel*, no Hospital dos Marmeleiros, inaugurada em 1930; a de .Nossa Senhora da Conceicao~,no sitio da Igreja, edificada há poucos anos pelo crpitao José Sotero e Silva e concluida e restaurada no ano de 1937 por Joao José de Freitas Belmonte; e a de .Santa Tereza do Menino de Jesusn, fundada recentemente pela familia do Conde de Canavial, mas cuja construcao nao está ainda terminada. Já nao existem as capelas de uNossa Senhora da Esperancaa, que era de antiga fundacao; a de ~ N o s s aSenhora da Penha de Franca, no sitio deste nome, instituida por Luiz Ooncalves Mercader, no ano de 1620; a de santo Antonio dos Capuchos~,no sitia da Portada de Santo Antonio; a de
alusivos ao aparecimento de Nossa Senhoranaquele local a uma simples e ingenua pastorinha. Levanta-se ao lado uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Paz. Este monumento foi solenemente inaugurado no ano de 1925. Na irea desta freguesia ficam o #Hospital da Santa Casa da Misericórdia., no sitio dos Marmeleiros, instalado no ano de 1930, o
XIX

As freguesias criadas no século XVI Sdo Pedro (Sao Pedro)-Da freguesia da Sé Catedral desmembrou-se a de Santo Antoilio, e pouco depois, ou talvez pela mesma época, dela se separou tambem a de S. Pedro, cuja criacao se deu pelo alvará régio de 20 de julho de 1566, estabelecendo-se a sua séde na capela de S. Pedro e S, Paulo, que fdra fundada por Joao Goncalves Zargo e junto da qual tivera a sua segunda moradia. Nao logrou ampla duracao, pois que o alvará régio de 3 de marco de 1579 veiu extingui-la e simultaneamente a dividiu em duas freguesias, as de S. Roque e S. Martinho, passando uma pequena parte do seu território para a freguesia da Sé. Breve se reconheceu a nao oportunidade dessa extincao e Iogo passados oito anos foi restaurada pelo alvará rCgio de 14 agosto de 1587 com sede na mesma capela de S. Pedro e S. Paulo e constituida com trechos apartados das paróquias da Sé, S.Roque e S. Martinho. As exfgurs dimensoes da capelr de S. Paulo levaram á construcao de outro templo, que é o actual, sendo dado por terminadas as respectivas obras nos ultimos anos do século XVI, passando entao a chamar.se a a.1greja Nova de S. Pedro.. Nos fins do segundo quartel do século XVIII passou por urna profunda e radical transformaciío, que lhe imprimiu o aspecto de beleza e de elegancia que ainda conserva, Superabundavam as capelas nesta freguesia, que eram na sur quasi totalidade de instituicao vincular e especialmente dcs-

titiadas ao uso dos seus proprietários. Erani ainda em maior número os uoratóriosu existentes no interior de diversas habitacoes particulares, en? que se ceiebrava o santo sacrifício da rnissa, encontrando-se na Camara Eclesiástica o registo de muitos breves pontifícios, em que se concede o privilégio de oratório privado e até o de altar portátil, o que nao se tornava dificil de alcancar em outras épocas. Existem as seguintes capelas: a de .Santa Catarinan, instituida por D. Constanca Rodrigues de Almeida, mulher de Joito Goncalves Zargo, que foi a primeira ermida levantada nesta ilha e que é um pequeno monumento a recordar o início da colonizaca~ madeirense; a de «S. Pedro e S. Paulo*, hoje sómente conhecida por S. Paulo, fundada por Joito Goncalves Zargo junto da sua residencia; a de #Santa Clara*, que primitivamente se chamou Coiiceic30 de Cima, tambem instituida por Joao Goncalves Zargo, que ficou anexa ao mosteiro de Santa Clara e que foi inteiramente reconstruida na segunda metade do século XVII; a de a s . Jo3o Baptistw, na margem direita da ribeira do mesmo nome, cuja construcao se tem igual. mente atribuido ao primeiro capitito-donatário do Funchal e que é das mais antigas da diocese; a de a s , Lazaro~,no antig o Hospital dos Laziros, hoje cadeia comarca, construída no sCculo XVI c reedificada no fim do século XVII; a de aNossa Senhora da Penha de Franca., na rua deste nome, instituida em 1622 por Antonio Ijantas e reconstruida no ano de 1712; a de ~ N o s s a Senhora da Saude~,nos Moinhos, erigida em 1659 por Pedro Correia Valdavesso; a de #Nossa Senhora das Angustias., no sitio deste nome, fundada por Diogo da Costa Quental em 1662 e de novo construida na Quinta Lambert; a de aNossa Senhora da Piedade., na Quinta das Cruzes, mandada edificar por Francisco Esmeraldo Henriques no ano de 1692; a de ~NossaSenhora da Conceicaot~,na rua da Carreira, levantada em 1770 por Luiz Betencourt de Albuquerque e Freitas; a de aSantaria~,na Cruz do Carvalho, instituida pelo dr. Antonio Dionisio da Silva Conde no ano de 1770; a das nAlmas Pobres*, na rua das hlerces, erigida em 1781 por Roque José de Araujo; a de aNossa Senhora da Piedades, no Cemiterio das Angustias, inaugurada em 1845; a de aNossa Senhora das Dorec., no Hospicio da Priccesa Dona Maria Amelia, edificada em 1862; e a da ~MedalhaMiraculosa~,construida em 1927, que é pertenca do Orfanato adjunto ao mesmo Hospicio

No Paco Episcopal, no Asilo de Mendicidade e Orfaos. nas dependencias do Lactario, dirigido por membros da Ordem da Apresentacao, e ainda em diversas hrbitacoes encontram-se aoratorioss particulares, em que celebram os oficios divinos. Já nao existem, mas há noticia das seguintes igrejas e capelas: a de (S Franciscom,demolida no ano de 1866, no sitio do actual Jardim Municípal e que fazia parte do antigo convento daquele nome e a de ~ N o s s aSenhora das Mercesa, demolida em 1911 e que era contigua ao convento do mesmo nome, no sitio em que ora se levanta o Auxilio Maternal; a capela de mNossa Senhorlt das Maravilhas~,no Largo deste nome, fundada em 1657 por Diogo de Betencourt Correia e reconstruida por D. Mariana da Silva no ano de 1736; a de ~ N o s s aSenhora da Conceic%o., construida por Rui Dias de Aguiar em 1662; a de (Nossa Senhora da Salvacaos, no sitio das Fontes, instituida por Joao Betencourt Henriques no ano de 1663; a de asanta Brígida., erigida em 1668 por Antonio Maciel de Afonseca Cerveira; a de mNossa Senhora da Vida., mandada construir em 1679 por Manuel Valente; a de «Nossa Senhora da Conceicao., na Fortaleza do Ilheu, edificada no ano de 1687;.a de *Nossa Senhora da Piedades, nos Arrifes, instituida em 1695 por Francisco Esmeraldo Henriques; a de &S,Francisco das Furnasa, no Caminho de Santo Antonio, fundada em 1697 pelo cónego Pedro Correia Barbosa; a de aNossa Senhora da Boa Hora., mandada edificar apor cima desta cidade*, no ano de 1726, pelo capitao Antonio de Carvalho Drumond; a de nossa Senhora da Pieddde., proximo da Cruz do Carvalho, levantada em 1767 pelo capitao Joao Francisco de Freitas Esmeraldo; a de *S. Joao Baptistam, na Fortaleza do Pico, construida por meados do século XVII; e ainda as ermidas de aNossa Senhora das Necessidades., de cNocsa Senhora da Encarnacaop e a de;Nossa Senhora do Populo., de que nao alcancámos outra noticia. A Ordem Seráfico teve nesta paróquia os conventos de 11S. Francisco*, de *Santa Clarao e de ~ N o s s aSenhorades Merces., de que daremos mais desenvolvida noticia, quando nos ocuparmos das comunidades religiosas. Na sua área se levanta o grandioso edificio do uHospicio da Princesa Dona Maria Amelia*, fundado em 1856 pela Imperatriz Dona Amélia e dirigida pela congregacao das Irmas de Caridade de S. Vicente de Paulo, que se destina ao tratamento

da tuberculose nas classes desvalidas tendo anexo um Orfanoto com um internato para criancas pobres e outros servicos de assistencia, além das escolas gratuitas, em que se ministra a instrucao primária a um numero consideravel de criancas. Junto 4 capela de S. Joao da Ribeira, as religiosas diocesanas de Nossa Senhora das Vitórias manteem tambem com muito z€lo e aproveitamento, um servico de assistencia e educacao, digno do maior apreco. No antigo convento de Santa Clara, dirigem as Irmas Missionarias de Maria um colegio de formacao de pessoal missionario do sexo feminino, destinado 4s colonias portuguesas, que funciona sob a dependencia da Corporacao Missionaria do Clero Secular Portugues. No mesmo edificio manteem essas beneméritas religiosas uma créche frequentada por algumas centenas de criancas pobres que está prestando um assinalado servi~o4s classes desvalidas da cidade do Funchal. A Congregacao da Apresentacao de Maria dirige e sustenta, na rua da Mouraria, com a maior abnegacao e desinteresse, alguns servicos de assistencia, como sejam uma créche, um internato para criancas, uma obra de proteccao 4s raparigas etc. tudo destinád~ 4s classes pobres e mantido pela caridade pública. Tabúa (Santissima Trindade)-Os terrenos que actualmente formam esta freguesia foram desmembrados da da Ribeirr Brava por 1568, sendo entao constituida como paroquia autónoma. Estabeleceu-se a sua séde numa pequena ermida, talvez da invocacao da Santissima Trindade, que uma aluviao deixou muito arruinada, sendo a nova igreja paroquial edificada no ultimo qurrtel do século XVII e dada por concluida no ano de 1696. Esta freguesia tem as capelas da .Madre de Deus. ou aMae de Deus~,no sitio do mesmo nome ou da Corujeira, que éra de antiga construcao, sendo totalmente destruida por &a enchente da ribeira e reedificada em sitio mais seguro no ano de 1767; a de aNossa Senbora da Conceicao., proxima da praia, fundada em 1688 por Diogo Nunes de Aguiar e reconstruida no ano de 1910 por José da Silva Novita; e a de aNossa Senhora das Candeias~ ou da .Candelaria., no sitio deste nome, que se afirma ter sido instituida pelos antigos povoadores Medeiros.

O alvará régio de 2 de Julho de 1743 criou um curato nesta freguesia. Arco da Calheta (Sao Brás)-Dentro da área da freguesia da Calheta, no lugar que chamavam o Arco da Calheta, fundou Brás Ferreira uma fazenda povoada e nela instituiu urna capela da invocacao de Sao Bris o antigo sesmeiro Joao Fernandes de Andrade, que foram a primitiva origem desta paróquia. O alvará regio de 18 de Junho de 1572 criou ali um beneficiado-curato com privílegios de pároco, tendo j& anteriormente um capelao privativo de residencia permanente no lugar. A' pequena ermida, transformada em capela-mór, se acrescentou um novo corpo, que ficou sendo a igreja paroquial. Nos principios do terceiro quartel do sCculo XVIII se iniciaram os trabalhos de construcao duma nova igreja, que 6 a actual, sendo benzida solenemente no dia 1 de Janeiro de 1755, O alvará regio de 29 de Dezembro de 1676 autorisou o prelado diocesano a criar um curato nesta freguesia. Nao teve poucas capelas e ainda ali se encontram as seguintes: a de =Nossa Senhora do Loreto*, de interesante arquitectura, fundada por D. Joana de Eca nos princípios do século XVI; a de ~NossaSenhora da Vida*, no sitio da Faja do Mar, construida em 1663 por D. Ines Teixeira; a de mNossa Senhora da Nazarém, no sitio das Paredes, instituida por Francisco Fernandes de Barros no ultimo quartel do seculo XVII e reedificada em 1830 por Antonio Joao Barbosa de Matos e Camara, a de mNossa Senhora da Conceicaov, no sitio das Amoreiras, construida no ano de 1911 pelo padre José Marcelino de Freitas; e a do #Sagrado Coracao de Jesuss, no sitio da Fonte do.Til, de recente fundacao. Há noticia da existencia destas capelas: a de Nossa Senhora da Concicaos, no sitio da Serra de Agua, instituida nos principios do século XVI por Goncalo Fernandes, figura algo Iendaria de que se ocupam os antigos nobiliarios madeirenses; a de 'Nossa Senhora da Consolacao~,de fundacao bastante antiga, erigida por D. Isabel de Abreu e que ficava situada nas pr6ximidades da actual igreja paroquial; a de mNossa Senhora das Mercesm, construida em 1650 por Gaspar Homem de El-Rei, no no sitio das Florencas; a de~NossaSenhoradoDesterro~,edificada sitio do Ledo por Rafael Esteves no terceiro quartel do século XVII; a de @SantaMaria Madalenam, no sitio das Florencas, Pun-

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FREGUESIAS DO SÉCULOXVI

dada em 1684 por Joao Portes Homem de El-Rei; a de santo Antonio., levantada por Antonio Espranger da Camara em 1724; a de cNossa Senhora da Boa Hora, no sitio da Faja, e ainda as de ~NossaSenhora da Visitacao~e das almas., das quais nao colhemos outra noticia. Sdo Gongalo (Sao Gonca10)-A velha ermida de Nossa Sea nhora das Neves tinha já seu capelao privativo, quando o alvará rCgio de 7 de marco de 1565 estabeleceu nela a séde dum curato dependente da igreja matriz de Santa Maria Maior, que o alvara rCgio de 12 de marco de 1574 elevou á categoria de paróquia autonoma, constituindo-se entao a freguesia de Sao Goncalo com a área que presentemente conserva. Alegando-sc as acanhadas dimensoes da capela e o aumento sempre crescente da populacao, diversas diligencias se empregaram para a ereccao dum novo templo, que sómentc surtiram efeito nos princípios do sCculo XVII, com a construcao da actual igreja paroquial em maiores proporcoes e em sitio mais central. Tem as capelas de mNossa Senhora das Neves., que C de edificacao muito antiga e tem passado por várias restauracoes, havendo servido por largo tempo de igteja paroquial; a de aNossa Senhora da B3a Novan, no sitio deste nome, fundada por Euzebio da Silva Barros no ano de 1701; a de uSao Joao Baptista*, na Quinta do Palheiro, nao aplicada ao uso do culto; a do c Sagrado Coracao do Menino Jesusu no Manicomio Camara Pestana. Já nao existem as capelas de ~NossaSenhora da Encarnacao., instituida no sitio dos Louros em 1656 por Diogo Fernandes Branco; e a de .Nossa Senhora da Piedade, construida por Joao Rodrigues Olivaano ano de 1722. Nesta freguesia encontra-se o Manic3mio Camara Pestana, fundado em 1906, tendo os alienados do sexo masculino sido transferidos para a Casa de Saude do Trapiche no ano de 1924, e continuando naquele Manicomio os do sexo feminino sob a direccao das Irmas de Silo Joao de Deus. Porto da Cruz (Nossa Senhora de Guada1upe)-Teve esta freguesia a sua primitiva orígem numa fazenda povoada com uma pequena ermida da i vocacao de Nossa Senhora,da Piedade, onde se instalou a s de da paroquia, ao ser criada pelo alvará regio de 20 de Setembro de 1577. Nao tardou longo temps a constru@o de outra capela que no segund~e terceiro

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quartel do século XVII passou por importantes reparacoes. Pelo meado do século seguinte, isto é por 1750, procedeu-se ainda A edificacao dum novo templo, que é o actual, em condi~oespouco melhores do que as das anteriores, pois que no ano de 1820 se projectou a criacao duma nova igreja, o que nao chegou a realisar-se. E' curioso notar que o padroeiro desta freguesia ou antes o titular da respectiva ígreja, segundo Iemos algures, passou sucessivamente a ter as invocacoes de Nossa Senhora da Picdade, Véra Cruz, Nossa Senhora da Glória e finalmente o de Nossr Senhora de Gaudalupe, que foi o que perdurou e que ainda conserva. Seis capelas teve esta paróquia, das quais existem as de aNossa Senhora do Socorroo, tambem chamada de Belém, no sítio da Referta, que era pertenca do morgadio Torresao e que Foi reedificada no ano de 1713; e a de asgo Joao Nepomuceno~, no sítio do Lombo dos Leais ou Folhadal, construida em 1776 por Joao Nepomuceno de Freitas Leal. Já nao existem a de aNossa Senhora da Piedaden, que era de antiga fundacao, instituida por António Teixeira, prÓximo*jíescendente do donatário Tristao Vaz e reconstruida no ano de 1734; a de .Santo António~,no sítio da Terra Baptista, fundada por urna família de apelido Nunes Caldeira; a de Silo .Francisco de Borjar, no sitio da Cruz da Guarda, erigida em 1760 por Francisco de Vasconcelos; e a de aNossa Senhora da Fé*, no sítio da Terra Baptista, mandada edificar por Diogo Dias de Ornelas no ano de 1826. O alvará régio de 31 de Julho de 1797 criou um curato nesta freguesia.

Porto do Monlz (Nossa Senhora da Conceicao)-Quando este lugar ficou constituído como paróquia autónoma, em ano pouco posterior ao de 1572, havia já muito tempo que alí se iniciara urna activa exploraca[o agrícola com fazendas povoadas e uma capela servida por um cape120 de residencia permanente, sendo bastante para estranhar que tilo tardiamente se desse r criacao desta freguesia, a qual no snu princípio se chamava da Ponto do Tristao e mais tarde teve o nome de Porto do Moniz, que ainda conserva. A antiga capela de Nossa Senhora da Conceicao, que foi acrescentada e restaurada, serviu de igreja paroquial.at6 A construcao do novo templo, realisada no período decorrido de 1660 a 1668, sendo a capela do Santíssimo

Sacramento edificada muito posteriormente a essa data. O alvará régio de 28 de Dezembro de 1676 criou um curato nesta freguesia com séde no lugar das Achadas da Cruz, sendo esta séde transferida para a capela de Santa Matia Madalena, quaiido as Achadas passaram a constituir uma paróquia independente. A capela de Santa Maria Madalena é centro duma concorrida romagem e tem anexo uma casa pr6pria para residencia do respectivo cura, existindo tambem nas suas imediacoes um pequeno cemitério . Além da mencionada capela, que é de antiga construcao, tem ainda a de 8Sao Pedro., no sitio dos Lamaceiros, restaurada em 1726 e quási inteiramente reconstruida depois do terramoto de 1748, que a deixara muito arruinada. Já nao existem as capelas de .Silo Pedro., no sítio da Terra de Sao Pedro; a de aSBo Paolo e Almas*, fundada pelo padre Paulo Vieira Jardim no ano de 1757; a de cSao José*, no sítio da Vila, Lonstruida por Clemente de Freitas da Silva há cerca de quarenta anos; e a de eNossa Senhora ¿ia Incarnacao~, de que nao temos outra noticia.

Canhas (N-ssa Senhora da Piedade)-Destgregou-se da igreja matriz da vila da Ponta do Sol, pelo alvará rCgio de 30 de Janeiro de 1577, que a constituíu em paróquia autónoma. Serviu-lhe de séde a capela dedicada a Sao Tiago, que o antigo povoador Rui Pires de Canha ou um seu próximo parente fundara neste lugar. Erigiu-se um novo templo ou capela nos princípios do século XVII e para ela se transferiu a séde da paroquia. Outra igreja, que é a actuai, se construiu nos meados do século XVIII, tendo sido Iancada a primeira pedra a 22 de Julho de 1753 e benzida solénemente no mes de Marco do ano de 1756. Tres capelas se encontram nesta freguesia: a de ~Nossa Senhora dos Anjos., no sítio deste nome, cuja construcao se remonta ao terceiro quartel do século XV; a de .Santo AndrC ave lino^, no sitio do Carvalhal, fundada em 1776 por Carlos Nunes de Freitas da Silva e restaurada há poucos anos por Jacinto Fernandes e José dos Reis; e a do *Sagrado C O ~ P ~ de Jesus., no sitio do Outeiro, de recente construcao. Nela existiram as capelas de ~NossaSenhora do Socorro., instituída em 1665 por Joao Fernandes Linhares; a de ~Nossa Senhora da Anunciacaos ou da Incarnacao, mandada edificar

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por Joao Rodrigues da Camara no ano de 1696; e a de UNOSsa Senhora do Monte e Santana~,edificada em' 1733 por Manuel Rodrigues de Canha. A capela de aNossa Senhora dos Anjosa, que 6 das mais antigas da Diocese, foi centro duma antiga romagem e dela se ocupa Fr. Agoslinho de Santa Maria com alguma largueza no vol. X da conhecida obra Sanfudrlo

Marlano.

E' datado de 7 de Dezembro de 1731 o alvará régio que criou um curato nesta freguesia.

S&o Roque (S80 Roque)-O seo território pertenceu primeiramente a freguesia da Sé, passando em 1566 a fazer parte da de S. Pedro e ficando constituída como paróquia autónoma pelo alvrrá rCgio de 3 de Marco de 1579. Teve a sua primitiva séde na pequena ermida de S. Roque, já ali existente, que foi notavelmente acrekcentada nos princípios do século XVIII e que se desmoronou no ano de 1790, sendo entao o servi~o paroquial desempenhado numa das capelas da freguesia. A construcao da actual igreja paroquial comecou no ptimeiro quartel do século XIX e morosamente se arrastou até o meado do mesmo século. A antiga capela de Sao Roque ficava no sitio que hoje k m o nome de Igreja Velha, sendo o novo edifício levantado em local diferente do da primeira igreja. Destinadas ao servico do culto conserva ainda esta paróquia as capelas de asantana*, no sítio deste nome, instituida em 1607 por Francisco Dias; a de ~NossaSenhora da Alegriaw, no sítio do mesmo nome, fundada por Francisco de Abreu no ano de 1609, que é hoje pertenca da casa Torre Bela; a de
tia desde o século XV com a invocacao de SPo Martinho. Na primeira metade do século XVI, procedeu-se a construcao duma nova igreja, que pelos anos de 1735 passou por uma grande transformacao, sendo cntao acrescentada e muito melhorada. Dada a pequenez e insuficiencia dessa igreja para acudir convenientemente as necesidades do culto, projectou-se a edifica~% dum ~ novo templo com mais amplas proporcoes, realisando-se o Iancamento da primeira pedra no dia 8 de Julho de 1883e iniciando-se desde logo os respectivos trabalhos, que por falta de recursos nao tiveram um largo prosseguimento. Passado um quarto de século recomecaram as obras interrompidas, sendo principalmente aproveitado para esse fim o importante legado deixado pelo benemérito paroquiano José de Abreu falecido a 2 de agosto de 1907 e conseguindo se A f6rca de aturados e diligentes esforcos que a vasta igreja f6sse solénemente sagrada no dia 24 de Junho de 1918. E' de inteira justica destacar aqui tres nomes: o do pároco Manuel Pinto Correia, que projectou e iniciou a realisacao de tao grande melhoramento, o do piedoso legatário José de Abreu, que para ele mais generosrmente concorreu, e o do vice-vigário Teodoro Joao Henriques, que recomecou e deixou as obras em estado de grande adiantamento. Os trabalhos de definitiva conclus%o teem prosseguido sem interrupcao, devido ao zelo e dedicacao dos últimos párocos. A extincao dum dos dois curatos da Sé Catedral, que se deu ha cerca de quarenta anos, determinou a criacao dum cub rato na freguesia de Silo Martinho, cujo provimento sempre se tem mantido, em Pitencao ao grande movimento religioso da paróquia . Fazemos rnencao das capelas ainda existentes: a de *Nossa Senhora da Ajuda*, no sítio da Ajudr, instituída por Fernao Favila na primeira metade do século XVI; a de ~NossaSenhora da Vitóriam, na margem esquerda e próximo da foz da Ribeira dos Socorridos, fundada em 1594 por Francisco Betencourt e reconstruída no último quartel do século XIX; a de ~NossaSenhora da Nazaréw, no sítio deste nome, edificada por Martim Vaz, no ano de 1627; r de ~NossaSenhora das Virtud e s ~ no , sítio do mesmo nome, mandada construir em 1661 por Francisco de Vasconcelos Betencourt; a de *Nosso Senhora do Pilar#, no sitio deste nome, erigida por Goncalo de Freitas

Drumond no ano de 1676; a de mNossa Senhora do Amparo., no sítio do mesmo nome, construída em 1712 por D. Luiza de Mendonca; a de @SantaRita de Cássian, no sítio do Arieiro, levantada no ano de 1934 por Joao Marcelo Oomes; a de *Santano,, no sítio do Ribeiro Seco, edificada por Agostinho Pedro de Vasconcelos Teixeira no ano de 1780; e rinda outra capela da mesma invocacao, no sítio das Virtudes, de que nao temos qualquer notícia. Existiram as capelas de mNossa Senhora de Jesus~, instituída em 1656 por Joao Betencourt de Atouguia, e a de .Nos. sa Senhora da Fé., fundada por Manuel Goncalves Lisboa no ano de 1668.

Madalena do Mar (Santa Maria Mada1ena)-Informa-nos o ilustre anotador de Gaspar Frutuoso, que numa fazenda povoada existente néste lugar fundara Henrique Alemao uma capela da invocacito de Santa Catarina pouco depois do ano de 1457, e que nela veiu a estabelecer-se a sede da paróquia, quando foi desmembrada da igreja matriz da vila da Ponta do Sol a 1 de Fevereiro de 1582. Nesta época já tinha capel%o privativo com residencia permanente no lugar. Nao sabemos se a primitiva ermida de Santa Catarina mudaria a sur invocacao para a de Santa Maria Madalena por ocasiao da criacao da frcguesia, o que nao seria caso único nesta diocese ou se porventura teria sido edificada uma capela diferente daquela e dedicada a Santa Maria Madalena. Nada conseguimos saber Acerca da época da construcao da actual igreja paroquial ou de qualquer restauracao por que houvesse passado através dos tempos. Teve esta paróquia a capela de aNossa Senhora das Maravilhas), de que nao temos outra notícia, e a de asanta Quitériap, fundada pelo padre Diogo de Freitas. Nasceu nesta freguesia o padre António Joao de Lessa (1774-1858), que morreu no Brasil e álí se distinguiu como político, sendo deputado as cortes e tendo contribuido bastante para a independencia daquele país. No ano de 1929 publicou-se no Rio de Janeiro um livro com o título de Esb8go Biográfico do Padre Anbónlo jodo de Lessa.

A S colegiadas A' semelhanca dos corpos capitulares existentes nas sédes das diversas dioceses, que nas respectivas igrejas catedrais exerciam os actos do culto com brilho e aparato, criaram-se igualmente nas povoac6es mais importantes, pela sua populacao ou por outras apreciaveis circunstancias de feicao local, pequenos cabidos ou colegiadas, que, embora em proporc6es ntais reduzidas e com menor imponencia, imprimiam também as festividades religiosas um relativo esplendor, tendo sobretudo a carrcterisi-las a recitacao quotidiana e soléne das Horas Canónicas, A irnitaca0 do que tradicionalmente se praticava desde época remota num grande número de igrejas das comunidades religiosas. Nesta diocese nao se fez esperar muito a criacao de algumas colegiadas, modestamente organizadas em conformidade com as condicoes especiais do meio e de modo particular com respeito ao número dos seus membros e A dotacao das respectivas cóngruas . Nao conseguimos alcancar noticia segura Acerca da época exacta da instituícao dessas colegiadas, sendo todavia certo que se estabeleceram na segunda metade do século XVI, com excepcao da de Santa Maria Maior, cuja criacao deve remontarse aos primeiros anos do mesmo sbculo. Foram elas em número de nove, estando já todas em exercício das suas funcoes cultuais pelos fins do terceiro quartel do sCculo XVI, ernb~rano decorrer do tempo lhes f8sse acrts-

centado o seu pessoal e melhorada a situacio temporal dos seus membros. Além dos servicos próprios da sua institul$Xo, corria aos respectivos beneficiados o dever de auxiliar os vigários nas diversas funcoes paroquiais, que tinham o direito de primazia sobre as obrigacoes da assistencia no caro. Nos primeiros tempos, após a criacao desses cabidos, nao temos ,conhecimento da existencia de qualquer regimento ou estatuto que lhes assinalasse com precisa0 a maneira do seu funcionamento, havendo encontrado sómente umas vagas referencias a certas regras e preceitos, de onde se pode inferir que nao se mantinha uma completa uniformidade no exercício do culto ngs diversas colegiadas deste bispado. Nas cConstituic6es Diocesanasu, decretadas em 1578 pelo bispo D. Jerónimo Bmrréto, nao se encontram quaisquer determinacaes concretas sobre este assunfo, descobrindc-se apenas várias alus¿Jes, que nao conservam uma relacao íntima com aquele funcionamento. Pode admitir-se que sómente no ano de 1680, isto 6, passado mais dum século depois da sua criacao, é que se procedeu minuciosamente e em bases sólidas regulamentacao da vida interna desses institutos com o alvará episcopal de 8 de Julho de 1680, em que se decretou um desenvolvido e bem elaborado Rcglmento, dando-se inteira e uniforme execucao aos diversos servicos cultuais e pondo-se também cobro a muitos e inveterados abusos, que se tinham introduzido no decurso de tantos anos. Nos considerandos que precedem as disposic6cs do Regimento, diz o ilustre prelado D. Fr. António Teles da Silva que atendendo a que . .nas igrejas colegiais há muitas vezes dúvidas e faltas por nao terem regimento por que se governem... com escandalo dos pavos e perturbacao da paz e sossego com que se devem celebrar os ofícios divinos, ordenamos que o provisor e vigário geral Dr. Marcos de Afonseca Cerveira fizesse o seguinte Regimento. . . Extraída desse Reglmento, damos a relacao completa das colegiadas existentes nesta diocese e do número e categoria dos seus serventuarios : as de Santa Maria Maior, Sao Pedro, Machico e Santa Cruz tinham dez ministros, sendo um vigário, um cura, seis beneficiados, um sacristao e um organista; as da Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava tinham um vigário, um cura, quatro beneficiados, um sacristao e um organista; e a do Porto Santo tinha um vigário, um cura, tres beneficiados, um

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sacristlo e um organista. Nessa relaclo nao se menciona a colegiada de Camara de Lobos, porque f6ra extinta em 1676, quatro anos antes da elaboraclo daquele Regimento, por motivos que desconhecemos, tendo sido restaurada por meados do século XVIII. A colegiada de Santa Maria Maior deve ter sido criada nos princípios do s6culo XVI, como acima ficou dito, e quando no ano de 1508 se fez a mudanca da séde dessa paróquia para a dgrejr Grander, igualmente se deu para este templo a transferencia do cabido drquela colegiada, que aqui continuou o seu exercício das funcoes do culto. Restaurada a antiga freguesia de Santa Maria Maior em 1558, foi nela instituída uma colegiada no mesmo ano e com o pessoal que atrás deixamos mencionado. Causa-nos bastante estranheza que no ~egimeritode 1680 nao se faca mencao dos cargos de ldprhgadors e de atesoureiro., quando é certo que eles existiam nas nossas colegiadas, pois temos deparado com inúmeros diplomas régios, que os criaram b u lhes aumentaram as dotacoes, Além das muitrs referencias encontradas Acerca do regular desempcnho desses lugares, e tudo isto respeitante a época anterior ii da promulgacao daquele Regimento Nao podemos fixar o ano em que as colegiadas deixaram de desempenhar os diversos servicos do culto e nem rinda mencionar quaisquer circunstancias de interésse histórico que tivessem acompanhado a sua extinclo. No entretanto sabemos que as colegiaias dos Acores, em número muito superior As do Funchal rinda proporcionalmente & sua populaclo, foram suprimidas no ano de 1832, podendo conjecturar-se que as da Madeira teriam sido extintas em época aproximada. Foi esta a supresslo de direito, decretada por um diploma legal, mas de facto jtí muitas delas se achavam anteriormente extintas, tanto no nosso arquip6lago como no resto do país.

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XXI

As caravelas de Goncalves Zargo e de TristPo Vaz, csnduzindo os primeiros colonizadores qiie inisiaram o povsamentcñ da Medeiro, traziam a scu bordo alguns religiosos franciscanos, que no dizcr dum cronista da sua ordem foram os verdadeiros descobridores do nosso arquip6lago1 considerados debaixo d a ponto de vista estritamente espiritual e religioso. Taivea nessa mesma viagem ou decorrids pequeno lapso de tempo, vieram ainda autros religiosos seus confrades, encontrados na ilha do Porto Santo, no lugar que conserva o riome de Porto dos Frades, e al¡ arrojados por urna violenta tempestade, quando seguiam de Espanha para as ilhas Canárias, segundo o testemunho do doutor Oaspar Frutuoso. Aportada a pequena frota a baía de Machico e efectuada o primeiro desembarque, logo na pedregosa prfiia, que enteratava csm um formoso vale coberto da mais luxuriante vegeta@o, se ergueu um improvisado altar, e um dos franciscanos celebrou o santo sacrifício da missa, prestando a Deus retididas gracas pela feliz chegada a esta ilha desconhecida e impet r a n d ~os auxílios do cbu para a iab~riosaobra da ccrlenizagi80 que ís agora iniciar-se. Tinh-m tilguns membros da ordem serifica dado cornh.cn a PUP misaaa religiosa nn nosso aequipklsgo, que istdtetavel-

mente mantiveram até A época da extincao das ordens monásticas em Portugal. Nao formaram desde logo uma comunidade de observancia regular, que as circunstAncias ocorrentes n i o permitiam, mas desempenhavam com o maior zelo e abnegrcao as funqoes do seu ministério nas modestas capelas que entilo se con~truirame acudiam prontamente com os socorros espirituais quando eram solicitados para esse fim. Sabe-se que nas pequenas ermidas de Santa Catarina, Sao Paulo, Sao Sebastigo, Csncei~aode Cima e igreja de Nossa Senhora do Caihau exerceram éles os diversos actos do culto, enquanto a Ordem de Cristo nao enviou sacerdotes seculares que superintendessem ern todos os servicos religiosos. A distancia a que esta ilha se achava do continente e o isolstnento que ela oferecia aos indivíduos inclinados a um mais perfeito estado de recolhimento e de oracao, determinaram i vilida de muitos ascetas e anacoretas, que procuravam no ermo e tia solidao a satisfaqao das suas aspiracaes religiosas, entregando-se inteiramente a uma vida da mais austera penitencia. E a tal propósito, diz-nos Fr. Manuel da Esperanca, na sur HlrIlírla Seráflca dos Frades Menores de S&o Franelseo, ., que ~ f o r a mtantos os frades de Espanha, castelhanos, galegos e biscaínhos que bem podiam encher de conventos toda a ilha. . , #, acrescentando a pitorésca informacao de que faltando.lhes a vestuário ~ l o g ose lhes deparou peles de lobos marinhos ordinarios na ilha e com elas cobriam sua nudezw. Nao durou largo tempo a vida de aspero isolamento e urn tanto nómada que levavam esses ermitas, pois que tlguns deles tentaram a organizacao duma comunidade monAstica e muitos outros abandonaram esta ilha, por motivos que dcsconhecemos, sendo quasi todos irmaos leigos da sur ordem. E' de 28 de Abril de 1450 a licenca alcanctda para a fundacao dessa comunidade de regular observancia, que alguns anos antes se instalou em aposentos muito modestos na margem direita da ribeira de Sao Joao, sendo pelos frades edificada a acanhada ermida e o pobre convento, que no decorrer do tempo sofreu alguns apreciáveis melhoramentos. Era essn primitiva comunidade composta de dez ou d6ze confrades quási todos leigos, entre os quais sobressaía pelas suas eminentes virtudes Fr. Domingos de Sao Juliao, tendo sido seu primeiro guardia0 Fr. Pedro das Covas, que se entregou ás maiores pe. nitensias c veiu a perder o uso da razlo. No ano de 1459 dsi-

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xrram os fradea o retirado cenóbio de S%oJoao e seguirsm para Lisboa, afim de constituirem a comunidade do corivento de Xabregas, que nesse tempo se fundara. Alguns anos mais tarde chegou A Madeira o franciscario Fr. Pedro Mourao, ehomem velho e de muita autoridade,, que veiu acompanhado de mais quatro religiosos e se alojaram rio antigo convento de Sao Jc a0 da Ribeira. Passado pouco tempo foi enviado ao Funchal Fr. Rodrigo Arruda, que em virtude do breve pontifício de 27 de Abril de 1476 constituíu em bases canónicas a organizacáo da ordem seráfica nesta ilha, tendo prestado a este instituto os mais assinalados servicos. E, ácérca deste ponto, transcrevemos da Hlstórla da Igreja em Purtu#al a seguinte interessante informacao: .Por esse tempo deligenciaram os frades da Madeira separar-se da obediencia do vigário provincial de Portugal; e efectivamente o Papa X isto IV, em 1476, nomeou Fr. Rodrigo, que era guardia0 do convento d o Funchal para vigário provincial da Madeira e dos Acores. O Prelado de Portugal nao levou a bem esta separacae, que a pedido de el-rei D. Jo%o11 foi revogada por Inockncio VI11 em 1486.. Conv~ntode SlZo Francisco-Foi? o mais notável mosteiro da ordem seráfica da Madeira e um dos mais importantes de todo o nosso país. Teve uma origem humilde nos princípios do terceiro quartel do século XV e havia já atingido um grande desenvolvimento nos meados do século seguinte, em virtude das suas amplas instaiacces, numerosa comunidade, créditos que grangeara pelo rigor e austeridade da disciplina e ainda pelos excelentes servicos prestados A populacao madeirense. A-pesar-da inscricao lapidar abaixo trariscrita, deveriamos talvez considerar Fr. Rodrigo Arruda, como o verdadeiro fundador deste convento, nao sómente por ter sido &leque promoveu a mudanca do pequeno convento da margem da ribeira de Sao Joao, situado em logar ermo e apertado, para o centro da populacao e em condicoes que de futuro permitiriam urna mais larga rxpansao, mas também por haver dado cometo a construcao da nova igreja, casa conventual e outras depend&ncias, embora socorrendo-se dos valiosos auxilios e dotacaes que Ihe forrm facultados pelo piedoso p~droeiroLuís Alvaro da Costa. O convento chegou a ocupar o espaco em que hoje se en-

eontram o Jardim Municipal, com as suas ruas adjacentes e o Teatro Dr. Manuel de Arriaga, estendendo a sua área até orla do sceano, embora primitivamente tivesse uma superficie mais limitada. Este terreno era pertenca dum morgadio instituído por Clara Esteves, tendo JoPo do Porto, sucessor na adminlstracao d b s e vinculo, feito doacao do mesmo terreno a Fr. Rodrigo Arruda, com o fim de nele ser levantada uma casa msnástica, mediante a entrega do cenóbio de Sao Joao da Ribeira a favor desse praso vinculado e ainda com o encargo da celeb r a $ %duma ~ missa cantada anual na nova igreja que ali se erigisse, o que tudo constava duma escritura celebrada a 20 de sutubro de 1479. Dessa circunstancia resultou que erradamente se atribuisse a Clara Esteves a fundacao deste convento, nao podendo duvidar-se que o seu fundador foi Luis Alvares da Costa, ao vBr-se s epitafio da lousa tumular que cobria a sua sepultura, encontrada na capela-mór da respectiva igrcja e que hoje se acha logo a entrada do cemitério das Angústias desta cidade. Nela se 16 esta inscricio : Aqul jaz Luis Alvares da Costa que fundou esta casa na era de 1473 c scu fflho Francisco Alvares da Costa Pr.O Ovldor c Vedor da Fazenda ncstas llhas da Madclr a . Desconhecemos quaisquer pormenores Acerca da dotacPo feita pelo padroeiro e dos encargos pios a que esta fundacas obrigaria, coino entao era de uso constante em casos desta natiireza. A antiga cerca foi mais tarde alargada, em virtude duma doacao de Maria de Atouguia, neta do fundador, tendo ainda outros membros da mesma família sido desvelados protectores deste convento. E' ocasiao de nos reierirmos a um facto chamado miraeuloss e ocorrido nesta igreja no dia 26 de dezembro de 1482, etn que se afirma que várias pessoas, durante urna pregacao, viram o braco direito da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado descaído ao longo do corpo da mesma imagem, sem que uma razao de ordem natural podesse justificar a estranheza desse facto. Passados anos, o bispo diocesado D. Lourenco de Tavora testificou, em documento oficial, a autenticidade dessa extraordinaria ocorr6ncia, e ainda actualmente essa antiga e devota imagem, existente na Sé Catedral e conhecida pelo tiome de Senhor das Milagres, é exposta A veneracao dos fieis no dia 26 de dezembro de cada ano. Em antigas crónicas temos encontrado inúmeras referencias ao facto que aqui dei-

xamos apsntado e do qual valtaremos a ocupar-tios. Na sua primitiva edificactio era a igreja de ecanhadas dimensdes, tendo sido melhorada e acrescentada, no decorrcr do tempo e por m i s de uma vez, como adiante se verá. Fdra apenas benzida e nao sagrada, pois havia muitos anos que nao viera um prelado A Madeira, aproveitrndo-se a passagem por esta ilha do bispo de Marrocos D. Sancho Truxilo, que no dia 14 de marco de 1554 procedeu corn a maior soletiidade sagraqao dessa igreja. O notável acréscimo da populacao corn o seu correlativo movimento religioso a par do desenvolvimento da comunidade monástlca, determinaram a ampliacao da casa coiiventual, do claustro e trmbém da respectiva Igreja, o que tudo se realizou pelos anos de 1578, devido particularmente aos esforcos do guardia0 Fr. Diogo Nabo, que encontrou nos moradores do Funchal os auxílios mais eficazes para levar a cabo esse melhoramento. Sao decorridos quási dois séculos e prujectr-se um empreendimento de maior envergadura: a construcao dum novo templo arquitectado corn mais largas proporcoes e ornado interiormente corn mais artísticas e preciosas decoracoes. A velha igreja, que já era julgada insuficiente para os servi~osa que estava destinada e que se ia convertendo na verdadeira necropole da antiga e ostentosa nobreza madeirense, nao tiisha a conveniente amplidao e magnificencia, segundo parece, para satisfazer nao sómente as aspiracoes da numerosa comunidade, mas ainda aos desejos de inúmeras pessoas, que voluntáriamente queriam contribuir para a realizacao dessa grandiosa obra. No ano de 1780 cornecou a demolir se a antiga igrcja e no mesmo local se ergueu um novo edifício, cuja construcas levou dez anos, conservando-se, p ~ r é m a, forma primitiva c um igual número de capelas interiores, embora fdsse l a n ~ a d s corn mais larguza e mais sutituoso aparato, ccmo alias fdra grojectado. Todas essrs capelas tiveram padroeiros privativos e eram especialmente destinadas a servir-lhes de jazigo e de suas familias e cujas despesas de constru~aoeles custearam, encoritrando-se ali inúmeras sepulturas cobertas corn ricas pedras tumulares e algumas delas ostentando belos e aparatosos mausoleus . Para a construcao do novo templo muito concosreram a

activa diligencia e os cotihccirnentos especializados de Freire Antótilo da Coticei~i%s, filho deste convento, que nao sórnente superlnttndeu na direccao das obras, como tambtm angarlau valiosos donativos para a SUP execu~áo. Com a expulsa0 das ordens religiosas do nosso país: no ano de 1834, ficaram as casas conventuais de Sao Francisco, a bela igreja anexa e a vasta cerca que as rodeava expostas ao maior abandono e sujeitas i r depredacoes que o tempo e os homens lhes iam infligindo desapiedadamente. Com relaglo ao destino que diversamente lhes foi dado, deixámos em outro lugar exarada uma notícia sum8ria, da qual vamos extratar alguns periodos, que interessam de perto aJ assunto de que nos vimos ocupando. O templo, como acima ficou dito, era um edifício de bela e sólida conctrvcao, embora as decoracoes do seu interior nao houvessem ainda sido inteiramente acabadas. Tinha apenas tres quartos de século de existencia, quando o camartela municipal s lancou A terra, e achava-se em excelente estado de conservacáo, A parte as danificacdes que as intempéries e o desprezo a que foi votado Ihc haviam inevitavelmente causado. Por muitos motivos se deveria ter mantido a sua intacta conservacao, sendo hoje causa da maior estranheza que especialmente as antigas e nobres famílias do arquipélago, a maioria das quais tinha alí os seus jazigos e mausoleus e alguns destes construidos de belos e ricos mármores, nao houvessem, com a forca e o prestígio de que ainda entao gozavam, obstado iquela demolic80, que se fez sem um protesto enkrgico por parte dos representantes dessas mesmas famílias e legítimos proprietários dos túmulos brazonados e aparatosos, que guardrvam as venerandas cinzas dos seus antepassados. As dependencias do Convento e até a própria igreja tiveram as mais diversas e estranhas aplicacoes, nao se assentando definitivamente, durante muitos anos, no destino mais íitil e apropriado a dar a essas antigas edificacoes. E, deste modo, serviram elas, com maior ou menor duracao, de hospital, de prisao, de quartel, de tribunal, de asilo e até de teatro ! Veio finalmente o decreto de 7 de Novembro de 1844, que cedeu o convento de Sao Francisco com todas as suas dependencias A Cimara Municipal do Funchal, afim de ser ali levantada urna casa destinada 4 instalacao dos tribunais judi-

ciais, o que nao chegou a realizar-se. Passados vinte anos tomou novamente a Cimara do Funchal a deliberacao de construir um grande edificio, que nao sómente servisse de Pacos do Concelho mas também se destinasse á acomodacao dos tribunais e ainda de outras reparticaes públicas. No dia 11 de Marco de 1866, procedeu-se com extraordinario brilhantismo ao lancamento da primeira pedra, sob a presidéncia do bispo diocesano e comparencia de todas as autoridades civis e militares. Como esse acto implicava a imediata dernslicao da igreja e do convento, a presenca do prelado deu lugar a justificados reparos, tanto na Madeira como fóra dela. Prscedeu-se sem demora ?i completa demolicao do já desmantelado convento e da suntuosa igreja de Sao Francisco e a %sse acto de verdadeiro vandalismo se limitou o grandioso projecto da edificaciío dos Pacos do Concelho do Funchal. Numa das dependencias da antiga cerca, no local onde hoje se levanta o teatro Dr. Manuel de Arriaga, construíu-se, ainda em tempo dos frades, um mercado de frutas e hortalicas, que teve o nome de Mercado de Sao Joao e era mais conhecide pela denominacao de Feira Velha, sendo demolido em 1883 para dar lugar ?i construclo do teatro, iniciada em 1885. O espaco ocupado pelo convento e pela igreja e ainda uma parte corisideravel da cerca correspondem ao sitio em que hnje se encontra o Jardim Municipal. As diversas casas monásticas, que os franciscanos tinhltm na Madeira, constituiam uma Custódia independente, com sua séde no convento de Slo Francisco do Funchal, senáo geralmente o guardia0 deste convento que exercia o cargo de custódio OLI comissário. Diz-nos o padre António Cordeiro, na Hfstórla Insulano, que esta Custódia era sujeita ao provincial de Portugal, mas o autorizado anotador da mesma obra afirma que as conventos desta ilha formavam a Custódia de Silo Tiago Menor, separada da provincia portuguesa e imediatamente sujeita A S4 Apostólica desde 9 de Marco de 1688, em que foi celebrado capítulo para eleicao dum custódio provincial. Convento de Sdo Bernordlno-Foi o primeiro convento que nata ilha se fundau fóra do Funchal. Ficava situado na freguesia de Camara de Lobos, em lugar ermo e sslil4ria e a certr dislhcia da igr~japaraquiil. Teve urna humilde e ubs-

cura origem, mas tornou-se célebre e afamado em todo o arquipélago e parece que al6 no continente, por ter ali vivido e morrido um varao de assinaladas virtudes, por nome Fr. Pedro da Guarda, a que o povo chamou e chama ainda o Santo Servo de Deus. Tornou-se, por isso, um centro de atragao para muitos devotos e romeiros, que vinham dos mais distantes lugares da ilha invocar a intercessao do santo e humilde franciscano. Com a extinca0 das ordens religiosas e a estranha atitude do vigario capitular e governador do bispado António Alfredo de Santa Catirina Braga, esfriaram e diminuiram estes preitos de devocao e piedade, mas nao se extinguirarn de toda, porque ainda todos os anos um número consideravel de indivíduos procura a sepultura onde foram depostos os restos mortais de Fr. Pedro da Guarda. Nada mais diremos aqui a respeito da sua vida, virtudes e culto que se Ihe prestava, porque Ihe consagraremos um capitulo especial desta obra. Fr. Gil de Carvalho, humilde frade franciscano, veiu do continente do reino para a ~Madeira,quando os religiosos que ocupavam O cenóbio de S2o Joao da Ribeira acabavam de sair para Lisboa e ali foram estabelecer uma comunidade em Xabregas. Desejando, diz o anotador da Hlstória Insulana, Fr. Gil viver em logar deserto como eremita, levantou uma pequena cela com dois cubículos, em que hab tavam Jo2o Afonso e Ivíartitiho Afonso, os quais esmolavam pelo ~ o v o a d o para a susteritacgo dos tres anacoretas. Crescendo o número de religiosos, trataram de levantar rim pequeno convento, em terreno que lhes foi doado por Joao Afonso Correia, escudeiro do infante D. Henriquc, e sua mulher Ines Lopes, que nesta ilha foram o tronco da familia Torre Bela. A nova casa erguir-se num sítio afastado da povaecao, cercado dum lado pela ribeira e do ~ u t r o por alta rocha, sendo bem própria para o genero de vida a que se dedlcavam. Passado algum tempo se reuniram a eles outros religiosos, que formaram uma comunidade sob a direccao de Fr. Gil de Carvalho. Volvidos muitos anos, entregou aquele religioso o governo do seu mosteiro a Fr. Jorge de Sousa, que muifo concorreu para o seu engrandeciments. Urna enchente da ribeira havia destruído a pequena igreja e urna parte BQ convento, tendo Fr. Jorge sanatruido um tiovo e mais vasto templo, aa abrigo das torrentes caudalosas da ribeira, e dado A comuni-

dade a organizacao canónica duma verdadeira casa monástica, depois de ter melhorado consideravelmente as condi~oesmateriais do mosteiro. A capela-mór da nava igrejs foi fundada por Rui Mendes de Vasconcelos, filho de Msrtim Mendes de Vasconcelos e de Helena Goncalves, filht de Zarco, e por sua mulher Isabcl Correia, que era filha dos doadores do terreno em que se tintia levantado o primitivo convento. J O ~Bettencourt O de Vtsconcelos, neto do fundador da mesma capela e padroeiro dela, vinculou a torca dos seus bens para acudir As necessidadrs do converito, por testamento aprovado a 12 de dezembro de 1607. A seu resceito lemos num antigo ncbiliarío: a . . .chamsvsm-1he o Cavaleiro, de alcunha, nasceu no ano de 1535 e passou India no ano de 1580, por capitPo da nau Silo Gregório; sucedeu nos tercas de seus avós, por morte de seu irmao Ruy Mrndes, e fez testamento aprovado em 12 de dezembro de 1607, no quol deixou vinculada sua terca nas fazendas por cima de C2mara de Lrbos e abaixo da quinta da Torre, e a deixou aos frades de Sao Bernardino. de cuja copela-mór fci padroeiro, como herdtiro do morgado dos ditus seus avós maternos, seus instituidores; fsleceu em 12 de julho de 1615. A capela-mór da ignja deste convento era o jazigo privativo dos descendente~dos fundadores e padroeiros dela, e muitos deles foram ali sepu'tados, sobretudo os suctssores da casa vincullda. A igreja foi ampliada e reconstruida em 1763, mas exposta ao maior abandono com a expulsa0 das ordens religiosas entrou em ri4pida ruina, tendo sido inteiramente restaurada há poucos anos, devido aos diligentes esforcos do pároco de Camara de Lobos, Jc2, Joaquim de Carvalho. As dependencias da antiga casa conventugl tambem foram restauradas e nelzis funcionaram, no periodo de '1931 a 1933, as aulas dos primeiros arios do curso de preparatórios do pequeno seminário, que foi extinto e encorporado no Seminário da Incarnac2-J. Convcntn de Nossa Senhara da Plcdade-Na antiga freguesia de Santa Cruz e aproximadamente pela época em qce rla fni elevada categoria de vila, ergueu-se fóra da cidiide do Funchal, o segundo convento da ordem seráfica, datando essa fundnc%odo primeiro quartel dr, século XVI. Dizem varios nobiliários madeirenses que pelos anos de

1476 chegaram Madeira os dois fidalg 3s genoveses Joao Baptista Lomelino e Urbano Lomelino, membros da família dos_marqueses de Lomelini, sendo estes do número dos nobres que hereditáriamente fxziari parte do senado da cidade de Genova. Vieram para esta ilha expresamente recomendados pela infanta D. Beatriz, que ao tempo era a administradora d i Ordem de Cristo, na menoridade de seu filho o graomestre o infante D. Dicgo. Urbano Lomelino fez assentamento em Santa Cruz e ali adquiriu muitas terras de sesmaria, tendo contraído matrimónio com Joana Lopes, natural da freguesia de Saritana, e vindo a falecer no ano de 1518. Hmvia decorrido pouco tempo que iniciara a fundafao do convento de Nossa Senhora da Piedade, que a morte nao lhe permitira concluir. Par dispasicoes testamentárias, vinculou a maior parte dos seus bens, ínstituindo um morgadio, que teve como primeiro administrador seu sobrinho Jorge Lomelino, que de futuro veiu a constiruir urna das maiores casas vinculadas de todo o arquipélago. Impos Urbano Lomelino ao seu herdeiro e sucessar o encargo de levar a bom termo a instituicao a que dera cometo e da sua conservacao, e ainda o da sustentacao de seis religiosos, se para tanto nao chegassem as esmolas que estes houvessem de colher. Jorge Lomelino caimpriu as obrigacoes que lhe foram ímpostas e fzlcceu a 9 de Dezernbro de 1548, tendo sido sepultado na Cap'ela-niór da igreja do convento de que era padroeiro. No decorrer do tenipo, vários membros da famiiia Lomelino prestaram bons servicos a esta casa conventual, nao sómente conservando e melhorando as respectivas edificacaes como também acudindo aos encargos do culto divino e A sustentacao dos religiosos. Joana Lopes, mulher de Urbano Lomelino, e sua mae Isabel Correia fundoram a capela de Santana da igreja deste convento e nela foram sepultadas. O doutor Gaspar, Frutuoso (Sond., 78), referindo-se a este convento, no ano de 1590, diz o seguinte:-a.. . Do Porto do Seixo a meia légua está outro engenho de acucar, que é dos Freitas, acima do caminho e abaixo dele um mosteiro de frades franciscanos, onde estilo até oito religiosos de missa, e que tem boa igrcja com boas ofi-inas e aposentos, de que António Lomelino, do Porto do Seixo, homem fidalgo, rico e mui g:neroso, é prdroeiro, com quem ele reparte grandes s molas de sua fazenda, ilém das que deixaram seus antepas-

ados nara sauela casa que fizeram~. E assim c(: sucessores. Em 1722 era o morgado Antónin Correia Henriques Lomelino, por herancs. de sua mai D. Catarina Lomelino de Vasconcelos, o padroeiro do convento de Santa Cruz, aue seguíndo a honrosa tradicao dos seus antepacsados muito benefic i o ~esta casa monástica. Ali viveram e morreram em c h ~ i r o d~ santidade os religiosos Fr. Manuel da E s ~ e r a n ~eaFr. AntónZode Santa Maria, cuja fama perdurou Doy largos anns. O alvará r6gio de 15 de Outubro de 1644 concedeu aos religiosos deste convento o priviiégio da prkgacao, especialmente no tempo do Advent~e da Quaresma, nas colegiadas do Porto Santo, Machico e Santa Cruz, mediante a concessao dumrr determinada remuneracao fixada no mesmo alvará. E' sabido que com a extincar, das ordens religiosas, as igrejas, as casas, cercas e bens móveis e imóveis a elas pertencentes passaram A posse do estade, desapareceíido tiido rápidamente no sorvedouro da maior devastacan de que há memórir. Tnlvez o convento de Santa Cruz constituisse crma excepcdo. Diz a tal respeito o ilustre comentador das Saudades da Terra:a .por meio de renhido pleito, que durou alpuns anos, foi o convento restituido ans siIcessores do instituidor, por este, com previsan. que talvez seja exemplo único, isso determinava aa respectiva verba testamentária, dado o caso de vir de futuro a ser extinto o convento.. Os administradores da casa vinculada dol; Lomelinos tinham o seu so1ar.n~Funchal na quinta das Cruzeq, e ali fez concfruir o morgado Francisco Elirneraldo Hpnriques a capela de Nossa Senhora da Piedade, no ano de 1692, onde se encontra um carneirn de mármore, que se afirma encerrar os restos mortais de Urbano Lamelino, o fundados do convento da freguesia de Santa Cruz.

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Convento de S6o Francisco-(Cr1heta)-Inclinamo-nos a crer que seria este o seu verdadeiro nome, a-pel;ar.de termos encontrado algumas referencias a eqta caqa monástica com a denominacao de c~nventode Sao Sebastiao, devido certamente 2 circunstincia de havgr existido ali urna uequenz ermida dedicada a esse santo mártir, que serviu de primitivo núcleo a essa fundacao. Numa das anotacoes as Saudades da Terra (1873), leem-se

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estas linhas: m . . foi por meio de esmolas levant~do cerca do ano de 1670, em terreno comprado pelo devoto Pedro Brtencourt de Atouguia, o qual tomou depois o hábito de leigo no Convento de Sao B~rnardino.E' propriedade particular, porque fr>ivendido pela Fazenda Pública.. Esta infsrma~2.r 6 talvez contrariada pelo que dizrm alguns antigos nobiliários madeirenses, dando-nos os irmaas Francicco Figueiroa e Manuel Figweiroa como os verdadeiros fundadores desse convento, que edificaran A sur custa, com a claúsula de lhes ser reservada a capela-mór da respectiva igreja para seu jazigo e de seus descendentes e considerados como seus padroeiros. Assim veiu a suceder, e no ano de 1718 foi ali sepultado Francisco Pardo de Figueiros, o administrador da casa vinculada e sucessor daqueles supostos ou verdadeiros fundadores. Nao era raro dar-se como fundador duma igrejs a pessoa que a tivesse reedificado au procedido nela a importantes obras de reparacao, sendo possível que qualquer circunstiracia desta natureza se houvesse verificado neste convento. Pode até admitir-se, como mais provavel, que a casa conventual tivejse a origem indicada pelas Saudades d a Terra e a igrejs fosse fundada pelos irmaos Francisco e Manuel Figueiroa, conciliando-se désta maneira duas informacoes aparentemente contraditórias. Pedro Betencourt de Atouguia, a que acima se faz referencia, passou do convento de Sao Bernardino de Camara de Lobos para este da Calheta e al¡ viveu eemorreu, deixlndo fama das mals acrisoladas virtudes. No interessante livro do padre Fernando Augusto de Pontes, intitulado Excursaes na Madelra, faz-se mencao dum facto, que se diz ocorrido nhste convento e que ali vem narrado nos seg~intestermos: *Janelas partidas, templo profanado, passando um operário a mutilar um Crucifixo na igreja deste convento, em 1836, caiu e faleceu logo. Nao estava só: achavam-se presentes o vigário geral Alfredo e quantos o cercavam. Triste sucesso 1. O vigário geral e governador do Bispado do Funchal, a que ali se alude, era o cónego António Alfredo de Santa Catarina Braga (1836-1840), que a-pesar-de ser egresso, deu semgre entre nós as provas mais manifestas da SUP m i vontade contra as ordens religiosas, procurando apagar os vestígios que delas

restavam nesta ilha, como teremos ocasiao de ver em outro capítulo desta obra. Convento de Nossa Senhora da Porciúncuia (Ribeirr Brava). Escassa notícia conseguimos alcancar Acerca destr casa religiosa, que algures vémos mencionada com a designacito de Hos- ~ i c i ode frades franciscanos da freguesia da Ribeirr Brava. Teve a mais modesta origem e foi fundada, segundo cremos, no terceiro ou último qurrtel do século XVII. F6ra dedicado a Nossa Senhora da Porciúncula e erguia-w a pequena distancia da igreja paroquial, restando rinda umas desmanteladas ruinas. Comecou por um humilde cenóbio, que foi aumentado no primeiro quartel do século XVIII, tendo sido edificada urna igreja com maiores proporcaes no ano de 1730. Convento cm A4achlco.-Nao é de estranhar que na séde da capitania de Machico, que chegou a ombrear com a do

Funchal, se houvesse formado uma pequena comunidade reii~ i o s a , em conformidade com os ecostums e necesidades da época. A sua existencia teria sido muito modesta e de bem curta duracao, pois que apenas encontrámos, em um antigo manuscrito, uma fugidia referencia a essa comunidade. No excríente livro do sr. tenente-coronel Alberto Artur Sarmento, Fregucslas da Madcira, deparámos, a tal respeito, com esta interessante informacao: *Próximo A Misericórdia ficava o conventlnho de Santo António, fpndado pelos franciscanos em 1462. Havia um pequeno cenóbio repartido em acatlhadas cela's e sustentados por esmolas. As águas duma grande tempestade, conjugadas de mar e terra, destruiram em 1467 a casa dos religiosos, perecendo Frei Pedro, Fr. Filipe, Fr. Mete010 e um leigo, com grande consternacaa de Tristao Vaz e da florescente colónia*

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A s Comunidades Religiosas A Ordem Seráfica (Continuriglo)

Convento de Santa Clara-A Ordem Seráfica, proporcionalmente as condicties do nosso meio, teve nesta diocese urna larga representacao em casas monásbicas para ambos os sexos, tanto no número como na importancia dessas mesmas casas. Deixámos j i esbocada uma notícia sumária dos conventos de frades franciscanos, que vamos sgora completar com urna rápida descric30 dos mcsteiros de religiosas que existiram nesta cidade. Foi de todos o mais antigo e mais importante o de Santa Clara. Logo grangeou urna bem justificada fama pela austeridade de vida, inquebrantávei disciplina e rigorosa observancia das regras do instituto, por parte das que ali fe achavam recoIhidos. Essa acreditada reputacan estenbeu-se h1Cm da Madeira, dando-se o honrcso e significativo facto de tcrem sido chamadas algumas religiosns deste convento para iniciar a fundacao e a reforma de ouiros mosteiros no continente portugues, o que sempre se verificou corn grande fruto e verdtdeiro aplauso de todos, como mais adiante veremos. O primitivo fervor religioso e o amor da m i s austera disciplina nao se mantiveaam inalterávelaerite através do tempo. Alguns escandalos se deram com graves transgress6es das regras conventuais, que obrigaram a autoridode eclesiástica a aplicar severas penas canónicas, indo estas ate o oonto do interdito e da suspensao do culto religioso na igreja do convento e nas diversas capelas anexas.

Joao Gon~alvesZargo, depois de ter feito moradia no lugar que tomou o nomc de Santa Catarina e em seguida no sítio em que se levantou a ermida de Sao Paulo, estabeleceu definitivamente residencia no local em que ao presente se encontra a Quinta das Cruzes, havendo mandado edificar a pequena dis~inciae em terreno fronteiro uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceicao, destinada ao seu uso privativo e a servir-lhe também de última jizidr e dos seus sucessores no governo da capitania. Foi junto desta pequena igreji. que seu filho Joao Goncalves da Carnara, segunda capitao-donatário do Funchal, resolveu fundar um cenvento de freiras clarissas, da ordem de Sa[o Francisco, que teve o nome de Santa Clara, afirmando-se que no ano de 1476 alcancara urn breve pontifício autorizando essa fundacao, que nao pode realizar.se imediamente em virtude de graves embaracss que entilo surgiram Essa resolucao foi ern boa parte determinada pelo ardente desejo que muitas prssoas tinhnm de abracar a vida monástica e entre as quais se contavatn as próprias filhas do capitao do, natário. Sabemos que o duque de Btja, D. Manuel, depois reigráo-mestre da Ordem de Cristo, a que a Madeira pertencia no espiritual, em carta datada de 17 de julho de 1488 dirigida aos madeirenses, fizera sentir a necessiaiide da fundzcao dum mosteiro de freirar, prometendo auxiliar a realizacao deste empreendimento e procurando interesar &le o donatário, o senado do Funchal e mais habitantes desta ilha. Essa carta, que é um documento m i t o intercssante, foi pela primeira vez publicada no jornal O Reclame de 26 de novetnbro de 1890. Omesmo D. Manuel solicitou de Roma urna nova aulrortzacao para esse fim, que lhe foi concedida por rescrito pontíficio de 1 de Fevereiro de 1491. Di-se geralmei~te o ano de 1492 como o d o come40 da construcao aeste edifício, que ficou anexo 2 capela corihecida pelo nome de Conceicao de Cima, sofrendo esta, para tal destino, a conveniente adapracao e passando a chamar-se igreja de Santa Clara, que era a patrona do convento. Lernos em um antigo manuscrito que, tendo o fundador necessidade de ir ao reino e deixando a coristrucao já iniciada, encarregara sua filha D. Constanca de Noronha do prosseguimento e conc1u:ao das respectivas abras, o que ela fizera com prcvada proficiencia. Ao regresar A Madeira trouxe em swa companhia, com auto-

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risacao pontíficia, sua filha D. Isabel de Noronha, que era keira professa no convento da Conceicao em Btjo, e mais as religiosas Maria Pessanha, Ana Travsssos, Joana de Albuquerque e Maria de Melo, a que no Funchal se juntaram rs novicas D. Elvira de Noronha e D. Joana de Noronha, filhas do referido capitao-donatário, constitoindo-se deste modo a nova cozunidade no princípio do mes de novembro de 1497, que teve corno primeira abadessa a mencionada D. Isrbel de Noronha. Duas filhas do terceiro capitao-donatário Simao Goncalves da Cirnara e sinda rnuitas parentas da ilustre família dos donatários ali professaram como religiosas e exerceram os principais cargos, sendo sempre ~xemplaresmodelos na vida austera d o claustro. Nao faltaram as vocacoes para o estado religioso e já nos fins do século XVI chegara a setenta o número de freires que ali vivlam em apertada clausura. Referindo-se a essa época, informa-nos o historiador das ilhas que este convento era ....U0 magnífico na fábrica como ilustre nas muitas e virtuosas madres, que nele hoje em dia fazcm vida de santas religiosas, porque AIém de ser um dos grandes e famosos mosteiros do reino de Portugal, é tao observante e experimentado na virtude, que deste convento levam algumas madres para a reformacao de outros virtuosos conventos.. Idénticas referencias temos encontrado Acerca da exqcta observiwia da disciplina canónica mantida no seio desta comunidade rnonástica. No ano de 1566, passou ela por uma grande provacao, com o assalto dos corsários franceses de que j i démos rápida notícia no capítulo XIII deste desprc tcncioso estudo. Virzcm-se as religiosas forcadas a abandonar o seu convento para. nao serem vítimas daquela horda de selvagens e recolheram-se precipitada e trabalhosamente a0 lugar do Currnl das Freiras, que era pertenca do seu mosteiro, permanecendo ali algum tempo no mais desconfortável e descmparado abrigo. O mosteiro foi saqueado pelos corsários franceses, que nele causaram os mais graves prrjuízos e cometeram as maicrres profrna~oes. O bom nome que esta casa adquiriu no rigoroso cumprimento das regras conventuais detcrminou a escolha de algumas das suas religiosas para a direccao dos mostcirss das Merces e da Incarnacao, do Funchal, quando &es se fundaram, e trimbém para a formaqao das primeiras comunidades

de um convento na ilha de Sail Miguel e especialmente do da Esperacca, em 1-isboa, Alérn dn cutros, indo para este Último i~ovcfreirrs de Santa Clara, quatro dos quais veem mencionadas nas crónicas franciscsnás, que delas fazem o mais alevantrdo elogio, pelas emineptcc virtudes em que se tornaram insignes. Como já dissémos, a disciplina £oí-se afaouxando e por n;ecjdes do século XVIII nao era modelar a observancia das regras monásticas, tcndo-se até praticado o abuso do rompimento da clausura pcr parte duni numeroso grupo de religiosas, 0 que abrigou a autoridade eclesiástica a iinpor-lties severamctite a pena de interdito. Por esta época, permilia-se abusivamente a admissao ilo cc~tivento,como recolhidas, de inúmeras pessoas que i ? a ~se dedicavam i vida do claustro e que levsivern para o seio do ccmtinidade hábitos e tendencias, que contrastavam com a rigoroca sbservAncia e austera penitencia das casas corrvenruais. O enfi-aquecimento da disciplina foi-se a tal ponto, que militas fseiras professsis tinham uma criada, com residencia no convento, para uso pri~ativode cada religiosa, o que nao ábaentc constituia urna gravíssitna transgressao das rcgras, ceno einda tnsstrsva a ausencia completa de espírito de vzcrifício e de amor boa disciplina que anima* va essas religioszs. O numero prefixo de freiras professas foi de 60, mas nao se rnailteve inaltrrávelm~nte,h-aveildo sido de 70 nos fins dn séculc XVII e ascendendo a 130 por riaeádos do século XVIII, e entre elas se cnntavam 70 supranumerárii?~,muitas das quais nao seguiam a vida religiosa. No primeira quartel do século XIX, icto é, poucos :4racls antes da axtinc%odas ordens monásticas, o núnero tu!al de freiras e recolhidas estava reduzido a 60, perdurando aicda por meio século a existencia deste convento, que acabuu corn a morte da ú!tima religiosa, madre Mzria Amália do Patrocinio, ocorrida no nies de Novembro de 1890.

Corno atrás ficcu dilo, foi junto da capela de Nossa Senhora da Concei~ao,qur se eigueu o rnfisfbiiro deste nome, passando posteriormente a chaníar-se de Srnta Clara. A sua construcaca alargou-se de 1492 a 1497, e, tendo modestas proporC6es no scu início, nao t n r d ~ uque a pouco e pouco se fossem ampliando as suas diversas instalacdes e dependencias,

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chegando já, por meados do século XViI, a ser um dos mais importantes mosteiros de Portugal. Por esta época foi notávelmente aeresceiitado e se procedeu á reedificacao da igreja, que é a actual. Através dos claustros, construiram-se muitas capelas e oratórios, devido a devocao particular de algumas religiosas e que nao constituiam uma necessidade para os servisos obrigatórios da comunidade. O fundador Joao Goncalves da Cimara, por escritura de 11 Seternbro de 1480, comprou a Rui Teixeira a vasta propriedade do Curral, que msis tarde se chamou Curral das Freiras, pela importancia de e23500 ceitis ao rial e 50 cruzados de ouro.. . estendendo-se a sua área desde o Passo da Cruz e Ribeira dos Socorridos até onde ela nasce de arrife a arrife, de uma a outra bandam, e fazendo dela doacao ao convento, quando t?efe entraram as suas filhes e por ocasiao da sua fundacao. Outras importantes legados e donativos foram feitos, alcancando ser uma das casas monásticas mais bem dotadas e com urna situicao económica mais desafogada. N o ano de 1834 o canvento passou A posse do Estado, mas em 1807 os marqueses de Castelo Melhor, como representantes e sucessores do antigs fundador e dcpois dum largo pleito judici~t!,coi~seguiram3. posse de todos os edificios e deles fiz:rm a ind apensave! registe na conservatória do Funchal, sendo p;;üi:í) para estranhar que por ocasiao do falecimento cia trl!ia*a fre re i!ao se h3uvesscm aqueles titulares apossado d s convr!~toe s u s drpetid2ncias1 valendo-se do direito de pcsae que lhes fbra legslmente reconhecido. Por rnr~rkeda ultima freira, algumas dependencias do convenio füratri ccupadzs por muitas recolhidas, que já nelas tinham residencia e pcr outras que ali deram entrada posteriormente, servindo ainda ao presente de moradia a varias pessoas do sexo feminino. Pelo decreto de 12 de Marco de 1896 foi o velho convento cedido A Congregacaio das Franciscanas Missionarias de Mzria, afim de ser sli estabelecido um instituto de preparacao do pessoal femínino destinado as miss6es religiosas das nossas colonias e também para a instalac%o dum colegio de ensino elementar e secmndário para raparigas, de que havia grande falta no nosso rneio. Os acontecitnentos politicos ocorridos no nosso piís em 1910, provocaram a expulsao daquelas religiosas, que imediatamente sairam da Madeira, ficando interrom-

pidos os excelentes servicos que aqui estavam prertando. Os decretos de 31 de Outubro de 1912 e 22 de Seternbro de 1913 concederam os edificios do convento A Carnara Municipal do Funchal, A Santa Casa da Misericordia e A associacae de beneficencia, auxilio Maternal, para os fins indicados nos mesmos decretos, chegando-se a demolir uma parte ccnsidcravel do antigo mosteiro e praticando-se entao actos de verdadeir8 destruicao e vandslismo em todos os edificios. Voltaram estes A posse do Estado, por nao se haverem realisado as obras projectadas e nilo se ter preenchido o fim especial da concessao . O decreto de 25 de Janeiro de 1927 e a portaria de 12 de Junho do mesmo ano autorisaram o Ministerio das Financas a ceder ao Ministerio das Colonias a5 diversas dependencias do extinto convento a favor da Associacao Auxiliar das Missoes Ultramarinas, com o destino especial de estabelecer-se ne!e um colegio de formacao missionaria para as religiosas que houvessem de prestar servico nas missoes (13s tiosaas colonias ultramarinas. A direccao desse colegio foi entregue 5s referidas Irmas Franciscanas, que além disso criarani no mesmo convento uma creche, em que cerca de 400 criaticas silo recolhidas, alimentadas e educadas durante o dia, prestando-se deste modo um dos mais assinalados servicos que entre nós se está dispensando pobreza da Madeira. Convento de Nossa Senhora das Metc2s-Embora nao se possa duvidar que algumas casas religiosas nem sempre primaram pela rigorosa observancia das regras do seu instituto, deve contudo afirmar-se que o convento de Nossa Senhora das Mcrcts foi em todo o tempo um vivo e eloquente exemplo da prática de todas as virtudes cristas levadw até A mais heroica austeridade e A mais severa e contínua penitencia. Era o verdadeiro cenáculo da oracao, do recolhimento e d~ sacrifício, a que voluntariamente se sujeitavam as pcsaoas que ali izrn prccurar, como num áspero e longinquo deserto, o seu complt:to afastamento do mundo e de todos os seus apefecidos e encantadores atractivos. Desde a sua fundacao, per rnerdss do século XVII, até o ano de 1910, em que as swas portas se fechararn, manteve inalteravelmente essa elevada re&utacao, sem a mais pequena. quebra no exacto cumprimento de todos os preceitos impostos pela disciplina conventual. Fazer parte da sua comu-

nidade era o mesmo, pode dizer-se, do qu? adquirir um título de alta e incontestada virtude. E nisso coasistiu toda a hístória deste mosteiro. Era geralmente cotihecido pelo nome de Convento das Capuchas e mais ainda pelo convento das Capuchinhar, ligando-se sempre a essas palavrss um sentido de respeitosa venera. ~ 3 opelas religiosas que o habitavam. A designacao de Nossa Senhora das Merces provém duma pequeiia capela dessa invocacao, que existia nas imedia~ocsdn local em que f6ra levantado o edificio. Num manuscrito da autoria do virtuoso c ilustrado padre António Gomes Neto, que a partir de 1847 foi durante largos anos capelao deste convento, encontrámos a narrzciio, como era frequente naquelas épocas, de várias piedosas lendas acerca da sua fundacao, que o dr. Alvaro Rodrigues dr Azevedo reproduziu parcialmente nas suas anota~o-sa s Suudades da Terra, prctendendo que algurnas descas len3as tcnham uma relacae muito próxima com a sedicao de caracter político, que se deu no Funchal no ano de 1668 contra o governador D. Francisco de Mascarenhas, o que nos parecd constituir uma forclda interpretacao par parte de t2o ilustre corncntador. A primitiva instituicao nao passou dum simples recolhimento de caracter religiosr, mas sem a disciplina cbrigatória das regras monásticas. Drvido, porém, aos grandes exemplos de austeridade de vida das respectivas recolhidas e ainda a ou. tras ponderosas circunstarlcias, transformou-se dentro de poucos anos em um mosteiro da <primeira regra. d\: Sarlta Clara da mais estrita observiincia. Téve como fundadores Gaspar Betencourk de Franca Neto e sua mulher D. Isabel de Franca, que déIe tambétrm farzm sempre os mais desvelados protectores e bem assim alguns membros desta família e ainda os secs descencientes. Parece ter tido uma parte muito activa nesta fundzic29, ccmo pessoa dcs melhores relacoes dos instituidores e urn prudente e avisado conseiheiro, o padre Joao Ribtiro, mernbro da Companhia de JIsus, que entao gosava no Funchal da maior cansideracao pelas suas eminentes virtudes e rara cultura de espírito. A construciio do recolhimento e suas depen32ncips fni bastante morosa, pcis que tendo principiado no ano de 1643, somente'as recolhidas deram nele entrada a 15 de junho de 1656. Esta fundaqio sofreu ums grande oposicao por parte do capi-

tao-general e governador do arquipélago D. Frzncisco de Mascarenhas e também do vigário geral e governador do bispado dr. Pedro Moreira, que posterioralente veiu a dispensar ao convento urna eficaz e merecida proteccao. Lutarrm os fundadores com grandes dificuldades de váriiz ordem para a realiz a @ ~da sua pledosa empreza, mas conseguiram vence-las A fdrca da mais perseverante tenacidade. O alvará régio de 20 de D~zernbrode 1663 permitiu a transformrtcao do recolhimento num convent~ de regular observ8ncí@,sendo essa autorisacao confirmada por um breve pontifício de 15 de agosto de 1665. As vinte e uma recolhidas fizeram a sua profiss20 religiosa, tendn como primeira abadessa a m2dre Dona Branca, do n~osteirode Santa Clara, que ali deu entrada a 13 de junho de 1667, iniciando-se entao a-verd~deira vida do claustro. Esta mudanca do recolhimento em mosteiro observante foi promovida pelos seus fundadores, partirulamente impulsionados ,pelos grandes exempl~s de austeridade e penitencia que ali praticavam as recolhidas, como já dissémos, estando tambéim estas desejosas de se submeterem voluntáriamente As regras duma rigorssz disciplina csnventuol. Floresceram nas m i s heroicas virtudes muitas das religiosas deste convento, das qusis re guatdavam no respectivo arquivo memórias da sua exemplaricsima vida e ate de fictos miraculosos atribuidos 2 sua v;;liosa intercessan. Entre elas se deslacou a madre Brites da Paixao, cuja fama de santidade perdurou até os nosscls dias, tendo nascida na freguesia do Canico e falecido a 25 de Setembro de 1733 e pertencendo A antiga e ilustre família Ornelas desla ilhai, de que sao membros os distintos madelrenses o arcebicpo D. Aires de Ornelas e os conselheiros Agostitiho de Ornclas e Vasconcelos e Aires de Ornelas e Vasconcelos. Por meados do século XVIII reaIisarzm-se na igreja e em outras dependencias do convento importantes cbras de reparaqao, de que muito necessitava todo o edifício. As religiosas deste mosteiro tiversm que abandoná-lo e f o r m definitivamente cerrades as suas partas com as leis promulgadas Acerca dos institutos monásticas ao dar-se a implantaca0 da r&~úblicri.Embora com a mais recatada prudencia e sem uma sancao legal que a isso ~bertamenteas autorisasse, mantiveram sempre essas religiosas as práticas da vida claustral, observando com rigor os preceitos da sua regra confor-

me o podiam permitir as circunstancias de ocasiao. Foi talvez um caso único ocorrido no nosso país, que merece ficar registado ncstas páginas. A,igreja e a casa conventual foram demolidas no ano de 1911 e no mesmo local se levantou um edifício destinado i instalaca0 da associacao de beneficencia ~AuxílioMaternal » que ali mantem urna créche e outras obras de assistencia. Convento de Nossa Senhora da Incarrnagúo-Como já tivémos ocssiao de dizer em outro lugar, a fundacao deste convento foi ínspir~dspor um sentimento do mais puro e ardente patriotismo. O cónegn Henrique Calaca de Viveiros fizera o voto de levantar um mosteiro em honra e louvor de Nossa Senhora da Incarnacao, a qilem era muito devotado, quando o seu país se libertasse inteiramente do jugo castelhano e retamasse a sua antiga irldepcndenciai. Cumpriu religiosamente a piedosa pramessa, fazenris erguer um modesto convento no ano de 1645. O cóilegu Henrique Calaca, que era natural da ilha do Portg S?rils, nasceu por 1589 e faleceu no Funchal a 25 de Malo de 1662. O séu retrato, em tamanho natural, que se encontrava no coro da igreja, cctiscrvava num dos ángulos da tela esta inseri~iía: aRetrat~natural do cónego Henrique, Calaca de Viveiros, fundador deste convento. Faleceu a 25 de Maio de 1662 com a idarde: de 73 anos.. O terreno, ocupado actualmente pelo edifício do SeminBrlo Diocesano e sua cerca, que era pertenca do cónego Henrique Calaca, foi o local eseolhido para esse sacerdote dar inteiro cumprimento a5 patriótico voto que fizera. Comecou esta instituicao por ser utn modesto recolhimento de pessoas de comprovada virtude, que quinze anos mais tarde se transformou num verdadeiro convento da .segunda regras de Santa Clara. Cornecou a construc%odo edificio no dia 20 de Novembro de 1645, anexo a urna pequena capela já ali existente, e passadu um ano entraram n2le as cii:co primeiras recolhidas, cuj:, número aumentou posteriormente. O cónego Henrique Calaea impetrou de Roma licenca para fazer a mudanca, na qualidade de fundador, do pequeno rccolhimento numa casa conventual de regular cb;ervincia, o que lhe foi concedido por bula de 16 de Novembro de 1651, mas a que sómente se deu inteira cxecucao no ano de 1660 A 4 de Fevertiro de 1657 lavrou-

se a escritura da dotacao, que assegurava a existencia da nova instituicao monástica, com que o seu fundador Ihe doou os importantes haveres que possuisi na ilha do Porto Santo e ainda outros num valor superior a vinte mil cruiados. E' de 6 de Novembro de 1659 o alvará régio que concede autorizacao para a elevacilo~dorecolhimento r mosteiro de ordem regular, e no mes de Abril do ano seguinte de 1660 se iniciou verdadeiramente a vida claustral cam a entrada da primeira abadesa, a madre Clara de Silo Bernardo, vinda do convento de Santa Clara, existinda entlo ali vlnte e nove recolhidas, que todas professaram no anca imediato depois dum rigoroso e exemplar noviciado. Em mais dum lugar ternos deparado com a informacao de que a autoridade eclesiástica de acorda com a autoridade civil deste arquipélago tentaram por mais duma vez reunir, em uma só, as duas coaiunidades de Santa Clara e da 1ncarnic.0, com o principal fundamento de que a primeira dispunha de abundantes recursos para se mantsr e a segunda pertencer a um convento de escassos rendimentos, mas nunca se realizou essa projectada medida, devido certsimente a valiosas influencias que se interpuseram e de modo especial A oposicao que a isso ofereciam as próprias comunidades interessadas. N0 entretanto, o f6rca imperiosa das circunsl2ncias obrigou a essa reuniao, quando a Madeira foi pela segunda vcz ocupada por tropas inglesas, tendo todas as religiosas da Incarnacao deixado o seu convento no dia 7 de joneiro de 1808 e recolhido ao de Santa Clara, onde permaneceram alguns anos, afim de serem aquarteladas as tropas britanicrs na casa monástica, fundada pelo patriotismo do cónego Henrique Calaca de Viveiros. Neste mosteiro manteve-se sempre exemplartnente a disciplina conventual, havendo-se muitas das suas religiosas distinguido como modelos na prática de todas as virtudes e tendo algumas delas deixado iiome aureolado pela santidade nas crónicas manuscritas do respectivo arquivo. Por especial concessao pontificia, esteve sempre o convento da Incarnacao sob a imediata jurisdicao da autoridade eclesiástica local, tendo-lhe vários prelados diocesanos dispensado especiais merces e benefícios e entre eles se destaca o bispa D. Joao de Nascimento (1741-1753), que fez urna importante d o a ~ a oa fábrica deste mosteiro. Na primeira metade do século XVIII prissaram a cerca, a

igrejs, as casas e outras dependencias por Importantks repara@es e acrescentamentos, custeados pos donativos particulares e bambém pela Coriseiho de Fazer~dadeste arquipélago. Tendo falecids a última freira, a madre Vicencia Violante do Céu, a 20 de Abril de 1890, passararn os edifícios A posse do Estado, mas continuaram e i n d ~ali residíndo shlgumas antigas recolhidais. No ano de 1895, o governo central cedeu provisóriamente urna parte do velho convento para a instalaca0 duma oficina de Sao José, que nao teve larga duracao. O decreto de 11 de Julho dc 1903 fez cedéncia ao prelado D. Manuel Agostinhu Barrtto de tcdrs as dzpendencias do mosteiro para á~edifjczqaodo Seminário Diocesano, como miis largamente se verá no capítulo que ¡he f6r dedicado.

XXI 11

A Compenhia de Jesus Achava-se em Lisboa o quinto capitao-donatário do Funchal Sirnao Goncalves da Camara, quando nos primeiros dias do mes de Outubro do ano de 1566 os corsários franceses assaltaram esta cidade e deram aqui o terrivel saque, de que falam com tanto horror as antigas crónicas madeirenses e do qual fizemos já uma narrativa sumária num dos capítulos precedentes. Acudiu prontamente o donrti4rio com os indispensáveis socorros, enviando A Madeirr seu filho e sucessor no governo da capitania Joao Goncalves da Camara, mas chegou infelizmente tarde a armada que este comandava, pois que os franceses haviam já saído da ilha, depois de alguns dias de destruicao e de matanca. Vieram nessa frota, por convite de Joao G o n ~ ~ l v edas Camara, os padres Francisco Varca, portugues, e J. Naxera, castelhan0, ambos da Companhia de Jesus, que logo se entregaram a um intenso apostolado, que o estado de espírito dos habitantes prometia ser extremamente frutuoso, tendo as suas pregacoes despertado o maior interesse e admiracao, ao ponto do doutor Gaspar Frutuoso formular a ousada hipérbole de #que nao sabia qual das cousas f6ra maior para esta ilha, se o que perdeu com a chegada dos corsários, se o que ganhou com a vinda destes religiosos~. Os excelentes servicos prestados pelos dois jesuitas no desempenho das func6es do seu ministCrio aliados as suas qualidades pessoais de austeros e zelosos sacerdotes grangea-

ram-lhes uma alta consideracao e dedicada simpatia por parte de toda a populaqao, formando-se sem demora um ambiente favoravel A sua permanencia no Funchal e nascendo naturalmente a ideia da criacao dum Colégio nesta cidade da ordem a que esses religiosos pertenciam. De regresso ao reino teriam as suas informac6es e provavelmente a valiosa interferencia dos jesuitas madeirenses Leao Henriques,,que era o provincial, e Luís Goncalves da Ciimaro, o célebre aio do rei D. Sebastiao e tio de Joao Goncalves da Catnara, concorrido para a fundacao dum Colégio nesta iiha, o que veio a realizar-se no ano de 1570. O rlvará do rei D. Sebastiao de 20 de AgGsto de 1569 é o verdadeiro upadrao. da fundacao do Colégio do Funchal, tendo outro alvará régio, de 10 de Agosto de 1579, estabelecido a forma de dar execucao As cláusulas contidos no primeiro diploma. Por eles se fixa a dotacao anual de 600.000 reis para a tnanutencao do Coilégio, vindo o alvari regio de 17 de Setembro de 1607 alterar a maneira de satisfazer os encargos dessa dotacao, que cntao ficou notavelmente acrescentada. Este~ interesantes dacumentos, que por brevidade nao reproduzimos, veem insertos nas aMem6rias do Estado Eclesiistico da Ilha da Madeira.. , S , de onde o dr. Rodrigues de Azevedo os trzlsladou para as páginas das Saudades da Terra, encontrando-se tarnbém transcritos no apreciado ~IndiceGeral do Registe da Antiga Provedoria da Real Fazenda.. D. O abalisado comentador do padre Gaspar Frutuoso, com o seu conhecido espírito seciário em assuntos de carácter religioso, comentando com azedume esses diplomas e o curioso Inventárlo, a que se procedeu em 1759, dos bens que os jesuitas possuiam nesta ilha, cnega a conclus6es muito exageradas, rinda mesmo a admitir-se que essc tnvaniárlo seja um documento sério e imparcial, do que há graves razties para duvidar. Autorisada legalmente a criacao do Colégio em 1569, como ficou dito, vieram no ano seguinte os primeiros religiosos dar cometo a esta fundacao, qye foram os padres Manuel Szqueira, investido no cargo de reitor, Pedro Quaresma, como professor de teologia moral e Belchior de Oliveira, encarregado especialmente dos servicos religiosos, hlém do diácono Vasco Baptista, para professor de latim e retdrica c mais dois irmaos coadjutores, os quais tendo partido de Lisboa a 9 de Mar40 do ano referido chegaram ao Funchal a 18 do mesmo

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mes. Grassando a peste em Lisboa, e nao lhes sendo por esse motivo permitida a estada nesta cidade do Funchal, foram acoa lher-se a uma casa, que generosamente lhes ofereceu o fidalgo Fernao Favila, nas imediacoes da capela de Nossa Senhora da Ajuda, que ainda existe no sítio deste nome, e que f6ra por ele fundada, tendo esses religiosos ali permanecido cerca de dois meses. Instalaram-se proviaóriamente e em condicoes pouco confortáveis numas casas que alugaram no centro da cidade, no largo que hoje conserva o nome de Chafarlz, junto da antiga capela de S. Sebastiao, e logo iniciaram os seus trabalhos de apostolado e deram também corneco ao seu curso de teologia e de humanidades. Imprimiram uhia desusada salenidade á abertura desse curso, em que o diácono Vasco Baptista proferiu uma elegante oracao na língua latitia, solenidade que se realizou a 6 de Maio de 1570, dia dedicado ao apóstolo Sao Jcao Evangelista e desta circunstancia nasceu a ideia de dar-se Lt nova instituicao o nome do Colégio de Sao Joao Evangelista, que perdurou através do tempo. Foi em extremo apreciada a accao desenvolvicla por Mes religiosos e de modo especial a arrebatadora eloquencia do padre reitor Manuel de Sequeira, que sabia impressionar e comover os numerosos auditórios que Avidairnente o escutavam no púlpito da Sé Catedral e de outras igrejns, sendo grandes e notórios os frutos aue essas prédicas evangélicas Produziam no seio das popula&es. O curso de teologia e uarticularmente o de humanidades tiveram semore oma notável frequencia, tanto na rua de Sao Sebastiao e nohisspício de Silo Bartolomeu e rnais tarde nas chamadas Aulas do P&G, como adiante veremos, constituindo esses cursos urna verdadtira novidade neste meio e de grande utilidade e aproveitamento para aqueles que assiduamente os seguiam. A austeridade de vida, o zelo apostólico, o grande espírito de sacrifício e mais que tudo a accao eminentemente reformadora que animavam os novos religiosos, concitaram contra eles a má vontade de muitos, a comecar pelo capitao-donatiirio Simao Goncalves da Camara e pelos próprios frades franciscanos, que, julgando-se ofendidos e lessidos nos seus antigos privilégios e regalias, lhes moveram uma tenaz oposicao, para nao dizermos guerra declarada, tanto no exescicio das funcoes do seu ministério .como na construcao da igreja e

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DIOCESEDO

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colégio que pretendiam levantar. Os jesuitas souberam, porém, conjurar a tempestade, que se erguía ameacadora, com aquela prudente energia que os caracterisa, e conseguiram levar a cabo a obra tao auspiciosamente iniciada .e até com o aprazimento e auxílio dos próprios perseguidores Tres meses depois dos jesuitas se estabelecerem nesta ilha, aportou ao Funchal no dia 15 de Junho de 1579 uma armada do comando de Luís de Vasconcelos, que, além das equipagens e de vários passageiros, conduzia quarenta religiosos da Companhia de Jesus, os quais tinham como superior o padre Inácio de Azevedo e se destinavam as missoes evangélicas, que aquela ordem monástica mantinha em terras brasileiras. Como se sabe, foram estes religiosos que, passado um mes, sofreram o martírio a vista da ilha da Palma, nas Canárias, sendo-lhes concedida a honra dos altares e celebrando a Igreja Católica no dia 15 de julho o aniversário desse martírio glorioso. Nao podendo os jesuitas do Funchal, pelo acanhado das suas moradias, alojar todos os seus irmaos em religiao que viajavam para o Brasil, ficaram Mes acomodados a bordo dos navios e alternadamente se revesavam nas visitas que em cada dia faziam aos religiosos que ocupavam as casas da rua de Silo Sebastiao. Receberam Mes os seus confrades corn efusivas demonstraqoes de apreqo e da mais fraternal simpatia durante os quinze ou vinte dias que permaneceram nesta cidade, dando-se a circunstancia de haver entre os futuros mártires muitos que tinham sido discípulos e novicos do padre-reitor Manuel de Sequeira, por quem nutriam a mais filial e respeitosa estima. Inicio de Azevedo e alguns dos seus companheiros exerceram no Funchal as funcoes do seu ministério, principalmente na capela de Sao Tiago, e estiveram na freguesia de Santo António, perrnanecendo algum tempo no sítio do Pico do Cardo e alí se entregavam a diversos exercícios de piedade, em memória do que se levantou no local urna grande cruz de madeir r que o tempo derribou, mas que foi conservada no Colégio do Funchal como uma verdadeira relíquia digna da maior veneracao. Aproximadamente um século mais tarde, construiram os jesuitas naquelas vizinhas imediaqoes uma excelente casa de recidencia e uma capela da invocacao de Nossa Senhora do Papulo cr nesta se encontrava uma lápide de mármore, onde se lia esta interebsante inscrigo: En' memórla dos gloriosos

mártires da Comp." de Jesus o P. Ignacio de Azevedo c seus 39 companhe¿ros que navegando p a o Brazrl no ano de 1570, aos 15 de julho d vlsta da ilha da Palma merecerdo a do martirio pella fé de Christo langados ao mar pellos herejes e tendg estado nesta quinta do Pico do Cardo vlnhdo a este 10gar~corna sua cruz e nelle faziüo as suas devocdes, se erlglo esta p." maior gloria de Dem. An. de 1745.. Essa Iápide, que deveria ter sido religiosamente conservada na capela ainda ali existente, foi há mais de trinta anos removida para o colégio dos jesuitas em Campalide, nos arredores de Lisboa, sendo provavel que já 14 se nao encontre. Os quarenta religiosos sairam da Madeira nos principias do mes de julho e navegavam na nau Santiago, que no dia 15 do mesmo m8s, 4 vista da ilha da Palma, uma das do arquipélago das Canárias, foi abordada por uma armada do comando de Jaques Soria e tripulada por huguenotes franceses, que por ódio A religiao católica trucidaram ferozmente os indefesos jesuitas e lancaram os seus corpos ao mar, tendo sido beatificados pelo papa Pio IX.

Depois duma permanencia de dois anos nas casas anexas A capela de Sao Sebastiao, transferiram os jesuitas as suas instalzcoes, no ano de 1572, para a albergarin e igreja de Sao Bartolameu, situadas na ruo Direita, que a s tenpo se prolongava até As proximidades dn actual Ponte do Torreaa. Esta igreja e albergaria tinham sido fundadas por Goncalo Anes de Velosa e destinavam-se a recolher os clCrigos pobres e impossibilitados de trabnlhar, mas nao chegaram a ser aplicadas ao fim que tivera em vista o seu instituidor, o qual faleceu a 1 de Agosto de 1497 e teve sepultura na referida igreja. Ali continuaram aqueles religiosos com o mesmo zelo e proficiencia o exercício do seu ministério sacerdotal e a lecionacao días suas aulas, sempre com um desusado concurso de fieis e notável frequencia de alunos. Poucos snos depois adquirlram o terreno que é hcje ocupado pela igrcja e o quartel do regimento de infantaria n.O 25 e que entao se estetadia desde o largo do Município A rua dos Netos e da rua do Castanheiro A dos Ferreiros, e ali construiram uma pequena igreja e umas modestas casas, em que se instalaram, devendo referir-se a estas edificac6es a data de 1578, em que se dao por concluidos os trabalhos da erecc8o da igreja e do colégio. Iam no entretanto lan-

cando as bases do seu grande Colégio e da sua majestosa Igreja, dos quais mais adjante nos ocuparemos. Com o deccrrer do tempo alargaram os jesuitas a sua acc%ono cxerricio do seu apostolado e na melhoria da sua situacao temporal, construindo algumas residencias com pequenas capelas anexas e adquirindo varios prédios rústicos, que constituiam a base da sua manutencao nesta diocese, como orclem monastica regular nao mendicante. As salenidades religiosas e outras fiarcoes do culto, os numerosos encargos pios impostos pelos bemfeitores c doadores da igreja e do Colégio, a srsstentaeao dos cursos de humanidades e de teologia, o exercício da beneficencia, etc , abjorviam os proventos relativamentu grandes &.que: gozavani, como fossem as rendas de pao e vinho d3s freguesias da Tabúa, Ribeira Brava, Serra de Agua e Camparaáris, e ainda do pescado, verduras e cmiuncasw das mesrnzs frcguesias, Aiém das fazendas que possuiam nas paróquians de Silo Pedro, Santa Maria Maior, Silo Roque, Santo Antónic, Msnte, C i m a r ~ de Lobos, Estreito, Campanário e Ribeira Brwva. Se é certo que era muito extenso e importante o prédio do Campanário, que é hoje quasi toda a freguesia da Quinta Gratade, muitos outsos havia de pcquena monta e de bern escarssos reirdimentos. Possrrixm os jesuitas as .residencias., com casas ,de moradia e capclas arrexac. do Pico do Cardo, na freguesia de Santo AntBnfo, a BQ Pico dos Frias, no sitio deste nome da freguesia de S23 Pedro, n da Nossa Senhora do Rosáeio, no sítio da Fundoa da fzeguesia de S2o Roque, a de Nossa Senhora do Socorro, no ritio da Azenha da freguesia do Canico, e ainda urna peqvnena #&residencia*,sem capelr, no sitio do Lugar da freguesika da Ribelra Brava. os religiosos da Companhia conservaram sempre a alta regritac3o que os acompanhara desde a sua entrada nesta ilha, dedicando-se cxclusivimente, com o mais acendrado &lo e a meis edificarite piedade, As funcoes do seu árduo ministério. Surge, porkm, a injusta e cruel perseguicao que o Marques de Pombal moveu aos jesuitas e que se estendeu a todas as coIónias ~orluguesas, manifestando-se inopinadamente no Funchal a 29 de Maia 1759. O novo governador e capitao-general deste arquipélago José Correia de Sá t o m ~ uposse do seu cargo a 27 de Maio de 1759 e, dois dias depois, mandou cercar militarmente o

Colégio e a igreja de Sao Joao Evangelista, estobelecenda-se a completa incomunicabilidode dos que ali residiam até a dia 16 de Julho do ano seguinte de 1760, em que .sairlatn do Funchal com destino a Lisboa. Nesse mesmo diu, de 29 de Maio de 1759, se fez a apreensao judicial do Coiégio e suas dependencias com todo o seu mobiliário e ailfaias do culto, procedancio-se também atabalhoadamente a um lnventdrko de todos os txoveis e imoveis que a comunidade possuia nesta ilha. Veiu ao nosso porto a nau aNossa Senhora da Natividade~, do ccmando de Joao da Costa e Brito, trazendo a seu bordo o conde de Cao Vicente, encarregado da missas de acompanhar e fazer transportar A capital os dezanove jesuitas, sendo anzc szcerdctcs e oito irmaos coadjutores, que durante um ano iinham perrnaz necido r>re%ose incomunicáveis dentro dss uiaredes do seu colégio. O b i s ~ oD. G a s ~ a rAfonso da Costa Brundae. aue deixou nesta diocese honrbsas tradicoes dum distinto'e 'apostólico prelado, tomou na Madeira as mesrnas atiiudes dos seus calegas no episcopado do continente portugues no giocediimento havido para com os perseguidos membros da Cueupanhia da Jesus. Todos ou quasi todos os bispos, sob a despólicw precroao do Marquesde Pomba1,publicaram pastorais, rlguwas belas cheias de inflamados tropos, contra os jesuitas e as supostas doutrinos subversivas que eles professavam. Datado de 30 de Junho de 1759, publicou D. Gaspar Brandao uma pastoral do mesuno genero dlrigida aos seus diocesanos, que há pczucos anos foi reproduzida nas colunas dum jornal desta cidade. O colégio e a igreja dos jesuitas foram entregtntr a guarda do bispo diocessirro e os restantes haveres ficaram sob ia viyilancia do governsidor e capitao general e do corregedor. Poucos anos depois, puseram-se em hasta pública as propriedades que éles possuiim nesta ilha, sendo a da Quinta Grasade arrematada por 140.000 cruzados, a do Pico dos Fu31aspor 9.226 000 reis e a do Pico do Cardo por 7.000.000 reis. Depois da nossa Sé Catedral, 6 a igrejq de Sao Jeao Evangelista, vulgarmente conhecida pelo nome de Igreja do CoIkyi~, o principal templo de toda a diocese, n%o s ó m e ~ t epela ainipla vastidao, típica arquitectura e majestosa frontaaia, mas c,Iada pelas belas decora~oesinteriores, que nele fácilmenle descobre qualquer atento observador, embsra nao muito versado em

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assuntos tCcnicos e artísticos respeitantes a essas especialidades. A~resentaa feicao característica das edificacoes da Com~anhia de Jesus, a que-certamente falta a beleza e majestade do estilo gótico, parecendo antes simbolizar, como já alguem observ o ~ a, indomável energia de vontade e a inquebrantável intransigencia de princípios, que tao notavelmente distingue os membros dessa ordem religiosa. Desta igreja disse o benemérito e nunca esquecido governador da Madeira o conselheiro José Silvestre Ribeiro : #A solides da sua construcao condiz com o pensamento dos famosos fundadores, que parece edificavam para a eternidade; e o estilo arquitectónico suposto ser muito alheio as belezas e poesia dos admiráveis especimens da Bstalha e de Belém, tem contudo um certo cunho de grandeza, que eleva a alma e cativa profundamente a atencao.. Do ElucMdrlo Madelrcnsc, da nossa co-autoria, vamos extratar algumas das notas que ali deixámos exaradas a respeito dessa igreja, acrescentando-lhe algum pormenor interesante, que posteriormente tivasse vindo ao nosso conhecimento. Escasseiam-nos notícias seguras Acerca da determinacao exacta do tempo em que principiou a sua edificacao, devido principalmente A confusa0 que se tem estabelecido entre a época da construcao do primitivo colégio e capela anexa, que existiram no mesmo lccal e ali foram levantados nos anos de 1572 a 1578, e a ereccao do grande templo e do vasto colégio, que correspandem A igreja actual e ao quartel do regimento de infantaria n.O 25, sendo este§ edificados muito posteriormente. A sua construcao deveria ter comecado pelos fins do primeiro quartel do século XVII ou princípios do quartel seguinte, conforme parece deduzir-se dum manuscrito do século dezoito, o que aliás se harmonisa com as seguintes palavras do erudito anotador das Saudades da Terru : #Debalde temos buscado no edifício e igreja do colégio dos jesuitas do Funchal inscricao comemorativa de quando construido : tao sómente richámos sobre a porta exterior do Páteo das Aulas, pertenca do mesmo colégio.. . a era de 1619, tendo a meio as armas reais portuguesas. A abóbada da capela-mór tem visos dearisco arquitectónico ainda manuelino. O cruzeiro, corpo do templo e a obra da entalhadura das capelas silo no gosto bastardo da renascencw. A edificacao fez-se com alguma morosidade e s6 haveria sido dada por terminada pelos meados do século XVII, ii par-

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te quaisquer detaihes de ornarnenta~ao,que ainda mais tarda se teriam definitivamente concluido, como sejam a colocacIo das estátuas na front~rliada igreja, a decorsncao de algumas capelas, etc, A igreja conserva no seu frsntes~ício as estátuas, em tamanho natural, de Santo Inácio de Loida, de Sao Francisco Xavier, de S3o Francisco de Bqrja e de Santo Estanisláu Kosta, as rnois ilustres membros da Companhia de Jesus, primorosanaente talhadas em máirmore, dando A fachada do edifício um aspecto de notave1 beleza e magnificencia. O fundo da igreja C formado pela capela-mór, dedicada ao titular Sao Joao Evsragelista, e pelas duas pequenas capelas de Nossi Senhora da Luz e de Nossa Senhora do Socorro, fieando a dentro do cruzeiro as capelas de Jesus Crucificado e a de Nossa Scnhora Mae dos Homens. Ao longo das paredes encantram-se, do lado do evangelho, as capelas das Onze Mil Virgens, de Sao Miguel e de Santa Quiiéria, e do lado da epístola, as de Silo Francisco Xavier, de Santo António e de Nossa Senhnra da Conceicao. Silo muito apreciiiveirs as deeora~orsinteriores e entre as suas téllas destaclim-se alguns quadros de grande valor artistieo. A szcristin principal está guarnecida com excelentes paineis tmcldurados em primorosa aalhn de madeira dourada e neli se encontra um belo retrato do rei D. Sebastiao, 0 verdadeiro furidador desta igreja e do colégio que Ihe ficava anexo. L2:nos ailgurcls que afoi riscada e pintada por um itgiiririo natural de Toscana e fai escultor Braz Fernandes.~ Esteve esta igreja vedada ao servico do culto desde o ano de 1760, sendo possivel que, em 1788 e durante o limitado periodo de tempo em que 0 Scminário Diocesano funcionou no antigo colégio dos Jesuitas, neia se recrlizassem temp~ráriamente stlgumas flancoes religiosas. Cmtinuisu no mais completo abandono até s lino de 1847, em que o ilustre gcavernador civil deste distrito o benemérito conselheiro JosC Silvestre Ribeiro praccdeu A sua restauracas, reparando inteiramentc as Bnjúrias do tempo e o dcspr8so e viandalilsmo dos homens. A ele se deve esse assinalado servico e, pode afirniar..sc, se ele nao fere, nao teria essr bela igreja sido restituida ao exercicio do culto católico. Quando as tropas inglesas oeuparam pela segunda vez estl Ihi, permitiu-se abusivamente que elrs assistissem durante al.

guqs meses na igreja do Ccligio acs ofíclos do culto protestante, ficando o templo interditado por esse motivo. O facto causou grande consternac3o entre a populzcao ca!ólica da Madeira, conseguindo o governodor e espita--general Pedro Frgundes de Antas c Menezes por termo a esse abuso no mes de Fevereiro de 1809. O colégio de Sao Evangelista, cnde actualmcnte se acha aquartelado o regimento de infantariz n." 23, fai o grande edifício que a Companhia de Jesus fez levantar para ra instxlacao da suo comunidade e dos seus cursos de teelogia e de huinanidades, que durante dais séculos rnarrtiveram nesta cidode com grande aproveitamento dos alunos. A época da sua construcao deve ser a mesma da da igreja que lha estava contigua, quaai formando cotn ela urna ítnica edificacao. Numa das suas dependencias, destinad%ao fuvlcionamento dediversas eii!as, Ie-se áinda a era dl: 1619, que representa, com pequena diferenca para miis ou para menos, a data aproximada da construcao do corij~ntodc lodos os edificios que ali se levantaram. No antigo manuscrito, a que já atrás nos referimos, encontriirnos descritos esies pormenores:
ciencias do quartel do rcgimento de infantaria n.O 25.O A rua do Castanheiro constituía, ao tempo, uma apertada travessa, que foi alargada há cerca de 90 anos. Nas nova9 casas deram s s jesuitas maior amplitude aos seus servicos, tendo uma instslzcao especial, num pátio exterior do edificio, destinado ao curso das humanidades, que ficou cunhecido pelo nome de Aulas do Pátlo e que ali func i o n o ~ ccm tcda a rcgoloridsde e grande frequencia de alunos até o ano de 1759. Nessa mesma dependencia, cstabeleceu-se em 1837 o liceu do Funchal, que ali permaneceu ate o ano de 1881. Continuaram os jesuitas a ocupar o Seu Colgéio, deiempenhando fiel e zelosamente as abrigei~oesdo seu minislério, quando inesperadamente se viram cercados por urna forca mi-1itar e tornados incomunicáveis afé o dia em que, sob prisao, sairam para Lisboa, como acima ficou supáriamente referido. A-pesar-de confiados A guarda do biupo diocesano, a igreja e o colégio ficaram ao abandono al6 o ano de 1788, O novo prelado D. José da Costa Torres, antes de vir pessoalmente assumir a direccao do S E U bispado, alcancuu a cedencia deste colégio, por provisao régia de 10 de agosto de 1787, destinado á instalaca0 do Seminário Diocesano, o que se realisou no ano irnediato e ali funcioneu até o ano de 1801. Nas duas ocuphcoes violentas que as tropas inglesas fizeram desta ilha nos pericdos decorridos de 1801 s. 1802 e de 1807 a 1814, fci o antigo colegio e enlao semiriárlo trarrsformado em quartel duma parte consideravel dessas forcas militares, que ao sairem da hladeira deixaram o edificio e a iyreja arexa com estragos quosi irreparaiveis. Em ambas as ocasioes do excdo dessas troflas, pugnkram os prelados diccessnos pela restituicaa do colégio, que um diploma régio tinhi concedido a esta diccese, mas resultarem infrutiferos tcdos os protestos e diligencias que nesse serbtido se empregaram. E par este moiivo suscitcdse um gravissimo conflito entre o bispo D. L ~ í Redrigucs s de Vilares e o gavernzdcr D. Jaté Manuel da Cimara, tendo este sido deposto do scu cargo, o que tudo havemos de nilrrnr com o indispensavel desenvolvimento em outro lugor desta abra. No intervalo havido entre a saida da primeira divisao inglesa e a chegada da segunda, isto 6, de 1802 a 1807, foi aquartelado no edificio do cclegio urna forca de artilharia na-

cional, voltando em 1814, depois das tropas britinicas terem deixado definitivamente esta ilha, a ser ccupados por diversos co1:tingentea militares. O Colegio dos Jesuitas esteve aplicado ro servico da respectiva comunidade desde a sua fundncao até o ano de 1759 e ficou depois inteiramente ao abandono, sendo ncle instalado o Seminário Diocesano desde 1788 a 1801 e em seguida ocupado duas vezes por tropas inglesas e tambem por tropas pacionais al6 á actualidade,

XXIV 8." Bispo D. Fr. Lourenco de Tavoia Seguindo apróximlidamente a ordem cronológica, na tlarracao sumária que vimos fazendo dos factos mais notáveis da história d a t a diocese, cabe agora ocupar-nos do seu oitavo prelado Dom Frei Lourenco de Tavora, que esteve na direcdela no período aecorrido de 1610 a 1617 e que sucedeu ao bispo D. Luis Figueiredo de Lemos. Vivia Fr. Lcurenco da Piedade no remanso do seu convento, quando a instancias de seu tio, o tristemente celebre D. Cristovao de Mourn, e do rei Filipe 2.O, foi epresentado bispo do Funchal e confirmado pela Santa Sé a 24 de Outubro de 1609, tendo xecebido a segracao episcoprrl a 6 de Junho do ano segirinte, par mgos do inquisidor-gerál D. Pedro de Castilhs. Em 1611 veiu asuumir o govérno do bispado, e por ocasi30 da sua chcgrda a esta cidade Jcgo se si:scitou um grave conflr'to entre tle e o s ~ n z d ofunchalen~e,pretendendo o prelado fazer a rhia ei~tradascléne na diccese a cavalo, scb o pálio e a cujps vsras deverizrn pegar cs vereadores da mesma timara. Esta recalcitrcu e recorreu ao monarca, baixatido uma provizao régia, em que se estábelecia que ela se uescusasse de acornpanhar o bispo que quizer dar entrada a cevallo debaixo d o palleo; porque debaixo do palleo só a El-Rey pertence~, como se Ie nCsse curicso dccumento, regisf~dono fcmo 3.Od0 rrquivo da Cimara do Funchal. Essa estranha pretensao, que D. Lourengo de Tavora jul.

cae

gava devida ao seu elevado cargo, nao Invalida o bom conceito a formar-se acerca deste distinto prelado, que deixou as mais honrosas tradicoes do seu zelo apostólico e da sua austeridade de caractcr nos sete anos que presidiu aos destinos desta diocese. Entre os factos mais salientes dr sua administracao episcopal, destaca-se a convocacgo dum sínodo diccesano. que se realizou poucos anos depois da sur chegads, mas cuja época nao conseguimos determinar. Nele se: zdoptaram enérgicas provid6ncias tendentes a corrigir muitos abusos que se tinham introduzido em diversos pontos da di~ciolinneclesiástica. Levou os administradores das capells com encgrgos pios, sob penas severas, a cumprirrm cs legadrs e pens6w a aue estavarn obrigodos. segundo as disposic6es testamentárias dos respectivos institiiidorcs, que em qraiaide parte tinham caido em desuso, a-pesar-da existencia do Joizn dos Wesiducls e Capelas destinado a superintender nessa matéria. Teve o mais rigoroso ci~idadncom a crdenacao dos que seguiam a vida eclesiástica, cxigi~do-lhes um procedimento irrepreensivel já losgamente com~rnvodo,além dos conhecimentos liferários e cientificos indistserisáveis para Q born desempenho das f u n ~ o e sdo seu minisfério. Já nos referimos, no capítulo XXI deste estudo. ao fecto ~resenceadopor mvitas pesscac, n3 iprejn do convento de Sao Francisco, a 26 de Dezfmbrn r i ~1482, e tido como miraculoso, em que foi visto o braco diseito da imzgem de Nocso Senhor Crucificado descaida ao Iorigo da mcsma imagem, sem que urna razao de ordena n~turalnodesse explicar a estranheza desse caso. Passado!: 133 r ~ o es furidadc nlim doc~mentn de investigocao coero dessa ocorrencfa, fea D. Lccrenco de Tavors uitblicar um zlvará episccpsl datado de 24 de Outubro de 1615, em que confere tcdn ri vólor e zuteriticldade ao referid o documento e d á áquele facto o carccfer dum verdadciro e inconte~tavel milagre. Ainda actualrncnte, a 26 de Deziembro e a 24 de Outubro de czda ano, dizs em que se verificou o fpcto milagroso e cm qce rccebeu a resptctiva aprcvacao da autoridade eclesiástic8, é essa sntfga e venerarda imrgem, que se guarda na Sé Caiedral, e x ~ o s t aao culto e piedosa devacao dos fieis nn altar que ficnu cnnhecido com o nome de Senhor dos Milagres. Os dnis documentos e a a~aixon~lda crítica que lhes fez o dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo veem

insertos nas anotacoes As Ssudades da Terra do doutor Gaspar Frutuoso. Fez este prelado a importante doacao 4 fábrica da Sé Catedral, duma amorada de casas. .. que estao na riheira junto A Alfandega comprada a Simao Roiz Teixeira por novecentos mil reis. e ainda amais tres ,moradas de casasu, que rendiam cerca de cem mi! reis, reservando D. Lourenco treze mil reis .para missas anuais por sua alma A esmola de quatro vintens .» Por ausencia do governador geral do arquipélago Manuel Pereíra Coutinho, desempenhou esse cargo o prelado diocesano, em que foi confirmado por alvará régio de 8 de Abril de 1614, assumindo as respectivas funcoes a 4 do mes de Juiho seguinte e tendo servido até 17 cit Dezembro do mesma ano, dia e a que tomou pssse o novo guvernador Jorge da Cimera. Quási no fim da sua administracao episcopal passou Q bispo D. Lourenco pelo grande desgosto de ver a vizinha ilha do Porto Santo a,ssal%adapelos mouros, que ali se entregaram a um verdadeira saque, matando .muitos dos seus habitantes e levando um grande qúínrro deles cativos para Marrocos, entre os quais alguns sacerdotes, depnis de haverem incendiado a igreja paroquial e praticado as maiores barbaridades. Néste episcopado, faleceu na cidade de Roma, a 28 de Novembro di: 1614, o ilustre mzdeirense padre Manuel Constantino, que era formado em filosofia e em teologia pelas universidades de Coimbra e Salamanca e que na capital do orbe católico foi distinto lente da célebre universidade da Sapiencia, tends ali publicado várisis obras na Iíngua latina. Por bula de 19 de Setembso de 1617 foi D. Lourenco de Tavora transferido para a diocese de Elvas, tendo saido da Mndeira para o continente no dia 8 de Outubro daquele ane . D. Lourenco de Tavora, que pertencia as mais distintas familias de Portugal, nnsceu em 1566 na quinta de Alcube, séde do morgadio deste nome, de que seus pais eram administradores, junto da vila de Azeita~,sendo filho de Alvaro, de Sousa e de D. Francisca de Tavosa. No ano de 1587 abracou a vida monistica, tomando o habito dos frades cspuchos de Santo Antónis e pelos seus reconhecidos m é r i t ~ s

e virtudes exereeu na sus ordern os msis elevados cargos, como f6ram os de professor, proviacial; visitador e delegado a um capitulo geral realisado em Roma. Como ficou dito, foi nameado bispo do Funchal em 1609 e em 1617 trzrisferido para Elvas, tendo tenunciado a este bispado em 1625. Recolheu-se a umas pequenas casas, junto do scu convento ern Lisboa, onde viveu quatro anos na mais recatada modestia, vindo a f s c lecer a 11 de Maio de 1629 com evidentes sinais de predestinado, segundo nos informa Jorge Cardoso no seu Aglologlo

Lusitano.

XXV 9." Btpo D. Jerónimo

Fernando Em varios lugares se afirma que D. Jerónimo Fernando era de estirpe realenga e que pouco tempo antes da sua apresentacao para bispo do Funchal prevara em Madrid a sua nobilíssima ascendencia, o que bastante teria contribuido para a sur elevacao ao episcopado. Foi o nono bispo desta diocese e rpresentado pelo re¡ D. Filipc 3.0 após a saída do seu antecessor D. Lourenco de Távora, e logo confirmado pela Santa Sé, recebendo a sagracao episcopal no mes de Maio de 1618, mas sbmente assumiu pessoalmente a direccao do seu bispado no ano de 1621. Teve o significativo epíteto de Apdstolo Bravo, por ser pouco afavel no trato e de seu natural áspero e desabrido, acrescentando um antigo manuscrito que era *irrequieto por naturezan, o que nao obstou a que houvesse sido um distinto e dedicado prelado nos longos anos em que pastoreou este rebanho Extrcmimente zeloso pela exacta observbcia da disciplina canónica, fez convocar sínodos diocesanos nos anos de 1622, 1629 e 1634, em que se promulgaram diversas aconstituic¿Ses., destinadas a regular certos serviqos eclesiisticos e entre eles os do cabido da S6 Catedral. Foi muito assíduo nas visitas pastorais, que realisou na maior parte das freguesias, sendo o primeiro prelado que visitou a vizinho ilha do Porto Santo no ano da 1632, adoptando em todas as paróquias medidas enérgicas pira a reprcssaa de gravas abusos, que dc longa data se

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tinham introduzido. Subia muitas vezes ao púlpito da Sé Catedral, onde frequentemente assistia aos ofícios e celebrava de pontifical, e nao era raro prhgar em outras igrejas, mesmo fóra das ocasioes em que pastoralmente visitava as diversas freguesias. Talvez demasiadamente severo em fazer cumprir as leis da Igreja e muito intransigente no uso dos seus privilégios como prelado diocesano, teve que sustentar porfiosas lutas com o senado funchalense, com os governadores gerais do arquipélago, com o provedor da Fazenda e ainda com o próprio clero, de que por vezes saíu mai ferido, havendo por isso recebido graves eensuras exaradas em documentos especiais baixados das estacoes superiores. D. Jerónimo Fernando nomeou um capelPo privativo para a igreja de Sao Tiago, hoje paroquial de Santa Maria Maior, contra a vontade da CAmara do Funchal, a quem a mesmr igreja pertencia, e levando esta recurso daquela nomeacao obteve sentenca favorável, que está registada no tomo 5 . O do seu arquivo. Tendo o mesmo prelado lancado penas canónicas ao Provedor da Fazenda pela falta de pagamento das congrúas do clero, foi expedida a carta régia de 22 de Novembro de 1621, em que é acremente censurada a sua atitude .tanto por nao pedir a matéria tal procedimento, quanto pelo cscandrlo causado. ..P, achando-se esse documento trasladado no livro 3 . O da Provedoria da Real Fazendr.. . Fazendo várias nomexcaes de benefícios eclesiásticos em sacerdotes do continente ~portugues,contra o disposto em várias provisoes régias que stabeleciam preferencias aos naturais desta diocese, baixou também uma carta rCgia determinando que se observasse esse direito de preferencia a favor dos clérigos nascidos neste bispado e nele ocupados no ministério eclesiástico. No ano de 1523, em que a peste assolou esta ilha, fez-se a eleicao de Sao Tiago Menor para padroeiro de toda a diocese, como mais largamente havemos de referir em outro capítulo deste estudo, comecando-se por essa ocasiao a constrsicao da uma capela dedicada &quelesanto apóstolo, que um século mais tarde foi notávelmente melhorada e ampliada, sendo benzida com grande solenidade e aparato pelo prelado diocesano no dia 25 de Julho de 1632. E ainda um século depois recebeir novo acrescentamento e nela se procodeu a apreciáveis trabalhos nas decoracozs interiores, sendo nda instalada definitivr-

mente a séde da freguesia de Santa Maria Mrior no ano de 1803. D. Jerónimo Fernando srrviu de governador geral do arquipélago dPsde o mes de agosto de 1624 a abril de 1625 e ainda nos anos de 1626 e 1628, tendo prestado relevantes servicos em vários ramos da administracao pública e especialmente nos elementos de defesa da Madeira contra os corsários argelinos, chegando uma vez, diz urna antiga crónica manuscrito, a ir em um navio, corn o seu animo denodado e cor~joso,em perseguicao duma embarcacao mourisca, que ameacava dar um assrlto a esta ilha. Foi no seu tempo, no mes de Janeiro de 1626, que os mouros desetnbsircando no sitio da Faja dos Padres destruiram a capela de Nossa Senhora da Conceicilo ali existente e saquearam a pequena povoaqao. O anotador das Saudades da Terra faz a este prelado a acusrcao de ter sido um acCrrimo partidário do dominio castelhano e de nao se associar As manifestacoes de regosijo que se deram no Funchal por ocasiao da aclamacilo de D. Joao IV. E' possível que, havendo sido apresentado bispo pelo rei de Espanha e especialmente pela situacao melindrosa do seu elevado cargo, nao se mostrasse hostil ao governo dos dominadores, mas a verdade é que abracou sem demora a restauracao, intervindo até directamente, com o prestigio de que gosava, no rpaziguamento duma sublevacilo popular levantada contra o Governador e diversas autoridades locais, quando nesta ilha se realisaram os actos públicos da aclamacao. A carta régia de 2 de Agosto de 1641, que mandou proceder enérgicamente contra os individuos que se mostrsram desafectos P nova situacao política, envolveu nas suas apertrdas malhas varias pessoas categorisadrs do Funchal, nao atingindo o prelado D. Jerónimo Fernando, o que bem prova a injustificada acusacgo do dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo. Serviu de pravedor da Santa Casa da Misericórdia, A qual prestou relevantes servisas, promoveu o ~ndamento do processo para a beatificacao do Santo Servo de Deus Fr. Pedro da Guarda e mandou construir A sua custa o orgao grande da Sé Catedral, que era um dos melhores do seu tempo. Neste episcopado e pouco depois do ano de 1640, faleceu na Catrlunha o distinto sacerdok madeirense Fr. Gregorio Baptista, da ordem de Silo Bento, que se notabilisou como escritor e prégador, tende publicado algumas obras em vernkulo e na lingua latina, que v&m mencionadas na ~Bibliothe-

ca Lusitanaw de Diogo Barbosa Machado e no ~Elucid.Mad.8 D. Jer~nimoFernando saíu para o continente no fim do ano de 1641 e nao mais voltou A sua. diocese, vindo a falecer em Lisboa a 2 de Maio de 1650 e sendo ali sepultado na igreja do convento da Graca, em cuja pedra sepulcrai se lia este epitáfio: cTúmulo de D. Jerónimo Fernando Bispo do Funchal mais de trinta anos, quarto neto de El-Rei D. Duarte de Portugal pelo Serenissimo infante D. Fernando seu filho, faleceu a 2 de Maio de 1650.. Nao consta que nos oito anos de ausencia, que precedo ram a sua morte, houvesse resignado o cargo, devido talvez dificuldade de encontrar-se um sucessor para o bispado, em virtude do esfriamento de relacoes existente entre a Santa Sé e o governo portugues e determinado pela grande pressao que a corte de Madrid exercia em Roma, nao se tendo dado durante alguns anos a confirmacao de bispos para diversas dioceses de Portugal. D. Jerónimo Fernando nasceu em Lisboa e era filho de Cristoviio Dixs de FigueirGa e de Maria de Basto, neto de Jerónimo Dias de FigucirGa e de Guiomar Fernandes e bisneto de Alvaro Fernandes e de Leonor Fernandes, sendo esta filha natural do infante D. Fernando, pai do rei D. Manuel e filho do rei D. Duarte. A respeito desta ascendencia, encontra-se uma curiosa notícia na nota sétima do romance O Reglclda, de Camilo Castelo Branco, que merece ser lida e que por brevidade omitimos. Abracou este prelado o instituto da Companhia de Jesus, onde permaneceu alguns anos, e, tendo-o abandonado, ordenou-se de presbítero s6cular, exercendo as funcoes paroquiais como abode duma fréguesia. Provou em Madrid que era quarto neto, embora por bastardia, do rei D. Duarte e por tal motivo e pelos meritos que nele concorriam, segundo se afirma, conseguiu ser apresentado bispo do Funchal. Foi um dos cinco prelados que no ano de 1646 assistiu As cortes gerais, em 'que se promulgou o juramento solene da defesa do dogma da Imaculada Concei~iio,tendo tambCm tomado parte na reuniao das cortes, que se realisou em Tomar no ano de lé40. Pode dizer-se que esta diocese esteve orfa de pasthr durante o lango periodo de trinta anos, pois que tendo D. J w b

nimo Fernando saido da Madeira em 1641 e morrido em 1650, sómente no ano de 1671 lhe foi dado um sucessor, ficando a direccao do bispado entregue a contingencia de improvisados governadores e sem experimentar a accao benéfica e previdente dum prelado, nao sómente na administracao dos sacramentos da confirmacao e da ordem, mas rinda na sua directa interferencia nos diversos ramos do ministerio episcopal. E nao ha noticia que durante essas dezenas de anos tivesse vindo a Madeira qualquer prelado, ao contrario do que sucedeu no período decorrido de 1514, ano da criacao da diocese, até 1558, ano da chegada de D. Jorge de Lemos, em que esta ilha foi visitada pelos bispos D. Duarte, D. Ambrósio c D. Sancho, como jkatrás ficou referido. Este facto lamentavel deve principalmente atribuir-se ao estado de tensa0 em que se achavam as relacoes diplomaticas entre Portugal e a Santa S6 nos anos decorridos de 1641 a 1668. Por morte de D. Jerónimo Fernando no ano de 1650, o cabido procedeu eleicao do governtdor do bispado, que recaiu no deao dr. Pedro Moreira ahomem douto e graduado cm canones com grande inteligencia para governar a dioceses. E' acusado de ter tomado parte na grande sublevacao popular ocorrida no Funchal no ano de 1668, em que foi deposto o governador D. Frrncisco de Mascarenhas e obrigtdo a saír imediatamente para Lisboa. Nesta vacancia, que durou vinte anos, foram apresentados bispos desta diocese o dr. Aires Correia de Baharen, concgo da S6 de Lisboa, que faleceu antes de ser confirmado pela Santa Sb, e Fr. Belchior da Graca, que tambem nao recebeu a confirmaqao pelos motivos que já acima ficaram apontados. No ano de 1654 morreu Fr. Remigio da Assuncao, religioso beneditino, que desempenhou o elevado cargo de geral do mosteiro de Alcoba~ae notavelmente se distinguiu pelos seus grandes méritos e virtudes, tendo composto algumas obras em portugues e no lingua latina, de que ftz mencao a aBibliotheca Lusitanas. Era natural da freguesia de Santa Cruz e pertencia 3t ilustre familia dos Freitas daquela vila. Foi durante este periodo do ~ S e d evacante. que se organisou definitivamente o modesto ~Recolhimentodo Bom Jesus da Ribeira~ com a admissao das primeiris recolhidas pelo ano de 1665. N%oera um inrtituio de feiqao essencislmente monástica e sujeita á rigorosa disciplina duma ordcm reügio-

M,mas constituia uma pequena comunidide moldada nas re-

grrs dos sordeas krceisiss e em que um servico quotidhno do coro e out~asprdticrs de piedade Ihe imprimiam um certo concter de vida conventual. E assim se manteve exemplarmcnte por lauitos anos, prttendendose até transforma-lo num mosteir.0 de religiosas, o que nao chegou a gccintecer. Foi seu instituidor o arcediago e dcao d i nosaa Sé Catedral Simro Goncalvos CiBrro, \eclesiastico que pelas suas rcrisoladas virtudes gosava do msior presligio em toda o ilha. Deu cameco a essa funda~gono ano de 1655 cam a dbta@o de diversos bens,.que posterio~mentefez acressentar com novas doacoes. Existe ainda este recolhimento, onde muitrs pessoas do sexo feminino encontrirn jguatido, tendo de todo perdido a coracteristica de casa religiosa, que conservou durante réculos. A sua administracZío e diraclo estil entregue a umo comissao nomeada pelo governador civil do distrito.

XXVI

D. Fr. Gabriel de Almeida

10." Bispo

Fr. Pedro de Almeida, que ao seguir a vida rnonásticx tob mou o nome de Gabriel de Almeido, era já entrado em anos e exercia o cargo de lente da faculdade de teologia ns Universidade de Coimbra, quando cm 1570 o principe regente D. Pedro o apresentou bispo do Funchal, tendo sido confirmado pela bula Oratlae Dlvinae Proernium de 15 de Dezembm do mesmo ano. Recebeu a sagracao episcopal no ano seguinte e deu entrada na diocese a 4 de Marco de 1572. A-pesar-da sua avancada idade e dos velhos e continuos achaques, foi muito zcloso no cumprimento dos seus deveres episcopais, fazendo observar severamenta r disciplina ectesi8stica e mantendo com rigor os privilégios inerentes a s seu elevado cargo. Teva um curto episcopado, mas entrecortado das maiores dificuldades, que, segundo se afirma, lhe abreviaram os dias da existencia, Querendo D. Gabriel de Almeida par termo i s desinteligencias havidas entre alguns conventos da ordem seráfica, suscitou-se uim grave conflito entre ele e os religiosos franciscanos, que foram suspensos de confesar e prtgar em toda a diocese, terminando esta contenda com a mortc do prelado. Nao foi menos grave a luta sustentada com o governador e capitao-general Joao de Saldanha e Albuquerque, por este ter mandado prender o deao dr. Pedro Moreira, sem preceder licenca da autoridade eclesiástica, dando-se a ponderosa eir.

cunstincia de haver sido feita aquela prisao em virtude de ordens emanadas do governo da metrópole a motivada pela culposa interferkneia do mesmo deao na sublevacao que se levantou contra o governador D. Francisco de Mascarenhas no ano de 1668. Por tal motivo foi cominada a pena de excomunhao ao governador Joao de Albuquerque, que resis'tiu violentamente a esse facto estranho e dele levou recurso para o principe regente, baixando uma provisao do mesmo principe, em que é censurado o procedimente do prelado. A-pesar-da sua doenca e da sur Idade, visitou pastoralmente diversas paróquias e entre elas a do Porto Santo, provendo com solicitude As suas mais instantes necesidades espirituais. Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia e ia com frequencia tratar pessoalmente dos doentes pobres e conforta.los nas suas enfermidades. Em outro lugar deixámos dito que a dar crédito ao autor da curiosa obra Monstruosidades do Tempo e da Fortuna, escrita ha mais de dois séculos e publicada há poucos anos, era D. Oabriel de Almeida de seu natural áspero e desabrido no trato, nao captando as simpatias das pessoas que dele se aproximavam, o que, de par com a sua avancada idade e achaques de que sofria, explica suficientemente os atritos que levantou no governo do seu bispado e os desgostos que lha atribularam os últimos anos da existencia. Depois de breve enfermidade, faleceu no Funchal a 12 de Julho de 1574, com pouco mais de dois anos de episcopado, e foi sepultado na capela mór da Sé Catedral, sendo o segundo bispo que morreu na Madeira e que ali teve a sur sepultura.

D. Cjabriel da Almeida nasceu na vila de Moimenta da Beira e era filho de distintas familias, tendo no ano de 1625 tomado o hábito da ordem de Sao Brrnardo, em que exerceu os mais elevados cargos, como forrm o de reitor do colégio de Coimbra e o de Dom Geral de Alcobrca. Doutorou-se na faculdade de teolorria da Universidade de Coimbra e nela foi um considerado professor. Gosou de nomeada como pregador evangélico e publicou alguns dos seus sermoes.

11.O

Bispa D. Fr. Antonio Teles da Silva

Poucos meses mediaram entre o falecimento de D. Gabriel de Almeida e a nomeacao do seu sucessor D. Fr. António Teles da Silva, undécimo bispo desta diocese. Pertencia a ordem de Silo Bento e exercia o lugar de deputado do Tribunal da Cruzada, quando logo após a morte daquele prelado foi apresentado bispo do Funchal pelo príncipe regente D. Pedro. Confirmada a sua nomeacao pela Santa Sé a 16 de Dezembro de 1674, recebcu sem demora a sagracao episcopal e apressou-se a tomar posse do seu bispado, que se realisou no dia 29 de Abril de 1675. Entre os factos mais salientes da sur administraclo diocesana, contam-se a criacao de algumas freguesias e curatos, a regulamentacao dos servicos das colegiadas, a ampliacao do antigo paco episcopal e a convocacao dum sinodo diocesano. Para melhorar os servicos paroquiais, em'pregou serias diligencias para a criacilo de algurnas freguesias, tendo o alvará régio de 28 de Dezembro de 1676 estabelecido as novas paróquias de Santa Luzia, Camacha, Serra de Agua, Paúl do Mar, Prazeres e Arco de Sao Jorge e os curatos do Estreito de Camara de Ldbos, Arco da Calheta e Porto do Moniz. Como já dissémos no capítulo respeitante as colegiadas, deixava muito a desejar a maneira como nelas se desempenhavam os actos religiosos, tendo D. AntónioTeles da Silva, por alvará episcopal de 8 de Julho de 1680, dado aprovacao a um desenvelvido e bcm elaborado mRegimentom, em que estabele-

ce, nao sómente urna exacta e uniforme exccucao de todos os servicos cultuais como também ponha cobro aos muitos e inveterados abusos que se tinham introduzido. O antigo paco episcopal era de acanhrdrs proporcdes e nao se harmonisava com a elevada jerarquia dos prelados que nele tinham residencia, e por isso D. António Teles resolvau amplia-lo e melhorá-lo, mas ficou sempre uma casa imprópria para os fins a que se destinava. Sómente a meado do século XVIII é que foi construido o aparatoso edifício, em que hoje funciona o liceu desta cidade, como adiante mais largamente diremos. Tendo-se suscitado dúvidas acerca do direito de nomeacao dos diversos l ofícios e beneficios* eclesiásticos deste bispado, foi promulgado o elvrrá régio de 4 de Marco de 1676, determinando que, em virtude do disposto na bula da criacao da diocese, era ao bispo que competir o direito do provimento desses benefícios, como sempre se tinhr observado. A 9 de Julho de 1680 convocou um concílio diocesano na Sé Catedral, a que fez imprimir umr grande solenidade, scndo desconhecidrs as mconstituic6esm, que nele foram promulgadas. Ventilou-se entre o prelado e o senado funchrlense uma verdadeira questao de lana-caprina, que no tempo e num meio limitado como o Funchal tomou proporcdes de certo vulto. Foi este o caso : r Camara nao queria permitir, nas procissdes e outros actos públicos, que o caudatário do prelado seguisse após este e tomasse lugar em frente da vereacao. Recorreram ao monarca e 1á baixou a provisao régia de 10 de Dezembro de 1680, em que se estabelece a doutrina de que o crudrtário, em tris actos, é pessoal inseprrável do prelado e que imediatr.~ mente o deve seguir. Com a ascencao do papa Inocencia XI ao sólio pontifício, enviou D. António Teles da Silva a Roma o distinto sacerdote madeirense António Lopes de Andrade, sfim de apresentrr as suas filiais c respeitosrs saudacaes ao novo chefe da Igreja e também de fazer a tradicional e obrigatória visita sad sacra limina apostolorum~,que em tados os tempos constituiu sempre um indeclinável dever para todos os bispos da cristandade. Depois de seis anos e alguns meses de episcopado e duma exemplaríssima vida, faleceu no Funchal a 14 de Fevereiro de 1682 e jrz sepultado na S6 Catedrai, Lemos em um antigo ma-

nuscrito : ~Tendopedido por humildade sepultura por debaixo da pia da água benta na sua Sé, Iha deu o cabido dela no pavimento da capela-mór, junto do primeiro degriu que sobe para o altar; na carnpa se Ihe pos este epitáfio: Aqui jaz o Ilustrísimo Senhor D. Fr. António Teles da Silva, filho de Joao Gomes da Silva, Regedor que foi da Relacao do Porto e de Lisboa. Faleceu a 14 de Fevereiro de 1682.

D. Fr. António Teles da Silva pertencia as mais distintas famílias do país, sendo filho de Joao Gomes da Silva, regedor das Justicas e alcaide-mór e comendador de Ceia. Abtacou o instituto de S90 Bento, onde se distinguiu pelos seus mCritos e virtudes e nele exerceu os mais elevados cargos, tendo sido ambem deputado do tribunal da Junta da Cruzada.

12.'

Bispo D. Esteva0 Brioso de FigueirGdo

Estrva o bispo D. Estevao Brioso de Figueiredo & test4 da sur diocese de Pernambuco, quando o rei D. Pedro 11 apresentou em 1683 a sua transferencia para o bispado do Funchal, o que foi logo confirmado pela Santa Sé, em virtude da bula Hodle vcnerabllcm fratem de 27 de Setembro do mesmo ano. Sbmente veiu assumir a direcqao desta diocese em 1685, tendo pessoalmente tomado posse a 18 de Abril do referido ano. Teve um curto episcopado de tres anos, obrigandoso uma pertinaz doenca talvez contraida no clima de Pernambuco, inóspito para europeus, a abandonar esta ilha no ano de 1688, em procura de alivios POS seus padecimentos, e vindo a falecer em Lisboa a 20 de Maio de 1689 e ali foi sepultado na igreja do Colégio de Sao Patrício. Por esses ponderosos motivos, nao poderia ser muito activa e frutuosa a sur a c ~ a ocomo prelado desta diocese, e na verdade nao temos deparado com noticias de quaisquer factos ou circustAncias da sua administracao episcopal, que merecam ficar especialmente registadas. A-pesar disso, sabe-se no entretanto, que .o senhor .bispo, de tarde e & noite de ordinário levava também o Santissimo Sacramento a algumas pessoas...., auxiliando deste modo o cura da Sé e socorrendo tao caritativamente os doentes, quando no ano de 1688 grassou na Madeira uma grande epidemia de varias doengs, segundo acabamos de ler num documento publicado no vol, V do aArquivo

Histórico da Madeiram do ano proximo passado de 1937. Por morte deste prelado foi apresentado bispo do Funchal o dr. JoBo da Silva Moniz, homem douto e que tinha desempenhado diversos cargos, mas nao aceitou a mitra.

O prelado D. Estevao Brioso de Figueiredo era natural de Evora e filho de Manuel Martins e de Catarina de Figueiredo, pessoas distintas daquela cidade. Formara-se em canones na Universidade de Coimbra e tinha exercido os lugares de desembargador da relaclo eclesiástica de Evora e de vigário geral do arcebispado de Lisboa. Criada a dioccse de Olinda, em Pernambuco, foi nela apresentado como primeiro bispo e aii permaneceu no desempenho do seu cargo desde 1678 até o ano de 1683.

XXIX

13." Bispo

D. Fr.

José

d e Santa María Era Fr. José de Santa Maria um modesto e virtuoso frade capucho da província de Santo António, quando no ano de 1699 o rei D. Pedro 11 o apresentou bispo do Funchal pelo falecimento de D. Estevao Brioso de Figueiredo. Aceitou a mitra 2 f6rca das insfincias da sua família e foi confirmado pelo papa Alexa'ndre VI no consistório de 6 de Marco de 1690, recebendo a respectiva sagracao episcopal na igreja do seu convento, em Lisboa, no dia 25 dc Junho do mesmo ano e havendo sido ministro oficiante o cardeal D. Viríssimo de Lencastre. Foi o décimo terceiro bispo do Funchal, tendo tomado posse do cargo a 5 de Outubro de 1690, por meio do seu procurador o arcediago da Sé António Valente de Sao Paio, e deu entrada nesta diocesc no mes de Marco dc 1691. Nos cinco anos do seu zeloso episcopado visitou pastoralmente e por diversas vezes toda a diocese incluida a paróquia do Porto Santo, cuidando com especial empenho do ensino da doutrina crista, e para isso fez imprimir uma instrucae pastoral, em que se continham as fórmulas práticas de mi. nistrar esse ensino. Convocou um sínodo diocesano no ano de 1695, em que foram promulgadas nlgumas importantes .constituic6cs* sobre diversos pontos da disciplina eclesiástica! que destinava a serem impressas, mas que a sua saida da diocesc nao o permitiu fazer

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Prestou excelentes servicos Senta Casa da Misericórdia na qualidade de seu provedor. Teve algumas desinteligencias com o governador e capitao general D. Rodrigo da Costa, que procurou vexar o prelado com ordens arbitrárias e despóticas, tendo por esse motivo baixado umas instrucoes do governo da metrópole, em que é censurado o procedimento do referido governador. Algures se afirma que D. los6 de Santa Maria deu nesse lance provas da maior moderacao, sofrendo com toda a paciencia e humildade as prepotencias de D. Rodrigo da Costa. Neste episcopado faleceu no Funchal o distinto madeirense dr. António Veloso de Lira (1616-1691) cónego da SC e governrdor do bispado, que se notabilisou como escritor, dcixando algumas obras impressas (Vid. Elucld. Mad. 11-68), Saiu para Lisboa a 15 de Setembro de 1696, sendo no ano seguinte transferido para a diocese do Porto, onde faleceu a 6 de Sctembro de 1708. Estcve vaga a di~cesedo Funchal até o ano de 1698, em que tomou posse o bispo D. José de Sousa Castelo Branco, sendo nessa vacancia apresentado o presbítero Maque1 de Sousa, que nao aceitou a mitra, e tendo o cabido assumido o gsverno do bispadr. Fr. josC de Santa Maria, que antes de abracar o estado religioso tinha o nome de JosC de Saldanha, era filho de José de Saldanha vedor da rginha D. Luisa e de D. Violante de Mendonca, ambos pertencentes a antigas e distintas faqilias do país. Exeiceu varios cargos no seu instituto e entre eles o de professor de artes e teologia. Transferido para a Sé do Porto, continuou ali o seu zeloso episcopado, falecendo com fama dum verdadeiro predestinado.

XXX

14."Bispo D. Fr. José de Sousa Castelo Branco Depois de ter exercido diversos cargos, era o dr. Jos6 de Sousa Castelo Branco presidente do tribunal da inquisicao em Cofmbra, quando foi apresentado bispo do Funchal por D. Pedro 11 no ano de 1697 e confirmado pelo pontífice Inocencia XII pela bula Otatlae Dlvlne Proernlnurn de 27 de Janeiro de 1698. A 29 de Junho do mesmo ano, na igreja do convento de Silo Filipe Nery em Lisboa, recebeu a sagracao episcopal, tendo sido sagrante o bispo e inquisidor-geral D. José de de Lencastre. Partiu sem grande demora a assumir pessoalmente a direccao do seu bispado, fazendo escala pela nossa praca marroquina de Mazagao, onde esteve alguns dias e foi recebido com grandes demonstracoes de apreco, e ali desempenhou as funcoes de seu ministério episcopal, admininistrando o sacramento da confirmacio a mais de mil e quatrocentas pessoas. Deu entrada na sua diocese a 28 de agosto de 1698. Esteve vinte e tres anos a testa do governo deste bispado, sendo os primeiros dezasete de administracao directa e pessoal e os últimos seis por meio de provisores ou governadores diocesanos, em que se conservou ausente por motivo de saúde, e vindo finalmente a renunciar os pesados encargos da mitra no ano de 1721. Em todo esse período de tempo, deu provas de grande zelo no desempenho das múltiplas obrigacaes do seu cargo, especialmente nas frequentes visitas pastorais e no cuidado do rigoroso cumprimento das leis canónicas

respeitantes disciplina eclesiástica nas diversas freguesias do arquipélago Estrénuo defensor dos privilégios e regalias de que gozava a Igreja, teve que sustentar lutas com o governador e capitao general Joao da Costa Ataide e com o provedor da fazendr Manuel Mexia Galvao, havendo o governo da metrópole mandado 2 Madeira o desembargador Diogo Saltcr de Macedo fazer uma sindicancia Acerca do conflito que se dera entre as autoridades civis e eclesiásticas, de que resultou uma sentenca muito honrosa para o prelado e uma áspera censura para o governador c o provedor da fazenda, como se pode ver nos documentos que a tal respeito se acham exarados no arquivo da Carnara do Funchal. No ano de 1702 fez a mudanca do Seminario Diocesrno, que entao se achava instalado numas dependencias adjuntas ao antigo Paco Episcopa1, para as casas da rua do Mosteiro Novo, que nao chegaram a ser aplicadas ao fim da sur primitiva instituicao, como em outro lugar mais largamente diremos, tendo por essa ocasiao promulgado uns novos estatutos para o melhor funcionamento desse estabelecimento de instruccaa e educacao eclesiástica. Lemos num artigo manuscrito que D. José de Sousa Castelo Branco cfoi o prelado mais amante da nobreza que tem vindo a esta ilha, nao havendo casa que ele nao tivesse beneficiado, provendo alguns dos seus filhos em cónegos da Sé Catedral., e com uma certa acrimónia vai-se ali fazcndo men@o de diversas casas nobres que foram crntempladas com nomeacaes eclesiiisiicas em alguns dos seus membros. E no referido manuscrito e Acérca do mesmo assunto, encontri-se esta curiosa informacao: .Gaspar Mendes de Vasconcelos, que seu pai mandara para o reino a assentar praca, ele (o prelado) o trouxe consigo, e a bordo o ordenou e lhe deu uma conezia e quando saltou cm terra mandou o seu mordomo a casa do tenente-gzneral Inácio Betencourt de Vasconcelos, que ali lhe mandava seu filho cónego e que esperava que ele lhe perdoasse, o vir contra as suis ordensn. Trata-se dum caso bastante estranho, Acerca de cuja inteira veracidade há motivos para suspeitar. D. José de Sousa de Cnstelo Branco saíu da Madeira, por motivos de saúde, a 17 de Julho de 1715 e certamente animado do propósito de regressar ao seio do seu rebanho, mas em

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virtude do agravamento da sur doenca ou ainda por outras razaes desconhecidas veiu a resignar o bispado em 1721, seis anos depois de ter deixado esta ilha. Faleceu em Lisboa a 26 de Julho de 1746, em idade muito avancada, e foi sepultado numa capela, que mandara edificar na igreja do convento da Cartuxr de Laveiras, nos arredores de Lisboa. Nasceu este prelado em Leiria no ano de 1654, sendo fiIho de Heitor Vaz Crstelo Branco e de D. Luisa Mmria de Sousa Arnaut, pessoas nobres e administradores de muitos bens vinculados. Formou-se em teologir na Universidade de Coimbra e foi cónego da Sé de Leiria e inquisidor nos tribunais de Evora, Coimbra e Lisboa. Possuia urna rara cultura intelectual e dédicara-se especialmente a estudos genealógicos, deixando alnumas obras manuscritas. aue veem mencionadas na a~ibliotecaLusitana. de Barboso ' ~ i c h a d o Tem decorrido um século e meio ap6s a morte do ilustre prelado e está-se procedendo a obras no velho convento da Cartuxs de Oiiras, quando se descobriram dois ataúdes, contendo os últimos despojos do bispo do Porto e patriarca eleito de Lisboa D. Fr. António José de Castro e do bispo do Funchal D. José de Sousa Castelo "Branco,.que ali permaneceram durante muito tempo, expostos ao maior desrespeito pelos que já morreram, havendo entao o antigo jornal .As Novidades. publicado um interesante artigo intitulado Sepultura oos Mortos, chamando para o facto as atencaes dos que deveriam interferir no assunto, parecendo que por fim foram as cinzas dos dois prelados removidas para o cemitCrio da vila de Oeiras e ali lancadas no fundo da vala comum. Fizémos transcrever esse artigo no ~Diárioda Madeira. de 28 de Agosto de 1917,

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XXXI

15.' Bispa D. Manuel Coutinho Pela renúncia que em 1721 D. José de Sousa Castelo Branco fizera do bispado do Futtchol, apresentou D. Joao V como sucessor, a 25 de Novembro de 1722, o padre Manuel Coutinho, freire da Ordem de Cristo, que em virtude de desinteligéncias entao havidas entre a cúria romana e o govérno portugues, sbmente recebeu a indispensavel confirmacgo do papa Bento XIII no consistório de 19 de Fevereiro de 1725. A 13 de Maio do mesmo ano, reslizou-se na Capela Real a sua sagracao episcopal, sendo,.ministro"oficiante o primeiro patriarca de Lisboa D. Tomás de Almeida. Logo no mes de Junho seguinte partiu da capital a assumir a direccao da sua diocese, tendo passado pela praca portuguesa de Mazagao, como vinte e" sete' anos antesgfizera o seu antecessor D. JosC de Sousa Castelo Branco, e ali exerceu as funcoes do seu ministério. Depois de curta demora, seguiu para o Funchal, onde chegou a 22 do mes de Junho do ano de 1725. Ao entrar nesta diocese, era D. Manuel Coutinho portador de alguns importantes documentos emanados do govérno da metrópole, que visavam especialmente a esclarecer as dúvidas que em episcopados anteriores se tinham suscitado Acerca do ctratamento~,que as autoridades locais estavam obrigadas a dispensar aos prelados diocesanos em actos de caracter oficial, e tambem relativamente A extensa0 das faculdades de que os mesmos prelados poderiam usar na nomeasgo dos diversos

beneficios eclesiásticos da sua diocese. O ministro de estado Diogo Mendonca C6rteReal enviqra entao a Francisco da Costa Freire, governador e capitao-general da Madeira, as aInstrucoes, dirigidas ao governador da capitania do Grao-Pará com respeito maneira como ali deveria ser recebido o respectivo prelado diocesano e do utratamento~ a prestar-lhe inerente ao seu elevado cargo, tornando essas uInstruc6esu aplicaveis e extensivas ao bispado do Funchal, dizendo-se nelas que Sua Majestade aquer que inviolavelmenta se observem e que de contrário teria nisso grande desprazer*. Outro importante documento, que vem transcrito no L.@ 15.0, fol. 82 da #Real Provedoria da Fazenda do Funchal~,é o que se refere As nomeac6es eclesiásticas desta diocese e que no respectivo Indlce Oeral.. . se encontra assim mencionada: tAlvará do Senhor Rei D. Joao V de 13 Junho de 1725, facultando ao dito Bispo (D. Manuel Coutinho) a nomeacPo das dignidades, conezias, e meias conezias, vigararias, capelanias, beneficiados e mais cargos eclesiásticos do seu Bispado em pessoas que bem Ihe parecer, exceptuada a dignidade de deao, precedendo concurso de exames conforme o direito canónico e concílio tridentino, afim de que as pessoas nomeadas nao sejam, em nenhnm grau por remoto que seja, cristaos novos nem tenham disso fama, sendo aliás de sangue limpo e com suficientes letras para bem servir o cargo em, que foram providos.. Foi um dos mais activos e zelosos prelados desta diocese nao somente nas cousas de caracter essencialmente religioso e respeitante A disciplina eclesiástica, mas também nos melhoramentos materiais realizados na Sé Catedral e em várias igrejas e capelas e rinda nos edifícios do Paco Episcopal e do Seminário Diocesano. Alem das visitas pastorais feitas a um grande número de freguesias, impondo severamente a instrucao religiosa por meio da explicacao obrigatória do evangelho e do ensino metódico da doutrina crista, promoveu a ida de várias missoes evangélicas, dirigidas pelos franciscanos madeirenses e por uns frades capuchos de passagem por esta ilha, aos principais centros de populacao, que foram extremamente frutuosas. Neste episcopado foi restaurada a paróquia dos Prazeres e foram também criadas as freguesias do Jardim do Mar e da Ribeirr da Janela como curatos autónomos e igualmente se estabcleceu rim curato na freguesin de Ponta Delgada com

sCde no lugar da Boaventura, que rnais tarde constituiu a freguesia deste nomr. Muito concorreu para a realizacao dos notáveis melhoramentos por que entio passou a nossa Sé Catedral, sendo,neste episcopado que em grande parte se construiram a nova sacristia-mór e a casa capitular, consideradas ao tempo como obras da mais urgente necessidadc, havendo-se dispendido nelas urna quantia superior a sessenta mil cruzados. Várias igrejts paroquiais e algumas capelas sofreram importantes repara@es, sendo quási inteiramente reedificadas as de Sao Martinho e Ponta Delgada. Tambem na antiga residencia episcopal, a que depois se chamou o Paco Velho, e nas cpsas do Mosteiro Novo, em que funcionava o Seminário Diacesano, se procedeu a grandes trabalhos de restaura~aoe acrescentsmento, de que esses edifícios urgentemente necessitavam. Era D. Manuel Coutinho inflexivel na observancia das leis disciplinares da igreja e muito rigoroso no cumprimento de todos os seus deveres episcopris, e dessa necessária intransigencia surgiram graves atritos entre a autoridade eclesiástica e algumas entidadesc oficiais e outras pessoas qualificadas, tendo elas formulado contra o prelado largas acustcoes, que por menos bem fundamentadas nao lograram ser atendidas nas estacoes superiores, resultando delas um grande prestigio para o acusado e uma situacao pouco invejavel para os acusadores. Perante o govbno da metrópole, a Relasao Patriarcal, o Tribunal da InquisicPo e até junto da Santa Sé, conseguiu D. Manuel Coutinho levar de vencida os seus inimigos, sustentado apenas pela justica que inteiramente Ihe assistia. D. Manuel Coutinho ampliou sua custa o edifício do hospital de S%oLazaro e melhorou a situa~aodos enfermos ali internados, e tambtm estabeleceu uma botica para acudir com medicamentos aos doentes pobres que nao podiam ser recolhidos no hospital da Santa Casa da Misericórdia. D. Manuel Coutinho deve ter feito o seu pedido de resignacio de bispo desta diocese em 1738, depais de treze anos de episcopado, pois que nos principios do ano seguinte foi apresentado um seu sucessor para este bispado, mas continuou a residir no Funchal durante bastante tempo, ignorando-se a época precisa da sua saida para o continente portugues. Alcancou a sua apresentacao na diocese de Lamego e foi nela confirmada pela Santa Sé a 20 de Janeiro de 1.142, e quando

a 7 de Agasto deste ano se dirigia para o seu bispado, afim de assumir o govérno dele, surpreendeu-o a morte na vila de Soure e ali teve sepultura no jazigo de seu sobrinho António Joaquim Coutinho. Esteve vago o bispado durante trgs anos, tendo sido para ele apresentado a 2 de Fevereiro de 1739 o oratoriano e acadCmico Júlio Francisco de Oliveirr, que em marco do mesmo ano comunicou ao senado funchalense a sur nomeacPo e pouco tempo depois fez uma nova comunicac2o de que renunciára a mitra, sendo no entretanto ncmeado bispo de Vizeu. Nesta vacancia e no episcopado de D. Manuel Coutinho exerceu o cargo de provisor, vigário geral e governador da diocese durante bastantes anos o dr. Bernardo Rodrigues Nogueirr, que cm 1746 foi a~resentadobispo de Sao Paulo, no Brasil. Nasceu D. Manuel Coutinho na freguesia de An~os,próximo da vila de Soure, e era filho de Nuno Alvares Pereira e de D. Inés Micaela Coutinho, descendentes de antigas e nobrcs famílias daquela regi20. Douturou-se em Leologia na Utiiversidade de Coimbra e tcmou o hábito de freire da Ordem de Cristo no convento de Tomar, onde exerceu diversos cargos.

XXXII

16." Biepo D. Fr. Joao

do Nascimento Dirigia Fr. Joao do Nascimento a comunidade do conhecido e austero convento e seminário do Varatojo, quando o rei D. Joao V o foi surpreender com a apresentacao de bispo do Funchal, cargo a que logo procurou escusar-se inteiramente, nao podendo, porém, subtrair-se as instancias do monarca e de modo particular aos preceitos imperiosos da obediencia. Entre a já longa e distinta pleiade de prelados desta diocese, destaca-se o nome de D. Joao do Nascimento, aureolado pelas obras natáveis que realizou e pela intensa acc2o religiosa que brilhantemenle desenvolveu nos seus d6ze anos de fecundo embora nao muito longo episcopado. A sua apresentacao tem a data de 7 de Novembro de 1740, e a confirmacao do papa Bento XIV deu-se no consistório secreto de 5 de Jineiro do ano, imediato. A sagracao episcopal realizou-se na igreja patriarcal de Lisboa, no dia 5 de Maio de 1741, sendo prelado oficiante o patriarca D. Tomás de Almeida. Chegou ao Funchal a 5 de Setembrod tsse ano, e a sur entrada solCne e respectiva posse efectuaram-se a 17 do referido mes. Antes de iniciar o governo do seu bispado, recolheu-se durante aiguns dias no convento de Sao Francisco, a cujz ordem monástica pertencia, como preparacao necessária para o cabal desempenho do alto cargo em que se achava investido. Fez sem demora publicar uma notável carta pastoral, especialmente destinada 4 reforma dos costumes, A extirpacao da abusos, restruracao, perfeicao e esplendor do culto divino.,

e outra dirigida ao cabido da Sé Catedral, introduzindo algumas importantes modificacoes nos servicos cultuais realizados no principal templo da diocese. D. Joao do Nascimento veiu acompanhado dos seus irqgos em religiiio Fr. Lourenco de Santa Maria e Fr. Joao do Sacramento, ambos afamados prbgadores, que durante vinte meses se entregrram aos trabalhos duma larga missao evangklica na maioria das freguesias desta ilha, que produziu os mais abencoados frutos na reformacao dos costumes e num grande avigoramento das crencas religiosas. A estas missoes, outras se seguiram dirigidas pelos religiosos franciscanos dos conventos da Madeira, que eram geralmente coroadas pelo zeloso prelado com a sua palavra eloquente e com as providencias que ia adoptando nas frequentes visitas pastorais que fazia As diversas paróquias do arquipélago. Afim de manter-se a acciio frutuosa dessas missoes e visitas pastorais, enviava o prelado periódicamente visitadores especiais As freguesias, que nos respectivos livros de aprovimentos. deixavam exaradas as instrucoes mais adequodas ao bom regimen dos servicos religiosos das diversas igrejas. Vinham de longe os abusos cometidos no cumprimento dos diversos legados pios, especialmente dos que diziam respeito A celebracao de missas e outros sufrágios pelas pessoas falecidas, a-pesar-de existir na Madeira desde os fins do século XV um tribunal secular charnado aJuizo dos Residuos e Capelas., encarregado de fazer executar as obrigaqoes desses encargos e de exercer urna accao represiva contra os indivíduos que faltassem A rigorosa observancia desses piedosos deveres. Tinham os prelados, por diversas vezes, querido interpor a sur autoridade nesse melindroso assunto, baseados nas leis da Igreja e nas disposicoees legais vigentes, observando assim as graves imposicoes do seu ministério, mas lutavam sempre com a falta de zelo ou impotencia daqqele tribunal, sendo geralmente indivíduos da classe nobre ou de qualificada posicao social os que queriam subtraír-se a satisfacao desses encargos. D. Joao da Nascimento, a exemplo dos seus antecesores, mas certamente com mais energia e maior desassombro, chrmou a atencae, como constituíndo um estritíssimo dever de consciencia, para os administradores dos prédios onerados com essas pensoes e pretendeu levar o juiz dos RtsMuos e Capslas a observar com rigor as leis que regulavam essa matéria. Apresentou

queixas, levou recurso para as estac6es superiores e obtevc favorável deferimento As suas reclamrcBes, mas le\tantou umr tenaz oposicao por parte dos interessados e teve que sustentar com etes e seus apaniguadas uma acirrada luta, que durou att! a morte do ilustre prelado. Na noite de 31 de Marco de 1748, sentiu.se um violento tremor de terra em toda a ilha, que vitlmou algumas pessoas e causou consideráveis prejuizos materiais. Inifmeros edificios ptiblicos e particulares sofreram danos irreparáveis, ficando muitos d6les no mais adiantado estado de ruina. Um grande número de igrejas e algumas das melhores casas de moradia ficaram bastante danificrdas, contando-se entre elas a Sé Catedral e outros templos, a residencio episcopal e o seminárlo diocesano. Logo cuidou o prelado de acudir 4s reparacoes das igrejas mais largamente atingidas pelos estragos do terramoto, obtendo do governo da metrópole avultadas verbas para Csse fim. Abalrncou-se 4 realizacao duma obra notável: a construca0 dum novo paco episcopal, pois que o antigo quási ficara reduzido a um grande monta0 de escombros. Foi um empreendimento arrojado para a Cpoca e para o nosso meio, que representa um assinalado servico prestado a esta diocese e que indelevelmente perpetua entre nós o nome do seu benemérito fundador, merecendo por isso uma mais desenvolvida referencia, o que faremos em capitulo especial deste despretencioso estudo. Durs igrejas paroquiais e das mais importantes se levantaram neste episcopado, que foram as das freguesias do Monte e do Estreito de Camara de Lobos, tendo para a edificacao da primeira notavelmente concorrido os esforcos do prelado, nilo sbmente com a criacgo da ~Confrariados Escravos de Nossr Senhora do Monten, estabelecida corn grande fervor religioso em todas as paróquias e cujas receitas forrm integralmente aplicadas aquela construci%o,mas tsmbém com outros auxilios materiais, que muito contribuiram para o imediato e rápido acabamcnto das respectivas obras. Conseguiu uma maior drtacao para a manutencao do Seminário Diocesano e por sua diligencia foram acrescentadas as congruas de alguns benefícios eclesiásticos e também criados vários curatos, aiguns dos quais nao chegaram a ser providos. No mes de maio de 1747 sobracou D. Jo%oNascimento o pesado encargo da governancr do arquipelrgo pela ausencia QQ

governador e capitao-general Francisco de Mendonca Oorjao, nao sendo de esperar que as constantes preocupacoes do episcopado e o seu inteiro alheamento dos negócios públicos Ihe permitissem uma accao muito brilhante e proveitosa nos diversos ramos da administracao civil e militar, mas a verdade 6 que exerceu com o mais atilado critério e reconhecida proficiencia as melindrosas funcoes desse alevado cargo nele desenvolveu uma eficaz e notável actividade, que particularmente se fez sentir na construcio duma fortaleza, nas reparacaes e municiamentos de muitas outras, na organizacao dum contitigente de duzentos soldados para auxiliar os socorros enviados iprovíncia de Angola, na bem regulada emigracao de muitos casais madeirenses para o Brasil a pedido do godrno da metrópole, na adopcao de severos princípios de rectidao e justica em diversos servicos de carácter oficial com a simultanea repressao de graves abusos que nos mesmos servicos se tinham introduzido etc., etc. Nos quatro anos em que serviu de governador e capitao-general deu sempre inequívocas provas do maior zelo e da maior isencao na gerencia dos diversos negócios públicos, nao se havendo o governo da metrópole apressado a fazer a sua substituicao nesse cargo, em vista dos excelentes servicos que prestou a este arquipélago, especialmente por ocasiao do tetramoto no ano de 1748. Quando nos ocupámos do convento de freiras de Nossa Senhora da incarnacao, fizemos umr ligeira referencia a proteccao que o bispo D. Joao do Nascimento sempre dispansou &quelacasa religiosa, devendo aqui especializar-se que entre esses beneficios de ordem temporal e espiritual se destaca a doacao da cdois contos e quatrocentos mil reis valor de seis mil cruzad o s ~ particularmente , destinada A criacao e manutencao do importante encargo pio da celebracao duma missa quotidiana na igreja do referido convento, que veiu regularizar os servicos religiosos da comunidade, satisfazendo-se deste modo a uma antiga e reconhecida necessidade. A escritura dessa doacao, que C um documento bastante extenso e muito curioso, achase transcrita no arquivo da Chrnara Eclesiástica desta diocese. A-pesar-da elevada jerarquia do seu cargo, como bispo da Igreja Católica, manteve sempre a m a i o ~modéstia e simplicidade na sua vida privada, procurando o recolhimento e o estudo, fugindo de todo o aparato exterior e distribuindo pelos pobres e cm obras de piedade o que Ihe sobrava dos escassos

proventos da sua mitra. Desta maneira se acomodava, quanto o permitíam as circunstancias, 2 sua passada existencia de modesto e observante religioso. Adoeceu gravemente no dia 19 de dezembro de 1751 com um ataque de apoplexia, que parcialmente 1he paralisou os movimentos embora conservasse ileso o entendimento, nao deixando por isso de entregar-se zelosamente aos cuidados da administracao pastoral do seu estremecido rebanho. Veiu a falecer dessa enfermidade a 5 de novembro de 1753, da qual se ocupa com certa largueza o dr. Julia0 Fernandes da Silva, no seu curioso livro Crítica do Método Curativo dos Médicos Funchalenses~ publicado no ano de 1761. Teve sepultura na capeh-mór da S6 Catedral. Nasceu D. Fr. Joao do Nascimedto em Lisboa e era filho de Inácio de Mira e de D. Garcia Fernandes de Afonseca, ambos de conhecida ascendencia fidalga e administradores do morgadio da Torre da Giesteira nas visinhancas de Monte-Mór-o-Novo. Cursadas as humanidades em Lisboa, matriculou-se em Coimbra na faculdade de teologia, em que se doutorou, e era opositor a uma das suas cadeiras quando abracou o instituto da ordem seráfica, movido pelas pregactjes do célebre missionário Fr. Paulo de Santa Tereza, tomando entso o nome de Fr. Joao do Nascimento, que trocara pelo de Jo%oMarques de Afonseca que usava no século. Entregou-se ardorosamente ao trabalho das missoes durante muitos anos, sendo em 1734 eleito guardia0 do convento e seminário do Varatojo e seis anos mris tarde apresentrdo bisps do Funchal. No segundo tomo da aHistória do Real Convento e Seminário do Varatojo., de Fr. Manuel de María Santíssima, publicado no ano de 1800, encontra-se uma notícia biográfica de D. Fr. Jo%odo Nascimento, que ocupa vinte páginas do mesmo volume.

17.' Bispo D. Gaspar Afonso da Costa Brand50 Tinham já decorrído dois anos após a morte do bispo D. Fr. Joao do Nascimento, quando o re¡ D. José apresentou o presbítero secular Gaspar Afonso da Costa Brandao para ocupar a cadeira episcopal do Funchal. Deu-se a respectiva confirma@~uontifícia pela bula Apostolatus Officfum de 20 de JuIho de 1756 e promulgada no consistório secreto que nesse dia se tinha reunido. Realizou-se a sagracao do novo antístite em 1757 e a 5 de agosto do mesmo ano fez a entrada solene no seu bispado. Aproximadamente quatro anos esteve vaga esta diocese, que encontrou em D. Gaspar Brandao um apostólico prelado, A parte as acusa~oesque porventura lhe possam ser feitas com respeito isua atitude por ocasiao da cxpulsao dos Jesuitas, frrqueza de que rliás enfermaram quasi todos os bispos portugueses sob a despótica pressao exercida pelo governo do marques de Pombal. O dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo diz, talvez hiperbolicamente e com o fim manifesto de deprimir rlguns bispos seus antecesores, que «este prelado, que a diocese madeirense deve ao marques de Pombrl, foi, sem duvidr, o melhor que até entiio ela teve.. Parecendo um desinteressado elogio, pode também envolver um censura, a que alias nao conseguiu inteiramente subtrair-se o espírito sectário do douto comentador das Saudades da Terra. Logo mostrou o zeloso prelado o seu acrisolado interessc pela mris eficaz pa$toreacao do sep rebanho, trazendo como

seus companheiros de trabilhos os padres J. Alasia e JosC dos Reis, membros da Congrega~aoda Missao, que nas frequentes missoes evangélicrs realizadas em diversas paróquias, nas muitas pr&ga~oes em vários templos da cidade, nos exercicios espirituais ao clero secular, nas visitas canónicas aos conventos, no fomentar e frzer reviver as práticas de piedade, etc, exerceram por toda a parte nma accao eminentemente crista e conseguiram despertar um extrrordinário fervor religioso, que em rlguns lugares se manifestou eloquentemente nos modestos mas significativos padroes que se ergueram nos adros de muitas igrejrs e que al¡ perduraram por muitas dezenas de anos, prrecendo-nos que ainda ao presente alguns deles se conservam de pé. Esses zelosos missionários sofreram muitas contradi~aese lutarrm com grandes dificuldades, ainda por parte do clero secular e regular, que souberam vencer e dominar inteirrmente, escudados com o exacto cumprimento do dever e com o incondicional apoio que sempre encontraram na pessoa do ilustre prelado. Depois de dez anos dum intenso apostolado, deram por finda r sua missao nesta ilhr e regressaram a Lisboa r 12 de Outubro de 1676, recolhendo-se & casa religiosa a que pertenciam . Poucos meses depois da chegada de D. Gaspar Brand40 a esta cidrde, teve que rssumir o governo do arquipélago, pela ausencia do governador e capitao-general Manuel de Saldrnha e Albuquerque, exercendo interinamente esse cargo desde o mes de Fevereiro de 1758 a Maio de 1759 e voltou mais tarde a desempenhar o mesmo cargo, havendo sempre dado provrs da maior isencifo edo mais ponderado critério nos negócios púbIicos em que interferiu, como se pode ver da súmulr dos documentos oficiais dirigidos ao ministro de estado Tomé Joaquim da Costa Corte-Real, que se encontram publicados no vol. 1.O do aArquivo da Marinha e Ultramar.. Qurndo no ano de 1771 o governador e capitao-general Joifo António de S4 Pereira, acompanhado de várias entidades oficiais, foi A vizinha ilha do Porto Santo e ali se demorou algum tempo, afim de por em execuc%oo célebre alvará de 13 de Outubro de 1770, conhecido pelo nome de .le¡ dos quintos e oitavos~,oficiou ao bispo D. Grspar Brandao, confirndo-lhe interinamente a chefia do governo, o que fez rcompavhar da arta régia de 12 de Dezcmbro de 1770, que confeflu

ros bispos desta diocece o direito de assumir o governo do arquipélago na ausencia do respectivo governador Graves abusos na disciplina c na moral se tinhrm introduzido em rlgumas casas monásticas, impondo-se sem demora uma enérgica repressao a esses abusos e um salutar regresso a exacta observancia dos saos principios do evangelho. Com alguma extranheza mas com o mais acertado conselho, foi D. Gasprr Brandao nomeado visitador extraordinário e apostólico dos conventos e recolhimentos da Madeira, que todos visitou pessoalmente e neles procedeu a um rigoroso inquérito, adoptando as providencias mais adequadas so fim que se propusera no desempenho dessa Ardua e espinhosa missao. Como era natural, levantrram-se rtritos e apareceram reclamacoes, mas a prelado tornou-se inflexivel no cumprimento do seu dever, embora usando da cautelosa prudencia que Ihe era habitual. Altm das medidas de carácter estritamente disciplinar, outras foram tomadas acerca da administracao dos bens dos conventos, que muito deixava a aesejar, e em particular a admissao de novicos, que foi reduzida a menor número e feita com umr mais cuidadosa seleccao. De novo se ventilou a questao, que já se agitara em episcopados anteriores, respeitrnte ao privilégio de preferencia que tinham os eclesiásticos naturais desta ilha no provimento dos diversos benefícios, tendo baixado do govérno central o alvará régio de 29 de Agosto de 1766, registado no L.O 24.' da antiga Provcdorla da Fazcnda, mordenando expressa e positivamente que as dignidades, conezias, benetícios e igrejas desta ilha nao possam ser providos em outro eclesiástico que nao seja natural dela, precedendo editais públicas e rigorosos concursos e que de outra sorte fiquem nulos e sem efeito tal6 provimentos~. Relacionada com esse assunto, outrr questao novamente se rgitou acerca do direito, que competia sómente aos prelados desta diocese de fazerem todas as nomeacoes eclesiásticas com excepcao da dignidade de deao, vindo a carta régia de 4 de Marco de 1776, que confirma esse direito, já consignado em diplomas oficiais anteriores a este. Já nos referimos a atitude tomada por D. Gasprr Afons~ da Costa Brandao com relacao ios membros da Companhia de Jesus, quando estes religiosos foram presos no seu Colégio e expulsos da Madeira no ano de 1759 e por isso remetemos o

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leitor para o que fica dito no capítulo XXIIl deste estudo, evitando deste modo desnecessirias e fastidiosas repeticaes. AlCm das duas cartas pastorris que fez publicar acerca dos jesuitas, outras dirigiu aos seus diocesanos, que silo verdadeiros modelos de zelo apostólico pelo bem espiritual do rebanho que Ihe fdra confiado. Exige urna referencia especial a que directamente enderecou ao seu clero e que ainda hoje merece ser lida, constituindo um verdadeiro tratado de todos os seus deveres e obrigacaes nas diversas circunstancias da vida ern que os sacerdotes se possam encontrar. Suscitaram-se grandes desinteligencias entre o prelado diocesano e o governador e capitao-general Joao Cloncalves da Camara, que logo tomaram a feicao dum grave conflito, r que sómente veiu por termo a interferencia do governo da metrópole, apresentadas as queixas e reclamacoes das duas partes. Temos encontrado muitas referencias a esses factos e lido alguns documentos que lhe dizem respeito, mas nao conseguimos rlcancar um conhecimento perfeito do assunto nem formar um juizo seguro Acerca do direito que assistia a qualquer dos contendores. A causa originaria do conflito proveiu do facto do vigário geral do bispado ter mandado prender o advogado dr. António Xavier Pimentel com o fundamento de que este interviera violentamente nas atribuicoes drquela autoridade eclesiástica. O encarcerado reciamou da prisao, que julgou .arbitraria e abusiva~,tendo o incondicional apoio do govkrnadore ainda de outras entidades oficiais,e o vigário geral estribava-se na autoridade do prelado, que intransigentemente defendia a atitude do seu subordinado. Desta diverg8ncia de opinioes resultou esse grave conflito, que chegou a tomar proporcaes escandalosas, trocando-se uma larga correspondencia, em que os excessos de linguagem nao podiam conciliar-se com a posicao mental e social daqueles que a subscreveram. O arguido, as autoridades judiciais, o governador, o prelado etc., fizeram subir as suas reciamacoes A presenca do governo de D. Maria 1, tendo vindo finalmente uma ordem de soltura do dr. António Xavier Pimentel, desacompanhada de qualquer censura contra o vigário geral que mandara efectuar aquela prisao. Foi neste episcopado e por 1760 que os subditos franceses Francisco de Alincourt e Bartolomeu Andrieux e o tnadeirense Aires de Ornelas introduziram a maconaria no Funchal, sendo a primeira terra do país em que ela regularmente se

constituiu, Exerceu umr maior rctividade no episcoprdo imedirto e foi entao objecto duma tenaz perseguicll[o, como adirnte mais largamente se dirá. Teve certa retumbancia na Cpoca a prisao do cdnego Frrn* cisco Eleutério Nogueira Tavares, numa das dependencias da torre da Sé, ordenada pelo bispo D. Oaspar Brandao, hivendo n6s deparado com várias rlus6es a elr mas sem descobrirmos os motivos que r determinaram. Deu-se a agravante da circunstancia do verdrdeiro ou suposto delinquente ter sido encarcerado n i torre dos sinos e nao na prisao do Aljube, que era o carcere privativo dos eclesiásticos. Depois de 26 anos de activo e zeloso episcoprdo, faltceu D. Oaspar Afonso da Costa Brandao no Funchal, em idide bastante avancada, no dia 14 de Janeiro de 1784, sendo sepultado no crpela-mór da Sé Catedral.

D. Gaspar Brandao nasceu em Vila Cova Sub Av6, perto de Arganil, no ano de 1703, e era filho de Bento de Figueiredo e de D. Angelr Josefa de Fonseca Serra, pessoas distintas daquela regiao. Era presbitero do hábito de Sao Pedro e tinhr exercido diversos cargos eclesiásticos quando foi apresentado bispo do Funchal.

18.' Bispo D. José da

Costa

Torres Dez meses depois de ter ocorrido o falecimento do prelado D. Gaspar Afonso da Costa Brandao, fez o governo portugues a apresentacao para bispo do Funchal do presbitero doutor José da Costa Torres, que ao tempo exercia o professorado na frculdade de teologia da Universidade de Coimbra. A apresentacao tem a data de 14 de Fevereiro de 1784, mas sómente se deu a confirmacao pontifícia no consistório reunido no mes de Novembro de 1786. Recebida a sagracao episcopal no principio de 1787, tomou posse do bisprdo, por procuracao, no mes de marco do mesmo ano, e decorridos poucos meses assumiu directamente o governo pastoral do seu rebanho, realisando-se a sua entrada soltne na diocese no dio 18 do mes de Setembro do já referido ano de 1787. Ao chegar A Madeira, notando a falta da nomeacao de algumas dignidades no cabido da SC Catedral e principalmente do provimento de diversos beneficios paroquiais, como o estava exigindo a boa regularisacao dos servicos religiosos, chamou D. JosC da Costa Torres para o facto a atencao do ministro de estado Martinho de Melo e Castro. o que leva a supar que o alvara régio de 4 de Marco de 1776, que facultava aos prelados desta diocese o direito de fazer aquelas nomea~ties,tinha caducado ou nao podir ser cumprido sem prévia autorisacao do governo da metrópole. O governador da Madeira D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho secundou o ins-

tinte pedido do prelado, pondo também em relevo r urgente satisfaca0 daquela necessidade. D. José Torres enviou para Liqbor a relacao dos eclesiásticos que deveriam ser nomeados para os lugares vagos com as informacoes dos merecimentos de cada um dos pretendentes, mas r <Mesa da Consciencia e Ordens., dando uma interpretacao muito rigida As leis entao vigentes, levantou as maiores dificuldades a essas nomercaes, que sbmente com o andar do tempo se foram frzendo morosamente, embora com grave prejuizo dos interessrdos e mris ainda dos diversos servicos eclesiásticos r que elas dizirm respeito. Alguns,anos mais tarde, ainda as mesmrs dificuldrdes surgiram de novo, tendo D. José da Costa Torres dirigido ao governo da rainha D. Maria 1 uma larga exposicao Acerct do direito que assistia aos bispos da diocese do Funchal de frzerem as nomeacbes dos beneficios eclasiásticos, fundado sobretudo na bula da eriacao do bispado e nos privilégios concedidos A Ordem de Cristo, os quais tinhrm frrnsitrdo inteiromente para a jurisdícao dos prelados diocesanos, por ocasiao daquela criacao, no ano de 1514, e também baseado em diversos diplomas régios, que haviam confirmado e sancionado esses mesmos privilégios. E' um documento notável, que merecia tornar-se conhecido, mas que a sua extensa0 e o plano que ternos adoptado nos impedem de o fazer neste lugar. Esse interesante documento provocou a promulgacao do alvaró rtgio de 11 de Outubro de 1789, que transfere ou reivindica parar cor6a o privildgio de tais nomeacoes, vendo-se nele a acc%odo poderoso tribunal da #Mesa da Consciencia e Ordem* a avocar a si um direita secular concedido ros bispos do Funchal. Foi D. JosC da Costa Torres um dos Prelados que mris se interessaram pelas prosperidades do Seminário Diocesrno, consistindo um dos seus primeiros cuidados, ainda rnesmo antes de vir tomar posse do seu bispado, em obter e cedencia do edificio do Colegio de Silo Joao Evangelista da extinta Companhia de Jesus, que há perto de 30 anos se ochava fechado, para ali serem instaladas as diversas dependencias daquele estabelecimento de educacao eclesiástica, o que veiu r conseguir com o alvará régio de 10 de agosto de 1787, como adiante mais largamente se verá. A 13 de Marco do ano seguinte e depois da indispensiivei adaptaflo, realizou-se a ober-

tura do seminário diocesano no seu novo edificio, que revestiu particular solenidade, tendo o poeta Francisco Manuel de Oliveira, proferido uma notavtl ottcao alusiva ro acto, que se acha impressa num opúsculo de quarenta páginas. O prelado, pela esmerada escolha do pessoal director e pelo novo regulamento e melhores condicaes da sua existencia, elevou o seminario a uma altura a que ele nunca tinha chegado. E' por isso que rlgures se 12 que fora ele o fundador dessa casa de educacao, o que é destituido de todo o fundamento. Ainda presentemente se cncontra numa das salas do seminário uma grande téla representando o retrato do bispo D. José da Costa Torres. Existiam na igreja da Sé varias irmandades com seus alRares privativos, como eram as do Senhor Jesus, Sio Miguel, Sao orge, Almas, Nossa Senhora do Amparo e outras, que por alta duma regular e zelosa administracao dos bens que lhes eram próprios, nao sómente nao cumpriam os encargos pias dos seus estatutos mas nem ainda conservavam os respectivos altares ou crpelas com o ornato e decoro conformes o fim a que se destinavam. Por esse motivo e depois dum rigoroso inquérito, resolveu o prelado diocesano, pela sua provisao episcopal de 18 de Abril de 1792, que os zeladores dcssas irmandades fizessem entrega ao cónego fabriqueiro da Sé Catedral de todas as receitas existentes e de todos os papeis e escrituras que a elas pertenciam, afim de iniciar-se uma zelosa administraqi%oe dar-se inteiro cumprimento ás diversas obrigacoes impostas As mesmas irmandades. Como ficou dito no capítulo precedente, foi a Madeira a primeira terra do país, em que a franco-moconaria tinha sido introduzida, tomando desde logo um notave1 desenvolvimento, em relaqao as acanhadas condicoes do meio. Havia sido estrbeiecida por 1760 e trinta anos mais tarde o sútdito frances Juan Josset de Orquigny promoveu a criacao da ~Sociedade patriótica e económica do comércio, agricultura, sciencias e rrtesr, que era uma disfarcada loja macónica posta ao abrigo duma inofensiva sociedade de Instrucao e recreio. O governador e capitao-general D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho denunciara ao govérno central os fins ocultos dessa sociedade, dizendo .que ela tinha um grande número de associados, na maior parte pertcncentes a nobreza e ao clero.. D. JosC Torres evidenciou-se na perseguiqao que moveu

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as sociedades secretas, sendo um dos actos mais salientes do seu episcopado. De combinr~Boe acordo com o governador Forjaz Ccutinho e em virtude de ordens severas emanadas das estacoes superiores, tomaram-se enérgicas medidas de repressáo contra os individuos filiados nos lcjas, que foram até o exagero e A violencia. Muitos dos atingidos por essas medidas tiveram que procuror na fuga um abrigo seguro as perseguicaes, tendo rlguns déles com suas familias saído clandestinamente da Madeira no dia 19 de Abril de 1792 e entre estes se contavam tres oficiais do exército. Por esta ocasiao, diz-se em um documento oficial .que se demitira, suspendera e prendera, por castigo alguns eclesiásticos.. As providencias entao adoptadas causaram a maior estranheza na Madeira e também no continente portugues, havendo, por essa circunstancia e ainda por outros motivos de carácter geral, ordenado o govérno da metrópole a soltura de muitos acusados e recomendado a maior moderacao no castigo dos delinquentes. A actividade macónica continuou na sua propaganda oculta mas tenaz, e nao deixou de manter-se uma situacao irredutivel entre as lojas e a pessoa do prelado, que perdurou até o ano de 1796, como abaixo veremos. Entre os perseguidos contavam-se o poeta Francisco Alvares de N60 brega (Vid. Elucld. Mad. 1-53) e o de20 da Sé dr. Joao Francisco Lopes Rocha, tendo este escrito ao ministro de estado José Seabra e Silva uma extensa carta, publicada em 1820 no Carnpedo PorluguPs, de Londres, que merece ser lida e apreciada, a-pesar-da paixao política que perpassa através das suas quarenta páginas' A perseguiclo, embora atenuada pelo governo da rnetrópole, que moveu aos membros das sociedades secretas e tambem outras lutas encarnicadas que teve que sustentar ainda com o pr6prio clero levantaram grandes dificuldades A sua administracao episcopal, nao sendo para estranhar que tilo ponderosos motivos o coagissem a pedir a sua transferencia para a diocese de Elvas, sendo esse pedido apresentado a Santa Sé pelo gpverno portugues a 2 de Julho de 1796. Preparava-se D. José Torres para sair desta diocese, quando na noite de 6 de Outubro daquele ano, pelas duas horas da madrugada, encontrando-se na residencia da capela da Penha de Franca, viu a casa cercada por um grupo de individuos e foi violentado a embarcar imediatamente ssem se des-

pedir de pessoa alguma nem do Santissimo Sacramento e até agora ignora-se o motivo deste afectado embarque de noite e por portas travessrs., segundo se le em alguns lugares e até num documento oficial. Ficarom até rgora desconhecidas as causas que provocaram esta violenfa e inesperada saída, realizada em tao estranhas e condenáveis circunsfincias, mas nao se pode duvidar que sómente urna odiosa vingancq, pcderia levar i pratica um tilo grande e sacrílego atentado. Nasceu D. José da Costa Torres em Setubal a 14 de Agosto de 1741. Doutorou-se no faculdade de teologia da Universidoade de Coimbra e nela exerceu o magistério superior. Apresentado bispo do Funchal ern 1784, foi transferido para a diocese de Elvas no ano de 1796. Dez anos mais tarde obtinha a sua transferencia para Braga, como arcebispo desta arquidiocese, e ali veio a falecer a 26 de agosto de 1813, tendo 73 anos de idtde.

xxxv As freguesias c r i a d a s nos séculos XVII,

XVIII e XIX

Tinham decorrido aproximadamente cem anos ap6s a criaclo da Última freguesia no século XVI, que foi a da Mrdrlena do Mar no ano de 1582, quando no derrrdeiro quartel do século XVII se estrbelecerrm as paroquias de Santa Luzia, Crmacha, Serrr de Agur, Arco de Sao Jorge, Prazeres e Paul do Mar. Estava entlo a diocese dividida cm ttinta e seis freguesias, rlém de haver alguns curatos autónomos e varias capelas com seus capelaes privativos, nas quais se exercirm diversas funcaes do servico paroquial. Foi a carta regia de 28 de Dezcmbro de 1676, que autorisou o prelado diocesrno D. Fr. António Teles da Silva a organisrr as novas paróquias, tendo o alvara cpiscopal de 2 de Fevereiro de 1680 fixado as condicaes em que essa criacao deverir realisar-se. Frcguesla de Santa Luzla (Santa Luzia)-Crescendo notavelmente o movimento da popuhicao na paróquir da Sé Catedral, nasceu a necessidade do desmembramento duma novr frcguesia, tendo como séde 8 capela de Santa Luzir, situada em local nilo muito afrstado d i actual igrcja prroquial destr invocaqao, e sendo entro formada por uma parte consideravel da frcguesia da Sé o ae rlguns sitios da de Nossa Senhora do Monte. A primitiva capela era de rntigi construclo, provrvelmente do tlltímo quartel do século XV, e abateu-se nos primeiros anos do século XVIII, havendo-se entao transferido 8 sede da freguesia para a igrejr do convento de Nossr Sehora da IncrraaqPo, e aii permancceu atC & construca[o da

actual igreja de Santa Luzia, que deve ter sido edificada no decenio decorrido de 1730 a 1740. Com o desenvolvimento da populacao, foi criado um curato nesta freguesia, pelo alvará regio de 13 de Dezembro de 1745, que nao tem sido provido nos ultimos anos. Por ocasiao da criacao desta paroquia no ano de 1676, ficaram existindo dentro dos seus limites as capelas de Nossa Senhora da Incarnacao, de Nossa Senhora dos Prazeres, de Nossa Senhora da Consola#o, de Nossa Senhora da Pena, de Sao Francisco e a de Jegus Maria José, todas pertencentes P freguesia do Monte, da qual entro se separaram. A primeira era a do convento de Nossa Senhora da Incarnacao, de que já atrás démos noticia, tendo existido no mesmo local uma paquena ermida com igual invocacao e edificada por António Malheiro por meados do sCculo XVI; a de Nossr Senhora dos Prazeres teve como fundador a Tristlo Gomes de Castro no ano de 1611; a de Nossa Senhora da Pena, no sitio deste nome, foi construido em 1657 por Duarte Mendes de Miranda e reedificada depois do terremoto de 1748 por António José Espinola, neto do instituidor; a de Sao Francisco levanda na quinta do Ti1 em 1675 por Ambrosio Vieira de Andrade e reconstruida em outro sitio, mas dentro da mesma quinta, por Jorge Vieira de Andrade no ano de 1741; e a de Jesus Maria José, instituida em 1669 por Mateus da Gama Ferreira, proximo do convento da Incarnacáo, nao existindo 14 nenhuma destas cinco capelas. Da ermida de Nossa Senhora da Consolacaa foram fundadores, no ano de 1646, Diogo Gtserreiro e sua mulher Catarina Gomes, sendo notavelmente acrescentada em 1861 e inteiramente remodelada no seu interior no ano de 1936 pelo seu actual proprietario Henrique Hinton. Depois da criacao da nova paroquia, edificaram-se as seguintes capelas, que j4 nao existem: a de Nossa Senhora da Boa Viagem, no sitio da Carne Azeda, fundada em 1711 por Manuel Pestana Teixeira e sua mnlher Francisca Xavier da Conceiclo; a de Nossa Senhorr do Vale, no sitio do Vale Formoso, instituida no ano de 1726 por António Vogado Sotomaior; a de Santo António da Mouraria, na rua do Carmo, mandada construir em 1727 por Tristao de Franca Be tencourt; a de Sao Oregorio, na quinta da Coiiceic~o, edificada por Rodriga da Costa e Almeida no m o de 1741; c a

de Nossa Senhora da Esperanca, no sitio do Vale, instituida em 1744 pelo padre Manuel de Nobrega. Tambem se construiu a ermida de Nossa Senhora do Descanso, na quinta que tomou e tem ainda este nome, cujo fundador e ano de construca0 ignoramos, sendo esta capela e a de Ncssa Senhora da Consolacao as únicas-que nesta paroquia se conservam ainda de pé e destinadas ao uso do culto. Os becas cunhecidos pelos nomes de Santa Emilia e Sao Luís parecem indicar a exisiencia de capelas nestes lugares ou ao menos de pequenos oratórios públicos, dos quais nao conseguimos alcancar qualquer noticia, O prelado diocesano D. Jos6 Xavier Cerveira e Sousa, por suas provisoes de 30 de Outubro de 1845 e 15 de Julho de 1847, a pedido dos párocos das freguesias d i Sé Cate. drrl e de Santa Luzia, alterou os limites confinantes destas duas paróquias, tendn também o governador civil do distrito dr. Jacinto António Perdigao e a Carnara Municipal do Funchal introduzido nc vas alteraq6es naqueles limites no ano de 1863. Dentro da área desla freguesia e a pequena distancia da actual igreja paroquial, levantava-se o convento e igreja de Nossa Senhora da Incarnacao, e no mesmo local ergueu-se o grandioso edifício do Seminário Diocesano, devido A iniciativa e abnegacao do ilustre prelado D. Manuel Agostinho Barreto. Em artigo precedente, já nos ocupámos do antigo mosteiro e do Seminario Diocesano tambtm nos ocuparemos oportunamente.

Camacha (Sao Lotirenco)-O povoamento da freguesia do Canico f6ra-se estendendo pelos seus pontos mais elevados do quadrante norte, que eram conhecidos pelo nome de Camachr, denomina~fo esta tomada dum antigo povoador de apelido Camacho, segundo se afirma ern vários lugares. Essc aumento de populacao aconselhava a criacao duma nova paróquia de harmonia com as necessidades daqueles moradores. Nos Últimos anos do terceiro quartel do século XVII, fundara Francisco Goncalves Salgado uma pequena capela dedicada ao mártir Sao Lourenco, no sitio que mais tarde se chamou dos Salgados, onde no ano de 1680, se instalou a sCde da nova fregucsia da Camacha, criada pelo alvará regio de 28 de Dezembro de 1676.

Um século depuis, procedeu-se, em outro loca!, construca0 da actual igreja paroquial, coja primeira pedrsa foi lancada P 30 de Setembro de 1783, tendo sido parcialmente reedificadr pelos anes de 1886. HA paucos anos passou toda o templo pos importantes reparac&s, especialmente nas syas decorac6es interiores. Por diligencias do bispo diecesgno, D .'Luís Rodrigues de Vilares, foi criado um curato nesba paróquia no %node 1801, tendo os respectivos coadjutores residido permanentemente na freguesia durante bastante tempo, mas há muitas dezenais de anos que nao é provido esrie beneficio eclesi4stica. Ternos notícia de que no ano de 1686 o cónlogo Jqao de Saldanha fundaso nesta freguesia urna modesta ermida dedicada a Nossa Sernhora da Piedade, no sitio que entaa chamavam o Pereirs, de que nas se conserva noticia na paróquia. No pitoresco sitio do Achada, levanta-se urna ptquena capela consagrada ao patriarca Sao José, devido A iniciativa dum jovem e piedoso filho desta freguesia, cuja inauguracao se realizou no ano de 1924, jtl depoia da morte do seu fundador.

Serroi de Agua (Nossa Sankora d i Ajuda)-A paróquin da Ribeira Brava foi-se alargando pelo extenso e apert~dovale que e limitava pelo norte e ali se formou um importante núcleo de povaadores, que solicitaratu a críacao duma nova freguésia com séde na pequena capela de Nossa Senhora da Ajuda, que se erguia no leito pedregoso da ribeira no sítio chamado da Serra del Agua. Fui o alvará régio de 28 de Dezembro da 1676 que crisu esta freguesia, estabeiéeida definitivamente tpo ano d s 1680. A primitiva clopeia, cujos instituidores e ano de edificacilo se nlo conhecem, era imprópria para o fim t que ia ser destinada, em virtude das auas acanhadas dirnenrore e do lscal e a que se encontrava. D s d e lag2 se prajectou a c3nstruc3o dum novo templo, que sómrnte veiu a levantar-se no perí3do decorrido de 1695 a 1700, conservando o orago ou invocacao da bntiga capela da Ngsssi Senhora da Ajuda. Arco de Sdo Jorgz (Silo José)-Fazia parte integrante da freguesia d;j Sa:, J x g e e o seu desmembramento estava indicado, pela pbvoacao que ali se formara e particularmente pela distancia e pelo isoiamento am que se cncontrrva com relacao

4s paróquias confitzantes de Si30 Jwge e d i Ponta Delgada. Desde os fins do século XVI ou princípios do século seguinte, existia no lugar do Arco de S%oJorge, no sítio hoje conhecido pelos Casais, uma modesta capela da invocacaa de Nos:ia Senhcrra da Piedadc, que teve seus capelaes privativos anteriormente ii criacao da freguesia. Nela se estabeleceu a séde da nova paróquia no ano de 1680, que tinha sido criada pelo alvará régio de 28 de Dezembro de 1676. Já entso se achava essa capelo em adiantado estado de ruina, tendo-se sessenta anos depois dado comeco a construcao da nova igrejn, que foi levantada em local diferente da primitiva ermida e que teve como titular o patriarca Sao José, sendo solenenlente benzida no dia 19 de Marco de 1744. Residiu durante muitos anos nesta freguesia e nela faleceu em avancada idade no ano de 1884 o distinto sacerdote Ant67i0 Alexandrino de Vasconcelos, que foi vigário getal do Bispado e exerceu outros cargas irnp~rtantes,tendo em 1834 ac.~rnpanhnd~ D. Francisco JocC Rodrigues de Andrade, quando este prelado se viu forcado a exilar-se e a segiiir o caminho da Itália, e regressando A Madeira após o falecimento daqueie prelado desta diccese. Prazeres (Nossn Senhorn dos Prezeres)-Nos princípios do último quartel do século XVII, a freguesia do Estreito da Calheta compreendia na sua vasta área os territórios que presentemente a constituem e mais ainda os das actuais paróquias dos Prazeres, do Paúl do Mar e do Jardim do Mzr, onde j4 entao se enconitravam alguns centros de populacao de relativa importancia, que estavam a exigir o desmembramento daquela extensa freguesia. Veio satisfazzr essa necessidsde o alvará régio de 28 de D:zembi-o de ,676, ciizndo as novas paróquias do PLÚI do Mlr e de N m a Senhora dos Prazeres. Esta formou-se com o terreno desanexido da freguesia do E.treito e com alguns casais pertencenlcs A paróquir da Fdj3 da Ovelha, havendosse instalado a sua séde na ermida de N sssa Senhora dos Prazeres existente no sitio da Estacada e iniciando se ali o respeca tivo servico paroquial no ano de 1684. Por motivos que descsnhecemos, foi extinta a freguesia dos Prazeres no ano de 1700 e encorporada na do Estreito da Caihetr, conservando no entretanto um capelao privativo,

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que desempenhinva diversas funqoes paroquiais. Algures se 18 que também esteve anexada A freguesia do Psúl do Mxr, nao se conhecendo a época precisa c as circunstancias em que esse facto se deu. E assim teríamos de admitir que, no período declorrido de 1700 a 1733, esteve o território dos Prazeres tncorporado na área daquelas duas frcguesias confinantes. O alvara regio de 12 de Novembro de 1733, reparando talvcz a irjustica da extinqao desta freguesia, cricu ali um curato sujeito a jurisdicao do Estreito da Calheta, mas que desde logo pessou a ter uma relativa autoncmia e a gosar os fóros duma paróquia independentc, recuperando assim os privilégios da sua primitiva criacao. Nado'se sabe ccm respcito ao ano da fundrcao da antiga capela e dos seus instituidores, tendo neia permanecido a séde da paróquia atC o ano de 1753, em que se fez a transferencia para a nova igreja, cuja primeira pedra foi lancada no dia 9 de Setembro de 1751. Sendo de acanhadas dimen~bespara o desenvolvimento da porulacac?, posscla por urna prcfunda trancformacao, no !no de 1922. cem o slargamento do ccxpo central e a edificacaw do campanário e s ~ c r i s t i Al&m ~ , de outras importantes reparecoes. No tres de Dezembro de 1827, deu-se nesta igreja um horrivel desacato cr m o roubo do veso sagrsdo que continha a Sagrada Eucsristia, o que csuscu r maiccr sensrc%o em tcda a ilhr, tendo.se realizado, por esse mctivo, truitns actos de, desagrrvo nas igrejas e principsis cbpelas da diocese. NIS imediacoes da igreja porcquiel, o 2610 e a abnegacao do pároco Anlónio Felix de Freitas Iev~ntsramhá psucas anGs um belo edifício destinado A insto1i;cao de escolss, que oli funcicnzm scb a proficiente direcc5to de alguns trembros da otdem religiosa da Apresenta~ac.

P ~ d l do Mar (Santo Amaro)-Ccmo já acima ficou dilo, foi desmembrada da freguesia do Estreito-da Calheta e criada pelo alvará régio de 28 de Dezembro de 1676, ccmpreendendo enlao n i sua área a actual paróquia do Jardim do Mar. Há muito que cxistia no Paúl uma copela dedicada a Santo Amaro, cuja fundocao se atribue eo eintigo povoador jciio Anes de Couto Cardcso e que parece remcntar aos meados do ~ é c u l o XVI. Um fiiho deste, por nome Francisco de Ccuto Cardaso, instiluiu ali um morgadio e foi padroeiro da igreja, onde teve

sepultura ne capela-mór, e um seu descendente tambem fundou cutro morgadio no Jardim do Mar. Curaal dos Frelras (Nossa Senhora do Livramento)-O Curra1 das Freiras fez parta integrante da freguesia de Santo Antónis do Fetnchrsl atC 0 ano de 1790, em que dela so desmernbr~ue dic~ucsnstituiadra urna nxa~óquiaautó-"~nms.A sua séde instelau-se nw csipelr de SwraQoAnfónis, que era pertenca do convento de freiaas de Santa Clero. O iséalrmento deste lugar, situado no inteuicr da ilha e r grande disthcia w que se aehava da freguesia de Santo António, estavsim acafzcielhando a critica0 duma paróquia, em vista do centro de papuliacao que aIi ia fcrmando, quqndo o alvará regio de 17 de Marco de 1790, veis s~tiufazieressa necessidada com o eskabelacimento dum curato filigl de Santo A n tónio, mas que desde 1r.g~teve ~ Ó T O Sduma pq-6qui-i hndepttnden te. Nao se conhcce a Cpaca da construcio da capela de Santa Antóaio, mas coaj~c~ureamos que a funidacpao data do paimeirs quastel do sCculs XVIII. Ali permsneceu a séde da nova fregwesia até cs grincípios da século XIX, tim que se procedeu a da edificacao da templo ~ctual.Passou esie pos notáveis repeirscoes nos anos de 1917 e 1918. Todo o território que hoje cnnstitue a fregiaesia do Curral das Freiras pertenceu ao aaiitlgo c~nventode Santa Clara, como mais Iargemente jfi deixiimos dito no capítulo XXII deste estudo.

Ribetrta da /mela (Nsssa Senhsra da 1ncarnac;rci)-O prelado diacesano D. Manuel Coutinho, por alvsaá de 25 de eetetnbro de 1726, estabeleceu provisóriamente um curato na Ribeira da Jonela, que foi confirmado pela carta regia de 4 de fevereiro de 1733 com a criacao dum curato, fiiial da frsguesia do Porto do Moniz com séde naquele lugar, tendo ali o respectivo cura residencia mais ou menos permanente. A psuco se foí libertando da dependencia da igreja matrjz, como aconteceu com outros curatos, nao sendo hoje fácil fixsr a época em que se tornou p~roquiaautónoma, Dao-se António Fernandes e Manuel Rodrigues como fundadores, no ano de 1630, duma ermfda dedicada a Nossa Senhora da Incarnaql€o, que uma grande aluviao destruiu alguns

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anos depois. Sabe-se que em 1699 se edificou urna capela da mesma invacscan, em síni0 mais seguro, que foi gumentada no ano de 1754. No Último quairtel do século XIX psssou por uma camplebts. transformiqao, seods o pequeno templo convertido em capela-mór e scre,sccn!airrbo-se entilo 0 corpo central da ignj*, ern cujw frentaoiai. se 1& esta inscrlcac: cFei%apelo p s v ~e dirigida prls P.= P ~ m b aem 1879 B Este grande melhoramento deve-se ao pircc.s M-nu.1 da Silva Pombo.

Santo Antó~tlo da Serrn (Santo António)-Esta paróquia, mais comumente conhedda peia simplificacgo de freguesia dq Santo da Scrre, fica sabranceirs, A i pa,róquiaisde Santa Cruz, Agua de Pena e Mashico, das quaiis fili deomembrzda para a sua psimitiva forrnacfio. Comecsu por Ievatltzr-se uma rngdesta ermide, que te* seu crmitao privativo e passru deprliis a ser capelanisi, também cilm seu capelas próprñq, haven",-se já enfao riargnnizado 811 um pequeno núcleo de popufac?io. Etn 1813 foi criado urn curato, que em 1836 se eieveu categosia de paróquia, Tem-se afirmado que a velha ermida foi edificzda por Gil de CarvJho pelos znos de 1521, o que nor parece uma época muito remota para urna cilnsttucao desta nsstureza etn lugar t%o erms e rfashdo. Flrava no sítia que z'inda hoje conserva o nome de E~mid8.No laca1 em que se ajocontra si actual igreja, construiu-se Lima caprla da I'nvacacao de Smto Antóxio nos principios do sécaals XVII, que foi reedificada pelas anos de 1738 e entao construida a crasa da ccpei20, que Ihe ficava anexa. No rano de 1851 piccedeu-se l e sew acrescentamento, tendo sido quasi inteiramente rectpisstruida em 1858 e ampliado e vedado 0 seu vasto adra, tudo a expensas do súbdito americano Joao Hawrrd March. Fc.i be~zidasolenemente pelo prelado di~cesanono dia 23 de agosto de 1757. O lugar do Sknto da Srrra com ai swa antiga. ermida pertencia A jurisdicao parsquial de Macnicaa, mas 0s vigdrios das freguesies de Agua de Pena e de Santa Cruz tatnbém se julgavatn ter direito o compartlcipeir dessa jurisdicao, havendo entao o bispo D. Lourenco de Tavora, no ano de 1612, posto a ermida ao abrigo dessas contendas e sujeitando-a imadlatamente A jurisdi~loda prelado diocesano. Foí por esta época que se fez o aforamento do terreno que circunda a igreja e o

presbitério como inteira pertenca da mitra, embora tenha estado sempre no usufruto do respectivo pároco. No ano de 1813, ficou bem delimitada a área da povoado Santo da Serra, i o criar-se ali um curato com séde na copela de Santo António, rbrangendo vários sítios desmembrtdos das tres freguesias confinantes e ficando considerado como curato filial da freguesia de Machico. Achrndo-se o vigário capitular e governador do bispado António Alfredo de Santa Catarina Brsga em visita pastoral no Santo da Serra, expediu drli uma provisao, datada de 13 de Junho de 1836, em que extinguiu r freguesia de Agua de Pena e a anexoii ao curato do Santo da Serra, fixrndo neste último a séde da nova prróquia com o nome de freguesia do Santo da Serra e Agua de Pena. O alvará régio de 24 de Julho de 1848 restaurou a rntiga paróquia de Agua de Pena e criou a do Santo da Serra, como era de inieira justica que se fizesse. Em virtude das graves desinteligencias havidas entre o bispo diocesano D. Luís Rodrigues de Vilares e o governador e capitao-general D. Jocé Manuel da CAmara, ordenou este a violenta e imediata ssída do Funchal Aquele prelado, que sem demora se recolheu a residencia do crpel%oda ermida de Santo António da Serra, onde permaneceu rlguns meses, como adiante mais largamente veremos. Durante a sus estada ali, procedeu a arborisrcao do terreno, que é haje o passal do piroco, e fez construir um excelente fontenário, que ainda actualmente conserva o name de Fonte do Bispo. Foi talvez nesta freguesia que o proselitismo, protestante exercido pelo dr. Roberto Kalley na Madeira de 1838 i 1846 mais largamente se fez sentir e l a n ~ o umris fundas rrizes, causando' perturbaqoes de toda a ordem, como teremos ccasiao de narrar em outro capitulo deste trabalho. No sitio do Lombo da Pereira desta prróquia, cdificou urna súbdita britanica Mrs. Arendrwp, há cerca de quarenta anos, uma excelente casa cum uma capela adjunta para o funcionimento de escolas, tendo o pároco JosB Lino da Costa levantado nas suas imediacoes no ano de 1920 um orfanato destinado a recolher criancas pobres, que está ali prestando os mais relevantes servicos ii sssistencia pública drquela e de outras freguesias.

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/urd!m do Mur (NOSSI Scnhora do Rofárioj-FtWa parte

da freguesia do Paul do Mar, quando foi ali criado um curato pelo alvará rCgio de 15 de novembro de 1734, na dependencia daquelr prnróquia. O respectivo cura nao tinha moradia permanente no lugar e o alvará episcoprl de 22 de julho de 1809 estabelece a obrigacao de residencia, o que parece nao haver.se inteiramente observado, pois que os moradores reclamaram diversas vezes contra esse abuso. Foi sómente pela provisao do governador do bispado de 28 de setembro de 1836 que essa residencia se tornou efectiva. O alvará rCgio de 24 de julho de 1848 elevou o curato A categoria de paróquia independente, desligando-a da jurisdicao canónica em que estava da freguesia do Paul do Mar. O prelado diocesano D. Pdtricio Xzvier de Moura, por provisao de 2 de outubro de 1861, extinguiu a freguesii do Jardim do Mar, devido ao estado de ruina e abandono em que se encontrava a igrejn, ficando entao anexada a freguesia do Paul do Mar, mas foi novamente restabe1:cid.a no ano de 1862 Pdrece que o curato do Jardim tambCm esteve durante alguai tempo subordinado h paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, cm época que nao podemos determinar. O autor das Saudades da Serra faz uma ligeira referencia a esta localidade e por ela se ve que já al¡ existia uma capela no ano de 1590, onde um século e meio mais tarde se estrbeleceu a séde do curato.-No ano de 1906, o pároco César Martinho Fzrnandes, a-pesnr.das restritas condicoes do meio e & cusla dos maiores trabalh~s e ~uciificio~ conseguiu edificar uma nova igreja paroquial no mesmo local da velha ermida, tendo concorrido notavelmente para a realizacao deste mclho. ramento o proprietário Francisco Joao de Vasconcelos de Couto Cardoso, representante dos antigos administradores do morgadio existente nesta paróquia. Foi solenemente benzida no dia 19 de Outubro de 1907. Nas proximidades da igreja paroquial encontra-se a capela de Nossa Senhora da Piedade, fundada no ano de 1736 pelo morgado Joao de Couto Cardoso, que em 1825 foi reedificada pelo scu sucessor no morgadio Francisco Joao de Vasconcelos de Couto Cardoso. Tem servido algumas vezcs de igreja paroquial. Sio Roque do Falal (Sao Roque)-Sendo desmembrada da freguesia do Faial e estabelecendo-se a sita sede numa capeir

que &ha Silo Roque como patrono, terid naturalmente tomado o nomc de Sao Roque do Faiial. A primitiva capela ali existente era dd conserucas bastante antiga, pois se sabe que o seu fundador Cristovao Pires si fez edificar no ano de 1551 cm terras que possuia naqueles sitios. No ano de 1664 foi acrescentada e em 1776 procedru se a sus rec2nstrucao e a local diferen: te, tendo *ambCm psiss-do p3r importantes reparacbs 'no ano de 1889. A-pesar-de tudo, ficou sempre urna igreja de acanhados proporcbzs a irnpróprir para as diversas funcbrs religiosas, especirnlmente dspois do maior desenvolvimento da p0pul8ca0, Além de estar tambéen exposta aos perigos que lhe oferccia a catndalosa rib:i:a, em cuja margcm se achavs situad2 Por es'ses panderosos motivos, aventurou-se o pároco Daniel Nicolsiu de Sousa ao arriscado empreendinacnio da construcao duma nova igreja, o qua tevel ira um grande zelo e abnegacao, em vista dos minguados recurwo; de que podir dispBr em um meio tifo limitado como aqwle. A igreja levantou-se e foi solenemente benzida peto prelad? dincesano no dia 11, de Dezembro de 1927. Q alvara ~Cgiode 11 de Fevereirs de 1746 crisu um curato na freguesia do Faiel, mas nao com séde na capela de Sao Roque, como algures se afirma, tendo esta sido apenas servida corn alguns capelaes temporários e sem residencia permanente no lugar.' Foi a casta régia de 24 de Julho de 1848 que estabeleceu esta paróquia, desmembrada da do Faial e ficou csnstituindo urna freguesia autóncma. Boavcctu~rr (Ssnta Quit6ria)-Pertencia prlmitivamewfe 4 frcguesia da Ponta Dcslgzda e dela se desmembroii como paróquisi aufónoma no ano de 1839. O alvarl régio de 4 de Fevereiro de 1733 rutorizou o prelado diacesano a crix um curato no lugar da B~aventuta,dependente da freguesia da Ponta Delgada, com obrigacao de resider,cta e do cura ocudir com os socorros espiritulcis aos moradores daquéles ritios, em virtude da distancia e das dificuldades de comunicacbes com a séde da parbquia. O vigário capitular António Alfredo, por alvará de 18 de Novembro de 1836, elevcu s curato A categoría de freguesia, que ficouftendo maior populacao e mais extensa área do que a de Ponta Delgada. Esta criac%ofoi confirmada pelo aviso regio de 29 de Agosto de 1842.

No sitio do Serrito havia uma pequena capela dedicada a Santa Quitéria e construida pelo povo no ano de 1731 e nela se instalou o curato e serviu depois de séde a nova paróquia. Foi notavelmente acrescentada e melhorada no ano de 1835, tendo há poucos anos passado por outras importantes reparacaes. Quando se criou esta freguesia, já ali existiam a capela de Sao Cristovao, no sítio deste nome, edificada no principio do s6culo XVI e demolida no ano de 1748, e a de Santana, fundada pelo morgado António Francisco de Csires, no sítio da Faja do Penedo em 1768 e desmanchada pouco depois do ano de 1840. Nbte mesmo sítio, fez D. Maria dos Anjos Ribeiro construir oma cruela consagrada ao Imaculado Coracao de Maria no ano de 1919. Achadas da Cruz (Nossa Senhora do Livrament0)-No extremo oeste da Madeira e encravada entre as freguesias da Ponta do Pargo e do Porto do Moniz, demora a pequena paróquia das Achadas da Cruz. Afirma-se que no terceiro ou último quartel do século XVI se edificou ali uma modesta ermida da invocacito da Vera-Cruz, onde se estabdeceu por essa dpoca ou pouco depois um curato dependente da colegiada da Calhetal-que teve uma curta duracao. No primeiro e segundo quartel do século XVI1,fizeram-se virias tentativas para a restauracao do antigo curato, que sur. tiram sempre infrutíferas. O alvará régio de 28 de Dezembro de 1676 criou um curato na freguesia do Porto do Moniz com obrigacao do cura ter residencia nas Achadas da Cruz, mas nem sempre se cumpriu com rigor a letra desse diploma. Cont i n u o ~na dependencia da paróquia do Porto do Moniz até que uma provisao do governador do bispado de 30 de Abril de 1837 a constituiu em paróquia autónoma, o que foi plenamente confirmado pela carta régia de 24 de Julho de 1848. Ha muito que desapareceu a antiga capela da Vera-Cruz, tendo a actual igreja paroquial sido edificada em local diferente daquela, mas em ano que nao podemos determinar. Foi notavelmente acrescentada e melhorada, haverá pouco mais de meio s6cui0, com um importante donativo, que Ihe legou Manuel Ponte Cariiara, distinto filho desta freguesia.

Quinta Orande (Nossa Srnhora dos Remédios)-O

terri-

tório que ora constitui a superfície desta freguesia pertencia primitivamente As paróquias de Cacnara de Lobos e Ribeira Brava. A parte pertencentz a esta última ficou incorporada na do Campanário, quando esta se criou no ano de 1553. Em virtude do núcleo da populacao que rli se foi formando e aumentando, o bispo e vigário capitular D. Joaquim de Menezes e Ataide, pela provisao de 8 de Fevereiro de 1820, estabeleceu o curato da Quinta Grande com obrigacao de residencia do respectivo cura, O que parece nem sempre se observou, mas dependente das freguesirs da Ribeira Brava e Camara de Lobos, a que el8 pertencia. A carta régia de 24 de Julho de 1848 é que Ihe conferiu toda a autonomia, sendo a provisao episccpal de 28 de Setembro do mesmo ano, que deu inteira execucao áquela carta régia. Foi na capela de Nossa Senhora dos Remédios, cuja Cpoca de construcao ignoramos, -que se instalou a sede da nova prróquia, talvez por ser de situacao mris central, tendo sido quási inteiramente reedificada há mais de sessenta anos. Encontrr-se nesta fregucsia a capelr da Vera-Cruz, cuja fundrqao se rtribui a Joao Goncalves Zarco, primeiro capitao donatário do Funchal e que 6 uma das mais antigas de toda a diocese. Foi reconstruida no ano de 1854 para servir de igreja paroquial, nao tendo sido, porém, aplicada a esse destino. Segundo se 18 rlgures, existiram nesta freguesia uma pequena ermida dedicada a Nossa Senhora d i Cadeira e outra na Porta da Quinta, cuja invocacao ignoramos, encontrando-se trmbém ali a capela de Santo António fundada no ano de 1883 pelo padre António Silvino Goncalves de Andrade. A freguesia da Quinta Grande pertenceu na sua quási totalidade ros jesuitas até o ano de 1759, em que sairam da Mrdeira, tendo sido dez anos depois vendida em hasta pública. Na área desta paróquia, entao pertencente A do Campanario, nasceu em 1767 D. Manuel Joaquim Goacalves de Andrade, que foi bispo de Sao Prulo e ali faleceu no ano de 1847.

Seminario Diocesano As decisoes do concilio de Trento, exaradas no capitulo 18." da sua sessao XXIII, estabeleceram a esfritr obriga~ao de criar-se em todas as dioceses da cristandade seminarios ou casas especiais de educacao eclesiastica destinadas aos que se consagravam no estado do clero secular, onde nao sómente recebessem a indispensavel instrucao de caracter geral e sobretudo o conhecimento das sciencias teologicas, mas tambem se adestrassem no cultivo da virtude e no exercicio da mais acriósolada piedade. A confirmacao e aprovacfio dadas pelo Sumo Pontifice Pio IV a essas determinaqoes datrm do ano de 1564, e logo o rei D. Stbastiao cuidou de as fazer executar no nosso pais, sendo de 20 de Setembro de 1566 a carta regia que criou o seminario da diocese do Funchal. E' um documento extenso e duma fastidiosa prolixidadc, mas que nao deixa de oferccer bastante interesse ao nosso assunto e que mereceria ser aqui trasladado. se no-lo permitisse o espaco de que devemos dispor. Vem integralmente transcrito 8 fols. 37 do divro grande* do tombo do rrquivo da nossa Sé Catedral e tambem se acha registado r fols. 67 e da SS. do livro 7.O da antiga aprovedoria da Real Fazenda. Madeiraw, hoje existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e encontra-se absolutamente inédito. para se Diz-se nesse interessante documento que a , proverem os beneficios do dito Bispado em pessoas idóneas e bem instruidas como eumpre ao serviso de nosso Senhor e

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descanso da minha consciencia e proveito espiritual e reformaca0 dos costumes hei por bem e me apraz que o dito Stminario se ordene e faca logo na dita ilha e recomendo muito a D. Jorge de Lemos Bispo do dito bispado e do meu conselho que assim o faca fazer . . e para o qual seminario hei por bem e mando que se deem 4 custa da minha fazenda no almoxarifrdo da cidade do Funchol trezentos mil reis em cada ano.. . e isto além dos qurrentr e cinco mil reis que até agora houveram os mestres de gramrtlca e do cinto, que ha na dita cidade.. . e hei por bem que se deem para o dito seminario e além de que para ele houverem de pagar as pessoas que teem rendas no dito bispado que conforme o decreto do sagrado concílio hajam de contribuir pira o dito seminario. . . . A-pesar-da expressa recomendacao do monarca, nao teve imediata execucao a carta regir de 20 de Setembro de 1566. O bispo D. Jorge de Lemos encontrava-se no continente r tratar da sur srude e de negocios do seu bispado, quando foi promulgado esse diploma, e bastante concorreu para isso com 8 sua autoridade de prelado desta diocese e com o seu prestigio pessoal, mas r sur demorada ausencia e a renúncia que tres anos depois fez da mitra do Funchal obstarrm r que inicirsse a fundacao do seminario. Sucedeu-lhe D. Fernando de Tavora, bispo desta diocese no periodo decorrido de 1570 r 1573, mas que nao chegou r vir ao seu bispado, nao podendo, portanto, ocupar-se trmbem dessa creacao. Coube ro zeloso prelado D. Jeronimo Barreto r inicirtiva do estrbelecimento do nosso seminario diocesano, que tres séculos mais tarde passaria pela mais completa transformacae, devido A dedicacao sem limites de outro bispo de igual apelido de familia, que foi o eminente e apostolico prelado D. Manuel Barreto. Havir um século e meio que comecara a colonisacao do arquipélago e f6ra rápido o desenvolvimento da populacao, o que demandava um activo servico religioso nas sedes das par6quias e em algumas capelas, tornando-se ja escasso o número de sacerdotes seculares para acudir r todas as necessidades emergentes. A formacao do clero dentro da área da diocese e sob as vistas e direccao do respectivo prelado constituir urna medida urgente r adoptar, que encontrou em D. Jerónimo Barreto um proficiente e dedicgdo rerlisador.

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Nao se conhece corn precisa0 o ano em que o novo seminario iniciou o seu funcionamento, mas deveria ter sido dentro do decenio de 1575 a 1585, em que aquele prelado ditigiu os destinos desta diocese. Inclinamo-nos a crer que seria pouco tempo depois da reuniko do sínodo diocesano de 1578, em que foram promulgadis as conhecidas Constltulgoes impressas em 1579 e reempressas no ano 1585. Nao andará, pois, muito distanciado da verdade quem afirmar que foi em volta do ano de 1580 que se dcu a criacao do seminario e que teve comeco o exercicio dcs seus trabalhos escolares. D. Jeronimo Barreto é corn inteira justica ccnsiderado o verdadeiro fundador do seminario desta diccese, que lhe mereceu sempre os mais diligentes cuidados, nao sómente nos trabrlhos da sur instalaca0 e no funcionxmento interno de todos os seus servicos, como ainda em assegurar-lhe os meios de manter a sua existencia, ao abrigo das deficuldades de ordem economica. Junto da resideneia episcopal, procedeu o ilustre prelado 4 adapta~aodumas casas para aquele fim, podendo deste modo seguir com mris atenta vigilancia todo o movimento scientifico e religioso do novo instituto, a que desde logo quis imprimir uma feicao monástica, mas que no decorrer do tempo notavelmente se modificou. Segundo nos informa o dr. Gaspar Frutuoso, tinha D. Jerbnimo Barreto a sur moradia na rua Direita, entáo a maior da cidtde e que se estendia pela margem esquerda da ribeira de Santa Luzia até As alturws da actual ponte do Torreao. Foi, pois, nessa rua e em local que hoje nao será facil determinar com inteira exactidao, que o seminario diocesano teve a sua primeira instalacao e ali permaneceu aproximadamente duas dezenas de anos. Pouco ou nada se sabe com relacao A sua primitiva organisacao e regime interno, e especialmente o que diz respeito ao seu quadro de estudos, sendo para conjecturar que os respeCtivos colegiais frequentassem os cursos de teologia e humanidades mantidos pelos jesuitas na sur residencia adjunta capela de Sao Bartolomeu, que, por feliz coincidencia, ficava nas imedia~oesdo mesmo seminario. Pelo trecho da carta régia de 20 de Setembro de 1566, que fica acima transcrita, se ve que ao criar-se o seminario diocesano Ihe foi arbitrada a dotaqao anual de trezentos mil reis e de mais quarenta e cinco mil reis especialmente destt-

nadas As aulas de gromatica e cantochao, al6m das quotas6dos pensicnistas, o que fudo seria insuficiente para a sur regular sustentacao, se outras receitas nao tivessem sido criadas pelos prelados e nao hcuvesse algumas importantes dorc6es legadas pcr diversos bemfeitores. Primitivamente foi de doze o número de colcgiais, que aumentcu no decorrer do tempo, sendo alguns deles pensionistas.

D. Luis Figueiredo de Lemos (1586-1606), que sucedcu a D. Jerónimo Barreto no governo desta diocese, consogrou tambem ao seminario todas as atenc6es do seu zelo apostólico e procurou mante-lo A altura do fim a que se destinava, embora lhe escasseassem os recursos indispensaveis para realizar a grande obra que empreendera. Abalancara-se A construcao duma condigna residencia episcopal, pois que já havia mais de oitenta anos que f6ra criado o bispado e nao existia uma habitacao apropriada $ara moradia dos respectivos prelados. E ao tentar a realizacao desse importante melhoramento, projectou reservar algumas dependencias do novo edificio para a acomodacao do seminario diocesano, em melhores condicoes das que até entao estivera provisoriarnerite nas acanhadas casas da rua Direita, A edificacao do antigo paco episcopal, do qual ainda restam a desmantelada capela de Sao Luís e uma especie da velho claustro conventual, fez-se nos Últimos anos do sCculo XVI ou principios do século seguinte, sendo por esta época que o prelado D. Luís de Figueiredo estrbeleceu ali a sur residencia e se procedeu, aproximadamente pelo rnesmo tempo transferencia dos diversos servicos do seminario para as casas que acabavam de construir-se na rus, que passou entao a ter o nome de Rua do Bispo. Já vimos indicado o ano de 1597 como o dessa mudanca, mas inclinamo-nos a crer que ela se realizou nos primeiros anos do século XVII. Cerca de cem anos funcionou o seminario nas dependencias do paco episcopal, nao tendo chegado até n6s conhecimento de quaisquer noticias que possam interesar ii sua história neste relativamente extenso periodo de ternpo. Sendo desde há muito considerada como impropria e prejudicial aos alunos a sua permanencia naquele local, devido sobtetudo A estreiteza das suas diversas acomoda~oes, surgiu a

ideia de aproveitar-se urnas casas destinadas A fundacilo dum mosteiro de religiosas e sitas na rua que mais tarde se chamou de Mosteiro Novo, depois de ali se proceder a uma indispensavel adrptacao. E' ocasi20 oportuna de dar-se uma rápida noticia Acerca dessa projcctada criacao monástica, aproveitando o que a tal respeito já deixámos dito no 2.' vol. do aElucidario Madeirense. e acrescentando-lhe outros esclarecimentos posteriormente adquiridos. No local onde ainda presentemente se encontram as casas do antigo Seminario de Nossa Senhora do Bom Despacho, n i rua Julio da Silva Carvalho, mais vuígarmente conhecida pelo nome de Rua do Mosteiro Navo ou RUPdo Seminario, o cónego da Sé do Funchal Manuel Afonso Rocha instituiu no ano de 1626 urna pequena capela com a invocacao de Jesus Maria José, que alguns anos mais tarde ampliou, e junto dela fez levantar um modesto edificio destinado a um convento de religiosas, que desde lago toniou o nome de Mosteiro Novo, porque seria a casa monástica de mais recente fundaqao existente no Fuiichol. A 17 de Dezembro de 1638, achando-se aquele capitular retido no leito por doenca grave, chamou á sua presenca um tabeliao e solicitou tambem a presenca do prelndo diocesano D. Jerónimo Fernando, declarando que tinha dado comeco 4 fundacao dum mosteiro composto de casas, oficipas, igrejr e caro, sob a invocacao de Sao José, destinado a religiosas, com o encargo da celebracao de algumas missas e oficios, mas que nao o tendo acabado entregava o governo e a conclusao dele proteccao do mesmo prelado e seus sucessores, pedindo-lhes que sómente o rplicassem a esse fim ou a um recolhimento para damas ou mulheres de qualidade, e que se issa nao fosse possivel se entregasse o mosteiro a virtuosos religiosos mendicantes ou a outros que melhor servico prestasaem a Deus. O pedido e as condicoes formuladas pelo cónego Manuel Afonso Rocha foram aceites pelo prelado diocesano, mas escasseando as respectivas rendas e ainda por outros ponderosos motivos nao chegaram a concluir-se as projectadas obras nem aplicado o edificio ao fim para que fora primitivamente destinado. O benemérito instituidor dessa casa faleceu a 12 de Fevereiro de 1639 e teve sepultura na capela que ele ali fundara. Em 1647, autorizou o governador do bispado que os so-

brinhos do fundador o cóncgo Antonio Espranger Rocha, um irmao deste padre Inacio Espranger, e suas duas irmls, residissem no edificio, tendo depois da morte deles sido ainda ocupado por um dos sobrinhos dos mesmos o cónego Antonio Espranger, que faleceu no ano de 1691. Fez-se essa concessao com o fundamento de que estes sobrinhos do instituidor tambem tinham concorrido notavelmente para r fundacao desta pr~jectadacasa monástica. Foi entao, que o prelado D. José de Sousa Castelo Branco pensou na mudanea do seminario das dependencias da residencia episcopal para as casas da rua do Mosteiro Novo, o que já constituia uma melhoria de siturcao, embora as diversas instalasoes nao tivessem a largueza e as comodidades que seria para desejar e bem assim o local nao oferecesse as indispensaveis condisoes higienicas. Este ediIlcio, afim de ser convenientemente adaptado ro seu novo destino, sofreu importantes modificacoes, sendo demolida a antiga crpela e substituida por um oratorio interior, e completara -se varias obras de construcao, que apenas tinham ficado niciadas. Dcpois de permanecer um sécu!o nos dependencias da residencia episcopal da Rua do Bispo, foi definitivamente instalado o seminario nas casas da rua do Mosteiro Novo, nos primeiros anos do século XVIII, havendo por essa ocasiao sido reformado o seu regimen interno com os novos estatutos que Ihe deu o prelado D. José de Sousa dq Castelo Branco.

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D. Fr. Joao do Nascimento (1741-1753), um dos mais ilustres bispos desta diocese, foi tamb6m um dos prelados que mais relevantes servicos prestoulao seu seminario, nao sbmente obtendo um importante acrescentamento a dotacao anual concedida pelo Estado, mas sobretudo operando uma notavel reforma no regime interno desse instituto e uma mais rigorosa selecc%ona admissao dos candidatos A vida eclesiástica, Além das alteracocs que introduziu nos diversos cursos qne ali se professavam. A's suas diligentes instancias, concedeu D. Joao V, pela carta régia de 18 de Janeiro de 1745, o aumento de 150.000 reis 4 dotaca0 arbitrada ao seminário diocesano, que passou a ser de 500.000 reis sendo por essa é p ~ c ra mesma casa da cducrcao contcmploda corn algumas doac6:s particulares.

Mrndou elaborar, sob a sua direccao e por pessurs competentes, uns novos estatutos moldrdos em bases novas, que abrangirm toda ,a vida do seminário, desde a escolha dos colegiais para a sur primeira rdmissao até A inteíra conclusao dos estudos, encerrando as mais salutares disposic5es acerca da disciplina interna, condutr moral, trabalhos praticos de aplicacao literária, duracao de cursos etc., AIém de ocupar-se ,minuciosamente dos diversos ramos da parte administrativa e económica desta casa de ensino eclesiástico. Datrm esses estitutos de 12 de Dezembro de 1746 e esa tabelecem que, para a sua admissao, tia0 tenha o candidato menos de 12 nem mais de 18 anos de idade, e que saiba ler e escrever e possua alguns rudimentos de gramática latina, dando-se preferencia aos filhos de pessoas nobres ou que hajrm prestado quaisquer servi~osA Igreja ou ao Estado. O curso constrvr normalmente de tres anos de humanidades e de tres de filosofir e teologia moral! que, por vezes, as circunstrncias imperiosas de momento obrigavam a modificar. Hovia examcs no fim de cada ano lectivo e também no regresso das férias, em que os alunos deviam estudar certas matérias, que lhes eram indicadas préviamente. Frequcntrvam nos cursos mantidos palos jesuitas as aulas que nao se lecionrvam no seminário, tendo sofrido muito na regencia das suas cadeirrs de ensino, quando esses religiosos sairam da Madeira no ano de 1760. Os novos estatutos continham disposicoes especiais acerca do cerimoniril usad3 na imposicao das abécas. por ocrsiao da admissao, da maneira como deveriam os alunos aplicar-se ro cstudo e dos temas e exercicios a fazer, das provas do progresso obtido nas diversas disciplinas, dos jogos permitidos, dotrajo, da camaradagem, etc, descendo-se a tris particularidades, que bcm mostra o empenho que hrvia em mrnter uma rigorosa disciplina em todos os actos da vida escolar dos colegiais, tanto scientifica e literária como moral e religiosa. Encontrava-se o seminario diocesano num relativo grau de prosperidadee satisfazendo regularmente o seu fim, quando na noite de 31 de Marco de 1748 sofreu esta ilha um violento rbalo de terra, que crusou algumas vítimas e danificou inúmeros edificios públicos e particulrres, ficando muitos deles em estado adirntrdo de ruina. As casas do Mosteiro-Novo, a-pesar-de nao serem de constru~aomuito antiga, experimen~aram tIo grandes estragos que obrigrram os seus moradores a

abandoni-las sem perda de tempo. Embota se nto saiba com intein certeza onde e como funcioncu o semin8ri0, conjectura-se que durante d8ze anos andou 4 merce da sorte por diversas casas, tendo estada algum tempo instalado no velho hospicio dos franciscanos, junto da capela de SBo Joao da Ribeira Nessa triste conjuntura, estava servindo de governador do irqulpélago o prelado diocesano D. Joao do Nnscimento, que deu entZo eloquentes provas da sur rara energia e actividade e rinda do mais atilado bom senso nas acertadas providencias que adoptou, tendo rlcancsdo do governo d i metrópole avultadrs verbas para acudir prontamente 4 restauraqBo de muitas igrejas e de varios edificios públicos. No seminhrio da rua do Moskiro Novo fizeram-se grandes obras de reparacao, tendo recomeqrdo o seu regular funcionamento no ano de 1760.

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A-pesar-da notavel escassez de noticias para se formar um juizo seguro Acerca da vida do Seminario do Funchrl sob o triplice aspecto da sur administra~aoeconómica, da organiza~ao dos seus estudos e da sur direc~ao espiritual e religiosa no longo periodo de tres sCculos, que decorre desde o seu estabelecimento até o ano de 1877, cm que se inicia a Cpoca da sua completa remodelrqio, pode dizer-se que teve sorte verir com periodos de mrior ou menor prosperidrdc, segundo o permi. tiam a idversidade dos tempos e a forca imperiosa das circunstancias emergentes, havendo no entretanto merecido sempre por parte de todos os prelados diocesanos a mais salutar proteccio e o mais paternal e acrisolado interesse. Criado pela carta regia de 20 de Setcmbro de 1566, como acima se disse, e tendo apenas a dotaqao anual de 345.000 rtis, logo surgiram graves dificuldades ecor.ómicas, procurando os prelados atenuar temporariamente essas dificuldades m m a criasao de algumas receitas transitórias, que longe estavam de assegurar uma situaqao desafogada ao novo instituto,estabelecido numa diocese que 80 tempo nao contaria mais de vinte mil habitantes. Uma ponderosa circunstancia Ihe setviu de valioso auxilio: o permanecer essa casa de educacao, por mris dum sCculo, anexa A residencia episcopal, acudindo os prelados, com manifesto prejuizo do seu relativo bem estar, 4s mais urgentes nccessidrdes que ocorriatu de vez em quando. As rnuidades doa rlunos pensionistas, que em geral pcrtenciam a familias re-

mediadas, e ainda varios donotrvos particulares timhem contrlbuiam bastante para amparar as receitas escassas da casa, A transferencia prrr um edificio próprio nr rua do Mosteiro Novo e a grande reforma realizrdr pelo ilustre prelado D. Joao do Nascimento trouxertm ao seminario uma notavel melhoria de situacao. AIdm de outros importantes donativos que conscguiu obter entre as pessois mais qualificrdas do seu bisprdo, alcanqou do governo da metrópole, pelo alvara rCgio de 18 de Janeiro de 1745, o acrescentrmento de 150.000 reis rnuris 4 dotr~iloque fbri arbitrada pelo rei D. Sebastiio. O distinto prelado D. Josd da Costa Torres, a quem tanto ficou devendo o seminário, nao sómente com i rquisi~ao do dolegio de S.Joao Evangelista como trmbdm com a sur instalicio nesse implo edificio, cbteve aindr a concessIo de varias scapelas~ou propriedades oneradas com certos encargos pics, que tinham vtgado e sC"achavam encorporados nos bens nicionsis. Essas ccrpelrss, segundo urna nota puMicada ha anos, cram as seguintes, conservando-se os nomes dos scus rntigos instituidores: capela de Afonso Pires Escudciro, de Afonso Pires Lavrndor, Afonso Mendes Pinto (fazenda em Machica) Afonso Rodrigues (na freguesia dos Prazeres), Constrncr Va2, Diogo Pires Peneireiro, Estevao Enes Cintrao, Francisco Martins (nos Moinhos, Funchal) c6ncgo Oaspar Alvrres, JoBo Areia Armeiro (casa na fua da Alfrndegc), Jcao Dias Mercrdar, Joao Pinto, Pedro Alves Farto (na Saraiva, Camara de Lobos) Pedro Homem (na Ponta do Sol) e cónego Salvador Pacheco. Parece que tambem foram concedidas ao seminário atgumrs .capelas., com encargos pios, pertencentes 6 igrejr de SBo JO~O Evangelista, que eram pertenqa dos padres fesuitrs. Anterior ou posteriormente a esta épcca recebeu o seminario doncaes ou fez aquisi~ao de varias proprisdrdea rústicas em ilgumrs frtgursias desta ikhi, que na sur qursi totrlidide forim sujeitas As lels da desamortisr$&o, especialmente nas paróquias d i Ponta do Sol e dos Prazeres e nis margens da ribeiri de Sao JoBo do Funchsl. Nos anos decorridos de 1803 a 1813 foi reitor do Seminario o padre Francisco Pinto d i Silva, a quem as casas da rur do Mosteiro Novo ficaram devendo grandes melhor~mentos com um notavel acrescentamento do edificio e aindr outras urgentes rtprrocbes. Tambem prestou rssimb~dosserviqrs 8 este estlrbtkcltne~tode C~UCI@O O pidra Ma nwcl Jo~euJm

socorrendo-nos de quaisquer noticias respeitrntes r outros seminairios, porisso que nao existia para todos uma inteirr uniformidad~de estudos, e errm as imperiosas circunstancias do meio que oritntrvrm a organiza~aoe o exercicio das diversas disciplinas. Para a primeira rdmiss~o,os candidatos deverirm provar que sabirm Ier e escrever e que possuiam algumrs nocaes de gramática Irtina, hrvendo n mrior prcbobilidrde de super cu antes inteirr certeza que frequentarirm as aulas de humanidades e de teologla, que os jesuitas tinham rberto no Funchal, dez anos antes da criacao do seminário e em que ensinavam lrtim, retórica, filosofia e teologia moral, com grande afluencia de alunos e notavel aproveitamento dos mesmos. E' possivel que no seminário, Albm das aulas de canto, a que se refere a carta regia de 20 de setembro de 1566, tivessem existido outras, como ampliacáo ou complemento dos cursos dos jesuitas, mis nada se srbe concretamente a tal respeito. Parece que no episccprdo de D. Manuel Coutinho (1725-1738) se introduziram algumas modificrcaes no regime interno do seminário e no funcionamento dos srus cursos, mas nao se conhecem os termos precisos em que essrs rlteracoes se rerlizarrm. Como jai fizémos notar, muito ficou devendo o seminario ao acendrado zelo e sabia orientacao do ilustre prelado D. Fr. Joao do Nascimento, particularmente consignad~snos notaveis estatutos de 12 de Dezembro de 1746, que encerram as mais acertadas disposici3es1 tanto na parte disciplinar e administrativa como especialmente nr organisaciio do seu quadro de estudos, que constituem uma reforma radical, sem duvida a mais importante que até entao se Iínha dado desde r crirgao deste estrbelecimento de ensino eclesiastico. O curso completo passou a ser de sete anos, stndo quatro aplicados As disciplinas de preparatorios e os tres restantes As de filosofia e teologii, prelbcinrndo-se simultaneamente as aulas de canto e elementos de liturgia, tudo em obediencia r uma orientacao mris pravtitosr e definitiva, acabando-se com as constantes mudan~ase arbitrariedades que se drvam no funcionamento dos diversos cursos. Contniuou a ser rproveitado o ensino da mrior parte das disciplinas, que se ministravam nos cursos do Colegio de Sao Joao Evangelista, que gosrvam, como j4 dissCmos, da maior reputrciio e eram lrrgamente frequentados. Na reforma do bispo D. Fr. Joáo do Ntscimcnto ccn-

signam-se interessantes e uteis disposi~oes,que merecem referencia especial, como sejim os exames estabelecidos no fim do ano lectivo e tambem no regresso das fCrias, para se conhecer da aplicrcao dos alunos durante esse periodo de interrup~go dos estudos. Tcdos os dias, no fim das refei~oesda noite, havia txtrdcios de recapitula~%o drs diversas materias professadas, que o respectivo regulamento fixa nos seguintes termos : .Em cada noite, algum colegial defender4 olguma cousa do que tem estudado e Ihe argumentara0 todos os outros, fazendo-lhe cada um tres preguntas, ao que sem demora, responder4 prontamente, e o mesmo que fez a pregunta ou aquele que ao reitor parecer Ihe dará por cada quintu ou erro duas palmatoadar, e o que responder a tudo sem erro algum, Ihe dar4 o padre reitor, á custa do colegio um premio que valha ao menos meio tostao, contanto que responda certo a cinco ou seis preguntas que o reitor Ihe fará sobre a mesma materia, etc.. .m. Sem querermos emitir juizo acerca dos e p r ó s ~ e .contras. que tcriam essa especie de sabatinas, revelam elas no entretanto o particular interesse que existia na ministn@o do ensino e na cuidadosa oplica~aoque se impunha ros alunos. Como já ficou dito, a expulsao dos jesuitas e o encerramento do seu cclenio trouxe a imediata suuressao do curso de humanidades e d e teoiogia, que no peri6do de duzentos anos mantiveram ininterru~tamentecom notavel a~roveitamento dos alunos e particular'apreco de todos os habitantes da Madeira. O seminário diocesano,nao possuindo curscs privativos dessas disciplinas, teria sentido bastante a interrupcao das chamidas Aulas do Patio, ignorando-se como haveria sido supridr essa grande frltr, mas 15 de conjecturar que o zeloso prelado D. Gaspar Afonso da Costa Brandao providenciar u no sentido de a remediar eficazmente. Os cursos que os frades franciscrnos mrntinhrm no convento de Sao Francisco pira uso privativo da sua ordem ou algum dos seus melhores professores deveriam ser entao aproveitados para t lecionaclo dos alunos do seminário. E' certo que o Marques de Pombal procurara atenuar a supressao das aulas dos jesuitas no Funchal com a criacao das cadeiras de iatim, retórica e filosofia, sendo de supor que algumas dtlrs fossem frequentrdas pelos colegiais do seminár b , o que te teria dado no pericdo decorrido de 1760 a 1837,

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ano este em que foi estabelecido o liceu desta cidade, no mesmo local dos cursos mantidos por aqueles religiosos. E' de presumir que no periodo de 1788 a 1801, em que igrejr o seminario diccesano funcionou no Colegio anexo de Silo Joao Evangelista, como abaixo mris largamente se verá, se houvesse introduzido profundas modificac6es no respectivo quadro de estudos, nao sómente nas aulas de ensino secundario mas dndr nas do curso de sciencias teologicas, se atendermos a que D. José da Costa Torres procedeu naquela ocasiao a uma grande reforma, que se estendeu a todos os servicos do Seminario, nao havendo, porbm, chegado ao nosso conhecimento os termos cm que seria realisada a remodeacio desses estudos. Como j4 ficou dito, o seminario foi provisoriamente instalrdo no ano de 1801 nas antigas dependencias da velhr rrsidencia dos bispos diocesanos anexas ao Paco Eoiscopal e al¡ permaneceram alguns anos, transferindo-se depois para as casas da rua do Mosteiro Novo. Com relacao a esta epoca e pouco posteriormente a ela, parece que em 1812 apenas se prelecio. nava a cadeira de teologia moral e que no ano seguinte funcicnavam as aulas de teologir moral, teologia dogmatica e filosofia racional, atribuindo-se esta deficiencia no ensino aos tempos revoltos que entio corriam. Sabe-se que uo ano de 1814 o vigario capitular D. Joaquim de Menezes de Atride com o apoio do governador e ctpitao.genera1 do arquipelrgo propos ro governo da metrópole um plano de estudos para ser adoptado no seminario diocesano e nas Aulas do Patio e que teria a seguinte organisacao: história eclesiistica, teologia dogmatici, teologia moral, musica ou canto de orgao e cantochao e as aulas de curso secundario Iatim, ftancee, ingles, geografia, retorica, geomettii , füosofia e desenho, sendo as respectivas dcspesas costeadas pela rdministracao do seminario e pela contribuicao chamada do .Subsidio Literarior. Nao conseguimos averiguar se esse plano chegaria a ser adoptado, mas se o foil nao logrou ter larga duracao. No entretanto temos noticia que no ano de 1822 funcionava um curso composto das cadeiras preparatoria de gramatica latina, Iatinidade, frances, retórica e filosofh, além de algumas aulas de teologia Em conformidade com as disposicoes do alvará rbgio de 10 dc Maio de 1805, determinou a lei de 28 de Abril dc 1845

que se estabelecesse um seminario em cada uma das dioceses do reino e ilhas rdjacentes, ordenando que nessrs casas de educaqao eclesi4stlca funcionasse cum curso de estudos teológicos e canónicos acompanhrdo de instrucao prátici do crtecismo, de explicacao do evangelho, da forma da administracao dos sacrrmentos, da prática dr)s ritos e cerimónias da igreja, do canto e de todos os mais conhecimentos e exercicios eipirituris e eclesiásticos necessários para formar 8 mocidrde eclesiasticr no espirito, virtude, scicncia e hábitos próprios do seu estudo., e contendo outras disposici3es acerca da orgrnisacao e rdminlstrt~aodos mesmos seminários. Sabemos que essas salutares determinrci3zs nao tiverrm umr proveitosa repercussao nestr diocese, a-pesar-de se encontrar á testa dela um distinto e zeloso prelado. Por essa época e nos anos imediatamente mais próximos, passou a Madeira por várhs e temerosas crises, que, r par de outros ponderosos motivos, teriam obstado á realizacao de rprecirveis reformas, que importam sempre um grande dispendio de capital, de energias e de crnseirrs, muitas vezes incompativeis com as circunscirs ocorrentes . No que respeitr ao curso teológico, sabe-se que por esse tempo nao existia no nosso serninário uma regular uniformidade nr leccionacao das diversas materias. Em 1847 funcionrvr apenas a cadeira de teologia moral e achava-se há muito suspensa r de teologia dogmatica, tendo o bispo D. Manuel Martins Manso restabelecida esta Última e creado a de escritura sagrada no ano de 1858. Sem revestir a farmr de cursos regulares, fizeram se durante algum tempo e com frequencla prelecci3es acerca de certos rssuntos teologicos e de carrcter moral e religioso, a cuja assistencir eram obrigados todos os dunos. A lei de 26 de agosto de 1859 determinou que com r possivel brevidadc se organisassem cursos teologicos trienais, de disciplinas eclesiasticas, que deviam ter pelo menor oito cadeiras. No nosso seminario, com a nomeacao dos cónegos que tinham onus de ensino, o prelado D. Patricio Xavier de Moura, por provisao de 12 de Setembro de 1861, estabeleceu um curso regular de disciplinas teologicrs, embora nao inteiramente conforme com as disposic6es daquelr lei, mas que já correspondia a um notavel melhoramento no estudo das sciencias eclesiasticas e que ficou assim constituido: 1.o ano-histó-

ria eclesiástica e dogma geral; 2 .O ano-direito eclesiilstico e dogma especial; e terceirs ano-moral e pástoral. Esse curso sofreu algumas modificacoes nos anos de 1869, 1870 e 1871 e teve urna organisacao mais regular e proveitosa no ano de 1874, que perdurou até há poucos anos, ficando o curso trienal constituido da seguinte forma: 1.O ano-moral, dogmatica geral e historia eclesiástica; 2 . O ano-moral, dogmatica especial e direito canónico; e 3.0 ano-moral, hermeneutica e pastoral. No que particularmente diz respeito a frequencia das aulas secuudarias, como prep~ratori$S para o curso das disciplinas eclesiasticas, nao ternos conhecirnento pormenorisado como seria ministrado esse ensino na epoca decorrida de 1759, ano da expulsao dos jesuitas, até 1837, ano da criacao do Liceu do Funchal. Desde este ano, o curso completo do liceu ficou sendo obrigatório para a motriculr no curso teologico até o ano de 1877, em que foi criado um curso privativo de aulas de ensino secundario, que ainda ao presente funciona. No periodo aproximado de noventa anos, isto 6, desde os fins do século XVII ou principios do seculo seguintc atC o ano de 1788, funcionou o seminário diocesano nas casas da rua do Mosteiro Novo, iparte os doze anos cm que esteve provisoriamente instalado em diversos lugares, devido ros grandes estragos que o terremoto de 1748 causara em todo aquele edificio, como já acima tivemos ocasiao de dizer. Surge agora para este instituto de educacao eclesiástica uma nova era de prosperidade com a sua transferencia para o extinto colégio da Companhia de Jesus, adjunto a igreja de Sao Joao Evangelista. O prelado D. Gnspar Afonso da Costa Brandao empregara aturados esforcos para obter a cessao desse colCgio, más sómente o seu sucessor D. José da Costa Torres viu coroadas de bom exito as diligencias que tambem fizera no mesmo sentido, sendo entgo promulgada a carta régia de 10 de agosto de 1787, em que o rei D. Jos6 cede ao bispo do Funchal o vasto edificio do colégio dos jesuitas com a sua bela igrejr anexa, cerca e outras_dependencias,P,para a instalacae de todos os servicos do seminário desta dioccse e bem assim o direito a posse de dczrseis p cape las., que tinham vagado para a coroa e que produziam o rendimento anual de 936.400 reis, A 26 de Setembro de 1787, decorridos poucos

dirs rpós r sur chegrdr r esta cidade, tomou o novo prelado D. JosC Torres r posse legal dos edificios e das #capelas* extintas, que hrvirm sido doadas a este bispado, mintendo-se os encargos pios que lhes estavam anexos. Esses edifícios tinham sido confiados A guarda do bispo diocesano, mas ficrram durante vinte e oito anos expostos ao mrior abandono, nao se havendo dado qualquer aplicaciio Útil 80 colégio e conservando-se a igreja encerrada parr todo o servico do culto. O prelado D. José da Costa Torres procedeu 111 as indispensrveis reparacaes e a uma conveniente adaptrc%o,e realizou-se a mudincr do seminário, da rua do M~steiro Novo parr o colégio e igreji de Sao Joiio Evangelista, no ano de 1788, fazendo-se a abertura solene, que revestiu singular rprrrto, no dir 31 de Marco do mesmo ano, em que o distinto poeta e prcfessor Francisco Manuel de Oliveiri proferiu um notavel discurso alusivo ao acto, que foi publicado num opuso pela culo de quarentr páginas com o titulo de ~ O r a ~ aque feliz inaugurrcao do Seminario do Funchal compoz e recitou e rev."' sr. D. J ~ s da é Costa Torres, nr presencr do exQmO biepo da mesma diocese. .. Muito deve o nosso seminario á memória deste prelrdo, sendo um dos que mais largamente contribuirrm para elevar o nivel moral e intelectual deste instituto, dando-lhe novos regulamentos c escolhendo para ele o mais esmerado pessoal director, e trmbém muito concorreu para melhorar as condicaes mrteriais da sua existencia com uma mais zelosa e profícua rdministrrcao. Certamente, por esses motivos, se le algures que r ele se deve a fundacao do seminário diocesano, o que é destituido de todo o fundamento. Ainda presentemente se conserva numa das salas deste estabelecimento de ensino, uma grande téla, representando o retrato de D. Joséda Costa Torres. Nao deveria ser muito duridoura a permanencia do seminario nrs surs novas e rmplrs instalacaes, pois que a ocupa@o violenta da Madeira por tropas inglesas no ano de 1801, levou o governrdor D. José Manuel da Camara r imp6r arbitrariamente ao bispo diocesano D. Luis Rodrigues de Vilares a entrega imediata de todas as dependencias do Colégio, para nele ser rquartelado um contingente dessas tropas, o que sem d e m ~ r veiu r r suceder, a-pesar-dos energicos protestos drquele prelrdo. Essas forcas militares demorarrm-se apenas alguns meses ncsta ilht, e rpós r sua saidr logo o mesmo prelado

reivindicou r posse legitima do antigo ColCgio, mas 8 restitui@o nao se deu, sem embargo das suas instantes reclamaci3es junto do governador da Madeirr e ainda perante as esttc6es superiores da metrópole . Nao eram amistosas as relacoes pessoais e rinda de carrcter pessoal entre o governador e o prelado, que tomaram o aspecto dum grave conflito com a recusa havida nr rcstitui~lo do Colégio e igreja de Sao Jcio Evangelista, e em que o primeiro, usando d i forca de que dispunhr e baseando-se o segundo no legitimo direito que Ihe assistia, nao cederam um passo na solucao da irritante questao que entre eles se levantara. O governador? D. JosC Manuel da Camarr impas violentamente isridr do bispa D. Luis Rodrigues de Vilares para fóra da cidade do Funchal, recolhendo-se este, sem o menor acto de resistencia, á modesta residencia do capelao da ermido do Santo da Serra, onde permaneceu alguns meses. O frcto causou grande escandalo na Madeirr e teve retumbincia no continente, vindo sindicar desse tcontecimento o desembrrgrdor Jorquim António de Araujo, de que resultou a chamada a Lisboa do prelado e do governador, afim de serem ouvidos e de se justificarem das arguicoes que lhes eram feitas. O governador foi imediatamente demitido e o prelado regressou ao exercicio das suas funcoes de bispo do Funchal. Qutndo em 1801 as tropas inglesas se rquartelaram nas casas do Colégio, instalou-se provisóriamente o seminilria nas dependencias que ainda restavam do velho paco episcopal e ali permaneceu algum tempo nas lamentaveis circunstancias do estreiteza do lugar e de carencia de todo o conforto, sendo para estranhar que desde logo nao tivesse sido transferido prri o edificio da roa do Mosteiro Novo, o que só prssrdos alguns anos veiu a realisar-se. Voltou novamente o seminario diocesano para r sur antiga casa. Lá estivera cerca de noventa anos no sCculo XVIII e iría outri vez rli permanecer um aproximado periodo de tempo no seculo XIX, tendo sido transferido para o novo edificio dr IncarnacBo no ano de 1909.

Seminario Diocesano (Confinuacao) A mais completa e radical transformicao por que o Seminario do Punchal tem passrdo nos seus tres séculos de existencia teve início, no ano de 1877, com a vinda para esta diocese do eminente prelado D. Manuel Agostinho Barreto, que mesmo ano assumira pessoalmente a dircccao do seu nao sómente foi a bispado. E essa profunda transforma~~o, mais notável com relrcao As que anteriormente se tinham operado, como tambem constituiu duma maneira absoluta a remodelacro mais perfeits que seria possivel realisar-se num meio social e religioso das restritas proporqoes do arquipélago da Madeira. A sua accao abrrcou a vida inteira do seminário nas suas variadas modalidades e aspectos, indo desde a organizacae dos seus estudos, r severa disciplina do seu internato e a melhoria temporal de todos os servicos até a criacao dum ambiente de sa e profícua religiosidade, que ali muito Iamentavelmente se frzia sentir. Nas Últimas dezcnas de anos que precederam esta reforma, o Seminário do Funchal estava muito longe de satisfozer o fim da sua instituicao, a-pesar-do curso tricnal de teologia que néle funcionava, da regular aplicacao literária dos colegiais na frequéncia das aulas secundarias do liceu, da manutencao dum internato e ninda duma sensata adrninistracao económica. FaItavam-lhe, porkm, os requisitos.indispensaveis que devem ctracterisar as casas de verdadeira educicao reliniosa. existindo apenas urna moderada disciplina de casern{ como alguem

classificou o seu regime interno no período a que nos estamos referindo. A formacao religiosa dos alunos, a prática dos actos de piedade e os exercicios do culto estavrm a par da indisciplina, da falta de vigiliincia exercida zobre os internados, da liberdade de que estes gosavam nas suas relacdes com o resto da sociedade, sem mesmo nos referirmos ao pouco escrúpulo havido na escolha do pessoal director, que geralmente se limitava a um reitor e a um prefeito, quasi sempre ocupados com varios encargos extranhos as funcdes desempenhadas no seminário. Nao 6 para estranhar que o ardente zelo apostólico do bispo D. Manuel Agostinho Barreto r o seu alto espirito reformador se chocassem violentamente com o panorama desolador que Ihe oferecia a situacao do seminario diocesano. Chegado á Madeira nos fins do mes de Fevereiro de 1877, logo concebeu o arrojado projecto de fazer funcionar no mes de Outubro imediato um curso completo de preparatorios para uso privativo dos ~eminaristas,e de proceder tambem 4 mais radical reforma no regime interno daquele instituto conforme as circunstancias ocorrentes o permitissem. Os recursos rnateriais nao abundavam, o edificio era de acanhadas dimensoes, o pessoal docente escasseava e outras graves contrariedades se erguiam ameasadoras, mas o prelado nao hesítou um momento e Iancou-se ardorosamente na raalisacao do seu grandioso plano. t Foi no velho e apertado edifício da rua do Mosteiro Novo, que essa reforma de infciou, após uma ligeira adaptacao da casa as novas condicdes entao criadas, olhando-se principalmente & remodelacao dos servlcos religiosos e disciplinares e á instalacio dum curso completo de ensino secundario,que serviu de preparacao para a matricula no curso trienal de teologia. Viria posteriormente, como aliás se nao fez esperar muito, o comeco da melhoria material do instituto, que teve seu fecho e remate com a ínstalacao no grandioso edificio levantado na cerca do extinto convento da Incarnacao. A reforma moral e religiosa e o espirito de ordem e de disciplina, que absolutamente se impunham, dependirm sobretudo do funcionamento das aulas ministradas no proprio edificio do seminirio, subtraindo os alunos ás frequentes e prcjudíciais saidas diarias do seu internato e abrigando-os a uma mais severa e aturado aplicicao ao estudo. Considerado este como irm dos motlvos doiidomentais da projectada reform8,

por ole comccou o ilustre prelado D. Manuel Barreto a realisaca0 da sua grandiosa obra, embora a muitos se afigurasse temerario e inexequivel tal empreendimento na diocese menos populosa e de mais Iimitrda superficie de todo o país. Nao faltarrm as críticas aceradas e as campanhas diftmatórias, levantaram-se dificuldades quasi insuperaveis e até a1guns membros do clero moveram uma velada e acintosa guerra As boas intenctics do prelado, que soube triunfantemente vencer e levar a cabo, dentro de poucos meses, o prcjecto que a sur lúcida inteligencia e a sur acendrada piedade tinhrm concebido. A-pesar das dificuldades que surgiram, realisou-se sob os melhores auspicios a abertura do curso de ensino secundário no edificio do seminario na primeira quinzena do més de Outubro de 1877, que revestiu particular solenidade, sendo precedida dum tríduo de exercícios espirituais, como indispensávrl preparrcao para ri grande obra que ir iniciar-se. Esse novo quadro de estudos foi organisrdo de modo a corresponder aproximadamente 4s mesmas disciplinas, que os antigos seminaristas frequentavam nas rulas do liceu desta cidadc. No rcgimen concordatrrio cm que entao se vivir e na ibusiva dependencia da igreja ao poder civil, o estabelecimento desse curso deveria ser precedido dc auctorisacio governamental, que Ihe desse fóros de legalidade, mas sbmente pela portaria de 4 de julho de 1881, referendada pelo ministxo Antcnio José de Barros e Sá é que teve sua sanca0 legal, havendo o prelado solicitado do governo central em 27 de Dezembro de 1877, 15 de Abril, 23 de Setembro e 12 de Novembro de 1878 a urgente necessidade da criacio de semelhante curso e pondo em relevo os frutos que ele já estava produzindo no ensino e na disciplina interna do seminario. No entretanto iam prosseguindo os trr balhos escolores, e ao abrigo do disposto na portrria de 15 de Maio de 1878, realisaram-se os exames no fim do ano lectivo de 1877-1878 e bem assim nos anos imediatos, o que tudo foi sancionado pela j4 citada portaria de 4 de Julho de 1851 e rinda pela portaria de 27 de Outubro do mesmo ano. Este Último diploma governativo fixou o quodro desses estudos pela seguinte mrneirr:-lingua pcrtuguesa 1.a e 2 a ~ a r t c s(dois anos); literatura1 nacional 1.a e 2.a partes (um ano);

lingua francesa 1.a e 2.a partes (dois anos); elementos de aritimCtica l.a, 2 a e 3.a partes (um ano); lingua latina 13, 2 a e 3.' partes (tres anos); geografia e cosmografia, história universal e pátria 1.. e 2: partes (um ano); filosofia racional, moral e principios de direito natural (um mo).A esse quadro de estudos foram acrescentados, no ano de 1882, mais um ano á cadeira de filosofia e criadas as duas novas cadeiras de fisícr e qulmica e de história natural com a durac8o de dois anos, lecionadas alternadamente em cada ano. Como elementos subsidi4rios deste curso de preparatórios, estabeleceram-se rinda nos anos de 1898 e 1899 as ctdeiras de oratoria sacra e de sociol~gia, que posteriormente sofreram algumas alteracoes no seu funcionamento, O gabinete de fisica criado em 1882 e o de história natural no ano de 1884 adquiriram desde logo uma relativa importancia e até aican~aramum certo renome fóra da Madeira, e deles abaixo nos ocuparemos com mais alguma larguesa. Com a mudanca do seminário para o novo edificio da Incarnac80 organizou-se um ~ O V Oquadro de estudos, em ordem a coloca-lo a par dos cursos professados nos liceus e qua ficaria constituido do seguinte moda: 1." ano-portugu&s, frances e latim; 2O . ano-portugues, frances e Latirn; 3 . O ano-latim, grego, geografia e matemática; 4 ano-latim, grego, ingles e matematici; 5." ano-matematici, ciencias naturais e ingles; 6.' ano-história, ciencias natur~is e filosofia; 7.O ano-filosofia, ciencias naturais e literatura. Este projecto nao foi adoptado em toda a su9 extensao, sofrendo algumas modificac6es conforme o aconselheram as condicoes de momento. Posteriormente, como abaixo se verá, outras alterasoes se introduziram no quadro dos estudos dc preprratórios e tambem no curso de ciencias teológicas . Se f6ra absolutsmente necessária a reforma iniciada com a criacao dum curso de estudos secunddrios, nao se tornara menos indispensavel uma eficaz e imediata remodelacao de todos os servicos respeitantes á disciplina interna do seminário, em que a rigorosa observilncia dos respectivos regulamentos, o exercicio da virtude, a prática duma acendrada piedade e a frequtncia dos actos religiosos tendessem proficuamente 3L mais completa formacao dos que ali se encontravam como aspirantes vida austera do saccrdocio.

Nisso consistiu o maior empenho do ilustre prelado, embora fosse dificil descobrir no nosso meio o pessoal mais adequado para o desempenho desse árduo e melindroso encargo. O presbitero lamecense Luis Pereira da Silva Neves, que viera em companhia de D. Manuel Barreto como seu secretário particular, foi o escolhido para dar comeco ro novo período de severa disciplina e de sáí religiosidade em que ia entrar a comunidade do semin4ri0, fazendo-se desde logo sentir a agao frutuosa desse piedoso sacerdote em todas as manifestac6es da vida espiritual, intelectual e económica desse instituto eclesiástico. Como vice-reitor, director espiritual e administrador soube desempenhar com grande acerto e o mais acrisolado zelo essea espinhosos cargos, prestando a esta diocese um relevante servico, que merece ficar assiaalado neste lugar. Para a reforma que empreenderr, encontrou desde logo D. Manuel Agostinho Barreto os melhores auxiliares nos capelaes do Hospicio da Princesa D. Maria AmClia, membros da Congregacao da Missao, que em conferencias semanais, na orientaclo dos exercicios religiosos e como confessores e conselheiros conseguiram imprimir á vidaido seminário uma feicao 'de acentuada piedade, de rigorosa disciplina e de amor ao estudo, que bastante contrastava com o regime que dli se observava anteriormente. O padre Ernesto Schmitz, que desde 1878 desempenhava as funcoes de cape120 do Hospicio, foi no ano imediato nomeado director espiritual do seminário, lugar que exerceu cumulativamente com aquele cargo, havendo no ano de 1881 fixado residencia nas casas da rua do Mosteiro Novo e entregando-se inteiramente ao cumprimento da espinhosa missao que Ihe f6ra confiada. Nao C facil referir em poucas palavras o que foi a accao benCfica desse ilustre sacerdote, primeiramente como director espiritual e depois como vice-reitor daquelc estabelecimento de educacao eclesiástica. O testemunho dos que foram seus educandos e a fama que rinda hoje se conserva entre n6s dao urna ideia aproximada dos relevantissimos servi$os que prestou e da maneira como soube elevar a um tao alto grau o nível moral e intelectual dessa casa, que conseguiu rivalizar com outras suas similares. E' urna verdada incontestavcl que o bispo D. Manuel Baneto teve no padre Ernesto Schmitz o maior e melhor auxilio que poderir encontrar para a execucao da reforma que pre-

tendir levar a eleito. Foi o homem providencial que Deus cm boa hora Ihe deparara e que de alma e coracao se identificou com ele no realiucao dessa notabilissima obra. Essa benemdrito sacerdote p6s entao cm accao todos os recursos da sur acrisolada piedade, da sua privilegiada inteligencia, da sua vasta cultura e da sua incansavel áctividade, que logo brilhantcmente se manifestrram como um sabio director espiritual, como um abalisado professor, como um diociplinrdor inflexivel e ainda como um notavel reformador. A todos os servicos chcgou a sua zelosa a bem orientada dircccao, devendo aspecializar-se o intenso movimeuto religioso que se operou enfre os educandos, cujos abenqordos frutos se puderam em breve verifica nos dignos e virtuosos sacerdotes saidos do nosso seminário diocesano. Merece uma particularizada referencia a criacao dos gabinetes de ciencias naturais e de modo especial o de zoologia, a que dedicou o miior interesse a um aturado estudo, tornando-o conhecido ainda f6rr da Madeira, e sendo muito apreciadas e elogiadas as suas colecc6es por intimeros visitantes cultores daquelas ciencias, e deste modo concorreu bastante para umr propaganda a favor deste arquipélago feita através da sua riquissima fauna terrestre e maritima. Nao haverl exagero ern afirmar que o padre Ernesto Schmitz, A parte a acHo desenvolvida pelo eminente prelado D. Agostinho Barreto, foi o homem a quem o seminirio ficou devendo os mais relevantes e assinalidos servicos. Em outro lugar dcste despretencioso cstudo, apresentaremos alguns dos tracos mais salientes da sur biografia. O Padre Ernesto Schmitz, em obediencia As ordens dos seus superiores, abandonou o servico do seminario diocesano no ano de 1899, ofim dr assumir na Belgica a direqao dum grande colégio de instrucgo secundaria, sendo substituido pelo padre Xavier Prerot, tambem dr Congregacao da Missao, que foi um digno continuador da obra daquele benemérito sacerdate. Em 1902 voltou o padre Schmitz a desempcnhar no seminiirio as func6es que j l ali exercera, deixando definitivamente este lugar no an3 de 1908 para ocupar um importanta cargo, na cidade de Jerusalem, onda veiu a frlecer a 3 de Dezembro da. 1922, tendo 77 anos de idade.

Seminario Diocesano

Criados os estudos secundários e raalizada a granda reforma moral e religiosa do seminário diocesano, multo importava atender ás suas condicoes materiais, principalmente no que dizia respeito ás particularidadas higiénicas do edificio e á indispensavel comodidade dos seus diversos servisos. Para esse fim, fez D. Manuel Birrato aquisicao duma casa fronteira e de outra contígua ao edífício do seminario, conseguindo-se assim urna melhoria apreciavel, que no entretanto cstava longe do que serio inteiramente para desejar, porque a má situacao dos velhos prédios da rua do Mosteiro Novo e outras circunstancias locais nao parmitiam uma instaIa~aonas condisoes requeridas para o convaniente alojamanto dos alunos a o regular funcionamento de todos os cursos que al¡ se professavam. Os desejos do ilustra prelado, tantas vezes manifestados, de completar a obra do seminário com a construcio duma casi apropriada áquele fim, iamssa tornando de todo irredizaveis, em virtude das circunstancias apertadis do nosso meio, qurndo inesperadamente se viu possuidor duma pequena fortuna, legada por urna generosa bemfeitora, que o colocou nas possibilidades de dar axecucao, ao menos parcialmanta, ao grandioso plano que esses ardantes desejos tinham concebid ~ A. benemérita legatária foi D. Maria Leopoldina de Oli= veira, falecidr no ano de 1902, que era filha do ilustra madat

rense conselheiro Joao Francisco de Oliveirr, distinto diplomrtr e um dos médicos mris rbrlisados do seu tempo. O velho convento de Nossa Senhori da Incrrnrcao oferecir condic6es vrntajosrs prrr r construcao do grande edifício com que D. Manuel Birreto pretendia dotar a sur diocese e destinado a umr conveniente e ipropriadr instrlacao do respectivo seminário. Srbir-se que r crsr conventual se encontrrva no mris adiantrdo estado de ruina, mis a sur invejavel situaclo,r rmplr cerca que a rodeavi e r belr 'crpelr que lhe ficavr anexa errm motivos muito ponderosos a aconeelhar r sur aquisicao, nao existindo outro local que melhor se rdrptasse ro fim que o zeloso prelado tinha em vista. O mosteiro ficarr extinto no ano de 1890 com r morte da ultima religiosa, como atrás deixámos dito, continuando r ter nele residencia rlgumas das antigas recolhidas, mis foi ccdido provisorirmente no ano de 1895 para r fundtcao duma Oficina de Slo José, que tcve umr breve e arrastrdr existencia. Depois de empregrdas rlgumss diligencias, fez o governo central, por decreto de 11 de juiho de 1905, cedencia ro Bispo do Funchal de todas 8s dependencias do antigo convento, exclusivamente, destinadas á edificacao do Seminario Diocesrno. E' certo que os limitados recursos de que o prelado poderir dispor nao chegirirm prrr a completa realizacao do empreendimento que concebera, mas r fé inrbalrvel nos ruxilios da Providencia e ri firmeza tenaz do sua vontadc de ferro, supririam 8s dificuldrdes, que certrmente se erguerirm com aspecto rmeacrdor. Entre r p~blicrciiodo decreto de 11 de Julho de 1905 e o comeco dos trrbrlhos da construcao, mediou apenas o tempo indispensAve1 para o estudo da melhor adaptacito do recinto 80 fim 8 que se destinrvr e ao levantamento da planta e elrboracao do projecto do edifício que se pretendia construir. No mes de agosto de 1906 iniciou-se a demolicao do veIho a desmantelado convento, com excepcao do coro e da crpelr, que por meio dum passadico ficarir interiormente ligada a umi das faces literais do novo edificio. A 25 de Outubro do mesmo ano, deu-se comeco rcs trabrlhos de construMo, e nos primeiros dirs do mes de Novembro seguinte teve D. Manuel Brrreto i grande srtisfaqao de lancar a benciio do ritual iprimeira pedrr do novo seminario diocesano.

Foram prosseguindo lentamente os diversos trabalhos da construcao do edificio, que teria a forma dum H e que mediria 50 metros na direccao norte-su1 e 69 de este a oeste, estando em principios do mes de Outubro de 1909 construida apenas metade de toda a edificacao projectada. Nesse mesmo mes se procedeu á transferencia do Seminario Diocesano das antigas casas da rua do Mosteiro Novo, onde permanecer8 dois longos sécolos, para o elegante e vasto edificio de Nossa Senhora da Incarnaclo, que a-pesir.de nao estar rinda concluido foi julgado de grande vantagem instrlarem-se nele sem demora todos os scrvicos dsquele estrbelcclmento de instrucao e educacao religiosa. Estava plenamente satisfeita a grande ambicao de D. Manuel Agostinho Barreto, que constituiu sempre a mais assediante preocupa~Bodo scu longo episcopado : dotar a sur diocese com um edificio apropriado 4 instalacao do Seminário. Essa legitima satisfacao dum dever tao ardorosamentc cumprido nao seria de larga duraqacr, pois que nao tinha decorrido ainda o periodo de dois anos, quando sofreu o mais rude choque de toda a sur já longa existencia : a extincao do seminário do Funchal, decretada pela chamada lei da separaclo, de 20 de Abril de 1911. Embora possuisse um animo forte e resoluto, sempre abroquelado para os grandes combates com uma ardente fé religiosa e com a paz mais tranquila duma consciencia imaculada, é certo, porém, que as lutas paasadas, os trabalhos aturrdos de seu zeloso apostolado e os setenta e seis anos duma provecti idade, abalaram profundamente o seu espirito e alquebraram rinda mais as forcas do seu já depauperado organismo. Passados dois amargurados meses, deu a alma ao Criador n i sur tXo querida e modesta residencia de Wossa Senhora da Penha de Franca: Foi uma tremenda provrcao, que tle soubera suportar com a mais conformada resignacao crista, oferecendo-a & Divina Providencia como holocausto propiciatorio cm resgate das proprias faltas e tambem pelas prosperidades dos queridos diocesanos, que ele deixara em triste e desamparada orfrndade. O seminario diocesano nao deveria ser extinto, em atencao 4s circunstancias especiais de distancia e de isolamento em que se encontravr este bispado com relacio 4s outras dioceses con.

tinentais, e por isso entendeu muito acertadamente a autoridade eclesiástica que era indispensavel manter o seu funcionamento, embora á custa dos miiores srcrifícios e embora tambem sem o caracter oficial e ostensivo dum estabelecimento dessa natureza. Comecando por ter a feicao dum colégio de ensino particular e passando depois a ser considerado como um seminario preparatorio e de transicao para a frequencir dos outros seminarios, cuja existencia a lei autorizava, Iá foi arrastando uma vida precárir e entrecortada de grandes dificuldades, em que r comodidade dos alunos, a disciplina, a orgrnizicao dos estudos e a administra~goeconómica deixavrm bastante a desejar, em virtude das apertadas condicoes do nosso meio, que de modo algum permitiam imprimir a este estrbelecimento de instrucao e educicao umr orientaclo mais perfeita e de harmonia com as'honrosas tradi~i3esdo extinto seminario do Bom cespacho. Sio muito para louvar as diligencias da autoridade eclesiastica e a dedicacao dos directores e professores desse pequeno organismo de formaclo eclesiastica, conseguindo man. ter ininterruptamente o rxercicio dos trabilhos escolares, a-pesir-das deficiencias havidas e que as circunstancias emergentes inteiramente justificrvam, como rcimr fica dito. Embora tivesse sido extinto o Seminario em Abril de 1911 e o edificio houvesse logo transitado para a posse do estado, sómente no mes de Agosto de 1912 é que deixou de funcionar na IncarntcPo e verdadeiramente se deu a extincao desse estabelecimento de ensino. Passou entao por uma vida bastrnte acidentada, percorrendo varias crsas e sofrendo as consequencias da rplicacZio duma lei iniqua. Dc novo se instilou nos velhos edificios da rua do Mos. teiro Novo e ali permaneceu até o mes de Julho de 1916. No ano lectivo de 1916 a 1917 funcionou numas dependencias do Paco Episcopal e no de 1917 a 1918 nas casas da Quinta do Tropiche, na freguesir de Santo Antonio, voltando a acomcdrr-se em 1919 no antigo edificio de Nossa Senhora do Bom Despacho. Nestr altura da despretenciosa narrativa que vimos fazendo, nao devemos esquecer os bons servicos que nr direc$lo do Seminario diocesano pres'ou o padre Braulio de Sousr Guimaraes, membro da Congregacao da Missiio, no rcgitado periodo de 1916 a 1919, nao sómente como professor e

vice-reitor mas ainda ccmo um seguro orientador do movimento religioso e disciplinar dessa casa de educocao eclesiasticr, sendo rinda muito lembrada a sua benkfica accao ali exer. cida no curto periodo de tres anos. Por motivos que desconhecemos e com surpresa de alunos, professores e pessoas mais cotadas do nosso meio católico, deixou inesperadamente o exercicio dos scus cargos com profundo sentimento da todos quantos se interessavtm pelas prosperidades daquela casa. Tinha decorrido o pericdo de tempo relativamente longo de 21 anos, desde que os vários servicos do Seminario Diocesano deixaram de funcionar no edifício da Incarna~aoe arrastavam urna vida nómada por diversas casas e lugares 4 merce dos baldoes da sorte, quando finalmcnte voltaram a ser instalados nas casas da rua de Santa Luzia, depois de se haver sustentado urna pcrfiosa e encarnicada luto, que durou alguns anos, como abaixo mais largamente se verá. A Junta Geral deste distrito, em sur sessao de 12 de Fevereiro de 1913, resolveu criar uma escolr destinada a raparigas, erra que seriam ministrados conhecimentos elernentares de desenho, pictura, Iavores, cosinha, jardinagem, higiene, linguas, geogra fio, arimética, etc., fazendo instalar no edificio do suprimido seminário esse novo estabelecimento de instrucao, que nao tcve uma larga existencia e que veiu a ser extinto pela mesrna corparscao administrativa a 13 de Setembro de 1919. O edificio tinha sido cedido, para esse fim, á Junta Geral, pelo decreto de 24 de Maio de 1913, mediante o pagamento da renda anual de quinhentos escudos, havendo a mesma Junta comunicado á comissao central da execucao da Iei da separacao que tinha extinto a referida escola e devolvido o edificio 4 posse dessa comissao. Com o norne de Escola de Utilidades e Belas Artes, ali funcioncu durante cinco anos, cam um internato e varios professores estrongeiros, reconhecendo-se em breve a sur inutilide no nosso meio e nao tendo correspondido aos fins que se tivera em vista na sua criaciio. Pretendendo entao a Junta Gerrl instalar as suas reparticdes e ootros servicos públicos dela dependentes, em condicoes de maior largueza e comodidade, obtevc do governo central, pelo decreto de 12 de sgosto de 1919, a ctdencia da Incarnaqao mediante o pigtmento de 7.500$00, realizandosse essaino-

talacao por meados do mes de Setembro desse mcsmo ano. A autoridade eclesiastica desta diocese e as pessoas mais qualificadas d 1 nosso meio católico, sentindo profundamente a parda daquele edificio e a injustica que sa cometera com a extinflo do semindrio, nao deixaram de empregar sempre as maiores diligencias para a reaquisicao dcssa casa, e de modo particular quando uma lci veiu permitir a restauracao dos suprimidos seminarios, satisfazando-se desta forma uma das mais urgentes necessidades da igreja católica no nosso país. Desses aturrdos esforcos e dessas acertadas, diligencias e muito especialmente depois dum consciencioso estudo do assunto feito pelo Ministro da Justica e abilisado jurisconsulto dr. Manuel Rodrigues, foi considerada ilegal r cedencia do seminario diocesano a Junta Geral com o fundamento de que esse edificio, sendo pertenca do Ministerio das Financas nao podia o Ministério d i Justica iliena-lo e cede-lo aquel8 corporacIo administrativa, como se fizera, por meio do decreto de 12 de agosto de 1919. O decreto de 25 dc Abril de 1927, que 6 um documento da alto valor juridico, veiu solucionar a justa pretensao da rutoridade eclasiastica e dar deferimento a:, pedido, lrrgrmente fundamentado e coberto com milhares de assinatu~as,dr comissao diocesana do culto, cedendo o edificio da I.r~arnaqao para a instalacao dos diversos servicos do seminario do Funchal, e observando-se desta maneira um dos mais elementares preceitos de justicacom o mriúr aplauso de todas as clrsses sociais da Madeira, 4 parte uma pequena minoria, que por determinados interesses ou por um conhecido espirita sectario movera uma guerra acintosa a essa pretensao. Ncsse diploma, que sobremaneira honra os homens de estado que o referandaram, faz-sc urna larga explaniqao da doutrlna nele versada, justificíndo-a plenamsnta cDm a mais cerrada argumsntacao juridica, que nao deixa a mznw duvida Acerca d~ direito inliscutivel q u a aseistir aos paticionarios. Queremos destacar desse documento e deixar aqui consignada uma referencia feita ao fundador do edificio da Incarnacao: S . ..considerando que a todas astas razoes de ordem legal acresce a de ordem moral de ter sido cedida por 7.500#00 um edificio em que se haviam dispendido algumas dezenas de contos e que havia sido construido exclusivamente a expensas

de um prelado que nele consumira quasi toda a su8 fortuna particular. .. u A Junta Geral nao se conformando com as disposic6as do decreto de 25 de Abril de 1927, nao fez entrega, como Ihe cumpria, do edificio da Incarnacao, 4 comissao diocesana do culto, dirigindo no entretanto uma representacao ao governo central, em que tentava demonstrar a legalidade do decreto de 12 de Agosto de 1919 e o direito que Ihe rssistia de continuar na posse do referido edificio. O ministro da justica julgou improcedentes as alegac6es da Junta Geral, mas esta resolveu insistir com uma nova representaciio &S estac6es superiores, sustentando a doutrina que já anteriormente defendera, com o fim especial de protelar e demorar a definitiva solucao do assunto. Decorridos seis anos e após uma porfiada luta, vai finalmente a Comissao Diocesani do Culto entrar na posse do edificio da Incarnacao, á qual de direito pertencia desde a promulg~caode dccreto de 25 de Abril de 1927, fozendo-se desde logo a transferencia dos diversos servicos do seminario da velha e acrrihadi casa da rur do M~steiroNovo para 8s apropriadis instalacoes da ruar de Santa Luzia. Foi na segunda metade do mes de Outubro de 1933 que essa posse se realisou e, comecando entao pira aquele estabelecimento de educrcao eclesiasticr, nao somente um novo periodo de relativo bem estar para indispensavel comodidadc:de professores e alunos, como tambem pira o regular funcionamento de todos os servicos que ali deverirm ser instalados.

xxxix Os Padroeiros da Diocese E' profundamente cristao o antigo e louvavel costume de colocar os individuos e colectividades sob a égide ou proteccae especial dos que na terra tanto souberam glorificar a Divindade com as surs eminentes virtudes, e que gosando a posse da bemaventuran~aeterna podrm e descjam ser os mais. desvelados e os mais poderosos protectores e advogados das pessors e frmilias, dos lugares, paroquias e dioceses, das cidades, provincias a nac¿3rs, das capelas, igrejas e comunidades religiosas. Assim teria acontecido nesta ilha. Nos oitenta e tantos anos decorridos desde o Início da colonizaqao até á criacao do bispado do Funchal e aiqda nos primeiros anos ap6s essa criacao, nada se sabe com inteira certeza acerca da consagracao religio. sa do nosso arquipélrgo, tendo-se encontrado a vaga noticia de que logo no comeco do povaatnento f6ra a Madeira deáícida a *Santa Maria Nossr Senhora. e a vizinha ilha do Porto Santo á virgem e mártir ~SnthaCatarinaw. Essa notícia nao se teria talvez conservado largo tempo na tradicao local, porque a escslhn solenc e revestida de apirato de outros padroeiros frria esquecer os que foram primitivamente preferidas. Foi urna grande calamidade publica, que proximamente determinou a elcicao solene e com carrcter definitivo do padroeiro maior desta ilha, que inalteravelmete se tem mantido através do tempo. A epidemia da peste, que por muitas vexes

assolou o nosso país, trmbem'grassou com intensidade na Madeirr, especialmente na primeira metade do stculo XVI, sendo um dos flrgelos que nessa dpocr mais estragos crusaram no seio das populacoes . Diz-nos Gaspar Frutuoso (Saud. 194) que ano ano de 1521, qurndo El-Rey D. Manuel faleceu, hrvir no Funchrl grande mortandide de peste, de que Deus nos Iivre; e porque havir anos, qua ela andrva na cidrde o Crpitao Sirnao Goncd. ves e a Camara elegeram por sortes por Padroeiro "da mesma cidade ao Apostolo Santiago Menor, no cabo da qual lhe fizeram umr boa casa, onde foram em procissao.~ Este rcontecimento t mris pormenorisadamente narrado no auto do voto de 1523, onde se 18: u . . .ros onze dirs do mees de Junho de mil1 6 quinhentos 6 bymte e huu sendo esta Cidrde posta em muytr tempestade 8r trlbulrcom de peste 6 fome 8r outros muytos ttrbrlhos se acordou em Camarr pelos oficiraes della que emtam errm Pero jorm correr bererdor 8r Bicemte glz. 81 Pero alvarez juizss 8r brcharell joham de sousa prouedor 6 misteeres de tomrrem huu rol1 dos samtos a srbeer o nome de Jhu nosso sennor 81 da virgem nosr Sannora Sam Joham bautista e os doze apostollos cada huu per seu nome os Iancirom em huu birrete & tirada sorte por huu minino per noma Joham de edade de sete annos & pomdose todos primeyra mente em jiolhos 6 oracom prometendo de fazeer hur casa ar hoairrr drquelle srmto que sahise 6 per sorte srhio o bem auenturado apostollo srmtyrgo menor ra homrra do qurll loguo no dito dir se festejou polla cidrde 8i ros bymte ei huu dias de Julho Ihe comecrrom a sur crsa himdo a idad de e o dito crbido em procisom solene descalcados 6 o Meestre schola goncallo mrrtim com o ratabulo da imrgem do bem auenturado apostolo 6 deo a primqra enchrdada no cunhall da crpella d8 brmda do abamgelho a quaU casa se edificou em hui terra que antonio spindola deo para a ditr crsa.. No ano de 1523, a 24 de Janeiro, fez-se r renovrcao do voto, com toda a solenidrds, na S6 Catedral, comparecendo ali o crpitlo donatario Simao Goncrlves da Camara, o Senado com seus vererdores, diversas entidades oficiais, todo o crbido e muito povo, e tomaram todos o compromisso solene, em home dos habitantes desta concelho, de .para sampre em cada nuu anno dos do mundo uenerarem e fcstejrram a fasta do

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dito glorioso samto apostollo que he o primeyro dia de mayo ao qual faram procison mlene a quall sahiraa da see da dita ddade solenemente e kam aa dita casa do bem auemturado samto omde Ihe faram besperas solenes e asy outro tamto se farra o oytauo dia com misa solene e procisom as quaees procisoes se faram como a propria do sennor Corpus chrlstl e ros ditos cidadties mays aproube de mamdar pintar o dito samto n i camrra na brmdeyra e sello da cidade asy como se traz sam Bicemte na bandeyra da cidade de lixboa e os sobreditos uotarom esto nas maos do dito deam pera todo comprirem par si e per seus sucesores e em testamunho e feo da uerdade dello asynarom aqui . S Da obra Alma Instruida, do padre Manuel Fernandes, transcreve o anotador das Saudades os seguintes periodos: rE logo reconhecerfo a proteccao do Santo nesta ocasiio; porem, mais longamente a conhecerao no ano de 1538, quando enMo graswva uma peste terrivcl: na ocasiao da procissao, o Guarda Mor da Saude, que entao era homem de grande representacilo, no meio da Ermida do Santo diz em alta voz: ~Senhor,ate aqui guardai esta Cidade como pude; nao posso mais, aqui tendes a vara, sede v6s o Guarda da Saude.~E Iargou imediatamente a vara, e se deu por desobrigado de guardar a Cidade: e desde este momento, todos os feridos mclhoriram, e nfo se deu mais caso algum de peste. Do que vem o coslumc da Camara, logo que entra no igreja do Socorro, largar as varas nos degraus d~ altar-mor., A 22 de Junho de 1632, se lavrou solenemente perante o senado funchalense um novo auto, destinado a patentear e a confirmar o rgradecimento dos madeirenses ao seu padroeiro SIo Tiago Menor e onda se leem as seguintes palavras, depois de oma referencia peste de 1538: .Nunca mais nesta ilha houve o dito mal (peste), antes he vcrdade que vindo a esta ilha muitas vezes alguns naviss com homens feridos deste mal a quem se dava degredo nas prayas fóra desta cidade, em as quais algumas vezes morreram alguns do dito mal, nunca entrou nem se pegou o dito na gente da terra. E miraculosamente nos ha Deus N. S. defendido por muitas ocasiaes de ser acometidos de inimigos, como foi em tempo das alteracoes deste reino, vindo a esta ilha muitas ormadas de que tivemos particulares avisos de S. M. Catolica algumas delxs chegaram 4 vista do Porto Santo, e todas fo-

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ram miraculosamente desviadas com temporaes e outros sucessos nao esperados # Como referem os dccumentos supra transcritos, o pritivo voto realizou-se na S6 Catedral no dia 11 dc Junho de 1521 e nele tcmaram parte o donatario, o senado, o clero, as pessoas mais qualificadas dr cidrde e bastante povo, fa7edo-se a consagrrcao solene desta ilha i o apostolo Sao Tiago Menor e a promessa de edificar-se urna capela em sua honra. Quaren. ta dias dtcorridos, isto C, a 21 de Julho do ano referido de 1521, 0rganizc.u-se uma solene prccis$ao em direccao ao local em que essa capela deveria levantar-se e ali se procedeu ao Iancamento da primeira pcdra, como hoje se diria, tendo o mestrcescú.lr do cabido da S6 Catedral cdrdo a primeira enchadada no cunhal da capela do lado do evangelho~. O flagelo da peste atenuou-se bastante, mas nao sc extinguiu inteiramente, renovando-se entao com maior solenidade e aparato o voto a S. Tiago no dia 24 de Janeiro de 1523, em que se resolveu ultimar a edificacao da capela e fazer uma procissao no primeiro dia do mes de Mais cem cada um ano dos do mundo) em direccao a ela e ali se rezariotm avesperas,, repetindo-se a procissao no dia do oitavario com a celebracao de missa cantada na dita capela, o que tudo revestirir a pompa e o luzimento das festas de Corpus Chrlstl. Foi tambem nessa ocasiao resolvido que ase mandasse pintar o dito santo na Camara na bandeira e selo da cidade como se traz em S. Vicente na bandeira da cidade de Lisboa*. Dizem Gaspar Frutuoso, nos Soudodcs da Tcrra, e o padre Manuel Fernandee, na Alma Instruida, acima citados, que nao tendo cessado absolutamente o acontagio~ no ano de 1538 foram os guardas maiores e mencres, encarrcgados de velar pela saude publica, depor as suas vsiras no altar do santo padroeiro, exonernndo-se do seu cargo e entregando-lhe a guarda c a vigilancia da populacao e que a prrtlr desse momento desaparecern completamente o mal de toda a Ilhr. A capela dedicada a0 padroeiro S. Tiago Menor ficou concluida por merdos do ano de 1523, sendo edificada cm terreno oferecido pelo genoves Antonio Espinela, que nesta ilhr tivera terras de sesmariei e a quem o re1 D. Manuel conederi braza0 de armas por ser descendente dos antigos doges da republica de Genova. Nas anotacoes A Historia Insulano, de Antonio Cordeiro, informa-nos o dero Antonio Gon~alvesdc

Andrade que a doacao feita por Antonio Espinola destinada a construcao da capels, sacristir, adro e casa do capelao se real i z o ~por escritura publica a 30 de Abril de 1524, ccm a condifilo do doador ter ali sepultura c o capelao pedir nas missrs um Padre Nosso e uma Ave-Maria em sufragio da sua alma. A primitiva capela era de modesta fábrica e de %canhadas proporcoes, tendo sido ampliada e restaurada pela Camara em 1632 e sclenemente benzida pelo bispo D. Jerónimo Fernando a 25 de Julho do mesmo ano. Decorrido mais dum sCculo, encontrmdo-se a referida capela em adiantado estado de ruin?, resolveu o senxdo funchalense proceder 4 sua demolicao a crguer no mesmo local um templo de maiores dimensoes, tendo-se iniciado as obras de construcao cm 1754 e havcndo-se dado par concluidas no ano de 1768, No entretanto, ha noticia dc que em maio 1789 se fez a trasladrscao solene da im~gemde S. Tiago, da Sé Catedral para a sur nova igreja. E' esta a actual igrejr paroquial da freguesis de Santa Maria Maior, mais comumt;ate conhecida pela designacao papulrr de igr~jado Socorro. Todos sabcm que no dir 9 de Outubro de 1803 urna grande rluviao arrasou r igreja matriz dessa poroquia, que ficava siteada na mrrgem esquerdo da ribeira de Joifo Gomes entre iis embocsdurtis dis rurs de Santa Marir e de Latino Coelho, tendo a CBmara cedido a igrejr de Silo Tisgo para servir de ~Cdeda paroquia com a condicao de ali ser semprc conservada r imrgem do respectivo orrgo e padroeiro S. Tirgo Ment r Coma cotucmorncao deste facto, encontra-se na frontaria da igrejn urna Iápide, que ccntem a seguinte inscricac.: Hlc lapls lndicat llberalttatem senatus et populc. Hanc eccleslarn Fid~llsslmoPrlnclpl. Rtgentl ofjercntium In locum patochlae per lnurrdatlonem aquarum destruclae. Anno Domlnl MDCCC III. A Camara do Funchsl conservou scmpre a mslior veneracao pelo padroeiro S. Tiago Menor, nao s6mente na rigo. rosa observancia dos votas fcitor, pelas vere#c6es precedentes, mas ainda promovendo cultos especirais em sur hcnra, como se v e em muitas determinaqoes camrrwrits tomadas através do tempo, Entre estas avulta a da criafao dumr capelania na igrejr que fizera edificar, mantendo ali permanentemente um sacerdote com obrigicao da celebracao do santo saírificio da missa em tcdos os dias santificados c tambem ccjm moradia

fixa na residencia que para esse fim fdra construida nao imediacoes da mesma igreja. Foi o senado sempre muito cioso do direito que julgava ter na escolha e nomercao do seu capelao privativo, levantando-se algumas vezes, por esse motivo, graves conflitos com a autoridade eclesiasticr, como os que se deram com os bispos diocesrnos D. Luiz Figueiredo de Lemos e D. Jerónimo Fernando, a que j4 atr4s nos referimos. O senado levou recurso para o monarca ilcerca dos pleitos suscitados com estes prelados por causa dessas nomeacoes, obtendo o mais favorave1 deferimento nas altas regioes do poder. Desde o segundo quartel do seculo XVI, passou o dia primeiro de Maio a ser festejado com particular solenidade, nao soómente na cidade do Funchal mas rinda em toda a diome, sendo tambem considerado como um dia festivo no seio da maior parte das familias com demonstraci3es de': franco e sincero regorijo. As grandes solenidades religiosas, as espontlners festas populares, a original ornamentacao das ruas e especialmente a aparatosa procissao, cm que todos os que nela tomavam parte empunhavam uma pequenr cor6a de flores, davrm um extraordinario brilho a essas ardentes manifestacoes de ft, que perduraram durante séculos e chegaram ainda 4 idade contemporiinea, embota um tanto amortecidas no seu antigo fervor e entusiasmo. Nao conhecemos documento alguiri oficial emanado da rutoridade eclesidstica que houvesse sancionado aquele voto solene dos nossos maiores e aprovado as diversas manifestacaes de culto que a ele estrvim intimamente ligadas. E' para estrrnhrr que nas econstituicoes Diocesanas 8 deste bispado, promulgrdas por D. Jeronimo Birreto em 1579 e nas aExtravagantese decretadas pelo bispo D. Luiz Figueircdo de Lemos no ano de 1597, nilo se faca menqao desse voto, sendo provave1 que no arquivo da Sé Catedral, hoje n i Torre do Tombo, e ainda nos antigos regimentos do cabido da mesma S t se encontrassem quaisquer referencias áquele voto. Apenas sabemos que, por breve rpostolico de 17 de Dezembro de 1607, os actos liturgicos r realisar no primeiro de mrio, dia consagrado pela igrejr ao apostolo S. Tiago Menor, fossem considerados de primeira classe e revestissem particular solenidade.

O auto de 24 de Jtneiro de 1523, que acima fica parcial-

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mente trrnscrito, termina por estas prlivrrs: e outro sim Ihe rprouve de tomirem por seus protectores os bemrventuridos Sao Scbrstiio e SXo Roque e Ihe frzer r ditr solenidrde.. O primeiro, tido como defensor da nrcao portuguesa, e o segundo, considerado o mais poderoso rdvogrdo contra a peste, forrm constituidos segundos prdroeiros destr diocesc, nr 0~8siaomesmr em que se renovara r solene consrgracao feitr ao apostolo S Tiago Menor. Nos rntigos calendarios eclesiisticos deste bispado veem camignrdos os bemrventurrdos S. Sebastiao e S. Roque como patronos menores e rinda actualmente se faz referencia a essr circunstrncir com respeito r o segundo, no dir 16 de agosto como .patrono menor principrli. Por essc motivo, os dias 20 de jineiro e 16 de agosto errm considerados dirs santos dc preceito em toda r diocese. Lemos rlgures que cm certrs localidrdes se edificaram rlgumrs crpelis dedicadas 80 mrrtir S. Sebrstiao, celebrando-se em diversas igrejrs festividades em sur honra, sendo certo que nr ilha do Porto Santo e nas freguesirs de Santa Cruz, Pontr do Sol e S. Jorge se construirrm ermidas com essa invocrc8o. E no mesmo lugar se diz que nao tendo o bemrventurrdo S. Roque crpeli que lhe fosse consagrada, se colocou r sur imrgem nr Sé Catedral, no rltrr de S. Jorge, e se instituiu umr confrrrir prrr r sustentrcao do scu culto. Trmbem encontrámos r noticir de que no ano de 1537 f6rr S. Mrrtinho igualmente escolhido pira patrono menor destr diocese, desconhecendo-se r tal respeito qualquer outra circunstancia digna de ser mencionada. Foi r rluvlao de 9 de Outubro de 1803 umr das mriores calrmidrdes que teem assolrdo r Mideirr, causando i morte r rlguns centenares de pessoas e r mrior soma de estragos cm qursi todas as freguesirs da ilha e especirlmente nr cidrde do Funchrl e surs imedircoes. Este trigico sucesso, que sobremrneirr rlirmau e emocionou profundamente toda 8 pop~lrclo, determinou r reunir0 dum grande numero de fieis, nr SC Catedral, no di8 13 de Novembro de 1803, presidida pelo prc. Irdo diocesrno D. Luis Rodrigues Vllrres, e em que tomaram parte o Cabido e mris clerczii e muitas pessois qurlificrdas da cidrde, adoptando-se nesta ocrsiao, entie outrrs resoluc~es, a de colocar r cidade do Funchal sob a especial protec@o da

Srntissimr Virgem Nossa Senhori, como consta do auto que entao se Irivrou e do qurl trrnscrevemos os seguintes periodos: s. Resolveu-se, de unanime rcordo celebrar uma festividade muito solene em o dir 9 de Outubro de cada ano, em honrr do patrocinio da Virgem Snntissima, MiIe de Deus e dos pecadores, tomando-a por protectora e especial advogada perante Nosso S z n h x Jesus Cristo, seu unigCnito filho, para alcrncar dele cm primeíro lugar um perdao geral da todas as nossas culprs, e em segundo, r suspengao do castigo corn que justamente nos queria punir, para que esta cidade se nao torne a ver em outra crise tao lastimosa, rezando-se nesse mesmo dia corn rito de primeira classe do patrocinio da mesmr Santissima V~rgeme frzeiido~seurna procissao muito solene, corn assistencia do mesmo ex.mJsnr. Bispo, Cabido e mais clerezir secular e regular, assim como se costuma praticar na festa e solenidade do nosso amabilissimo c devotissimo psidrocira, o ipostolo S. Tiago Mwor, para o que se deverao impetrar do Pcincipr: Regente Nosso S m h ~ er B:eves da Santa SC Apostolica, saiinda a procissao desta igrcja catedral para a capela=mór da predita igreja de Nlissa Srnhora do Calhnu, arrejada por terra, caso que se conserve rindi para memória desta fatal calrmidnde, e nao existindo á igrejo nova que se construir, aonde se ir& cantar vcsperas colenes corn assistencir do cabido e clero, e se celebrará missa no dito dia 9 corn sermao, no qual se fará memoria dcsta esparitosa noite, para qui fique sempre na lembranca dos povos e geracos futuras da sorte corn que fomos punidos, e o poderoso valimento da Virgem Sintissims, a quiil nos acolhamos para n a sofrermos ~ segundo castigo e sermos preservados de iguais catlamidodes.. Dois dias antes da reuniao desra assemblcia de fieis na S6 Catedral, cinvocrra- e o senado funchalense corn o p ~ v oe varias entid~desoficiais, afim de tomar conhacimento do oficio que o prelado diocesano Ihe dirigirr, pcdindo que a camrara, como legitima representante da populrcao, se associasse ros votos solenes que iam ser feitos na Sé Catedral corn a assistencis dos fieis e do clero. Deliberou a crmara, por unanimidade de v?tor, que a nabreza e o povo se conformassem corn os desejos d 3 prelado, ficando, porém, suspensa esta resolucl[o atC que o Principe R?g:iite se pronu iciasse ácercr dsste as sunto.

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Ficou deste modo a cidadc do Funchal e seus arredores colocados sob a especial proteccao da Santissima Virgem, instituindo-se entao a festa do Patrocinio de Nossa Senhora do Monte a celebrar no dia 9 de Outubro de cada ano, com vigilia própria de jejum e abstinencia e com rito de primeira classe na celebracao dos oficias divinos. O dia 9 de Outubro foi dia santificado de preceito na cidadc e imediacoes e dia santo dispensado no resto da diocese. O actual calendário dlocesano designa esse dia como sendo o do apatrono menor principal da diocese e principal da cidade do Funchals. Os prelados diocesanos curtumam celebrar solenemente de pontifical nesse dia na igreja paroquial de Nosso Scnhora do Monte.

Além das qurrentr e nove igrejas paroquiris, quasi todas de acrnhadrs proporcoes, apenas nestr diocese podem ajustadamente merecer a designrcaa comum de igrejas o majestoso templo da Sé Catedral, a magnifica Igreja de Sao Joao Evrngelista, vulgarmente chamada do Colegio, e a belr e antiga igreja do extinto convento de Sao Francisco. Se nao existirm em número rvultado rs igrejiss propriimente ditas, o que nao devc causar estranheza na diocese portuguesa de mais limitada área e de mais reduzida populacao, superabundrvam, porém, as capelrs e ermidas e os orrtórios prrticulires. Todas ou qursi todas as igrejas paroquiris tiverrm a sur primitiva origem em pequenas e modestas capelrs, que rtravés do tempo iam sendo rmplirdrs e acomodrdas As exigentes circunstancias do meio, quando a populacao se foi adensando e estendendo a sur rcqao coloniz~dorapelas lombrdrs e vertentes das montanhas, tcndo sido muitrs dalas inteiramente substituidas por templos de maiores dimensoes e mris em harmonir com o progresso e o desenvolvimento dos respectivos povoados, E', no entanto, certo que as nossas igrejis piroquiris, no que respeitr á sua regular crpacidade, nao srtisfazem inteiramente o seu fim, oferecendo umr dificil acomodacao ros fitis nas grandes solenidrdes religiosas, deficiencia esta que esta sendo vantajosamente suprida com i celebrrcao de duas ou tres missrs nos domingos e dias santificados. Essrs igrcjas sao em gerrl da mris simples e modesta

arquitectura e nao primrm pelas surs decoracoes interiores, nao se encontrando nelrs obras de arte que detenhrm as rtencaes dos visitantes cultos. E', porem, certo que em algumrs delrs, segundo o rutorisado testemunho de pcssoas versadas nrs artes plásticas, se descobrem umas dezenrs de télas de alto valor rrtistico, que estao r pedir um demorado estudo e r mais cuidadosa conservrcao com o elevado rpreco que merecem. SGbre esta rssunto importa Ier umi série de interesssntes rrtigos publicados no Arquivo Historico da Madeira e devidos á pena de Manuel de Almeidr Zagalo, conservador do *Museu de Pintura das Jrnelrs Verdes,, que tambem publicou um opúsculo versando proficientemente r mesma mrtéria. As verbrs despendidas com a edificacao das igrejas errm gerrlmenta custeadas pelo Estado, sendo 8 antigr .Provedaria da Real Fazcndrw, extinta em 1775, e dcpois a #Junta da Real Frzendaw, suprimida em 1834, as reprrticoes que superintendirm nesse servico, como se ve no ((Indica de Registo~da primeirr dossr reprrticao, que contém o resumo de centenares de diplomas emanados do poder central respeitantes 4 construcao ou reedificrcao dum grande numero de igrejas destr diocese. E' certo que as confrrrias e assocircoes rcligiosrs estabelecidas nrs diversas prroquirs trmbem concorrerrm com importantes donativos para r reparacao e conservacao das igrejas e especirlmente prrr r rquisicao de objectos destinados ro cuito, entre os quiis se contim rinda alguns de alto valor e do mais rprimorrdo bom gosto. As lutrs civis, que desde os princípios do segundo quarte1 do século XIX se desencrderrrm no nosso poís e umr tenaz propaganda das ideirs mris subversivas, concorrerrm p a n o enfraquccimento do sentimento religioso com a perseguicao ro clero, o exodo das ordcns monástiscis, r saida forcrda dos prelados das suas dioceses a dos parocos das suas igrejas, etc., ficrndo consequentcmente r mrior parte dos templos expostos r um lamentavel abandono e muitos deles a ruinas irraprrrveis. O mesmo sucedeu nesta diocese. Por merdos do século pasado, em virtude das diligencias empregadas pelo prelado diocosano D. Manuel Martins Manso e de modo particular pelos altos esforcos do ilustre governador civil José Silvestre Ribeiro, procederam-se r grandes repiracoas em quási todas as igrejas da Madeira, salvando-se algumas de sui inteirr ruina, entre os qurio se contr o balo tam.

ple de SHo Joao Evangelista, cuja conservrcao especialmente se deve a rccao daquele benemerito governador. Nos últimos decénios, teem-se realizado na maior parte das igrejas importantes reparos nas decorac6es interiores e outros rpreciaveis melhoramcntos, e inteiramente se construirrm as igrejrs poroquiais das freguesias de Sao Martinho, Jardim do Mar e Slo Roque do Faial, o que tudo muito abona o zelo e dedicacao dos respectivos piírocos, se atendermos escassez dos recursos que o meio lhes proporcionava. Como aclmr deixiímos dito, nao era grande o numero de templos dignos deste nome existentes nesta diocese, mas superabundavrm as pequenas capelrs e ermidas, sobretudo as edificadas nos séculos XVII e XVIII, o que nao estava em harmonia com 8s necessidades locais e atC ia além das posses a conveniencias dos seus fundadores. Se primavam pelo seu numero, nao sobrcsaiam pela sua elegante arquitectura, pelas ornamentac6es interiores ou objectos artisticos que nelas se dtstinguissem. Tornavam-se motivo da respeitosa venerac%o pelo fim a que de destinavam e particularmente qurndo serviam de necrópole ás familias dos seus fundadores, encontrando-se em muitas delas pedras tumulares com seus epitafios brazonados. Emprestavam muitas vezes ao pitoresco do local umr rtracc%o encantadora, debrucando-se suavemente pelas encostas verdejantes e divisrndo-se ao longe por entre as francas dos copados arvoredos. Sabe-se que o privilegio da vinculacao da propriedade se excrceu largamente neste arquipClago como talvez em nenhumr outra regiao do nosso país, afirmando-se em varios documcntos oficiais que mais de dois tercos das terras madeirenses estavrm rdstritas ros vínculos e morgadios, que eram em número consideraval, sendo muitos deles de minima importancia e levando os seus administradores urna vida rrrrstada de privrc6es e misérias. O morgado que ngo possuisse uma ermida e ub pequeno solar nao honrava condignrmente as suas prosapias rvoengas e até era objccto de motejo e da falta da devida cotasiderac%o,por parte da sociedade cm que vivisi. Levantaram-se muitrs capelas para satisfaca0 duma estultr vaidade, que nao raro errm abandonadas e entravam em proxima ruina, por falta dos cuidaddos indispensaveis 4 sur conservacro, a-pesar-de serem dotadas coca os rendimentos de

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IOREJAS E CAPELAS

propriedades rústicas ou urbanas, como as leis civis e canónicas estabeleciam. Por herancas e sucessivas contraccoes matrimoniais, era frequente reunirem-se diversas capelas sob a administracao dum s6 morgadio, chegando a opulenta casa dos condes de Carvalhal a possuir ou a administrar mais dumr dezena de capelas. A quasi totalidade das capelas e ermidas era de instituicao vincular e a eIas estavam sempre anexos diversos encargos pios, que geralmente consistiam na celebraclo de missas a outros sufragios pelas almas dos instituidores e por vezes tambem na satisfaca0 de certas obras de piedade e beneficencia. A esses encargos pios dava-se o nome de scapelas~,tomada esta pxlavra num sentido muito restrito, existindo nos arquivos das igrejms paroquiais o chamado Livro das Capelas, em que era registada a instituicao desses ericargos e funcionando tambem o tribunal civil chamado ~Juizodos Residuos e Capelas., que fiscalisava a maneira como se cumpriim esses encargos e castigava os respectivos trinsgressores AICm das inúmeras capelas espalhadas por toda a ilha, havia muitos oratórios privados nas casas principais, cm que se celebrava o santo sacrificio da tnissa, sabendo-se que s6mente na freguesia de Sao Pedro era superior a vinte o número desses oratorios, alguns dos quiis ainda hoje se encontram em bom estado de conservaciio. Sobre este rssunto le-se com provcito o artigo intitulado Capelas e Morgados da Madeira e inserto a pag. 65 e SS. do vol. IV do Arquivo Hisforico da Madeira. Daremas em seguida uma rela~aodas igrejas e capelas desta diocese que, a-pesar-de extensa, nao temos por completa, acompanúando-a de algumas notas históricas, a que procurámos nao imprimir urna demasiad2 latitude, ern harmonia com a feicao abreviada que caracterisa este despretencioso estudo. Adoptando a ordem alfabetica c seguindo tambem, quanto possivel for, a ordem cronológica, temos em vista facilitar o encontro das notas históricas, que aqui deixamos sumariamente exaradas, acerca das lrezentas e tantas capelas e igrejas dests diocese, de que conseguimos obter rápida noticia. Airnas-(Capcla das) --Informnm-nt s o ilustre anotador das Saudades d a Terprz, que pos drvt~caodri ?.moriso Antoolio Rodrigues Jardim se edifrcou urna cdpelci destr invocacao na freguesia da Ribeira Brava, dizendo-se cm outro lugar que ela

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DIOCESEDO FUNCHAL

foi construida no ano de 1652. Já nao existe há muitos anos e ignora-se hoje o nome do sitio em que ficava. Almas-(Capela das)-No sitio da Vargem da paroquia do Estrcito de Camtra de Lobos encontra-se uma capela dedicada 4s Almas, cujo fundador e ano de construcao se desconhecem . Almas-(Cspela das) - Temos encontrado varias referencias á existencia duma capela desta invoc&cao, situada na freguesia

da Calhcta, ignorando-se quaisqucr outras circunstancias que Ihe digam respeito. Almas-(Capeli das)-No adro da igreja paroquial da freguesia do Estreito de Cnmara de Lobos fez o povo construir uma pequena ermida, a exemplo do que se praticou nos adros de outras igrejas, especialmente consagrada ao culto destinado a sufragar as almas dos mortos, sendo dada licenca para ser benzida a 14 de Novembro de 1710. Almas-(Capela das)-Em outro lugar, deixamos já dito que no ángulo reintrante formado a meio da rua qne comunicava o antigo convento de Santa Clara com o das Merces, hojc Auxilio Maternal, abre-se na rocha viva uma modesta e original ermida, de exiguas dimensoes, conhecida pelo noma de Capela ou Capelinha das Almas. E' possivel que aquela massa de basalto oferecesse uma cavidnde ou mesmo existisse uma pequena gruta ou furna, que viesse a despertar a ideia daquela construcao. Corre, porétn, na tradiqao local uma lenda, que nos parece ter sido também aproveitada para explicar a raza0 de identicas edificac6es em outras sitios e lugares. E conta-se que, num basto canavial ali existente, procurara um individuo esconderijo seguro para perpetrar um crime de morte na pessoa dum seu figadal inimigo, que no local cos. tumava passar a desoras. Numa noite e noutra noite e em dias sucessivos, nao logrou realisar o seu perverso intento, porque a vitima preparada para o atentado ali passava sempre acom pnnhada por outras pessoas, tomando entao o criminoso a resolucao de abandonar a idea que por tantos dias Ihe obsediara o espirito. O individuo assim poupado á sanha feroz do seu inimigo, tendo mais tarde conhecimento do projcctado assassi-

nato, viu no facto um evidente prodigio miraculoso, porque sempre passara niquele local 96 e de toda desacompanhado, atribuindo 4 intervencao das almas do purgató:io, pelas quais tinha a mais viva devoclo, o nao haver sido vitima inocente daquele atentado. E daí nasceu a idea da construciío da capela no proprio local cm que ele julgava que se havia operado o prodigio. O sr. major A. A. Sarmento aproveitou o assunto desta landa para um dos capitulas do seu livro Mlgalhas in. troduzindo-lhes variantes e episodios, que mais se acomodavam 4 romantizacao do quadro. O que de positivo sabemos C que Roque José de Araujo natural de Viana de Caminha e que ha muitos anos residia no Funchal, foi quem mandou edificar em 1781 a pequena crmida, qua consagrou ás almas do purgatório e a que deu o noma de Almas Pobres. Foi vistoriada, como era de estilo, pela competente autoridade eclesiastica, e no respectivo auto se Ieem as seguintes pr1avras:-N.. tem de comprimento da porta até o altar seis palmos de fundo e vao, e de largura nove palmos de vao e ha o comprimento do altar todo sem credencia, a altura he proporcionada, coberta de abobada. . e situada de baixo da rocha e ao parecer firme.m Para ocorrer á manutencao do culto e conservacao da capcla, concedeu-lhe Roque JosC de Araujo, por escritura publica de 25 de agosto de 1781, a pensao anual perpetua de cinco mil reis, imposta num predio que possuia no Btco do Gongorra, 4 Ponte Nova. A capela foi benzida pelo vigario da freguesia de Sao Pedro Francisco Xavier da Cunha a 14 de Drzembro de 1783.

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Almas-(Cipelrs das)-Contigua á igreji paroquial da freguesia da Ponta do Sol e comunicando directamente com o adro da masma igreja, existir urna pequenr capela dedicada 4s Almas, cuja epoca de construcao ignoramos, mas que há cerca de doze anos foi mandada dcmolir pela Camara Municiprl daqucle concclho, afim de proceder-se ao alargamento da roa Joao Augusto Teixcira . Almas Pobres (Capela das)--Com este orrgo edificou Ooncalo Dias da Silva uma capela pelos anos de 1470, na freguesia de Santa Maria Maior em lugar que hsje se ignora.

Bom jesus (Capela do)-Sabemos que o Recolhimento do Bom Jesus, situado na rua deste nome, foi fundado, por meados do século XVII,. pelo arcediago da Sé do Funchrl dr. Simao Gonsalves Cidrao e destinado a receber 25 a 30 recolhidas, sendo de 1674 ou pouco an,es a data da aprovacao canonica conferid 4 pela au toridadc dioccsana a este novo instituto de caracter religioso. As rccolhidas deram ali entrada no ano de 1666, quando a construciio da casa e da crpela nao estava ainda de todo concluida. Deve, pois, assinalar-se aquele ano ou alguns dos anos imedirtos mris proximos, como sendo o da fundacao da referida capela, que primitivamente teve propor. c6er muito acanhadas, sendo mais tardo ampliada e mclhorada nas suas decoracoes interiores. Teve sempre crpelao privativo, que aindr conserva, a-pesar-do recolhimento haver perdido a feicao de casa monastica, que manteve nos primeiros tempos da sua instituicilo. .Bom Jesus (Capela do)-Ficava na freguesia de Santa Cruz e era uma capcla muito antiga, que por vezes se encontra citada com o noma de capela de Nosso Senhor Jesus Cristo e que se levnntava no sitio que ainda hoje se chama do Bom Jesus. Teve Gil Anes como fundador e data do primeiro quarte1 do sCculo XVI. Serviu de nucleo a um morgadio instituido por um dos descendentes do fundador e foi raedificada pelo morgrdo Belchior de Vasconcelos e Vasconcelos no ano de 1660. Coragúo Imaculado de Mark (Capela do)-Devido á iniciativa e incansavel dedicacao de D. Maria Margarida dos Anjos Ribeiro, proprictaria e moradora no sitio da Faja do Penedo da freguesia da Boaventura, levantou-se no mesmo sitio urna pequena capela consagrada ao Coracao Imaculrdo de Maria, que foi solenemente benzida palo prelado diocesano no dia 23 de agosto de 1919. Ali se celebra o santo sacrificio da missa em todos os domingos e dirs santificados com grande proveito dos habitantes daquelas imediacaes

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Coragdo de Jesus (Copela do Sagrado)-No sitio dos Cardais da freguesia do Agua de Pena, fundou o Conego Henrique Modesto Betencourt, no ano de 1907 e em terras que ali possuia, uma capola dedicada ao Sagrado Coracro de Jesus.

Coracdo de Jcsus (Capelr do Sagrado)-O padre Carlos Jorge de Faria e Castro, junto á casa da sur residencia, no sitio do Livramento da freguesia do Monte, fez edificar urna crpela desta itivocaclo, que foi benzida pelo prelado diocesano r 18 de Junho de 1914. Cora~dode /esus (Capela do Sugrado)-No sitio da Fonte do Gil da freguesir do Arco dr Calheto existe urna crpela que ttm este arago e é de recente construcao. Coragdo de jesus-(Capelr do Sagrado)-Ni Quinta do Monte, freguesir de Nossr Senhorr do Monte, mindou o seu propriekrio Luis da Rocha Machado construir, numr das dependencias da casi de residencia, umr crpela da invocacao do Sagrado Corrcao de Jesus, particularmente destinada a perpetuar r siudosi memoria do imperador Carlos de Austria, que durante rlgum templ] hvbitou na mesmr casa e ali frleceu no dia 1 de Abril de 1922. Cora~ciode lesus (Copela do Sagrado) -Com este orago se construiu hr poucos anos urna crpela no sitio do Outeiro, da freguesia dos Canhis, que foi fundada por José Francisco Crbral de Noronha e sua mulher 'D. Marid Trindrde de Noronha. Corpo Santo (Capeli do). E' umr das mris rntigas crpelis destr dioccse e umr das poucas construcoes do século XV que rinda restam entre nós, embora com o decorrer dos tempos tenhr sofrido profundas modificac6cs. Foi construida por devocao dos maritimos e dedicada ao seu padroeíro Silo Pedro Ooncnlves Telmo, mais vulgarmente conhecido pelo nome de Corpo Santo. O culto destr capelr é mrntido pela clrsse piscatórir do Funchrl, havcndo sido ali i séde duma especie de socisdrde de socorros múruos destinada r amparar os maritimos n i sur doencr ou invrliaez, ignorando se aindr actualmente se mantem a confraria com csse caracter de beneficencia entre os scus membros. Vamos transcrever o que a tal propósito encontramos no Dlclond d o Universal Portupu2s Ilustrado, que é deveras interessante : econfrarirs.. existem durs notaveis por datarem dos tempos da primitiva povorcií;, do arquipelrgo e por formarem vcrdadeirro associac66s de socorros mutuos; silo r

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confraria do Corpo Santo, com r sur crpela mawelinr no extremo oriental do Funchal, e a S. Pedro Telmo, no logar da Camara de Lobos; rmbrs sgo de maritimoa e manifesbrmente derivam do celebre compromissa dos maritimos algarvios, e como este vao ligar-se, sob r forma religiosa, com as institui@es naúticas do tempo de D. Diniz. Os compromissos das durs aludidas confrrrias madeirenses, dos quUa possuimos cópia, sPo como o algarvio, preciosos documentos para r hisr tória, obscura mas gloriosa, nao de principes nem de navegedores seus crisdos, mas dcs pilotos e dos marinheiros, dos homens do mar proprirmentc ditos, que tiwerm quid140 nao pequenos nos desccpbrimentcs.. Assinralr-se o terceiro quartel do século XV como o do, tempo da sua construcáo, e já a el* se refere o autor das Saudades da Terra, escritas no penulfimo decéaio do mesmo século. Conserva oi feicao arquitectónica que predominava em muitwi edificocoes da época, e nela se encontrrm várias telas de algum valor ~rtistico,segundo se tem afirmado, Asr d c c o ~ 6 a intcs riores com o seu grande numero de quadros a oleo, relativo a capocídade da pcqueno templo e para a época em cperti forrm colocados, drtrm do primeiro c segundo quartel do séculs XVII. Leen?-se cnm interessc t aproveitamento as páginls que n marque9 de Jacomt Carreii consragrou a esta capelb no mu iivrci Ilha do Madetra, publicado no ano de 1927. Cristo (Capelo de). Vid. Stnhor dos r%Wagres(Cúpdr do) Cruz do Carvalho (Capeln da)-No Elucfddrb Madeltense (1-299), 18-se a scguinte: ~Encnntramos,algures, referencia a uma capela sltr na paragem da Cruz do Carvalho asslm chamada, numa propriedrda que tinha o tiome de Quintinhr e mandada construir em 1767 pelo capital) Joaq Francisco de Frebs Esmeraldn, cavmleiro profcsso da Ordem da Cristo,. Náo sabemos qual fosse a invocactso desta capela e 6 distinta da capelr de Santana, que se ach i a peqwenm distancia e aindr existe. A Cruz do Carvalho fica na freguesia de Stso Pedro, no ponto da intersccctso das estridas que se dirigem a S. Martinho e 80 si& do Pilar.

Divino Salvador (I~rcjndo) -Fóra da cidade do Funrhil, 12 r igreja paroquial da fregutsia de Santa Cruz, sCde dr rJh,

do concelho e da comarca do mesmo nomc, o temulo mais vasto e de mais aparatosa arquitectura existente nesta dicpcese, tendo como orago o Divino Salvador, que em muitos lugares se encontra tambem com a denominacao de Sao Salvador. No local onde se levanta esta igreja cu nas suas m i s proximas imediaq6es1 existiu urna pequena capcla, que teve prwavelmente a invocacao do Divino Salvador e que serviu de &de da freguesis, quando esta se crinu pelos anos de 1430. ou pouco deprais, hrvendo sido ampliada e melhrtrada em rp cr que nao podemos determinar. DA-se o ano de 1533 corno o do comeco da constrocáo da igreja actual, cujo definitivo acabrmcnto levou algutrs onos . E' um templo relativamente vasto, de tres naves, dizendose ilgures; que nao sao tres naves betn definidas e que as Irtemis nao pmtencem á edificacao prniitiva. Sabendo-se que no ano de 1686 se procedeu nelr a riotavris trabalhos de restauracHo e de acrescentamento, nao repugna acreditar que drttern desw ano a construcao das naves Iaterais, o que sómente pcderá verificar-se com inteira certeza, procedendo-se ali a um estudo rigoroso fcito por um arquitecto especialisado nessos pssuntos. Por amandados do Conselho da Fazcndr de 26 de Abril da 1686 foram concedidos 500.000 reis para as obras da igreja, a outro amandado. de 7 de agosto de 1747 ordenou que se construisse a muralha da ribeira para servir de defcsa á m e s m igrejr. Diz-se que foi o fidalgo Joaa de Freitas o fundador desta igreja, lendo-se num vntigo nobiliario que por ardem de el-rei a fizera construir, e 'teve por issn e por outros servicac preshdos a mrci2 da ctpelr-mór, por provisáo de 29 de setembro de 1533, para seu jrzigo e de seus descendentas, e rfirmando-se tambem que cedera o terreno para essa eciificacao e superintendera aa execucao ars respectivas obras, o que talvez nao corresponda com precisao ro pomposo título de fundador, que m Cpcca .era extremamente apreciado. Esta igrejr serviu de séde a uma das nove colegiadas dest i diocese, que era formada por vigrrio, cura, seis beneficiados, sacristao e organista, tendo pido estabelecida n o tercciro quartei do século XVI. O curato foi criado por alvará régio de 27 de agosto de 1589. No aArquivo Histórico da Madeiram (11-23) vem publicado um bstrmerrto mtado do 1512, em que .so faz referencia ii

igreja nova de Sao Salvador, devcndo por isso considerar-se como anterior ao ano de 1533 o do comeco da edificacao da mesmr igreja

Espirlto Santo (Capelr do)-Descrevendo Gaspar Frutuoso a explorrcao feitr pelos cdescobridoress através da ilha, para o efeito da divisa0 das capitanias, diz: C . .Joio Gonsalves Zarco.. chegando a hum alto sobre Camara de Lobos, tracou ali onda se fizesse huma igreja do Esplrtto Santo.. e todos estcs altos tomou pa-a seus herdelrosa. Esta capela, que foi mais duma vez reconstruida, ainda existe e em bom estado de conservacio. Foi fundada pelo proprio udescobridors da Madeira c serviu durante muitos anos de igreja paroquial, quandn em 1430 se criou ri freguesia de Camarr da Lobos. Por 1720 procedeu-se á sur reedificacao, pelo estado rdiantado de ruina em que se encontrava, e em 1908 fiztram-se tambem ali im portantes repairos e na pcquena casa que Ihe fica anexa. A-pesarde talvez nao restar cousa algumai da primitiva edificacao, é no entretanto esta capela um pequeno monumento histórico para o concelho e freguesia de Camara de Lobos, que record8 o nome do Cdescobridors da Madeira, que a mrndau construir, e ainda por ter sido a séde da instalacio dr poraquia, por ocasiso da criacao, como j& dito fica.

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Esptrtto Santo (Igrejt do)-A freguesia da Calheta, criada nos principios do segundo quartel do século XV, teve n sua primitiva sédc nr capela de Nossa Senhora da Estrela, mas afirma-se qua ali nao permaneceu por largos anos, procedendo-se entao 4 construcio duma nova igarja com maiar capacidrda e em lugar mais rcomodado ás necessidrdes dos habitantes dessa 6poca. Levantou-se a nao pequcna distancia daquclr capelr e em ano que nao podemos precisar, conjecturandn-se que houvesse sido edificad, no Último quartel do século XV. Passou por várias repriracots e foi quasi Inteiramente reconstruida pelo ano de 1639. Foi séde duma Colegiada, instituida no segundo quartel do século XVI,que no anfj de 1680 se compunhr de vigario cura, quatrc, beneficiados, sacristáo e organista. O curato foi criado pelo alvará de 27 de agosto de 1589. Conserva esta igreji um sacrario talhado cm ébano com primorosas incrustac6es de prata, que é considerado um valio-

so trabalho artístico e que se afirma ter sido uma oferta do rei D. Manuel. E' tambem digno de especial apreco o tectc, da capela-mór fabricado no mesmo estilo do da nossa Sé Catedral, isto, é em estilo emudejar. ou mourisco, cm que predominam figuras geometricas de linhas rectas entrelacadas.

Esp'rlto Santo (Capela do) \id. Santo Esplrlto (Capela do) Esplrlto Santo (Capela do)-No sitio do Campo de Baixo da ilhi do Porto Santo, eercontra-se uma capela deste orago, que é de construc%obastante antigr e que fai inteiramente restaurada no primciro quartcl do século XIX pelo capitao Scbrstiao Antonio Drumond. Acha-se em bom estado de conservacáo e nrlr se exercitam os actos do culto. Esplrlto Sonto (Capela dc)-No ano de 1780 Antonio Joao de Ornelas fundou urna capela deste invocecao na freguesia de Machico, de que nao conseguimos alcancar mais larga noticir. Esplrlto Santo e Santo Antdo (Igreja do)- A ribeira do Canico, que atravesso a freguesia deste nome, servia de limite ás capitanias do Funchal e de Machico, em que a Madeira entao se dividit, formando-se logo nos principios do povoamento dois nucleos de oopulacao nas margens dessa linhr de água, que tomrram o nome de aCanico para a Cidadea e (~Canico pira Machico~,que esses sitios ainda hoje conservam. Por motivo de rivalidades existentes entre os habitantes dos dois povordos ou ainda por outras razdes que se desconhecem, Icvantar8m se ali durs capelas, sendo urna dedicada ao Espirito Santo, na margem direita da ribeiri, e outra dedicada a Santo Antao, na margem esquerda, embora se houvesse criado, por 1440, urna s6 freguesia, exercendr-se as: funcoes do culto alternaidamente -cm ambas as capelas. Ignora-se qual delas tenha sido primeiramente constriaida e se já existiam ambas por ocasi30 da criacao da freguesia. A' medida que aquelas rivalidades se acentuavam, ir crescendo o estado de ruina das duas capelrs, impondo-se a necessidide da edificacao duma igrrja mais ampla E situada em lugar mais central, que igualmente sprovcitasse aos habitantes das duas margens da ribairr. Foi dificil conciliar os desefos dos

dais povosdos rivais, conseguindo o paroco José Lamelino Barreto á forca dos maiores esf,)rcos e da mais h n l z pwsistencia, que por fins d(.\ terceiro qurrtel do século XVIII se resolvesse a ccsnstrucao dum novo templo destinado ao servico paroquiftl de tr dos os habitantes. A bencao da pedra angular rerlizou-se no dia 2 de agosto da 1779 e fai solcn*mentc benziaa a 28 de outubro de 1783, tendo como mago$ o Divino Espirito Santo e o anacoreta Santo Pntao, ern memória das invocac6es das antigas crpelas, estando já nesta epoca a crpela do Espirito S ~ n t oreduzida a um montao de ruinas. No frnntespício da novi igrejr, le-se a seguinte inscricao Iapidaa: Sancto Splrftu Paraclfto atquc dlvo Antonio abbntl sactum Marfn 1.' iusltan. reglna fidellss. equrstris. D. N . J . C . ordtnls gubernat aediflcavlt: insulano tribunal¿ regla curantc. Anno 313 ID';' LXXX rrgnl autem 111. Há psucos anos prssou esta igreja por grandes mclhoramentos, havendo sido inteitamente reconstruida a frontarla e acrescentado o campanario, cm que foi colocado um excelente relogio, além das belas decoracoes interiores com que foi rformoseadi. O a17*ardregio de 20 de O o t u b r ~de 1605 criou nm curato na freguesir do Canico.

jesus Marla José (Capela de)-No ano de 1626 fundou o conego Manuel Afonso uma caipeli dedicada a Jesus Maria Jo sé, na área da freguesia da Sé, mas em local que nao podemos determinar com precisa0

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jesus Marla Josd (Capeh de). Ficava situada ni freguesia de Santa Luzia, mas tinha pertencido á prroquial do Monte antes da crizcao daqucla freguesia, sendo seu fundador Mateus da Gama Fcrñeira no ano de 1669. Jesus Marla Josk (Csptlr de)-No sitio deste nome da freguesia de Camara de Lobos, fundaram Sebastiao Goncalves Cordeiro e sus mulher Luzia de Ornclas urna crpcla daquela invocacao no ano de 1694. Jesus Morla J g s C (Capela de) de Andrade Bercnguer Neto e sua mulher Tomrzia de Franca Andrade mandmnm edificar no sitio do Lombo do Doutor, na freguesia da Cilhttr, -

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urna capda dedicada a Jesus Maria JosC no ano de 1708.

Lourenclnha (Capela na)-O dr. A. Rodrigues de Azevedo, nas suas motacoes á obror de Gasprr Frutuciro, friz mencao da existencia duma capela no sitio da Lourencinha, d a freguesia de Camtra de Lobos, sem quaisqucr indicacoes Acerca do seu orago, ano de construcao e fundadores. Medalho Milagrosa (Capela di)-Especialmente para uso do Orfanato adjunto aa H~spicioda Princesa D. Maria Amelia e tambcm do publico, construiu se ali ha pouccts anos uma vasta capela, servida pelos capelaes daquele estabelecimento hospitalar. e que C muito frequentada.

Menino lesus (Capela do) Com esta invoctctio encontra-se uma pequena capelr no sitio da Quinta dos Reiq da freguesia do Monte, desconhecendo-se outros pcrmenores que Ihe digrm respeito

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Nossa Senhora da Ajuda (Capela de) -E' urna capela bastante antiga, que se levanta no sitio deste nome, na freguesia de S& Martinho, e que foi fundada por Fernao Faviln, fidalgo dr casa rial, nos móados da século XVI, afirmando, porém, alguns linhagistas que teve por fundador a Antonio Favila, falecido cm 1545 e filho daquele Fernara Favila. Já existir em 1569, ano cm que os jesuitas vierani estabelccer-re na Madeira e que se instalaram provisorirmente nas casas adjuntas á mesrna capela e nela excrciam os actos do culto, por generosa oferta do referido Fernao Favila. Em 1916 publicou o proprietario destn capela Manuel J ~ s é Perestrclo Favila Vieira um opúrculo intitulado *A interdrcao da Capela de N. S. da Ajuda na freguesir de Sao Mnrtinho. que sa ocupa do interdito Irrncado nr referida capela pela autoridade eclesiastica, pelo frcto de ter sido indevidrimente recusada uma visita a essa capela. por ocasiao da visitacao canonica que a mesma au,oridade fizera í3 freguesia de S. Martinho no ano de 1916. Alguns meses depois fna levantado o intcrdito e a capela restiiruida ao exercicio do-culto. Nosslz Senhora da Ajuda (Igrej i (fe)-A frcguesin da Serra de Agua foi desmembrada da da Ribeira Brava cm 1676, quan-

do já se ia formando um nucleo de populacao de relativa importancia, existindo ali uma pequena e modesta capela, cujos orago, ano de construciXo e local nos sao desconhecidos e nela se instalou a séde da nova paroquia. Um amandados do Conselho da F~zendade 4 de Maio de 1689 ordenou que se orcassem e pusessem em hasta publica as obras da igrejt a construir e outro de 2 de Maio de 1698 determinou que se ulttmasscm as mesmas obras, sendo por essa época que se realisou a edificacao da igreja actual, que tem Nossr Senhora da Ajudri como orago. Varios melhoramentos e trabalhos de restruracáo nela se tetm realisado no decornr do tempo. N. S. da Alegrla (Capela de)-No freguesia de Sáo Roque do Funchal, no sitio conhecido por este nome, fica a capela daquela invocacao, que era pertenca da casa dos condes de Torre Brla e que foi fundada por Francisco de Abreu no ano de 1609. Foi restaurada pela viscondessa de Torre Bela e ben. zida a 8 de Setembro de 1887. N . S . do Amparo (Capela de)-Francisco Dias Franco e sua mulher D. Izrbel Maria de Menezes fundaram urna capcla dedicada a N. S. do Amparo, no ano de 1692, que se levanta no sitio da Ribeira Seca da treguesia de Machico e que era pertenca do morgidio Figueiroa de Ultra.

N. S . do Amparo (Capela de) -No livro aParoquia de Santo António*, da nossa rutoria, encontra-se urna desanvolvida noticia ácerca desta capela, que foi fundada no ano de 1698 por D. Bartolomeu de Sá Machado, na séde do morgadio de que era administrador, no sitio dos Alarnos da freguesia de Santo Antonio, e na qual sa celebram rinda os actos do culto. N . S . do Amparo (Cipela de)-No sitio desta iiome da freguesia de Sao Martinho existe urna capelr com essa invocacae, que foi mandada edificar por D. Luísa de Mendonca no ano de 1712 e que pertencia á antiga casa Sauvayre. N . S. do Amparo (Capela de)-Encontra-se uma capelr desta invocac3lo na freguesia da Pontr do Pargo no sitio que conserva aquele nome, ignorando-se o nomc do seu fundador e o ano em que foi construida. A' sur festa patronal con-

corre umx grande afluencia de pessJas das freguesias circunvizinhrs.

N. 5 . das Angustias (Cspela de)-No antigo sitio das Angustias, ocupado hoje precisamente pela rua la Imperatriz D. Amelia, e nr quinta que tem aquele nome, mais comumente conhecida por Quinta Lambert, edificou Diogo da Costa Quental, cm terras de seu morgadio, uma crpela dedicada a Nossa Senhora das Angustias, no ano de 1662, sendo icapela actual uma reconstrucao da antiga, realizada cm ano que nao podemos precisar. Na casa anexa faleceu no dia 4 de Fevcreiro de 1853 a Princesa Dona Maria Amelia, filha de D. Pedro IV c da imperatriz D. Amelia, tendo a, impranentissimo funeral saido dessa capela, a caminho do cais do Pontinha, no dia 6 da Maio do ano referido de 1853. N. S. dos Anjos (Capela de)-E' de construcio bastante antiga, tendtv primitivametite pertencido á freguesia da Ponta do Sol e hoje está encorporads na dos Canhas. O dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo (Saud-522)dá esta crpela como fundada em 1508 por Martim Afonso e sur mulher Isabel Afonso, que ali instituiram um morgadio a favor de stu filho Diogo Martins da Cunhr chamado o Cavaleiro. Diz, porém, o anotador da Historia lnsulana que ela foi mandada construir em 1474 pela infanta D. Beatriz, como tutora de seu filho, o grfr umcstre da Ordem de Cristo, a que este arquipélago pertencia no espiritual. A imsgem que ali sa venera era de grande dcvocao dos fieis, consrógrando-lhe Fr. Agostinho de Santa Maria um capítulo no vol. x do beu .Sntuario Matiano.i

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N. S . da Anuncla~do(Capela de)-Sob esta invocacao ou tambem de N. S. da Incarriacao, existiu nma capela na freguesir dos Canhas no sitia Lombo dos Canhas, onda chamam o Jogo da Bola, fundada i.ru reedificada por Joao Rodrigues da Camara no ano de 1696. N. S. da Aprcsenta~do(Capela de)-O sitio do Lombo da Apresentacao, da freguesia da Ribeira Brava, tsmou esse noma da capela de Nossa Senhora da Apresantocio, que ali existiu e que foi fundada no ano de 1524 por Joio Mendes de Brito e sua mulher D. Isabel Fernandcs Tavares, cm tcrras de seu

morgadio. Erguia-se junto duma grande casa de habitacao, que era uma das mals vastas e aparatosas residencias de campo da Madeira. Essa instituicao vincular encorporou-se na casa d ~ s Hcredias, de que o viscondc da Ribeira Brava foi o ultimo representante. N. S. da Assungdo-E' o orago da Sé Catedral do Funchal. Rematemos o leitor para os artigos qua atrás deixámos publicados ácerca desse majestoso templo.

N. S. de Belem (Capela de)-Gaspar de Vascencelos Hcnriqucs e su8 mulher D. Bernardina de Carvalho fizeram construir uma capela desta invocacao, no ano de 1649, no sitio desse nome, na freguesia de Carnara de Lobos. Já se achava em ruinas em 1758 e foi nesse ano reedificada por Francisco Inacio Telo de Menezes, descendente dos instituidores. Foi demolida ha poucos anos. Com este mesmo orago fundou-se umi capela na freguesir da Porto da Cruz, que posteriormente tomou a invocacao de Nosssi Senhora do Socorro (V. este nome). N. S. da Boa Hora (Capela de)-E' pertenca da casa Torre Belr e fica no sitio da Torre da freguesia de Camrrr de Lobos, tendo sido edificada pelo morgido Antonio Correia Betencourt Berenguer, em ano que ignoramos. N. S. da Boa Hora (Capela de)-Na freguesia do Arco da Calheta, no sitio da Faja. existiu uma capela desta invocacIlio, desconhecendo-se os nomes dos seus fundadores e a época da su8 constru~ao. N. S. da Boa H o r ~(Capela de)-*por cima desta cidadsr, diz-se algures, e onda chrmam a Terra Chi, na freguesia de Silo Pedro, levantava-se uma capela da mesma invocacao mrndada construir em 1726 pelo capitao Antonio de Carvalho Drumond e sua mulher D. Inacia Miciela Henriques, sendo de 2 de Juriho daquele ano a data da licer~caconcedida para ser benzida. Nao conseguimos saber o local em que f6ra edificada. N. S. da Boa Morte (Capelr de)-Existe em adiantado es-

Io~n~ Es CAPELAS

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tado de ruina urna capela destr invocact;~,no sitio do Ribeiro Real da freguesia de Camara de Lobos, ignorando-se o nome do seu instituidor e o ano da sua construcao. N . S. da Boa Morte (Cnpcla de)-Francirco Fernandes e Brazia Fernandes fizeram edificar uma crpela dedicada a Nossl; Senhora da Boa Morte, no sitio do Monte Gordo e Boa Morte da freguesia da Ribcira Brava, nao se srbendo c tempo em que foi construida. N. S. da Boa Morte (Capela de)-No lugar que rinda conserva o noma de Boa Morte, no sitio do Lombo do Atouguiíi da freguesia da Calhcta, fundou Francisco Homem do Couto no ano dc 1661 urna capelr com a invocacao de Nossa Senhorr da Baa Morte, que trmbem foi conhecida pelo nome de Nossa Senhora da Piedade e que ha muito nao existe. N. S. da Boa Morte (Capela de)-No ano de 1666, Custodio Nunes do Costa fez edificar uma capela com o orryo de Nossa Senhora da Boa Morte no afastrdo sitio do Cabo, na freguesia da Ponta do Pargo.

N. S. da Boa Nova (Capela de)-No sitio do Farrobo do freguesia de Sao Gonqalo, que tomou o nome de Boa Nova, fnndou Eusebio da Silva Barros, no ano de 1701, uma capela daquelr invocrcao, que 6 hoje propriedade do dr. Rui Betcncourt da Camara.

N. S. da Boa Vlagern (Capela de)-Com este orago existiu na fregaesia de Santa Maria Maior urna capela de edificrcae bastante antigr, fundada por Bento da Veigr, em ano que nao podemos precisar. Algures se 16 que era um edificio de interesante a carrcteristica construq80, bem como urna casa de habitaqao, que Ihe ficrvi anexa. N , S . da Boa Vlagem (Capelr de)-Manuel Pcstana Teixeirr e sua mulher Francisca Xavier da Concciq%o fundrram uma capela de N ~ s s aSenhora d i Boa Viagem, no ano de 1711, no sitio da Carne Azeda da freguesia de S anta Lusia e que já nao existe ha muito.

N. S, do Bom Despacho (Capela de)-No sitio da Vigia, da freguesia do Campanario, em lugar que passou a chamar-se do Bom Despacho, instituiram Jerrrnimo de Atouguia Betencourt e sua mulher D. Catarina Eepranger, no ano de 1672 e em terras de seu tnorgadio, uma capeli consagrada a Nossa Senhora do Bom Despacho, que no ano de 1762 foi reconstruida pelo padre Francisco Nicolau de Brito, irmao do entao proprietario da mesma capela.

N. S. do Bom Sucesso (Capela de).....Nos limites das freguesias de Camara de Lobos e do Estreito de Camara de Lobos, para os lados da oeste, no sitio chamadn Garachico, encontra-se a capela de Nossa Senhora do Bam Sucesso, que C considerada como pertencendo áI ultima destas paróquias . Dava-se a singularidade de ter esta cmpela o seu altar levantado dentro dos limites duma drquelss freguesias e a porta abrir-se sobre terrenos da outra paroquia limítrofe. Parece que em tempos mais afastados de n6s se suscitaram ddvidas ácerca da freguesia a que deveria pertencer a capela, tendo-se até dado conflitos de jurisdicao entra OS respectivos párocos. Foi construida nos principios do século XVII por Manuel Joao Ferreira e especialmente destinada a nela celebrar missa seu filho o padre Francisco Luís Ferreira. Foi ha anos acrcscentada pelos moradores do logar. No mes de Mrio de 1927, deu-se uma sangrenta tragédia proximo desta capela, em que (I padre André dos Passos, ao ter acabado de celebrar e ao sair da mesmr crpela, foi assassinado por um demente que morrva naquelas imtdiacoes, tendo esta triste e Iamentavel ocorr anciai emocionado profundamente os habitantes das duas frcguesias. N. S. do Bom Sucesso (Capela de)-No sitio do Lombo do Estreito, da freguesia da Calhetr, encontra-se urna capela desta invocncao, que foi fundada por Luír da Costa ~Jardim,no ano de 1683. N. S. do Bom Sucesso (Capcla de)-Na freguesia de Santa Maria Maior, á margem da estrada conhecidr pelo nnme de Caminho do Meío, se encontra urna pequena copela dedicada a Nossa Senhora do Bom Sucesso, cujo instituidor e ano de construcao se ignoram. E' pertenca da Camara Municipal, bem

como a casa contigua, em que se acha instalada uma cscola oficial. N . S. das Brotas (Capela de)-Por esta cstranha designaclo, era conhecida uma capeia existente no sitio da Quinta das Freiras, da freguesia de Santo Antonio, onde chamam as Brotas, de que apenas resta um montan de ruinas e que f6ra fundada no ano de 1678 por Manuel Mrrtins Brandtío em terras vinculadas que ali possuir. A capcla, a-pesar-de ser mais conhecida pelo nome de Brotas, tinha sido dedicada a Nossa da Luz, coja imagem fai em outro tempo objecto de grande veneracao, achando-se hoje nn pequen8 ermidri do cemiterio paroquirl drquela freguesia. No livro aFreguesia de Santo Antonio da Ilhr da Madeiram, encontra-se uma desenvolvida noticia ácerca da copela das Brotas. h. S. da Csdelra (Capelr de)-Em terreno, que antigamente pertenceu á frcguesiai de Camara de Lobos e hoje se acha encorporado no da Quinta Grande, existiu uma modesta capela que teve a invocacao de Nossa Senhora da Cadeira, dando o nome a um pequeno sitio, que ainda conserva o nome de Cadeira ou Cadeirinha. Desconhcccm se quaisquer outras circunstancias que Ihe digam respeito .

N. S. do Calhau (Igreja de)-Di-se o infante D. Henrique como fundador, no ano de 1438, da crpela da Nrtividadc de Nossa Senhora, que se transformciu e ftri tomando os nomes de igreja da Conceicao de Baixo, de Santa Maria M a i ~ r e finalmente de Nossa Senharr do Calhau, sendo este o que perdurou e conservou até ser destruida pela terrivel aluviao de 9 de Outubro de 1803. Destn forma se distinguir da capela da Conceicao da Cima ou de Santa Maria, fundada por Zargo, no Iocrl em que hoje se levanta a igreja do convento de Santa Clara. Ficava situada na margem esquerda da ribeira de Joao Oomes e nao muito distanciada da sua foz, entre as embacaduras das ruas de Santa Mvlria e Nova de Santa Marie (Latino Coelho) provindo-lhe o nome de Calhau da circunstancia de se encontrar nlis proximidades duma praiie, formada por grossos calhaus e banhada pelo mar. A sur construcao comccou, quando já entao se havia cons-

tituido nas suas imeditc6es um importante nucleo de habitantes, te:ido sido em boa parte dcs,ruida pela inundacao de 1611, e reedificirda em iugrar mleis abrigado, no periodo:decorrido de 1664 a 1688. Fai de novn narcialmcnte destruida com as grandes tempestades do ano 1707 e tambem novrmente reconstruida, mas tqtes de ter deccrridc um século veiu a terrivel sluvial~¿,de 1803, que a reduziu a um grrnde monta0 de escombros. A provisao de 10 de Marco de 1805 determinou que estas ruinas fassem cuidadosamente conservadas, como lembranca da maaor calsimidade que asscirloara esta ilhc e que tirara a vida a cerca de trezentos dos seus hrbitantes, mas assim nao sucerio ano de 1835. mandou a Carnliru do Funchal d e ~ porque, , demoiir a pgrte que restava da velha c historica igreja e fez ali edificar um nirrcndu de frutas e h :rtalicas, que tevc o nomc de Mercado Unido. Ccm s desmoronamento da igreja de Nossa Senhora do Calhau, passou a paroquia a ter a sua séde na igreja de S. Tiego, que era pe rtenca da Camarri do Funchal e que este corpo sdministrati vo cedero para rquele fim, como mais largamente se verá no artigo que dedicaremos a essa igreja, geralmente conhecida pelo nome de Igreja do Socorro. A primeira pwroquia, com vida religiosa propria que se criuu na Madeirr, foi a de Santo. Maria Maior, pelos anos de 1430, corn sede n;a capela de Conceicao de Boixo ou de Nossi Senhora da Calheu, que no ano de 1508 se transferiu para a eigreja grande,, erecta pczuco depcib em Sé Catedral. O alvará régio de 18 de Novernbrcs de 1557 dividiu a Catedral do Funchrl em duas freguesias indeuendcntes, com suas sCdes na igreja dc Sé Catedral e na igreja de Nossa Senhora do Calhau, ficandr: assim restaursda a plsaaquia de Santa María Maior. A :ximeira colegigda ctiada nestr diccese estabcleceu-se ncst;s igreja ncqs prrncipios do seculo XVI, sendo o seu cabido formado por dez serventuarios, que alem do vigario e cura, tinha seis beneficiados, urn organista e um sacristao.

N. S. da Candeldrla (Capela de)-Com esta invocacio e sitio que tem esue nnmei encrwtrr-se urna capela na fregua. sia da Tabur~,que é de construcao bastante antiga, atribuindose o sus frindacao RUS primitivos colonizadores Medeiros, que tircram terras de scsmaria nnquelaa imediac6es. Foi reconrtrui-

ncl

da em ano que ignoramos. Ere centro duma antiga romagem.

N. S. do Carrno (Copela de)-Na fregucsia delsanta Maria Maior e em local que hoje se ignora, existiuturna ermida desta invocacao, cujos fundadores e epoca da sur construcao nos sao tambem desconhecidos. N. S. do Carmo (Capela de)-No sitio deste nome, na freguesia do Campan&rio,fez Domingas Rodrigues edificar, no ano de 1658, uma capela consagrada a Noesa Senhora do Carmo, que era de instituicao vincular. N. S. do Carmo (Capels de)-Fica situada nra freguesia da Sé e na rua a que dcu o nome, e é uma das capelas mais amplas que existem entre nós. A sur construcao e das cosas anexas teve especialmente em vista a admissao dos religiosos carmelitas, que nao tiveram vida praspera nem larga permanencia ncstr dioccse. O terreno para essas construcoeu; foi doado pelo capitao Roque Acirioli de Vasconcelos, tendo a Ordem Terceira do Carmo custeado as despezas com rr edificacao do corpo do templo e havendo Pedro Goncalves Brandllu mandado fsnzer á sur custa r capela-mór, de que foi padroeircg. Aa respectivas obras decnrreram no periodo de 1656 a 1660, sendo a crpela benzida solenemente no ultimo desses anos. O p bdre Luís do Rosario de Vila Novi foi matidwdo á Madeir~ pelo respectivo provincial fundar a ordem Terceira do Llmrmo, que primeiramente se cstabeleceu na igreja do cotivcnto de N. S. da Incarnacao e depois vissou,a ter a sun séde na nova capela do Carmo. Sabemos que nrs casas adjuntas formaram os religiosos carmelitas uma pequena comunidnde, de que nao ternos qaialquer outra noticia. Algures se diz que .a igreja do Carmo teve anexo um pequeno hospicio ou albergarir fundado por Henrique de Noranhrw Ignoramos a correlaqtio existente entre este hospicio e aquela comunidade. Nas paredes Iiterais da capelsi-mór deste templo, encontram-se dois belos mausoleus, os unicos de algum valor artistico que existem nas igrejas desta diocesc.

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N. S . da Concelgdo (Igreja de)-E', um dos templos mais

antigos desta diocese a igreja paroquial da freguesir, vila e capitania de Machico, cmbora nos seus cinco séculos de cxistencia tenha sofrido profundas modificacoes, pouco restando da edificacao primitiva. Comecou por uma pcquena capela, que provavelmente se deve ao primeiro donatário Tristao Vaz, sendo muito acrescentada e malhorada pelo infante D Fernando, grao-mestre da Ordcm de Cristo, no periodo decorrido de 1460 a 1470. Conjectura-se que a construcao da igreja actual tivesse principiada nos fins do primeiro quartel do seculo XVI, afirmando-se que as otnbreiras ou colunas de marmore brinco da bela porta lateral foram oferecidas pela rei D. Manuel, que faleceu no ano de 1521. Atravds do tempo tem pissrdo por notPveis reparacoes, especialmente nos anos de 1683, 1698 e 1713, sendo muito importrlntes as do ano de 1698 com a reconstrucao da capela-mór. Por ameaqar irnincnte ruina, foi demolido o campanário no ano de 1844 e reedificado no ano de 1853. No ano de 1932 recebeu este templo uma importante e larga restruracao. Os arcos e as obóbodas da capela do Santissimo Sacramento e de S. JosC, diz-se algures, teem a forma ogival, sendo de notavel belezn e perfeicao o tecto da primeira destas capelas. 0 s arcos da capela-mór e duma capela do lado do evangelho sao manuellnas. Sobranceiro ao altar da capcla do Santissimo Sacramento encontra~se, pintado sobre tabues, um quadro representatido a adoracao dos Reis Mlgos, que 6 uma maravilhosa obra de arte, digna de figurar num dos mais notaveis museus e que tem sido objecto da maisr admiracao e apreco, por parte de alguns dos mais distintos cultores das belas artes. Esta capela do Santiasirno Sacramento foi fundada por D. Branca Teixeira, filha do primeiro capitao-donatario de Machicol que no seu testamento faz referencia á sua capelo dos Rels Magos, á qual legou avultados bens pira a celebraqan duma missa quotidiana. A capela de Sao Joao tcve Tristao Vaz por fundador e era destinada a servir de jazigo aos capitaes donatários A tradiqao tambem atribue ao rei D. Manuel i oferta do orgao, que rinda hoje se encontra na igreja, mandado restaurar cm 1857 pelo governador civil brigadeiro Antonio CSromicho Couceiro, e ali se leem estas palavras: aMagnificencia do Snr.

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IOREJAS E CAPELAS

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Rei Dom Manuel. A pedido da Camara Municipal mandado reparar pelo Ex.m0General Antonio Rogerio Gromicho Couceiro, governador civil a militar da Madeira. 1857.. (Vid. El. Mad. 11-87). N. S. da Concel~do(Capela de)-Na margem esquerda e proximo do foz da ribeira da Scrra ae Agua, que s e p m a paroquia da Callletr da do Arco da Calhcta, fica na ultima destas freguesias o sitio da Serra de Agua, onde existiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceicao, fundada por Goncalo Fernandes, que multss linhagistas afirmam ser filho de D. Afonso v e da Excelente Senhora, tando-se bordado urna interessante lenda em torno do seu nome, como mais Iargamente se pode ver no Eluc. Mad 1-392 e 521 e 11.213 e ainda am varios antigos niobiiiarios. Nao se conhece o tempo preciso da sua cd~fica~au, mas deve datar de época anterior ao ano de 1539, em que nelr fol sepsilftdo o seu instituidor. Elc fez sli a séde dum morgudio, que mais tarde se cncorporou na casa c, inculadi dos Freitas da Midnlena do Mar o de que foi ultimo repeesent~nteNuno de Froitas Lomelino. Nos cscombros desto capela encontrou-se ha poucos anos a Iápide tumulrr de 011 Eaes, um dos arquitectos da Sé do Funchrl, que hoje se ocha depositada no Museu Municipal desta cidrde. (Vide o apú~culo.A Sé Catedral do Funchalw, a pag. 31 e SS.) N. S. da Concel~io(Igreja &)-O lugar do Porto Moniz, elevado á categorili de paróquia independerite pelos anos de 1572, tinhi muito anteriormente o esta época uma capela dedic a d ~a Nosssv Sznhor -, da Cunceicao, com seu capelao privativo, atribuindo-se a sud fundacao ao rrntigo sesmeiro Francisco Moniz, que deu o nome n i sitio e que aPi faleceu pouco depois do ano de 1530. Possou essr capela por alguns meihoramcntos, tcndo sido demolida, depois que foi edificada o nova igreja em sitio diferente daqucla. Diz-se algurcs e consta da tradicao local que esta mudoinca obedeceu aio pensamento de por o templo mais ao abrigo dos rssaltos dos coruarios, que por vezes infestavam aquelas paragetis. Comecou a novr construcaa em 1660, mas sómente no a110 de 1668 é quc foi dada por inteiramente concluida. E' de simples arqu~tectura e despida de quaisquer obras de arte, notando-se, porém, que r capela do Santissimo

Sacramento, de construcao posterior, é de bom gosto artistico e contrasta com 8s outras ornamentacaes do templo. Deve-se esta capelr ao capitao Manuel Rodrigues Ferrcira Ferro, que fsleceu em 1717 c ncla foi sepultado, na quaiiüade de seu fundador. Haverá pouco mais duma dezena de anos que a igreja paroquial foi acrescentada e bastante melhorada, tendo rinda recentemente sofrido algumas reparacoes.

N. S. da Concefgdo(Capela de) -Da capela desta invoca-

~ a existen o e ns vila de Camara de Lobos nao se conhcca o

tcmpa da sus fundacao, mas é bastante aiitiga e tem passado por diversos melhor~rmentos e reparacoes, pouco restando actualmente da fábrica primitiva. Desde séculos que nela re deseraperaha G exercicio do culto mrntido pela clrsse piscitória daquelo povaacact, sendo em outro tempo sCde dum monte-pio cu sociedrde de socorros mutuos dos whomens do marr, que sncorria os associados na docnca ou invalidez.

N. S. da Conccl~do(Capela)-No sitio da Faja dos Padres, antiga pertencu do patrimonio dos jesuitas, no litoral da freguesia do Cam,mnorio, fizeram rqueles religiosos edificar uma pcquena errnidrz e casa de residencia anexa, cuja construci[o é posterior uo ano de 1570, em que a Companhia de Jcsus se estabeleceu na Madeira, e anterior ao ano de 1626, em que os mouros desvastaram o referido sitio e inutilizaram a respectiva capela, que pouco di:pois foi restaurada e restituida ao exercicio do culto. Ficou abandnnada com a expulsao dos jesuitas no ano de 1760 e entrsu logo em ruina, tendo desaparecido ha muitas dezenar de anos. N. S. da Concelgúo ICapela de)-Em ano e sitio que ignoramas, instituiu Tristaa de Franca Betencourt, na freguesia do Monte, urna capela co:isagrada a Nossa Senhoro da Conceicao,

N . S. do Concelgao (Lajela de)-No Bcco dos Aranhas,, da frcguesia de Sao Pedro, Rui Dias de Ornelas e sua mulhar

D, Leonor de Orneilis de Andrade mmdaram construir em.

1662 urna capela d e ~ t ainvocacao, tendo r data de 11 de Dsc zembro desse ano a escritura da respectiva dota@o.

N. S. da Conce~pio(Capela de)-No ano de 1673, fundou AndrC de Franca Andrnde, em terras de scu morgadio. na freguesir do Estrcito da Calheta, urna crpela do orrgo de Nossa Senhora da Concaiflo, quo rinda existe no sitio deste nome, tendo sido o prirneiro conde da Calcada (1812-1906) n Último representante drquela casa vinculada. N. S. do Concel~do(Capela)-No pequeno Ilheu, ligzda 4 terra depctis da construcao do mcblhe da Pontinha, edificou-se urna fortaleza e neta se levantou urna modesta ermida no ano de 1682, que teve capelao privativo, nomeado pela alvard regio de 31 de Julhs de 1692. N . S. @a Conccl~do(Capelr de)-No ano de 1700, no li. toral da fregucsia da Tabria, fez Diogo Afonsn de Aguidr edi ficrr utm capela da invocr@o de Nossr Senhora da Conceicae, que JosC da Silva Novitr mandou reconstruir cm 1910 sendo btnzidr pelo prehdo D. Manuel Agostinho Bsrreto a 31 de Julho desse ano.

N. S. do Conccl~do(Capela de)-O conego Antonio Lopcs da Andrrdc, na propriedade que possuia na freguesh de SBo Roque do Funchal, mrndou edificar no ano de 1700 urna capcla consagrada a Nossa Senhora da Conceicao, cujr cscrituri de dotacao 6 de 8 de Julho do referido ano. N. S. da Conceicdo (Capela de)-Com esta invocacac. e rio sitio deste nomc, existe urna capela na freguesia da Ribeira Bnva, consagrada ao cx~rciciodo culto, ignorando-se quaisquer outrrs circunstrncias que Ihe digam respeito

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N . S . da Concei~do(Capela de)-Algures se diz que no sitio da Torre, da freguesir de Gauln, cxistiu urna ermida dedicada a Nossa Senhora da Conceigan, de que nao conseguimos rlcansrr outra noticia. N . S. da Concclp30-No sitio da Cslcada de Sao Gik c junto do resideticir solirenga dos antigos morgados Barr~tns, na frcguesia de Santa Cruz, encontra-se umra capela da invcxxcae de Nossa Senhora da Conceiciio, que foi instituida no ano de 1700 por Bartolomeu Telo Moniz de Menezes, da que 6

proprietario o dr. Remigio de Espinola Barreto, actual representante daquela casa vinculada.

N. S. da Conce&ao (Capela de)-Nr freguesia de Ponta Delgada, fundou-se urna cspela cum o orago de Nossrr Senhora da Conceicao, cujo instituidar e ano de construcilo se ignoram, sabendo-se, no entretanto, que fai reedificada em 1754 por Nuno de Freitas da Silva. H4 muito que nao existe. N. S. da Comigüo (Capela de)-Na rua da Carreirr, da freguesia de S. Pedro. encontra-se uma crpela destr invocacao fundada no ano de 1770 pelo capitao Luís Betencourt de Albuquerque e Freitrs junto da casa de sur residencia, tendo sido benzida a 7 de Dezembro do referido ano.

N. S. da Conceigüo (Capela de)-NIJ largo das Babosas, hoje da Conceicilo, da freguesia do Monte, Icvantou-se uma capela drquela invocacao, no ano de 1906, que ficou tendo o nome de Capela-Monumento . Em outro lugar, deixCmrss exarodas as seguintes palavrrs acerca da sur fundrcao: cFoi fundada com o fim cfe comemorar as festas jubilrres que se celebrarrm na Mtdeira prra solenizar o quinqurgessimri aniversario da definicao do dogma da Imaculada Conceicao. A parte principal destes festejos consistiu num imponente e brilhante cortejo religioso, que, saindo da Sé Catedra1 se dirigiu ao Iargo da Fonte, da freguesia do Monte, onde se celebrou urna missa campal, tendo por essa ocasiao o prelado D. Manuel Agostinho Barrcto proferido um dos seus mais vibrantes e entusiasticos discursos. Nrsceu entao a ideia da edificacao da Capelo-Monumento, que se realizou dois anos depois, havendo o bispo diocesano nomeado previamente a comissao encarregada de angariar os indispensaveis donativos e de dirigir a respectiva construcao. O comendador Joia Bernardino Gomes, vice-presidente da cgtrissao, ofereceu o terreno para a edificacao do gracioso templo e a imagem da Virgem que figura no seu altar, tendo havido autras generosas ofertas para o ornato e decorrcao da capela. Cumpre prestar homenagem 4 justicr, consignando aqui que fui o comendador Luís de Bettencourt Miranda, secretario da Camarr Municipal do Funchrl, quem mais notavclmente concorreu prra a constru@o da Capela-Monumento. Aos seus diligentes e perseverantes

esforcos se deve nao sómente a conclusao de todos os trabaIhos, mas rinda o aformoscamento do local, que se tornou um sitio em extremo pitoresco e ponto obrigodo de visita para todos os que se dirigem á encantadora e paradisirca estancia do Monte. O opusculo Nossa Senhora do Monte, do padre Joaquirn Placido Pereira, insere uma desenvolvida nciticia acerca das fcstas jubilares e fundacao desta capelr.

N. S. da Conceigúo (Capelr de)-No sitio das Amoreiras da frcguesia do Arco da Cilheta, fundou o vigário José Marcelino de Freitis, no ano de 1911, urna capela dedicada a Nossa Senhora da Conceicao, auxiliado com os donativos dos ficis da mesma paroquia. Como abaixo se ver& exístiu nesse sitio urna ermida da invocacao de Nossa Serihora da Consolacao. N, S. da Conceigáo (Capelr de)-Na quinta do Pomar e sitio da Choupsna, freguesia de Santa Maria Maior, instituiu o 2.O viscsnde de Cacongo, no ano de 1930, urna capela consagrada a Nossi Scnhora da Conceicilo, que foi benzida r 12 de Outubro do mesmo ano,

N. S. da Conceigúo (Capela)-Na quinta deste nomc e sitio da Igreja da fregucsio do Monta, fez o capitao José Sctero e Silva edificar há poucos anos umi cipela dessa invocacao, que ficou por concluir, tendo ultimado ra sua construcao nr. ano de 1937 o actual proprietário Jnao JosC de Freitrs Belmonte, que a aformoseou convenientemente parr o exercicio do culto,

N. S. da Consolagüo-No sitio da Quinta ou da Consolacao, da freguesia do Canico, encontrr-se uma ctpela dcste orago, que C das mais antigas dcsta diocese e que se d i como fundada pelo ano de 1591, por Aires de Ornelas de Vaseoncelos, em terras do seu morgadio, de que foi ultimo representante a conselheiro Aires de Ornelas de Vasconcelos Foi rcconsbruida e tem recebido várirs rrparacoes através do tempo (Vid. El. Mad. 11-213).

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N. S. da Consolagáo (Cauela de)-I), Isabel de Abrcu, conhecida protugonista dum cclebrc episódio de que nos falrm as antigas crónicas madeirenses, (Saud. 197) fundou uma capela dedicada a Nossu Senhora da Consolac%o na freguesia do

Arco da Crlheta, na primeira metade do século XVI, no sitio que hoje chamam as Amoreirrs e onde ha poucos anos se construiu R capeia de Nossa Senhora da Conceicao. N. S. da Consolapío Na esirada dc Levada de Santa Luzia, no pof~toem que é atravessado pelo Caminha da Torrinha, acha-se a capela de Nossa Senhorr d i Consolacao, que já pertenccu á frcguesi~do Monte e que desde o ano de 1676 está encorpotada na paruquia de Santa Luzi.. Foi fundrda em 1646 por Diogo Guerreirs e sua mulher D. Catatina Gomes, tendo sido notavelment~icrescentrda no ano de 1861, Adquirida pelo benemérito industria! Henrique Hinton, em 1936, procedeu nela a urn largo e artístico trabalho de restauraci5o, que a tornou a capelo muis benn ornadar de toda a Diocese,dotando-a tambem cona rtm ric -3 e primoroso vitral, que representa a Virgcm Nossa Sonhnr~,cidra rp seguinte legenda : l u o semper auxilio Adadeina pt-otegatur. Fez cnlocar urn rclogio no campanario da capela e adquiriu belos paramentos para a celebrrcao dos actos religiosos. O frontal do altar principal desta capela 6 um excelente antiga i igrcja do convento de S. Franmosaico pcrtencente ? cisco, e as paredes Iaterais esta0 ornadas com algumas télas do pintor Nicolau Ferreire, que nos fins do século XVIII deixou bastantes qurdros em várias igrejas da Madeira. N. S. da Consolapío (Capela)-Nn sitio do Foro, da freguesiai do Estreito de Camara de Lnbos, encontra-se urna capela diquelr invocacao, mais conhecidai pelo nome de Capela do do Foro, cujr festr patronal, crlebradr em dia de Todos os Santos. costuma atrair uma grande aflueticia de pessoas das freguesias circunvizinhas.

N. S. do Descanso (Capela de)-Cc~m esta invocacio, cncontra-se ns freguesia de Sintr Lusir. A margem do chamado Camínho do Monte e na quint* que tcm o nome de Descanso, uma crpela de inrtituicao vincular, que pertenceu r o morgado Tristau Betencourt da Camara, ignorando-se o nome do seu fundad~re ano da sur construcao.

Desertas (Capela nas 1lhas)-Ncste despretencioso estudo, que vimos claborando hc€rca d i nossa diocese, j i nos ocupi-

mos com algumn largueza, a pag. 14 e so., da chamada Igreja da Ilha Deserta, a que o Intante D. Henrique foz referencia no seu testamento, devendo acrescentur aqui que Henrique Henriques de Noronha, nas suas <Memorias Eclesiasiticas. . m , nos informa que essa mindscula ermida era dedicada a Nossa Senhora da Piedrde. No mes de Setembra de 1930 be inaugurou nr Deserta Grande um pequenino padrao consagrado a Nossn Senhora das Oracas, em cujo pedestal e numa lápida de marmorc bronco se le esta inscricao : ~Virgem Senhora das Grrcrs. A' veneracao e carinho dos fieis pescadores que a estas parigens apurtem Erigido por Ruy Silva. XXXI-VIIIMCMXXX,

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N. S. do Destérro (Capela de)-Na freguesia do Monte, instituiu o cóncgo Jorge Furtado de Sousr, fnlecido nn ano do 1625,uma capela da invocacao de Nossa Senhora do Desterro, legando a piopriedade em que ela f6ra edificada a Confraria de N. S. do Rosario da paroquia de Santa Maria Maior, com o fim dessa irmandade manter a sustentacao do culto da referida capela. Esteve esta na posse de diverscs proprietarios e pertenceu A casa do visconde de Ougucla, sendo recentemenle adquirida pelo dr. Juvenal Henriques de Araujo. Estas inform r ~ 6 e sforam colhidas no 1lArquivo da Historia da Madeira., a pag. 61 do vol. IV. N. S , do Besterro (Capela de)-No sitio da Ribeira G r ~ n de, da freguesia de Mrchico, existiu urna capela ccrm o orago de Nossa Senhorr do Desterro, que foi fundada pelo capitao Mmucl Telo de Menczes no ano de 1661 e que há muito desaparecau

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N . S. do Destérro (Capela de)-No terceiro qurrtel do sé culo XVII, na freguesia do Arco da Calheta, onda chamom o Ledo, fez Rafael Esteves edificar uma capelr, dedicada a Nossa Senhora do Desterro, de que apenas restim algumas ruinas.

N . S . das Dares (Capela de)-No mesmu local em que se achi o cemitbrio das Angustias, existiu um pequeno cemitério destinado ao enterramento dos pobres falecidos no Hospital da Misericordia do Funchail, que ft-4 amplamentc tcrescentrado e adaptado para cemitério municipal no periodo decorrido

1836 a 1838. A capelr que ali se encontra, construida no ano de 1844 e dedicada r N o s s ~Senhora das Dores, foi benzida solenementc pelo blspo diocesrno D. José Xavier de Cerveira e Sousa a 15 de Dezembro do mesmo ano. t

N. S. das Dores-O grandioso edificio do Hospicio da Princesa D. Maria Amelia, embora concluido em 1859. s6 co. mecou a ser aplicado ao fim para que fora destinado no ano de 1862. A bela capela, para uso privativo deste cstabelccimento hospitalar, tem a invocacao de Nossa Senhorq drs Dores, sendo a respectiva e primorosa imagem oferta do infeliz Principc Maximiliano, depois imperedor do Méxito e que ali foi barbaramente fuzilado no ano de 1867.

N. S . das Dores-O cemiterio da freguesid de Santa Cruz. situado no lugar de Santa Catarina, tem tima pequen8 capcla consagrada a Nassa Senhoradas Dores e que foi mandada construir pela respectiva Camira Municipal no ultimo quartel do séculc XIX. N. S. das Dores-No sitio do Espirito Santo, da freguesir de Camrra de Lobos, encontra-se o cemiterio paroquial, com a sur capela privativa, que tcm a invocacao de N. S. das Dores. N.S.da Esperanga-(Capela de)-Era uma das mais antigas cupelas dcsta diocese e ficrva situada na freguesia de Sao Roque, no lugar que rinda hoja conservo este nome. Era multo venerada o sua imagem, tendo sido o centro duma cancorrida romrgrm. Ignora-se o nome do seu fundador e o ano da sui construcao, mas sabe-se que no principio do século XVII o seu proprietario Gancalo de Magalhacs fez dela doacao l Fabrica da Igrejr Paroquial de Sao Roque.

N. S. da Esperanp-No sitio do Vale Formoso, da fregucsia de Santa Luzia, fundou o padre Manuel de Nobrega, no ano de 1744, urna capelr consagrada a Nossa Senhora da Esperanca, que h l muito nao existe. N. S. da Estrela (Capela de)-Joao Goncalves Zarco, na primeira exploracilo que fez através da costa meridional de

ilha, segundo nos informa G4spar Frutuosa (Suud, 69), projectou e planeou a construcao da capela de Nosia Senhora da Esrrcla, na freguesia da Chlheto, qiie fsi edificada por seu gcnro Diogo C~bral,pelos anos de 1479, tendo sido acrescentada e mclhorrda par Rui do Sousa n b ano de 1560. Diogo Cabral era casado com D. Brites ou Beatriz G~ncalvesda Camara, fiIhr do primeiro capitao-donatario do Funchal, e morreu no ano de 1486, senda sepultado na copela da Estrela, de que f6ra o fundador. Como jii ficou dito, foi ncsta capela que se cstabeleceu a séde da freguesia ao ser criada, e ncla permaneceu até á construcao da nuva igreja paroquial (Vid El. Mad 11-213)

N. S. da Estrela (Capela de)-Por um antigo livro de Provlmentos, pertencenle ro arquivo da igrcjr psroquial de Santa Maria Maior, sabemos que no ano de 1632 existia nesta freguqsia urna capelo dedicada a Nossa Scnhora da Estrelr, ignorando-se ourros pormenores referentes a ela. N. S. do Falal (Capelir de) Vid. N. S. da Natlvldade. N. S. de Fdllma (Capela de)-No sitio da Cruz da Caideira, da freguesia de Camara de Lobos, ondc chnmjim o Pico do Galo, encontra-se a capela de Nossa Senhora de Fatima, fiindade com dcnativlis dc,s fieis pelo padre Antonio de Abreu Vieira, que foi solenementc benzida pelo Prelado Diocesrno em 11 de Outubro de 1931. N. S. da Fd. (Cgpela de) -.Ni sur quinta do Ribeiro Seco., da freguesia de S. Martinho, edifisou Mmuel Goncalves Lisboa, no ano de 1668, ump capela com a invocrclc~de Nossa Senhora da Fé. N. S.da Fd (Capela de)-Diogo Dias de Ornelns de Vasconcelos fez construir em &errasvinculadas, de que era administrador, no ano de 1826 e no sitio do Mirante da terro Bntista, da frcguesia do P x t o da Cruz, urna capeli consagrada a Nossa Stnhora da Fé. N. S. da Olorla (Capela de)-Com esta invocacao e no sitio denti! nome, da frcgueiia! do Campanario, existe uma copela instituida no ano de 1599 por Henrique de Bettencourt,

que era pertenca da casa Torre Bela, sendo ha poucos anos restaurada pela ultima condessa deste titulo a restituida ro exercicio de culto.

N. S. da O r a ~ a(Igreja de)-O polaco André Goncalves de Franca teve terras de sesmaria nr futura freguesia do Estreito da Calheta e seu filho Joao de Franca, falecido por 1511, fundou ali uma crpela dedicada r Nossa Senhora & Graca e criou um morgadio, que foi das mais antigas e importantes instituicoes vinculares desta ilhr. Nessa capela estabeleceu-se a séde da f reguesia, quando se deu a sua criacao por meados do século XVI. Foi acrescentada e passou por varias reparacaes até á sur substituicao pelo templo actual, cujr edificrcao se rerlizou no periodo decorrido de 1791 a 1793, lendo-se na sur frontaria esta inscricao: Marfae Potrfs Flllae Matrl Spfrlfus Sanctf Sponsae hoc demplum conaecravlt Aug. Reg. Marfa Prlma suae ploe llberalftatfs regio erario adrnfnlstro. Anno MDCCLXXXXI. A imagem de Nossa Senhora da Grrca, conservada no altar-mór desta igreja, é uma antiga e primorosa escultura em madeira, objecto de especial veneracao e a que Fr. Agostinho de Santa Mrria dedica um capitulo no vol. X do sau Santuarlo Marfano. Foi criado um curato ncsta frcguesia, por alvará regio de -20 de Outubro de 1605. N. S. da Oraca (Igreja de)-A freguesii do Estreito de Camara de Lobos foi criada nos príncipios do século XVI e a que o anotador das .Srudades. fixa o ano de 1509, sendo cstabelecida a sur séde n i pequena crpela de Nossa Senhorr da Grrcr, que ali já existir ha bastantes anos. Por ocrsiao da criacilo da paroquir e no Último qurrtel do século XVII sofrau grandes reparos, dando-selhe uma mrior amplidao. A igreja actual teve uma construcao muito morosa. Ape. srr-de ordenada e realizada a su8 arrematacao no ano de 1692, sómente por meados do século XVIII é que rs respectivas obras prosseguiram eom uma certa actividade. Demoliu-8s entao o antigo templo, ficando de pé a,capela-mór, que rinda por alguns rnos continuou a servit de igreja paroquial. A 3 Fevereiro de 1753 se Irncou e benzeu a primeira pedra, sendo a 18 de Jrneiro de 1756benzida a capela-mór e para elr conduzido

IQREJASE CAPELAS

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o Santissimo Sacramento, continuando depois a construcciío do resto do edificio. Foi esta igrejr sagrada solcnemente pelo prelado D. Joaquim de Menezes e Ataide no ano de 1814. E' das mris rmplas e belas igrejrs d e ~ t adiocese, estando a sua apela-mór decorad8 com uma excelente obra de trlha dourada. A 6 de Novembro de 1829, deu-se nesse templo um horrivel desacato, que causou a maior emocao cm toda r ilha, sendo cinco dos seus autores condenados a pena últiaia e tres a degrcdo perpetuo, camo mais largamente dcixámos narrado a pag. 311 e 374 do vol. 1 . O do Elrrcldarlo Madelrense.

N. S. da O r a ~ a(Capela de)-Em varios lugares se encontra a informacao de que Pedro Alvrres de Almado, pelos anos de 1520, fez construir mas imedEac6es da vila de Santa Cruz urna pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Graca.

N. S. da Oraga (Capela de)-Existe na vila de Machico uma crpcla desta invocracao, que é bastante antiga, ignorando-sc r dpoca em que foi construida. Achando-se muito arruinada, procedcu a respectiva confraria á sur reedificacao no ano de 1750.

N . S. da O r a p (Capela de) Houvc uma antiga capela 11% ilha do Porto Santo, no sitio deste nomc, que trmbem era de antiga construcao e que Manuel Inrcio de Avelzr Brotero, governador da mesmr ilha, tentou reedificar nos principios do primeiro qurrtel do seculo XIX, mas nunci chegou a concluir-se e em breve se transformou num montao de ruinas. Nao seria de acanhadas proporcoes e oferccia a originalidade de ter interiormente r forma octogonai, dizendo-se que pretendia ser a rcproducao minúscula dum cClebre santuario de Italia. N. S. da O r a ~ a(Crpela de)-Ni frcguesia da Sé, sita junto a« Ribeirinho destr cidader, edificou a chantre Domingos de Andrade e Alvarenga urna capela dedica43 a Nossr Senhora da Gracr, sendo de 23 de Dezembro de 1699 a Iicent ca para ser benzida. El. S. de Ouadalupe (1grejrde)-Antonio Teixeira, neto do primeiro capitáo donatario de Machicd Tristao Vaz e que fí-

cou conhecido nos antigos nobiliarios mideirenses pela autonomásia de Rei Pequeno. institulu umn capela dedictda a Nossa Senhara da Piedade, que serviu de séde da freguesia do Potlo da Cruz, quando esta foi criada no ano de 1577. Temmse encontrado algumrs referencias a esta capela com as invocacoes da Vera-Cruz e de Nossa Senhora da Gloria, sendo talvez igualmente conhecidas por esses ncimes ou porventura haveria mudado de orago, como aconteceu com outras igrejas. Parece que a séde da paróquia nao pcrmaneceu al¡ muito tempo, pois se procedeu em fins da século XVI ou princípios do século seguinte á construcaia de outra capeia com .a invocrde Nossa Senhorr de Guadeluue, que plassou per importintes reparacoes nos anos de 1637 e 1688. Proccdeu-se á edificacao dum novo templo ou aquela capela sofreu uma profunda transformacia por meados do século XVIII, sendo a crpela do Santissimo Sacramento construida no ano da 1763. No primeiro qurrtel do século XIX ernpregtrrsm.se diligencias para o levantameuto duma igreja paroquial ccam mais amplas proporc6es, diligencias que nao passoram dsm sirnplcs e lou. vavel projecto. Foi ali criado uor curlat~no ano de 1797

cae

N. S. da Incarnagdo (Igreja de) S-Algures se afirma que Antonio Fernandes t Manuel Rodrigues, moradores no sitio e mris tarde freguesia da Ribeira dr Janela, fundaram ali, pelos anos de 1630, uma pequeno ermida da invocacaa de N. S. da Incarnacao, que uma grande ehciaa dcmoliü nao muitos anos depois da sur construca[o. No ano de 1622, os habitantes drquelrs imediacoes fizeram reedificar cssa ermida ou levantaram urna nova capcla em lugar diferente, o que nao podemos averiguar, tendo sido esta asrescentada e benzida no ano de 1754. Senda pároco lManuel da Silva Pombo e com os valiasos donativos do dr. Jvarl Barbnsa de Matos e Camara e José Teixeira Rebelo, que ernm al¡ pñoprietarios, foi a antiga ermida transformada em capcla-mór e acrescentndo o corpo da actual igrtjr, dando-se p r ~ rterminadas as respectivas obras na ano de 1874. Essa capela tcve capelao privativo e nela foi criado um curato, deoendcntt! da naróquia do Portr Moniz, pelo rlvrrá régio de 4 de Fevereíro de 1733, sendn clevado á citegoria de freguosia autónoma por carta regia de 24 de Julho da 1848.

N. S. da Incarna~do-(Copela de).- O conegr: da Sé do Funchal Hcnrique Calaca de Viveirss (1589-1662) fl?i o fundrdor do curivento de Nossa Senhora da Inicarnrc%o, como fica mais Iargnmenfe referido a prg. 182 c SS. deste ligciro cstudo, aproveitando-se uma capela j4 sli existente, que f3i entao melhorada e zcrescentada, para uso privativo do novo mosteiso. Como 15 sabido, essa fundrcao obedeceu cumprimento do voto que i. conego Celaca fizera de fundar urna casa religiosa cons&gradhá Virgem da Incarnacao, a qukm era multo devotado, se P4lrtugal recuperasse a sua independencia e se libertasse do ji7go astrangeiro. Trabaihando-se agora em todo o país nos pi.eprrativcs para r celebracao do duplo centenário da fundacap e independencia da nossi na~i~malidade, seria bern asada a oc isiaci de proceder-se 4 restuuracao desto capela e da sur restituicao ao exercicio do culto, solenizando-se deste madn na Madeirn iqueles orcontecimenlos gloriosas da ncssa historia ct m urna obra memorave1 e de proveitosa licilo para os contemporaneos e vindourozs. N. S. da Incarna~cio(Cupcla de)-Na freguesir de Sao Goncalo, ana sua quinta de Louros junto á cidadem, fundou Goncrlo Fcrnandes Brandao, urna capels dedicada r Nossa Senhora da Incarna~ao,no ano de 1656.

N. S. da Incarnag¿io (Capela dej-No sitia dta Varrgem, da freguesir (:o Estreito de Ca!r+krade Lobo(, existe urna capralo desta invo :acais edificada no ano de 1671, que era de instiluicia vineul ar, mas coja fundador desconhecemoa .

N S. da lncarnagao (Capela de)-Vid gio (Cape14 de),

h.S. da Anuncia-

N . S. de Jesus (Capela de)-Com o rir me de Nossa Senhora de Jecus. P unica destr invacocao que ternos encontrado resta diocese, fundrbu Joaci Betencourt de Atouguia uma capeIa nc. ztr!o 3:: 1656, nsi freguesia de Sao Martinho, em sitici que ignoramos, segundo nos informa o ilustrti anotador das SOUdades d a Terra. N. S. do L a n ~ o(Capela de)-Encontramos noticias de que na freguesia do Arco da Calheta existiu urna cwpela com este

orago da qual nao conseguimos nbter outrr informa~ao.

N. S. do Livramento (Capelr de)-No sitio que rinda conservs este nome, na freguesir do Cinico, construiu-se urna capela por mcaidos do seculo XVII, que foi centro duma concorrida romrgem e cujlr instituic30 se atribui r Sebastiao de Oliveira, que possuir terras de semrria naqueles sitios. Ha muito que nio existe. N . S. do Llvrarnento (Capela de)-Diogo Pereira de Me. nezes e sur mulher D. Isabel de Menczes fizerrm edificar, nr freguasie drsi Pontr do Snl e em terras de seu morgadio, rrma capelo dedicada a Ncsso Senhorr do Livrrmento no ano de 1656. O actual paroco da Pontn do Sí:¡ padre Vieira Cretano, em interessantes srtigk,s publicados no aJurnrln, sustenta o parecer de que esta capela teria sido fundada pelo padre Mrtias de Aguiar, citandc~ano mesmo tcmpo a informacao, encontrada num antigo livro do arquivo d i freguesir, de que a instituicai, da mesmr crpela poderia porventurr pertencer a esse sacerdote e ro referidic? Diogo Pereirn de Menezes, conjeturrndo-se que este seria proximo parente do padre Matlrs de Aguiar Deram-se graves conflitos entre a rutoridrde eclesisática e os proprietarias desta cspela, que chegou a ficsr interdita para os actos do culto, tendo sido ha poucos anos adquirida pela fabrica da igreja paroquiai e cvitando-se deste modo as antigrs desin teligencias

.

.

N. S. do Llvramentq (Capela de)-A

crpelr destr invoca-

cae, que existe no sitio do mesmo nnme, na freguesia de Nossoi Senhora do Monte, foi edificadr por Inrcio Ferreirr Pinto no ano de 1684, tcndo sido reconstruida um século mais tarde par Jnáo José Betencourt de Freitas, em Oerrrs vinculadrs de que era administrador.

N. S. do Llvrarnento (Crpela de)-O padre Manuel Gomes Girces fundou com este orago urna crpela no .ano de 1685, que se encontra no sitio do Livramento dr freguesia de S. Vicente.

N. S. do Llvramento-A antigr crdeia do Fun~hai, que

ficava na rua ainda hoje conhecida pelo nome de Cadeia VeIha, tinha uma pequena capela consagrsda a Nossa Senhora do Livrrmento, para uso privativo da mesma prisao, desconhecendo-se o ano em que foi construida. N. S. do Lrvramcnto (Igreja de)-A freguesia do Curra1 das Freiras foi desmembrada da de Santo Antonio no ano de 1790 e instalada a sur séde na pequena ermida de Santo Antonio ali existente e que era pertenca do convento de Santa CIara. As religiosas deste mnsteiro f i z e r c ~ a doscao de seis alqueires de terra para a construcao duma igreja c residencia do respectivo pároco, mas essas edificscoes s6 vieram a realizar-se nos principios do seculo XIX, sendo dada ao novo templo o oraga de Nossa Senhora do Livramento. Nele e no presbiterio adjunto procedeu-se a uma graiide rcstauracáo nos anos de 1917 e 1918.

N. S. do Llvramcnto (1greja)-E' a pequena igrejr paroquial dr fraguesia das Achadrs da Cruz, cuja construcao se fez no segundo quartel do seculo XIX, tendo sido acrescentada e restaurada há cerca de sessenta anos com os donativos legados por Manuel dePontes Camara, filho dessa freguesia. Existiu rli urna pequena ermida com a invocacao da Vera-Cruz, que fol séde dum curato dependente da freguesia do Parto Moniz e que teve capelao privativo com residencia permanente no lugar. N. S. do Llvramcnto (Capela de)-Temos encontrado refeSenhora do Livramento, existente rencia r urna capela de NOSEP na freguesia do Estreito de Camsira de Lobos, ignorando-se quaisquer outras circunstancias que Ihe digam respeito.

N . S. Livramento (Capela de)-D. Inacia de Betencourt Perestrelo fez construir no ano de 1860 umr capela dedicada a Nossa Senhora do Livramento na freguesir do Estreito da Calheta . N . S . do Lorcto (Capela de)-Esta capeia, situada n i Lombada do Loreto da freguesia do Arco da Calheta, é das mais antigas desta diocese, datando a sui construcao do primeiro quartel do século XVI, e leve como fundador Pedro Goncrlves

do Camara, ou a viuva deste D.Joana de Eca, que foi camareira-mór da rainha D. Catarina, mulher de D. Joao 3 . O . Foi a séde dum importante morgrdío e anexo a ela existiu uma aoarrtosa casa solarenga. D. Joana de Eca reedificou o convento da Esperan~a,em Lisboa, e dele foi padroeirr, tendo legado a esta mostsiro rr capela do Loreto e muitas terrrs q1.a possuia nr freguesia do Arco da Ca1hct.a. As freiras doquele convento alienaram euses bens, que foram adquiridos.por Francisco Luis Vascoaicelos de Betciicourt, illstituindo nela uma casa vinculrda, que tambem teve ctrmo séde a mesma capela. Esta conserva urna feicao típica e um certs aparato arquitectonico, sendo para lamentar que iim mal adaptado slpendre Ihe prejudicasse a harmonía do conjunto. E' centro duma grande e concorrida rcmagem, aonde acorre m i t o povo, vindo de lugares distantes e especialmente das freguesias circumvizinhas

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N . S. da Luz (1grcjide)-Rodrigo Enes foi um dos antigos colonizadores dr Madeira e fez assentamento no lugar da Ponta do SII por meados do seculo XV, possuindo ali terras de scsmrria. Do scu testamcnbo se deduz que nao foi o fundrdor da rntiga caprla de Nossr Senhora da Luz, mas que apenus instituiu nelv urna capela ou altar dedicado ao Divino Esuirito Santo e destinado a servír-lhe de jazigo. Foi nessa capela da Luz, cuja data da construc%o primitiva se desconhece, que se estrbeleceu a séde da paroquia, ao ser criada no fim do segundo ou principio do terceiro qurrtel do seculo XV.Pissou por importantes reparac¿3es, havendo sido acrescentada e quisi inteiramente reconstruid8 nos primeiros anos do século XVII. Atrrvés do Lempo tem sofrido várias restriura~6ts e ainda no primeiro qurrtel deste século XX se procedeu nela a um notave1 trabalho de pintura artística no tecto e nos altares. A imrgem de Nossa Senh :ra da Luz conservada no altar mór é uma primorosa et;culturr em mndeira e desde séculos que tem sida objecto da maíor veneracao das habitantes da paroquia e ds outrrs freguesirs da Madeira, dedicando-lhe Fr. Agostinho de Santa Maria um capitulo especial no volume X da sua canhecidla obra Santuario Morlano. Tem esta igrejr alguns objectos destinados 80 exercicio do culto dignos do maior apreco, destrcando-se entre eles 8 pia brptismal, que o marques de Jicoma Correia diz ser urna peca unica no genero fabricado .em pó de pedrr e nao em

N . S . da Luz (Igteja de)-Tem esta invocacao a igrrja paroquial de Gaula, que foi mandada construir no ano de 1753. Deu se a ctia~aodesta freguesia pelos anos de 1558, nao se sabendo se a sua séde hrveria sido instalada numa capela de Nossii Scnhorr da Luz jB ali existente ou se esta teria sido construida no tempo em que a paróquia foi criada. Ttm sofrido vaiias reparacoes no decorrer do tempo e no ano 1915 fez-se a construcao do campanario. Possui esta igrejr uma artística cruz de prrta, que figurou na expasic%tide arte ornamental realisada em Lisboa no ano de 1882 c que vcm assim descrita no respectivo catalogo: *Cruz processional de prata dourtda com a imagem de prata bronca, c tendo as extremidades com a forma de flor da liz. Apoia-se numa base hexigonal, representando um castelo, dafendido por seis gigantes com corucheus da cstylo gothicon

k . S. da Luz (Capela de)-Urna das capclas que Iadeiam o altar-mór do majestoso templo de S. Joio Evangelista (Colegio), 6 dedicada a Nossa Senhora da Luz, que etn tcmpos pissados era considerada a padroeira dos estudantes do Funcha) e Ihe consagravam particular devocao, realisando aparatosas solenidades em sur honra.

N. S. d a Madre de Deus (Capela de)-Com esta invocacio e no sitio deste nome da freguesia do Canico, existe um pequeno templo, diz o El. M a d . , de típica edificauo mrnuelina, que ofcrece particular interesse ros que o visitam, em virtude de alguns pormenores de construcao que nelc se encontram. Ignora-se o ano da sus edificocao, mas parece datar da srgunda metade do século XVI, atribuindo-se a sua instituicgo a uma familia de apclido Salvago, que tevc terras de sesmarir naquelas imediac6es

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N. S . da Madre de Deus (Capela de)-Inacio Uzadamor do Rego e sur mulher fizcram construir, em 1705, na sur quanta da freguesia do Estreito de Camara de Lobos, uma capela dedicada ti Nossa Senhora da Madre de Deuñ e ao taumaturgo S. Antoiiio, sendo de 5 de Dezembro daquele ano ilicenca para ser benzida. N. S , da Mdl de Deus - (Capela de)-No

sitio da M

de Deus ou da Corujeira, na freguesia da Tabua, encontra-se uma capela que tem o orago da Mai de Deus, ignorando-se o ano da sur edificacao e o noma do seu instituidor. Arrasada a capela primitiva pelas águas caudalosas da ribeira, foi reconstruida, no ano de 1767, na margem oposta A da sur primeira construcao. N. S. Mdl dos Hom~ns(Capela de)-Na quinta deste nome, pr~priedadcdo visconde de Cacongo, freguesia da Santa Maria Maior, existe uma capela dedicada a Nossa Senhora Mai dos Homens,cujo fundadore ano de construcao ignoramos. N. S. das Maravllhas (Capela de)-No sitio do Passo, da freguesia da Madalena do Mar, cxistiu uma capela desta invocacao, que desapareceu há muitos anos. N. S. das Maravllhas (Capela de)-Diogo Betencourt Correía e sua mulher D. Catarinr da Silva, construiram na quinta das Maravilhas, no sitio destc nomc, freguesia de S. Pedro, uma capela daquela invocacao, no ano da 1657, tendo sido reedificada por D. Mariana da Silva, descendente dos fundadores, no ano de 1736. N. S. das Mevc8s (Capela de)-Como já atr4s se deixou dito, iii construcao do recolhimcnto e da capela anexa de Nossa Senhora das Merces f i c ~ uconcluida no ano de 1643, cm que ali deram entrada as primeiras recolhidas, sendo onzc anos mais tarde transformado num mosteiro de religiosas da ordem seráfica, onde sempre se manteve a mais rigorosa observimcia monástica. Na sua arquitectura, nas suas proporc6cs e nas suas decorac6cs interiores nao passou nunca duma pequana e modesta igreja, mas foi sempre um cenáculo vivo de afervorada piedade, em que as religiosas ucapuchinhas~deram o alto exemplo das mais heroicas virtudes cristas. A casa conventual e a capela sofreram urna importante restauracao por meados do sCculo XVIII. Uma e outra foram demolidas no ano de 1911. (Vid. a pag. 179 deste optisculo).

N . S. das Mercés (Capela de)-No sitio das Florancas da freguesia do Arco da Calhcta, onde chamam o Lombo das Merces, fundaram o capitao Gaspar Homem de El-Re¡ e sur

mulher D. Isrbel Florcnca, no ano de 1650, uma capclr dedicada r Nossr Senhorr das Merces, que era de instituicio vincular e que há muito nao existe. N . S . das Morcés (Crpela de)-No seu aposento da rua dos Moinhos, freguesir de S. Pedro, fundou Gaspar Berenguer de Andrrde uma crpela da invocac%ode Nossa Senhora das Mercds, que foi benzida no ano de 1658. N S. dos Milagres (Capelr de)-O capitao Braz de Frcitrs instituiu urna capela da invocacao de Nossr Senhora dos Milrgres anr sur quinta sita no Caminho de N. S. do Monte. no ano de 1661, que ha muito tia0 existe.

N. S. dos Milagres (Crpela de)-Com o mesmo orago, fez Pedro Ferreirr de Mesquita edificar om 1662 uma cipela a oeste d i vila da Pontr do Sol, sendo de 3 de Dezembro dcsse ano r liccncr para ser bcnzida. H6 bastantes anos que foi demolida.

N. S. de Monserrate (Capelr de)-Na vila da Calheta, levrntou-se umr capelr destr invocacao, que foi instituida por Antonio Piscorl de Lira no ano de 1669. N. J . do Montc (Igreja de)-Adao Goncalves Ferreira, o primeiro homem que nasceu nesta ilha, fez erigir por 1470 uma crpelr nrs terras que possuia dentro dos limites da actual freguesir do Monte e que primitivamente teve o orago de Nossa Senhorr da Incarnrcao, prssrndo depois a chamar-se Nossa Senhora do Monte. Ali se estabelcceu a stde da frcguesir, quando esta foi criada no ano de 1565, sendo demolida ao proceder-se 4 edificrcao do novo templo. A 10 do mes de Junha de 1741 rerlizou-se o Irncamento da primeira pedra ds mrgestosr igreji, dando-se por terminada 8 sur construcao no ano de 1747. O terremoto de 1 de Abril de 1748, que tas grandes prcjuizos causou em toda r ilha, deixou a igrcja bastrnte drnificadri, ficando r exigir imediatas reprraq6es. A falta de recursos, que tornara a edificrcao demorada, tambcm concorreu para que essrs indispensaveis reparacoes se fizessem com grande lentidio, levando alguns anos o seu definitivo rcrbrmcnto. Para esse fim, fizerrm-se vilrios peditórios em

todas as freguesias e o prelado D. Joao do Nascimento instituiu a Confraria dos Escravos de Nossa Senhora do Monte, que despertou grande d e v o ~ i oentra os fieis e cujas receitas tiveram igual aplicacao. Esta igreja foi sagrada pelo bispo D. Joaquim de Menezes a Ataide a 20 de Dezembro de 1818 e 6 um dos nossos mais belos templos, tanto pela sur elegante arquitectura como pela sua decortcao interior. Recebeu recentemente uma notavel restauracao cm alguns dos seus excelentes qurdros a oleo, que Ihe revestem as paredes Iaterais. Dapois da grande aluviao de 9 de Outub-o de 1803, oprelado diocesano, o cabido, clero e fieis colocaram o Funchal sob a especial proteccao de Nossa Senhora do Monte, o que fai confirmado pelo Rescrito Apqstolicrl de Pio VII, de 21 de Julho de 1804, sendo entao instituida a festa do Patrocinio de Nossa Senhora do Monte, celebrada a 9 de Outubro de cada ano, com procissao solene, que da SC Catedral se dirigir á igreja paroquial de Santa Marir Maior, tendo esse dia sido em outto tempo dia santo de preceito, precedido de vigilia propria com jejum. Ainda actualmente o ~reiadodiocesano, rcom. panhado do cabido da SC Catedral, celebra nesse dia missa dc pontifical na igreja de Nossa Senhora do Monta. Nesta igreja encontra-se a sepultura do imperador Carlos de Austria, que faleceu na freguesia do Monte no dia 1 de Abril de 1922. Quem quiser ter uma noticia mais desenvolvida Acerca da freguesia do Monte e da sua bcla e mrjestosa igreja, leia o interessante opásculo Nossa Senhora do Monte Padroelra da llha & Madelta, devidv á pena do padre Jotquim Placido Pereira e publicado no ano de 1914.

N, S. do Monte (Cavela de)-No sitio do Lombo das Tercas da freguesia da Ponta do Sol, fez o povo edificar em 1751 urna capela com a invoca@u de Nossrr Senhora do Monte, que foi melhorada e acrescentada no ano de 1775. No dia 1 de Julho de 1810, praticou-se ali um grande desacato com o arrombamento da capela, tendo os profanrdores colacado a imagem da Santissima Virgem r ccrta distancia da mesma crpela e despojando-a das joias que a adornavam. O caso causou urna grande emncao na freguesia, rcrlizando-se diversos actos de desagrrvo e sendo a imsgem conduzida solenemente da igreja prroquial para a sur capela no dio 6 dE Agosto de 1810.

J~REJAS E

CAPELAS

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N. S . do Monte e Santana (Capela de)-Manuel Rodrigues de Canha fundou, no ano de 1773, urna capela dedicada a Nossa Senhora do Monte e a Santana no sitio do Cuteiro da freguesia dos Canhas, que há muito nao existe. N . S. da Natlvldade (Igreja de)-A antiga igreja paroquial da freguesia de Santa Maria, mais conhecida pelo nome de Nossa Senhora do Cslhau e arrasada pela aluviao de 1803, teva como primitivo orago a Natividrde de Nossa Senhora, embora em alguns lugares venha citada coao a denominacao de Conceicao de Baixo, cm contraposiqao 4 capela d i Conceicao de Cima, que actualmente corresponde á igreja de Santa Clara. Já dela dénios rápida noticia no pequeno artigo sobordinado ao titulo ~NossaSenhora do Calhaun. Quando se transferiu a séde da poroquia para a igreja actual, que era dedicada ao apostolo S. Tiago Menor, principal padroeiro desta dioccse, passou este templo a ter a invocaqao de Nossa Senhora da Natividade, conservando-sa destc modo a tradicao do antigo orage. A esta igreja nos havemos de referir mris de asptco sob a epígrafe de nSao Tiago Menorn.

N. S. da Natlvidade (Igrcja de)-Na freguesia do Faial c na margem esquerda da caudrlosr ribeira que a atravcsssi, levantou-se urna capela dedicada á Natividade de Nossa Senhorr, e nela se cstrbeleceu cm 1550 n séde duma paróquia, a que foi dado um curato n:, ano de 1746. A capela era de acanhadrs dimensoes e foi mais duma vez invadida pela violencia da torrente, estando exposta a ser inteiramento destruida por ela. A 7 de Agosto de 1745 sc lancou r primeira r~edrado novo templo, que ficou sendo suma igrejr ampla e elegante com excelente obra de trlha, destacando-se o altar-mór pela ~primorado gcsto da sua facturas. E' centro duma crrricorridr romrgem com grande afluencia de individuas dc todzs as freguesias da Madeira. E' de particular devocao a imsgem da Slsntissinia Virgem, cc nhecida pelo nome de Senhora do Pairlt que ali se venen?, deiiicandr-lhe Fr. Agostinho de Santa Mnria um capítulo no seu Santuario Mariana. N . S. da Natlvldade (Crpela de)-Na freguesia de, Santa Maria e 4 margem do Caminha dn Palheiro, encontra-se uma capela dedicada 4 Natividade de Nossa Senhora, mais conhe-

cid8 pelo nome de Capela do F~irl,que C bastante antigr e que foi fundada nos fins da século XVI por Zenobio Acciaioli.

N . S . da NazarB (Capela)-Na freguesia de S. Martinho e no sitio que conserva esse nome, encontra-se urna crpela dedicada a Ncssa Senhora da Nazaré, fundada por Martim Vaz no ano de 1627, que além de estar ornada com algumas télas de esmerada frctura tem uma das paredes coberta com um precioso paitiel de azulejos (Vid. Arqulvo Hlstbrlco da Madelra IV-112). N . S. da Nazarc! (Capela de)-Francisco Fernandes de Barras Maciel, em terras de seu morgadio, fez construir, por 1689, uma capela da invocacao de Nossa Senhora da NazarC, no sitio das Paredes da freguesia do Arco da Cilhcta, que o seu descente Antonio Joao Barbosa de Matos e Camarr mandou reedificar no ano de 1830.

N. S. da NazarB (Capela)-No sitio do Caminho Grande e Preces, freguesia de Camara de Lobos, existe a capela de Nossa Senhora da Nazaré, fundada em 1694 por Joao de Bctencourt Henriques e reconstruida pela sur descendente D. Maria do Rosario Henríques no ano de 1751. N . S. das Necessidades (Capela de)-Infarma-nos Henrique Henriques de Noronha nas suas intcressantes Memorias.,. que na freguesia de Sao Pedro existiu uma capela dedicada a Nossn Senhora das Necessidades, sem qualquer outra indicacae icérca do scu fundador, ano cm que foro construida e local cm que se encontrava. N . S . das Neves (Crpela de)-Fica situada nr freguesia de Sao Goncalo, dando o nome ao lugar em que se rcha, e é das mais antigas capelas desta diocese, attibuindo-se a sur funda@ ao antigo pavoador Joio Afonso Mialheiro e su8 mulhrr Catrrina de Si, por meados do século XVI. Foi séde dum curato, dependente da vigararia de Santa Maria Maior, e par 1566 se estabeleceu nela a sede da freguesia de Sao Goncrlrr, servindo de igreja paroquial até os principios do século XVIII, em que se construiu o templo ictutl. No ultimo quarte1 do século XIX, encontrando-se em adiantado estado de

ruina, foi inteiramente restaurada pelo seu entao proprietario JoXo Blandy.

N . S . da Ollvelra (Capela de) Vid. N. S.da Redcncdo e

Mcrcés.

N . S . da Paz (Capcla de).- N a freguesia de Santa Maria Maior, em sitio que ignoramos, levantou o padre Jeronimo da Silva no ano de 1621 uma capela dedicada a Nossa Senhora da Paz, que há muito nao existe.

N. S. da Paz (Capela de)-Na pitoresea freguesia do Monte, a 850 metros de rltitude, ondc chrmam o Terreiro da Luta, fez o padre José Marques Jardim erigir, no ano de 1925, um Monumento a Nossa Senhora da Paz, em que figura urna pr.imorosi estatua cm marmore da Santissima Virgem, tendo nas faces do pedestal uns artísticos baixo-relevos fundidos cm bronze. Ao lado deste monumento, foi edificada uma pequena e interessante capela também dedicada a Nossr Senhora da Paz, em que se celebram os actos do culto. N . S. da Pena (Capela de)--No sitio da Pena, pertencente hoja á freguesia de Santa Luzia e feizendo entao parte da fregucsia do Monte, csnstruiu-se urna capela no ano de 1657, que tova por fundadores Duarte Mendes de Miranda e sur mulher D. Beatriz de Vasconcelos, sendo rcedificadr por seu neto Antonio José Espinola, pouco depois do ano de 1748, cm virtude do terremoto ocorrido nesse ano a ter deixado muito arruinada. N. S. da Penha de Franca (Capela de)-Luis Goncalves Marcador mandou edificar em 1620 uma capela desta invoca$40, na freguesia do Monte, no sitio que rinda hojc conserva este nome. N.S.da Penha de Franca (Capela de) -Na fregueia de S. Pcdro, existea capela de Nossa Senhora da Penha de Franca, que foi fundada cm 1622por Antonio Dantas e reconstruida no ano de 1712. Foi centro duma rntiga romligem, tendo anexa urna pequena casa de romeiros. Por 1818 foi encorporada nos bens nacionais e concedida ii mitra, sendo cntao a pequcna residencia adaptada para casa de campo dos prelados diocesanos.

Ali faleceu em 1841 o conego Augusto Frederico de Castilho, estando acompanhado pelo irmao o grande poeta visconde de Castilho. Nesta residencia habitou durante trinta anos o saudoso bispo D. Manuel Agostinho Barreto, e nela morrtu a 26 de Junho de 1911, estando sepultado no adro da mesma capela. Na revista .A Esporanca*, publicámos uma série de attigos, dando uma noticia desenvolvida acerca da crpela e residencia da Penha de Franca.

N. S. da Penha de Franca (Capela de)-Na freguesia de Santa Cruz, cm sitio que ignoramos, fundou D. Maria do Rosario Arvelos, no ano de 1670, urna capela dedicada a Nossa Senhora da Penhr de Franca, que já há muitos anos nao existe.

N.S. da Penha de F r a n p (Capela de). Na antiga quinta chamada dos Ferreiros, na frcguesia da Calheta, mandou o rnedico Manuel Fernandes Gomes edificar no ano de 1682 uma capela dedicada a Nossa Senhora da Penha de Franca. Tambem encontramos noticias desta capela com o orago dos Santos Cosme e Damiao, parecendo-nos que se trata duma s6 crpcla com essas tres invocacoes. Já nao existe e ficava dentro da área do sitio do Lombo do Salao. N. S. da Penha de Franca.-No sitio da Fozenda, fregue. sia do Faial, existe uma capela desta invocacao, que tem'a singularidade, diz-nos o Dic. Corogr. do Arquip. da bfadelra, de ser cavada num solitario blóco de *cantaría mole., ficando as paredes, o altar e o pórtico talhadrs na pedra e formando uma urna s6 peca. Foi fundada e a 1685 por Antonio Tcixeira Doria, quinto neto do prirneiro donatario de Machico, tendo sido restaurada no ano de 1904 por JüBo Teodoro Figueira, entao seu proprietario .

N,S. do Perpetuo Socorro (Capela de) -Francisco de Freitas Correia fez edificar, no ano de 1924, urna capela dedicada a Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, no sitio da Queirnada da freguesia de Agua de Pena. N . S. da Piedade (Igreja de)-Deve

datar do segundo

quartel do século XV a construcao duma pcqucna capelr na ilha do Porto S8nto dedicrda a Nossa Senhora da Piedadc, ao serem tli inicZadosos tpbalhos d i cr~onizsc~o. Foi primtira. mente servida por um capelio e nela se instrlou a séde da paróquia, criada por meados do citado segundo quartel do século XV. Recebeu varias rcparacoes, até que se procedeu em principios do século XVIII á sua quasi inteira reconstru@o. A primitiva igreja foi varias vezcs saqueada e incendiada por piratas mouros e corsarios franceses, nomeadamente nos anos de 1566, 1600, 1617, 1690 e 1708, cometcndo os asaltantes toda a sorte de excessos e violencias. A capela lateral chamada da Morgadr, que pcrtencia a urna familia Baiao, 6 da edificacao bastante antiga, sendo o resto do edificio de con& truca0 muito posterior áquela. N. S. da Pledade (Igreja de)- Foi na capela de Sio Tiagol existente na futura freguesir dos Canhas, que se instalou a séde da paróquia, quando esta se criou no ano de 1577. Nos principios do século xVII, procedeu-se á construcOo duma capela ou pequena igreja com a invocacao de Nossr Senhorr da Piedadc e para ela mudou r séde da freguesia. Lancou-se a primcira pedra do templo actual a 22 de julho de 1753 e foi solsnemente benzida no tues de Marco de 1756. Nos uitimos tempos, tem esta igreja passado por uma notrvel restauracio nas suas decoracties interiores, alargamento do adro etc. e ainda no ano corrente foi colocrdo um excelente relogio no seu campanario.

N . S . da Pledade Igreja de)-Urbano Lomelino fundou o convento de Nossa Senhora da Piedade, nr freguesia de Santa Cruz, no primeiro quartcl do século XVI, proximamente pelo tempo am que esta localidade foi elevada 4 crtegoria de vila. Eram padroeiros desta igreja e convento os administradores da importante casa vinculada dos Lomelinos, que tinham o seu solar no Funchal na quinta das Cruzas, havendo sempra dispensado a essa casa monastica e ros seus religiosos urna desvelada proteccao. (Vid. a pag. 169 e SS. deste opusculo).

N. S . da Pledade (Copela de)-Vid nas ilhas).

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Desertas (Capela

N . S . da Pledade (Capela de)-Na freguesia do Porto da Cruz, fundou um dos descendentes de Antonio Teixeira o Rei Pequeno uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, .que era das mais antigas da capitania de Machico e de instituicfo vincular. Fci reconstruida cm 1734 por Manuel de Carvalho Valdavesso, administrador 30 morgadio nessa epoca. No ano de 1814 encontrova-se já em estado muito adiantado de ruina. N. S. da Pldade (Capela de). No ponto de convergencia da rua des Pretss e da rur da Carreira, chamado hoje Largo da Igrejinha, existiu uma capela da invocacao de Nossa Senhorr da Piedade, instituida em 1613 por Domingos Rodrigues Garces, que era conhecida pelo nome de Igrejinha e que a Camare Municip~lmandou demolir no ano de 1836 para alargamento daquele local.

N. S. da Pledade (Capela de)-Francisco Alvaro Homem fundou no ano de 1641 uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade na freguesia do Estreito da Calheta, que ha muito nao existe. N. S . da Plcdade (Capela de)-No sitio da Atouguia, onde chomam a Vargem de Baixo, da freguesia da Calheta, existiu uma capela deste invocacio, que foi fondada no ano de 1657 pelo Capitao António Moniz de Menezes e sur mulher D. Catarina de Menezes. IV. S* da Pledade (Capela de)-Na freguesia da Ponta do Sol, no sitio conhecido pelo nome de Jangao, encontra-se uma capela com o mago de Nossa Senhora da Piedadc, fundada em 1670 por Antoriio do Csirvalhal Esmeraldo, reconstruida em 1777 por Francisco de Ornelas de Vasconcelos e restaurada em 1879 por Agostinho de Ornelas de Vasconcelos, sendo benzida neste ultimo ano pelo arcebispo de Goa D. Aires de Ornelas de Vasconcelos, irmao do proprietario. (Vid. o opúsculo A Lomóada dos Esmeraldas na Ilha da Madeira).

N. S . da Piedade (Capela de)-Algures se le que na freguesia da Camacha, onde chamavam o Pereiro, fez o conego da Sé do Funchal Joao de Saldanha edificar uma pequena ca-

pela desta invocacao no ano de 1686 e da qual nao temos outra noticir. N. S. da Piedade (Capela de)-No conhecido Largo das Cruzes, freguesia de Sao Pedro, encontra-se urna capelra dedicada a Nossa Scnhora da Piedade, que foi fundada por Francisco Esmeralda Henriques no ano de 1695.

N. S. da Pfedade (Capela del - Na freguesia do Canica1 e no píncrro duma elcvacao montanhosr sobr~nceira ro mar, encontra-se uma capela do orago de Nossa Senhora da Piedade, que se afirma ser de antiga construciio, mas cujos fundadores e ano da sur fundacao se desconhecem. Ha muito que era pertenca da casa vinculada dos morgados Barretos, que tinham seu solar na Calcada de Sao Gil, na freguesia de Santa Cruz. h. S. da Piedade (Capela de)--No sitio do Farrobo da freguesia de SXo Goncrlo, edificou JoPo Rodrigues da Silva urna capela desta invocrcao no ano de 1726.

N . S. da Pledade (Capela de)-D. Escolástica Lomelino de Vasconcelos, viuva de JoPo de Freitas da Silva, instituiu, na freguesia do Monte, urna cripela dedicada ti Nossa Senhora da Piedade, no ano de 1728. N . S. da Piedode (Capela de)-Na freguesia do Jrirdim do Mar, mrndou em 1736 Joao do Couto Cardoso construir, em tcrris de seu morgrdio, uma capela com o orago de Nossa Senhora da Picdadc, que o seu sucessor Francisco JoPo de Vasconcelos do Couto Cardoso fez reedificar 110 ano da 1825. N. S. da Redade (Capela de)-No ultimo quartel do século XVIII, instituiu o padre M~tiasJorge JeirdBm urna capela dedicada a Nossa Senhora d i Piedade, no sitio da Ilha da freguesia de S. Jorge, que ha muito deixou de existir. N. S . da Pfedade (Capela de)-No sitio do Passo, da frcguesia de S. Vicente, fez o pildre Manuel de Andrade edificar urna capela desta invocaqao no ano de 1784.

N . S. da Piedade (Capela de)-No ano de 1800, fundou o padre Manuel Gon~alves Henriques a capcla consagrada a Nossr Senhora da Piedade, que exista no siti& da Caldeira da freguesia de Camara de Lobos.

N. S . da Pisdade (Cspela de)-No recinto do cemiterio do Lombo das Tercas da freguesia da Ponta do Sol, encontrase a capela do Nossa Senhora da Piedade, mandada edificar pela Camara &íunicipal na segunda metade do sCculo XIX e destinada ao servico religioso privativo do mesmo cemiterio e que 6 de elegante e aprimorada construcao. N , S. d o Piedade (Capela de)-E' destai invocacao a capela existente no cemiterio da freguesia da Cdhetr, construida pela respectiva Camara Municipal, para o servico religioso da mesmo cemiterio, no principio do seculo passado,

N. S. do Pilar (Capela de)-Na quinta e sitio do Pilar, freguesia de S. Martinho, encontra-se urna capela com este orago, que foi mandada construir por Goncilo de Freitas Drumond em 1676, tendo sido reedificada por Antonio Caetano de Aragao e benzida e 19 de Julho de 1876. E' hoje propriedade do dr. Romano de Santa Clara Gomes. N. S. do Pllar (Capela de)-Ficava situada na freguesia de Sao Roque uma capela desta invocacilo, que o terremoto de 1747 deixara muito arruinada. Ignora-se o nome do seu fundador, tendo sido reconstruida no ano de 1750 por D. Joana Francisca de Vasconcelos Frazao, viuva de Diogo de Ornelas Vasconcelos Frazao.

N. S. do Populo (Cape18 de)-Ni freguesia de Santo Antonio e antiga residencia dos jesuitas do sitio do Pico do Cardo, conhecida pelo nome de Quinta das Padres, existe umr pequena copela dedicada a Nossa Senhora do Populo, que deve ter sido construida na segunda metade do seculo XVII. Esteve neste local o beato Inacio de Azevedo, no ano de 1570, na sur passagem para o Brasil, sendo poucos dias depais martirisado com seus trinta e nove ccmpanheiros nas alturas das ilhas Canarias. Havir nesta capelí uma inscricilo lapidar que comemorava esse facto, mtrs que dali foi retirada ha muitos anos.

(Vid. o livro Paroquia de Santo Antonio da Ilha da Madclra).

N. S da Porciuncula (Cagela de)-No terceiro ou último quartel do seculo XVII, cstabeleceram os religiosos franciscanos nr freguesia da Ribeira Brava nutna modesta casa monastica com sur capela dedicada a Nsssa Senhora da Porciuncula. No ano de 1730 fundaram ali uma pequena igrejr em substituicao da antiga ermidri, que conservou a mesma invococgo. Passado urn século, com a expulsao das ordeus religiosas, a igreja e c m conventual ficaram em inteiro abandono e em breve se converteram em montoes de ruinas. N . S, dos Prazcres (Jgreja de)-Quando em 1676 se criou freguesia dos Prazeres, já ali existia hr bastantes anos, no sitio da Estacada, uma crpela dedicada r Nossa Senhora dos Prazeres, onde se instalou a séde da paróquia. A igreja actual, que possou a ter o orago de Nossr Senhora das Neves, foi edificada no ano de 1751, sendo entao demolida a antiga capela. No ano de 1922, sofreu urna notavel modificacao com o seu alargamento, construciio das saacristias e do campanario, além de outros apreciaveis melhoramtntos . 8

N. S. dos Prazeres (Capela de)-
N . S. dos Prazeres (Capela de)-No sitio que charnam os Prszeres e que aproximadamente corresponde ao local em que se encontra o Monte Pelace Hotel, na freguesia do Monte, existiu uoua pequena crpela corn a invocacao de Nossa Senhora dos Prazeres, que deu a nome an lugor, ignorando-se quseisquer o u t r ~ scircunstrncias que Ihe digam respeito. N. S. das Preces (Captla de)-Com esta invocacao e no sitio desta nome, na frcguesia de Camara de Lobos, fundau o padre Francisco da Cunha e Mendonca urna capela no ano de 1683, que rinda existe.

N. S. das Preces (Capela de)-No sitio do Marco, que tomou o nome de Preces, fez o conego Agostinho de Gois e Menezes construir no ano de 1750 urna crpela consagrada a Nossa Senhofa das Preces, que fai reedificada em 1884 por Antonio Tiago da Silvo, seu entao proprietario. N . S. das Preces (Capela de)-No ano da 1768, construiuaa urna cwpela desta invocacao na freguesia da Santo Antonio, no sitio que hoje tem aquele nome e que era de instituicao vincular, sendo s capitá~Rodriga da Costa O seu admhistrador no ano de 1770 e Manuel Joaquim de Franca em 1796. A capela e casa contigua foram inteiramenta reedificadas no ano de 1856.

N. S. da Quietogao (Cspela de). Lourenco da Matos Coutinho e sur mulher D. Mariana de Ornelas de Vasconcelos fundaram, no ano de 1670, uma capela com a invocacao de Nossa Senhora da Quietacao no sitio dos Alecrins da freguesia de Santo Antonio. N. S. dos Remedios (Igreja de)-Dependente da freguesia do Campanario, criou-se um curato na Quinta Grande em 1820, que foi elevado á crtegoria de freguesia autonoma no ano de 1848, sendo as respectivas &des instaladas na capela de Nossa Senhara dos Remedios construida nos principios do seculo XVII. No ultimo quartel do s6culo XIX foi reedificada e ampliada pelo paroco Antonio Rodrigues Denis Henriques. N. S. dos Remedios (Capela de)-Encontra-se uma capela desta invocacao, no sitio do Moreno da freguesia de Santa Cruz, instituida pelo conego Manuel Fcrreira no ano de 1690, que foi encorporada no morgrdio dos Barretos daquela vila.

N. S. 320s Remedios e Amparo (Capela de)-Anexa á casa solarengr! dos antigcs viscondes de SZo J o ~ o ,na rua das Maravilhas &era cidade, fundou o seu actual proprietario dr. Rui Betencourt d í Camarli uma elegante e formosa capela dedicada a Nossa Senhora das Remedios e Amparo, que foi benzida no dia 1 de Jrneiro da ano corrente de 1940.

N.S. da Redcn~doe Mcrcés (CapeIa de)-Informa-nos

o

distinto genealogista conego Fernando de Menrzes Vaz que a capcla existente na roa da Boa Virgew, da freguesia de Sinta Maria Mai?r, geralmente conhecida pelo nome de Nossr Senhora da Oliveirm, 6 dedicada a *Noo;o;aScnhora de Redencari c Merces do C a r m o ~ e teva como fundddor Manuel Gomes de Bulhoes no ano de 1655. O erro, em que alguns teem incorrido, p r o d m do facto de ter havid\; nsquela rur. urna antiga ermida com a invocacao de Nossw Senhora da Oliveirra, que ha muito desapareceu.

N. S. do Rosario (Capela de)-No siti3 do Rosario ou dn Vargem da freguesia de Slo Vicente, encontra-se uma caipcla dedicada r Nossa Senhorr dn Rrsrrlo, que é de antigo construcao, mas tcm sofrido no decorrer do trmpo várias repprmi@es e acrescentamentos, pouco restando da edificucao primitiva. Foi notavelmente ampliada por meados do século passtdo e atribui-se a sua primeira ccnstrucao a urn individuo por nome José Caldeira, dizcndo-se algutes que era de instituicao vincular. N . S. do Rosario (Capela de)-Em ano que nao podemos precisar e no sitio da fregucsia de Santa Cruz, que ainds hoje conserva o nome de Rosiric., fundou André Grncslves urna capeln dedicada a Nossa Senhora do Rnsasio, por meadns do século XVI, que no ano de 1670 era propriedade de Manuel Gomes Mendonca

.

N. 5. do Rasarlo (Capela de)-O capitao Matias de Mendonca e Vasconcelos fez construir no ano de! 1654 urna crpela desta invocacao na vllr de Machico, ande chnmam o Ribeirinho, que foi arrasada pela grande aluviao de 1803. N. S. do Rosario (Capela de)-NI, sitio da Fundom, freguesir de S. Roque, existe a pequena canela de Nossa Scnhcirr do Rosario, que foi fundada no ano de 1668 por Jaao da Paz de Castro.

N, S. do Rosarlo (Igreja de)-Por 1734, criou-se um curato na frcguesia do Jardim do Msr corn séde na capcla de Nossa Senhora do Rosario já a9i existente, que foi intcirsmente reconstruida no ano de1786, O paroco Cesar Martinho Fer-

nandes empreendeu o temerario arrojo de construir um novo templo numr povorcao que contova apenas meio milhar de habitantes e conscguiu rcslisar esse melhoramento I forca dos mais inauditos e6forcos a crnseiras, tendo sido o ?rquítecto, o mestre de cbras, o nrtifice e o operario dessa obra, como pitorescamente mas como inteira verdade infcrrmou um jornal do tempcr. A nova igreja, dedicada a Nossa Sénhr~ra do Rosario como a velha ermida, foi solen~mentebenzida a 19 de Outubro de 1907 pelo bispo D. Manuel Agostinho Barreto. Como já atrás ficou dito contribuiu com os mais valiosos auxilios para C S S ~constru~aoO prt~prietario Francisco Joae de Vasconcelos, representante do antigo morgadio, que tinha al¡ capela e casa solarenga. N. S. do Rosario (Capela de)-Jacinto d i Camara Lomelino comecou a construcao duma caoela dedicada a Nossa Senhora do Rosario na freguesia do Campanario, que foi conclulda por seu filho Antonio Leandro da Camrra Lomelino no ano de 1748, tendo ha muito desaparecido. N. S. do Rosario (Cnpelr de)-No ultimo quartel do séCUI? XVIII fundnu o padre Matias Jorge Jardim, no sitio da Ilha da freguesia de Sao Jorge, urna capela cam a ii~vocrrcao de Nossa do Rosario, que já atrás ficau descrita, por equívoco, com o orago de Nossa Senhora da Piedrde. N. S. do Rosario (Capela de)-Na Quinta da Paz, sitio da Quinta de S%oStlvsdor, existe uma pequena capela dedicada a Nossr Senhora do Rosario. N. S. da Salva~do (Capela de)-Com esta invocacao, edificou-se uma capela, na freguesia do Canico e no ano de 1614, que teve por fundador Francisco Morais de Aguiar e de que aindo restam algumais ruinas no sitio dos Moinhos.

N. S. da Salva~úo(Capela de)-joao Betencourt Henririques e sua mulher D Antonira de Castelo Branccs fundaram uma pequena capela com o orago de Nossa Senhoro da Salvacao, no ano de 1663, que ficava na rur das Fontes, á frcgucsia da Sé.

. N. S. da Saúde (Capela de) Na rua da

Saude, freguesia

de Sao Pedro, existe urna cipelr dedicada r Nossa Senhora d i Síudc, que foi edificada vwlo dr. Pedro Cirdoso Carvaiho de Valdavesso no ano de 1659.

N . S . da Saudt do Monte Olfvette-Informa-nos o inotadw dts Saudade~da Terra que na frrguesir de Santa Mrrii Maior existi~urna capelr desti invocacac, a aual era vertrnca *do morgadid instituido por Pedro ~ o p e dé s ~rsconcclos em 1675i.

N . S . do Socorrs (C~pelade)-Com esta inrocrcao e no sitiu debte nome, existiu urna cipelái n i freguesir .dos Canhis, que foi instituida por J d o Fernandes Linhrres no ano de 1665.

N . S . do Socorro (Cipela de) D . Mrria de Aguiar, viuva de Goncrlo de Farii Leal, fundou urna capela dedicada r Nossa Senhorr do Sccorro na freguesir do Estreito de Crmrrr de L a b ~ s ,em ano que ignoramos. N . S . do Socorro (Capela de)-No sitio da Referta dr freguesii do PI rto da Cruz existe uma capelr dests invocacfo, que primitivamente tcve como orrgo Nossa Senhora de BeIém, descrlnhccendo-se o nome di> seu fundador e ano da sur construcil~~. Pertenceu cio morgrdiu chrmrdo Torresao e foi sCde do vinculo instituido por Manuel Telo Moniz TerresPo no ano de 1713. h. S . do Socorro (Capelr de)-NI freguesir do Canico, junto duma casa de campo de antigo morgrdo e no sitio da Azenhr, enco itrsm-se rinda 8s paredes duma capela de Nossr Senhorr do S'~cnrro,da quai nao ternos outra noticia.

N . S . do Terco (Capela de)-Por 17i0, fez o povo construir uma pequenr capela ccintigur á igrtjr prroqoirl de Michico dedicada 8 Nossr Senhorr do Terco. N . S . do Vale (Ctpeli d..)-Antonio Vogrdo de S tomrior fundou, no sitio d ? V ~ l uFarmnso da freguesii de Sant i Luzir, umr capel* cam r invocq8o de Nossa Senhorr do Vala no ano de 1726.

N. S. dos Varadonros (Capela de)-No largo que ainda hsje coiiserva este nome, levantou-se uma pequena capela no seculo XV, que era das mais antigas da diocese e que tinha como orago a Assuncao da Stntissima Vargem. Quando se procedeu A construcao duma parte da chamada cortina da cidade, ergueu-se ali um aparatoso arco, qne ficou constituindo a entrada nobre da capital desta ilha, e junto a ele, sobra umas pesadas pilastras, se fez reedificar a velha ermida, que j6 entao tinha a invocacaq de N m a Senhora do Monte. O vandalismo iconoclasta da Camara do Funchal mandou demolir, no mes de Abril de 1911, o interessante porta0 e a pequena capela anexa, cc m o pretexto do alargamento daquele local, e m b ~ r ao facto causasse a maior indignacao na grande maiorir dos habitantes da populacao da cidrde. (Vid. El. M a d 11-225) N. S. da Vida (Capcla de)-No sitio da Faja do Mar da freguesia do Arco da Cilheta e debrucrda scbre o mar, encontra-se uma pequena capela ccm a invocrcao de Nossa Senhora da Vida, que foi fundada por D. Ines Teixeira no ano de 1663, tendo sido reedificada na segunda metade do século XIX.

N. S. da Vida (Capela de). Na freguesia de Sao Pedro e mna sur quinta por cima destr cidrde., fez o cauitao Manuel Valente construir, no ano de 1679, uma capela dessr invocrcae, que ha muito desnpareceu. N. S. das Virtudes-(Copela de). N8 quinta e sitio deste nome, freguesia de Sao Martinho, acha-se a cipela de Nossa Senhora das Virtudes, que fui fundada em 1661 por Prancisco de Vasconccies Betencourt, havendo sido reconstruida por mea dos do século passado.

N. S. da Vlslta~do (Crpela de)-No antigo edificio do Hospital da Mi:;ericordia do Funchal, encontrava-se urna belr capela da Visitacao de Nossa Senhora, que tinha urna altar de madeira em primorosa talha dourada, considerado como rimove1 nacionaln, e que cuidadosamente arrecadsdo aguarda a oportunidade de ser reposto numa crpela a construir no actual edificio da Misericordia ros Marmeleiros. Foi edíficada no ano de 1687. N. S-. da Vlsita~áo(Capela de)-Na vila do Porto Santo

.xiste urna capela destr invocrcao, que era pertenca da antigr Misericordia daquela ilha

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N. S. da Vlsltagüo (Cspela de) A Misericordia da vil8 da CrIlieta possui oindr urna crpela dedicada á Visitacao de Ncssr Senhora, que fci ccnstruida no ano de 1844.

N . S . da Vlfórla (Crpela de)-N8 margem esquerda da ribeirr dos Sr.corridos e sitio chatnado da Vitoris, n i freguesia de S. Martinho, enconlra-se umi capelr com aqueja invocecao, que segundo nos informa o ilustre cr:menthdor de Gasprr Frutuoso foi instituida em 1599 por Francisco de Betenceurt ern terrrs de seu morgrdio. Sendo pertenca da casa dos condes de Carvalhsl, fni arrematada em hasta públicl pela firma comercial Freitrs ¿3Mscedo, que quwi intriramtnte rs fez refdificrr, havendo sido benzida no dia 15 de Dezembro de 1873, N . S. da Vltdrla (Capela do)-Em 1661, o morgado Henrique de Figueirdr e Utrr e sua mulher D. Maria Frtnciscr Lomelino instituiram umi capelr dedicada a Nussa Senhora da Vitórir junto da sua casa do campo no sitio dos Marocos da fregtiesia de Machico. que ftsi restaurada por um seu descendente no ano de 1749.

XLI (ContinueqBo)

Nosso' Senhor jesus Cristo (Capela del Vid. Bom Jcsus (Capela do), em Santa Cruz. Rels Magos (Cipela dos Santos)-NI rua do Hospitrl Velh~,freguesia de Santa Marir Mainr, existiu umr rrpela deste orrgo. que era de edificaqio tnuito antigr. Ignoramos se a sur construcao C interior so ano de 1484, em que nrquele local se instalou o hospital da Misericordia do Funchal, mas sabe-se que foi encorporrdr no edificio do mesmo hospitrl e serviu para uso privrtivo dele. Reis Magos(Capel~dos Santos)-No sitia do Lnmbq dos Reis, freguesia do Estreito da Cslhetr, fundrram Francisco Homem de Gouveia e su8 mulhcr D. Irrbel Afonso de Azevedo urna cspela dedicada aos R ~ i sMagos pele s rnc S de 1529, que foi rcedificrda nr primrira metade do sCculo XVIII e rinda se encontra em regular estado de conservrcac?. Nela se encontra um brixo-relevo primorosamente esculturado em tnrdeira, representando as figuras dos Reis Magos. Reis Magos (Capela dos Sintos)- N8 quinta dos Rcis e sitio do mesmo nome. freguesia do Monte, tncontra-se a cipeIr dos Reis Magos fundada por Durrte Mendes de Va~concelos no ano de 1554. Existe rli, informa-nos o mArquivo Histórico da Mideira. (1114) urna interessanta e curiosa imagem,

cujr idtntificrcio nao está rinda rigorosamente feita comc: merece,

Rels Magos (Capela dos Santos) - De construcio bastante antiga cncclrtra-se umr capela destc oragn no sitio dos Reis Magos da freguesia da Ponta Drlgida, que fci recr nstruids no ano de 1778 por Joao de Carvrlhrl Esmerrldo e Camara e scndo ha poocas anos ncivrmente restaurada

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Sontana (Igrrja de)-Jgnorr-se o rno cm que foi canstruida utnr c +pela dctlicedi á bcmaventurada Santilnr, na qual se instslru em 1552 a séde dum curato, t levsdo Q crtegoria de prróquis autónoma pclrs anos de 1588. A actual igrrjr cdificou-se nos ultímcs ancs no réculcl XVII ou nos principios do s6culo scguinte, tendo passado por importantes rcparoc6es em 1734 e sendcl construidos o campanario e a sacristir no ano de 1746. Por meados do século passado fni novamente restaurrda e nos ultirnos rnoo reccbcu este templo notrveii melhfirrmentos nrrs decc r a ~ a e sinteriores o 110s seus rrredr3res. Santana (Capela de)-Francisco Dias cdificou no ano de 1607, na freguesir de Sao Rt~quee no sitio que hoje conserva abtc nomc, umr cnpela desca invecaciio, que acturlmente pertence a Joao dos Reis Pestanr

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Santana (Capela de)-Na freguesia de Machico, o capitao Antonio Vogado Soto Maior e sur mulher D. Cttarina Luisa de Menezes e Vasconcelils fizerarn construir no ano de 1721 uma crpela dedicada 4 bemaventuradr Saiitana

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Sentaaa (Capela de) -NI referida freguesia de M~chicoa cl m a mecma invocrcao. o morgadn Henriqur Figueiroa de Utra e sur mulher D. Francisca de Vasconcelos instituiram uma cspcla no ano da 1756. No sitio de Stntanr, da freguesia de Machico, existe urna capcla com esse oraga que 6 uma das duls capclas que ficrm descritas. Santana (Csprla d ~ ) - N o ano de 1738, instituiu Pantrleao Fcrnsndes urna capela dedicada a Santrria cna sua quinta do Livtamento., 4 freguasia do Monte.

Santona (C*ppIm de) -No sitio da Faja do Penedo, da freguesia da B rventurr, edificou Francisca de Caires umrr capela desta invcc~ca no ano de 1768. l,

Santana (Capela de)-No siti d R beiro Seco, fr. gucsia de SPa Martinho, existe a capcla de Santana fundada no ano de 1780 por Agostinho Pedro de Vasconcelos Teixeira. Senlana (Capela de)-No ano de 1785, instituiu o capitao Pedro Drumrjnd de Va:concelos umr c~peledesta invccrcao, na freguesia do Canico. Santana (Capela de) Odr. Antonio Dionisio da Silva Conde, juiz dos orfPos, fez construir n8 susl quinta da Cruz do CarvaIho, freguesia de Sio Pedro, uma capcla consagrada a Santana, no ano de 1780. Santana (Copela de)-Existiu urna capela destr invocacao na freguesia de Crmara de Lobos, no sitio da Ribeira da Fernanda. Sa~tana(Capela de) Vid. N. S . do Monte e Santana (Cal pela de) Santa Apolinaria (Capela de)-Nas imediacocs do convento franciscano da vila da Calhefa, existiu uma pequena capela dedicada a Santa Apolonia, que era pertenca do mesmo convento. Santa Beatriz (Igrejr de)-A paróquia de Agua de Pcns, criada no ario dc 1560, teve su# séde na ermida de Santa Beatriz e ili permineceu até ri ano de 1749, em que se concluiu a construcio da igrejri actual, cm lugar diferente mas a pequen8 distancia da antiga capela. AtravCs do tcmpo, tem passado por diversas reparacoes

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Santa Bri&¿da (Capela de)-Na freguesia de Sao Pedro e pouco dlstanctada do velho convento das Mercés, ficava uma capeli da inv»c-lcio de Santa Brigida, que tinhr sido fundada no ano da 1668 por Antonio Macicl de Afonseca Cerveira.

Santa Catarina (Crpelr de)-Compartilhamos da opiniao dos que rfirmam, e entre estes o ilustre anotsdsr d i Histdria Insulana, que foi r caprlr de Santa Catarinr o primeiro tcmplo, embora de bcm modestas proporc¿3as, que se levmtou n i Madeira, no proprio local cm que Joao Gonsrlves Z ~ r g ofez o scu primitivo rssentamento aa iniciar os trabrlhos da colonizacao madeirense. Ainda felizmente se encontra de pé, siturda no pequena largo que tem o seu nome, nr freguesir de S. Pedro, sendo bastante para lamentar que estejr votada ao mris completo abandono. Já em outro lugrr deixámas dito que, como todos os edificios que nesta ilha se construiram nos tempos primitivos do povormento, terla sido esta crpela uma edificacao deamadeira, da mris singela arquitectura e despida de toda a decorrqao e ornato, o que sómente deste modo podarir entao ajustrr-se as circunstrncirs ocorrentcs. A pequen8 e primitiva ermidr sofreu varias reconstruc6es e repairos no decorrer dos tempos, sendo r capela actual uma construcao dos fins do seculo XVII. E' no entretanto o único edificio que no Funchal recorda o ficto da descobcrta. Como tal deverá ser religiosamente conservado. N i sur pequenez, na sua modestia e n i sur pobreza, comemorr o inicio das nossrs brilhantes descobertas maritimrs, e prrr os mrdeirenses representa, além do descobrimcnto, o comeco da colonizaqao desie arquipélrgo. O actual edificir~ tem gravada nr cantaria superior do pórtico a data de 1425, que decerto representa o ano da construcao primitiva. Santa Catarina (Crpela de) -N8 visinho ilhr do Porto Santo, no sitio que rinda hoje conserva este nome, existiu umr crpelr deste orago, que era de adificrcao bastante rntiga. Igno; rr-se em que ano foi demolida, mis foi reconstruida dentro do cemitcrio paroquirl na segunda metida do século prssrdo. A rntiga imagem era objecto dr maior venerrcao dos hrbitrntes diquela ilha, e qurndo foi roubida pelos piratas mrrroquinos numi das incursoes que ali fizerrm, procedeu-se ao seu valioso resgrte e foi reposta nr sua primitiva crpeli, segundo consta da tradicao local. Santa Catarina (Cipdr dr)-Diz-nos o erudito comentrdor dis Saudades da Terra que Henrique Alamao fundou urna crpcli da invocactlo de Santa Catrrinr, na futura fraguesia da

Mtdalena do Mar, pouco tcmpo passado depois do ano de 1457.

Santa Catarina (Capela de)-NY fregue~iade Santr Cruz s no sitio c mhecldq pelo nomc de Santr C~tnrinq, fiindou o rntigo povrrador Goncalo de Preitas, no secul,~XV, uma crpela dedicada r Santa Catarina, segundo se le en1 rlguns rntigos ncbiliarír s. Foi reedificada no anc de 1675 p.>r Simao Borrrlho Trvrres, restandrr dela apenas algumas ruinas.

Santa Catarina (Crpela dr) - N ano da 1505 instituiu Rodrigo Enes na freguesir dn Ctlheta uma crpela destr invociciio que deu o nome ao 4rio onde foi construida, teqdo sido rcedificrda no ano de 1667 por Antonio Fernandes Pereira Serrao

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Santa Catarina ('apela de)-Algures se afirma que nh freguesié da Ribeirr B.-avr existiu urna crpelr desta invocacao. Santa C!ara (Igrej a de)- -O primeirn ca pitao-donatario do Funchal J U ~ UGoncalves Zarco fez canstruir a capela dc Nossa Scnhora da Canceicao, conhrcidr ao lempo por Conccicao de Cima, tando seu filho e segundo donatario J d o Goncalves da Camarr fundado juntci dela o convento de Santa Clara nos ultimos anos do século XV. A antigr capela ficou incorpciruda nu nova edifica~ioe passou esta a ser chamada de Santa Clara. A igrejr rciual é construcao dos merdos do sécul 1 XVII, nilo sc clinscrvrndo vestigios da capela primitiva. Joao Ooncaives Zarco, falecido no ano de 1467, foi sepultado j ~ n t odo altar-mór da antiga ermida da Conceicoo por ele fundada, como era privilegio dos prdroeiros, e di continuariam a permanecer os seus restos mortais, qurndo por mardos do sécultj XVII se procedeu acr asrescentamento a re. construcao dar velha capela, que já entiio tinhr o nomc de igre. j a de Santa Clara. Sendo um frcto indubitavel que tevó sepul. tura ncstr igrej j, C nii ciitretrnto duvidoso que se houvesse hito a trasladacao para O túmulo da seu genro Mmim Man. des de Vasconcelos, que ficr situado ao funda da igrejr e junto P O c13.o chrmrdo de b~ixo,e que gerrlment.; se rprcoentr ros visítdntes como o sepulcro que encerra as cinzos do primeiro crpitiio-donatario do Funchrl

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Santa Isabel (Cspelt de)-Anexa ao edificio do hospital da Misericordia da vila de Santa Cruz existe uma pequen8 capela qui se afirma ter a invocacao de Santa Isabel, mas que nos parece ser dedicada ao mlaterio.da visita da Santissima Virgrm a sur píima Santa Isabel, como em geral acontecia com as capelas das antigas Misericordias. O primitivo edificio do hospital foi construido no primeiro quirtel do século XVI e restaurado no século prssado, mas ignoramos a data precisa da ccnsstrucao da capela. Santa Luzla (Igreja de)-Aproximadamente no ponto & convergencia da estr,da da Levada de Santa Luzia com o caminho dos Saltos, construiu-se urna capela dedicada a esta virgem martir nos fins do século XV, que no ano de 1676 serviu de séde á freguosir entao criada corn o nome de Santa Luzia. Abateu-se no primeiro quartel do século XVIII, prs. srndo o servico paroquirl a redisir-se provisoriamente na ígreja do convento da Incrrnacao. A construcao da igreja actual foi dada p i r concluida no ano de 1741, scndo levantada em local bastante afastado da antiga crpels. Foi criado um curato com sede nesta igrejrr no ano de 1745. Santa Marla Madalena (Igreja de) Dizem velhos nobiliar i o ~madeirenses que Henrique Alemao, a quem tinhrm sido dadas terras de sesmaria na futura freguesia da Madalena do Mar, fundou ali urna cap~ladedicada a Santa Maria Madalsna, por meados do século XV, sendo ampliada e r t ~ ~ n S t r ~por id8 Joilo Rodrigues de Freitas no primeiro quartel do século seguinte. Nesta rgrejr encontra-se um be10 qurdro a oleo, representando os desposorios de Sao José corn a Santissima Virgorn, conforme pode ler-se a pag. 177 do vol. 1.O do aArquivo Historico da Madeira~. Santa Marla Madaiena (Capela de) A' margem da estrada que conduz a freguesiri de Santo Antonio e no sitia que tem o nome simplificado de Madalena, encontram-sa ainda as ruinas duma antiga capelr dedicada a Santa Maria Madalenr, cuja construcao deve datar dos mcarfors do século XVI, sendo reedificada no ano de 1684 p 3r José Machado Miranda, que entao passou r ser o seu padroeiro. O livro Paroqula de Santo Anb6nlo insore urna dcsenvolvida noticia Acerca desta capela.

Santa Marla Madalena (Capela de) Ni freguesia do Porto do Moniz, no conhecido sitio dr Santi, existe urna capela da invocaclo de Santa Maria Madalena, que 6 de edificrcao bastante rntiga, tendo sido imvliidm no ano de 1789 e passado rinda posteriormente por outras notaveis rcparacc3es. E' considerada hoje a séde do curato, que teve sur primeira instalacSo nrs-Achadrs da Cruz, por 1676, e que se transferiu para esta capelr do sitio da Santa, quando na povoacao das Achadas foi criada urna pmróquia autónoma no ano de 1837. Tem residencia privativa para o respectivo cura e acht-se nas suas imcdiac6es um cemíteria paroquial. E' centro duma concorrida romagcm, que se realisa no mes de Julho de cada ano. Santa Marla Madalena (Capela de) No sitio das Florencas da freguesia do Arco d i Crlhctt, fundaram Jolo Portes Homcm de El-Rei e sua mulher D. Maria de Sousr uma ciprla dedicada a Santa Maria Madrlena, no ano de 1684, que ha muito nao existe Santo Marla Malor (Igreja de) Vid. N. S. do Calhau (Igreja de) a Sdo Tlago (Igreja de). Saata QuftArla (Igreja de) Por 1731 e no sitio j i entao chamada da Boaventurr, fizeram os habitantes diquelas imediacaes construir uma capela dedicada a Santa QuitCria, onde foi instalado um curato dependente da parnqula da Ponta Delgada no ano da 1732 e elevado 6 categorii de freguesia autónoma no aria de 1836. No ano anterior foi es!a crpela nntavelmente acrescentadi, tendo recebido através do tempo muitos melhoramentas e reparacoes

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Santa Qultbrla (Capela de) Com esta invocacao e no sitio deste nome, da fregucsir de Santo Antonio do Funchal, existiu uma capela fundada por Simao de Nobrega e S ~ u s ano ano de 1727. Santa Quftérla (Capelr de) No sitio da Banda de Além, da freguesia da Madalcna do Mar, fez ) padre Diogo de Freitas construir urna capela dedicada a Santa QuitCria em ano que se ignora.

IOREJAS E CAPELAS

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Santa Rfta de Cassh (Crpelr de) No sito do Arieirg, da freguesia de Sao Mirtinho, fez Joao Marcelo Gomes edificar uma capelo dedicada r Santa Ritr de Cassir, n primeiri desta invocacto que se construiu no Madcirr, tendo ido benzidr pelo Prelado Diocesrno a 15 de Marco de 1934. Santa Teresinha do Menino Jesus ((lapela de) A familia do falecido Conde de Canavial (1829-1902) mrndou coristruir no sitio do Lqmbo, freguesia do Monte, uma bela e inttressrnte capelr com o orago de Santa Teresinha do Menino Jesus, que foi solenemcnte benzida pdo Bisps da Diocese r 1 de Agosto de 1939. Santissima Trlndade (Igreja da) A fregucsia da ti bu^, criada no ano de 1568, teve como séde urna pequenr copela dedicada & Sintissima Trindade, que urna grande aluviao destruiu no terceiro quartel do século XVII. A coiistrucilo da igreji actual fei dada por concluida no uno de 1696 c tem passido por varios melhorrmentlrs e reparrcocs. Santo Amaro (Capela de) É das mris antigas destr diocese e umr das poUcis que rinda restrm do réculo XV 8 capela de Sinto Amaro, que no sitio deste nome existe na freguesia de Santo Antonio do Punchal. Segundo a informacao que nos d i o erudito comentador das Saudodes da Terra foi fundada no ano de 1460 por Oarcia Homem*dcSousr, genrs de Jolo Goncalves Zarco, primeiro crpitao donatario do Funchal. Conjecturamos que tivesse sido reedificada e aFtescenttda nos fins do s6culo XVIl ou principios do sáculo dezoito e recebcu posteriormente varios melhorrmentos importantes. Tem tres altares, nao 6 de icanhrdrs proporcoes e achr-se em bom estado de consarvrcio. Fui am outro tempo centro duma concorridr romrgem. Perttnce á mitra destr diocese. Encontri-se um desenvolvido capitulo Acerca dcstr capelr no livro U A Paroquia de Sinto Antonio da Ilhr da Mrdeirr.. Santo Amaro. (Capeli de) -E' tambem de construcao brstinte antigr r crpelr desta invocacao, de que existem umas vetustas ruinri nr freguesir da Ponta do Sol, havendo sido fundada palo flrmengo Joao Esmerrldo nos fins do século XV. (Vid. o opusculo # A Lombadr,dos Esmeraldas..

Santo Amaro. (Capela de)-NP vila de Santa Cruz, encontra-se uma capcla com a invocacao de Ssnto Amire, mandada construir pelo povo cm ano que se ignora, tendo sido reedificada no ano de 1922. A festi patronal, celebrada s 15 de janeiro, atrai sempre d i uma grande afluencia de pessoas das freguesias circumvizinhas

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Santo Amara. (Igreja de)-Jolo Enes do Couto Cardoso possuiu terras de sesmaria n i futura fregucsia do Paul do Mar e ali fundou r crpela de Santo Amaro, nr primeira metrde do sCcula XVI e nelr se instrlou a séde da prroquia ou dum curato, no ano de 1676. Nao conhecemos a data da construcao da igreja actutl. Santo André Avillno (Capela de)-No ritio do Corvalhal, da freguesia dos Canhas, fizeram o capitao Nuno deFreitas da Silva c sur mulher D. Ana Guiomar de Moura Acciaioli Lo melino edificu no ano de 1776 urna capela dedicada a Santo André Avelino. Numa das paredes interiores, 18-se esta inscricao, ali posta ha poucos anos: ~Oferecidapor Jacinto Fernandes e concluida por José dos Reis e Povos. Santo Antao. (Igreja de)-No sitio que tinha o name de Scixal e que pertencia á fregucsia do Porto Moniz construiu-se uma pequen8 capela dedicada r Santo Antao nos principios do sCculo XVI, onde se instalou a séde da paróquii, quando esta foi criada no ano de 1553. Nao consc?uimos colher quaiquer noticia acerca da 'Ldificwqao do templo, que hoje serve de igreja paroquial

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Santo Antdo. (Igreja de)-A igreja paroquial do Cani~o tem como orrgo o Espirllo Santo c Santo Anláo (Vid. este nome .) Santo Antonio (Capela de) -Vagas e imprecisrls referencias temos encontrado ao humilde e prubissimo cenbbio, que nos tempos primitivos da colonizaciXo macieirense os fradas franciscanos estrbeleceram na margem esquerdr da ribeira de Machico, em sitio que posteriormente se chamou dn Banda da AlCm e que uma grande enchente arrasou e destruíu, perdendo ivida os tres ou quatro religiosos que ali se encontravun.

Conjectura-se que teria sido fundada p e l ~ sanos de 1460 e nele existir uma pequena ermida da invocacao de Santo Antonio, que foi o primeiro oratorio publico, querzestr ilha se levantou em honra do grande taumaturgo portugues (Vid. r p q 173).

Santo Antonio (Igreja de)-A freguesir de Santo Antonio do Funchil foi criada por merdos do sécuto XVI e intalrda a sur sédc na peqoena capela que rli existir dedicada 80 santo do mesmo nome. No primeiro qurrtel do aCculo XVII construiu-se uma igreja com mais amplas proporc¿3cs, sendo entao dem~lidra antiga crpela. Tendo o terremoto de 1748 deixado muito dtnificado esse templo c tornando-se j4 insuficiente para o semprc crescente desenvolvimento da populacio, procedeu-se á edificrcao duma nova e vasta igreja, que 15 r actual, no periodo decoraido de 1783 a 1789. Os campanarios somente toram levantados em 1880, havenda abatido um deles no ano de 1899 devido á sur m4 conatrucao Recentemente (1922-1929) passou por grandes reparrci3es, sendo reconstruidas as torres e realizados outros importantes melhoramentos, em que se dispenderam verbaa superiores a trezentos contos de reis, como mais largamente se pode ver no Iivro A fregussta de Santo Antonio da Ilha da Madtlra.

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Santo Antonio (Capela de)-Das muitas capelas que nesta ilha se ergueram cm honra de Snnto Antonio é umr das mris antigrs a que se construiu no tercnkrl qurrtel do sCculo XVI e que ainda se encontra na freguesir de Santana, no sitio que tomou o nome de Achada de Santo Antonio. Foi reconstruida pelo pova no ano de 1730, nao restando cousa alguma da edificacao primitiva. Santo Antonio (Capela de)-Nos fins do século XVI levrntou-se urna pequena capela na vila da Ponta do Sol dedicada a San. Antonio, que ainda existe e que dove ser a reconse trucio po,r:ial ou total dr rntiga ermida, realisada em era que nao podemos determinar. Santo Antonio (Crpela de)-Na mesma freguesi*, no sitio do Lugar ;ie Baixo, cncontra-sa outra capelr com a invncacao de Santo Antonio, da qurl deixámos dito em outro lugar que teria sida edificada por Joao Esmeralda de Atouguia nos pri-

malros at ss do século XVII e que era pertenca do antigo morgadio do Santo Espirito. Foi demolida e a casa anexa pelos seuti ultimos proprietrrios A. Ciiorgi 6r C.,' fazendo-as substituir por urna execelentc moradia e uma pequena capelr, qrís foi solenemente benzida pelo prelado diocesano D. Manuel Agostinho Barreto no dir 25 de Fevereiro de 1900. (V. o opúsculo A Lombada doi Esmeroldos na Ilha da Madelra. Santo Antonlo (Capcla de)-Na grande propriodrdc do Curra1 das Freiras, hoje freguesia do masmo nome, que desde o ano de 1480 pertenceu ao convento 'de Santa Clara, fizerrm as religiosas construir nr segunda metade do seculo XVII umr capela consagrada ao culto de Santo Antonio. Nela se estabeleceu r sede drquela paróquia, quando foi criada no ano drl 1790, e nela parrnancccu até os principios da século XIX. cm que foi edificada a actual igreja prroquial, dedicada & Nossr Senhora do Livramento. JA cntao se encontrava E rntiga capela em adiantado estado de ruina, tendo dc~aparecidodentro de poucos anos. Santo Anlonlo (Igreja de)-E' ir actual igreja prroquial d i freguesir de Santo Antonio da Serra, que foi reconstruida e muito ampliada nos merdos do século passado, sendo solenemente benzida pelo prelado diocesano D. Manuel Martins Manso a 23 de Agosto de 1857. Existir rli uma capela, edificada pelos anos da 1738 no local onde já anteriormente se encontrava uma pequcna ermida, que drtavr do último quartel c i seculo ~ XVI ou principios do século seguinte, atribuindo-se a sur primitiva instituiclo a Oil de Cuvalho, que faleceu no ano de 1540. Para a reconstruclo da actual igreja e alargamento do seu espacoso adro muito concorreu o subdito norte-8mericano John Howard Match, que por este e por outros servicos foi agraciado com urna medalha de ouro pelo govcrno portugues. (Vid. a pag. 245 deste livro). Sanlo Antonio (Capela de)-A rua que liga o Largo dos Livradores com a travessa do Acipreste tem o nome de Hospital Velho e é tambem chamada de Santo Antonio, por ter ali existido urna crpela destti invocrcao, d t que rinda restam algumas ruinas e que foi fundada por Antonio Teles de Menezes no ano de 1682.

Santo Antonio (Capelr de)-Na freguesir da Ribeira Brrvr fundou Hcnrique Brrndao Henriques de Noronhr, uma crpelr com este orrgo na ano de 1696, gna sur quinta do sitio da Alrg6a., que era conhecidr pelo nomc de Srnto Antonio da Malvasia. Santo Antonio (Crpelr de)-No sitio do Lombo do Srlao, freguesir da Crlhetr, onde chamam o Vale dos Amores, cncontra-se uma pequcna crpelr drquela invocrcao, desconhecendo-se o nome do seu fundador e o ano da sur construfle. Era conhecidr pela denominacao de Santo Antonio dos MiIigras. Santo Antonio (Crpela de)-Ni freguesir da Ponta Delgada, no sitio do Pico. deprrrm-se com rlgumrs ruínas duma antigr capelr dedicada r Santo Antonio. Santo Antonio (Crpela de)-N8 rntigr rur da Lrrrnjeira, encorporrda hoja nr rur do Carmo, existiu umr crpela dedicada a Santo Antonio. que foi demolida no ano de 1836 par4 rlargamento drquele local. Santo Antonio (Clpelr de)-Yid. N . S . da Mde de Deus (Capelr de) Santo Antonio (Crpelr de)-No recinto da Alfrndegr e aplicada r servi~os rduanciros, encontrr se o edificio duma pequenr crpela, que foi mrndrdr construir no ano de 1714 pelo Provedor d i Frzendr dr. Joao de Aguirr, tendo no limirr superior do pórtico r inrcricao latina ad solern sol, que tem dado ansejo 8 diversas interprctac6es. A'cercr destr capelr C interessinte ler-se o que se cncontrr r pag. 180 do vol. 1.e do *Arquivo Histórico da Modeirr., onde se Ihe dá o nome de Srnto Antonio da Mouraria. Santo Antonio (Crpelr de)-No sitio da Portrdr da Santo Antonio, freguesir do Monte, existiu urna pequena ermidr, que era conhecidr pelo nome de Cipelr de Santo Antonio dos Capuchos, ignorando-se outrrs circunstrncirs que Ihe digrm respeito

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Santo Alrtonio (Capela de)-Informa-nos a anotador das Saudadis que Tristifo de Franca Betcncourt fundou no ano de 1727 i crpela de Santo Antonio, da Mourrria, nr freguesia do

Monte, que julgamos ser a que ali existe no sitio da Penhr de Pranqa, havendo sido restaurada por Manuel de Oliveira e benzida r 26 de Maio de 1878.

Santo Antonio (Capda de)-N8 vila de Machico, nao muito distancirda dr capela do Senhor dos Milagres, edificou-se n i primeira metrde do s6culo XVIIl uma ermida dedicada a Santo Antonlo, que rinda estrva de p6 por mesdos do stculo passado

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Santo AaConio (Capela de)-Existiu uma crpela deste arago na frcguesia do Arco da Calhetr, fundada pr>r Antonio Espranger da Caman no ano da 1724. Santo Antonio (Capela de)-No sitio da Tcrrr do Baptista, fregucsia do Porto da Cruz, adificou-se pelos rnus de 1760 uma crpeli dedicada 8 Santo Antonio, que pertenceu 4 antigr familia Nanes Caldeirr dessr paroquia

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Saato Antonio (Capelo de)-D. Jos6 de Brito, nr sur quinta da fruguesir do Estreito de Comira de Lr~bos,mandou construir uma capala da invocicao de Santo Antonio, que foi banzida a 25 de Junho de 1780. Santo Atatonlo (Capela de)-E', por ordum cronologici da ftmdi~ao,a terceirr capela deste orago existente na frógua. sir da Ponta do Sol, ficindo situada no Lombo das Adegrs. Era primitivamente um oratorio interior de habikcao, que em 1853 sa tnnsformou em capela publica, tendo sido benzida r 13 de junho bo mesmo ano. Santo Antonio (Capela de)-No sitio &o Pomar, freguesia da s Quinta Grande, fundou o padre Antonio Silvino G o n ~ ~ l v ede Andrade, no ano de 1884 e junto da casa de sur residencia, urna capala consigrada a Santo Antonio, que C hoje propriedrde do dr. Joao Francisco & Almada. Santo Espirlto (Capela do)-Pica

situada nr Lombada Qs

Esmerrldos dr freguasii da Pontr do Sol a é x-capela miis importante destr diocese, nao somante pela relativa crprcidrde e preciosos objectos artisticos que encerrr como trmbem palas racordacots historicas que andrm a ela inteirrmente ligadas. A'cercii deli encontra-se umr desenvolvidr noticia no opusculo da no-sa rutoria ií~tituladrA Lombada dos Esmeraldos no llha da Madelra, em que procurámos frzer r historia dos morgadios que ali tiverrm r sua sCdc a r descric00 suma. rir das cat,rs e crpelas que pertcncerrm 8 essas instituicoes vinculares. O flrmengo Jo%aEsmerildo fez rli assentimento a entregou-se r umr larga exploracao agricolr e i o activo frbri co do rqcar, tendo fundadc, urna crpela nos principios do século XVI dedicada 80 Divino Espirito Santo sob 8 designaclo de Sint.3 Espirito. que fni sagrada pelo bispo D. Jo%oLobo a 27 de Agosto de 1508, conforme a inscricao lapidar que sa 16 numa das surs paredes interiores. Passados dais séculos, o oitavo administrador do morgrdis Crislovao Esmerrldo de Atouguia c Crmsra fez demolir r velha capel : e procedeu A construclo da novo igreja, que ficou concluida no ano de 1720, imprimindo-lhe umr desusada magnificencia e rprrrto, que nao se hrrmonisavrm bem com as dcsfav~raveis condicoes do mcio Os sucesscires nd administracao vincular nlo descurrram o saicessiwo rformosermento do templo, tornando-o em breva um pequeno museu de arte, como já alguam chamou r essa rica e interessante cipelr. Tcve sempre capelao privativo mrntido pelos intigos afiministradores da casa vinculada r que ela pertencir a ainda pelos seas uitimus proprictrrios. Pertencc hoje 4 mitra destr diocese, palo disposto no decreto ii,O 19268 da 24 de Janeiro de 1931.

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Santos Cosme e Dami60 (Cipela de)-E' r mesma que está descrita sob o nome de N. S. da Peaha de F r a n ~ a(CrIhetr). Sao Bartolomeu (Capelo de)-A psg. 189 daste astudo, flcou exrrrdo uma pc:quanu noticio &cerca dcstr crpelr (Vid. El. Mrd 11 436).

Sdo Bento (Igrejr de)- No segundo quartel do século XV constsuiu-se nr futura freguesii da Ribeira Brava uma pequcoa

cipela com a invocacao de S. Banto, que logo ttve seu capelio privativo e onde se cstabeleceu a séde da paróquir, ao ser criada pelos anos de 1440. Desta cipela e dr igreja, que no mesmo local se erigiu posteriormente, démos já noticia r prg. 29 deste opusculo, para onde remetennos o leitor.

Sdo Bernardino (Capelr de)-Acerca desh. crpela e db convento que lhe ficavi anexo, Ieir-se o que se' encontta a pag. 167 e SS. Sdo Brds (Igreja de)-E' a igreja prroquial da freguesia do C3mpan~rio.Vid. a pig 137 e SS. Sáo Brás (Igrrjr de)-E' a igreja paroquial da freguaia do Arco da Crlheta. Vid. a pag. 151 e ss. S& Caetano (Capela de) - No sitio dr> Lombn das Tergas, da freguesia da Pontr do Sal, nohlugar conhecido pelo nome de San Caetano, existiu urna cap&la dltssn i n v o c ~ ~ aque o , foi fundada no ano de 1780 por Antonio de Carvalhal Esrner'rldo de Alcncastre e sur mulher D. Josefa Jacint ~BetencourtCorreia Henriques

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Sdo Candido (Capela de) O cóncgo Francisco Cendido Correia Henriques fez construir no ano de 1732 urna cepela dedicada a Sfo Candido na fregucsir de Camard de Labos, que ficavr no sitio d i Ponte da Rdcha e da qurl s6 resta' util montfo de ruinas.

Sdo Cristovúo (Capela de)-Com esta invocacPo e n6' sitio do mesmo ncme. d i freguesir da Boaventura, existiu uma capela de construcio bastante antiga, que fol de&d%da no ana de 1748 e que'eentao ficavP dentr@d i área da freguesia da Po&# Delgada. Sdo Cr¿stov&v(Capelr de)-No ano de 1692 e por diwosi#o Xestrmentaria de Cristavao Moniz de Meiicres, edificou-se r capela que existe nr freguesia de Machico no sitM que conserva rquele nome. S80 Felipe (Ctpela de)-No

sitio da Quinta do Leme, fre-

guesir de Santo Antoqio, levanta-se r capalr de SIo Felipe, que foi mandagi construir por Antonio de Lcmc epi 1536 e reedificada no ano 1654 par Inrcio da Camara Leme. Deixando-a muito arruinada o terremoto de 1748, fez recoiistrui-Ir Frpncisco Aurelio da Camara Lcme no ,#no .de 1752. Esta ca . pela 6 dedicada a Slo Felipe, um dos vinte e seis martires do Japao, que r Igreja comcmorr no dir 5 de Fqvereiro, a alto r o Apostalo Sao Filipe como algures se 12. (Vid. bParóquia de Santo Antonio da Ilhi da Mrdeirr.. Sdo Felipe (Capcla de) Felipe Gentil de Limoges foi o fundador da capela dqsa invocrcao, qpe ;se erlcantra na freguesia de Santa Mqia Maior, ao sitio que rinda cpnserva o noqc de SIo Felipe. Copstruidr ern 1562, ach8va-se cm estado adirntrdo da ruina, qqando foi restaurada pela sur prpprietmrir,a condessa de Torre Qpla e bcnzidr pelo prelado.,diocesano r 13 de Abril de 1925. Nelr se encontrr uma Iipide tumular com esta esfranhr inscricao; rSepuJturr dos brcentes que tirinimente rnataram na Achab e s t a cidrde 16120, que se refere ao crime praticado pela amrfdos expostas dessr época, 8 qual racebendo as cy,bpcas as matavr e entcrravr no sitio da Acha*, sendo rs.respecti~asasvadas sepultrJirs rlgnps anos mris tarde no pavimento desta capala e cobertrs com iquela @cr sepulcrrl. Sdo Fernando (Crpela de) No sitio deste nomc, nr vila de Santa Cruz, edificou-se urna capela com esta invocaqao, que hr mujto qlto existe, descpnhecendo-se outras circun~trnc@sque Ihe digrm respeito. Sdo Francisco d s Assls (Igrejr de)-Era r bela e vasta igreji do conyenb de Sao Francisco, situado no local ande hoje se encontra o Jardim Municipal e da quil jA e m o s desenvolvidr noticia 8 prg. 163 e SS deste livro.

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S o Prawisco de &sis (Capela de) -Desta clapela do conS&oFrancisco da C~lheta&eenc~ntrr trmbem notivento cia a prg. 171 e SS. do IWro referwo.

Sáo Francisco de Assis (Copela de)-No ano de 1697 O eonego Pcdro C~rrcia Barbosa m d o u edificar urna cr-

pela desta invocacao na freguesia de Sao Pedro, no comeco do Caminho de Santo António, que ficou canhecidapelo nome de Sao Francisco das Furnas. Sáo Francisco de Assis (Capel* de)- Na #quinta do Tib, freguesia & Snt~taLuzir, mandou Antonia Vieira de Andrade edificar em !675 urna capela dedicada a SPo Francisco de Assis, que Francisco da Andrade, neto do instituidor, fez reconstruir no ano de 1741 dentro da mesma quinta, mas em local diferente da primitiva capcla. Sdo Francisco de Borja (Capela de)-Era da invocacao de S. Francisco de Borja e nas de Sao Francisca Xavier, como se 16 nas aSaudades da Terras, a capels que existiu no sitio da Cruz da Guarda, fraguesia do Porto da Cruz, fundada por Francisco de Vasconcelos no ano de 1760. Süo Francisco Xavler (Capela de) --No sitio do Estreito, da freguesia de Santa Cruz, fez D. Maria Manuel de Menezes cnnstruir no ano de 1684 uma cipela dedicada a Sáo Francisco Xavier, que um grande vendaval do ano de 1850 abatcu e reduziu r um m o n t a ~de escombros, achando-se já entilo bastante arruinada. Sdo Francisco Xavler (Capela de)-No ano de 1693, mandou Mrnnel da Silva Pinheiro edificar no sitio do Lombo do Salgo da freguesia da Calheta, onde chamaa o Cadeado, urna capela da invocacao de SPo Francisco Xavier, que ainda existe. Sdo 011 (Capela de)-No sitio destc nome e com este oragol fundou Antonio Alvaro de Carvalho, nn frcguesia de Santa Cruz, uma capela por meados do século XVII, que ha muito desapareceu

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Sdo Oongalo (Igreja de)-Na antigr? capela de Nossl Senhora das Neves estabeleceu-se em 1566 um curato, depandente da freguesia de Santa Maria Maior, que no ano de 1574 foi elevado á categoria de paróquia autónoma com séde na mesma copela. Ignoramos a 6poca precisa em que esta freguesiw passou a ter o noma de Sito Goncalo. A igrcjr actual comecou a ser construida no principio do s6culo XVIII e no último quar-

te1 do século passado fizeram-se ncla notaveis reparacaes. Süo Oregorfo (Capcla de)-Na .Quinta d i Conceicao~, freguesia de Santa Luzia, fundou Rodrigo da Costa e Almeida, no ano de 1741, umm crpelr com i invocrctío de SHo Clregorio. Süo Joüo Baptlsta (Capela de)-A crpela de Sao Jcao da Ribeira, assim chamada por ficar situada na mrrgem e a montante duma linhr de agua, era das mais antigis desti diocese e Ecria sido fundada, bem como o modesto cenobio franciscano que lhe estava anexo, ao iniciarem-se os primeiros trabalhos da colonizacHn madcirensr, emborn nao conserve cousa algumi da primitiva edificqtín. Tinha rcanhadas proporc6cs e no principio do s6culo XVIII foi dcstruida pelas aguas impetuosas da corrente. Procederam sem demora á sua reconstrucao em lugar mais seguro, a no de 1780 foi acrescentada e cnnstruiram-se os nltares Iaterais, passando entIo por umn notrvel restrurocfo. Por merdos do século prssado cncontravr-se muito arruinada, tcndo os devotos Antonio Ferreira Nogueira e Manuel Ferreira Jardim mandado realizar importatites obras de reparacan e restituido a apela ao exercicio do culto. Foi em outro tempo o centro duma grande romagem, a que acorriam pessoas de todas as freguesirs da ilha.

Sáo Joáo Baptlsta (Capela de)-O Cistelo do Pico ou de SHo Jliao Baptista foi construido no periodo decorriao de 1622 a 1640, conjecturando-se que r pcqucnn crpela ali existente e dedicada ao Santo Percursor tivesse sido edificada por essr época. Sáo loán Bapttsta (CapeI~de)-No sitio do Lombo de SHo Joao, freguesir da Ponta do $01, encontra-se umi crpcla dedicada a Sao Joao Bapt~str,cuja construcao deve datar da segunda metade do século XVII. Diogo Berenguer de Franca, que tinha sidri agraciado com a mcrce de visconde de Sao Joao no ano de 1871, era o proprietrrio deste sitio e capela, que Ihe serviram pira justificar a cnnccssio daquele titulo nobiIiárquico . SGo Joáo Baptlsta (Cipcla de)-Com este orago e sitio do mcsmo nome, na fraguesia da Ribeira Brava, exista uma capela,

cujo fundador e ano de cot~strucao#se qdesconhecem, mas sabe-se que foi reedificada pelo alferes Tomé Joao Pimenta, descendente dos instituidores, no ano de 1750.

SÜo JoÜo Baptlsta (Capela dm)-Nq ano de !651 fundou Manuel Figueiror uma crpclii desta irivocrc%o tio sitio do Lombo du D :utnr da frrguesia d. Calhet ., que foi reconstruida cm 1770 por D. Guiumgr Quiteria Betancourt de Atouguia, descendente do instituidor. SÚo JoÚo Baptlsta (Crpelr de)-Houve uma pequcna capela deste orago, na freguesia lle Srntanr, fundada no ano da 1668 pelo chantre Domingos Goncalves de Alvnrengr. S o Jodo Baptista (Cipela de) -No sitio do Serrado d i Adegr, freguesia de Camara de Lobos, fundrrrm Antonio Correir Henriques e sua mulher D. Mrria da Camara, no ano de 1700, uma capela dedicada a Sao Joao Baptista. SÚo Joáo Baptlsta (Crpela de) -O padre Joáo Bette~icourt da Camrta fez edificar nr freguesio d. Catnpanrrio, no ano do 1728, urna capela deste orago, no sitio que tomou o nome de Slo Joao. Sáo Joáo Baptlsta (Cipela de) O 8ntig.b Paco Episcoprl, onde actualmente funciona o liceu, foi construido no periodo decorrido de 1748 a 1751 e a capelr iriterior que ncle se encontrava tinha Sao Joao Baptista como orrgo, transferindo-se ha poucos anos o sau belo altar prra a crpela do Manicomio Camara Pestana . Sáo /o50 Baptlsta (Igreja de)-A frcqutsie da Faja da Ovelha ioi criada por meados do sCculo XVI e instalada a sur sede na capelr de S. Lourenco, que ~ i n d aexiste. Passados dois séculos edificou-se uma nova igrejr parnquial, que prssou a ter como orago o S.pr1t3 Percursor e que se deu como conclulda pelos anos de 1750. Sáo joáo Baptlsta-Na conhecida Quititi do Palheiro exis~ serte urna capela destt itivocac%i>,que n a ~está ~ p l i c a dao vico do culto, cujr coastrucao data do prineiroo qurrtel do

século XIX e teve por instituidor Joao de Crrvalhrl Esmerrldo de At~uguiaBetencourt S& Machado, que foi o primciro conde de Carvalhal. Sdo lodo Bapdlsta e Jantana-NQ sitio do Trrpicbe,. frcguesia de Santi) Antonio, fez o morgrdo Joao Antonio dc Gouveir Rego edificar nr sua quinta uma crpelr dedicada 8 Sao Joao e Srntana, tcndo sido benzidn no dir 14 de Agosto de 1814. Foi demolida no ano de 1932, Súo Jodo de Deus (Crpelr de)-Os irmlos dr Ordam de Sao Joao de Dcus instalaram-se n t s casas do Trapiche cm 1922 e no ano imedirto receberam os primeiros doentes atacados do alicnacao mental. Psrr os seus serricos religiosos rprovcitrrrm a pcquena c~pelarli existente dcdicrdr r S. Joao e Smtana e fundada no ano de 1814. Com r construcao dum novo piviihh, fizerrim em 1932 n transferencia desta crpela para outro loctll e a que derairn s invocrcas de Sao Joao do Deus. Senda ests! de rcrnhrdas proporcoes, empreenderrm r d f i c r cae dum templo de mais vasta capacidrde, o que conseguirrm realisar dentro de poucos anos, rbrindo-se r novr igrejr, que é dedicada ro fundrd~rd i ardem Silío JoPo de Dcus, ao servico do publico no ano de 1936. Sdo Jado Evangelista (Igrejr de)-E' o igrejr vulgrrmentc conhecidri pela tiome de Igreja do Colegio, da qual já démos breve noticia r pag. 191 e SS. dcste estudo. Sdo ja&o de LatrBo (Capela de)-No primtiro quwtel do seculo XVI, instituiu Nuna Fernrnder; Cardoso na freguasii de Gauln, cm terrrs do seu mhrgadio, uma crpelr com a invocacgo da SPo JoPo de LatrPio. Em 1806 ichrva-se em estrdn rdirntado de ruina, tendo nesse ano Jsao José Crrdoso da Vaseoncelos, administrador da casa vinculada r que elr pertencia, requerido licencr crnonicr para a reconstruir, o que nao chegou r realisar-se, hrvendo sido damolidr ha cerca de qurrenta anos. Sdo Jodo Nepomuceno (Crpelr de)- Joao Nepomuceno da Freitas' Lid, membrrl dr antiga familin Lial que possuir vistas terror nr freguesia do Porto da Cruz, fundou ali urna crpelr

com aquela invocaciio, no sitio dos Liais, no ano de 1770. Süo Jorge (¡groja do) -Vid.

a pag. 132 e s. deste livro.

Sao /osd (Capela de) -Ni vila de Santa Cruz existiu urna capela da invocrcao de Sao José, ig,iortnd~-se ano da sur fundacao e o nomo do scu instituidor. \)

Süo josb (Capelr de)-Existiu nr freguesir da Calhcta, no sitio do Lornbo d-i Doutor, urna capcla consagrada a Sao José, cujo ano de construcio e nome do fundador se descunhecem, mas foi reodificrda no ano cie 1776 por Franci~co Agostinho de Figuciroa e Vasconcelos, sucassor na adainistracao vincular do instituidor da mesma capela. Süo /o& (Capela de)-Esteva0 da Betencourt Perestrelo e sur mulher D. Mariana de Vasconcelos fizaram edificar uma pequena capela dcsta invocacao, na ilha do Porto Sinto,no ano de 1684. Süo losd (Capcla de)-No sitio do Lugar, fregucsia da Ribeira Brrva, construiu o capitao Luis Goacalves dr Silva urna capala dedicada a S. José no ano de 1710. 5do JosL (Capela de)-No ano de 1730 o P ~ d r e Antonio Franco instituiu a capelo dc Sao José na fceguesia de Machico. Süo Josb (1grejade)-A freguesia do Arco do Sao Jorge, 80 ser crirdr no ano de 1676, instalou-se a sua séde na pequena capela de Nossa Senhora da Picdade, tendo-se construido urna novr igrejt dediciila ao patrirrca 5ao José, que foi benzida a 19 de Marco de 1744. Sdo /os& (Capda de)-Houve urna capela dcsta invcicacilo na freguesia do Porto Moniz, que teve urna prccária existencia, pois que, sendo fundada no ano de 1899 por Clemente de Freitas da Silva, já estrva desprovida de todos os ornatos proprios dum templo catolico nos fins do primeiro quartel deste século.

S. josd (Capola do)-No

sitio do Vale da Bica, freguesia

da Calheta, mandou o dr. ~ ~ n u dos e l Prssos Frcitas, no ano de 1915 s junta das casas da sur residencia, construir urna crpela dedicada ao patriarca Sal. J~bsé.

Sárl /ost (Capela de) Nn pitoresco sitio da Achadi da fregutsie da Camacha, cnc.lntrr-se uma eevpela desta invocacao, fundada no an. de 1922 p jr iniciativa de José Ferreira de Nobrega, a quem uma morte prematura nio permitiu r inteira ccinc1usá;~jdela, havcndcl sido benzida no dia 19 de Marco de 1924. 1

Sao Lazaro (Capela de) -No primeiro quartel do século XVI instituiu Jr ao A f u n s ~Ercudeiro, n i freguesia dc Santa Cruz, uma capela com a invocrcao de Sao L,lzaro. Sao Lazaro (Capela de) No actual edificio da cadcia comarca do Funchal, que era a antigr grfaria ou casa dos lazaros, existe ainda w capela destinada ao servico privativo desse estabelccimento huspitalrr, cuji cnnstruccao data dos fins do sCculo XVIi e que era dedicadre so btmavcnturado Saa Lazaro. S ~ Lourengo O (Capelss de)-Cam esta invocacao e no sitio que ainda hoje cnnscrva esta nomc, cdifrcou-se na freg1:esia da Faja da Ovzlha u m ~crpelr ; nos fins do século XV ou principios do século seguinke, e nela se estwbeleceu r sCde da paróquia quando esta foi creada ~ 2 1 s- anos de 1570, e rli permancceu até meridcrs d c ~S ~ C U I XVIII, I~ acr construir-se a novn igrejk paroquial de Sa i ao B ptista A copela actual de Sao L w renc . é umr reconstruc%o da rantigi ermida . JI

Sao Louresp' (Igrej L de) -Antes da crcacao da freguesia da Camrcha, Fdancisco G:~nsaives Srlgado fundou ali urna pequena capela no anri de 1674 dedicada a S. Lourenco e nela se estabeleceu a séde dr freguesia no ano de 1676. A actual igrej, pgroquial, levanteda ern sitio diferente daquela capelo, reedificada no ano foi co.ictruidat ern 1783 .?1784 ~~parcialmcnte de 1886 hrvcndo sido notrvelmente restaurada nos ultimos dais decenios. Sáo Lourengo (Carpelw de)-Na antiga fortaleza e actual recinto do P ~ l i c i ode Sa-r L urenco, existiu uma capela dedicada r esta santo martir, que foi construida por 1635 e que poste-

rirrmente r essa épocr se destinava ao uso especial dos governrdores e capitaes generais do arquipélago, sendo para d a criado um capelao privativo pelo slrará régio de 15 de Ncvttnbro de 1641. (Vid. cSrudrdcs~r prg. 619). Sao Liris (Capelr d.)-Do velho palacio das bispos, construido nos ultimos anos do século XVI, reskam apenas uma especie de antigo claustro e a crpcla da Sao Luís de Tolasr, há muitc profanbda e que recentemente prssou por urna grana ~ , do ser aplicada a uma das dependencias de r e s t r ~ r . ~ cafim dn Drr jectado muscu de arte. Teve como fundador no ano ds 1600, o preladn diccesano D. Luís Figueiredo de Lemos, que ali foi sepultado nn tt.29 de novembro de 1608, fazendo-se r traslrdaclo dos seus desp! jos mortais para r Sé Catedral no ano de 1903. O que prssou r chamar se Paco Novo, ondc presentemente funcionr o liceu do Funchrl, f r i adificido no p c r i ~ d odecorrido de 1748 a 1751 e serviu de pacn episcopal : $6 o ano de 1911. (Vid fiDirrio d8 Madeirr. de 26 de Pcvrteiro de 1925. '

Sao Luís (Capela de)-No sitio da Diferencr, da frcguesia do Frinl, existiu umx capela crim esta invocac80, que fni fun-

dad8 por Manuel de Carvalho Vrldiivesso e sur rnulher D. Mr;ir de Vasconcelos dc Franca e Noronha no ano de 1725.

Slc! Luis (('apela dc)-Nrs imedirci3es da igreja piroquiil de Santa Luzia, existiu umri pequen8 ermida dedicada a S. Lliís, que deu o norne ao sitio cm que f6ra construidr. Süo Poulo (Capela d )-E' das mais rntigas crpelas destr diocese e atfibui se a sua fundacao ao primeiro capitao donatario de Funchrl JoBc Goncilver Zarco, que junto dela teve a ~ U segunda P morrdia e nrs suas imrdi-@es fez edificar o primriro hospital no ano de 1454. Serviu de séde 4 freguesir de SBcb Pedro, quando esta foi criada em 1568 e ainda qurndo de novo foi restaurada cm 1587, deixrndo de servir de igrtja paroquirl pelo ano de 1590. Nos principios do ~éculodarsete 6.u principios do século seguinte proccd~u-seA sur quási completa reconstrucio e ainda recentemente passou por grandes melhorame itoir. Fcii primitivamente dedicada ros rpostcilos Sao Pedro e Slo Paii1o, cait do cm esquecimento a primeiri invocacao e prcvilccendo a segunda. No iljornal. de 2 de Feverei-

ro de 1936, encontra-se uma desen~c.~lv~dr noticia ácérca desta crpela.

Sao MartlnAu (Igrejri de) -vid a prg. 155

1

SS.

desta obra.

Silo Paulo (Capela de) -O padre Paulo Vieira Jardim fundou no ano de 1761 uma capcla dedicada a Sao Pmulo ou a Sao P ulo e Almas, nr fregilesir de Porto do Moniz, e nelr f. i sepultado no ano de 1776. Sio Pedro (Capela de)-No extremo oeste da ilha do Porto Santo, encontri-se uma pequena capela dedicada r o rpó-tolo Sao Pedro, que era o padroeiro daquela ilha e em outros tempos objccio de particular vrneraca~dos seus haib :antes. E' de antiga construca(~,mas ignoram-se os nomes dos seus fundadores e a Cpoca aproximada em que foi edificada. SPo Pedro (Capela de)-NE vila de Sarit'r Cruz instituiu J i o Escorcio Drumond umr capela deata invocaqao, que foi arrasada pela grande aluviao de 1803 o que o povo fez reconstruir alguns anos depois em lugar mais abrigado. Silo Pedro (Igreja de) -Este templo foi edificado nos ultimas anos do sdculo XVI e quasi inteirrmente reconstruido e

ampliada em 1748 com excelentes decotac6es interiores, tends também na srcristir algumrs primorosas telas dignas do msior apréco. E' urna das belas igrej S desta diocese. (Vid. A Ilhu da Madslra pelo marque$ de Jvcome Correir a pag. 62 e s. s.)

Sao Pedro (Igrejñ de)-Niima paquena capela se instslou a stde da freguesia da Ponta do Pdrgo por meada do sCcbilo XVI, sendo edificada uma igreja de mais smplas proporco s nos fins do século seguinte, que passou por novas modificac6es no ano de 1851. Algures se Ié que essa igraj:: e cvpela ocuparam tres lugares diferentes, embora dentro do mesmcs sitio. Sao Pedro (Capela de)-N. sitio deste noma, da freguesin de Siio Jzjrge, acha so uma capelri dedicada a Sao Pedro, q i ~ e nao d de recente construcao e que foi inteiramente restaurada no ano de 1901 pelo prelado D. M nucl Agostinho B rreto

Sao Pedro (Capela de)- Existiu urna pfquena capela desta invocrcao, na frtguesia do Porto do Moniz, no lugar conheci. do pelo nome de Terra de Silo. Pedro. Sao Pedro (Capela de)-Na mesma freyucsia, no sitio dos Larnaceiros, enccntra-se urna capela ccm este nrago, que já em 1726 se rchava em affiantreto estado de rulis*, serdo reconstruida alguns anos depois. S&a Pedrc (Crpcla de)-Por disposicao testamentaria do capitao Pedro de Castro edificc.u-$eurna crpelr destr invccacae, n i freguesía de Sao Vicente, nc s primeiros anos do :éculo XVIII. Sáo Pedro de Alcantara. (Capela de)-Cum esta invc~cacao existe umr capela no sitio do Lombo da Atouguii, freguesia da Cllheta, que foi fundada no ano de 1783 por Joac? Baptista Teixeira , Sdo Pedro Oon~alvesTelmo. (Capda de). V. Corpo Santo (Capela do). SÚo Pedro Oon~alvesTelmo. (Capela dth)-Na vila d i CaIheta e próximo do litoral ficava uma pcquena crmida dedicoda a Sao Pedro Goncalves Telmo, que há muito nao existe. S8o Raque. (Igreja de)-No sitio conhecido pelo nome de Igrtjr Velha uu nas suas mais prc ximns imedis;coes, fez o povo construir urna pequena crpela dedicada a S. Roque cm épíca que rao podemos determinar e que serviu para nela se iristalar a séde da paróquir, quando esta foi criada no ano de 1579. Nos principios do século XVIII edificr u-se urna ncva igrrja, ou ampliou-se a capela já existente, que abateu no ano de 1790 e ficou em adirntado estado de ruin*. Decorridos alguns anos procedeu-se á constrocao da actual igrtja poroquial, que sómcnta foi dada por conciiuldi nos meadr s do século XIX, estando no entretanto dedictda ao servico do culto desde o ano de 1820. Sdo Roque. (Capela de)-De antiga ccnstrucao e da invncacao dc S i o Roque, rxistia uma copela nr vila de Machicci, que em virtud8 de se achar muito arruinada foi reconstruida

pela respectiva confr8ria no ano de 1739 e levantada m pequen8 distancia da velha ermida. Eqtr ctpela tem um primoroso Irmbris de a7ulejos cobrindo todo, o fundo drs paredes interiores, que pela sua esmerada e artística factura tem merecido as melhores referrncias da parte de pessoas competentes na aprecirde trabalhos dessa natur~za. E' prcsveitosq I6r--se o cxcelente artigo inserto a pag. 5 do IV vol. do ~Arquivo Histórico da Mideira..

cae

S60 Roque. (Igrtjr de)-Na margem direita da ribeiri do Foial fez Cristovao Pires construir por 1551 uma modesta capela dessa invccac30, que foi reedificada ein 1664 c ampliada em 1776, hrvendc3 nela sido instalada a :éde da paroquia, ,o ser criada no ano de 1848 cam o nome de Sao Rcque do Fairl. A capelo, além da sua pcquenez e aspecto descllrdor, estava C X D O ~ ~aP LCer invadida na quadra invernasa pelas Sguas impetuoso.^ da ribeirr, tendo o pároco Drniel Nicclau de Scusa tomado a arrc jada iniciativa, num meio de ti30 minguados recursos, de levantar uma nova igreja, o que conseguiu realizar á custa dos mais inauditos esfarcos e carceiras e havenclc-se real zrdo a sur bencao solenc Iancada pelo Prelado Diocesano no mes de Dezembro de 1927. Süo Saivador ( I g r ~ j ode) Vid. Dlvlno Sokvadcr (Ign ja de). Sdo Sebastlüo (Capela dí)-No largo de SIlo Sebnstiao, msis vulgfra+cntechamído do Chrferiz, existiu urna capela déste orngo, que era dts mais antigas drsta diocese e r sua construcao contemporaner da primitiva colonizacilo madeirensc. Tem urna intererstntc historia esta capela, que por imperinsv brevidade ternos de omitir, remetendo c1 Ieitor para ( 3 désenvnlvidc: artigo que Ihe é dedicada a pag. 132 e ss. do vol. 11 do -Elucidario Mideirense)).

Süo Sebflstlüo (Igrejr de)-Quando por 1430 sé criou a par~quinde ,.,amaro de Lobos, teve a sua primeira iédc nr pequena clipela do Espiritr Santo, que ainda existe, passando no segundo quertel do séculr, XVI a instalar-se na igrtja de S30 Sebastiau, que entáo se h.a\iic construido. Prlr firs do séculc XVII ge procedeu rr. acrescentamcntn deste templo c por m c ~ d o sdo sCculo seguinte se reglizaram riele importantes obras da reparacao.

Süo Sebustfdo (Igrej de)-N s suas terras de sesmaria da frtguesia do Canical, mandou Gsrcia Moniz rio vrimeiro quartel do século XVI construir urna capelw dedicada a S%.>S1 baatiio, que por 1562 passclu a servir de séde á nova paroquia, por ocasiao da crincao desta. F ,i sempre urna modesta ermida, que o terrcmott: de 1748 deixou muito arrufnadr, tratando-se ental, da construcao dum novo templo, que é n actual, e procedendo-se á sua benc8o solenc no dia 13 .le Dezembro de 1750.

S& Sebaslftio (Cnpela de)-Exide na vila da Punta do S 1 e 6 propriedade da rrspcctiva Ca .]ara Municipal uma capela da invocacao de Sil9 Scbastiao, cuj construcao data dos fins do século XVI,tendo sido reedificsda pelos an~tsde 1734. Ha muitos anos que estava profanada. mas foi benzida e rcstituida ao usa do culta no ano de 1930. Sárr Sebastldo (Capela de)-Com este orrgo havir uma crpela na ilha do Porto Srato, ignorando-:e qoaisquer outrrs circunstir~ciasque Ihe digrm respeito

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Sdo Sebastldo (Cspela de) -Dc conatrucao bastante antiga e reedificada no ano de 1765 pelo padre Francisco Marques de Mendoncr, exictiu uma crpela dedicada ao martir Sil3 Sebastiao, encontrando-se na igrejd paroquill a pequena imagem do Santo, que é um grande primor de escultura. Sáo Sebastláo (Capala de)-Há muito que desnpareceu umr capela destr invocacao existente na freguesia de Santa Cruz, ignorando-se o name dos seus fundadores e a época em que foi edificada.

Sdo Ttago (Capela de)-A pag. 281 c SS. deste livro, ficou sumariamente narrada a escolha do bemaventurado Saci Tiagn Menor para .principal padroeirom destr dioccse e dos ponde. rosos motivos que e determinaram, cumprindo-se a prornessa entao feita da edificacao duma capelr em honra daquele santo ap6 .tolr.. A primeira pedra Iancou-se a 21 de Julho de 1521 consem terreno cedido pelo kenoves Antonio Espitlolr e truca0 conciuiu-se por meadoo do snli de 1523. Sendo de acanhidas dimensoe; e achsindo-se bastante arruinada, fc i ampliada c restaurada pela Camara Muriicipal do Eurichal em 1632, procedendo o prelado diocesano 4 sua bcnclo solene no dia

25 de Julho desse ano. Decorrido mais dum ~éculo,resolveu o senado funchalense construir um nnvo templo de mais largas prnparc6.s c edicadn pwdroeiro SBa Tisgo Menor, que 6 a actual igt-ja parcquidl da freguesia de Saiita Marir Maior, sendo a su8 edificacao dada por concluida na ano de 1768. Foi cm 1803 cedida pela Camnrs Municipal para n servico religioso daquela freguesia comc ja a peg. 285 ficnu mais largrmente referido. Nesse tempo causou umr justificada estranheza que se mudasse para tN~tividxdede Nossa Scnhors. o orago dessa igrrja e nao se mantivesse o de asa0 Tiago., que lhe f6ra d ~ d opor rcasiao da sun fundacao e que conservara durante tres ~éculos,sendo rlém disso dedicada ro principal padroeiro da diocese, que nao tem neste arquipéligo outra capela que Ihe sejra conssgrad~.Passa porser um notavel primor de arte o triptico existentr na sacristia desta igreja e 80 qual o marques de Jacome Cnrreia dedica algumas paginas no seu livro A llha da Madelra. !Vid El Mad. 11 211 e 453). Sáo Tlapo (Cap~lade)- Na freguesia dos Canhrs há o sitio de Sio Tiago, que tomnu o nomc duma caprla dessa ¡nivocacao, que al¡ rxistiu e que Frufuoso afirma ter sido de\nenda por JoIo Ooncalves Zargn. A sua constrrrcao, porém, 6 veiu a realizar-se mais dum século depois, tendc Rui Pires do Canha como seu prcvavel fundador. Sdo Vicente (Igrrja de)--Por maados do século XV construiu-se uma capela dedicada i S. Vicente na futura frtguesir deste nomc, tendo nela sido instelada a sCde da prróquia, quando foi criada no ultimo quartcl do mesmo século. Foi nptrvelmcnte acrescentida no terceiro quartel do século XVII e tcm sofrido posteriores rrpar&cGes. Esta sendo ptescntemante ampliada o passando por grandes melhoramentos. SÜo Vicente (Capela de)-Como já deixámos dito em outro lugar, edificou-se uma pequena capela desta invoca~ao num sc-lit~riobloco dc basalto existente na foz da ribeira de Sao Vicente, devendo-se a sua fur!dacao a Inacio de Sousa, auxiliado com as esmolas colhidas entre r s habitantes da parnquia. Foi construida no ano de 1694 e restaurada em 1885, sendo benzida t 4 de Setembro deste ano. E' uma típica a original capeliiiha, tuja frontarir se ve reproduzida pela gravura em muitos livros e revistas.

Sáo Vicente Ferre* (Capeln de)-Na frcguesir, da Pontr do S d existiu uma cipela dedicada a SPo Vicente, cujis circunstinciis respeitrntes aos S ~ U Sfundndores e tempo da sur construcao se desconhecem.

Sk -"atedral.-A pag. 44 3 SS. encnntra-:e urna desenvolvi. da noticia Acercr da Sé Cetedral do Funchal, que está classíficada como monumento nacional. Senhor dos Milagres (Capelr do)-No sitio da Banda de AICm, na freguesia de M *chico, levanta-se a capeli do S ~ n h o r dos Milagres, que primitivamente teve o nnme de Capela de N.issr~Senhor Jesus Cristo ou apenas Crpela de Cristo e tambem foi conhecídri pelo nome de Capelr da Misericordia. Tem se afirmado que 80 iniciar-se o povoarnento desti ilhtp e aa fmszcr-se o primeiro desembarque na praia de Machico, os religi ?sos franciscanos, quc vinhim na pcquena frota, improvisaratn um altar e ali celebrrram o santci sacrificio dr missi, e que nestn ocasiao f6rt feito o voto de erguer-se no locar1 urna capelr dedicada a N jsso Senhor Jtsus Cristo, como ficou referido a pag. 3 e SS. Nio pode duvidar-se que fci uma das primeirrs crpelas que entan se construiram, devendo ser considerada cuma um modestr\ monumento historica a atestar o comecn da colonizqao madeirense. Conjecturamos que teria sido reedificada por meados do secula XYII, deixando-r muito arruinada a grande aluviao de 9 de Outubro de 1803. A confriria da Misericordia, r que ela pertencia, fe-ir reconstruir rlguns anos depois com mais r m p l ~ s proporctirs mas conservando-lhe o rntigo pórtico como a sur fiad8 de cruzes. Ali se conserva a imagem do Senhor dos Milagres, que 6 objecto da maior devi cPri dos fieis, rcorrendo todos os anos n este local, no dir 9 de Oulubro, muitos milhares de romeiros vindos de todas as freguesias da ilha. E' gcralmente srbido que a rluviao de 1803 arristou pira o alto mar tssr veneranda imrgem, sendo encontrrda por uma galera americana, que a rec 4heu a seu b\>rdoe dela fez entrega na Sé Catedral. N di8 15 de Abril de 1813 foi solenemente restituida A sur capela na vila de Machicn, que é o centro da mais concorridi ramrgem da Mwdeira. E' intqessrntc Ier-se o opú;culo, Um Monumento Htstorico, do rntigo vigario de Machico padre Fernrnao Augusto P ates, em que se di4 umr desenvolvida noticia acerca desti crpelr.

Vera-Cruz-(Capela da) - Com esta invocaqao e no sítio do mesmo nome, encontra-se na freguesia da Quinta Grande uma pequena capela, que Gespar Frutuoso afirma ter sido tracada pelo próprio Joao Ooncalves Zargo, nao restando cousa algurna da primitiva construcao. Foi inteirarnente reedificada no ano de 1854 para servir de igreja paroquial, mas nao chegou a ter esta aplicaqáo. Em seu torno fica o cernitério da freguesia. Vera-Cruz- Na freguesia das Achadas da Cruz existiu uma pequena capela corn este orago, que era de edificacao muitn antiga. Nela se instalou um curato, que logo foi extinto, e serviu depois de séde A paroquia, quando esta foi criada. (Vid. Pag. 327) Vera-Cruz - Encontrátvos noticia de uma pequena ermida dedicada it Vera-Cruz, existente na fréguesia da Ponta do Pargo. Como aditamento ao que atrás fica sumariamente exposto, apresentamos mais algumas info:mar$ies acerca de outras capelas. Alma$-(Capela das)-Dedicada As Almas do Purgatório existiu üaia pequena capela na freguesia de Machico, segundo nos informa Henrique Henriques de Noronha.nas suas acreditadas ~MemóriasEclesiásticas.. Almas-(Capela das)-A ermida edtficada por António Rodrigues jardim, a que se faz referencia a páginas 293 deste livro, ficava anexa 2 igreja paroquial da freguesia da Ribeira Brava, sendo ocasiiío de recordar que se construiram várias capelas em outras paróquias, tambem contíguas as respectivas igreias principais das freguesias, o que prova a grande devocao e o especial culto que entiio se tributavam as Aknas do Purgatório nesta diocese.

N. S. dos Anjos-(Capela de) - Foi restaurada (Vid. pág. 305) pela proprietária D. Julia de Franca Neto e benzida a 1 de Novembro de 1892. Apresentacdo de Marie -(Capela de)-Kos anos de 1925 e 1930, nas casas das comunidades religiosas da ApreseataqZo de Maria, isto na (6016gi0~e no ~ L a c f a r i ~sitas * , nas ruac das

Merces e da Mouraria, construiram-se duas capelas com aquela invocat$io para uso privativo das mesmas comunidades. Born jesus-(Capela do)-Dedicada ao Senhor Bom Jesus, houve urna pequena capela na fregaesia da Ribeira Brava. (H. H. N.) Jesus Maria José-[Capela de)-O capitiío Luís Esmeraldo de Atouguia e sua mulher D. Isabel Esmeraldo mandaram edificar na freguesia de Si30 Roque do Funchal, no ano de 1690; uma capela com a invocacáo de Jesus Maria José, que há muito deixou de existir. Ladrilhd-(Ponta Delgada)-Algures se afirma que ao sitio do Ladrilho da freguesia de Ponta Delgada existiu urna pequena ermida, ignorando-se quaisquer outras circunsfancias que Ihe digam respeito. Nossa Seahora da Ajada -(Capela de)-A deste nomc (Vid. pág. 303) foi restaurada pelo seu proprietário conselheiro Manuel José Vieira e benzida a 18 de Agosto de 1876, N. S. dos Aws-(Capela Monte. (H. H. N.)

de)-Existiu urna na freguesia do

N. S. da Assungüo-(Capela de)- Conforme a informacao dada pelas Mem. Ecl. de H. H. N., existiu na freguesia de Ciaula urna capela destinada a solenizar o mist4rio da Assunci3o da Santissima Virgem. N. S. do Bom Despacho-(Capela de) -A mudaoca do Seminlrio Diocesaao da rua do Bispo para as casas da rua, que tem hoje o nome de Seminário, fez-se nos primeiros anos do século XVIII, e desta época data a c o n s t r u ~ ~dao capela ou orat6rio interior de Nsssa Senhora do Born Despacho, que ainda ali existe, continuando a conservar esta invocaflo a actual capela do Seminário Diocesano da lncarnacao.

N. S. d4 Cadeira-Informa-nos o 8Elucidário Madeirense~ que na freguesia da Quinta Grande hoirve urna pequena capela sorn bste esfranko arqo.

N. Senhra do Cqtninh~-(lapela del-Iaforma-nos Henrique Heariques de Noronha que existiu na freguesia do Caaico uma capela com aquela invocacáo. N. S. da Conceigdo-(Capela de)-E' dedicada a N. S. da Conceicao a capela existente no Asilo de Mendicidade e Orfaos, na rua da Imperatriz D. Amélia. N. S. das Gtagas-(Padr3io)-(Vid.

.Desertas* a pg. 318.

N. S. da Inccrrna~tYo-Foi reedificada pelo povo no ano de

1696 e nao 1622. (Na Ribeira da Janela)

N. S. das Necasidades-(Capela de)-Com este orago houve urna pequeaa capela na freguesia da Madalena do M: (H. H. N.) N. S. da Pie&&---(Capda

de)-(Vid. «Desertas» a pg. 318

W S da Pieda& (Capela de) Na freguesia do Arco de S, Jorge existia ama capela com este orago, que em 1676 serviu de séde 3 nova paróquia estabelecida nesse ano.

N, S. da Salvagao-(Capela de)-Ao que fica dito a pag. 344, deve acrescentar-se que foi reedificada e benzida a 3 de Agosto de 1941. (Na freguesia do Canico)

Nosso Senhor Bom jesus-Capela de) - Luís da Costa Jardim mandou construiu no ano de 1683 urna capela desta invocacáa, no sitio do Hombo de Rui Dias da freguesia da Calheta. Sagrado Cora~üo& jesus-(Capela do)-Corn esta invocago e na residencia episcopal da freguesia de Ponta Delgada fez o prelado Diocesano Dom António Manuel Pereira Ribeiro construir uma capela para uso privativo da mesma residencia. Sagrado Coragde de Jesus-(Capela do Sagrado)-No $¡ti0 da Fonte do Til e nao do Gil, como se 18 a páginas 297, da freguesia do Arco da Calheta, encontra-se urna capela desta inveca@o mandada edificar pela condessa de Torre Bela, sendo benzida no ano de 1927.

Sagrados Cotag6es de jesus e Maria-No Orfanato do Lombo da Pereira, freguesia de Santo Antonio da Serra, existe urna capela dedicada aos Sagrados Cora~6esde Jesus e Maria, que foi concluida no ano de 1899 e posteriormenfe ampliada. Salvador-(lgreja do) -Vid.

Divino Salvador, (Igreja do)

Pag. 298.

Santana-(Capela de)-A capeja deste orago instituida pelo dr. António da Silva Conde, foi construida no ano de 1790 (Vid. pag. 350). Santa Quiteria-(Capela de)-No sitio do Lombo da Estrela, freguesia da Calheta, fundou Joao Hornem de Abreu, no ano de 1724, uma capela dedicada 2 virgem e martir Santa Quiteria.

Santa Terezinha do Menino jesus-Tem esta invocacao a calaela da residencia das irmas franciscanas de N. S. das Vitórias na Quinta das Rosas, A rua do Carmo. Santa Terezinlza do Menino Jesus-A ilustre familia Canavial fez edificar na sua residencia de ver30 da freguesia de N. S. do Monte, urna bela e artística capela desta invocacao, que foi solenernente benzida pelo prelado diocesano a 1 de Agosto de 1939.

Santo Antonio-(Capela de) - No sitio da Varzea da fregue-

sia do Caniqo existiu urna ermida consagrada ao glorioso Santo

Antonio, acerca da qual nao consegnimos colher outra informa~iio. Santo Expedito-(Capela de)- A 1 de Dezembro de 1940 foi beazida na freguesia do Canico uma pequena capela com a invocac20 de Santo Expedito, mandada construir por D. Benicia Eurico Teixeira Rego. Süo FiLipe -(Capela de) -A sepultura que se' encontra nesta capela tem a data de 1666 e nao 1612 como se diz a pag. 363 S i o Marcos-(Capela de)-Na freguesia de Gaula houve urna capela corn este orago, segundo a informacao dada par H. H. de Noronha nas suas #Mernórias EclesiBsticas. , r

.

Sdo Roque-(Capela de)-Era a invoca~ao de umq ermida que existiu na freguesia de Santa Cruz. (H. H. N,)

Sdo Sebastido-(Capela de)-Dedicada a este santo martir existiu uma capela na vila da Galheta, no local em que foi edificado o convento dos religiosos franciscanos. Sdo Sebdstido-(Capela de)-Fica na freguesia de Szío Jorge

a capela reedificada pelo padre Francisco Marques de Mendon~a e de que se dá noticia na pag. 374.

Sdo Sebastido-(Capela de)-Com esta invocacao existiu uma ermida na freguesia da Ribeira Brava (H. H. N,) Sdo Tiago-(Capela de) -O ilustre comentador das ~ S a u dades da Terras dá-nos noticia que no sitio do Foro da freguesia do Estreito de Camara de Lobos, existiu uma capela dedicada a S o Tiago. Senhor Rom lesus-(Igreja de) -Vid. a pag. 134. Senhor lesus-Capela do)-Com esta invocacao existiu urna ermida na freguesia da Ribeira Brava, onde chamam o Calvário, que foi fundada por Jorge Afonso no ano de 1581.

E' de advertir que nos capítulos destes Subsidios referentes

icriagio das freguesias se encontram muitas informacoes, que aproveitam A hist6ria de algumas das igrejas e capelac já men-

cionadas, sendo conveniente a sua consulta ao leitor a quem este assunts possa interessar.

XLII

Adenda e Pag. 14-Nos anos de 1810 e 1818 dois sacerdotes gediram um acrescentamento 2 esmola das missas dos sabados chamadas cdo Infante., que havia séculos se ceIebravarn nesta diocese, iiao se conhecend:, outva noticia posterior, co:n referencia a esfe o~siintc. Pag. 15- 1111. 7 : em vez de cCotist'tei;~6es Diocesaaas~, leía-se aConstituic6es Extravagantes Diocesanas do Bispado do Funchal., que foram publicadas em Lisboa no ano de 1601.

Pag. 15-A' ultima linha acrescente-se: einhressa muito a este assunto, o valíoso estudo de Vieira GuLnar%es "Marrocos e Tres Mestres da Ordem de Cristo., em que vem trasladado na íotegra o testamento do Infante D. Henrique e outras proveitosas informac6es~.

Pafi 21-Deve

encerrar-se o capítulo com estas palavras :

SE'sobremaneira interessante e valiosa a documentac30 que o

dr. Alvaro de Azevedo (~Saudadesda Terra, ed. de 1873, nas notas 11 e XV) e o dr. Damiso Peres («Saud.. ed. de 1925, a pag. 26 e SS.) inserem acerca da Ordem de Cristo e de modo especial da acc;ao exercida por esse poderoso organismo aeste ar-

quipelago em diversos sectores da administrat$io pública e nomeadamente em assuntos de caracter religioso. Passando a Madeira ao absoluto dominio da cor6a no tempo de D. Manuel, traositou tambem para os representantes da autoridade cclesigstica toda a direccao dos negócios respeitantes a 2sses assuntos. '

Pag. 24-lin. 17: Joao Gonqalves Zargo transferiu a sua primeira msradia de Santa Catarina para a margem esquerda da ribeira no sopé do morro que posteriormente se chamou Pico dos Frias e ali fez edificar a capela de Sao Paulo, tendo mais tarde estabelecido residencia definitiva no local que hoje tem o nome de Quinta das Cruzes, como mais largamente deixamos referido no aElucidário Madeirense, (11-395 e SS.) Pag. 32-lin. 7 : Leia se 1853 em vez de 1533. Pag. 70-Em dojs lugares desta pagina se diz que a Sé Catedral foi solenemente sagrada a 19 de Outubro de 1516, devendo ler-se 18 de Outubro de 1516, como aliás se ve em outros trechos deste livro. Pag. 80-Deve terminar este capítulo com urna ligeira referencia ao .Museu Diocesano de Arte Sacras, que no ano de. 1940 se inaugurou nas salas da Casa Capitular da Sé Catedral e do qual nos havemos de ocupar com mais largueza no decurso desta obra. Pag. 122-lin. 15--Substituir D. Jo5o Loutinho por D. Joao do Nascimento. Pag. 184-0 ~ A r q u i v oHistórico da Madeira* fez publicar em um opusculo de 50 paginas e corn o titulo de «A Restauracao de Portugal e o Convznto da 1nca:iaqZav urna serie de valiosos documentos acerca decta casa rnonastica, quc oferece particular interesse ao assunto versado no capitulo XXIl destes .Subsidioss.

Pag. 188-lin.

7-Leia-se 1570 em vez de 1579.

Par) 196- Ao capitula XXili devcria seguir-se urna breve

noticia acerca das ordens religiosas dos capuchinhos e carmelitas, que no século XVII se estabeleceram nesta diocesc, nao tendo entre n6s urna larga permanencia, o que adiante se fará em mais circunstanciada noticia.

Pag. 198-E' nos dias 28 de Outubro e 26 de Dezembro de cada ano;que se exp6e a veneranda imagem ao culto e devocHo dos fieis, sem haver uma groxirna correlacilo entre esses dias e o da aprovaqao do sucesso miraculoso feita pela autoridade eclesiastica, que foi a 24 de Outubro de 1615, como se ve pelos documentos publicados nas ~Saudadesda Terra*, ficando assim retificada essa informaqao.

Pag. 207-As datas 1570 e 1572 devem ser respeclivamente retificadas peias dos anos de 1670 e 1672.

Pag. 208-lin. 25-0 prelado D. Gabriel dz Almeida faleceu a 13 de Julho de 1764.

Pag. 224-Iin.

3 -Leia-se 1689 em vez de 1699.

Pag. 270-lin. 36-Em 4 de Julho de 1881.

vez de 4 de Julho de 1851, Icia-se

Pag. 280-Ao encerrar-se o terceiro capitulo referente ao nosso Semináario, seria flagrante injustica nao p6; em mais saliente relevo a notavel accao desenvolvida pelo actual Prelado Diocesano em favor da restituicao do edificio da Incarnacao ao seu legitimo destino, o que ao diante se fará com o indispensave1 desenvolvimento. Importa tambem mencionar com o devido encarecimento os servicos prestados a esta casa de formacao eclesiastica pelo cónego Jaime de Gouveia Barreto, como vice-reitor, professor e director do Museu de Ciencias Naturais, o que constituiria uma falta impercioavel, se o nao o fizessemos nas páginas deste livro. Pag. 289-A's páginas dedicadas aos Padroeiros desta diocese, importa acrescentar que a Camara Municipal do Funchal tomou no ano de 1942 a deliberacilo de fazer reviver as tradicianais hornenagena prestadas a s Padraeiro Principal Silo Tiago e ia elas se irssoehr festivamente, rnsradar~datarnbsrn publicar ern

um opúsculo os votos feitos pelo senado funchalense em épocas passadas e tratisferindo para o dia 21 de agosto o seu feriado municipal, afim de que o priineiro dia do mes de Maio f&sse especialmente consagrado a essas homenagens. Silo Padroeiros da Ilha do Porto Santo o apostolo S.Pedro e a virgem martir Santa Catarina, como já ficau referido. Pag. 296-lin. 24-Ltr Mendonca e Vasconcelos em vez de Vasconcelos e Vasconcelos. Pag. 324-Foi e 1-180em 1622.

reedificada (capela da Incarnacfoj em 1699

Pag. 328-No fim desta pagina acrescentar: abarro revestido de um lindo vidrado verde de faian~a decorada a b M e s florados. e outras figuras de minucioso lavor*.

..

Pug. 339 - lin. 3-A capzla de Nossa Senhora da Piedade, situada no Largo das Cruzes da freguesia de S. Pedro, de que já se deu noticia a pag. 339, foi restaurada e benzida pelo Prelado Diocesano a 30 de Marco de 1896, ficando encravada na histórica vivenda de JoZo Cloncalves Zargo, o primeiro capitao-donatario do Fugchal, hoje conhecida pelo nome de Quinta das Cruzes.

Pag. 363-A data insculpida na estranha sepultura da capela de Sao Filipe é de 1666 e nao de 1612 como se le a pag. 363.

Constitui@es Diocesanas do aispado da Funcha l -- Lisboa,

MDLXXXV. Histdrica Seráfica dos Frades Menores riP Sdo FranriscoPor Fr. Manuel da Esperanqa, Lisboa, 1666. Hisfória Genealógica da Casa Real Portugu~sa---porD. Antdnio Caetano de Sousa, Lisboa, 1735-1748.

Colecpio dos Documentos e Merníírias da Academia &al de História-Tom. 1, Lisboa, 1721. Corpo Di/~lomático Portuguez - Dirigido por L.. A. Rebelo da Silva, Tom. 1-IV, Lisboa, 1862. História /nsulana-Por António Cordeiro e ariotada par A. J. Ooncalves de Andradc, Lisboa, 1866. Saudades da Terra - Por Gaspar Frutuoso e anotadas por Alvaro Rodrigues de Azevedo, Funchal, 1873. Cafaiogo da Exposigto Ornamental, realizada em Lisboa no

ano de 1882,

Hisfória da EgMa Cathofica em ?Jortu&-Por Sousa Amado, Lisboa, Tom. 1-IX, Lisboa, 1870-1878.

José de

Dicbndrio Universal /->orfuruez/¿rrsfrado Letra M, pag. 180-742, Lisboa, 1897. A Ordem de Cristo--Por J. Vieira Ciuimaraes, Lisboa, 1901. Arquitetura da Renascenca de Portugal-Por

Albert Haupt,

1906.

História da Igreja en? Portúgaf

- Fortunato

de Almeida,

Lisboa, 1909-1924. Murrocos e Tres Mestles da Ordem de Cristo-Por Guimaraes, Lisboa, 1916.

Vieira

Archivo da Marlnha e U1tramar-(Inventario-Madeira e Porto Santo) coordenado por Eduardo Castro e elmeida, Lisboa, 1907. Elucidário Madeirdnse-Funchal,

1921

A rquivo histórico da Madeira-Funchal,

1901.

No artigo Elementos para a História Madeirense, inserto no Irlucidário Madeirense (2.a ed. 1-386), fazemos inencao de diversos inéditos, que fornecem valiosos dados e informacbes para a hist6ria do nosso arquipelago, tendo n6s promovido a publicacao de uma parte consideravel desses elerneritos no antigo «Heraldo da Madeíra~,que agora tambem nos serviram de proveitosa consulta para a elalaoraqii:~ destes ' desperlenciasoc Subsidios /)ara a Histdria da DiÓces~do Funrlrrrl.

INDICE

Cap. 1-0 encontro e o primeiro reonhecimento do arquipégo Cap. 11-Inicio do povcamento e primeiras manifestaqóes de culto Cap. 111-A Madeira e o Infante D. Henrique Cap. IV-A Madeira e a Ordem de Cristo Cap. V---A criacao das primei~asfreguesias Cap. VI--A cria~áoda Diocese Cap. VI1 - - A Sé Catedral Cap. VIII -A Sé Catedral (continuaq2o) Cap. XI-Primeiro Bispo D. Diogo I'inheiro Cap. X - Criacao do Arcebispado Cap, XI-D. Martinho de Portiigal. Primeiro e unico arcebispo Cap. XII -3.' Bispo D. Fr. Ciaspar do Casal Cap. XIlI"4." Rispo D. Jorge de Lemns Cap. XIV-5.0 Bispo D. Fernando de Tavora Cap. XV-6.0 Bispo D. Jeronimo Barrito Cap. XVI-7.0 Bispo D. Luís Figueiredo de Lcmos Cap. XVII-As freguesias criadas ao século XVI Cap, XVIII-As freguesias criadas no sdculo XVI (continuacHo)

Pag.

1

Cap. XIX- As treguesias criad& no s&ulo XVI (continúac%o) Cap. XX-As Colegiadas Cap. XXI - As Comunidades Religiosas-A Ordem ser~fica Cap. XXII-As Comunidades Religiosas-A Brdern Serafica (continua~aoj Cap. XXIII-A Companhia de Jesus Cap. XXIV-8.' Bispo D. Fr. Louren~ode Tavora Cap. XXV-9." Bispo D. Jeriinimo Fernando Cap. X X V I ~10." Bispo D. Fr. (jabtiel de Alrneida Cap. YXVII - 11 .o Bispo D. Fr. Antonio Teles da Silva Cap. XXVl 1 12.0 í3ispo.D. Estevao Brioso de Figueireao Cap. XXIX-- 13.0 Bispo D. José de Santa Maria Cap. XXX - 14." Bispo D,josé de Sousa de Castelo Brancc, Cap. XXXI - 15.0 Bispo D. Mailuel Corrtitiho Cap. XSXII - 16.0 Bispo Fr. Jogp d o Nascirnento Cap. XXSIII - 17.0 Bispo D,Ciaspar Afonso da Costa Brand30

Cap..XSSIV 18 0 Bispo C). José da Costa Torres Cap. SSSV- As freguesias criadas nos séculos SVII, ~9111 e XIX Cap. XSXVI -O Seminrlrio Diaoesano Cap. XXXVII-O Seminário Diocesano (continuaqHo) Cap. XXXVIII-O Seminário Diocesano (continuacao) Cap. xXXIX-OS Padroeiros da Diocese Cap. XL - lgrejas 'e Capelas Cap. xLI-lgrejas e Capelas (continua~tio) Cap. XLII-Adenda e Corrigenda

FIM DO PRlMElRO VOLUME

urn opúsculo os votos feitos pelo senadofunchalense em épocas passadas e transferindo para o dia 21 de agosto o seu feriada municipal, afim de que o primeiro dia do mes de Maio f6sse especialmente consagrado a essas tiomenagens. Sao Padroeiros da Ilha do Porto Santo o ayostolo S. Pedro e a virgem martir Sarlta Catarina, como já ficau referido. Pag. 296-lin. 24-Lcr Mendenca e Vasconcelos em vez de Vasconcelos e Vasconcelos.

PUE.324-Foi e riHo ern 1622.

reedificada (capela da Incarna~iio)em 1699

pag. 328-No fim desta pagina acrescentar: .barro revestido de um lindo vidrado verde de faianca decorada a b ~ t 6 e s florados. e outras figuras de minucioso lavor*.

..

13ag. 339-lin. 3-A cap-la de Nossa Senhora da Piedade, situada no Largo das Cruzcs da freguesia de S. Pedro, de que já se deu noticia a pag. 339, foi restaurada e benzida pelo Prelado Diocesano a 30 de Marqo de 1896, ficando encravada na histórica.vivenda de JoZo Goncalves Zargo, o primeiro capitao-donatário do Funchal, hoje conhecida pelo nome de Quinta das Cruzes.

Paay. 363-A data insculpida na estranha sepultura da capela de Sfo Filipe é de 16ó6 e nao de 1612 como se le a pag. 363.

Constitui@es Diocesanas do aispado da Funcha l -- Lisboa,

MDLXXXV. Histdrica Seráfica dos Frades Menores riP Sdo FranriscoPor Fr. Manuel da Esperanqa, Lisboa, 1666. Hisfória Genealógica da Casa Real Portugu~sa---porD. Antdnio Caetano de Sousa, Lisboa, 1735-1748.

Colecpio dos Documentos e Merníírias da Academia &al de História-Tom. 1, Lisboa, 1721. Corpo Di/~lomático Portuguez - Dirigido por L.. A. Rebelo da Silva, Tom. 1-IV, Lisboa, 1862. História /nsulana-Por António Cordeiro e ariotada par A. J. Ooncalves de Andradc, Lisboa, 1866. Saudades da Terra - Por Gaspar Frutuoso e anotadas por Alvaro Rodrigues de Azevedo, Funchal, 1873. Cafaiogo da Exposigto Ornamental, realizada em Lisboa no

ano de 1882,

Hisfória da EgMa Cathofica em ?Jortu&-Por Sousa Amado, Lisboa, Tom. 1-IX, Lisboa, 1870-1878.

José de

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No artigo Elementos para a História Madeirense, inserto no Irlucidário Madeirense (2.a ed. 1-386), fazemos inencao de diversos inéditos, que fornecem valiosos dados e informacbes para a hist6ria do nosso arquipelago, tendo n6s promovido a publicacao de uma parte consideravel desses elerneritos no antigo «Heraldo da Madeíra~,que agora tambem nos serviram de proveitosa consulta para a elalaoraqii:~ destes ' desperlenciasoc Subsidios /)ara a Histdria da DiÓces~do Funrlrrrl.

DICE

Cap. 1-0 encontro e o primeiro reonhecirnento do arquipégo Cap. Il-lnício do povoamento e prirneiras rnanifestacoes de culto Cap. Ill--A Madeira e o Infante D. Henrique Cap. IV--A Madeira e a Ordem de Cristo Cap. V- A cria~aodas primeiras freguesias Cap. VI-A criacao da Dioce.;e Cap. VI1 - A Sé Catedral Cap. Vlll - A Sé Catedral (continuac;iIo) Cap. XI-l'rirneiro Rispo D. Diogo Isiiiheiro Cap. X - Criaqilo do Arcebispado Cap. XI-D. Martinho de Porlugal. Primeiro e unico arcebispo Cap, XII -3,' Bispo D. Fr. Gaspar do Casal Cap. XIII -4." Bispo D. Jorge de Lernos Cap. XIV-5.0 Bispo D. Feriiaiido de ravora Cap. XV -6.0 Bispo D. Jeronimo Barreto Cap. XVI -7.0 Bispo D. Luís Figueiredo de Lirnos cap. XVII-As freguesias criadas no século XVE Cap. XVIII-As freguesiaa criadas no século XVI (continua~Ho)

Cap. XIX- As freguesias criadas no s&ulo XVll (continua~lo) Cap. XX --As Colegiadas Cap. XXI - As Comunidades Religiosas ---A Ordem Seráfica Cap. XXII-As Comunzdades Reli@osas--A Ordcrri Serafica (qootinuagiiot Cap. XXIII-A Companhia de Jesus Cap. XXIV---8.0 Bispo D. Fr. Lourenqo de Tavora Cap, XXV-O.' Bispo D. Jer6nima Fernando Cap. XXVl -10." Bispcr D. Fr. CIabriel de Almeida Cap. XXVII - 11.0 Bispo D. Fr. Antonio Teles da Silva Ckp. 'i''XVI1I 12.0 Bispo D. Estevio Brioso de Pigueireaa Cap. XXlX - 13.0 Rispo D. José de Santa Maria Cap. XXX-- 14." Bispo D. José de Sousa de Castelo Branco Cap. XXXl - 13.0 Bispo D. Manuel Coutitiha Cap. XSXII - 16.0 Bispo Fr. Joio d o Nascirnento Cap. XSNIII -- 17.0 B i s p ~D. Gaspar Afonso da Costa Brand30 Cap. XSSlV 18 o Rispo II. Jos6 da Costa Torres Cap. XSNV - As freguesias criadas nos séculos SVII, SVlll e XIX Cap. SXXVI - O Seminário Diooesano Cap. XXXVII-O Seminário Diocesaiio (continuaí$ío) Cap. XXXVIII-O Seminário Diocesano (continua~Ho) Cap. XXXIX-Os Padroeiros da Diocesc Cap. XL-lgrejas e Capelas Cap. XLI-lgrejas e Capelas (coniinuac$o) Cap. XLil-Adenda e Corrigenda

FIM DO PRlMElRO VOLUME

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