1862-cpcoelho-discurso

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  • Words: 29,017
  • Pages: 126
I'X9FERIDO PELO Slt. DEPUTADO

H. PINTO COELHO

C.

NA DISGIISSÃO DO PROJECTO DE LEI

DE REFORMA 08 ENSINO NAS S E S ~ U E S

D e 14,

1ffS

1),i C-iJfARA I)Od 1)EPUTADOS

c 4 3 ale aiaaio de g S G a

LISBOA TTI'OC~II-4PIIIA DA X A $ ~ O

Iiua da Eiicarnaçiio-20

-

1863

Sr. ..;~resi(letc,e-O discurso. com que o meti illustre amigo, o sr. B<*iriio,ii;cctou cite debate, foi divcrsurnentli interpretado, pelos dois nobres oradores, que se Ilie seguiram. O sr. Casal Xibeiro, relator d a maioria da commissáo, julgoic vi.r nas palavras eloquentes do meu iiobre amigo urna adliesuo completa 6 generalidade do projecto que se discute. O sr. Ferre,., defendendo o parecer que firmoir, como minoria da commissão, iriterpretou aquelle voto em sentido coiitrorio a ambos os projectos. e sustentou que ambas as frarçòes do commissào estavam ejiualmente obrigiidas a varrerem, conio S. ex." disse, n sua testada, e a responderem aos voliosoe argumentos do meu amigo. Cumpre-me, sr. presidente, esclarecer r firmar bem n nessa posiçno, para que ambos os illustres deputados, n carnara. e o pair, saibam perfeitamente a opinião, que eu e os meas amigos politieos seguiinos no ol~jcctoimportante que se discute ; e o modo, e o sentido, em que havemos de .votar.

Sr. presidente. Examinando o projecto da maioria, e o da minoria da commissùo, c comparando-os ambos, o nosso desejo seria rejeitar um e outro. E se tivcssemos nesta casa uma forte iniciativa, seria decerto esse o nos50 proceder, coneltiindo por apresentar uma s u b s t i t u i ~ ~aoambos oli projectos, na qual consi;nassemos, clara e terminantemeote, os nossos principias sobre ;i questão. Privados pori:m dessa iiiiciativa forte, e attendcndo alkm d'isso a circumstar~cias ponderosas do rnomento, julghmos conveniente approvnr ria generalidade o menos mau dos dois prqjectos, e reservarmo-nos para lhe propor na discusião da erpecialidúde as emendas, que podermos. Ambos os projectos concordam em confirmar e ampliar a ezclusào das ordens religiosas. I3 rins, que lamentamos a e s t i n c ç ~ od'ellos, e desejamos v4l-as readmittidas ; náo podiamos de nenhnm modo acompariliur a comrnissno nesse voto de exclusão. Ambos clles concordam tamhem em escluir os religiosos d o ensino oficial. E n6s jul-amos inconveniente, injusta, inconstitucional, irreligiosa até, essa exclusão. X a s o projecto da maioria da eonmissão phra. ahi,emquanto que o do governo abraçado pela minoria, es tende a esclusào ao ensino, e mesmo aos serviçosl~ospitalarios,~re~tudos pelos corpos de mão morta ; e conclue por um voto de confiança ao governo, que, interpretado e explicado pelo sr. Ferrei- no seu voto em separado, significa a acção irreligi~sano seu maior auge. E a6s, sr. presidente, não podiamos deixar de,. neste ponto nos unirmos B maioria da commissão, e de lhe prestarmos o auxilio dos nofsos votos,

afia d c irnpedirinos, se 6 possivel, n ampliaç8o do mal,. q.ue reprovamos, e sobretutlo a concessão de similhante voto d e confianca. o proAp~)rovmospois, na sua jecto da maioria da commissio, não porque estejamos de acordo, corn clla, no que ella concede a o goveriio ; mas porque queremos auxilial-a com o s riossos votos, no que ella lhe nega, rio que ella lhe recusa. Estas 4 que si30 as nosras vistas-esta E que 6 a verdadeira significaçùo do nosso voto.

-

permitta-me Definidas assim as posiçces ainda a camara, que antes de entrar na diseussGo do project3, responda a iirii convite, que nos dirigiu o sr. ministro da marinha. S. e ~ pergiiiitou-nos, . ~ se ri&, os realistas. na alliança que, sobre esta questùo haviamos feito com a opp~siç'loliberal, abdicámos todos, ou alguns dos nossos principios politicos ; e muito especialmente o principio dynastico. Ilesponderei a S. ex." que nao houve nesta queso entre opartão, alliança nem t r a n ~ a c ~ i ialguma tido realista e a opposiçBo liberal. (Apoiado$). Responder-lhe-hei mais qiie mantemos intactos todos os principios, que eonstitirem o nosso credo politieo, sem excep~ãode nenhum ; de nenham, repito eu, paro responder inteiramente no convite, talvez pouco curiíil. de S. ex.'

E sabe o nobre ministro, porque motivo

nós,

os realistas, nem sequer tentámos alliar-nos com a opposiçáo iibernl nesta questào 4 Se o niio sabe, eu Ih'o digo.

Sabinmos dc antcrnõo, que u oppocifZo ri50 cstava de acordo conlriorco eix principios ; inbiarnos portanto, (pie aalliariqíi nao podia ir, seniío em resultado de uma transac~90. lilus, para nús, a tr:ins'ucr50 F licita, utE certo ponto, ern qucilùes politica3 : rijo o i: eiii iluestihs religiosas. Il e3ta quest.io, sr. presiJente, diga-se o i!ue se disser-e cu tieide demor~str;il-op!(.niirncnte6 uma questão muito mais religiosa, do qiie politica. Vothmos com a opposiçno, quando se tratou de eleger a commiss50, poriliic previmos, que O* cavalheiros. que a opposiçào indigi tava, pns toque fossem muito mais adiante do que quererinmos, não haviam de ir tào longe como o governo queria. Mas depois de eleitos, riem conferenciAmos com elles ; nem procurhmos saber a s suas opiniòes: nem de facto soubemos, qual era o seu parecer, senao quando aqui se apre~eritou,e se leu. E, o que previmos sitccedeu ; porque S. ex.'., permitta-se-me que o diga,nndaram menos errados que o governo, mas andaram muito mais que o suficiente para nunca nos podermos pôr de acordo nesta questzo.

Em politica, sr. presidente, as transaccóes são licitas-repi to-o. Deide o comcço das sociedades, que os povos se agitam, e se debatem, na inveriçtio, na escglha, no aperfeiçoamento das Ilirrnas, porque h8ode ser governados. E ao cabo de seculos de uma luta incessante, encorniçeda, e sanguinosa, p6de dizer-se afoita-

mente 1150 harer principio politico, cjuc r150 seja ainda ho,je fortemente çoritestado. Nos vimos succeder i'i rcpul>lica o imlierio ; ao imperio n tyrar~iiiabarl~ura; h tl rnrinia o feudaiismo ; ao feudalismo n iiioiiarcliiii temperada ; degenerar esta depois, e siicceder-llie a repnblica, e n arlarchia ; da anarcl~iasurgir o imperio ; 3 0 imperio succeder a moiiiirciiiu legitima ; a esta a rr;oiiarcliia constitucional ; ii moiiarcliia constitucioiial succeder novamente o rcpublica ; no meio dos excessos desta levantar-;e, nova e rcpcri ti namente, o imperio; e quando viamos o irnperio abençoedo pela propriedade e pela fumilia, que eile resgatúra do abysrno, em qrie iam despenhal-as o communismo e o sociali.smo, vimol-o tremer e m suas bases, sobre as Eomhas de Orsiíii ; e vimol-o jh depois ern risco de baquear, porque u m simples erro em uma parte telegrapliica esteve por rnomentos a fazer acclamar em um cmpo de 40:000 Iiomens o principio opposto. Neste estado de duvida ; neste estado de oscillaçDo e revolução continua e successiva, e m que todos apregoamos o progresso das luses c da civilisaçi30, mas em que sentimos todos tremernos a terra debaixo dos pbs, sem segurgnça, sem idkas fixas sobre ponto nenhum ; em que hoje se acceita como melhor, aquelle mesmo principio que ámanhá se repelle, como errado ou caduco , e que depois se acceita de riovo, apenas revestido de formulas differentes - neste estado, digo eu, Sr. presidente; neste estado, e nestes assumptos, a transacção é licita em certos casos: a tronsacçào pode mesmo ser rrecessaria. Mas em Keligiiío, Sr. presidente, niío ! Em politica ha direito de seguir opiniùes differentes ; e podem as differeotes parcialidades

transigir umas com as outras, porqiie L. a rnsáo d e cada um quem Ilie dieta a sua :)olitica: e a rasuu pode variar, pode enganar-se, pode errar. Mas em religiao - não ha o meirno motivo para a duvida. Nfio andamos ainda em busca da verdade. A verdilde acliou-se jií. A verdade foi dita foi reveladii por De~is: e Dei19 náo engana, nem podia enganar-se. O que Deus disse i: a verdade : niirlii mais, nada menos do que a verdade. Sobre esse ponto nfio ha que discutir; náo ha em que hesitar; niio ha sobre que transigir. A Religiao revelada é a palavra d e Deus : e a palavra Divina é a propria verdade. Que duvidem ainda os povos riascidos fhra d o seio, fbra da'luz do cutholicisino, compreheodese, e bem. Mas nós, sr. presidente, que nascemos em um paiz em qiie essa Religiào Snncta (! proclamada, desde seculos, como Keligi;io do Estado ; q u e desde o berço fomos insiruidos e educados nella ; que a comprehendemos, que a abraçamos, que a professamos, em toda a extensa0 de seus preceitos diviiios- nós declaramos, aberta, e soIemnemente. que nos pontos definidos por essa Religião nào duvidamos, não hesitamos, oào discutimos, não tranoigirnos, náo recuamos nem um passo.

-

Eu bem sei, Sr. presidente, que nem para todos a revelação poz fim 6 discussão. Vimos discutir o christianismo no seu começo; combatel-o, persegui\-o, martyrisal-o ate, e m suas conquistas victoriosas ; e vemol-o hoje ainda guerreado, umas vezes abertamente, outras

hypocrita e solapadamente, mas sempre tenaz e vigorosanien tt~. Nem entrcu nunca ria5 vi.;tas d~ Redemi~tor tollier ao$ liorneris a liberdridc de lhe ahra~nrern, oii ti'?o, a verdade a u ~ u $ t ad a revelaç?~. Prceiii lielo coiitrnrio q i i e muitos se perderiam por IIi'a recclsarern ; c do alto do Golgotlia clioroti a sorte miseravel desses. Chorando-os todavin.trntoii de premunir a sua Egrejn, contra os erros e attentudos dos maus. E para qiie u Religi.io çacrosarita 1120 podesse em neiihum tempo de::enerar, nem confiiodirse com as egrejas reprovadas ; dotou-a de um caracterirtico, que compiitr, s(í e esalusivarnente, á verdade - o cariictt:ristico da unidade. A verdiide i: sci t~t112: C por isso tilidu s e r sempre a niesrna. Os erros pelo coritrario miiltiplicam-se incessantemente, e variam de dia para dia, de nnturesa, e de foi.ina. Por isso I)e{rs, n3o contente com revelar-nos a verdade da Religiao sancta. que professamos. dotou-a ainda de um centro de toiidade, que em todos 09 tempos, e m todas as epocas, inspirado e amparado por o proprio Deus, 'separasse a verdade dos erros, e a levantasse acima das duvidas dos tempos, e do embate das opiniòes. Esse centro, sr. presidente, i! o primado de S. Pedro. iU es Petrus (disse Deus) et supcr hanc pefram aedifieabo ecclesiam meam.

O Pontificado 6 por tanto n pedra angular do cdificio divino. Quem estiver com o Pontifice está com a Re-

1;giZo sarictu e rtrdudeirn; q u e m se separar delle, ceparou-se da Egr(3,ja revelada. A[inrtarain-se de R d m n os erros de L u l l ~ e r o , dc Cal~ino,e de rnuitoç outros ; mas ri \crdade ficou crn ISoiiia. O cciificio divino pcriiliinecem iiit;;cto, irilraLaI;~vel, sobre a pedra aiigular do Pon tilicitdo (iilioiados). Ecpaiituei-vos clc que quando tudo muda : quando tudo se agita : quando se enter~de q u e todos podem tudo ; quando do alto d a triburia, do alto da imprensa, do alto do governo se proclama a ornnipoieneia yarlamentar ; o Pontifice responda com um modesto -non posszo~iushs exigencias da reforma ! E não vedes que nessa impotencin snncta está o proprio caracteristico da verdade t Niio vedes que para conservar intacta a verdade da Religião sancta 6 que Deus lundoii o pontificado ? ! Porque as constituições politicas tem saido sempre defeituosas, e imperfeitas, das maos dos homens, e de dia para dia demandam novas reformas ; pertendeir reformar tnmliem o Egreja fundada, constituida, e revelada por Deus ! i> Temerario arrojo ! Cegueira desmarcada ! Que tem de commum a intelligencia+do homcm, com s in telligencia divina 4 ! Igrioraes que a Religião revelada saiu loge perfeita e completa de seu divino auctor ?! Ignoraes que nos sagrados principios. que a constituem, esta rcmedio para todas as eveiitualidades, que as differenças dos temlios possam suscitar ; e que a todas se pode, e deve occorrer dentro da esphera dos mesmos principios, e sem que a verdade deixè de ser urna sd, e immutavel, como o seu proprio auctor? !

Ccirvae, serihores ; curvemo3 todos a cabeça ante essa i!ilinu!crbilidnde divina, que t? esse o caracter eipeciiil, ai~qiisto, inimitavel (ia Rcligiùo S n n c t u que profes~amos. Quniitns seitas Icrn nascido do primeiro err o ? Qiiaiiia s refurcins d d primeira reforma? Qiiaritns rcbcllióei da primeira rebeilião? EI sempre a mesma! E Roma sempre abraçada com os principias augustos d a revelncão sancln ! E [torna sempre acatada, sempre venerada, e sempre obedecida, no seio mesmo das revnliiçòcs e das machinações dos seus mais declarados inimigos ! Doininado o cs;:ii.ito do seculo do desejo illimitado da innoviii:ào, parece-llie mal q u e s6 Rorna fique sempre n mesma. WJS nUo considera que 6 essecnracter immutavcl, é essa unidade constante, que nos revela a m;io de Deus na edificação sancta do templo augusto, a qiie serve de base o Pontificado.

Lamento, Sr. presidente, que estas verdades não tenham sido sempre acatadas na discrissão, que rios occupo. O i i v i ..., e nào scí ouvi, mas li, no relatorio da minoria d a cornmisstlo frases inteiras q u e exprimem a negaçiío dellas. Vejo que se perteiide indispnr-nos contra o Pontifice, porque nào entrega aos revolucionarios o poder temporal ; contra a curiu e o s cardeaes, porqiir: silotentam o Soberano Pontifice na sua negativa; contra os prelados portumuen zes, porqiic sc ri20 separam do centro da unidaile cntholica: coritra cis parochos, porque seguem as pisadas dos seus prelados.

Pretendeis separar-nps do I'ontifice, da curia, dos prelados, e d o s paroc!ios ? Quereis indispor-iiÓs com os miriistros da Religiào, q u e professainos ? 0 i i qucreis pelo merios separarnos, a nós e a elles, d o centro d a unidade? Se é isso o q u e qiiereis, permitti que vos diga - niio sois catitolicos (sussiirro). Esparitnes-vos ? Pois q u e ? Tendes vús o direito de dizer que os que profcssain certas idéas religiosas deixaram de ser libei-aes ; c não tenho e u direito de vos dizer que q u e m quer separar-nos do Pontifice nos quer separar da Egrea Cutliolica; e que qiicm trabalha nessa separação deixou d e ser catliolico? ! O que, 6 o Ciitholicismo, senão a união da Egreja Sancta com o Summo Pontifice ? Obde fica esqa uriiao, quaiido se siisiita o ciurne, u rivalidade, e o antagonisnio, em vez do amor, rerpei to, e obedienciu ao PUCcommum dss fieis? Falla-se ria revoluçSo itaiiaria, e leio no relatorio do Sr. F e r r c r que Portusal se acha ligado a esse faclo por latos estreitos de amisade e fralernidade de priscipios e scittimcntos politiCOS.

Q u e o illustre deputado o diga em seu nome, não posso tolher-lii'o : lamento-o apeiios. Que o diga em rioine deste reino fidelissirno de Portugal. contra isso é que eu me levanto, com toda a força e energia da minha convicçào e d a rniniia palavra. Nego-lh'o como catholico. Nego-lho como portuguez. Nego-lh'o como hoinem de sentimentos moderados e liumanos.

Sob o aspecto reiifiioio, sabe a c a m a r a o que a revolriyão da Itiilia ? Eu vou f~rovar-llio,com as ]troprias palavras e esçripti,s dos priricipncs c n i i d i l h ~ sdesse acontecimenlo iielusto, que i, a guerra viva c dcclarada ao cctthol!'ci?;rno. Escollieil-sc pura prctcxto dcssa guerra o poder temporal do Papa. Mas quereis saber c o m que fins, e com qiie intuitos se faz cssl i t t t i n i n ~ a o ao Srtncto Padre? Esses Tios di5se-os jh 17rcdt)ricc o Grande, em uma carta a Ióltnire, iiu seciilo passado. Permitti qiic vos leiir as propriiis palavras delle, não crn l'rariccz corno as t c ~ i l i odeante de mim, mas ~ r a t l i ~ z i d nfielmente. s «Ye)inur-se-hn, (li/ ellc, n a fncil co~igi~ista dos aEstndos do Pnpa: e conseyuidc~ ellít, o P A L nLIu,lí é nosso e a scma acabou. Cotiko é pronvavel que ncriltzon dos potentados da Europa t5

«queira reconhecer una Vigario de Christo subdiato de outro soberano, todos qucrerào um paatriarcha para o seu proprio Estado .... Lf>oucoa ((pouco, cada uni se afastarú tln U ~ V I D A D E da «Egreja, e acabará por ter no reino respectivo «uma religiào, do mesmo modo que uma lin«gua Ú parte.^ Caminhemos um pouco mais para a epoeha em que vivemos. Quereis saber o que Nupolcuo, o Grande, escrevia ao directorio no anno S."? Ouvi : n;l minha opinião, dizin elle, e que Roma, nprivada q u e seja de Bolonha, de Ferrara, e «da Rojnanha, e dos trinta aiilliòes, que tiús ulhe tiramos, ncio pode subsszstir : a aellra ma-

«c/tina desaòaru de per s i ( s e détraqueru toute aseule). » Um auctor que tenho deante dos ollios, truiiscrevendo este trecho, accrcscentri: « O Ponatifice ainda está e m Roma ; e o desastroso ilnuperio de Donaparte con~luziua França a IVaw t erloo)~ Eu nccrescen ta rei que Bonclparte pòdc cliam a r velha í i macliinn sanctn d o Poritificado ; mas os factos provaram-lhe que essa riiacliina, se estava velhn, liem porisso estava enuelliecida. O imperio desabou : mas a rnaelii~~a ficou. O imperio desabou, porque era crcaçno do homem,e fructo da ambição e do erro: rnas a a m a c h i n a ficou porque foi forjada pela mao de Deus; porque é a propria virtude, e pa!evra divina. O imperio desabou, como tem desabado e hãode desabar ate B consummação dos scciilos todos os potentados por mais fortes que se ostentem. que ousem levantar sacrilegu mno contra a Pedra fundamental , d a Egreja divina. Mas continuemos : Duvidnes se a revoluçz~italiana representar5 hoje fielrnrrite as idúiis de fiederico o Grande, e ,Vopuleito 19 Ouvi ,il.fazsirri. Etn 1860 escrevia elle : « A aboliçíio do poder temporal significa para dodos os que coinprehendcm a fundo o segredo da uaucforidade papal, a ema~icipaçùodo ge~rerohua matzo do poder espiritual. a Notae bem, scrihoreu. NBo 6 a emoncipaçi!~ -do genero humano de um poder civil, que os revolucionarios figuram manos livre, menos converliente uos.intererses dos povos : 6 a ex tincçõo do poder espiritual.

.

E nào é só a destruição do poder espiritual do Pontifice : é a destruiçào de todo e qiialquer poder espiritual. E o sentido comprehende-se bem. Ataca-se o poder temporal do Papa para o impedir de exercer o seu podei espiritual. E impedido este, e destruido o catholicisrno, uoiea Religieo prornulgada e amparada por Deus, o resto é facil de combater e destruir. São erros. filhos da ignorancia, da ambiçao, ou da rebelli80, que o demonio inventou, c que o proprio demonio des troe. E a revoluçào pensa que n8o pode haver completa liberdade, emquanto o freio religioso Ili'a limitar e colirctdr. A laca o catliolicismo como Religi;io ~ ) o : * P s c ~ ! lencia : mas ataca no fundo toda e qualquer religião. E' por isso que, atacando o poder temporal do Papa, pensa, e pensa bem, atacar todo e qualquer poder espiritual. Duvidaes ainda ? Repugna-vos a franqueza revolucionaria de Mozzini, e preferi3 ouvir Gsribalài ? Eu vou ler-vos as opiniòes delle. Em uma carta dirigida por elle, em 10 de maio de 1861, t~sociedade uni taria de Palermo, diz elle : «Considerando que Christo, pelo facto de con«sagrar sobre a terra a eguaklnde entre os houniens e os povos, feZ jus ao nosso reconheci«mento e a m o r - ~ ó s SOMOS os RELIGLZO DE CTIRIS« TO. aConsiderando que o P a p , os cardeaer, os nos Sanfédistas, todos os rnercenarios da lialia ue os espiões reunidos em Roinn, são o obdaculo

uprincipal u unificaçiio da Itulia, proeocundo e «alimentando a guerra c i ~ i l - ~ ~ - d~7'-.io s so.,ros DA «RELIGIÃO DO PAP,i.

x E p o r virtude destas cossideraçòes, nós de«claravios e queremos : Art. unico. Que o Papa , os cnrdenes, etc. mudem imniediatainoite de poiso, e vüo p a r a o mais longe posaivel da ltul ia, deixaiado que esta desgruçada naçùo i t u l i a s a , que elles iorturam ha seculos, se constiiua definitivamenle. n N6s somos da Religião de Christo: mas não somos da Keligino do Papa. Nós somos da Religião de Christo, n50 porque essa Religião seja a unica Ileligiiio saucta e verdadeira ; mas porque um dos principios dclla proclama a egualdade entre os homens e os povos ;e esse principio, serve depois d e desfigurado e isolado, aos nossos intuitos ambiciosos e destruidores. Não somos da Religião do Papa, porque o Papa significa todo o edificio catholico, tal qual saiu das mãos de Deus ; toda a verdade da Relig-iao, no seu estado completo e puro ; significa o principio que agora nos serve, e os principios que nos n8o setvem; significa a liberdade, mas a liberdade regrada e sancta ; e n6s nao queremos isso tudo : queremos a unificaçso da Italia, firmada na aboliçáo de todo o vinculo,. de todo o freio . que nao vier de nós, e que não for imposto por nós. E para esse fim decretamos e queremos que o Papo e os sanfedistas nos deixem, por uma vez, constituir e organisar, sem eIIes, este pobre reino da Italiri. Quereis mais 1 Ouvi aicda,

. . ..

1 7 Em S de maio de iS61 escre~ia Garibnfdi á associação operaria de Napoles: «Nós dcrelnos ser ~ O I L chrisliios; S ?)tascomi~~eta teriamos um sacrilegio, sc prcsistissinaos na relingi2o dos padres de Roina. nSito elles os 11iai.s ferozes i~titnigosda ftnliú. d'c~itrelodos os mais temiueis. ~ ~ F ú pois r a com esta seita contagiosa e perverasa ! « . i i d s quereinos que os nossos sacerdotes srjam « christiios; mas nùo da religiùo dos nossos ini«migos. « O Rei Galantuomo por todo o preço. JWallas ((fura com as viboras da cidade eterria, porque a coin e!las a unidade italia~zaé iliipossivel. Nesta carta ainda Gai-ibnitli queria os sacerJotes, comtanto que nùo fossem da religiao de I i o ma.

K'outra porFm a sua intençào descobre-se melhor, e o seu odio religioso leva-o a proscrever todo e qualquer padre. É na proclamação aos jovens estudantes d s Pavia, que elle diz o seguinte: Todo o homem nascido sobre esta terra deve«ria lançar mào dasproprias pedras das calças das e vingar nos miseraveis hypocritas de soaluina preta, raça maldita, as desgraças, as iriajudas, os soflimtntos devinte gerações passa-

...

a

&«&ias ,. um inimigo tcrrivel existe altida,..o mais

«t omivel. a Temiwel

...

porque eslá disseininado por entre nas niassns ignorantes, eni que elle doinisa po«lu mentira. n Temiael, porqlae está sacrileqatno~tteco5o.to aeom o niaato da rellgicio. 2

« Tenlivel, porque vos sorri c o m o sorriso de Sa'cctanaz; e se melte, corno a serpente, quando Quer «morder. E este i n i ~ ~ i i tctrivel go ... e tfio temiucl ... é o snccerdote, é o p a d r e , sob q u a l q u e r forma que ellc «se apresente ! Sr. residente ...Aqui tem v. ex.", aqui tem a €amara, aqui tem o paiz, o que 6 a revolução italiano sob u a ~ p e c t oreligioso. O podcr temporal do P a p a i:o pretexto: opoder espiritual 6 o verdatleiro alvo a qiie se dirigem os tiros da revoluç~o. Atacam o Pontifice, ataca rn a criria, e, descendo por todos o s gráos da Iiicrarchia ecclesiastica, proscrevem o padre, sob qualquer forma q u e elle se apresente. Dizem-si! ehristfios, para illudir os incautos: e cospem injurias indecentes s o l ~ r ca fece dos ministros de Cliristo. Procuram iudispor-rios contra elles, porque sabem que nao Iiu religiáo sem culto; nem culto. sem ministros; e que desucreditando e proscreveiido os ministros, desacreditam e proscrevem a Religião. E tudo, já se sabe, a sombra da liberdade. e para qiie n liberdade triuinphe, e porque a liberdgde, como elles a entendem, É incompa~ive1com a Religiào, e com os s c p ministros. i$a esio id6a falsa (]:I liberdade entendem que pode, e deve sacrificar-se tudo. Amemos, disse o sr. ministro da marinha, amemos o Deus de nossos paes, a religião d e nossos maiares: mas amemos ainda mais a liberdade. O sr. ministro da marinha-c~njuncta mente. O O,+ador-Ainda mais-disse Y. ex."; invo-

co n testimuiilio de 300 pessoas, que lll'o onviram táo claramente como eu. S e v . el.qtem coragem para dizer palavras~imillinntef, tenlin coragem para as sustentar (apoiados). AiihJa i i i a i s a liberdade foi o que todos ouviram. Eu ponho a questiío religioso sempre acima da questào politica ... O sr. ministro da marinlm - O illustre deputado db-me licenya? O Br*ndor-Sim senhor. O sr. r>,iiri,stro d a marittha-Eu protesto SOlemnerneiite periirite esta cnrniira toda, e p e r n n te o pais, contra n interpretaçâo atroz, que o iiiustre dcpiitado dii : ~ srniriiias palavras. O Ornclor -Se ha iiiteryretaçno, e ella 6 má, tem direito de a rectificar. O sr. ministro da tnarinha -Queria dizerainda; conjunclamcntc: nao queria dizer que amava a liberdade mais do que a Religião. Dada esta explicação o illustre deputado pode continuar. O Orador - Estimo e ncceito a rectificação; mas siri to que seja preciso faze!-a do banco d o s minLtroi, oiide as palavras deviam Fer, mormente em clucstòcs desta ordem, t e ~pensadas, e tùo pesadus qiie iiào carecessem de rectificuçõcs. At!ihilti o illustre ministro n explicar-se porqne eu, rcaccionnrio, e parlidario decidido d a s idba; n r; tigas, n5o professo a liberíladc do Sr. José E.S.>I{JCGO que a uma iriterrup~no, qrte lhe dirigi, com totlu a ~lelieadcsa, mi: respondeu, com o cntono dc trii)iirio descabellado: sente-se-sente-se, que lk'o m«il(lo cu: não lhe eonsilito senilo qcte Inc vica, e qtre tit'escute.

O s liberacs da rriinoria da commiss~oS ~ tissim. O Liberdade por fora: despotismo por dentro. Quando o illustre deputado antes de lariçar a m8o ao poder rios quer fazer j h emmudecer; qurndo ainda a força publica não está B sua dieposicão, nos riianda jb calar, e nem consente sequcr que expliqiiemos um facto que S. ex.qinterpretou mal; veja a cnmara, e veja o paii! o que devemos esperar que faça o governo, se o voto d e confiança passar-o governo, que toma por conselheiro e defensor nato o illustre deputado! N'esta discrissão, como em todas, o illustre deputado tem interrompido todos os oradore9;iem fallado sempre. Cornmentn e auxilia, com cis seus ópartes, os amigos: interrompe, e contradiz a cada passo os contrarios (apoiados). E nós consentimos-lh'o: consentimos-lh'o todos; eu mesmo, apesar do exemplo, que me deu, e que eu n3o atccito se me elle iriterromper; s e com delicadesu, como eu o fiz, me pedir que lhe deixe explicar uma phrase ou um facto qualquer, hei de consentir-lh'o (apoiados). O sr. JoséZslev60:- Se quer que raça isso ji, faço tudo. O Orador- Mas isso que elle faz, que n6s todos lhe consentimos, entende elle qne é direito 36 delle, porque a liberdade que hoje se apregoa é assim: libertlade para n6s; e liberdade para mais ninguem.

Pois nùo ouviram ainda agora o decreto de Gnribnldi? O illustre deputado se chegasse ao poder decretava como elle (riso.) Chegou um momento em que o Papa, os cardeoes, os padres todos se lembraram de pensar de um modo diverso delle.

l ) e r r c t o i ~ . Artigo iinico. Ordenamos que o Pa~ I I cardeaes ~ S e os sanfedistus miitlem immediat:iiiiri~tc de poiso, e v30 para 1oi;çt: da Ita-

pa,

lia (riso!.

0,iliii\ires deputados riem? E u tarubem me rl.

inc ri da questiio em si, porque ellu 6, a 0s respeitos, çraride, immensa, irn;jortantissi~nn. Ki-rnc destes microscopicos estadistns.qiie quando che;;lrn n lançar a rnùo á vara do ~ o r l c r ,se emhl-i +l;iliii cwin elle nt6 ao poNo d'imagirinrem que rr urn só aceno dclles tremerá o ceu, e a terra! Ri-me desses onòes da liberdade, quc sú a inV O C ~ + I ~liílra I empolgar o mando; e que, !ngo que o conqt~istilm, deixam Iêr Bs claras no seu corii~ão, qiic o que realmente tinham nelle, era o despotismo feroz de Narat e de Robespierrc. Ili-me da fatuidade com que esse aventiireiro se pw.~uadiade que um decreto. redigido crr. termos facetos, e estylo baixo e ridiculo, era SUEcienio para expulsar e abolir do solo da Italia a Iteligi~oSancta e verdadeira, e os seus ministros!!! 13sse decreto inqualificnvcl resume as aspiracães dqrevoluy80 italiana sob o aspecto religioso. De futuro-nenhuma Religiao. Por agora-abaixo o eatholicitmo Para o protestantismo-liberdode completa e prot-crGo decidida por agora, para que nos zud i e a derribsr o catholicismn! a r a i s tarde, nem mesmo o protestantismo! E de facto. sr. presidente, ao posso que os mini.tr-05 da Religião Sancta s ~ notrozmon te per.seguidos nesse chamado reino da Italia: sao elo:;o

tod,:q

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...

giados, protegidos, e auxiliados os exrorços da propaganda protestante. Ainda no anrio passado Sir Cullitig-Eardley, presidente da sociedade protestairte deiiominada Alliatjça E'va~zgelica,agradecia a Guribnlili os seus serriços. e Itie mandava de presente urnii bibliapoliglota. E e3se ca i dillio respondeu-lhe, nnim;i!ido-o e exhortaiido-o, com a esperança de resiiitndo. « A grande maioria dopono italiano (diz elle) ase não é protestante de nonte, é-o contrudo de facto. « Pertsuada-se nmenos papistas

v. que os italianos siio ;)arzito do que se iimagina..r O povo da Italia está hoje desmentiodo a asserção ousada de Garibaldi, como eu estou aqui desmentindo a asçerção do relatorio do sr. Ferrer &cerco do povo fidelissimo de Portugal. Mas, sr. presidente, ii mister que cornprcliendamos todos; que toda a camorn, que o paiz saiba todo, o que significa a revolução italiana sob o ponto de vista religioso ; para que, de uma vez por todas deixe de se invocar aqui, como modelo, esse acontecimento lamen thvel. O poder temporal do Papa n8o 4 ponto de dogma. Ainda ha pouco o Summo Pontifice o declarou urbi et orbi. Mas o eatholicismo não comprehende só a part e dogmatica da Keligiáo :. comprehende tambem a parte disciplioar da Egreja. E o poder temporal está declarado pela dtki?lina dá Egreja, neeessario á independencia e liberdade de acçóo do Summo Pontifice. Nem a revoluçào o ataca, senào com o fim, por ella propria declarado e muiiiiestado, de destruir, impossibilitar e abolir o poder espiritual. 1

-24-

(O orador foi c ~ r n ~ r i m e i i t a dpor o muitos scnhores deputodos dos diversos Isdos da c a n r r a ) .

SESSAO DE 16 DE MAIO

Sr. presidenle- Eu disse antes de hontem que considerava o projecto em discussiío muito mais importante pelo lado religioso, do que pelo lado poli tico. E porque o proprio illustre signatario do voto em separado alliava esse projecto com um successo importante, a que a Europa tem assistido, espantada. e como que envergonhada e confuso ; tratei dc avaliar esse successo, Fura que a upreciaçáo d'elle me desse luz na disciissão. Dissc que, corno catl~olico, nao podia deixar de indignar-me ao ver escripto, como rotulo, como idéa capital e dominante desse scto revoliicionario, a heresia conti*n a palavra Divina : o prokeutantismo contra o catholicismo ; o indifforeritisrno, e o atheismo.

Mostrei,como documentos irrecusavcis,qire a intirnoçào no Summo Pontifice para qiie 1ar;;asse o poder temporal, nào significava uma pertciiqno de hoje, mas pertencáo muito mais antiga. E mostrei, pelos proprios escriptos dos propugnnùores, aiitigos e modernos dessa i&a, que o fim a que elles se propõem com a aboliçuo do poder temporal, 6, nem mais nem inenos do que a abolir.òo do poder espiritual. Disse-o Frederico o Grande, e m carta a Voltairc : repi tiu-o Napoleùo,escrevendo no director i o : apregoam-no, c proclamam-no hoje, aberta e ousadarnen te, ;Ilazzitzi e Garibaldi. H o j e sr. presidente, e ar~tesde passar adiuritc, permitta-me a camara que, e m apoio d'esta rninhn apreciacào, Jtie leia a i palavras eloquentes de um grande escriptor. Fallo de Guizot. Na sua obra intitulada L'Eglise et lu Sociefé Cltreriénrae-diz elle : a A u~ailio do pode^ e s p i ~ i t u a le do poder tem~ p o l * a 2do Papa ndo tena sido zcnz fucto spstcmaaticamente procurado e co~asegz~icloem 92on2e de « 2tva 27rUacipio ~acio?zal, ou de qcn2a yertelzgüo a ambiciosa. . a F o i a necessidade, uma nccessiclnde intima e ucolztkua, que cerdacleirn~nentep ~ o d u z i u , C tem amantido ~ s t facto, e atracez cle toda n sorte de aobstaculos a A s possess8es e o gsaerqo wieram a o Papa acomo unz appendice natural, e zlln apoio qlecssasario ds sua grande situagão ~ e i i g k s a ,e á mea d i d a que esta s i t u a ~ ã ese desenuoluia. .As doações d e Pepino e cle Carlos Jf'gno foaTam apenas incidentes impo~tnntesd7este dcselzavoll;Êmento, a o mesmo tempo espivituul c tcnapo.pai, começado de Zanga data, e fuuo~*ecidoegual-

-

.

...

razénte pelos Uisth2ctcjs dos povos e fuuores dos «reis. u Foi tornando-se Chefe da Egreja, e pulga o aser realnlente, que o Papa se ~ O I - I Z O Z Lsoberano a de tini Estado. a Produzida assim pelo curso natriral das coicscrs, e yéla forca das sitzlacu"es, a uni20 dos doi8 apoderes no Papcl ; ceizc essa '1t12iÜoa produzir um o u t ~ oresultado, tão natural, conio in~previsato ; e foi O de separar e dividir esses dois poaderes em todos os demais Estados. -a6 PRECISO, disse com grande ~ w ü Mr. o a Oclillon Barrot na assemlléa legislatira, 1; PREaCISO QUE OS DOIS PODERES ESTEJAM CONFUNDI-

aDOS NOS ESTADOS HOMAKOS PARA QUE ESTEJAM aSEPARADOS NO RESTO DO MUNDO.-

aBastantes seculos antes de OcíiElon Barrot, O ainstincto das sociedades christcls, e o interesse cgeral da civil isação europeu tifil~am dito jci este

-k

PRECISO.

-

aComo soberano tempo~alo Papa ~zcFo é temiuvel para nhzguena; mas a sua soberania da.lhe auma @caz garantia da sua i?~dependencia,ce da usua aucto~idade9noral : s o egual dos reis em rd.ignidade, sena ser rival d'etles no poder temupo~*al,pdde assim defender em toda a parte a edignidade e os direitos da ordenz espiritwd, ave~dadezi*afonte, e verdadeira base do sezc pou der. D

Sr. presidente. Para Guisot a uaião do poder temporal com o poder espiritual nos Estados Pontifieios tem a mesma signilicaçào que tinha já, no seculo passado, para Frederico, o-Grande. Essa uniiro e precisa, nos Estados PontiTicios,

para assegurar ao Siimmo Pontifie a sua independencia e liberdade. É preci~a,nos outros Estados, para qiic! estes possam su'3jvitnr-se ao poder espiritual do Poiitifice, scm se siibjeitarem a nenhum poder cjtranho. Privado o Papa da sua soberania temporal, c reduzido h condiçùo de subdito de ?ualquer rei não sb a sua dignidade moral soffrerá nas rela-' çùes diplomaticas com os outros pnizes; iniis procurar-se-hia minar a obedieocia ao poder espiritual da Egreja, excitando o ciiime e a rivalidade com o paiz, de que o Papa fosse subdito. Nem o poder tcniporal d'elle se guerreou nunca, ou se guerrGri hoje com outras vistas, com outros intuitos. O fim na0 6 a ZiEcrclads: o fim 6 a dcstruiqão do catliolicismo. Aqui mesmo, sr. presidente, tenho ouvido já dizer, que não precisamos de entender-nos com o Summo Pontifice sobre ncgocios que respeitem d Egreja. Tem-se dito, que siibjeitarrnos a nossa deliberacáo ao que se acordar com a Sancta Sé em similhnntes aasilrnptos, a pòr o governo do reino na dependenciii de u m governo extrangeiro. E se essas i&os se espallinm, e se apreguam quando o podèr temporal de Roma, por sua pequenez material, nem de pretexto p6de servir a esse falso zblo da iiidependencia nacional ; irnagine a eamarn o que se diria se o Sancto Podre fosse subdito de iima nação poderosa, e nessa posipáo governasse a Egreja: O pontificado nilo morria, porque n30 Iia-de morrer nunca. Opontificado é a Egreje, e contra

a Egrpja, disse Deus, lima r c z por todas, que nunca o geiiio do mal hníia de prevalecer. Mas a sua a c ~ z ohavia de encontrar serios estorvo$ e obstaculos ; e a esse alvo se dirigem as p e r t e i ~ ~ õ edas revoluçào. 11e0 6 só da revolu~ãoitaliana : é tarnbem dti

d è ca.

Oquesignifica o desejo consignado no voto em separado de ver governar a cliiimada Egreja LUsitana sem dependenia da Curio Romana ? Pois os prelados náo teem obrigação rigorosa d e estar tinidos, em tudo e por tudo, com o Vignrio de Christo, do mesmo modo que os paroehos com o seu prelado, e os fieis com o seu parocho ? Para que se trata de quobrar esta cadeia ou de tornar lassos os 610s que a constituem, ren3o para ir afastando os licis pouco a pouco do centro da unidade da Egreja P E riso tenho eu motivo para assustar-me, quando vejo espressòes d'esta ordem, não j h proferidas no calor da di'cussào, seriao ewriptns no remanso. no sileiicio, no socego meditado do gubinetc ? Diz-se que se pertendc libertar a Egreja do poder temporal. para constituir o que o ministro Cavour chamou « Egreja- livre no Eslado livre. » A esse respeito permitta-me a camara que eu lhe leia algumas palavras de Guisot, no opusculo citado. a Quer-se privar, diz elle, o chefe espirit.zca2 ada E y e j n Cat7~oZicrcde una caracter e de unza asituaq.20 que ella olha, ha secuulos, conw gnran.tia da aba iiidepe~zclelzcia,e yertende-se que nem rpo' isso se puer suscitar di#culclaáes ao caa tholicz'smo ou mzit ilal-o.

-29aAindn mais :sttstenta-se yibe a Z p - e j n Cclthoalicn ~ ~ u n foi e a l i ç w ;e so' agora 0 2.ae sera A EGaEJa LIVRE 6 o principio yzte se prbczaorna eei Ilonle do Estado, IZO proprio mollzento cenl pzlc o Estudo n w e h t a d Egreja a sua .crco~zstititi~Zo e a succ casa. n Eu 12C0 210~~0 sztppor, ecz um 7zon2em eeq*dan deiralilente szlyerior, pbma hypowT"k c p i e a e airrisoria: cldmitto, como' o disse Mr. de Cnvozbr, ae o attestam os seus nnzigos, que eZZe quiz dizer, ae julgou realn2elite dizer urna coisa s B ~ i n ,quanado tomozc por programmn da sita 23olitica a crmaxinzu da EGREJX LIVRE NA PALEIA LIVRE.^ a Xe, trabaZhn?zrio pa7* co~zpz~istar e constitlci~o crei22o da Aaliu, ellt3 ss limitasse, como se 1im.i«tn~nnzos cZicersos Estados Ujaiclos dcb repu blica ccamerica~tu n promnzc&tj* a absolztta separagão cdo Estado z da Egreja ; dhixando a %reja a Catlzolica como a achou, e enz posse dus suas aantigas instituições; da*. de Cacour teria algum adireito de fallar assim. aProclamar po?*érn a liberdade d a Egreja Cuntholica no proprio momento em pue, contra vonatade della, se lhe entra em casa, para lhe urreaõatnr as suas possess0es, para lhe escarnecer as asuas t~~adi@es, e derriba^-lhe os seus fundamenatas, 6 u m facto de tal orden2 qrce e u não conhe apo na histol-ia exemplo algum tão frisante da aZevia~2dnáepresumida e ty~a12nica, a pw e s t ü ~ asdjeitos os espiritos mais eminentes, quando ae aaha12doaai1a ao enthusiasmo da ambição e da, u boa fortz~nu.n

Sr. presidente. Nao 4 possivel pintar -com mais delicadeza, nem com mais verdade a Iigpucrisia re~olucionaria.

nA Egreja livre no Estado livre foi a formula pulitica e diplomatica, de que o conde de Cavour revestiu ns pertençòes francas e declaradas de Mazzini e Garbaldi, quando as perfiihiou e 0%cialmente as fez suas. A formula E diversa, porque nas regiòes diplornaticas nunca se chama ás coisas pelo seu nurne : mas a essencia é a mesma. Despojemos a Egreja para a tornarmos livre !. . Nos ducados disse-se : despojemos os duqiies, para libertarmos os durados. Mas agora o paradoxo B mais cynico ainda : d~spojemosa Egreja para .libertarmos o Egreja ! Mas libertol-a de que? Libertul-a do que ella tem, e nbs queremos para 1-16s. Libertal-a da indepeodencia, da dignidade-e da proprio força da sua .acçuo, que nos faz mal, 6 que nós náo queremos que ella tenha. E' esta a liberdade que o governo, que a minoria da commissão quer para a Egreja ? Pois 4 essa exactamerite u que nenlium catholko podequerer : 6 essa a que eu como catholii c* solemnemente rejeito.

.

Se como catholico, sr. presidente, detesto i~ ~evoluçâoitaliana; tambem,. como por tuguez, md irnpossivel sympatliisar com ella. O principio fundar~ental que regula os dereres dos Iiomens, e os das naçòes, entre si, 6 que ninguem tem direito de fazer ou desejar aos cnrtros o que náo quer para si. E por que eu não quero que em tempo nealium, e por nenhiim principio, se faça a Portugal*o que acaba de fazer-se aos ducadou, ao

reino de Napoles, e a parte dos Estados Pontificios, 6 que eu, como p o r t ~ g ~ en3io z , posso sympathisar com o reino de Italh. A nacionalidade de um puiz esth ligada com a propria dignidade do homem, porque envolve e resume em si o direito de propriedade, o da familia, o da sociedade, e o da independencia. Mas se nbs queremos que este direito se regpeite em n65, porque principio havemos de applaudir quem o não respeita nos outros? Com que titulo foi o Piemonte apossar--se de Parma. d e Wodena, de Florença, de Napoles, de parte dos Estados Pontificior, e pertende ainda hoje apossar-se de Roma'? Que direi to de successáo invoca ? Qiie contrat o ? Que serviço? Que titulo, senão o t l u í'orça, e o da t r a i ~ a o? O sr. ministro da marinha disse, respondendo ao sr. Casal Aibeiro, que sa ospiemontezes eram extrangeiros em Nopoles, o eram egualmente nos ducados : mas que n'umù e n'ou tra parte o suffkagio universol os declarhra naturaes ; e que para expulsar de Napoles 03 extrangeiros é que ]h foram os piemontezes. Eu concordo com o sr. mioistro em collocar .os ducados a pár de Napoles; e nessa parte per~ t t a - m eo illustre relator da maioria da comrnisque discorde completamente delle. Os direitos de cada u m medem-se pels jmtiça :. nPo se medem pela extensa0 territuria[ da nenhum p;~ix. A causa é a mesma.: e quanbo se estabelece um principio B mister aceeitar-lhe todas as suas consequencias. Mas invocnes o suffragio universal ? E' n i l l e que suppondes estar a expressão livre da vontade do povo ?

En tùo, por que o não estobcleceis eii ? Rejeitnis-lo ? Continiiaes a substi tuil-o pela censo, porque desconfiaes do roto universal 4 Enttío, porpue o invocaes 18 fora ? Mas. serinmen te : ignoracs como foi bavido esse suffragio universal ? Esse suffrogio, . pedido e recolhido, sob a pres~ $ 0de . um exercito invasor,; no meio do estridor d8.s armas ; e por entre os horrores da con-quista e da guerra civil ? Se o nõo sabeis, esperae, qiie eu vol-o digo. Tenho diante de mim um folheto que por a h i corre, impresso por um dos proprios collaboradores desse suffrogio. «As pleigors (diz elle) fizeram-se poucos dias

..

depois

...

exigido os rcgistros das parochias* apara fazer o recenceamnento dos eleitores, e de
..

a rificnçCio do esc7-zdtinio deu nzaiov numero que v

eleitores arecenceados. Ein taes casos s.ci)zecrdiozs-se o mal feito com uma recti'caçüo na aacta. n C Qtlanto Ús lisfas negativas, 026 contrarias ao a Piemonte, necessa~*iclspam dai. ao st~frc!$ lo CZCHLZ cq~pci?-el~cia de cerclade, ~e~izettenw-nos aos sp1-oprios eleitores.
italica ? Ha differenç8'1 Sim, senhores : mas 6 a favor da Peninsula iberica, porque Philippe I[ de Hispanha ainda invocava um direito de successão, que ntio era táodestituido.de raeòes que nùo fosse perfilhado, e oflicialniente reconhecido pelos regentes do reino ; e Garibaldi, Nazaíini, e Victor Manuel nem isso invocaram. Em 1807 hasteou-se aqui na\ amente a ban-

3

deira da tiriidade : c riao erii uma ~inicindc 130 circumscripta e liinitnds. roiilo ;I do $eciito S V I : ia ainda além dos Pjiineo.;. e tambem alcrn dos Alpes : ern muito mais múgcstoso e iinponentc que a de 1650. E todavia: nem porisso se consolidoa. Subjcitámo-nos aos Iiis~in~~liocs, e depois aos íraiiceres, cmqcianto lios forcarum a irso : logo qHe podhmos, sacudimos o jugo, e lilertamo110s. u Ospicinon~czrsforoi~iespulsar de ,Vupoln os ~slriitigeiros!r

...

E ignoro o sr. miiiistro dn marinbo qiie os francezes tainbern disseram o tnesmo, quando c& vieram ? Elles n8o disseram que tinlinm conquistarnos proclnmur~inque viiiliarn libertar-nos dos inglezes. E' n fiistoria de liontern : n8o fia direito de a ignorar. E se nao querem05 qiii, iímaiibà nos 1iOerdrm outra vez, a fratac~za. ou ci hispii>i/aola. que pnra o caso villc o mesmo; nào estejnmas aqui a opplaudir todos os (lias os qiio foram lil~ertar os ducados c o reino de Nopoles á picmon:9

....

tesa.

Rcparai bem que 9 principio podo bmcinha virar-se contra nbs ! E se de ccrto o n3a viram corn o meti asscnn o c bem c14ir.~incntcetnillo aqiii as miiihns opiniões ; ricin coin o auscr~timctitoda grande maioria dos portuguczes O ar. Casal Ribeiro-De tudos. Ourador-Eu j!i aqui o disse uma vez. NPO lia para mim f ~ t que o traduzi. que erpriina mo-

...

Ihor o estado d'ultima al)jec@o moral do i i ~ d i -

viduo, do q u e o facto, por via do qual elle entrega ao extrnngeiro o dominio da naçiío,a que pertence. (Apoiados). Mas s e toda a camara, se todo o pniz me acompanha neste sentimento, não queiramos uma lei para nós, e outra para os outros. O que seria crime em Portugal, é de certo um crime na Italia. Zelemos e respeitemos todas as nacionalidades alheias, para que nos respeitem e zelem a nos-

sa. Sr. presidente, se como catholico, se como portuguez tenho motivos, e motivos fortes para reprovar a revolução italiana ;detesto-a tambem como homem, que sou, de sentimentos moderados e liumanos. E lamento que nesta camara, que neste paiz, que neste seculo, haja coragem de applaudir os actos de barbaridade, verdadeiramente selvagem, que se esta0 praticando, e tem praticado na Italia. Os piemontezes ainda tem uma desculpa nas malfeitorias q u e fazem. Cegos pelo desejo de engrandecimento nacional, e pelo enthusiasmo d o sticcesso, não v&em que se estão cobrindo de satigue ate aos olhos, e que em breve sc nfogaròo nelle. Mas nós, os portuguezes, que desculpa podemos invocar para não ver ? Qile sentimento grande, que enthusiasmo de succcsso nos venda os olhos para 1130 vermos, nem a torpeza dos principias, nem a barbaridade dos meios, pelos quoes se est6 realiaando ess a obra riefasta ? Entra-se por um paiz dentro, como poderia

*

entrar nelle uma horda d e salteador?^ ; aproveita-se a t r a i ~ ã ode um ou outro miriistro, que s e comprou, e que facilita a i n v a s ~ o; consegue-se lançar mão da auctoridadc c d o governo n'um momento de torpor. fillio do espanto, e do inesperado do successo ; expulsa-se, com mais ou menos dificuldade esse p b i i i i ~ d o d e bravos, que e m Gaeta sellarnrn com o seu sangue o protesto solemoe contra u csçravidão d a sua patria ; proclama-se o assassiiiio com o meio legitimo de assegurar a corlquista ; recorre-se ao incendio como meio de facilitar o assnssinio ; espalha-se a fogo r: o sangue por toda a pilrte ; e ha ainda quem nos convide a applnudir essa Iiecatombe sem fim, que envergonha n hunianidade, e pollue d'um modo indelevel as )a,' wnas historicas dessa, outr'ora, formosa 1tali;t.? ! ! Que o applauia o governo inglez, que ainda hontem despedaçava os-indios na boca d a s suas peças ; e que dessa revoluçùo espera tirar e m resultado a substituiçào do catholicisino pelo protestantismo -explica-~e. Que o applaudu o governo francez, cumplice dessa traição vergonhosa, e que em premio. recebeu os trinta dinheiros de Niza e Saboiaexplica-se ainda. Mas Portugal !... Porque ? Para que ?...Com que fim ?... Ignoram por ventura a verdade do que digo? Oiçam entno os documentos, que ha muitos e importantes. A difficuldade está só na escolha ; porque eu não posso aqui lel-os todos. Começarei pelo bando, decretado pelo tenente coronel Fantoni. Diz esse bando: r O commandante do destacamento do 8." reg+-

mtnto dc ii,Sante,*M de guarnigãoem Lz~eera(Capinata): cr Em L.:tia as ordens transmittidas pelo prefeilo da j,i*nrútcia, a $m ddz conseguir por todos .~ n pronxpta destruigão da b9~iganos a l i . i ~c$cazes da r t e n ~: Ilecretcc : a I.' D'ora ávante ninguern poderá penetrar, amesmo a pé, nas joflol*estas de Dragonaro, Sancta ~ A g a t h n ,SeZvanel*a, Gargano, Sancta Maria, a Pietra, illotta, Volturara, Vulturlno, S. Maracos Ia Catola, Celnxza. d i Carlantino, Bacchari ade Veat~r~celli, e de Cctzarette. o 2 . O Cada proprietario, vendeiro, ou feitor seard oòl*igado imnzediatamente, d e p o i ~da publica .rg20 do presente aviso, amandar retirar das ditas uJEorestustodos os tra6alhadores, pastores, cahreiaros, etc. que ah~possuna estar, bem como os rea ban?~os. Os supraditos serão pbrigados a demoali?*os curraes e calianas ahi edificadas. a3." D ó r a em diante ninguem poderá ezportar ados paizes visinhos viveres para uso dos camponezes; e estes nao poder80 ter em seu poder, seanão n qzcantidde de manthento necessario para a a stutentap?i'o de um dia, por cada pessoa da c sua f urnilia. r 4.e dquellgs que contravierem apresente ordem *que será posta em vigw da& dias depois da puuhlicagüo, ser;~, sem mcepflo de tempo, logar, aou pessoa, t ~ a t a d o scomo os ~ ~ t e e*sfusila, ados. uPu6Zicãndo a pregente ordem, o a6aixo assig~zndo,convida os proprietarios u dar lella promapto eonhecim.onto ás pessoas, pce empregam, paara qtce procurem evitar os rigores de que s4o ameapados ; advertindo-os ao masmo tempo d I

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apue o governo será ijaexoravel na suo a.~,ylicaydorlucera

9 de fevereiro de 1862.

O tenente coronel E'antoni. n Quer dizer : Todo o individuo, que penetrar na floresta, por qunlque; modo que seja, a cavnllo ou a pé, armado ou desarmado, por motivo necessario ou voluntario, com bom ou mau fim -serii tratado como brigante-E FUZILADO! Todo o individuo, que de repente não fizer retirar da floresta os seus gados, pastores e trabalhadores, abandonandò tudo, e arrozando tudo-será tratado como brigante -E ~ u z i ~ n !o o Todo o individuo, que do povoado levar viveres aos camponezes, por mais pacificas qiie estes sejam, por mais fortes laços que o unam a elles -ser& tratado como brigante- E FUZILADO.

Todo o campoi\ez, que tendo de ir pessoalmente abastecer-se no povoado, levar ou tiver abastecimento para mais de um dia-por mais motivos que tenha para neo querer fazer a jornada todos os dias-será tratado como brigante -E FUZILADO ! Todo aquelle que se enganar no calculo, e no proprio dia n8o consumir o abastecimento respectivo-será tratado como brigante -E FGZILADO ! Mas fuzilado em nome da liberdade, fuzilado pela liberdade, fuzilado para ser livre, do mesmo modo que sa quer que a Egreja seja livro no Estado livre ! Não é bostan te esta ordem ? Lerei outra. E' do mujor Fumel, e diz assim :

-39AVISO AO PUBLICO a O abaixo assigncsdo, encarregado da destrztz'ç(lo da brigandagem pron2stte ztnm lecompensrs

de cem francos p o ~cada balidido, quee>m o ~ t o , ou vivo, se Zhe apresente. a Egzml somma reeele~*rítoclo o bandido, qim mate um dos seus camaradas, alem de obter perdão para si 'wsmo. t Toda a pessoa que der asglo, 0.u alimento, ozt meio de defeza aos bandidos ser4 irnmediatamente fuzilada; e o será tadeem toda a pessoa qzce, eonhecendo-os, ou sahenslo onde se aclza~n,1220 de?* parte ci f q a p d l i c u , e ás aztcto~-idadescivis 026 rnilita~es. Isto é elarissimo. E' o assassinio elevado u pri?~cipio,convertido em direito, tranformado mesmo em dever, sob a ameaça formal do fuzilgmento. Premio a quem me trouxer u m bandido, morlo ou vivo. Morto pura eu cevar a vista nelle; vivo, para cevar a miiiha vinganca! Premio sobretudo o assassino, que fdr tambem traidor; que se servir da camaradagem para assassinar mais a seu salvo; que apunhalar pelas costas, que ferir com abuso manifesto de confiança,, que violar ao mesmo tempo, a fé jurada, ao individiio que tom6ra por cumpanlieiro, e h causa da potria que L:P osára! Premio a esses. Mas castigo, e castigo severo, e castigo de morte, ao pai que d e r asylo ao filho; 6 esposa que der alimento ao marido; ao filho, que n8o for denunciar o pai; uma vez que o filho, que o marido. ou qiie o pai militarem, ou tenham militado na deiesa da patria! ~ ~ ~ ~ ~ s Todos estes serào i n r n í e n r ~ ~FUZILA)+

nus, em nome da liber(iade, para q i i c n liherdade triumplie, L. liara qiie os ~iiopriosI~;iiidiilos sejam livres. iiius d'aquelle rnotlo por quc sc quer que n Egrrjil s e j a livre i i a patrin liore. Espantam-se?! NBo sei porqiie? Pois n8o sabein que estes ~~riiicipios esta0 escriptos no proprio codigo da lei, que pura vergonlhn deste seciilo, impera no Italin? Eu peyo licen~a6 carnara paro ler algunsartigos desse codigo. Nã9 avanço nada sem ter documentos na mùo. NBo faço como o sr. ministro da rnaririlis, que promettendo esmagar a reacçào sob o peso, e importuncio dos documentos, que aqui havia de lèr-nos, nõo achou, outros que eh trouxesse, sen8o os do padre Fagrindesl (Riso). Eu vou IBr algdns do5 principaes artigos, redigidos por Mazzini para organisaçõo e governo d3 Jotten ltalia. . ~ o ri~mxr n 6 igistitt~idapara ~ d r l i g o1 icd~rribartodos os Eslados da Penit~sula,c de utodos e l l ~ sfor~nar u m sú, sob o rcginien repua blicano. «Art. 2." Tendo reconhecido 09 mula kwf« rireis do poder abroluto, c os maiores ainda das
a filica,

unica e ittdivisiu~l. 30." Os que niio obeddcerern ás ordens

a Art.

«da rocicdad8 secrera, os que rwelarevi os sew
n.irl. 53.'' O que sc recusar a execular n ,asentença será declarado prtjuro, r morto, co«mo tal, i?zslantanearnentc. «Art. 55." Se o c~~~i'pudu condemnado s e evaa d b , sera incessantemente perseguido, e ferido apor uma ?:iùo invisiuel, cst iuesse ellc reclinado asobre o seio materno, ou no rabernaculo de a Christo. Sr. presidente-Aqui estó o fim; aqui cstão os meios, aqui ests ern resumo a Jocen Italia. O Frn 6 a republica; a republica vermelha; wertnelha pelo sangue que derrama, que espallia, e em que se afoga por toda a parte onde chega. Os meios sso o assassinio, legislado no codigo, decretado pelos tribunaes, executado pelos proprios filiados! Ao filiarem-se na ordem, todos se obrigam a ser asrassinos ; todos se eompromettem a ser
cos?!

Duvidam de que sejam estes os principios que regem hoje realmente na Italint Os bandos de Fantoni, e de Fumel, o provam de sobejo. Mas se a camara qiier ver o assassinio

0%-

cialrnente glorificado nas altas regiões officiaes, escute-me, e admire.

((ITALIA E VICTOR AIANUEL O DICTADOR DA ITALIA AlBRIDIONAL: B

a Consideraizdo sagrada ao paiz a memoria de pai, com iiiimitauel hei-ois-

aAgzsildu Milano, o

tn20, se imnzolou 720 altar da Patria, para lG uõertul-a clo tgranno, que a opprinzia. a Decreta: a Artigo 1 . O É concedida uma pensão de 30 uciucados por nzez, a MagdaEena Rtlsso, mãe clc aMitano, para a gozar dzwante a sua vida, a a contar do 1;' d'outuh~*oproximo. Art. 2 . O E concedido u m dote de dois mil duacados a cada uma das duas irmas do dito Mia lano. aEsta somma será Ênvertida em fundos publi acos a titulo de dote Ênalienavel, e consignada a ás irmüs, 920 decurso do prozim,o outz~bro. aArt
Sr. presidente -Lembra-se v. ex.' decerto que quando Agesiláu Milano tentou assassinara rei de Nopoles, todos os partidos reprovaram altamente o facto, e l a n p ~ r a mpara fora de si a responsabilidade delle. Era o pudor publico que triumphava da eorrupção que dictára similhante crime. Mas hoje, os tempos sào outros! A seita, que ordenha o crime, . e o fizera executar por u m dos seus subordinados, perfilha-o publicamente, glorifica-o officialmen te, c premeia-o largamente. E faz-se tudo isto no Piemonte, B face da

Europa inteira! E app!aude-se em Lisboa, e ne. seio mesmo deste parlamento! Quereis saber os resultados? E' que os proprios homens, que ao principio 'sympathisararn com o morimen to, pensando que elle se dirigia sincerarnenle a fazer da Italia um grande Estado, com um s6 governo protector e livre, mas probo e honesto--esses mesmos cobrem o rosto, envergonhados e horrorisados, e entregam os sicarios d reprovaçõo publica do paiz. Tenho diante dos olhos o relatorio, que o Duque de ~Waadolonidepositou sobre a mesa da camara dos depiitados de Turiin, sendo elle mesmo deputado por um dos circulus do antigo reino de Nnpoles. Esse relatorio começa assim: a Senhores: » «Deputado d a direita; isento d a suspeita de ícnutrz'r idéas contrarias á marcha constitucioanal, e ás formas pacificas e regulares. que nsào a razào suprema, e o fim definitivo e ((ideal de iodo o governo; eleito pelo mesrncp «collegio que m e enviou em .ISJS ao parlamen«to napolitario; triumphando Ias luta eleitoral, aposto que combatido por iodos os artificios da ignobil seita dos PIE~'I~ONTISADQRES,que ero aentüo omnipotente no meu desgraçado paiz ; ncidadão ,iapolitano, e, desde os meus primeiaros amos, ardenie e fiel partidurio do bem ((estar, G da honra d a minha palrin: tinha de((cidido elevar a voz contra as nzanobras d s ((governo, logo que os represetlluntes d a naçüo use reunissem no parlamento. «Mas os factos, de que eu deuo occupar-vos,

a

c gra«iies,para que eu possa con[iar a exposição ndelles á niinlia ùiexperioicia oratoria. No entretanto, os males complicam-se, o uEs~ac;ocorre direito á sua perda, e a ignoarninia, recahe sobre a nossa cabeça. r A minha cotisciencia, e a minha honra, imcrpoem-me odcrer d e apressar-me a apresentar-vos aestd rnoyão de inqueri:~,funda»ictitada com aos motivos, que m e determ,i~zarama apresen«tal-a. asen horcs, sào de~)~asindamentc $1 umerosos

O deputado napolitano percorre depois OS factos mais notaveis do governo piemontez, e examina-os todos debaixo do ponto de vista religioso, politico, e moral. E chegando aos meios sanguioarios, de que se tem lariçado mão para segiirar a conquista, diz assim: a Os C?* inws commettidos, durante esta guerra a civil f azenz-nos envergonhar da forma huniana *de que estnnzos revestidos. a Nossos concid~~.di?os süo fuzilados sem forma d e processo, pela simples mcspeita de te?* dado &pão ou abrigo aos i?zmrge?ztes, ou sobre a acamsagtio simples CEB m Znintigo. a Os soldados piemontezes levam os p.is;onei aros ao supplicio, recusando-lhes as ultimas conasolaç5es da fé: e a mzcitos feridos tem-se a t b arecusado o auxilio de um cirurgião, fazendo-os amoyrer nas horriveis t o ~ * t u ~ ados tetano. a Aprisionaram-se ultimamente em Caserta dois *dos chamadw brigantes, e t i v c ~ a ~ presos os crdois dias sem l h s dar de comer. a Os desgraçados pediam em altos 6rados .pão! pzo!. .. E ninguem 1hes respondia.

o AJinnZ, uhricc-se a porta da hor~-icelmasmorura; e pzra~zdo esses desgragndos co?*s.erampara a ella, espera~~clo cic7~arpZo, agar?*ctram-nos,levau mnt-nos aos pateos, e filzilaram-nos. «P ~ * O C ~ C L , )2 1L1 ~ 1 2Z ~a ~L 112-12Fisticc. C E?ztj*etanto, um crcampollzz tle Liuíwcli, chamado E7rci)zciscoBusaso, ql:c ti~thn sido ferido na ilhal*ga, vivia ntrany~iillaeie~ttc, F,ccuia dias, em companhia de u sua mulher e $lhos, findo vzessu anznistia. n Os seus an2 igos disseram-lhe pzce se escondescse, e se nüo fiasse nas promessas de Pilzelli: umas slle ULIO yziiz oucir fuZla~*nisso, ~espondegtado que era in2possiceZ pne tcm 1nt2itar honrado ufaltasse á szta p a l a ~ r a . aA.iltda estas paiclcras 1z3o eram ditas, e já uos solclados yie?noi~ic~es tilihaqnf~?.~nclo a porta, ae prendido o iljfelir, g i l e co~zduzi~.um a ATola, e aahi o fuzilarana. ..............................(i..........*

a Pol* co?zuite de um assassino d a "Communa de uSommct, foi ahi ~epntinamenteo conde del Bosaco, e upotte~*ou-sede seis cidadãos pacijicos, enatre os yziaes havia unz goven de 20 alzizos, ofiu cial da guarda nacional, e casado, hcxvia poucos adias, com uma jocen, e linda mulher ; e fel-os afuzjlar a todos na Praga Puhlica, sem fórrna aalguma de processo, e sem os ooccorros da reliagiao. * . . . . . . . . . . . * . p . * . . . .

...................

a i n s u ~ r e i ~ ãdeo Montefalez'one, 50 arebeldes esperavam sobreviz;er ao MASSACRE, reafugiasdo-se na E g ~ e j a :mao os soldados piernonutezes arrombaram as portas, penetraram no temaplo, e os rlcsgraçadosJoram degolados na pi*oprin uçasa de Deus.
Nunca! Una-se qdem qiiizer : una-se quem sympathisar com esses meios, e com esses fins. Portugal não !

....

Por vezes se tem aqui alliidido, sr. presidente. aos excessos praticados durante a guerra civil d e 1828 n 1835.. Tem-se-me disparado allusùes sobre os excessos do campo realista; e eu, reprovando e lamentando de coraçiio, esses excessos, d e q u e lavo as minhas màos, e estou completamente innocente; e çon trapondo-lhe eguaes excessos praticados pelo campo liberal ; tenho pedido, tenho reclamado o concurso dos Iiomens serios, dos homens honestos, dos homens moderados d';imbos os campos, para que, de uma vez por todas, lançemos um v8u de reprovaçao e esquecimentob sob todos os horrores, qualquer que seja a bandeira politica á sombra da qual se pra ticabem. Esse pedido tem achado sempre sympathia na camara ; e se uma, ou outra voz, rnai~~exaltada, m'o tem redarguido mal ; o grande maioria da camara tem feito justiça ao sentimento nobre, que o dicta, e tem-se mostrado constantemente animada dos mesmos desejos, dos mesmas séntimentos. Mns Sr. presidente, .ando eu vejo estas expanções, diarias e repetidas, de syrnpathiil, 0%eial e extra-offieiol, para com um mosimen to, t l o lamentavel, como sinistro; receio, e muito, que a reprovaç80 dos horrores venha antes d e um odio partidario, do que de um iiobre sentimento, franco, riobre, e sincero, do cora.çb*

Dir-me-heis que apploudis o movimento, e não o sangue derramado. Mos perrnetli que vos diga-a v69, eensores desapiedados d o arcebispo de Tolosa-que nem sequer tendes direito para isso. O arcebispo de tolusa celebrou um acontecimento da seculos; e vós fostes buscar a toga ensanguentada d e Cesar, para levantar as turbas contra elle. Com que direito pertendeis então que fechemos os olhos ao sangue, que se derrama hoje; para s6 ver-mos o que charnaes emancipaçào da Italia?! O arcebispo de Tolosn tinlia direito de s6 ver hoje, o que hoje resta, que 6 a Egreja vic toriosa. Mas vós, que evocastes contra elle o sangue, de que !penas resta vestigio na histeria; como pretendeis ter o privilegio de nem sequer v8r o sangue derramado hontem, e hoje, e sempre, e por toda a parte, onde chegam os sssassinos, officiaes e officicisos, da Italia!!! Mais ainda. Nem sequer vos dignaes reprov a r esse injusto derramamento de sangue: reprovaes pelo contrario os que ousam levantar-se em defesa da patria, contra esses consquistadores, incendiarios e assessinos! Sede colierentes, pelo menos, se quereis que vos acredite ! Applaudis a emancipação da Iialia ! Mas emancipacão de que? Eu vol-o disse

já.

e

a en~unc@açi.tode todo o vioculo reiigio-

so, e muito especialmente do r~inculo cotholico.

E' a ernancipaçào dos differentes Estados, da sua nacionalidade e autonomia. E' a ernaiicipaçito do genero humano do odio, que por sentimentos naturaes se vothra ate hoje ao assassiaio, ao incendio, 6 barbaridade, e selvageria, de todas as especies. E' daquelle vinculo, dessa iiacionalidade, e dcste odio, que v65 quereis emancipar-vos, e que vós applaudis que se emancipem os outros? .... Na0 6 decerto. Pois a revoliig3o da Italia significa isso, e só isso, e nada mais, e nada menos do que isso. E 6 porque ella tem similhnnte signiticeâ50, que eu a detesto, e que comigo a Iifipde deteitar todos os Portiiguezes, verdadeiramente dignos desse nome. Detesto-a, e reprovo-o: e 1130 hei de consentir nunca que em nome do na~Bo,a qiie pertenço, se levante uma voz de sympnthin, riara similhantes horrores, sem que eii Icvantc tiimhein a minha voz, e logo, e immediatamente, para, em nome da parte sensata do povo, os fulminor e reprovar. Feitas estas declarações, que o modo, porquea discussilo tem caminhado, me tornou indispensaveis ; eu vou descer, sr. presidente, h analyse dos dois projectos em discussão. Ambos elles proscrevem, no artigo i.",as ordens religiosas. A extèosóo porem d'essa exiIur80, os moti-

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vos e .a fórnia, siio differentes n'um e ri'outro projecto. A rnaieria da comrnissao exprime-se ácerca d'essas corporações em phrase respeitosa e decente ; sustenta unicamente, por motivos de conreniencia politica , a rejeiçao absoluta das subjeitas a prelado maior extrangeiro : e quanto ós outras limita-se a aceeitar o facto da sua exclusão legal. O sr. Ferrer, pelo contrario, no seu voto em separado, rejeita-as , e condemna-os todas em prificipio, como damnosau, preverlidas, e immoraes. .E j6 se v&, sr. presidente, que se eu nem eoncordo sequer com o voto da maioria da commissúo, muito menos podia curvar-me diante dos m o t i ~ o sinqui~lificaveis, e da phrase impropria do voto em separado. Começo por estabelecer; que, como eatholicos, nùo podemos proscrever emprincipio, e sob nenhum pretexto, a associaç8o religiosa. Esse principio faz parte d o catholicismo; estií admittido pela doutrina da Egreja; louvado, adeptado , e saniicficado por ella : e quam se diz %lho da Egreja, figo *p6de-insurgir-se oootrr a auctoridade legal Q'elle, p&ra declarar mial .e proscrever como tal, o que ella odmittiu e declarou bom. O poder temporal p6de não querer admittir .urna ou outra ordzm monastica:mas se f3r.mtholico. ha-de allegar para. isso motivos deduzidos de circumstancias locaes, ou de consideraçães especiaes; 1180 púde, oem deve atacar o principio, sanccionado pela Egreja. Póde allegar as inconvenientes da arüortisaçáo d e bens ; póde fundar-se mesmo em certa

prevenqiio local , que nh convenha- atacar de irente ; p6de allegar outros motivos similhauteu: proscrever porbm as ordens todas, proscrevel-as em pritzcipio , declaral-as prevertidas e immoraes ; 6 fiada menos do qiie rejeitar, condemnar, e declarar pervertida e immoral a doutrina da Egreja. E isto, nenhum poder temporal tem direito d e o fazer, som depbr primeiro o titulo, que desmerece d e catholico.

Se religiosamente o n8o podemos fazer, constitzzcionalnzente, tambem não. A carta recoi~heceu como Religiao do Estado o Religi8o Ca tliolica Apostolica Romana. Declarou religião oílicinl do Estado, note-se bem, niio s6 a parte dogrnatica do eatholicismo. seniio tambern a sua parte disciplinar; porque 4 o conjuncto d'estas duas partes qae constitue a Religiào Catholica Apostolica Romana. As ordcns religiosas lazem parte dii doutrina da Egreja : e proserevel-as, portarito, 6 proscrever lima parte d'essa qeligiãd constitiicionalmente reconhecida, como Religião do Estado. N'outro artigo garantiu tambern aCarta Consitueional a liberdade de consciencío, e permiti u todos os cu ttos, E q11ar"o a o .culto calliolico , n8o s6 o ptmi ttiii arnrrimodamerite, mas declarou-o o%cial, e reservou 96 para eile, pela exceiiencia da sua virtude, os f6ios da publicidade. As ordens manasticas-ou se dediquem exelusivamen te ó con templaç8o da Divindade, OU s e deeni principalmente n exercicios de caridsde, .estudo, e penitencin-siiu em todo o caso um modo especial, e privilegiado d'esse culto. .R

Proscrei)el-as portanto B restringir o ciilto ; 6 prohibil-o exactamente na sua parte mais sancta, mais dedicada ; 6 violar na sua esseneia mais outro artigo da carta. A carta, ernFim, garante o direito de associa ç3o. E 'as ordens religiosas sáo a exprcqsno mais nobre, mais elevada, e mais sanctificada d'esse principio .constitucional. Querem proscrevel-a? HWde passar primeiro por cima d'esses tres grandes principios constitucionaes. Hãode proscrever uma parte da Religào Sanetn que a corta reconheceu como religião official do Estado. Hfiode atacar a liberdade de consciencia, tolhendo aos clitholicos o omnimodo exercicio do seu culto,* que a carta Ihes gararitiu, e reconheceu, como não reconheceu, nem garantiu nenhurn outro. H ~ o d eviolar, finalmente, esse principio, (antes vezes apregoado, da associação livre.

Leio, sr. presidente, e com espanto, no voto. em sepbrado, que as ordens religiosas são i neompativeis com a liberdade. Nego, sr. presidente, essa asserç80, e nego-i. d priori, e á posteriori. Nego-a á priori ; porque se em alguma renniiio de homens se tem podido praticar, real e constantemente, o principio, que serve de base ao governo republicano-6 nas ordens religioS8S.

O elemento democratico acha-se âhi comp7ctamente alliado com a força da acção'; e al-

liado por modo,. qse podia servir de modelo rio governo das sociedades civis. Professa-se entre os associados, tlieorica e prntica!nente, o principio da humildade: nào só se sii]>jzit um todos ao principio da egttaldade, mns otiiain-se, e tratam-se rcafmente como irazùos: nào ha entre elles nenhuma gerarchia, nem distincção, se080 a que Provbrn dos cargos que se exercem: e para que todos aspirem egualmente u esses cargos, os cargos são todos elec tivos, e todos os associudos concorrem ti cieiçi'io d'clles. ~ i n d amais. A auctoridn:lc individual tem a sua íic,~o limitadii pelo c ~ p i t u l o ,que superenteride iios actos d'ella; qtii: a vigia no sei1 exerc i c i ~ ;q u e a governa e dirige mesmo nos objectos mais importantes da associaçno 13 tudo ^ahi cnminl~a, sem revoluçiio, nem commoç~o,governado por todos e para todos ; e crescendo diariamente em força e organisaçao:

E o principio da egualdade e fraternidade, ligado praticamente com o da liberdade, sem degenerar no despotismo, nem na anurchia. Ainda h s pouco li, sr. presidente, rim f:icto que se deu em uma d'essas associoçóes, e que WN mostra como se lá pratica o principio da egualdade. Apresentou-se a professar riada menos do que uma filha de rei. Caineçaram por exigir-lhe que depozcsre ás portas do claustro o seu nome e o seu titulo: e elln dep0z o seu titiilo de princeza, e o seu nome real. Exigiram-lhe que tornasse um nome tiio sim-

ples, tão modesto, como o de cada uma dasoutras irmss: e ella tomou e&e nome. E egualada assim tanto a ultima como ií primeira das irmas. que a recebiam. foi entregue aos rudes trabalhos da communidade. Tocou-lhe'uma vez por escala a lavagem da* louça de cobre da cosinha. A pobre menina, que nem sequer tinlia visto fazer sirnilhante serviço nos paços reaes, em q u e fBra educada, achou-se etnbaraçada, sem saber por onde havia de começal-o. Afino1 entendeu que primeiro devia lavar o que estava menos limpo; e com as suas mùos, ainda tenues e hlicadas, começou corojosamentk por lavar a parte denegrida pelo lume. Foi ente0 que as suas companheires, com o riso nos labios, e a alegria nocoração, a advertiram, de que era encarregada de lavar a louça por dentro, e não por f6ra. Poucos tempos depois essa criada simples do convento era elevada, por suas virtudes angelieas. h graduaç~ode superiora. Criada por&m, oii superiora, foi sempre, nem mais nem menos do qu.e uma irmã, como as outras, sem mais distincflo do que a do seu rargo, emquanto o exetceu. Esta 6 que 6 a verdadeira egualdade e frafernidade: e d'essas duas virtudes pr'aticas resulta a verdadeira liberdade. Nno creio, sr. presidente, que a pratica sincera e constarite d'esses tres principios seja possivel, sem uma vocayBo especial, e fdrtemente inspirada pelo sentimento religioso: se o acreditasse, eu seria franco e decididamente republ*icano. Mas vós, senhores, que apregoaes esses tres

priocipios, e applaudis a revoluç3o da Italia s6 Doraue os escreveu na sua bandeira politica; ide aprender As associaçòes religiosas a-pratica delles. Nào tomo o conselho para mim porque, repito, entendo que o governo puramente democratico, que entre esses espiritos priviligiados O urna verdadeira pratica, é, na socie'dade civil, rio mundo profano, uma verdadeira utopia. &Ias vbs, que o apregoam, como realisauel, tomai por modelo para o das ordciis religiosas. E sobretudo, scnhares, riscae a asserção, de que essas associaçòes siio incompativeis com a liberdade, porque 6 mister desconhecer completamente os priocipios fundamen taes d'ellas, para procloniar similliante pnrado~o. Se á p r i o r i 6 facil destruir a asserçáo, não 8 mais difficil destruil-a a posteriori. O que entende o sr. Ferror por paizes livres ? A Inglaterra? A Belgica ? A Fraaça ? A Italia 2 A America ? Corra 3. exea 16, e em todos achará ordens religiosas. Na propria Italia, tem S. ea.' ainda hoje, protegida e florescente n corpcraçiio das irrnss da caridade. Na Inglaterra, tem ate os jesuitas. Na Franqa, na Belgica, na America, por toda a parte, onde ha alguma civilisaç80, cresce e prospera a associaçiio religiosa. E a liberdade nem se tissusta, nem morre por isso. É: s6 em Portugal que os libe~aes se deciaram incompativeis com as ordens religiosas ! ! ~ermittam-meentao que lhes diga pue essa 1

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incompatibilida~enúo prova contra o princil>io da assoeiaç&o religiosa ; prova só contra os li6eraes d'esta terra. Alguem se disse temeroso t a r n h m de que as ordens monasticus viessem a ganlnr u ma iiapuencia desmedida no governo do Estado, e n tornal-o dentasiadanzente theocratico. Mos porn quem se diz isso "? Quer-se fingi r que se ignora a bistoria ; ou suppõe-se qiie a igooramos n6s ? O que 6 que deu á Egreja em epocas remotas uma forte influencia nos governos temporges dos differeiites Estados 4 Ignora-se que essa influencia resultou do facto de se achar concentrada na Egrej3, puas i q u e exclusivamente, e por muitos annos e seciilos, a scicncia, o estudo e cultura das leltras? Ignora-se qiie, no desmuronarnento do imperio romano, pela invasào dos barbaros, foi a Egreja Cntholica quem salvou a sciencia, e a civilisaçgo desse enorme, e ingente cataclysmo? Ignora-se que, por seculos ainda depois, foi ella u que conservou, cultivou. e apreciou esse deposito sagrado. ate qu& findas as epocas guerreiras, os seculares começaram tambem a dar-se, successiva e progressivamente ao estudo das lettras? Se os padres eram os sabios da epoca, a inilueiicia, que a sçiencia hiide exercer sempre em todos os governos, não podia deixdr d e ser exclusivamente deiles. &tas hoje que a scienciu e egualmente cultivada por ecclesiasticos e secuIarou ; o facto que se deu, já nna é possivel.

O receio, com que se argnnienla, o30 é ,*e ceio, 6 prelexlo.

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Finge-se recciur tambein q u e as ordens tornem de novo a aiionloar grandes riquezas, pelo principio dnmn~soda amortisa~ilo. Respondo pelo mesmo modo. Ou se ignora a historia, ou se suppõe que a ignoramos n6s. Porque ~ h e g a r a mas ordens religiosas a adquirir e juntar fortunas considerareis em bens de raiz 1 Porque, segurido os costumes dos tempos. obtiveram doaçào de exterisos territorios, iriéultos, e despovoados, que, com os seus conliecimentos, com o seu trabalho, e diligencia, com o seu bom governo, e administraçào, conseguiram transform a r em campinas ferteis e productivas, edifcando tombem, d'espaço a espaço, edifieios, conventos, e egrejas mais ou meaos sumptuosa S. Viestes vbs, depois, srs. e tirnstes-llies tiido; e ainda em cima vos queimes da propriedade, que elles tinham ; e deduzis della receios para os excluir n o futuro? ! at6 onde pode chegar a ingrotidào e a cegueira I Oade esth hoje a materia para- essas grandes doações? Dao-se por ventura hoje as circumstaneias aaaloga3 8s do começo da monarchia? Aodumos ainda expulsando moiros, e c o~iquistando leguas e leguos de terreno por desbravar? E se assim fosse, que mal podia vir d e entrrgprdes esse territorio inculto e despovoado a frades que vol-o convertessem em povoacões e quintas vuliosas e ferteis ?

Teodes medo de que vos torne Smanhg a tent a ~ %que ~ , vos levou jB urna vez a tirar-lhes o que elles tinham, e a deixa-los a morrer d e fome ? Se fosse remorso o vosso receio, tinha ainda uma explicnç30 : como o não 4, permitti-me que vos diga, que niío passa de um paradoxo insustentavel e anachroriPco.

.Alguem argumentou tambem comio celibato. Mas este argumento provo de mais, porque para se estar obrigado oo celibato, nao e mister ser frade, basta que se seja podre. E como sinds não ~ i ~ p r o p oque r se limitasse o numero dos padres; creio, e creio bem, que riso é o receio do excessivo numero de c* libatarios que impede que haja frades. De resto, sr. presidente, em sociedades constituidas, e nas circumstancias em que Portugal se aeha, o celibato, filho da vocação, vigiado, e regularisado, como o das ordens monasticas. é um bem, ,na06 um mal. O que Malthus encarregou B miseria, e 6 morte mcasionada pela fome, desejo c? que se consiga pelo celibato das ordens regulares. Prefiro ver aproveitado, para n religião, e para o estudo; no claustro, o excesso de popalacáo, que, sem o celibato, seria devorado pelos vicios, pela fome, e pela miseria. Prefiro esse genero de emigra@o do seculo para o claustro; e enl proveito do puiz, á emigraça0 que a falta de meios de subsistenaia nos esth levando. todos os dias para o Brazil, com grande desdouro nosso,. perda de muitas almas.

e immensa mortandade e desgraça desses infelizes.

Arnumen tou-se tambem contra o voto de obeC diencta. Disse-se que era incomputivel com a liberdade, proclamada na carta, todo o instituto que dos associados exigia obediencia cega e passiva ao superior. Tem-se mesmo repetido, e passado como senha, nesta discussão, que o frade 6 para o geral da ordem, como «a lima na mão do opera-

rio. » O q u e entendem, perguntarei eu, por obediencia passica, os que produzem este argumento ? É a obediencia em tudo e por tudo, justo ou injusto, licito ou illicito ? E a obediencia cega, que priva o individuo do uso da sua intelligencia e liberdade, a todos os respeitos, e em todos os sentidos? Se assim é, essa obediencia nem sejprofessa, nem se usa, nas ordens religiosas. Agora, se se chama obediencia passiva á que presta um certo numero de iiidividuos a tudo o que o legitimo superior Ihes ordena para certo fim, conforme certa lei, e dentro dos limitep desta -se é essa obediencia, a que aqui se declara incompativel eom a carta ; apressemo-nos lodos a proscrever o exercifo, porque lii ha tambem, e IA se pratica essa obediencia passivo. E tia-a, egualmente rigorosa e m principio ; e muito mais rigorosa na execuçiio. As desoliedicncias no claustro siio castigadas com penas, principalmente cspi rituaes, que o arrependimento emenda e repara, se foram jus-

tas ; e que a pn)videncia divina prerneia até, s e foram irnmerecidac;. As dcsobediencim no exercito cnstiprnm-se , pelo contrario, com chiba tadas e fuzilamentos, que nenhum arrependimento eiilcnda, e nenhuma repaiuçfio adrnittem. Dir-rne-liào q u e a oóedieneiu do soldado s ó se exige legalniente em ol?jectos militares: e eu respondo qiic a obediencia do frade tnrnbern seeriçe súnietite 110s objectrs da ordem. E' sinceramente, que dizem inconstitucional essa obediencia? Levatitem-se então, e proclamem.. . deixem que use das suas proprius palavras.. proclamem a emancipa~ãodo exercito. Ficam sentados? Permittam-me que Ihes diga que nso O contra a obcdienciapassiua que clamam: &contra as orcleiis religiosas. E clnrnarn cctritra ellas, e não contra o exercito ; porque querem o exercito para se defenderem a si; e iiso querem a Religiào defeudido pelas ordens ~nonastieas.

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O illostrc sigiintnrio do voto em separado deunos como grande triunipho obtido pela reacção, a perda do nosso padroado na China, e operigo em que eslá ainda hoje o padrondo da India. Sabe o illustie deputado a quem se devem esses tristissimos resultados? N ã o é ó reac~ào: esos que não querem ordens religiosas. E' preciso que nos convençainos todos de que sem misstes, nào ha meio algum efficaz d e mnntlr o padroado : e as missões não 950 possiveis, na Iniga escala em que as precisamos, sem a associaç~oreligiosa. Perdemos por fol ta dellas o padroado da Chi-

fizna ; e havernos de perder o d a India, se se presistir no erro. O nobre ministro da marinha lamentou o outro dia, que os rnissionarios do Minha se o50 offerecessrm a ir para n Africa. Essa l a m e r ~ t n ~nno ~ o é nova: j& aqui a tenho 0111 ido por torias vezes. Mas permitta-nie o Sr. ministro que lhe pergunte : Quando o governo v i i i ha pouco violado o nosso territorio pelos negros do sertùo, a quem se dirigiu para rinmar a uff'ro%ta, c repellir a ofn. fensa nacional- foi aos seus empregados civis, ou á milicia naciorial? Dos civis-nem sequer se lembrou. Diriqu-se no exercito : dirigiu-se ao bu talhão, que ha~irid'ir; e ordenoii-lhe que fosse, debaixo da uriiáo t: disciplina militar, manter a inviolabilidade do territlrio nacional, e fazer respeitar as quinas portiiguezas. Sr. presidente, a Religiiío tem tombem os seus empregados civis, e o seu exercito militante. Os empregados civis do Catholicismo sào o clero secular. O exercito, a rnilicia catholica, são as ordens regulares. Quer o governo defender nu Asia, e na Africa, os interesses espirituaes da Egreja e do Estado? NBo se dirija ao clero secular, que, sem outra ligação entre si mais do ques proveniente da hierarchia ecclesiastica, é de todo inhabil para empresas desta ordem. Dirija-se ao clero regular :e em vez dc o despresar e i~juriur,peça-llie o auxilio da siin Religião, da sua disciplina, da sua vocação, e da s ~ i o especial orgariisação, em beneficio da Egreju e do Estado.

É assim que se organisam e sc praticam as missòes, quando se quer que estas V ~ Olonge da patrin, a paizes inliospitos ou selvagens, a climas diversos e mortiferos. Sempre assim se fez ;assim se faz ;assim se hade fazer sempre. Se querem qiie a religiào v& ainda hoje, como j& foi, adiante da espada, e ate onde a espada nunca cliegou, façam o que se fez nas nossas antigas eras de gloria, e de poder. Aprendam na historia que tem muito que aprender; estudem-na ; e verão que a maior parte d a s nossas glorias, e das nossas conquistas d'alkm mar, foram os missionarios, foram os frades, quem nol-as fizeram. Os. soldados iam depois sustental-as com as armas; e niio poucas vezes as perderam, ou poserarn em risco com os seus excessos. firas quem as fazia eram os frades com a Cruz, com a palavra, com o exemplo, e com o auxilio evangelico. I? assim que faz ainda hoje a Franca catholica: e assim o faz tambem a Inglaterra protestante. França mdndn os frades ; corno a Inglaterra manda os mi'sionarios da propaganda ha~etica. V6s sndnes aqui, ha 30 annos, a inventar e a organisar uma nova forma de missòes, para dispensar os frades; e o mais a que chegastes. foi a mandsr por uma vez, e por um supremo esforço, tres padres para Macáo, que vos custaram um dinheiro louco, e que, como foram só pelo amor do lucro, chegados lá, se tornaram negociantes, e se internaram pelo celeste imperio, de modo qiie nunca mais soubestes delles. Parece-me que ainda hoje estou a euvir o sr.

aisconde de Sií lamentar-se desse engono ; de que de certo se riáo lamentaria se tivesse recorrido ás missòep, como estào organisadas pela Egreja; óqucl tas qiie trn balham pelo iriteresse rel~gioso, e r130 pelo interesse mundano ; hquellas que de certo ium n Rlacóo, e ir80 ainda hoje h Indio, ou 6 Arrica, riao com a esperança, e com o fim de cottier oiro para si, mas com o de gonliar almas para o Cbu. Queteis saber o que a França fez ainda em

18Ei2(1 Adrnittindo corno ndrni ttiu, antes dessa epocn os ordens religiosas, tinliu comtiido e\cloido os jesiii tas. Nho OS C X ~ U I S O I I do pniz natal: neni Ilies prohibiu, que \ ivessem em eommuni ; nem tratou de saber a quem elles obedeciam nos suas relações particulares e domesticas. Negou-lhes poróm permittn-me v. ex:, e o sr. Ferrer, que eu tombem, e por esta vez súmente, hlle nisto.. negou-llies oliidade juridica: negoii-ihes que elleu em publico, osíeosiva c citilrnente. se apresentassem com o caracter legal do nssoeioqBo. Em 1852 porbm, se bem me lembro, quiz o pverno frincet organisar nos ilhas dc Cajeanr, e na Guienna fruicezo eotnbeleciiaentos pen iteociarios. I h e s cstobclecirnentos deviam servir para asylo c corrcccBo dc sssassinos, de Iadrùes, de comdemnndo* politicor, e dos negros meir ioeorrcgiveis da Mnrtiriieil c Gu~dalupe:e o guvertio tratou por i s de~ orgrnisar ~ rielles, e furtemeole, 03 soçeorras ca tholicos.

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Para esse fim, dirigiu-se primeirnmcote ao clero seeular, que nllegou a sua dereonncxõo natural e a sua coirsequente irihuhilidade para essa misriio.

Ditipiir-se depois hs ordens rcligio~nsadrnitlidas em França; que pela falta de pesçonl, e pelas miesóes de que jh e s t a ~ a r nencarregadas, n3io podaram tomar mais esta. E por ultimo só Ilie faltara recorrer aos jesuitas. Pensam que nestas eircumstnncias o governo francez se prendeu com o panico yiie obstára ate entáo ao recorihecimento dessn iissocioção ? Pensam que se curvou intimaçáo formal de certos espirítos, fortes para o mal e fracos para o bem, que, sincera ou fingidamente, julgam subvertida a ordem social, logo que se udmitte, ou mesmo tolera a sotaina, ou o cbop6o d'obas largas de um jesuita? Pelo contrario. Logo que u m verdadeiro interesse colonial lhe pediu e reclamou os auxilios poderosos dessa cor porasõo grandiosa, o governo iraneez quebrou todas as resistencias, dei; de máo a todas as prevençòes e prejuisos d'opiniùo, dirigiu-se aos jesuitas, e tratou coin elles. E qual Ioi o orultado ? Iiesultou que os jesuitas, tomaram conta dessn missão, e mandaram immediatamente para essas plagas ardentes, e inhospitas, os dez padres, que o governo Ihes pediu. NBo s6 10, mas 15, teem jh succumbido, victimas do clima, das febres c das epidemias. E todavia, as vacaturos teem sido promptameiiie preenchidas, e 0 quadro da missão tem-se mantido sempre completo, sem difficuldade, nem cslorço,

E o estabelecimento tem prosperado ; e o i degradados, nlii residentes, teem coi~staiitemente achado iia rcligiùu, na iiistrucção, e na inimitavel dedicação tiesses religiosos, auxilio e conforto, exeniplar e vnlioso. l'iiI\.cz ..... quem sabe? Talvez que no proprio momento, em que o sr. Ferrer apresentava e lia nesta casa o scu voto de descabellada reprovação n toda a nssociaç50 religiosa ; algum desses deputados politiros estivesse devendo a vida do corpo, ou a do espirito a um desses religiosos !

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Sj*. presidcirlc. Otlvi tambem e com magoa, o orador ~ U W E fprecedcu, arguir os religiosos de falta de atizor d e patrin. E em prova contou-nos S. ex.' que perguntando-se ainda ha poiico a uma irmã da caridade francezu de que paiz era ; ella respondera que nao tinhn p n t r i n . Sinto ver-me obrigado a dizer a S. ex." que pele censura, que fez, mostrou n8o ter comprehendido a nobre e elevada sigoiEeaçao dessa resposta. A irmã da caridade, sr. presidente, não tem patrin porque o amor da patria anda nellii subjeito, e como que absorvido pelo amor de Deus. Levada por esse amor divino h Crimfa, a Atliciius, a todo a parte onde sc imploram os seus soccorros; presta-os ahi, do mesmo modo, e scrn di3tincçii0, nem predileeçào, ao francee. ao i!u:izno, ao inglez, eo turco, ao russo, e ao grego. E' ncssf: scntido qiie a Irma da Caridade diz, e eom toda n rtobresa, e com toda a uncqão religiosa, do seu espirito, que não tem patria.

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A sua piitrio C. todo aquelle puiz onde houver desgragodos a soccorrer. A sua putria 6 todo o lioipital. toda a casa de enfermos, todo o asylo de iniseraveis, todo o territorio irificcionado de peste. Sùccorre a todos sem distincçào de riacionalidadc; e o que inuis 6 , sem distiiicção rnesrno de Religiao: e se os n3o soccorre pelo amor da patria, soecorre-os pelo amor de um Deus, que 6 tanto dos francezes, como nosso, e de quem somos todos egualmerite filhos. Pensam que a pa tria perde com i s so ? Enganam-se. Digam-me : Quando os missionarios ira ncezes foram, para a rnissíio da Ciiina, continiiar a tarefa que 1b começhmos, e que aliandunhmos pc r falta de missioiiarios, para quem conquistaram elles a influencia? Para o geral dos laznristas ? Iiáo. Conquistaram-na para o Franca. Quando S. Francisco Xavier peregrinou pela Indin, prégando a palavra d e Deus, converteiido infieis, o fazendo maiores, e mais seguras conq ~ i s t a sem um dia, do que milhares de soldados fariam em iim anno - para quem eram essas. conquistas? Para o geral dos jesuitas ? Eram e foram todas para Portugal. Pois ent'50 se o trabalho pelo amor de Deus 6. egudlmerite proficuo ú ~ e ! i $ ã o e á potria; se 6 o elle que deveis a maior parte das nossas conquistas, e glorias passadas; não o ealurnnieis ;não o irijiirieis; que a calumnia e a injuria nesta part e siio dobrada injustiça e ingratidáo. Se das ~nissõespasso, Sr. iresidente, aos institutos de caridade, niÍo s3o menores os motivos, que tenho, para condemnar ambos os projectos.

A i~istoriada revoluçào franceza dá-nos a tal respeito tima liçúo .valioso. Um dos primeiros actos dessa revolução foi a prohibic'uo d u s ordens religiosas: a lei porém de 19 de fevereiro de 1789, q u e contbrn essaprohibiç80, cretiptuiiu deila, as casas religiosas r,+ cai-r~gndnsda educaçilo c dos esta6elecirnen tos de caridade. Mais tarde estas mesmas foram siipprimidas pela lei de 18 de agosto de 1798: m a s ainda assim ordenou-se que as corpora~óesdedicudtis ao serviço dos pobres, e dos doentes coiitinuassern nesse serviço com caratcr individual. Assim continuaram cffectivumcnte por algum tempo; mas, pouco a pouco, as individuos. qiie restaram, dcssus corporaçóes, forarn-se diiiliersando, e desayparecendo; e o serviço passou a outras rnàos. O resultado foi que dentro em pouco as reclamações começaram a surdir de todos os Lados; e a propriu revolurão teve dc rctroc(l2er restabelecendo, em 1301, as irmãs de caridade. Eu peco licença para ler as fundamentos do relatorio,. que precedeu esse decreto, redigido pelo ministro do interior Chapral, que deeirto foi um grande reaccionaric no seu tempo. Diz elle: aConsiderando p as leis, que szppri~i2iram colpora@es, co~zsercaranaaos memb?+osdos ari~zstiCzttos de cnrÊcladc, a faculdcitle da CGiLutinzla7vrn 720 exercicio de seus actos de belzc, clfic-encia; e que foi em nzelzoscnbo dessas leis, ptle a taes i~ut ittctos foram co~npletnnici~t,:Sesglljitii i u as

asa do^:

« Co;.zsidsí.aízdoque

os soccorros necessarios aos

a doentes d o podem ser assiduanzente aclli2in.i~a trados, senão por pessoas votadas, pelo seu pro& p i o estado, ao serviço dos hospicios, e dirigidas apelo enthusiasnto da caridade: u Corasiderando que ent?-e todos os hospicios d a c~epublica, süo udminist~*adoscom m a b r cuidat do, intell igencia e economia, apuelles que chaunlaranz ao seu seio as antigas discipulas dessa -aiizstituiçZo szcùlime, cujo jim u&o era d kPor-se $para a pratica de todos os actos de uma cariudade sena limites: «Consideralzdo que os cuiclados e virtudes neqcessar;as para o serviço dos pob~*esdevem ser e U2spirubs pelo ezernplo, e ensinados pelas Ziagí7es de uma pratica diaria : Demeta-se etc. Um anrio depois de tomada esta medida, dizia jb o mesmo ministro no seu relatorio, que «por atoda ' a parte conzeqauam a sentir-se os ej'eitor aprodigiosos do restabeleci?nento destas p-eciosas .a inst ituições: D ctA ordenã, e a ntoral, (accrescenta elle) a ecoanonzia, e os cuidados da hunaaraidade, reentrawarn nos hospicios com estas respeitave$ mmulherires, que tem p o ~alvo unico de seus desejos o
Pouco depois formulava a Eschola Medica de Paris o seu voto sobre o assumpto nos termos seguintes: u Dènt tre

os estabeZecintentos uteis, supprimidos

acnl uvia certa epocu de revolução, nenhum fez

«tt~;rtta falta como o das irm2s da ca~*idade : e O quMicohapplaudiu a ~*esolugão do nihistro, YW

a reintegrou essas irmãs nos dgerelites hospicios, rem que anteriormente prodigah'sa~am,com tan-

ato zelo e coragem, os seus cuidados, aos pobres g doentes, que Z7tes eram con$ados. x

Seguiu-se o irnperio: a extenç8o de guerra fez multiplicar os hospitoes' militares por toda a parte; e em toda o pari e foi reclamado o auxilia inimitavel das irmãs da caridade. E m uma carta, datada de 3 d'abril de 1507, e dirigida pelo ministro dos Cultos, ao prefeito de Puy le Dome, lei-o eu o segiiin te: a&.

M.convenceu-se, nas suas d ifercntes wiageizs,

rde que todor, os hospicios,

coqflados a sfrn29les cradministra@es ciuis, deram f ~ a c o s ~*esultudos, ae de que os pobres eram nelles tratados com necgligencia, e ás vezes com dureza, por parte dos r agentes mercenchios. E m consepuetacia do gue me aordmou p enviasse h ã s de c a ~ i d a d ep a r a cos departamentos d7aZeni dos Alpes, e para toda aa pmte onde as d o houvesse. D

A necessidade dellas tornou-se mesmo 130 visivel, e tao urgente, que n8o bastando os soccorros da caridade particular, posto que granh,para o rapido desenvolvimento do seu instituto, o imperador entendeu que devia subsidial-aa, O decreto de 3 de fevereiro de 1808 abriaIhes no orçamento desse anno u m credito entraordinario de 182:500 francos: segiirou-1 hes mais 130:000 francos de subsidio permanente por onno: e concedeu-lhes egualmente todas a s casas que ellas pedissem para o servigo de seus estabelecimentos.

udrigo de mudanças; tudo co)zwi.re para que a ded@açüo seja completa e 2nuariacel.

A reuniüa em co~zgregagãose deve tanzbem a ucolzsevcaçüo admi;*avel de costumes pu~issimos, ano meio da corrup~üode g~*anclenunwro de po. abres, adnzitt idos 120s f~ospicios,ou soccot*ridos
a As religiosas hospitalar ias rc~lobravam enth cde zelo: quanto mais as atorntc~atao.am,mais a aReligiilo Ihes tornava sag~adosos seus deveres. .No entretanto, quando o culto se jwosereueu, ellas foram ar~astadaspela torrente devastaapresentaram-se Ús portas dos hospicios, apara tratar dos doentes, pessoas p26c uhi eranz I b ~ u d a spela propria preçisdo; chcyuranz a iua traduzir-se nesses hospicios fanzilias iizteirns; e asobre protezto das diversas f u~zc@esque atd ahi aeranz gratcbitas, devorou-se uma parte da suóasistencaa dos Ijobs-es; e muitoe hospicios chegaram a mesmo a serem abandonados. proprios pm lá entrarana sem vistas de aexpoZia@~, careciam, em todo o caso, de um rsentimertto erratcial, p e era o da abnegação .pessoal. cr Tinham os 8eus negocios a tratar, as stras fcc umilias a swtentar, e não podiam mesmo renuncciar completamente aas prazeres e h i i t o s da sodiedade : nèk podiain aldm d'isso ter pelos poabres esta sollicit&, esta a$ei$o, de que a raa d o se erpanta, pando não é engrandecida e u a p r f e i ~ o a d apelos sentimentos religiosos. a 0 paie da Ewrop, e% pw o governo fac amaiores despezas com o s p o k u d a Inglaterra, se todauia os p h e e expe,rimontam ahi nem cas consolqões, nem os c u i d d s , que devem, em u f i a n p , ás irn2ãs hospitalar ias. aNa Inglaterra, c07120 no resto da Europn, pr a expennaentam os mesmos inconvsnielLtes, que lua, ~ I t u l i a .Ci*iam-oe estabelecimentos para os pobrar tem geral : mas f a l t a a c d a pebre em p a r t k alar, um benzfeitm*,ptm cu~bsolad~r. .Nos hospicios deFra.nqa; wlo conharw, cadai adoente conta wm apuella irmã, que o serw, ce

se fosse o ohjecto unico de seus zelosos cuiadados. aAs religiosas hospitalarias, forrnant pois u m instituto, qw tem elevado a Franpa ao pj*imeiro agrau de importancia debaixo do ponto de vista ade qzte se trata. aEZlas oferecem além d'isse um assombroso r espect aculo dos grandes efeitos da Religião. rSem fallar no respeito, que ellas inspirant E aclasse ~~umerosa, entre que derramam os seus beanejc208 ; que impressão não sentirá o homem ha creduto, ou tibio, ao ver que sd a Religião pbds d a r (I forsa d'alnza, e o calor de sentimentos anscessarios para adogar os maleo de proc ximo ? ! a O quadro que ofirecem, sem cessar, os ze~ozot? a cuidados dessas mulheres religiosas, que vôam aern soccorro dos pobres, ou pus os servem no.8 uhospitaes, é o espectaculo mais proprio para afazer respeitar a Religião por todas as alasses a de cidadtios. .nu,

Sr. presidente. NBo se póde descrever, nem com mais verdade. nem com mais eloquencia, o e ~ r a c t e r divino d'esta instituiçao, do que o faz o documento official, que acabo de ler. O que o conde de S. Regnault previa, realisgu-se. O instituto da3 irmãs da caridade levantou-se para nunca mais tornar a cahir. &e de revoluçòes, que de mudangas politicw, tem passado por cima da Frawa desde 1809 a g boje ! E todavia, tal 6 a veneraçao publica. que G&ce e rodeia as ir.tn8s da caridade, que todos os par tidos, em França, as teem respeitado, todas as revoluçòes tis teern acatado! Resta belecidau pelo imperio, virem cabir o imperio, e ellas continuaram B prosperar.

Nos dies de julho dividirnm-se pclos dois campos, e levavam eguaes soccorros a uns, e outros combatentes. Em 1848, os sublevados abaixavam as armas quorido ellas passavam. E ainda hoje o herdeiro de Knpoleno, o Grande, recorre a ellas, c lhes entrega os feridos c os doentes dos seus exercitos na paz e n a guerra.

E nesta parte, permittn-me o sr. ministro da marinha que ao parecer, .que leu, de um cirurgiào que visitou, nãio sei quantos, dias esses estabelecimentos, e se informou, não sei com quem, do que se passava n'elles , contrapoiiha nada menos do que o parecer d e Nnpoleúo I, e Napoleâo 111, que decerto viram melhor, e errodaram mais esse negocio, do que o cirurgiso adventicio. E s t a m reservado para o sr. ininistro da marinlia o vir aqui negar, e com i30 fragil fundamento, o que 6 opiiiigo assentada entre os governos do primeiro e do segundo imperio; e o q u e ficou sendo opiniao assentada para todos os ge-neraes civilisados, depois.da guerra da Crimeia. Nõo é s6 na Trança que s e comprehende hoje .o que são, e o que valem as irmas da caridade.

Na I talia-na

propria Italia-teem

ellas feito

taes milagres,que até a impiedade da revoIuç80,

as tem respeitado. Chamadas pelo Piemonte muito antes de rebentar a guerra com P Austriu, teem assistido, ínpasslveis e inntacaveis, a essa constante perseguiç8o religiosa.

As ordens rnonasticas foram lá dissolvidas, OS moiigcs dispersaram-se, os bens foram arrebatados pelo governo, os prelados e parochos perseguidos, declarou-se guerra a tudo o que professava a religiao de Rotnn ; e no meio d'esse desenlreiido athcismo s6 3 s iriniis d a caridade Foram I cr-peitadas, s6 ellus c011tinuaram emcornmunidadc, e, o que ó mais, o pfoprio governo de Victor Manuel Ihes deu protecçâo e apoio. Sabe v. es.", sr. presidente, quantos hospitaes'militares o governo da Italin entregou h direcf;8o e ciiidado das'irm2s do caridade, só no anuo d e i861 ? Sete. E este facto, é, s6 por si, hcm mais significativa, e muito menos insuspeito, do que esse relatorio, não sei de quem, que o sr. ministro do marinha aqui nos veiu ler. Tenho tainbem diante dos olhos o relatorio .feito ácercu d'esses hospitaes por dfistress Jurneson, uma senhora protestante, de irnmenso credito em Inglaterra, c que tem consagrado a melhor parte da sua vida ao estudo d'esta questào, e nella leio o seguinte : c Unz dos

directores do grande hospital militar Turint me declarou, que zs9na das melhol-ss aacgões da sua vida era ter 9-ecmme~tdacloe faa&l&do a {ntroducgão das irmãs da cavidade a napudle estab$ecimento. aAntes dellas ahi serem dmittidas, os soldaudos doentes eram tratados por enfermeiros, tiraados dos quarceis, c escolhidos de ordz'nnrio entm o os homens considerados como. imploprios p a m atodo o demais seruigo. aEra preciso rewrmr á disciplina mais ri agolasa para manter urna apparencia d'ordem aentre elles: a falta de limpesa, o desati~~bo,c ude

-76r negligencia, a lmmoraZida.de, tinham chegado a r um grau verdadeiramente assustador. a Todavia a auctoridade medica e a militar retsist2ra7n constantemente á substituigão desse r e rgimen, até que o chole~ainvadiu o estubelecinzena to: ao aspecto temiuel do Jlagello os enfermeiros, rferidos de terror, recusaram-se a servir. Foi nesate momento de preplexidade e de yanico geral, apue se decidiu em$m chamar as irmãs da carirdade. aDtsde então tudo mudou de face: o aceio, os. .cuidados zelosos e dedicados, o conforto em tond08 os sentidos, jzerana esquocer promptameniis r a antiga desordem. aAlão oe passa um dia, accrescentou o meu inaterEqutm, pus eu &o agradeça n Dezu esta mu-. adança, de que tive a ventura de se?- o instmcamento humilde,

Tratando depois dos serviços prestados pelas irmãs nas prisões, diz Mislirtress Jamcson que o governo havia jir tirado admiraveis resultados d'esses serviços ; e refere, que fallando com o p~oprioministro , a cargo de quem se achava esse ramo de administraçao publica, lhe dissera elle que a experieocia havia jh mostrado, que a administração das irmas are nPo, a6 vantajosa no que respeitava ao serviço interno, C prepol ção e distribuilção dos alimentar, e aos cuidado$ de pharmacia. e tratartiènto dos enfermos; senso tambem pela salutar influencia, que ellas exer-ciam sobre o caracter dos criminosos, que alli se achavam presos. E ouvi dizer tambem, [qiie observando-se por. parte do governo portuguez ao ministro Cavoup que se n8o eomprehendia aqui como n Italia mdntinha e protegia a s irmas &e caridade ; o ministro pitmontez respmde~aque-os serviços,

prestados por ellas nos estabelecimentos a seu cargo, eram tantos, e t ~ publicamente o reconhecidos, que nem o governo se lembrava de as expulsar, nem qiinndo se lembrasse disso, teria forya para o conseguir. O sr. miriislro da marinlia disse-nos aqui, que a iridisposição contra as irmãs de caridade, era t8o geral, que havia poucos dias, acabavam ellas de ser expulsas de um hospital de Vienna d'Austria. Sinto muito não vdr presente o illustre ministro, para lhe dizer que essa asserçgo tem só iim contra: e é que em Vienna d'Austria nao havia, nern nunca houve, hospital algum servido pelo instituto de S. Vicente de Paulo. Sr. presidente, que estas calumnias se digam em jornaes, o quem o habito de as dizer e propallar tirou jtí toda a importancia, não admira. Mas o que eu não esperava, era vPlr um ministro da corda subir á tribuna, para fazer cBro com esses homens, que entendem que para deprimir u m a instituiçiio é licito inventar tudo, e dizer tudo. Em Vienna d9Austria, repito, nunca houve hospital servido p l ~ iostituti de S. Viceote de -Eiiulo. Peço aos srs. tachygraphos, que tomem nota disto: e o sr. ministro mc dirá depois se o verdade é o que eu digo, ou o quo elle disse. (Eneou na sala o sr. minktro da marinha) O orador, dirigindo-se a - c l l e : Eu acabo de dizer, em resposta a u m facto, completamente inexectp, que v. eu.'. por parte do governo, nos. asseverou do alto da tribuna -que ae irmãs de

caridade do instituto de S. Vicente de Paulo niío foram expulsas, lia dias, de nenhum liospita1 de Vienna d'ilustrin, corno v. ex.' disse. E accresceii tei que nem seqrier podiam sei-o, porque a verdade 6 que nenhum hospital de Vienna foi ainda a16 hoje administrado e dirigido pelas lilhas deste apreciate1 instituto. O facto não 6 nem podia ser verdadeiro: e v. ex.' enganou-se, e enganou-nos. Osr. ministro da marinha- Peco a palavra para explicações em tempo apportirrio. O orador-alui to bem. Será mais outra retractação. O sr. ministro da marinha Nào fiz ainda nenhuma retrectoçUo. Oorcldor-A camnra e o paiz tomarão iiota das que v. eu.' tem feito, e Iiade fazer ainda atéao fim da discussão. I? mais facil espalhar impunemente estes factos por via dos joriiaes, do que vil-os aqui oyre-. goar do alto d a tribuna, e debaixo da responsabilidade de ministro. Fui daqui exami~iaras estatisticas do instituto rospeitavel de que se trata, e ngo achei lh hospito1 neiihum de Vienna entregue 4s filhas de S. Vicente de Paulo. Espero que S. ex.. as examine melhor, c nos venha aqui dizer depois qual de n6s se enganou.

-

O illustre ministro leii-qos tambem um trecho dochamado udlánife3todopartido libcraln ; obra, saida, segundo S. e*.' nos disse, da habil penna do sr. Alex(~ndreHerculano. EIIpeço licença para repetir o leitura desse trecho para melhor firmar o apreciaçào, que iaso delle, e do argumento de s. ex."

Os pomporos s*elato~ios(diz o s r . Hercec Zuiio) nia~uvilhaspraticadas pdas irila3s da cnri@dadeno Oriente, o que provam de nzodo peramaptorio é que a reneçUo ó iiabil. aSaÒei;s o gzle se passava então no paiz, que a e l l n ~cl;ando~znz.nm pn9.n suppril* as ilzsz~$cis~zcccinsdo.c poccl*zzos da Ilz;clZa!c~ra,da F~*agtp, da aSarJe~zl~a e , dtc Tt~g-quiu? 13ir1;ol-o-hen~os. « B n Franca, dos doze nziZhOes de dssgrn~ítdos, a e u j n alinxentação consiste al3enas em cci2teio,6aatatas, c agua, e que enz gl*a;zdeparte vicem em ~ccasebresinfectos ;mor?*iunt de jòlne, e de nlisea?.ia oita?~ta mil pessoas, só no deczwso de a1855!. . . . a Onde era o posto du irnzu da caridade fisu~aaceza no meio de to~ztosi,lforirtizios ? Era 7za paatricc, ozc nos nca~npamcrztosdo Oriente 2 cE1.n. ao p4 c10 soldado, ferido otc doeate, ?nus C O ? ~cmzstitzciç20 ~vbustaede ataimoféro, vigiado, a acuriciado pela p~ovidencia solicita dos poderes apzcblicos ; ou .na aldga, no casal solitario, na a ~gua-furtndado operar*abi.il, ao pé da enxeraga do uelho, da mttlher, do i7ifante, 92Ús, esfaiamados, esquecidos do 7nzazd0, aba~zdonudospela acnricíade publica, e enviando talvez no ultimo uatc~ztoum gqqito de nzaldi@o 4 sociedade ?. . . a Os 23l*eceitosc10 liuro piebêo (fhlla do Evangealho) podiam czcmpri~*-seem Ir;*angm. N a o &cemos se foram cumpridos no Orielzte. a O pus sabemos d que apiedade com o infortunio aexrrcida obscurammts no case*, na mansarda, a nos recessos onde se occ~cltanaas grandes n~isea ~ i a s ,v!-a sómente Dcus. A Criméa, Athrnas, a Var~zc~, GaZlpoZi eyam proscen2os, diante dos a p a e s ss assentaoa espectadora a Ezwopa, e a a ~ e a c ~ ãsabe o o qzce vnZenz as artes scenicas. a O theatro tentava! 8 s ?zÜo seruiu cxcessiuaa m ~ z t ea hunzanidade, ezzcia12cSoas iri~uCisda cnw*idctde go Qrisnte, o luza~isazoescrevia um nza
.das

agn{fico thema para as pareneses dqs seus mi8tewnarios, quando tratasse de as introduzir, a rds se introduzir, á sombra dcllas, em pzsaZqw

vais, onde a recccgão carecesse do seu auxi1io.i~ O sr. ministro niio leu o final deste trecbo .... O sr. ministro da marinha : Não tive tempo; mas é como se o lesse. O orador :Muito bem. V. Ex.' leu só par te ; eu quiz lel-o todo, porque quero completar o qua-

dro. Quero que a camarn, que o poiz, apreciem a calumnia toda, no seu estado completo d'l~edioodez. 0 proprio sr. ministro, ao terminar o leitura, que fez, gomo que tremeu diante da responsnbilidade de se tornar eurnplice de uma apreciaçso t ~ venenosa, o eomo:injusta ;e declarou que, longe de desconhecer, admirava a te os valiosos serviços, prestados pelas irmãs da caridade, no Oriente. Mas, $r. presideti te, se esses ,serviços foram realmerite valiosos ;se a apreciação E calumniosa ; para que a leu o sr. ministro? Para que cirgumen tou com ella 4 E se é justa; porque elogio os serviços? Porque se nào associa franca e daliberadamente 8. eensura verienosa, qiie se faz delles ? « A miseria na França!....1) A revoluçõo lalla sempre assim. Se o missionario prega, e doutrina*no Miiibo, -no paiz natal ; grita-lhe que vh para a Africa, com o fim reservado de lá o deixar 96, e'desamparado, at6 que, ou oclimo, ou os negros, o matem, em sacritic;~puramente inutil para a missòo. Se a missa0 se quer orgaoisar, e pariir, em h r p , e com meios de fructificar; a revolução

clama coatra a reacção que pertende levantar-se e usurpar-nos essas possess6es. Se os irmns da caridade, chamadas de Franpa para o ensino, se entregam a este principalmente ; e se limitam a ir tratar dos enfermos, que as chamam; a revoluç3o grita porque ellas se não deram todas ao tratamento dos erifermos da febre amarella nos liospitaes e nos domicilios. Se largassem o ensino. e se metessem nos hospitaes, e corressem em soccorro dos enfermos; clamar-se-hia que a reacção aproveitava us horrores da occasiào, para lançar mão dos hospitaes; e trocava a modesta occupoção do ens'ino pelo apparato scenico das ruas, e .dos estabelecimentos publicos. Se as irmãs d a caridade se deixassem ficar em França, tratando só dos 80:000 indigentes ;clamar-ge-hia contra ellas, parque entregues ao remanso da paz, e aos commodos do paiz natal, deixavam ir os soldados da patria, sem a cunveniente e necessaria enfermagem, para as plagas inhospitás e inimiga do Oriente. Porque foram; lamentam-se os indigentes que ellas deixaram na patria ;figura-se, como que de recreio, a viagem ao Oriente; e esprobra-se a immodesta escolha do appnrato scenico! Calumtiia sempre ! Veneno sempre ! Mentira sempre ! ~bondo~auirarn os indrplcb .dd F~ança! Pois as irmós de caridade foram todar para o Oriert te ? Ignorava o sr. H~rculano,e ignora o sr. ministro que as irmàs da caridade são para cima de 12:000, e que para a Crirnka poucas mais foram de 100 ? Ignoram que alOm das que foram com os exer6

cito9 francez e piernontez, ficaram ainda ajguns milhares prestando em França, aos pobres e desv?!idos os immensos e incornparaveis serviços, que 96 a religiòo púde inspirar, e que neriliuma philantropia ministerial. ou an ti-rninis teria], conseguiu ainda oganisar ? Os exercitos n.üo carecium dellas, rodeados, como iam, de t u d o o que a proviclencia dos resp e c t i v o s governos soube

iiiwentar e orga)~isu~*l

E de que outra enfermagem acompanhou a providencia governativn os dois exercitos, senào a dastirmàs da caridade? Que diriam, se a3 irmas se recusassem a prestar esse serviço á palria, á humanidade, e B religiáo? A' Pairia, que se diz jh que ellas rencgarn, quando invocam o amor de Deus1 A' humanidade, que se diz que. ellas desamparam, quando seguem exercitos em emprezas aventuroses, para prestarem auxilio e conforto ao soldado ferido, mutilado, ou doente ;ito campo, ou no acampamento ; no ataque, ou na retirada; por baixo d e um sol ardente, ou por cima do gelo, e do pantano ! A' Rcligiào que. se diz ser para estas sanctas mtilheres um mero pretexto, na propria occasião, e m que ellas, perante o mundo inteiro, a profess a v a m por palavras,e por obras, que 96 a Religião podia inspirar, e s6 aforça dessa Divina inspiração podia amparar !

A empresa eya facil! A viagem como que de aecreio !

Parece im possivel que haja coragem d'ineulcar isto ! Não é a historia de ha seis ou sete se-

culos, que se desfigura : 6 a Iiistoria de boiitcm. E' sabido que quando se apprestavam para a guerra os exercitos francez e piemontez, se preparava tarnbem, para os acon~panl~ar, o exercito inglèz. Vendo que os dois exercitos catholicos se faziam accompnnhar desse corpo de reli,'niosas enfermeiras, exaltou-se o patriotismo das senhoras inglezas, e quizeram estas prestar tambem aos seus compatriotas egual serviço. Varias senhoras dedicadas,com Jliss NigtingaZc hfretite, se olfereccrom, pois, no governo inglez para accompanhir o exercito ao Oriente na qualidade de enfermeiras. O governo occeitou-lhes, com reconhecimento o serviço notavel, que faziam ; animou-as ; e prestou-lhes todos os possiveis meios e protecção. E as offerenter organisaram u m corpo completo de enfermeiras; e com ellas, e com o exercito inglez, partiram para a CrirnBa. Querem saber os resultados absotutos, c comparados de tinta dedicaçao e actividade ? Scrh ainda Illistress Jameson, iiigleza e protes tarite, quem nol-os dieta. « Tenho estado em relaç6es (diz ella) com m u b atas d'essas senhoras que se encarregaram de u engajar as enfemeiras assalariadas (NUASES) q u e deviam ocompanhal-as ao Orietife: e as ~confidencias,que me teeni feito, attestarn um faacto verdadeiraniet~tedeploravel. ((Etitre centos de mulheres que se offereeeram upara este serviço. apenas 10 por cento reuniam a as condições exigidar. E das dpurúdar-r eco~nheceu-se, logo que chegaram ao Oriente , que m a i s de metade eram improprias para o serQ

U V ~ Ç O ,o u incapazespelo

seu m a u comporlamento: «e foi preciso p o r isso reenvial-as para lnglaaterra. u A ignorancia, a falta de gcito , e de con2aprehensüo, resulianle da falta de pratica; o apouco juiso , e a nenhuma circumspecção que aas torttawa incapazes de mandar ; e a insuboradinação do seu caractcr, que as tornava incanpazes de obedecer; faziam o desespero daspoabres senhoi-as, que4 5% hauiam encarregado dc udirigil-as. « I'or seus habitos pessimos, quasi que se 1 1 ~ s aproliibiu o accessso ás cflferrnarias. Dadas a bebidas, e a toda a especie de viacios. serviam apenaspara desconsiderar as secnhoras, enfermeiras, na sua qualidade de Znnglesas te de chrislils, aos olhos dos extrangeiros ae dos infieis. ( ( E o que aconteceu com dois terços dessas amrrcenurias, e com a generalidade das mulheres de soldados, engajadas para o mesmo ser& (($0.»

...

Comparando depois o serviço dessas senhoras, e das enfermeiras pagas, com o das Irmãs da caridade, diz mais Mistress Jameson: «Ao passo que a maior parte das nossas da«mas V.OLUNTAR~AS succumbiarn á doenç- ou,

aextenuadas pela fadiga dc um serviço, a que nair estavam ncostumadas, se viam obrigadas a auollar á patria ; ao passo que as Nuasas, as«salariadas cahiarn doentes, o u se mostravam ainuleis por sua ignorancia, indisciplina, e i m o moralidade, e eram por isso demitfidas ; as Ir«mies da Caridade, pelo contrario, acos tuma((das, corno estavam, a este penioel trnbalho,prea~istiacnnelle com u m espirito de ordem, e uma

((energia admiraveis, de modo que longe de desdos*proprios embaraços parecia que tiravam forras novas. a Viam-nas sempre traiaquillas. pacientes, reasignadas, cheias de recursos, e vencendo as «maiores diffkuldades com alina serena : supenrioridade, que ellas deuia~iipor certo á apreaudisagem, que tinhairi tido, e de que davam ((provas, e de que as suas collaboradoras pro« testantes careciam inteirantente, posto que Ilzes anão faltasse, nem intelligcncia, nem zelo, nem « boa vontade. >I Aqui esth, sr. presidente, aqui estk a empresa facil. O que 6 facil 6 dizel-o no remanso, cornmodo, pausado, e duradoiro, do gabinete. Dizel-o, sem o sentir ; dizel-o para as turbas ; dizei-o, com uma seriedade affectada, e o veneno no coraç8o. Mas executal-o. . .que o digam as damas ioglezas, que foram á Crimeia, e lá nio ficaram, se Ihes nac embargar a falla, o espanto e a indignaçno que sentirao de certo se lerem isto! Vozes : Deu a hora. O orador: Sr. presidente ouco dizer que deu a hora ; e eu não posso prescindir de fazer ainda algumas observações sobre os projectos em discuss80. Reservo pois a palavra e peço á cumara que me releve de o fazer. u animarem

S E S S ~ ODI-, 17 DE MAIO

O Sr. Pinlo Ohelho. Concluirei hoje, sr. presidente, as minhas observações sobre os projectos em discuss80.

Hnntem, quando deu a hora, apreciava eu as disposifões desses projectos, relativas aos institutos de caridade. Iloje, e antes de continuar, permitta-me v. es.', queeu chame a cittençao da camara sobre a contradicçõo, perenne e flagrante, em que o

governo se tem colloeado nests materia. d

O governo tem sustentado sempre que a lei vigeoie exclue as Irmas da C a r i d a d ~e que é em fraude dessa lei, que ellas continuam reunidas. E oáo obstante isso vem pedir lei ao parlamento para as excluir.

Aqui, ou ha lei de mais, ou verdade de menos. De duas uma. Se jh existe lei, que prohiba essa congregação, a obrigação do governo B cumpril-a, e fazei-a executar, que para ezecuçso das leis 6 que elle 6 g0''c''no. Se não existe, se é por isso que se pede lei, o governo falta enti~oá verdade, quando diz que as irmiís estào cori-regadas em fraude da lei. Pedir tima lei, que determine aqui110 mesmo, qiie o governo diz estar j á determinado por lei, 8, não sh uma perfeita inutilidade, senão uma grondr: aberraçao politica. Iriiiutilidade perfeita porque se o governo nào cumpre a lei vigente, escusado é fozer-lhe outra, e outro; porque elle tambem as não cumpre. A hcrração política-porque os poderes pu blicos descenceituam-se todas as vezes, que pedem, e dào leis, fundadas no ludibrio, e escarneo da rnissio executiva do governo.

-

Parcce que se quer responder a este argumento dizendo, que a lei existente nao .O sufficientemente clara, e se preste o duvidas. Mas, pergunto, dosde partirrm essas duvidas ? Levou o governo essa questso aos tribimaer? Ordcnou por ventura ao ministerio publico, que chamasse ao juiso competente a congregaç&oarguida de fraudar a lei ; e ouviu, nessa ou noutra questso similbante, julgados encontrados ? Neo. Ameaçou-se a congregaçgo com a pe-

Diz-se: que tanto as irmãs da caridade sejulgoram a si proprias cornprehendidas nesse Decreto, -e sollicitaram e obtiveram u m B r e ~ e Po-ntilicio, desligando-as do Prelado maior, e subjeitando-as nessa particular relação, ao Prelado diocesano : e aecresceritam que ellas, subjeitando-se agora ao Prelado maior, se insurgiram, não s6 contra o Decreto, senão tambem contra o Breke Pontificio. O facto, porém, sr. presidente, nem se passou como o contam ; nem tem a significafáo que se lhe quer dar. Em 1833; quando se publicou o Decreto, a s irmãs da caridade nào estavam em relações directas coni o seu Geral : o Geral tinha delegado os seus poderes n'um padre de Rilhafolles, e era com esse padre, que eilas se entendiam. Extincto o convento de Rilhafulles, esse padre continuou em Lisboa ; e as irmãs da caridade continuaram-lhe subjeitos, como d'aiites. Plissados tempos, porém, o padre morreu : e as irm8s ficaram de facto, sem Superior. Foi entáo, que alguem se Ihes encarregou de sollicitar de Roma u m Breve, que as 'desligasse do Geral, e as subjeitasse ao Prelado diocesano. E quem Ihes Fez o requerimento, fundou esse pedido na dilficuldade, e quasi impossibilidade, em que elles estavam, como senhoras, de então recorrerem a França. O Pspa 1180ju %ou essa razão sufficiente para Ihes alterar o instituto ; e permittiu-lhès apenas, que obedecessem ao Prelado diocesano, emquanto n3io tivessem meio d e atar de novo as suas relações com o Geral da ordem. Esse meio chegou ultimamente : e ellas, de

com o Breve Pon tificio, e Com 0 Prelado diocesano, s~~bjeitaram-se em fim ao sei1 Geral& t e é qae é O ftlcto. ~(pzult«ueljc de ordem, ou iiitimaç5o da auetoridniie civil, em esecuç;io do L)ecreto invocado? São. 0 1)ecreto pul>licou-se: foi logo applicado iquelles que se compreliendiam na sancção dcl]e: e as irmòs d;i caridade continuaram, como d'antes, imperturhavelrnente subjaitas ao padre, delegado do seu Geral. E o que fizeram depois da morte desse padre, fizeram-no, cpmo acto particular seu, sem intervencùo, nem conhecimento algum da atictoridnde civil. E foi de acordo com o proprio Breve, e com expressa auctorisaçho do Prelado diocesano, que ultimamente desfizeram o que entao fizeram. Nenliuma influencia teve pois nesse acto aquelIe Decreto : nem 6 verdade que as irmas se insurgissem contra as determina~õespontificias. Ilisse-se tambem: qiie o instituto s e modificara essencialrnerrte com a vinda das irm8s fraoceras, substituindo-se at8 o instituto portuguez pelo instiiu to franeez. E outra inexactidao , que eu peço lieenpa para rectificar. Nunca houve instituto portugiiez differente d o instituto franfez: o instituto foi sempre 54, desde o principio ate hoje. O decreto de 1819 , que o admittiu entre n69, admittiu-O com o regra dada por S. Vieente de Paulo, tal qual este vorao Soneto ]h's de@, alterafáo alguma. E d e França vieram atB as primeiros irmgs da a r i d a d e , que serviram aqui d e 6s

que successivament~ se Ihes foram agregando, e professarido. AO principio estiveram directamente sul~jeitas ao Geral tle França : depois obteve-se, l u e o Geral drlegnçse, como disse, em um padre de Rilbaiolles, que era ii~slitiiiçTíolazarista. E assirn estiveram até que esse padre morreu. Depois fez-se a alteraçao ~ e r m i t t i d apelo Breve pontificio, com o caracter de condicional e interina. E além d'essa ntdo havia nenhuma outra legalmente feita. Alguem suppoz o contrario, por ver que as irmas portuguezas , emqi~antoestavam shs, ficavam de noite em casa dou enfermos, e, depois da vinda das irmãs francezas, se negavam a isso. A verdade 6 porém que a regra de S. Vicente de Paulo, prohibe que as irmas passem a ooite fóro da casa, hospicio, ou liospital, em que residem. Essa prohibição 14-se tanto n9 original francez9 corno na regra portugueza, que, repito9n80 4 senão a traducçùo litteral da regra franceza. E se as irmss portuguezas ficavam de facto em cosa dos enfermos, faziam-no por abuso, devido tí necessidade, e falta de meios. em que viviam. Esse abuso cessou, logo que ellas se subjeitaram de novo no Geral : logo que houve quem velasse pelo religioso cumprimento da regia. E longe portanto d'essa siibjeiyso trazer n alteração de instituto, troiixe, pelo contrario, a inteira e rigorosa observeçiio d'elle.

De resto. sr. presidente, niío param uiadu aqui as controdiyòes do governo. Diz-se que o artigo 1." do projecto se dirige, unica e e r c l u i i ~ s m e n ~aedar , cabo dessa co1,C;i.ega~30. >;as e notarei, que o governo só se 1enll)re dc nos pedir lei que a mote, depois d'elle o ter

morto jh civilmente. Ainda ha pouco o Sr. mnrqurz de LoulP se saiu a pub!ico com um notnvel decreto, extii~~uindo essa corporaqào, e retirando-lhe a entidade juridicn. E I i o j ~ , como que se esquece d'esse derreto, e vem-nos pedir que extinguamos aquillo inesmo, que elle ja extinguiu. Foi aquetla extinccso vllida, ou nào foi? Se o foi. como se pede lei contra o que j6 nao existe f E s e o nao foi, porque nào começa o governo por declarar irrito e nullo oseu octo de hontem? Quer surtentsl-os ambos? E impossirel. Depois do decreto u congregocão - nas suas releçùes temporoes e civis-desappareceu : o que resta e uma reunino de aenhoras, que vivem, 6 verdade, nr mesaia eras, mas sem curacter publica de a~mciaq%o, e sem laço algum, que as ligue eirilmente. E se desde então a congregacno deixou de existir civilmente : 6 absurdo pedir, 6 absurdo fazer lei para a matar hoje. Quer-se que vamos meis longe? QQer-se que annullemos os votos feitos pelas senhoras reunidas nessa e m , ou n'outra quelquer? podernos. O poder civil nso tem nada com e m s votos: sso rim acto d e consciericia,

um acto espiritual, um acto absolutamente estranho á lei civil.

Praticam essas senhoras algum acto externo, menos legal, menos licito 1 N â o me corista, que elles fapam vida senão de exercitarem c praticarem as Obras de Misericordia. Mas, se além d'isso, ellas praticaram, ou praticam algum facto punivel pe!a lei civil, lá estlio os tribunaes ordinarios para as julgar, e para as punir. E se o que se nos pede é uma lei d e excepçào , uma lei ad odizlm, não devemos dá!-a ; não podemos d ~ l - a; que nem é propria de nús, nem da alta missáo, que exercitamos. Feitas estas observaçcies , eu vou continuar c o m a aprecin~ão,que interrompi hontem. Demonstrava eu, com documentos officiaes, c com escriptos notavelmente insuspeitos, a acção benefica das irmas da caridade. Referi-me, nessa demonstração, por varias vezes, a Jfistress Jamcson-iugleza e protestante-e que por essa razõo tem para mim um dobrado valor de auctoridade. Como protestante- a sua cresya a levaria naturalmetite o julgar mal d e iirna institiiir~o 120 estreitameritc ligafla com a f6 catliolicit. Coino iriglcza-podia dcisnr-sc domiriar pelo ciiirne dc utii iiistitato, q ~ i tern c a sua skde principal em Frorica. As coiifissóes d'ella portanto sõo dobradamen-

te insuspeitas : e por isso a prefiro a muitos outros escriptores mais favornveis. Citei-a nas suas aprecin~òessobre differentes estobelecin~er~tos da I talia ; e sou cital-a ainda em relrrencia o outros paizes. Com relaçáo á Inglaterra-lamenta ell-oa falta da carinho e de conforto, que ha em todos os hospitaes, ainda 110s mais aperfeiqoados e vigiados. E conclue, propondo a admissão nelles de irmãs da caridade. Paro esse fim ella nota, que a enfermagem, ahi organisodo, B exercida por p,essous tiradas das classes baixas da sociedade, sem n instrucf i o e dedicaçao neccssarias para dorninarem e reanimarem o espirito dos doentes. Cumprem, diz ella, quando cumprem, as sua6 obrigações macliiiiolrnen te :e, f6ra rarissimas exeepcòes, nào dão, nem mais cuidados, nem mais console~ùe~,do que as prescriptas nos regulaineiitos o k i a e s . E este defeito 6 que eila queria evitar, reunindo nos hospitaks um certo grupo de mulheres, intelligentes , caritativos, e extremamente dedicadas. «.?Ias (accrcsceota ella) o trabalho é penoso; as deveres repugnantes ; a remuneração fraquissima em compara~üocom os serviços e s i g i d o s . ~ a Logo-será impossioel obter a cooperaçaio de mulheres de uina classe mais elevada , sem que dias sejam animadas de uni move1 szaperior a$ inferesse pecuniario. .E c o k efeito (conclue ella) :para acalmar

a irritabilidude de q@e)nsofre, para

reaninq

os espiriios opprimidos com o peso d a Oesgrapa e rlu doença ; para coi2solar, para forri$cnr, í niister uin juizo tiio são, unaa syrnputhiu tlio dedicada, uina tcrnura t2o inezyuiuvol, que sd a caridade clirislci pdde dál-a.» Pnss;iitdo dos hospitaes ús prisões, diz &tistrtss Janteson que exnminariila a prisao de Ncudorf, n a Allemarilia, dirigitia pcliis irmãs da carid~ide,fichra maravilhada, do que vira. Nessa prislío havia entòo 200 condemnadas, escolhidas dc critre as mais pervertidas e indisciplinadas. E 6 nos termos q u e ~ o uler, que Jlistress Jamcson descreveu o que riu. Diz eila : ctPa~.a tlir>i,qi,=e disciplii~u~-esta amassa de ç~vnlurusuioli~rtns,hauiir 12 religioasas, az~xiliadaspor 3 capetlües, I medico, e I acinrgião. 1) R AJorçcb militar e os guardas que no ptviuciapio se pozerana cí disposi~üodas relipksas tianham sido despedidos. & A direc~doe a segurança do cstabeiecime~ito rachavam-sc cxclz~sica~itenta conjadas a essas fmagais nlzdhe~cs:c ctL~dali20 ri nrida, r/zt<: poclcsse aegualar a d i g ~ ~ i d a d eo , bom senso, u puclc~ic Li, e n cnridaclc sa12ctc6, clestc peyt~mmc e o p de diarecgão. c 1 1
t

rpfugo do sela sexo, respoi~cleu-nlcella com n 1,iaior ~rcrturnlidade:

asDUI-XDA QUT; SE N ~ PRECISASYEMOS S AUamLI@ D E FORÇP, N ~ O XOS FALTARIA: MAS GRB'r-* AOWIKI'OSDD" DOçURA QUE N ~ POJlOS S EM , É-sos TXO FACIL DIIIIGIlt ESTA3 200 a3II:LTIEIIEJ, C0310 SE FOSSEM ~6 100, 011 50. 0 a1*0»1:K DE QUE USAYOS RARA ESTE EFFEITO, N ~ O

'ESTA EX 36s: VEJI-NOS no ALTO! a E' e#-ide~ate quc elln tinha uma conlfangn proe f i i ~ t í l n lieste pode?* superior, c a Ji~*nicconvicç80 adc < l u d t l ~ ~éL11ossicel ) coin n F4. o

Tise R j hontem tambem occasiáoadc me rir ao3 serviqou prestados'por essas sanetas mulheres na Criméa. .$fistrcss Jnmeson occupa-se tão espeeialmente da eoinparayilo entre esses serviços, e os prestados pias senhoras protestantes que estavam ao servico do exercito inçler, que eu peço ainda liceny? á eamara para ler alguns poragraphos delta. # E p*ecíso confessar (diz ella) qzce a sz~eriori(//lfle das IRWXS DA C;IBIDADE catholicas s o b ~ e c a s sr:asr.s (enfermeiras)foz evidente. n;ls estot isticas o provariam, quando mesmo o efacto nüo fosse rewnihecido por todos, sem disafi~w-;in de crr?12ga,nenz de opiuiZo. rr a E/t rnsi?o desta sztpc~ioridadeé facd de comuprhendcr por todos os ytle tecm cstudado o selqavico dos hospitaes, e as suas exigencias.~ «Pcira a s IRHÃS D A CARIDADE! o tratamento arlos doentes nrio era uma coisa nova, emj~rclreiladida no calor do enthecsiasmo. D l i v e r pura O S ~ O ~ T era, ~ S , de longos arznos, a .resdn@o do seu coruç:o.

u Para

esse $,)a tinhani feito um longo novici~tdo, ntcnicame~iteoccripadas do que, nzuis t a ~ d e ,tsriuna «da fazer, de ~ n s i u a r ,de prescrever. i, aD'ahi cirzhn a perfeita unidade dos seus tranbalhos, e a facilidade com que cada unm contin Ilunca n obra, qzie outra se tinha visto obriljncla ,n i~~terromper. a Pelo contrario muitas das senhor*asprotestaqe f e s não sahinni sequer, o ~ I I L e r a tl-atar de POabres, e de dosntes; e das gice sabiam cada uma atinha o seu modo ospecial de tratanze~zto, c ~ t E o vadia habitzlar-se a nenhum ozltro. n aDemais: as irmds na"o se achccvam ~epenti12rxamentu collocadas n'unza posição uoua, e iiicapnuzes d4 con1pre7~eliderO m b a r u ~ odnpuelles, yue cobedecianz cís suas ordelis: antes de apprt~zcie~.em a nzciudur, tirzItanz apprendido a obedecer.^ C E &pois desse talento especial para nzanrln~ue para orga?zisar, ndíh sru tão notavsil conao n aperfeita ha~monire s i m i l h a ~ t ~ ne ,m q w o acto ad& cada irrnir: se achaua com os de todas as eztutras. D a A s nossas szpwintendentes lanaentavam incesasantemente a fnlta, que lhes fazia, esta expeariencia anterior, de governo e directão. a .Dispostas e m j m pelos seus votos a umu Uidà ade servigos rudes as IRNAS ~ e s i s t i a mds fadigas, rpue amuinavun~a saude das damvs inglezus; e acontinuavant sena dificuldade o tra6alh0, a que arestas succumbiam. n a Eva conao zcnza rotina, n que jrí estmana costumadas; um irzcornnzodo, zcma faltu dri dcacaizgo, ae de conimodidndes, em yzle já estavam endureu cidas.

No principio 7

deste treclio .Jlistrcss

Jaii~csoia

referiu-se a s cstatisticos. O resiiltndo destas 6 realrneote curioso, De 179 Ir,,i~.s francczas e 30 italianas, qile os esereitoa francez e pieinontez h Crimeia, nenhuma fui reenviada : e durante a morreram -28 francezas, e 2 italiana<. Das ttur.96. pelo contrario. 22 das 33 dirigida* por Aui,~.s At'i>igtingale, c 12 dn.; 29 dirigidas por M i g ~ Siot~lr!/, forarn recfiri.idus logo nos priineiroi seis mese<, por sei1 mau ~ ~ m p ~ í t a m e ~ l to, irlv;il,aciil,ide, clocriçns, c oiitriis causas. I) 1.; Ir.,~iirsd e (,'ai-idade por conseçuin te hotive ein lodíi n gucrrii umJ biiirs de I 'l por cento: emquatito que d,7s nurses a baixa passou de 55 por cento só nos primeiros 6 rnezes. E*ter exemplos, estes dados estatisticos i? que o iiiuutre delititedo, que ine precedeu devia consrittar aittcs de fallar nesta mnteria, e antes de vir aqui orgumeritar com eiitliusiasmos de mometi to. Xenhtim povo, sem dusida, 6 mais na turalmente 'prolienst 3 caridade, d o que o nosso. S'um momento de peste. oii de qualquer o u tro fiapello, ou desgraça publica, allepra .o coraçao ver como o entbusissnio, o compnir~o,e n dedicnçùo nascem ccpontaneos em todas as classe. de+ta nossa sociedade. JI3r esses seiitimentns, que siio de um grande auxilio, não bastam, para que 0 3 soccorros da caridade se tornem permahentes e efficases. Carece-se de um tirocinio difficil, de uma cert a ordem, uniáo. e disciplina, que 96 n'um inStituto permanente se pode encontrar. E es'e instituto será sempre ephemero, se lhe 1180presidir a vocacãu e o sentimento reli,'oio~o.

Porqire o instiiato das Irmás da Caridade tinlia essa o r g a i ! i s ~ à o forte 'e esclarecido, e essa fk r i i u , que $:io sentimento profundamerite catbolico pode inspirar ; é qiie elle venceu todas as difliculdiides rlu Crimeia, com geral applauso dos goveriios, que toi~~ararn'parte nessa luta, sem differefiça de Religiùo, de crenGa, rierii de opinião. Os proprios ingleze'i confiaram á direcyão delIas o hospital inglez de Balaclava; e sùo conhecidos os olficios lue Jolbn Hall, inqpector geral do srrvi~ode snude iriglez, e o general em chefe, Codringtolt. Ilies dirigiram no momento de!Ias, finda a guerra: embarcarem para a Europa, elogiando e agradecendo summamerite os ser\ iyoi por ellas prebt;l
«Sabenios que ellas tccni leeado o seu cspiri«to benp/%o até a o ponto de comprar e fornecer «aos nossos prisioneiros os reslidos mais irzdis- ~petnsavcis. « i'ecnz-se mostrado 120 acl112irnueis cz~idando uc lruluizdo dos nossos feridos, conlo t e e m fci*4t0 com OS ~ T C C ~ W P Z ~ S . t

a Possa a ho»tenagen, de nossa sincera qi'otirdüo chegar ao conhecinaento desias dignas renligiosos, gue sd de Deus podem ellas receber a reR compoasa da vaissitolde caridade, que cumprem « nesle mundo de um modo 660 sublime ?

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..

O sultòo.. O proprio sultão !. Curvoii a sua cabct-a diante de tanta rirti~dee tanta dedicaçào ! Vrn turco foi condemnado á morte por um crime, paro o qual essa pena era realmerite excessivo. A.P Irrnfis da Caridade sabem-no, e resolvem salval-o. Dirigem-se duas immediotamente oo palacio, e pedem confiadamente uma audiencia do sultão. O pedido parece estraoho, e O repellido logo i~ entrada do paço. As hm8s insistem, e conseguem emfim chegar 6 presença de Abdul Medjid. Em poucas, mas ungidas palavras, lhe explicam o motivo, e o fim que alli as leva. E o sultào, responde-lhes com o sorriso nos. labios, compungido, a ~ffarel: aSim! Concedo-vos o que me prdis!~ a Poderiu ezr recusar alguma coisa ao zelo 9 0 agrado, que vos inspira tas8 sentimentos? Oh! Que hella Religiüe é aquelZa que inspira Hein v&, ó snnctas mullzeres, uma dedicaçüo, como ea

G O S ~ ~D !

faüeis umai* e aEençoar a generow aFransa!B a IrIc. Ide wna este oficial: elle vos coi~duziráá ~ 1 ~ ' i s U oe: VLS tereis o prazer de licrol*, por voartTós

i ~ r n j w i a s azüos, o vosso protegido, e rest iaiztil-o li sua familia. ))

asas

E quando as IrmAs enternecidar, se retiravam, conf~~ridindoem suas palavras o agradecimento c a despedida, o siiltào nccresccntou : ,%o equeçaes o caininho deste palacio ? n Todas as vczes que tiverdes alguma coisa a npedir-me, contai que todas as portas se abrinrno para vús, anjos de misericordia !

..

Tremenda l i ~ à o!. Sr. presidente, tremenda liçào rios d i o irnperio musulmnno. O ((crê ou morre)) do Alcorão curva-se diante da caridade erangelica. F: quando o chefe dos rnusulmanos abre a5 portas todas do seu palacio aos n-Anjos de Misericordiuu, como elle proprio Ihes chama ; propúe-se-nos que n6s, reino Fidelissimo, fechemos as portns todas a esses anjos! Terrível pairào nos allucini ! Os actos dedicados dessas sanctris mulheres fizeram que o i n f i e l corifessasse por sancta e belIa a Religião que os dieta e inspira: e nós que nos dizemos Crentes e Fieis, chamamos a esses actos, ou hypocrisio, ou preversão ! O cntliolico de França e do Piemonte, o ptotestnnte inglcz, o scismatico russo, e o turco mosulmano -todos se deixaram illudir por aquelIas sereas enganosas ! Só nós - Paiz t ~ n i c odo homens civilisados e espertos -resistimos á mogia desse canto, e recuninos, desconfiados e confusos, á voz de aiarme, do sr. !ministro da marinha -n latet anguis ! 1)Muito bem ! Sr. presidente. Muito bem !

...

Erpulsarernos as irmãs da caridade, e guardaremos para n6s as outras irmas, (1113 fizeram o admiragao e as Jelieias d'essa assernb1i.u notavel do salao do thentro de D. Mariii 11. (Riqo). Essas é que são dignas d e nós!. . . E nós nào somos dignos das irinas da caridade !. . .

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O sr. ministro da marinha disse q u c se na Crimeia as irmãs da caridade tinham feito a ndmiraçao dos que as viram, em Lisboa, pelo contrario; chegadas na occasião da febre umarella, se metterarn em casa, e abandonaram os erifcrmos aos horrores do ílagello ! O facto, sr. presidente, o50 é verdadeiro. As irm8s francezss, que chegaram a Lisboa por occasiao da febre, foram cinco : e d'essas. tres foram destinadas ao ensino, e duas, entregaram-se, com as.portugueias, ao tratamento dos enfermos. Nunca ninguem as chamou, que as n5o achasse promptas.'É quando o flageilo estava no seti auge; afugentando dii capital uma parte considerovel da sua popula~no,as irmãs chegaram a offerecer-se, mais ou menos directomcnte, parar tomarení'conta do hospital d e S. José. Esse ponto foi mesmó debatido, ante a ndministraçao do hospital. E se afinal para 18 não foram , nà; foi por+ culpa d'ellas. Eram pbucas, e por isso (izeram*POUCO.\ Se qu:riarn que.fiiessem muito, deixassem vir

mais. Mas por um lado liipitaram-lhes o numero, e as tuoccões; pelo outro, perseguiram-nas desde-

o começo pela imprensa, calumniando-as, reãiculisando-as, e at6 apedrcijundo-as. E no fim, vem a q u i cerisurul-as, porque ellas íizeram pouco ! Abrissem-lhes as portas ; dessem~lbenprotecção e apoio, em vez d e perseguiçào e culumnia; e veriam o que ellas faziam. Athenus e o Pirêo ardiam devastados pela cholera em 1856, quando se lembraram de invocar o ~iixilíodas irmãs da caridade. As irmãs correram lá immediatntnen te, e prestaram taes, e tâo dedicados serviços, que a populaçiio e as ouctoridades,, o governo e o povo. Ilies tributaram á porfia , louvores e agradecimentos. A imprensa publicou por essa occasiùo os elogios que ern differentes oflicios lhes fizeram o presidente do conselho Mardro Cordato, o ministro dos cultos, o prefeito de Athica, e Beosiu, o director da policia, e a propria municipalidade de Atlienas. Negar fundamento a esta opiniáo unanime, 6 uma pertença0 trio oussds, ~ ~ aljsurda. 1 0

.

O illustre signatario do voto em separado, disse tambem : Estimo. desejo, e qiiero em Portugal o instituto de S. Vicen te de Paulo ; m a s i. o instituto portuguez, 11306 o franeez. Jti eu disse, Sr. prgsidente. que nno ha, nem nurtca houve dois institutos de S. Vicente de Paulo, um franeez, e outro portiiguer; O instituto foi sempre um só. E essa distincção, fez-se agora, 6 ultima hora, para salvar a contradiçõo, em que se acha o deputado anti-reaecionario de hoje com o ministro

da justiça, que ho poiicos annos promettin, ante o parlamento, reduhrar de esforços para dentro

.

em pouco introduzir. . note-se bem. . .introduzir nestes rcinosj esse saliitar iosti tuto. >Ias eu acceito a distineçào e a desculpa.

Quer eritào S. es.. expulsar só as irmàr francezos. e deirar que ch fiquem, protegidas e fegtejadas, as irmas portuguezas ? É este rcalmeiite o acu mais sincero desejo? Ouçamos .o seu relatorio. A paginas 3í. leio eu: nSejamos francos! Se niio queremos irmãs de ~
E com effcito. r10 seu projecto, prup6e 3. en.. que esses serviços se prol~ibama todas as irmàs da caridade, sem distineção de portuguezar ou rarlcezas. Kào 4 aioda suEcientemente explicito este periodo? Tenios outro. 4 paginas 27 repelle S. ex.' o artigo i.' do projecto da maioria da commissão, e sustenta em Jogar delle o artigo L .O do projecto do governo. E quer s carnara saber com que razùes? Porque motitos? Eu leio: efillemos claro (diz J. ex.?; o artigo do pro. aj& da maioria nUo póde ter applicaç20 a ouatra c~ng~egaçu"~, que não seja a das irnzãs da *caridade; p w p não existe ozctra alguma conayregaçW neste l'eino, sufijeita a prelado maior c ext l.cr ngeho. r> eI,biiuertido em lei o artiço 'da p~opostado go62.sl*i2o, d o pide cculdinwr a covporagão das ir-

amas da caridade, ou as considerek portz6gueza8, aou francezns, com ccna, ou com outro instituto, o portuguez 016 fraacez. B =São todas clal-anaente co?npi*ehendidas nelle. cr NZo podem escapal*-lhe.D aJIas pelo cirti,qo do projecto da maioria da aco~n~nissZo, Jca-Zhcs abei-ta a porta para podearem suòtrahir-se çi sua a2ililicat$o. D S. ex." prometteu fallnr claro ; e fallou. Iieflectiiido mclhor, quer hoje occultar o seu pensamento ? E' irnpossivel. Manet seriptum. Na0 querem, riem as irmás francezas, nem as portuguezas : ngo querem neiihumas. E niío é só as irmas da caridade que n8o querem: não querem nenhuma associaçào religiosa. Desde a Associaçõo da Fb a t e á do CoraçTo d e Maria; desde o Diriheiro de S. Pedro até h Associação Consoladora dos Aflictos tudo no relatorio do sr. .Ferrer vem já envolvido sob o distico fatal c< Reacção. Eu bem sei que o p j j e c t o do governo fdfa explicitamente s6 de coneregoções. Mas esse projecto termina com um voto de confiança ; e a significaçao, o alcance, as aspirações desse voto veem expostas e desenvolvidas no reiatorio do sr. Ferrar. E esse reialorio, em que S. ex.' prometteu, que havia de faliar, c! realmente falloii ciriro, mostra-nos que a guerra nao B á nacionalidddc das irmás da caridade : 4 ao principio religioso, que lhe; preside. Nào se quer associaçõo de casta alguma a que ?resida a idba de Religiùo! (Sussurro !) Nega-o o iilustre deputado? Desminta-me se pbde.

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['ma t o = . E' isso, 6. (Ir~terruinpçiioque se não percebeu). Cnta vos. Ordem. O Orodor : Sim, senhores, eu vou tombem a o ensirio.

O governo e a maioria dacommiss~oesta0 d e aceordo, em que os religiosos sejam excluidos da ensino oEcial. O governo propõe ainda que essa exclusão se estenda ao crisirio particular ; mas nessa parte náo o nccom~inriliaa maioria da commissâo. O Sr. f i * r c ~ ,no seu voto em separado, segue a opiniao do governo. E u dwse jh, sr. presidente, que sigo a opinião contraria, e vou dizer porque. Todos n6s nos chamamos «filhos da Egreja.)) Porque motivo havemos ent8o d'engeitar o leite ma terno ? Se louvamos a Deus porque Elle fez dn Egreja nos'a -WGe ; porque nso havernos de louval-o, por elle i3 ter feito tiimbem A m a ? Desde o priricipio das sociedades civis, que os estadistas, teem ido buscar 6 Religião a influencia necessaria para moralisar os individuos, e fortificar a s instituições. Mas se querem sinceramente a influencia social da Egrrja, nfio é melhor que a recebamos logo nos principias elementares da educação ? Porque motivo Iia\emos de excluil-a, quer do ensino oficial, quer do ensino particular ou domestico ?

E u bem sei, Sr. presidente, que os projectos. faliam só do clero regular; e nHo tratnm por ora do clero secular.

Mas nesta discussiio cumpre-me apreciar, nao s i i n letlra, senjo tambern o espirito de ambos os

pro.iectos. E aiverdade 4 , que as declarações do goverrio, e as dos seus adeptos me auctorisam já a declar a r que a guerra k a lodo o clero, sem distincção de classes. O que se v& jh é o qcie esti ria leltia: porém o resto \em eiivoliido no varo de confiança : e e a o demonstrarei. Diz-se que se náo púde confiar a educaçcio d a mocidade aos religiosos porque, quebrando estes os !aios, que os prendiam á patrza e ci familia. s e tornanl inhnbcis para ensinar e inspirar ás crianças o a m o r da familin, e o amor da pa-

.

t ria.

Respondi já Iiontem n esta objecção, no que respeita ao amor da patria: respoiider-lhe-hei hoje no que respeita ao amor da familia. E respoiiderei com exemplo de Pessoa, tùo Elevada, como Abgusta, e Divina. Perdeu-se uma vez d e sua mHe o Redempt o r do mundo, sendo ainda menino. Procurou-o, extraordinariamente d i c t a , 3, B13e Sanctissima; que depois de muito tempo, e muito prliito, foi d a r com elle entre os doutores. Sentida e angustiada, lançou em rosto ao Filiio unigcriito os cuidados que acabava de causar-lhe. E o Filho do Deus respondeu-lhe, sereno e seguro, que pura ensinar u lei 4 que liera a este mundo. Quebrou pois Jesus Christo os laqos de familia, para se coiisagrur I'otlo á obra da rcdern-

pçno.

E m vez de se entregar 5 s ligaqóes e affectos deste murido, fez vida de prEjinr a nova lei. E nem as dores da virgem. riem o affeclo dos dircipiilus, nem a ingratidão daquelles por quem ia sacrificar-se, o privaram de se fazer mnrt!r por essa lei, e d e nos remir na Cruz. .\ irnitnçau de Jesus Christo, i: que o frade wrin os Inces dc familia, para se dedicar todo A misiflo religiosa, a que sc vota. Condemnries o fiicto?.... Coiidernnaes nado menos que o Redemptor, e a Hcdempcão!

*

Dezeis que mal póde ensinar o amor de familin, quem sacri[ieou esse amor á missão religiosa da sua vocação. Pois houve alguem que mais o sacrificasse, e n~ellioro erisiiiasse, do que o proprio Redemptor?! LQ esth no decalogo o 4.' preceito «Hoonrarcir teu paee iun mãe)):e o decrilogo é a base de toda a nioral evangelica: nem o frade ensina eutra moral senão essa. Mas nem todos os preceitos são de egu'ul força: e nenhum moralista poz ainda em duvida o principio de que o dever maior absorve o menor.

Porque elogia a historin. e esmo coisa rara, qoe um D. Joiio de Castro, por exemp!~, esqiicccsse os proprios interesses, e os da sua familis, para se dedicar todo ao serviço do Estado? Julgol-o-hieis mais digno de se dedicar ao en-

sino, se elle tivesse exercido o nepotismo em alta escilla? Uizei-rne: Nào cbrta, nao sacrifica tambem o militar os laços de familia para i r servir, e morrer, nos campos de -batalha? Lembrou-se jh alguem de dizer-lhe que primeiro cstava o amor de fillio, de marido, ou de pae, do que o amor da patria? Mais ainda: Manifestou-se um incendio ; arde uni prcdio em cbammas; por entre estas ouve-se o grito desesperado de uma pobre mulher, que, vendo-se rodeada de fumo e fogo, clqnia que a salvem; o perigo B imminente; a salvação arriscada s quasi impossivel; ou proprios, a quem compete tentar o facto. recuam desalentados e temorosos; em todos os rostos se r4 pintada a angustia e a afiic~ão;mas ninguern se move, e os gritos de soccorro viío diminuindo, porque tambem a voz e a vida se v80 extenuando na infeliz: atB que do seio da multidão sae um simples espectador, voa ao predio, corta as chammns, atravessa por sobre nuvens de fumo, e, com risco inaudito- da propria vida, e coragem sobrehumana, volta, trazendo: em seus braços, semi-viva ainda, a mulher desconhecida, que salvou. Em todas as epocas, Sr. presidente, em todos os paizes, applalisos unanimes saudariam essa acç8o generosa. Mas se esse homem, rara e corajosamenbe dedicado, fosse um professor regio, e tivesse um pae, uma mulher, um filho, uma I'amilia qualquer, quereria o governo excluil-o, por indigno, do ensino official; por elle ter sacrificado, na occasiiio do per?go, OS seus mais caros

deveres de fan~ilina um dever de liumariidnde '! Suo o creio. Neiihurn governo quereria fa~ e l - ~ e) : se quiresse, nao poderia. l i m tez de puiiil-o, o governo teria de louval-o, e premial-o. bl,rr. se elogioes a dedicaçùo, Filha do enthusia3ino do monieriio, porque condemiiaes a dedirii(ào. constarite e permanente , durante a vida ittteiraf Eiugiaes airida essa dedica~ào constante, quando (. tilhe d o anior da putrin. E quertais condeinnnl-a rio frade, porque 6 filha do amor de Ileus?!.... Se e essa a rozão do vosso voto, dizei-a, para que o paiz vos fique coriheceiido. Mtis porque n quesi80 vem sempre, e forçadamente, bater oeste ponto, 6 que eu sustento que cliu tem muito mais de religiosa, qiie de po-. litica. Invoca-se tambem a Carta. E o que diz a Carta? NQ art. 143 g 13.0lcio eu que atodo o cidadüo pk-k se+ adraitçido aos cargos publicos sem ozctra d i f f r r ~ ~ ique i ~ a 1220s e j a a dos scss talentos e virtudes. D

Coiicorre ao provimento d'uma cadeira um var8o illustre, e mais illostre por seus talentos e rirfades, que os demais concorrentes. Quereis exeluil-o sob pretexto delle ser religioso? Nesse caso estabeleeeis urna outra diferença, nHo permittida, litteralmente pruhibida atC, n u Carta Constitucional.

Diz-sc que ha direito defarer essa ezeliisão, porqrte ta mbem a Carta excluiu o fi*a(le de cotar, e ser votado, nas eleições para deputados. Mas essa excltisão firma a regra e m coritrario. Porqiie a Carta Ihe negou só esse direito, c nùo o do ensino, o que se segue é que n Carta o reputou liabil para est'outro cargo publico. Vús qiiereis declural-o iiihabil: quereis portanto contraricr o voto tia Carta. Quereis levar a exc1us;o tlella, onde o proprio auctor della nzo qitiz que ella fosse.

E escltiil-o porque? Porque o frade fez, perante Deuq, e nno p e rante v&, o voto de obediencia, de pobreza, c d e castidade. Quereis fulminar esses votos? Não podris, e não deveis. Não podeis, - porque esses votas náo tem nada com o pode[ civil. O voto é uma promessa, feita a Deus, pelo homem; e s6 Deus, ou quem delle tiver a missão divina, 6 competente para a acceitar, ou repellir, para exigir, ou não, o cumprimento della. Na0 deveis-porqiie a doutrina desses votos 4 de tal evidencia moral, 6 t8o sancta, e tão divina, que, fulminal-a, seria um sacrilegio f riaudi to. Disse-se tamhem, que nào precisavamos das irmãs da caridade, e nzuilo menos das irm6s extrangeiras, porque de sobra tinhamos settlio-

ras e m
Sr. presidente-Quem

suppoz o lar domestico

cora de cigalios, onde os paes ensinam aos $lhos a arte astuciosa de ~oubara: quem o attnin

figurou convertido em altipai~ar, onde as mães, em vez de modestia, e ~ a s i ~ r aas~ filhas ~z a vender a sttrn p r e s a a preGo de ooiroo ngo tem direito de nos vir aqui eceiisar de fal tu de respeito e amor pelos mães, e pelas senhoras portuguezas. O Sr. Ferrer-Eu fallei em Iiqpothese. Oorndor-E o illustre deputado nào sabe, que iiãu é por uma hypoilieeé, tão rara como odioso, ttio odiosa como raia, que se hade determinar a lei geral?! Qiiem foi deste lado da comara qne negou a compeienciu dos paes e maes de familin para dirigirem e regularem o ensino de seus filhos? Sois \ús que Ili'ii neyaes: nùo somos n6s. Reilhum de 116s pediu ainda o privile,'0 1 0 exelusivo do ensino para as irrqiis da caridade. O que queremos B que ellas ensinem, e qne ensinem como quoesquer outras pessoas, devidamente habilitadas puro o ensino. Quando, no meio de guerra lomentavel que s e tem feito o essas pobres senhoras, eu vi surgir a idba d'uma subscripcão poderosa, á testa da qual se dizia collocar-se o corpo commerciul de Lisboa, com ii intenqno de estabelecer e dotar um outro instituto de cuidade, nao me indignei, nem me assustei. Desejei, pelo contrario yuo o instituto se estabelecesse, e fosse ávante; e depois desse, outros e outros, comtunto que se estabelecessem, nao por caridade accintosa (que não confio nelia,)

-1 13mas por licita e louvarei rivillidade de caridade. Desejei, e desejo ainda, que se estabeleçam muitos desses iustitutos, c l'riictifiquem todos; e que a todos dE o Estado coiiipleta liberdade de exercerem a caridade, como a critenderem, iirna vez que nesse exercicio se colilòrmem com as leis gerues do Estado, e sobretudo com a lei catholica, que B divina. E quarido liouverem muitos estabelecimentos de ensino, uns religiosos. oiitros leigos, o pae. ou a mùe de farnilia inandarh os seus fillios áquel]e, em que mais confiar, Bquelle que maiores vootsgens, e melhor ensino lhe offerecer. E' isto o que nós queremos: e (5 O que vós o30 quereis. Apregoaes n liberdade: e njo quereis a liberdade no ensino. Apregoaes n confiança no poder paternal: e toIheis ao pae e B mHe de làmilia o direitode e s colher entre o ensino religioso, e oensino seeu-

lar. Quereis sb liberdade para v6s, e nso para os outros. Quereis o monopolio para vossa opiriiHo, e pare vosso ensino!

.. ..

Fallaes em nacionalidade!. Na realidade tem graça I. . É porque algumas irniiis da caridade siio ertrangeirss,. que quereis protiibir-lbes o ensino ? Fallai sinceramente : é esse o motivo ? Pois muito bem. Em vez de excliiirdes os religiosos. exclui os cxtrangeiros. Estaes por isto? 8

NBo estaes. EntBo :a nacionalidade, com qiie argumentaes, niio 6 motivo, 6 pretexto !

O sr. ministro da marinha disse tambem : n O padre tem já oprivilegio dopulpito :tem o privilegio do cwlfessionario.: querois dar-lhe ainda o priuitegio do ensino ? !r Nestas poucas palavras se encerra, sr. presidente, a verdadeiro significação do voto de confiaoca. Quando o meu amigo, o S r . Beirao. disse que votava cocitra o projecto do governo, porque via nelle escluido do ensino o clero ; levantouse o sr. Ferrer, para r:sporider-lhe q u e o projecto nao excluia o padre, mas o frade : que não excluia o clero secular, mas o regular. E esta publica sa tisfaçiio foi calorosarpente applaudida nos baneos da maioria. Pela minha parte, sr. presidente, desconfiei da siaceridade d'ella ; e cada v e z desconliio mais. IIesconfiei, porque alkm do que vinha expresso no projecto, ri tambem o voto de confiança. Desconfiei. porque no relatório do Sr. Rerrer, que é o commeotario franco desse voto, vi condernnada, e em termos desabridos, toda a intervenção do elemento religioso no ensino. E desconfiei, porque esse desprendimento dos fa~osde farnilia, essa abnegação, professada no eelibato,\eom que se tem argumentado para excluir do ensino os religiosos, da-se tambem no clero seendar. A minha desconfiança, sr. presidente, tinha todo o fundamento ; e quem o prova 6 o sr. mi-

aistro da marirlha, com o argumento, a que VOU responder, e ein que eiie pôz clara, e a descoberto, a intençiío do governo. « O padre tem o privilegio do pulpito :o padre r e m o priuilegio do confessionario: e nds não deveiiios conceder-lhe por isso o privilegio d o ensino. l~ Trata-se pois do padre, nõo se trata do frade. Trata-se do ministro da Religião Cntholica, na sua aceepç8o mais generica e comprehensiva. Trata-se de todo o padre que prega. de todo o padre que confessa, sem differença de voto, nem de jerarchia. Esta é que é a verdadeira significayiío doprojecio.

Privilegio ! Pois a missno d o poder é um pri-

vil egio ? ! Chamaes privilegio a esse conjuncto de sacrifieios, dedicações, abnegayaes e soffrimentos P Confundis o privilegio com a attribuição ; o direito com a obrigação ? E se o fosse'não está a vida ecclesiastica franca e aberta a todos que se sentirem com vocaç5o para ella, e queiram satisfazer Bs exigencias legúes ? É a isto que chamaes privilegio S &Ias supponhamos que o era. Proi'Bz jíl alguem, nesta casa, que assim como só o padre p6de occupar a cadeira do pulpito e a do coiifeasionario , 96 elle possa occupar a d o ensino ? Quem pediu, quem propdz, quem sustentop isso ? a

O que pedimos, 6 que o padre não seja declarado indigno d e ensinar. 0 que pedimos 6 que elie possa, como qualquer ouir*, professar o ensino nas escholus publicas, e nas eseholas particulares. 6 que a propria missão reliO que giosa d'elle, na0 seja cerceada n'uma das suas partes mais importantes, que B a pnrtc tloccntc. E B;a este pedido, tòo religioso como liberal, que o governo responde, decliirando sinistra e perigosa uma classe respeitabilissimn, e expulsando-a do ensino, como indigna, ou incapaz !!

Oh ! bIas deixem vir (i liberclade dos cz~itos, e o governo ent8o ser3 justo ! Graride justiya I Bella justiça I Justiça de vcrdadeiros estadistas ! c~uereiseiisinar a verdade evangelica, ministros do Crucificado? NBo vol-o consintitnos. Insisti?? Pois bem. Transijamos. Concedei-nos v6s que se possa, publica c particularmente, ensinar e professar o erro, e a heresia; e r169 vos concederemos en táo o direi to de ensinardes a verdade do catholicisrno ! É esta a transacçào, que se nos propúe : e 4 sobre ella que vou explicar-me com toda a franqueza A liberdade de cultos, ir. presidente, p6de ser uma necessidade, quando os indivíduos da mema naçõo, se acham grandemente divididos em different es crenças. F 6 r a d'esse caso, n8o tem razõo de ser : 6 u m coritrasenso visivel ; 6 uma immoralidade.

Sc rn(l!nde da nayâo 6 catholica, e metade E protestiii~te, o governo, que sse d e amhns, púde ler-se obrigado a conservar-se ncutral ; a n3o se rnoitrar, nem calli olico, nem protestante, por;) nào k r i r as crenças, iiorn de u9s, nem de

0uli.os. E' urina triste riccessidade: é um inal: mas é urn mal, que póde evitar outros mais graves. N'urrl puiz , porem , ern q u e , como o nosso, senão pi-ofessa, nem professoii nunca, sonao o catiiolicisino, o que quer dizer a liberdade de cultos 2 As Icis sào feitas para os cidadàos: se todos professam só o verdadeiro culto, para que se quer ;i pcrrnissáo de professar uin falso ? Sigiiilica a liberdade de cultos a persuaçào do legislador, de que todos os cultos s8o egualmeri te l ~ o n s? Lrgislador, que tivesse similhante persuasiio, 1130 era cathol~co, não era portuçuez, porque em Portugal entendeu-se sempre. (e entendeuse bem,) que é um artigo da nossa fé porque f6ra do Egreja Catholiea n8o hn salvaç80.+ Sigrlifica a liberdade de cultos a indifferenpa religioso, ou a nenhuma crença religiosa, nas altas regiões do poder ? O atheisrno, e o indifferentismo religioso siio diias pragas, muito nocivas, muito immoraes, e muito anti-sociaes, para que o poro possa consentil-as nessas o1tas regiòes. Significa a liberdade de cultos um desejo de tao illimitada liberdade, qiie conceda egual permissao, egual protecçòo 6 verdade, e ao erro, ao hcm, e ao mal ? Nesse caso tombem a n8o quero, porque a

.

liberdade assim entendida nHo 6 liberdade : 6 licença.

Se nos pedissem auctorisação para se prhgar o roubo e o homicidio, nenhum de nós a coiice-

der ia. E 6 pelo-mesmo motivo, que eu oào quero a liberdade de C U tos8 ~ O Sr. Casal Ribeiro disse que nùo recciava o que não temia n discussùo; porque estava certo de que a verdade catholica hauia de triumphsr sempre. E nesse ponto tambem eu concordo com S. er.': nenhum receio tenho, de que a liberdade de cultos podesse p6r em risco o cal holicismo entre n69. Quando Christo fundou a sua Egrejn, achou já arreigados na crença, e nos costumes dos povos muitas religiòes falsas : dos proprios seguidores da lei velha, uma grande parte se recusou a reconhecer Nelle a realisaç80 das Profecias; e todalia a força da sua palavra hemdicta, a virtude das suas rnaximas celestes, e a fb inspirada dos Apostolus, conseguiu derrocar os templos falsos, e levantar sobre os ruinas delles, explendida eforte, a Qreja Sacr osancta. Por essa força sobre humana se fundou; e com ena se defeoderh de todo o genero de ataques at4 a consummoçào dos seculos. Mas se eu não receio pela Egrejo, receio por nos : e basta-me esse receio, para núo querer similbante liberdade. Por poucos que fossem os prosely tos, que os hinistros das 'teligiões falsas podessem a r r & h tarnos, 0s culpados na perda d'essas almas, aquelles, que auctorisassem a profisdo publica do erro e da heresia.

-1 19A discussão podia além d'isso excitar odios. e divis~es;e ninguern pdde prever onde essa excitação de animoi nos levqria. Todos atC hoje nos temos dito catholicos; mas nem todos temos egualmente robusta €& e a crença. A iiistallaç80 de egrejus diflerentes, permittida, auctorisada, sancciuiiudu pelos poderes pub l i c o ~ , seria o germcri de mais uma divisào, além das muitas, que já nos enfraquecem e abatem. A Epreja verdadeira ficaria victoriosa sempre na discussão, no combate, e no impulso natura1 do coruçiio da grande maioria dos portuguezes: mas a guerra, o scisma, a divisa0 religiosa, podiam vir, e k mesmo muito provavel que viossem. E eu nâo desejo dotar o meu poiz com mais esse flagello, al6m dos que já o assolam. Rejeito por isso a liberdade d e cultos. Aeeeito, e quero a liberdade de consciencia, porque n8o quero que ninguem possa ser perseguido em razao da treri;a, que professa. A perseguição pode fazer hypocritas ; mas nao faz crentes: e em religióo. mais do que em nenhum outro ponto, nerihuma crença me satisfaz, se não é sincera. Quero. u par da liberdade de consciencia, que o direito da publicidade se reserve s6 ao eu!to eatholico; porque desejo que o proselytismo religioso se exerça s6 em favor da religião revelada, e não do .erro. Quero que o culto verdadeiro seja, tombem um culto official. porque desejo o Estado estreitamente ligado com a E,Orej*a ; e porque quero que o exemplo da religiosidade e temor d e

Deiir, pnrtn dos groiides, e comece [ias mais altas rcgiòes do poder. Nas -eiitendarno-nos -quero e desejo esse ciilto olficinl e iinieo, se elle sigriifica para o governo o dccer de proteger, de acatar, dc respeitar, de ciiiiiprir e deixar cumprir ornniniodamente as maxiinas e determiiia~òesda Egreja verdadeira. Se pelo contrario-d'esse culto offlcial se dediiz pura o governo o direiln de coarctar, d e sophismar , de ernl~araçartoda a licita expansão, todo o leal exercicio, todas as mais innocentes e as mais auctorisadas mrinifestaçijes do ciilto caihoiico-nesse caso-digo eu, e
E veem depois Fallar-nos em reacçzo ! Sim, senhores, existe a reac#o. ( Vozes : Oiçam, oiçam.,. .) Oiçam. sim senhores. oiçam! Existe a reacção. Existe a reacção religiosa contra' a acção irreligiosa do governo.

-121Existe, porque nãe podia, nein devia deixar de existir, Pois que? Hode o governo ter direito de hostilisar de mil modos, de mil maneiras, a acçào religiosa de verdadeiros catliolicos; cercear-lhes o culto; dificultar-llies OS exercicios e praticas religiosas ; calumniar-lhes as intençùes ; envenenarIhes as mais irinocentes aspirações : e não havemos de 116ster direito de reagir contra essas tendencias altamente irreligiosas, que consti tuern, quasi que euclusivnmentc, o programma do governo ? ! Havemos nós de vEl-o subir ao poder em FIOme dessas tendencias reprovadas ; alliar-se publica e solemnemente com essa revolução, feita, na Italia,a sombra das opinióes herecticas de Manziai, Cavour, e Garibaldi; propor, e sustentar, nesta casa, e de acordo com oquellas doutrinas italianissim~s,n necessidade de varrer de toda a instituirão de caridade, de todo o ensino publico, oflici~lou riáo, a idéa e caracter religioso : e havemos n6s de assistir imrnoveis e indefesos, a esta longo e calculnda sophisma~ãodos deveres religiosos do governo ? ! Não o h80 de conseguir nunca. Reagimos ; e havemos de reagir sempre. Reagimos com pleno direi to ;e em cumprimento de deveres rigorosos. Reagimos, e bavemos de reagir sempre, e por tso variados meios, quantos forem aquelles, porque o governo vier atacar-nos, ou offender-nos na nossa erença.

Disse, e repito-a. Esta questao tem muito mais de religiosa, que de politica.

Querem negal-o ;querem occultal-o ; mas não o coosinto. 0 sopbi$ma 6 jh velho ; mas nem por isso deixa de empregar-se cada vez mais. Diz-se : que as instituições liberaes são íncompatireis com os Institutos Religiosos que 1180 6 possireI ser-se livre, vivendo-se subjeito Qreja de Roma ; que a influencia do padre, que a influencia do clero, que a influencia da Religib no ensino, e no caridade, minam O amor dos povos pela liberdade, e o entregam, escravo e manietado, ao despotismo e A lyrannia. Em harmonia com estas idéas, tem-se dit0,dizse ainda, e continua a dizer-se, que deixaram de ser liberaes muitos dos cavaltieiros, que se bateram pela Carta ; muitos dos mais eonspicuos deftnsores della; 56 porque esses honrados liberaes quizeram ser tambem catholicos, e por seus actos demonstraram adbesão e subrniss8o d Egreja Romana. A todos esses se tem dado o epitheto de remcionarios : e reaccionario, na phrese do liberalismo puritano, 6 synonimo de nada menos, do que ligudismo. E eu não quero, niío posso deixar passar estas asser~ões,sem as rebater com toda a lealdade, e franqueza do meu caracter. O ca tholicismo, sr. presidente, nao 6 patrimonio de nenliuma eschola politiea : 6 suficientemente'extenso e frondoso, pelo contrario, para sbrigar, sombra de suas instituições beneficas, todas as crenças politicas. Seia o governo monarcbico ou dernocratico ; sejam as instituições mais ou menos livres ; COMtantaque sejam fundadas na justiça, e na moral, o calolicismo recebe-as e protege-as todm.

A verdadeira liberdade, a verdadeira egualdade, a verdadeira fraternidade, prbgou-a o R e d e m p ter do mundo do Alto do Golgotha, sanctificandonos o trabalho; declarando-nos todos irmãos e ordenando -nos que nos amassemos uns aos outros, como a n6s mesmos. Na propria organisação interna da Egreja, diviso eu o germen das differentes formas yo!iticas do gqverno. No Papa, como Pontifice; na unidade de sua acção religiosa; na auctoridade e sanctidade de sua Pessoa; parece-me ver o modelo do governo absoluto. No Papa, como rei, vejo a monarcliia electivo, a monarchia temperada , a monarchia limitada , pe! a eleição, e pelas instituições. Nos eon-cilios vejo o modelo das grandes assemblhas poli ticas e legisla tivas. Nos conventos praticam-se por vocaçGo, e com inteira dedicaç80, as mais democraticas instituições, que ha direito de desejar. Para todas as formas politicas ha portanto modelos, e optimos modelos no christidnismo. E tùio bom catliolico póde ser por tanto o realista convicto, como o liberal de coraç8o. sno estas as minhas idbas: são cstas as idéas do gremio politico, a que pertewo : ereio que são as de todos os que professem de eoraç8o as maximas do verdadeiro ciitholicisrno. Não somos portanto n6s os chamados reaccionarios fazemos polirica 6 sombra da

-

religião.

Quem na faz 580 aquelles, que declaram desertor do campo liberal todo oconstitucional, que se mostro submisso e fiel As determinações da Egrejo.

,

Ligam n politica com a religião, para, h sombra da politica. mutilarem, e derribarem a Egreja. Pensaiil vencer por esse meio : e n2o veem que 6 esse o meio mais facil de cahirem! S e p r a d o a questno politicu da questDo religiosa, debater-nos-hiamos em politica. sem que a religiáo tivesse de proteger nenhuma das escl1olas. fiIas se v6s declaraes o vosso liberalismo incomptivel com o catholicismo ; oão vedes que não faieis com isso, seniio reforçar-nos a convicçilo politica, fazendo della tombem uma necessidade religiosa ? ! Proclamaes que para ser liberal 6 mister guerrear o Papa, hostilisar o padre e o frade; quebrar e cortar a unidade ca tholica ! Perftlbaes abertamente as doutrinas irreligiosas sobre qne se levantou. e assenta esse chamado reino da Itijlia ; e expulsaes do vosso gremio, e impellis para o nosso, todos os que ao Papa não chamam Satanaz, como lhe chama Garibaldi ; todos os que nào v&em no padre uma Serpente cenenosa; como elle vê ! Julgaes que com isso engrossareis as vossas fileiras, e facilitareis a vossa victoria 4 EnganaesVOS.

Expulsae do vosso campo os liberaes catholiserào outros tantos' adversarios aue cnntaremos de menos no vosso campo militante. Ligae embora a vossa causa politica com a queda do Pontificado, e com o abatimento da Egreja ;e servirá isso de nos dar novos brios, dobrando-nos a necessidade de combater, e transiormantlo-nos em certeza, o esperança que tinhamos de ,vencer. Pdeis, com a vossa tenacidade, trazer dias aziaBOS ; e

a

Egreja ... e não poucos Ilie tendes dado já. Vencer - nuaca ! Ao assentar a sua Egrejo sobre a pedra d o Pontificado prometttu Deus que nunca os esforços dos maus prevaleceriain contra ella. Descrentes na força da Propfiecio, Jipes v65 n vossa c a i i;, politica com a idbn irreliiiusa. que vos domina ;e tornaes dcpcndcnta do abatimento da Egreja o \osso triuiupho? Pois muito bem. BIais filei1 serú que o Anjo do mal veja ainda mais uma vez todos os seus esforços reduzidos a p6 -reduzidos a terra -reduzidos a cinza e reduzidos a nada ; -do que falhar, nem uma 96 vez, nem n'um s6 ponto, o Palarra Divina ! E' a Propheeia que vos mata! E' ella que rios protege, que nos ampara. que DOS reforço, e que nos dh, em vez da esperança, a certeza, completa e fundada, de vencermos !

60"

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(O.Orador foi cun-primontado por mriitos senhores deputados dos diferente8 lados da c a m ~ ~ * ~ ) ,

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