1828-pastoral

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  • Pages: 26
DOM FRANCISCO JOSE RODRIGUES E A N D R A DE, por Divina Misericordia, e Confirmaqão da Santa Sb Apost.olica, Bispo do Fiinchal , Ilha da Madeira, I'orto Santo, e Arguini , do Coriselho de Sua Magestade Fidelissirna, etc.

A todo o Nosso omndo CZ~A, c Fiei3 da Diocese do Funchal, Saude e Paz em Jesus Christo, Nosso verdadeiro, e unico Redentpror. Q u m m a ~ a q ; i oPortugueza esperava anciosa ver chegar aquelle dia venturoso, em que a

Corda destes Reinos, depois da usurpaqão mais violenta, fosse restituída ao Seu Verdadeiro, a Legitimo Sanhor; o espi ri to revol u c ion ario, q u e com tanto esforqo se havia empenhado para sepultar de hunia vez, se lhe fosse possivel, o Throno com as ruinas da Religião, niio farto ainda dos males, com que tinha oppritnido esta Naçgo, qoiz par hum termo a tantas atrocidades, accendendo no meio della o facho da rebellião. Porém quando ainda ao longe Nos assustava o horror de hunt criiiie tão a&oz; e Nos consolava a esperança bein fundada no caracter dos Portuguezes, que, correndo logo ás armas, e seguindo alegres o caminho da gloria herdada de seus at~tepassados,na0 tardariâo eiu vingar esta nd

doa posta na fidelidatle Porttigiieza; qiianto rstavnrnos longe de pensar, A mados k'ili~os, q u e a Providencia Divina, cujos Decretos (lcsen~os adorar, Nos resei vava tani bem para preseiiçicrr similhantes horrores, e que a lnesiiia soi.te Nus esperava! NZo tardou i i i u i t o , que hoineiis, alguris dos qilaes estav;i» encarregados dos vclssos destinos, com appareocin do fidelidade , quaiitlo 'só conhecião a perfídia, e a traiçao, fizessem ca'hir sobre vús os mesmos inales ; e em vez de vos manter ein paz, e n a devida obediencia, faltando a estes mais sagrados deveres, vos arrastassem aos horrores da rebellião. O dia vinte e dois de Junho foi oprecursor das maiores drsgrnqas, que vos esperavão ; e a este se seguirão logo dias de tribiif;iq50, e desoidem ; dias verdadeiramente de aniargura e afflicqb, em que liornens perversos, nutridos no crime, e ria impiedade, nào se atrevenclo a coiiibater abertamente contra o Ceo, se conspirárão contra Nús e contra outros fieis Ministros do Sanctuario, que nKo tinhso outro c r i m e , que o zelo do seu ministeriu, e o seu affecto para com Shum Principe, que o Senhor DEOS tinha destinado para Nosso REI ; e Que pelas Leis Fundamentaes da Monarchia Era O Legitimamente Chamado para Occupar o Throno de Seu A ugosto Pai. E a quem, Ainados Filhos, por este s6 motivo, não tocou Iiumn grande parte napereeguiq80 ? Coinvosco faliamos, vic timas acrisola-

,

das pelo fiiror 110s ímpios , e compaiilieiros doa Il'ossos traballius , dos quaes biiirs exl~iilsostl;~s cinl)regos que exrrcieis., jniic~is iins j~rizò-s; outros ~sconclidospelas grutas ; algiins estri*iliii~nclos; e i i i i i i [ O S , pers~guitlos 1%": toda a parte, rie ni a o iiicnos padieis ciiorai, cjuc vossas Jagriinns ii:io fosseiii rej,utatles criliir. A'vista deste quadro t;io Iiorroroso, e no iireiu das maiores tribul:içõcs, que har~iailiosexperiirlentndo, (I i t ran te o Nosso ~ ~ ) i s w p a ~Al o111, n(10s Villios, não scn timos Innto os Nussos ni;ilt:s, coino a vossa iiiesnin sorte : elles j~czavàosobre a Nossa cabe58 ; poré~nv68 ferieis o Nosso coiaq.Pio; e de boa voritade quereriamos antes ser a unica viclima do s e u f u r o r , do qiie ver-vos igualniente sacrificados. Ati ! o Nosso coraqão se s e n t i o abysisado nti maior dOr7 e n3o achando jB outro conforto senão em DEOS, exclamAn~os com o Profeta Hei : Levaii ta-te, Sei, hor, porque i120 vblas sobre Nús ? Desperta , e iiào Nos abandones para

"

sempre (1). Não permittio o Senhor DEOS, que fosse ecrt.e o uniqo golpe, que ferisse o &osso cora(iâo; o~itroainda mais penclran te} Nos estava reservado. Era forqoso tleiaar-vos, Ainaclos Filhos, e ausentar-Nos de vds. L'orérn, que tristes circunstancias da Nossa separnqdo ! Hoinens perversos ( I ) I?r;tirqc, c l i i : i r c o!,tic3rniis Dorriinc? exurge, ct nerepelliij In f i i ) ~ [ i i . J?>alrt;. 4 3 . $. 25.

ha muito, que havilio premeditado a Nossa ruina ; e :rquclIn era a hora d e executar os j)lanos da iniqui
e fugir de hum lugar, onde encontrava~iiossomente a perseguição (2), subtrahirido-Nos á raiva dos íinpios, e evitando-lhes iiiais h u m a occasiso de pdr por obra seus horrorosos ;it tentados. A s J;igrimas for& então o Nosso alitnento d e dia, e de noite (3); e ainda q u e n;?o vos deixamos em paz , Nos corno o Aposto10 das gentes vos enconimendámos ao Senhor DEOS, e á palavra poderosa da sua graqa (4); sem com tudo ( 8 ) Curn niitem p r q u e n t u r vos in ciritate ista, fugii n aliam. Matt11. câp. 10. $. 23. (3) Plirriirit mibi Iacrima: inex pnnes die, ac nocte: dtini d i c i ~ u r mihi quatiiiie: t i eit Deus tiius. Psalrn* te

41. 3. 2. (4) Et nunç coinineiido vos Deo, et verbo gratise ipsius~

vos pot;crn~osdizer, coiiio ellc, se terieis de ver in:iis a Nossa face. G raqus ~iorbitiiiifiiii t:is s($io tln(lns ao DEOS de iinn~erisaL~uiid;i
,

usa

qiii potens est cedificare , ct dare Ii~re(1itatem i n sanctificatii ornnibu;. ~ l r t .AP. c : I ~ ?O. . y. 39. ( 5 ) Bcncdictiis Dominus Deus Isiacil, quia visitnvit et fycit redeniptioncm plebis s i l z . Liic. cal). I . $. 68. (6) Foi n primeira lia a c c l o r n n ç ? ~t1'El-ltei ~ D. Joiio 1. nas C8rtths dc C o i m h r a celebradas etn 1386, nas quaes OS ires Estn(los excluir50 d;i siicce,.i5o Ií Coroa Portiigueza 11). Ecairiz, iiriica filtia d'l3-2tci I). Ferrinntlo, por se achar c ; i ~ d d sçoiii D. Jo5o liei de Vrihtclla : que era es*

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Nossa voz , qiiai o sorri t/a*troiiit ) i ~ t : b , tleve so:ir i n c ~ s s a ni?nieti t te aos vclssos oiividcs (7: ; a i tiila 1"" ~stlrjamoscertos, qiie este acon tccimeri to ha iniii to que era srispira
tem espallin(lo no meio d e Sós, te111procurad o , com apparencias d'huma falsa 1iherd;idc , arrastar os povos ás siias perniciosas maximas , e condtizi-10s a huiiia fatal ruiria. Nutrido no horror das ti-évas, e no
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,

tra0pi:iro: e n srgiirida eni 1641 nos E>tariop c e l e b r a d ~ r ein Lisl>.>a,nosqiiaer foi recoiiI,t>çi~io Lrgitirno Ilei de Por~ u ~ Q~ F S~rllmr R I D. ,loiio I V. Jeclitrantfo-sc intriiso Filippe 1V. de Ciiiielli~,como estrangeiro ;e incapaz de siicceder n a Cor6a (IP P o r t u g a l . (7) Cla í r i i > nc ce,rcs qunsi tuba exalin vocem t u m . ísnias. cai,. 58. f 1.

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Franqa, rliorn aiiiila a niorte de hi:m ItlCI qiie , r)a flor sda f , por riso qucrrreiii n b;iriduiiar a 1: ali!; i$,, do seus F'sis. Assim cui,ie(;i,ü o i ~ i j s l e r i o(Ia i i i i quidatlc ( 8 ) , que desde rrit3o teiii eircliiclo do aiiiiirgllra a saiit a Igi-vj;i , qiie iic.u(cs i~ltiiiios dias tem visto o trinior das j~~~-seg~li+ets c~ntra ella suscita
piedoso, e s;ibio ,

,

,

2 . ad Sliessnl. cal?. 2 .

J+.

'7.

quidade ? Senil0 l~resenczarnostantas scenas de horror, qunntas e n t s o vio a França, niío deixamos com tudo de vf.r hiim Bloriarcha @ ) , quasi despojado do Tl~ronode Seus Augustos Maiores por seus niesiiios vassnllos , e conservalido unicamente o N o m e cIc Kei , ser -ndusido a executor d a vontade delles. Seritio clic~gatiios a ver correr o snngiie dos niartyres pela caiisa da J?eligi,io; nAo f;il! ;irao com t u d o Bispos da sniita Igrtbja , e muitos Sacerdotes respeiiaveis , qiic jazcncio j$ no desterro, e em rigorosas prisges er8o v ictirnas destinadas pelo furor dos impios, para acabar a vida no meio da aRlicq30 , e dos gemidos. A nlesina Religino s a n t a , senão cliegou a ser proscripta , era atacada e m escriptos iiiipios e nas conversaq8es ; seus Santos forào expostos ao despreso , e aos insiiltos ; suas práticas niais santas ergo objecto de mofa e zombaria ; e at&o mesmo Deos vivo no seu proprio tabernaculo , onde devia receber a s Nossas adorações , foi sncrilegamente ultrajado pela mão dos irnpios. M a s j,oupeiuo- Wos a renovar chagas, que e s t z o profundamente entranhadas em vossos corac;Oes ; e irnplor~rmos a o Senhor o reinedio efficaz a tantos males. Estava j~orQtnreservado o furor dos perversos contra a Sagrada Pessoa do Senhor DOM MIGUEL, hoje Nosso Adorado , e Augusto ~ ~ ( I I I IIIC'YO I

,

(9) O Senlior D. Jo&oI\ I . opprimido pela iiiiquo facCortes revolucionarias,

60das

Monaicha. Siiii , A madus Filf~os, na mesma occasi;io, eni q u e I?ift. acabava d e fnzcr o mais elrintlo serviqu , s;ilvancio a l'iitria , e o fiei Seci A i n d o Pai d a oppiessRo (10s tr;iidurcs, e igualnien te toda a !Xac;,io de licur scl~ult a d a rio abysmo de inales, a rloc R Liiiliíio arrastado iiiipius D ~ i ~ ~ a g o g ufoi s ; rnttio que o rspiritu revolucion a rio , conspirai~(lo-secontra Lllc , j u r o u a Sua ruina; e senão teve f q a s para O oxleriiiinar do cornq.io (10s I'ort~~giirzcs , ~)Gtlecoin ~ut!orouba-Lo iis Scissas vistas. I'orGin, A ~naclosFilhos, de que servem as tranins, L' inais bein coinbinaclos planos dos hoirieiis coiilra a RISO di> Oinn i p t e n t e ? A Sua Vida e r a preciosa para N6s, e Deos, q u e O havia d ~ s t i , i a d opara Nosso Libertador, nao podia deixar dc O proteger contra todos os caiiiinhos da iniqiiiiiadc. Elle póde justainente dizer de Si, csiiio etn oiitro tempo o Rei d e Israel: O Senhor Iie qurin Me guia, e RIe protege , a q u e m posso Eu t e n i ~ r? IClle ampara a Minha V i d a , dc quem fugirei ? O Senhor Rle teiii defendido nos p ~ r i g o s , r h e Elle qtie agora exnltoii a Minlia Cabeça sobre todos os BIeus inimigos ( 1 0 ) . Porhirl se aiiicta Tos enche de horror a re(10) I>omiii\i; i l l i i i i i i r i , i ! i c > rnea, et salus mca, qiiem timebo ! D ~ f n j n i i prt,lcil s o r VI:= U ) P Z , í1 (JIJC) irepidabo?. ir1 die rri;cIoriirir pi ir.,, , I ir!{. i i i abscondito tabi-lrnaculi siii. Iri petra e ' i a l l n v i t ril<. . r l r i n c esnllaiit, caput meum sl;per iniinicos iiieus. 1'4;1;111. 26. $. 1 . "2 9. et 10.

.

't

cordnc;So destes males; que innumrravcis iniqtiidacles não cominetteo ao depois o cçpiri to da dcsorden~contra Este Augusto Principe , s6 parir ver se conseguia priva-lo da Coroa , que justametitu 1,he era devida; e para que co~i~inuasse o systeina constitucional, que ati) na niesma pnl;tvrn prodocava o odio da NacSo I'ortugueza ? Drsgraqadanlentt: Fomos victiinas das tramas da itiiquidade! e quando esta j i nAo podia d r frustra(1os os seus tra ballios , tani beni vos, Arnados I'ilhos ,* f(ates sacrificados ao furor de homens pdrfitlos, que persegiiidos pelo horror de seus crimes e não contentes de haver suflocaílo vossos srn timentos gerierosos conseguirgo, pelo poder (ia força revoltar-vos contra &te A ugusto Principe , que a Nação Portugueza declarou, pelo modo mais soleiiine, ser o Seu Verdadeiro, e Legitimo REI. Mas susprndanios aqui a Nossa voz, para não aggravar niales tão recentes, e que tanto pezáriTo sobre vossas cae beças ; e deixeinos aos perversos au thores de crimes tào enormes os remorsos das desgraças, que

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elies causarão.

,

NBo for30 pois, A mados Filhos , as intrigas d'huma facqno, nem ( $ 0 pouco as maquinaqões de hum Ministerio distincto pela honra e probidade, que pozeriio na Augusta Cabeça doNosso REI, O Senhor DOM MIGUEL a Corca -desta Monarchia : taes meios pérfidos s6 erão propnos daquelles, que tivedo o arrojo de vos

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miintlo inteiro, q u e os Purttiguezes n.io csfav;io csquf-cidos da Lei do E s t a d o , nc.11) cio cxeiiiplr> glorioso de st:iis an ieliassaclos , duixado c o m o sacrifiçio das proprias l i d a s , qiie os 1;statlos do Ilcino titht5o huiiin resolii<:io ta0 lieroic n , q u a n t o em si rnesrna justa. Estes se eiiclier80 de p r ~ z c rpor encontrar toclo o direito a hvor i1'Hutii Principe Que L iiiuito Ileiriava t . ~ i i Nossos cora$Cics ; mas nem elles , por ii~aiores, que fosseni os sacrificios, era0 capazes de coiiiproirietter a rectidão e sabedoria, que os guiav a , para tlnrem Iiuina resoliiq2o inenos justa; nem o Augi~stoPrii~cipe, Que tantas provas havia dado do Seu desinteresse tal Consentiria. E que outra d e v e r i a ' s ~ ra resoluqno dos Estados, quando a inesma Lei Funclairiental com tanta energia e x c l i ~ etodo o Principe estrangeiro d 3 S U C C ~ S S ~da ~ O Coroa Portugueza ? Assim o estabelecêrào eili Larnego os primeiros Fundadores desta Monarchia d frente do seu primeiro Rei o Seiihor D. Afbnso Henriques. = N3o queremos, disserão elles , que o nosso Reino, ganhado 6 custa d e sangue, e fructo dosnossos trabalhos, e do esforqo do nosso R e i , que com o seu braço nos tem ajudado, passe e m tempo algum a poder de estrangeiro ( i i ) . = E q u e m ,

,

,

,

,

( l i ) CArtes celebradas em Larnego rio aiino de 1 1 4 3 , nas qtraes foi estoht:lecida a Lei Fundamenial, porque havia de ser regulada esta Monarcliia.

antes (Icsti: g!crioso aco;il~ciinciito, oecuyíirra r n i ã o a Ç u r u ~ iI'tji i ii-cicza ? A ii ! Ele fcrccso dize-10 , Arnad( s l?il!ios ; l i i l i i i Monarclta qiic j5

,

so liso cliaiii;!\~n I'urtiigdi:~ e qiie corno Rei extranlio , tiSv fiavia I n o t i r i l i i t concluido Tratados colii o Itri da Lei fiundainc~nfal , Iie iiecrssnriu , que seja actualmente Cidadão Portilgiic-z , e resida neste Reino, o que h ~ i ~ v etle r succrcler ; poderia este , seiii vi, )la(;.io n ~ ~q ~ i f e s icirsin n mesma Lei , occupar a Coroa dcsta Monnrchia? Certamente iião. Era preciso, q u e os I'ortuguezes tivessem perdido a honra, e com ella osangue glorioso d e seus antepassados, para não haverem de reclamar contra esta usurpaqão.: E.' que dirido os faniosos restauractores da Nossab Monarchia quando para declarar mell~oresta Lei Fundameutal, depois de haverem sacudido ojugo extranho , solicitárão e obtiver30 ; que possuindo o R e i dois diff'ererites senhorios w maior succedesse no Reino estranho, e o filho segundo neste de Portugal (1 3) = ; se vissem, -+

,

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(1-2) '17r%tadode 99
,

que posst~indojá o prlinogenito em vida do mesino Rt:i, o seiihnrio do Brazil, viera iambem ao depois a occupar o Reino de I'ortiigal ! Considei-ai, qual seria a sua a d t n i r i c ~ ã o: e

.

vede os excessos t l ' l i ~ i m partido, que 66 quei a i , nirida mcsmo coni a ruiiia da Naç50 NYi devcmos deixar agora de vos hllar sobre o vinculo o;igrad» do j uraniciito ; este graiide acto tle religisr), porqiic a creatura toina ao seu iiiesnio Clreador p~t r s t enr cinlia das siias palavras, e p e n b r do.sii!ceridnde do seu coraqão. Aqui , Aiiia(los Filhos , se eriche dc amargura o Nosso espirito, e nn[lo poíiernos ver sem lagrimas, que nestes dias infelices se fizesse vinculo de iniquidade este acto do inaior respeito , e que os priimiros Christãns não poodiio exercitar sem grande temor, e quasi com huni sai1to horror. Ah! e q u e homem verdadeiramente Chri* t8o poderá ver sem pranto o sacrilego abuso, Oom que se obrigou a invocar hum DEOS de rectidão (14) , para autliorisar a injustiça, e su&itoc+a NaqBo R hum jugo estraiiho, e a reconl1eci.r huln Rei q u e não era seu ? Mas, Amados Filhus, se a Religião Nos ensina, que devemos respeitar a Divtna Masestade, que invo-

,

n i ~de 1611, coohrinado pela Carta patente de 12 de Sekmhm de I6rES. (14) S u ~ t e~í iD,rninc, at omnia judicia tua justa s i ~ n t .

Tab. cap.

i.f . 1.

camos no j u r a m e n t o ( i 5 ) ; 113 mesma he a qiie Nos aclverte as coridi<;Ucs rigiviii(fadr: e entre estas he Iiiinia das esstriciaes a j11sti.n das proniessas, que fizernios no jiircirnriit(>; parli que a Kossa fiddidade ria sua euecuq2o nao v e n h a n ser hum 110. vo crinie contra o Cco. 13 ~ ~ o d e r e duvidar is tia iniquidade d'lium jiirnriieri to porqiie ae privava a Sagrada I'essoa c10 Seiilior DOM MIGLTEI, do direito, que só Eilc tiiilia á successlio desta Coroa , para n I ransferir ao Senlior Doin Pebro, a queiii a mesina 1120pertericia? E tleixa+, ria de ser iriji~sto hum si~iiilhaotejuramento, que auxiliava Iiuma usurpaqiio , tirando direitos adquiridos , e \violando a Lei Fundame~tal, a qual todos nascemos sujeitos, e que liga talito o Monarcha , como os vassallos ? Por certo, n5o : e se pertendesseis Amados Filhos cumprir tal jurameri to, além da offensa commet tida co& tra a Soberana Mapestade de h,;m DEOS, que foi iovocada para testeaiiinbtl, e penhor da iiiaior injustiça , vós amon toarieis maldade soo bre maldade, e serieis rbos d'huin novo crime. Agora, A mados Cooperadores do Nosso Ministerio, q u e o Ceo se dignou de ouvir Q.S NO&sos rogos, e Nos deu na Soberana Pessoa do Se-

, ,

,

,

( l b ) Doniinum Deum tuum timebis, et illi soli servias, ac per nomen i l l i i i ç iurabis. Deuter. cap. 6. $.\ 13. (16) Et jnrabis, v i v i t Dominus, i n veritaie, d in judicio, et in ?tistilia. Jerem. cgp, 4. $.

a.

nlior D('IR1 MICUEL,

Iluiii

REI Sabio,

e

Fcr-

t~ para (?onfiindii n iiiiqiiiclatle, e Remediar os grandes mnlcs, cliie Ilcivcrnos padecido; lie tempo, q u e ernprrgiienios tnmhini a m:iiur solicitude n o íIcsimpcnlio dos altos c l r v e r ~ s ,q u e o Scnhur D I'iOS NOS c011fio11 ( i 7 ) . A Il eiigiào Sant a alacada nos seus ;i(lorareis mysterios, e na J I I U C ~d a sua clotriri~i:i, na snntid;tde das s u a s acigitslas foncqõrs, no respri to d(ivi(lo aos seiis Ministros : a oh~diencia, e amor devido ao Monarcha violados pclas opini6es li beraes con tia o q u e a rnzaio reclarna , e a Religião altamente condemna; eis-aqui o joio, q u e o llomcin inimigo semeou no campo da Igreja ( 1 8 ) : e eis aq1ii tati11)em a l u c t a , para que deveis estar aparelhados. A reuniiio destes dois ol~.jectosfaz n ba2e mais sdlida da socií!dntle; e no perfeito desempenho dos deveres religiosos, e civis consiste a Nossa felicidade, assim eterna, como temporal. Porém, que esforços n;io tein feito huma falsa Filosofia, para com o pretexto do bem da humanidade, abalar os rnesrnos funclamentos da socieclade ? Ouvi a mesnia razfio ; ellu persuade, queohomem nascer, para a sociedade, e que elle (17) Attendite vobis, et titiiverso prcgi, i n qtio v o s S j ) i r i t u s ~ a n c t u sposciit Episcopo~regere E ~ c l e ç i a r Dei, i~ qcinm ecqiiisivit s~tilg,riiinesuo. Act. Apostol. cap. 9 0 . $. 98 (18) V<:tiitiriimictis ejt13, et st~persen~il~av~t z~zania l n medi0 tritici. . . Et iiit i I l i 4 : Iiiimicus horno hoc fecit. M a i t h . cap. 13. j . 25 et 28.

logo no seu nascimento traz

ccmsigo a dcpen-

dencia de muitos soccorros, sem os q i i a ~ s3cebaria a vida. Porém tendo cada tium (iifft\rrntes interesses , e paixões, a ngsrna rna.io Nos convence, q u e e6 huin Chefe indcpentletite e superior a todos, Iie que pótle v i g i a r , e regtilar estes differen tes elementos, fazendo li u in corpo, em que reine a ordem, seguranqa, e mutua felicidade. He assim que o mesino DEOS crean!lo o homem com esta proprtiszo, rião pdik deixar de ser tarnbein o author daguelle poctcr , sem o qual a sociedade n;?u podia existir ( I 9). E que outra coisa reclama a Religi3o qiie professamos ; a qual longe cIt: se opp6r á razzo, serve para melhor a illustrar, e lhe ensinar imporlantes verdades, que ella nno púde penetrar pela sua fraqueza, ou que as paixões Ilie riso deixa0 ver claramente? Temei a I)EOS, e respeilai o REI (20) ;por quanto Elle Iie Ministro de rlEOS; e he necessario obedecer-lhe iiiio sú por f einor dos castigos, mas pelo dever de consciencia (2 i ) . Por tanto sêde obedientes por amor de DEOS a toda a creatura, que sobre terra se ailiar rebveslida do poder; ou seja o .REI, como Sobera-

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C

(19) C~ijiisj~issuIiomit~esnosriini ur, hujus juosu e1 Keges constituii~itiir. Ireneo lib. 5. cap. 4. (20) Deum timete, Hegem Ibonorificote. Petr. Ep. I . cnp. 9. J*. 17. (21) Dei enim minister. -1deo necessitate silbditi estote, non solum proptcr iram , secl ctiarn propter tonscientiam. Paul. ad llom. cap. 13. $. 4. 5. 3

...

no ; ou os seus governadores, como por Elle iiiandados para puni920 dos criminosos, e premio dos bons; que esta he a vontade de DEOS (22). Tal he a linguagem da Religião, que com a maior clareza estabelece em toda a sua extenq80 os deveres dos vassallos para com os Seus Soberanos : e que agora, Amados Cooperadores do Nosso Ministerio, cumpre mais que nunca recommendar-vos (23), para rebaterdes o espirito da mentira, que com tâio perniciosas doutrinas tem procurado seduzir inn umeraveis fillios da Santa Igreja. Exaniinai a historia do primeiros seculos da Igreja, e v68 vereis huma observancia continuada desta iinportah'le doutrina ; ainda mesmp quando no meio das perseguiqões dos Imperadores idolatras nffo tinhão os Christãos a esperar mais que os carceres, e inaiiditos tormentos, em que acabap.80 a vida. Estes homens, que enchêrzo de espanto a seus proprios perseguidores, n30 deixavao de ter meios de lhes resistir : elles contas80 poucos dias de siia existcncia, e jd aos idolatras não restava mais que os teniplos: não r/

(8.2) Subjecti igitur estote omni I~iimanaecreatur~ ppro}'ter Dciini : sive regi, qijnsi prm:ellt~riti: çivc ducibiis

,

,

tawquam ai->eo riiissir ad viiidic~ain rnalet'actoriirn IUUdeiri vero bonorrirn: Q t i i t i 3ic eat voltliltus Dei. Petr. Ep. 1. cap. 2. )'f. 13. 14. 15. . (23) Adrnorie illus I~riricipit>iis,c:t potestatibirs siibditos Ps-;e, d i ç t o ob~tlircl ;id oriiiit: (,j)ilb i ~ 0 i 1 1 1 1 i i piiiato= es-,c. 1'.4ii1. nd Tit. <.a!:. $. 1.

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Ihes faltava o valor, quando com a maior firmeza supportavSo a morte, entre os pwleciinrnlos mais acerbos ( 2 4 ) : porém iiistriiidos na escdia do Salvador, elles sabia0 morrer pela sua f4, e mostrar coin a mesiiia niorte , qiir ellcs obedec i : ~a Iiuni a autlioridade, qiie BEOS Iiavia constiluido sobre a terra, e que a elle s6 era inferior (2s).

Oxalá q u e o Senhor DEOS com a un@o suave da sua poderosa graça faqa r e v i r a iio ineio d e N6s o iiiesmo espirito ! f-. vds, Amados Cooperadores do NOSSO - ~ i n i s t e r i o ,empregai toda a vossa solicitude na persuasgo destas iniportantes verdades, assim na Cadeiya, como cni o Pulpito, e no Confissionario. Gi5ai os Povos nestas maximas de obediencia, respeito, e inviolavrl fidelidade ;I Sagrada Pessoa do Senhor DOM MIGUEL, Nosso Legitiiiio KEI, as quaes fhrrnão OS deveres sagrados, que a Heligiao cirlles exige, e o bem d e toda Monarchia; e não s6 com (24) Hesterni sumus , et vestra omriia implevirnus , urhes , inrulas castella , rniinicipia , conciliabula, castra ipsa, tribiis, deeurias, palatiuin , seiiatum forum, sola vot~is rcliqiiimus ternpla. Cui Lêilo non idonei non yrompti fiiijseiilus, etinr~iirnpares copiis, qui Iam liben-

,

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s i non a p i ~ di s t a ~ ndiscipliriam m q i s oco cidi liceret, qunrn occidere? Tertul. Apolog. pro Christiao. cap. 38. ( 9 5 ) Coliiniis Iml)erntorem sic qiiomodo et nobis iicet, et ipsi expeclit ; u t Iiominem a Deo secrindurn et quidquid cst a Dt>o coiisectiturii et solo Doo rriinorem. Idem ad Scap. c;:p, 2.

, t e r triicidamiir

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a d o u t r i n a , mas lambem coni o exemplo: inculcai a todos o dever de rogar incessaiitemente ao Srnli
,

(26) 0ríit.e pro v i ta Nabiichodonosor regis Baby louis et pro vita Bslthnsafi~ii ejris, ut siiit dies eorrim sicut dies cmli siiyer terram: et ut dct Dominue virtutein nobis, et illiiininet oculos nostros , ut uivamus s u b iimbra Nabiicliodonosor regis Baby lonir ei si) b umbra Balthanar filii ejiis, et serviamuç eis rniiltis diebus, et inveniarnr~s gratinln in con4pectu eorum. Barucli. cap. 1. f . 11.12(97) D a b i s ergo servo t u o cor docile iit popillum tuum jtldicare possit , et discernere inter bonilrn et nl~lurn.Lib. 3. Reg. cap. 3. p. 9.

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mesmo espirito, e correspondamos aos Seus tão

~incerosdesejos , e recordemo-Nos do preceito do Aposto10 das Gentes escseveti(io a seu disci: pulo 'rimotliro : Rogo 1.0se m primeiro lugar, que r150 deixeis de fazer sdpplicas, oraç6es , rogntivas, e acções de graqas pelos RElS, e por todos os q u e se achik~co~istituidosc111(lignidncle, para q u e tenhamos Iiuina ritlh socc.ga~la,e t i a n quilla ein toda a pic~lade,e cnsticla(le : por quaiito isto lie santo, e agrailavoi na preseriscr cIc DEOS Nosso S;ilrrador (28). Agora, Amados Iiilhos, Coroa e prazer Nosso (29) , ouvi a Nossa v o z , que 1ivrt.iiit;nte vai soar aos vossos ouvidos ; e a t ter~dei aos sentim e n t o s do Nosso ccra<;,io t;i&(lignatneiite suffocados por huin partido rebolde, íluc até levou o arrojo a que vos fullassemos , como elle queria; e j;í que o Senhor se coinpacleceo de Nossos .males demos-lhe infinitas gravas por hurri tiio assignalatlo beneficio da sua Mdo Orniiipotente. Conseguistes j,? o REI, Que desejaveio; cumpre agora susteiitar o Seu Throno coni o J

(38) Obsecro igitor pri m u n i omiiitini fieri obsecríitiories, orationes, postulationes, gr~tiartimwtioiies, pro oii~~iibiiç homitiibua : Pro Uegibos, et orni~tbiis,qui in siiblimiicrte slint, u t q u i e t a m et trariqriillnm vitarn ngarnris in orniii pietate ct castitute. íloc eriirri bonum est, et accepturn coram Salvntore i ~ o s t r oDeo. Paul. 1. ad 'I'iuiotli. cap. 2.

$$. 1. 9 . 3.

,

(99) Itaque, frntres rnci charissimi et desi~leratissimi, gaiidiuril ineum et corona mea. Paul. ad Pliiiip. cape -L

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vosso sangue, e a vossa fidelidade ; façamoa dos Noseos peitos hum muro de bronze em Sua def a a , e seja o Nosso timbre : Morrer pelo Nosso REI, e acabar-se primeiro o Notiie Portuguez, do que Elle soffsfbr perigo dos Seus iniiriig ~ s . Assim mostrarcis , que sois verdadeiros Christãos, e vassallos fieis. E para que alcariceinou do ~ a n h o r - D E O Sa ~ f i s ã odas suas gra$as sobre a Augusta Pessoa do Nosso Soberano, e sobre todo este Reino, Deterininarnos, q u e assim e m a Nossa Cathedral, como em todas as Parochias, e Igrejas dos Conventos tia Nossa Diocese, se fação Preces publicas por tres dias, as quaes comqarão no primeiro Domingo depois daquelle, em q u i r lida esta Nossa Pastoral, a qual será publicada ein todas as Igrejas, e Conventos a Esta980 da Missa Conventual , e registada nos lugares do eetillo. Recebei, Amados Filhos, a Nossa benção : e R g r a p de Nosso Senhor JESUS CHRISTO seja comvosco. A e e n .

Dada 6% 'f&boa sob Nosso .sjgoal e sello de Nossas Armas a o s 5 3 de Setembro de 1828.

E'. Bispo

do

Funchal.

De mandado de Sua Excellencia Reverendissima. O Bengcjfciado A~ttonioJoaquim Gongalves c Anhode, Secrelario. >,--Y

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