1032-hbgouveia

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)(orácio B e n t o d e Gouueia Licenciado em Letras

Histórico-Geográficos

Ilha da madeira (Separata do Boletim N." 3 do Liceu Normal de Lisboa)

L I S B O A

MCMXXXII

Horácio B e n t o d e Couueia Licenciado em Letras

Histórico-Geográficos

Ilha da madeira (Separata do Boletim N.' 3 do Liceu Normal de Lisboa)

Explicação Este trabalho sintético foi adaptado na realizaçiio de duas conferencias: a primeira no Liceu Normal de Lisboa (Pedro Nunes), n o dia 14 de maio de 1932, sob a presidência do sr. dv. Sá Oliveira, ilustre reitor do mesmo Liceu; a segunda, a 21 de maio, na sede da Sociedade P r o p a g a ~ d ade Portugal que convido^ a ((Casa da madeira)^ a colaborar na série de conferências organizadas por aquela colectividade e subordinadas ao titulo, ((Belezas de Portugal)). Do ((Diário d a ManhlS)) do dia 22 de maio, transcrevemos: ( ( N a mesa de honra presidia o Sr. dr. Eduardo Neves, secretariado pelos srs. Fabrício Lnnastro, dr. Fausto Landeirc, d r ~ Silva . Passos e Car10s de Carvaltzo.

Terminada a conferhcia o Sr. presidente agradeceu ao sz. dr. H ~ r á c i oBeíatu a boa 1il;ão qtre acabava de dar, dizendo fiçsr coíawenctdo de que, deeois de tarem ouvido .......,. a conferência, os assistestes ~ ã odeixariam de i ~ c l i r a Madeira n o programa h s m a s

Nas ilhas cria-se uma alma diferente; há uma autonomia de pensamento; um inglês n8o pensa como um continental. Há uma diferenciaçBo das línguas e dos costumes. As ilhas a80 zonas d e irradiaqiio, de passagem de floras, de faunas, de idiomas Hh ilhas que têm uma feiçiio de isolamento criada pelo clima. As ilhas pequenas são pontos de cosmopolitismo. >p u

. ..

Dr. S I L V A TELLES.

Aspectos Histórico - Geográficos da Ilha da Madeira ( A Confc.ri;~lcicrrealizada n o Liceic Norm al tle Lixhon)

A

-

Constituição da Mesa

Presidente, o Reitor; Dr. Nicodemos Pereira, professor do Liceu de D. João de Castro; Vice-Reitor e profcssores - metodólogos V. Campos e A. Moura.

B - Alocugiio do Reitor Não deixem V. V. Ex.""", minhas Senhoras e meus Senhores, de ter em muita considera~ãoque êste Cinema funciona numa escola, o que significa serem os estudantes as pessoas em que especialmente pensamos ao organizar as nossas sessões de cultura nacional. Maxinza debetur pueris reverentia: não vai muito tempo qiie certos alunos nossos se gabaram, nesta sala, de também saberera latim; mas não será fora de propósito explicar-lhes que a frase çignifica que à mocidade é devido o máximo respeito - respeito, que, no caso presente, consiste em não se lhe solicitar a atenção para coisas que não a interessem. A terra F r t u g ~ e s a ,porém, não pode deixar de ser um centro de interêsse para os nossos escolares, como tem de ser para todos os portugueses. E assim é, de facto: mostra-o a ~iotávelconcorrência a estas sessões, tam pouco parecidas com as outras do mesmo género. Centro de interêsse - ponto a que convergem, sem esforço dc maior, as atenções; como a água procura o regato e o no e o mar, como a planta se volta para o ar e a luz e sol, assim a curiosidade do homem é muito cedo atraída para a terra, em que êle vive, para o mundo, que o cerca. Centro de interêsse, objecto de curiosidade e de amor. Ig~zoti nulla cupido: perdoem-me a traduqão os estudantinhos que já blaso-

nam de latinistas - não se ama o que 1.120se cotzlzece. Tenho ouvido, muitas vezes, pôr êste problema - o da ~iecessidaciedc tornar Portugal amado dos portugueses. O processo de o resolver é iiiiiito simples: se quereis que os portugueses amem a sua terra, t~zostvai-lha, se quereis que os portugueses amem a sua terra, fazei que êles a conheçam - Ignoti nulla cupido. E u nunca vi a Ilha da Madeira; e tenho pena! Dizem que ela se alelyanta orgulhosa do Atlantico, fornisrido anfiteatros surpreendentes; dizem qiie o Mar, na siia lida incessantc, quebra fúrias amorosas de encontro &s suas costas alcantilsrlas c 1x4'ja constantemente as areias das suas breves praias; dizem qiie uniri luxuriante vegetação a cobre clc veludíneas maciezas c que froridoso arvoredo lhe serve de farta cabeleira, acariciada pelas nuvens que se humanizam junto dela, rarefazendo-se em suaves neblinas; dizerri quc se vive uma Primavera eterna na formosíssima ilha, que é a princesa do Oceano e o padrão primeiro do génio, calculadamente aventureiro ,dos portugueses, que ao miindo deram mundos novos. Eu nunca vi a Ilha da Madeira; e tenho pena! Mas é próprio do homem sonhar, e a luz artificial, que o génio humano criou à imagem do clarão dormente de lua, é muito propicia aos sonhos do imaginar. Estou, .de momento, desinteressado de quaiitas coisas insignificantes constituem as preocupações de todos os nossos dias; esta ampla sala, inundada de luz, parece-me uma vastíssima nau que sulca as água do mar, demandando as paragens da rcgião encantada; já a vista, pouco a pouco, se me desterra dos yátrios montes, e não vejo agora senão mar e ceu; sinto balouçar suavemente ã embarcaqão do meti sonho, e não tardará que, do alto da gávea. o gageiro atento solte o grito animador - Terra, e terra da Pátria! a Ilha da Madeira! Estamos, efectivamente, à vista da Madeira. Vai servir-nos de guia erudito o Sr. Dr. Bento de Gouveia; honram-nos, com a sua companhia na nossa magnífica excursão, muitos madeirenses ilustres e, à frente de todos, o Ex."" Sr. Dr. Nicodèmos Pereira, a quem saudo afectuosamente. Não acordemos do sonho delicioso: tem a palavra o Conferente.

C - Texto da Conferencia

Do que os livros falam acerca da histbriri da descoberta da Hha da Madeira.

AtC aos fins do primeiro quaitel do s6culo vinte, quando se pretendia estudar a Ilha da Madeira, relativamente à história do sett descobrimento e povoamento, iamos buscar tôda a documentação à obra do Sr. dr. Gaspar Fructuoso.

I-Ioje, porém, após os recentes trabalhos de investigação histórica que sc de\.em ao acendi-ado amor regionalista dos srs. drs. Pestana Júnior, Jordão de Freitas c João Cabra1 do Nascimento, verifica-se que as ((Saudades da tel-riil) do di-. Gaspar Fructuoso, escritas em 1590 publicadas cni 1873, tiveram a sua época, 110 capítulo que se refere à descoberta da Jladeira. Dtl facto, o problciiia penumbroso do descobriiriento da ilha :ipcAzar(lc. c-o~iservar-selia cabala, encontra-se melhor csclarccido, 115 yoiicos aiios. Nas ((Saiidades da terra)) depara-se-nos tiinn \,crsão extraida da ~x-irtieira década da Asia, do qiiiiilientista João de Rarros, livro impresso cni 1552. Segiliido êssc tlociiriic.rito na ri-ativo, no mesmo ano da tomada de Ccliita c.ni 1419,o Trifante D. Hciii-iquc tinha mandado apetrechar dois rla vios q uc foram os pr-ir-iiciros q tie conheceram a costa africana até ao cabo Rojatlor. Qtiando ktcs rchgrcssaram, foi tal o entusiasmo que, dois nobres cavaleiros, iim João Gonçalves, Zargo de alcunha, e o outro, Tristão Vaz, ofcrcccram-se ao Infante para participarem de uma expediqão ao qilc o Infante acedeu mandando armar uma barca ((deo-lhcs regi~nerito))c rccomendoii-lhes que ((corressem a costa ~1a.RerlGiia att: passarclm aqzielc temeroso Cabo nojador)). Todavia, arites da chegada ao litoral de Africa, foi tal a tempestade que se desencadiou ( q u e perderam a esperança das vidas por o navio ser tam pequeno e o mar tam grosso que os comia)). O tempo, quando amainou. reveloii-lhes urna surpreza: toparam com uma ilha a que batizaram de Porto Santq. Quando do regesso ao reino, com esta notícia alviçareira, D. Henrique ficou rnaraviIhado. Os navegadores mostraram desejo de povoar a nova terra e com &se fim foram armados três navios, indo num deles Rartotumeo Perestrelo. Juntamente com diversas plantas e sementes levavam uma coelha da qual se conta o episóidio da sua múltipla descendeneia. Do Porto Santo, João Gunqalves e Tristao Vaz, como tivessem túbdgado ao longe uma sombra, aproximaram-se dela e descobriram a Madeira que, depois, foi dividida em duas capitanias: a Zargo, pertenceu a do Funcha'i e a da Vila de MAchico, a-Tristão Vaz. Urna outra versão, interessante pelo aspecto romanesco que apresenta 6 a da lenda de qtre fala Antonio Galvão e q%e=foi adoptada pelo historiador ilheu. Centa ela que, na época do rei Duarte de Inglaterra, um inglês, ,Machim, enamorara-se, perdidamente, de uma dama nobre Anna de Harfet que o correspondia de igual modo. E diz Fructuoso: c(Prosseguir,do êlle com extremo seus amores, veyo eHa tambéni a amar muito a quem a amava; porque em fim o amor, se não for com amor não tem igual paga; e, (como As coisas odoriferas) se não pode encobrir aonde etÉt encerrado, com mostras e suspeitas que de

Agora, concluindo: a perípecia dos dois amantes britânicos que já foi destruida inteligentemente pelo dr. Kodrigues de Azevedo, parece pertencer a iim ((somarice d o ciclo bretão, com seu heroi de nome terminado em irn,) como iniiito btrn diz joáo Cabral do Nascimento. Machim n5o clescobiiu a ilha nern tani poiico a colonizou. De sorte que a \.erdadí* da descoberta tem o seu alicerce na crónica do moço da câmara do Infante, Diogo Gomes, que escreveu: ((No tempo do Infante D. Heiii-iclue, itrila caravela correndo com tormenta, viu uma ilha pequena, a qual está próxima da ilha da Madeira, que se chama agora Porto Sa~ito1120 povoada)). Não se sabe, porém, queni eram os tripulantes da caravela mas é dc presumir quc a sua mari~ihagemfôsse composta poi- homens do infante. Apesar das duas ilhas se encontrarem desenhadas no mapa marítimo dos hlédicis, de 13ji C' afinnar-se que Zargo e Tristão tiveram apenas uma acção colonizadora como pretende João Cabral, ilão nos satisfaz, pois que, conquanto os dois nautas tiyessem sido de facto os povoadores o certo é que foram êles os descobridores oficiais da ilha, a verdade é que só êleç vincularam à história o nacionalismo da descoberta.

Situaçáo geogriifica ; dimensões; gtaese; o relevo e a periferia ; as ribeiras. Situada no hemisfkrio norte, em pleno oceano Atlântico, d sudoeste do Cabo de San Vicente, a ilha da Madeira fica compreendida entre 3z0,52', 8'' e 3z0, 37' e 25" de latitude norte e a 16O, 39' 30" e 17O, 16' e 3 8 de longitude oeste em relação aa meridiano de Greenwich. O seu comprimento é de 50 quilómetros e a sua largura é de 20.' A sua superfície oscila entre 615 e 6201~~'.A distância compreendida entre o porto de Lisboa e o do Funchal C de 520 milhas. A ilha deve fazer parte dum prolongamento hipotético da cadeia terciária do Atlâs que se continua na constelação das ilhas Selvagens e das Canárias e vai até o formigueiro vasto de satélites que constitue o arqaipélago Antilhano. Esta procissão de ilhas, alrnenaras dos navegantes, são vesti&~ da provável existência do desmoronado anticlinal do meditem& rtm. Ainda poderá aventar-se, também, que a ilha da Madeira que faz parte do arquipélago do mesmo nome e a que pertencem a ilha do forto Santo e os ilheus Desertas, é uma testemunha da antiga Atlândida de qae fala Platão, baseado numa tradição egípcia. Se aceitarmos as conclusiks do naturalista francês, M. Louis 'Gerrnain que peregrinou atrads dos Asores, Madeira, Cãnárias e Cabo Verde, no estudo da flora e da fauna destas ilhas, é indubitável que, por meados da era terciária estes quatro arquipélagos formavam um único bloco em frente do golfo luso-hispano-marroquim. Porém, no fim do terciário, f # l g d & catastróficas provocaram o qu&sitotal afudimento da ilha

Atlândida. (tniais extensa clo qiic a Libia (i a Asia r(.uiiidasi) c onde goL7ernavarn reis poderosos como os f a r a k . O que é vrrosimil é qutha i l h a d a l l a d e i i ~t r> produto do5 coritorcionamentos internos durria actividade viilcâiiica rcrnota, como se p&t* coiifirmar pela observação dos vestígio3 c1;ih cratéi-as (lue isti1.crani outrora em paroxismos de dc.ri-amamcrito tlc lavas, coino sejan a cratera do Curral das Freiras, a da lagoa c10 Santo da Serra, a da lagoa do Fanal e ainda a cratera do Pico da Caiictala, ciitrr os povados &-I Caniça1 c da Piedade. Icbstt.-oeatc*,e o () relevo (. mais compacto iia partt. ceriti;ii riortc da ilha é mais acicltmtatlo (10 qucXd r i Iado ~ i i l . O revestimento vegetal (.ol)r(s a ilha Iii~uriaritciiieiite,eiigi-iii,tlcldiiclo-a diima beleza scm igii;iI coriio de iioiv;i (1ilch\.ai casar. b: coiiurantr. ;i altitude, as terras arávtais, a aburidii-rcia dtb i g ~ i a s ,assirn ;i rnnncha hiirnana madeirensc. fr;igmciita-st., c-upariclc-scpor \.ales c eii&catasc loinbas c lornbadas t. tajaiis. E: o it.l6\.o o ~ i d ~ i l asobe , c de>c c , aguc;a-sc. c. alarga-sc*até i1 vsb;itci.-sc. pas.1 j~iritod;r periferia tami&m rolra~ite,retalhatlri pcla nbr:~são cjucb, poi i.(iz(.s, coiistroi ~iichos ria i c ~ h ade contextiira branda: ;i costa qiie tem a
iiiéditas persyecti\-as como o Caldeirio Verclc c as Queirnadas lias serras de Santarla, o Habaçal e as Vinte e cinco Fontes para a bandas do planalto do Paúl da Serra, a boca da Encumiada de San Vicente a cêrca de 1300 meti-os de altitude, a Ribeira do Inferrio na face norte da ilha e mais qiic se torna rirido mencionar. Entre gigantescos muralhões de basalto rijo carcavam-se vales dc erosão por ondc serpenteiam as ribeiras dc regimeri irregulhr. Algumas, como a ribeira do Moinho que atravessa a ireguesia da Boaventura, nas margens, são atapetadas de flores, de jarros branqueiaartes, a planta ornamental, de origem africana e que nos lugares húmidos cresce p o r toda a paite como os vimeiros. A acção erosiva de verticalidade C. acentuada em certas ribeiras como por exemplo ria ribeira do Moíriho. Na encosta da margem esquerda, a mais de 70 rnetros acima do talvegue veem-se pedras arredondadas entre basalto ruiniforrne, que são testemunhas do primitivo leito da torrente, riuma idade longínqua. As ribeiras criam um revestimerito vcgetril exuberante e verde. Assim, ao longo das suas margens niormacentas, as ravenalas e outros fetos arbóreos esgrenham suas folhas até à frescura da corrente que gorgoleja, escorrendo sôbre as pedras vestidas de musgo e liquenes. E há folhas que atingem de comprimento quási 3 metros, fendidas em pente, arqueadas, afirmando a pujança criadora da vida que se multiplica de redor, no esplendor dos canaviais, seiqos, faias, castanheira, uveiras, urzes, loireiros, piorneiros, pinheiros e sabugueiros, azevinheiros, folhadeiros e mais os alheridros que curvam em arco as folhas esguias até beijarem a pureza cristalina das águas murmurosas que veem da serra.

O revestimento vegetal; a vinha e a cana do açucar. Segundo a classificação do naturalista inglês, Hichard Tõmiis. que estudou a flora da Madeira, classificação esta que é aceite pelo botânico madeirense sr. Carlos Azevedo de Meneses, a ilha divide-se em 4 m m s de vegetagão conforme as altitudes: I") dos cactos e bananeiras - vai desde a beira-mar ati. cêrca de zoo metros. zo) d a vinha e castanheiras - desde 150 a 750 metros. 3"-) dos loiros e urzes 750 a 1600. 4O) dos altos cumes - tada a área acima de 1650:

Encontram-se na Madeira dois tipos de flora: a sua situa~ão geográfica permitiu-lhe que vegetasse no seu solo, a flora dos dois ex t ~ r n o sdo globo: a das regiões frias ou quási polares e a das regiôei tropicais. Vivem, ali, as espécies vegetais de um e outro lado. E a na-

tureza, sempre douta na escolha das plantas para os vário3 paise,. criou naturalmente, as de folha caduca para a face norte. É por isso que no inverno as árvores despem-se da sua cobertura para que. 03 raios solares sejam aprovei tados pela terra. Na parte sul predomiriam as árvores de folhas l>rsriiaiiente=, para proteger o solo e a prcipria humanidade que procura as sombras. Todavia, a ilha pertence já i zona das plantas de folhas perenes. A sua vegeta~ãoprimitiva assim o atesta :O til, o virihrítico, o cedro. o barbosano, o pau branco, o azevinho. etc., que ainda hoje formaii~ nesgas de matas virgens no interior da ilha i: que só milagrnsalneiiti têm escapado à voracidade do rriachado e do vandalismo. No sec. r6 dizia o autor da ({Insulac Materiaej): ((dá especial realce à ilha da Madeira o cedro, árvore muito alta e corpulenta r dum odor tão característico que me atrevo a afirmar que nenhum outro há nem mais suave nem mais agradável e contudo nasce espontaneamente na ilha, nos seus montes mais altos),. E da madeira do cedro que o ilheu tem por hábito mandar coiistruir mesas, leitos, caixas, cadeiras e outros objectos. Hoje, só nos lugares onde o transporte das madeiras se torna impossível é que ainda existem estas associac;ões vegetais indigenas. Há um capítulo grandíow de uma obra que urge fazer na Madeira: o repovoamento da vegetação. A Junta Geral e a Carnara Municipal do Funchal começaram a realizar alguma coisa neste sentido mas ainda está longe de atingir o objectivo que se espera. H& regiões da serra completamente desérticas. E cciirioso notar que o crescimento das plantas é rápido; um piriheiro de 4 anos apresenta as dimensões de um similar de 12 no con-

tinente. Nas matas espessas, o homem, ao seu contacto, sente dentre de si um desdobramento da sua personalidade e uma regressão instintiva à vida simples, primitiva e animalesca, o homem no canvívio desta natureza bravia é uma emanagão da paisagem envolvente. voluptuosa e panteista. O cheiro penetrante e erótico da flor roxa das abertonas, a redolência forte da; caqas enchem a atmosfera de uma e n c i a que deve conduzir ao delíquio as sensibilidades histéricas.. . Em certos locais, ao acaso encontra-se a ruivinha; da raíz desta planta extraia-se um líquido de que as mulher? do campo se utilizavam fabricando uma tinta que era usada para tingir as saias, embelezando-as de riscos vermelhos. O çumagre, planta das rochas, desde os tempos da colonização é aplicado no cortimento dos coiros. Nas aldeias, pelas azinhagas e quelhas enviezadas, vicejam franjas de abmddncia, a planta hoje naturalizada e que h6 IOO anos foi introduzida na flora da ilha como grinalda exótica de jardim. E porque as t e m são araveis e produtivas, as vinhas que vieram das ilhas do mediterrâneo e a cana do açucar que o Infánte .D.

IIeririquc niaiidou \.ir cia Sicilia coiistituem ;i5 cultiiras inaib renrlosas do lavrador. I ~ Oaçiicar íabricado lia Madeira no:, firis do século XV t1 priirieiro quartel do século S V I alca~içoii pelas suas excepcionais qualidades, unia grande nomeada em toda a Europa, atingirido o sei1 preço uma alta niuito superior aos produtos similares, quc se vendiarri nos principais centros co~i~crcir~is. Era cniitão capitão donatário do Funchal o faustoso Siiiião Gotic;:il\.c.s da Câmara, chamado o magnífico. que, quere~ido tornar univcrsalmciite corihecido c, seu riorne, c~iviouao papa I.eãí) N uma origirial rrnbaixada. cm quc figura o sacro colégio fabricado com o rifamado pi-otliito da ilha, sendo curioso ou\,ii as pinturescas palavras do c roilista qiic refere o iritertbssante caso: ( ( o sacro palácio todo f t i t o de ;tqucar, e os cardiais iam todos feitos de alferiim cioirados a partes, que lhe da\,am muita graça, e feitos de estatura dum homem, o qiie tiido foi metido em caixas embrulhadas com algodão com que foram mui seguros e sem qucbrar até dentro a Roma, coisa que por ser a primeira desta sortc qiicb se vio em Roma estimava muito (J Papa, c cada uma peça por si foi vista pelos cardiais cs senhores de Roma, sendo presente o Papa que louvava muito o artifício por ser feito de açucar e muito maiy,. loiivava o capitão.. , A %fadeira, por esta época, foi o centro comercial mais mo1-inientado das nossas produções coloniais e pela sua importância, tornou-se uma zona centripeta de mercado que despcr-tava a cobiqa dos estrangeiros. O antigo fabiico do açucar cra feito do seguintc modo, rnnforme relata o dr . Constantino : ((Cortadas as canas são trms~>ortíicla s e metidas em cilindros movidos a Agiia, qiie espremendo-as Ihes cstraem todo o suco ou garapa, passando esta por cinco recipierites sucessivamente, de forma que o primeiro a entrar, logo que chega a ferver até a tim certo ponto, vai sendo baldeado para os outros recipientes, onde cose a fogo brando, separadamente, até chegar aquele ponto preciso, que permite a siia conduqão em receptácutos feitos de terra ou barro. A segunda espuma, pois a primeira é deitada fora, que na continuação da fervura ctu cosedura vai aflorando, C. guardada em pipa<, e é muito parecida. com o mel, se bem que u m p i i c o mais Iíquida e escura. Os madeirensès chamam-lhe rnelaco e d6lc se servem apenas para a engorda de cavalos misturado com tatelo. 0 s comerciantes frariceses e ingleses, porém, exportam-no l>ara os setis paises usando-sc em lugar de mel,). Os madeirenses chupam as canas qualido n~adurase frescas, rle manhã e em jejum, Jó por prazer e fazendo-o também por reconhecerem ~ i osumo virtudes laxativas e porque purifica o saiigue, liiata a sede e até branqueia os dentes)). ))

Hoje, a cultura da cana do açucar é o mais apreciável factor de riqueza das freguesias litorais. A sua produção está limitada a lima fábrica moderna, havendo porém muitas fábricas de aguarderite de cana por tdda a ilha. No domínio das árvores de fruta, a variedade é exiornie. Mas a tião existência de escolas agrícolas e a falta de protecção por parte do Iavi-ador contribuem para o seu desaparecimento. A cfoença tem devastado j5 certas cspecies. Todavia, verifica-se que rio sul da ilha a bananeira desenvolve-sc com prodígio c por quási tôdas as regiões litoreanas ou interiores, a figueira, nespereira, laranjeira, goiabeira, anoneira , pereira abacat , araçareiro, tabaibeiro e ainda o maracujazeiro que deixa cais das latadas o magnífico maracujá roxo ou amarelo.

9 clima ; a3 levadas. O clima da ilha é oceâ~iico,clirna da zoria temperada quente (um pouco mais dc ro\o norte do trópico). Os principais factores climáticos são: sua situação geográfica; a sua qualidade qie ilha, r i corrente das Canárias que passa pela parte sudeste e os ventos dominantes. Segundo o major Alberto Artur Sarrnento o clima da ilha pode dividir-se em 3 sub-zonas: marítima, de montanha e de altitude. No entanto êle não precisou quais as diferenças relativas a esta classificação. Conforme a mais recente resenha estatística dos estudos de temperatura realizados no pôsto meteorológico da cidade, consoante os dados recolhidos entre 1920 c ~ q j oa temperatura média 6 de 17." para todo o ano no lado Sul, sendo o norte de uma percentagem um pouco inferior. Agosto é o m6s mais quente e fevereiro o mês mais frio. Em refaçiio às estações, as médias de 920 a 930 foram: inverno - 1 5 , q - primavera - r6,30 - verão - 20,7r- outono - 19~64. O factor humidade é abundante na ilha e a sua pletora expjica-se pela condigo isolada da Madeira. Os ventos oes-sudoeste são 05 que transportam maior quantidade de chuvas. Elas caem durante todas as esta@es, mas tem havido anos sequentes em que nos m k s de jutho ou agosto, só excepcioxialmentc chove. A média geral de dias chuvosos é de 79 por ano. No regimen dos ventos domi~lantes,o principal é o nordeste, seguindo-se depois o nor-nordeste, o norte, o noroeste, o sudoeste. S6 os ventos de sudoeste e sul não castigam a face norte da ilha. Quatido se iniciou a colonização tornou-se necessário lançar fogo as florestas, para preparar o solo, de maneira que as sementeiras progredissem. O incêndio apenas durou cêrca de 6 meses

p /

sabemos, no entanto, a que obedecia esta desigualdade de direitos produto d a época, e hoje sepultados no esquecimento. As senhoras de distinção iio restrito ambiente da cidade trajavam com alarde, luxuosamente. Diz o dr. Constantino que elas levavam lia sua frente «os seus protegidos e criados que carregavam os coxins bordados a oiro ou a seda, bem como os tapetes e alcatifas para que depois de estendidos pudessem elas conservar-se à altura da sua dignidade)). Não Ihes era'yermitido dar atcnsão aos serventes a não ser que estes tomassem uma atitude de humilhação, ajoelhando-se com reverência. Estes costumes desapareceram inteiramente assim como os trajos pint~irescos: a carapuça dos vilões e as vestimentas semelhantes aquelas ainda hoje usadas no hliriho. Ao passo que êstes hábitos têm decaido, em algumas terrejolas um certo despovoamento se tem dado em virtude da caminhada de famílias inteiras em procura de uma para as terras ce~itrivida melhor, mais desafogada eco~iòmicamc~~te, petantes do Brasil e dos Estados Unidos da América. A vida emigratória que foi acentuada rios Últimos anos da monarquia e antes da grande guerra de 1914,inicialmente fazia-se para as Indias Ocidentais e para a Guiana inglesa, onde, ainda hoje, a colónia madeirense, que contêm no seu seio alguns argentários, cuserva as suas tradições seculares. Mais tarde as emigrações dirigiram-se de preferência paya o arquipklago de Sandwich, pois que, o govêrno americano tendo conhecimento das qualidades excepcionais de trabalho do habitante d a Madeira e verificando que o insular sc adaptaria ao clima daquelas paragens enviou agentes A Ilha para tratarem do embarque de cultivadores para a s tórridas ilhas oceânicas. Assim, na segunda metaùc do século 19, êste arquipelago começoii a ser colonizado em grande parte por madeirenses que, nostálgicos e religiosos, em Hawai, edificaram uma igreja em adoração a Nossa Senhora do Rlonte da Ilha da Madeira. As viagens para estas regiões, eram verdadeiramente aventurosas, viagens longínquas que evocam emotivan~enteas narra~õeslendárias da Nau Ca-e tríneta e decorriam num ciclo de 6 meses. A embarcação atravessava o Atlântico, seguia ao longo do litoral do Brasil, da Patagónia e passado o estreito de Magalhães contornava a periferia Andína fazendo*escala no Chile. Dali, entrava em pleno Pacífico e com rumo à Poliné, cortando o equador, ia até Micronésia. É curioso que, em quási todas estas longas jornadas quando o navio chegava à terra da. promissão os emigrados eram em maior número do que logo depois da partida da ilha. 0s recem-nascidos comunicavam uma alegria nova à yida monótona de bordo. A propbsito da colonização destas ilhas do Pacífico por famílias madeirenses, é interessante aIudirmos a uma crónica publicada

num dos mais importaritcs jornais do Rio de Janeiro, logo após o advento da república, pelo sr. Corisclheiro José de Azevedo Castelo Branco. Este ilustre horiieni público, qiic"cxerceu as funções de governador civil do Functial, tendo sido mais tarde ministro dos 1i.strangeiros i queda da monarquia, foi em missão diplomática, L: China, quando dos graves acontecinientos que ali se passaram entre os chineses e os estrangeiros. Na sua passagenl para o Oriente, o barco fêz escala pelas ilhas de Sarid\\-ich e o sr. Conselheiro Castelo Branco desenibarcou em Honululo para ter iim rápido conhecimento da terra. Ali, tomou uni breque, indo admirar a cidade. O cocheiro só falava inglês em resposta 5s prcgiintas que lhe formulava o sr. Conselheiro. No cntanto, numa certa altura, porque as niiilas não puxassem o carro, o condutor, iriitaclíssimo, soltoii uma frase e111 português castiço. O sr. José de Azcvedo Castelo Branco reconheceu que estava em presença durii conlpatriota e que era uma criatiira da Ilha da Madeira, possivelmente duma das freguesias do norte. Na Africa também a colonização madeirense se efectivou, em Marrocos e nos planaltos de Huila e de Mossâmedes, onde se encontram as típicas casas da ilha, e onde os mesmos costumes dos insulares se perpetuam.

Decadencia do camponês; influencias da civilizaç%o; o analfabe-

tismo ; vocabuliírio regional ; os arraiais ; o folclore ; condiçóes de atração da ilha sobre o estrangeiro,

Paralelamente à crnigra~ãotem-se verificado, nos derradeiros anos, que é apavorante a invalidez da arquitetura física do camponês da ilha apesar do seu maior.núnlero pertencer ao tipo robusto, hercúleo e firme de vontade, caracteres que personalizam o ilhéu. Mais do que o habitante da cidade, o homem do campo, adaptado a um condicionalismo de vida simples, divorciado de locubraçõeç de ordem intelectual, que possam porventura actuar na diminuição do eampo da consciência, resvalando daí na premupagão e m ciante que cond'uz o individuo a estados mórbidos, patológicos, o homem do campo, liberto do mundo de estímulos que debilita e gasta o habitante da cidade, deveria ser o legítimo representante de uma raça forte e viril que se afirmou no caminho das descobertas longínguas. Mas, porque dentro dos cíclos da evo1uc;ão da vida decorrem as fases da infância da juventude e da velhice, há factores que por suaJ vez vão influir nessas várias etapas que caracterizam as idades; que o tempo consome no seu rolar fatalista. De sorte que, causas as mais diversas têm contribuido para a decadência física do camponês. Assim, parece-nos à primeira vista que a civiliza@o, aproximando os povos, congraçando as raças e trazendo ao mundo as inovações científicas

vem prolongar a existência da homem ria face da terra, quaridu a sua existência é cada veL mais .efémera apesar da iiiteligêricia imperfeita do ser humano pretender conquistar o segredo de perpetuar a vida. A civilização sendo a portadora do bem-estar dos povos, nas bacanais do mundanismo e nos paliativos para toda a sorte de moléstias, trouxe consigo o germen da decadência, E se não vejamos o que forani as civilizações: persa, caldaico-ussíria, grega e romana. A vida tem-se tornado de ano para ano mais complexa, o homem tem adquirido novos hábitos, novas maneiras de rdçao as situações e consequeriternente o dispêndio de erier,'< ~ I ; L é niais tlesborda~ite. Na nossa ilha, o camponês sotrc o rcflexo da civiliza$50 directa e indirectamente, rio que ela contém de bom e de mati - E de observaçãio corrente que urna vez o campónio tendo pisado terras estranhas e vivido num ambiente mais confortável do que aquele donde saira, ao regressar já não permanece até ao fim da vida na terriola que o viu nascer. Isto é Irequente em todo o emigrante. E assim as famílias que se deslocam só tornam à terra nativa se, porventura, as condições económicas a isso as obriguem. Não obstante as ilhas serem zonas de refúgio, de insulamento, onde as tradições se conservam com mais pureza o certo é que os costumes de feição patriarcal vão-se modificando, tomando aspectos que tendem para o cosmopolitismo. É a influência do elemento estrangeiro que percorre o mundo e deixa vestígios da sua passagem na. cidade do f;unchal que é o carrefour dos transatlânticos. Aquela, por *seu turno, actua no camponês que a visita. Além disso veriticamos que o maior número de casamentos são consangüínios, pois que em terras pequenas e mais ou menos isolantes, o grau de parentesco existente entre as famílias que habitam as freguesias, abrange quási todos os casais e assim observa-se que, os tios consorciam-se com as sobrinhas e os primos com as primas, frequentemente. Resulta, em geral, dêste fenórneno social, o definhamento fisiológico, o' enfraquecímento da descendência, certos casos mórbidos transmitidos por hereditariedade etc. Mas ainda há mais: No norte da ilha, a freguesia da Boaventura é um exemplo de que me sirvo nêstes traços de documentação; os homens são verdadeiros veicúlos de transporte: pedra de basalto para cantaria de casas) molhos de vimes com lqoq: e c h a p r k de pinheiro, til, vinhático e castanheira, para construç0eçl E porque desde a adolescência os rapazes se habituam a acarretar às costas objectos que as mais das vezes excedem a força muscular, os homens possuem uma atitude de corpo, gibosa, alcachinada. Sem dúvida' que as condições morfo-altimétricas da ilha, irrtpuzeram, desde os primeiros tempos da coloniza@o esta forma rudimentar de transporte. A agravar esta perda de energia física, o mau passadio conduz o organismo 'as doenças aniquiladoras. No campo da higiene o camponês é, por desmazêlo, um pre-

refeição suculenta. 0 s párocos das aldeias são aristocráticaincntI. proverbiais na maneira como recebem os visitantes. Possui iim caracter aguerrido que lhe é peculiar c st: tem ma-. nifestado em vários motins. A mulher é o braço fortc do marido, auxiliando-o, encorajando-o nos sublevamentos, representando assim a família uma expressão de nobreza moral e deixaiido de ser uma simples ligação conjugal. Lembra-nos a família germânica na queda do império romano do Ocidente, o exemplo dado pela mulher teutónica, a sua virtude indestrutível perante a fraqueza da mulher romana. Nos grandes arraiais como o do Senhor Jesus da Ponta Delgada, no Norte da ilha e o de Nossa Senhora do Monte, ?a encosta que fica sobranceira cidade do Funchal, as romagens manteem-se com a característica antiga. Durante 8 ou g ou mais horas de jornada, a pé, os ranchos de romeiros levam todo o caminho em divertengas de bailados abracadabrantes, ao som zangarreado do rajão, da viola, do braguinha e dos fernnhos que frun-frunem numa toada somnifera e acompanham trovas de candonga e malícia amorosa. Os cantares &o dalentes, impregnados de um sentimento em que a mágoa de uma saudade distante transparece, as canções traduzem a nostalgia dos povoadores que as criaram ao lembrarem-se da sua terra. Até agora, apenas alguns trabalhos parcelares do folclore madeirense as gazetas têm publicado, graças a certas criaturas inteligentes que prestarri culto à sua ilha. Todavia, aquilo que já foi investigado sem chamariz alviçareiro, representa indubitàvelmente, uma feliz tentativa para a realização de uma obra interessante e grandio'sa sob os aspectos etnográfico e linguistico. No período das grandes festas litúrgicas pelos povoados da Madeira, surgem os menestreis ignorados das aldeias como outrora as tribus dos aqueus, na Grécia asiatica, reminiscenciavam, cantando, a sua pátria ausente. O aspeito da cozinha, nas romagens é típico. A alimenta@o dos romeiros é feita exclusivamente de carne de rêzes que são abatidas nos lugares da festa. Nos arraiais notáveis é vulgar observarmos uma alamêda com mais de 150 bois e vacas dependurados de latadas. A carne é enfiada num esp4to de loiro e assada nas brasas.

A Ilha da Madeira, pelas suas condições climáticas, pelo sortilégio da paisagem, pela indústria indigena da obra de vêrga e do bordado, pelo seu vinho é, ainda hoje, um dos centros cosmopolitas de intenso turismo .mundial. *O estrangeiro encontra sempre na Madeira uma estação de repoiso e de cura de preferência a qualquer outra

região. h s t a dizer-se que apesar da tcnipcratiira m6dia da Illia registar I7", li; difereric;as climattricas as mais \-ariadas conforme a sitiiaqão gcográfic;~c10 lugar. Assim por cxen~plo,se junto do litoral a tcliipei-atura é clc 25" o indil-iduo deslocando-se diirantc o trajecto cle uma hora vai encontrar num planalto, a temperatura de 12" ou mciios. No invcrno há dias cni qiic as serras allvejam de graniso. Todavia, nas terras baixas a temperatura é dc 15' c mais. Existem, portanto, ambientes clixnáticos que satisfazem as exigências de todos os organismos' que necessitem de fortalecimento. De facto, a ilha, teni condições excepcionais de atrativo. Já no sCculo XVI Camõcs a imortalizou na. estância V do Canto V dos Lusía-' das. Passámc)~;a grande ilha da Madeira, Que do muito arvoredo assim se chama, Das que nós povoamos a primeira, Mais célebre por nome que por fama; Mas nem por ser do mundo a derradeira Se lhe avantajam quantas Vénus ama; Antes sendo esta sua, se esquecera De Cypro, Gnido, Pafos e Cytera.

- O escritor Raul Brandão, no livro, as Ilhas Desconhecidas, referindo-se à Madeira, diz: ((Pode-se dormir ao ar livre sob o doce1 das estrelas, porquc as noites tépidas da Madeira são uma carícia de pele macia. Há um tom alaranjado, verde e azul para o mar, que nunca mais torno a ver e nunca mais se repete. Há fios de oiro suspensos sobre esta natureza que talvez seja única no mundo. Contemplo a casa, as árvores - o meu sonho - e não desejo mais nada. Isto é completo e perfeito)).

Hordcio Bento

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Tefiefite coronel Atberto Artzcr

- Apontamentos diversos.

Padre Antonino Valeste - Algumas notas.

1932 Tip. da

(~UNIÃO

GRAFICA))

Ofiainas movidas a oleotricridado Travessa do Despacho, 16

LISBOA

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