Sociologia Prof: Pablo Freitas Vocabulário para introdução às Ciências Sociais (continuação)
Antropologia Social (ou Cultural) - Parte da ciência da Antropologia que estuda o conjunto de normas que visam aprofundar o conhecimento do homem pelo homem, através da análise de suas técnicas, linguagem e sistemas de produção e reprodução cultural. “Na Antropologia Social, lidamos com organizações onde o todo predomina sobre as partes. Com áreas situadas fora do alcance direto dos grandes “aceleradores de tempo” do nosso sistema. Com formas de vida social fundadas nos fatos do nascimento, do crescimento (com suas crises) e da morte. (...) Nossas diferenciações são diferenciações externas, de posições relativas a certos temas, problemas e materiais. (...) Disso decorre que nós estudamos os chamados “índios” não porque e exclusivamente eles estão desaparecendo, ou só para denunciarmos as injustiças que sofrem, mas para realmente aprender com eles as lições que não sabemos e que, por causa disso, ficam implícitas na nossa sociedade”. Para a Antropologia Social “o conhecimento do homem sobre si mesmo é variado, moral e socialmente equivalente e, por tudo isso, infinito na sua profundidade e sua grandeza. Pois o homem é tudo que se manifesta na sociedade e na sociabilidade. (...) Já sabemos que ele não é aquele ser vitoriano acabado, ponto final de uma escalada evolutiva, toda ela feita de apreciações e conquistas tecnológicas”. (Da Matta. Relativizando)
Arqueologia A Arqueologia é o estudo do homem no tempo, através de vestígios materiais, como monumentos, restos de moradas, documentos, armas, obras de arte e realizações técnicas. Vestígios que o homem foi deixando no seu caminho enquanto civilizações davam lugar a outras no curso da história. A Arqueologia constitui uma subdisciplina da Antropologia Geral e, mais especificamente, da Antropologia Cultural (ou Social), já que seu objetivo é chegar ao estudo das sociedades do passado. “A Arqueologia nos remete ao mundo de um tempo em escala de milhares de anos, mas onde os acontecimentos passam a ser decisivos não mais em escala da espécie humana como uma totalidade (como na Antropologia Biológica), mas como elementos que permitem diferenciar civilizações, sistemas produtivos e regimes políticos específicos. Ela nos coloca diante de uma espécie de arrancada posterior: depois de uma diferenciação ao nível universal (e portanto da espécie biológica), o homem realizou simultaneamente [em diferentes lugares do globo terrestre] as suas variadas diferenciações internas, inventando formas sociais diferentes. (...) A “consciência
arqueológica” é aquela que nos toca com temporalidades infinitas e com uma história fria, onde os espaços entre os acontecimentos são enormes. Mas aqui a noção de espaço começa a se insinuar, já que o tempo por si só não é suficiente para localizar as diferenças. No ano 3000 antes de Cristo, tínhamos civilizações diferenciadas em algumas regiões da Terra: a minoana, a egípcia, a sumeriana, a indiana e a chinesa. (...) Sabemos que as escalas que nos remetem à Arqueologia e à Antropologia Biológica são escalas de tempo milenares, onde a biografia tem que ceder lugar à história das técnicas (...) Em outras palavras, numa escala de um milhão de anos, apenas vejo mudanças no nível da estrutura anatômica e o surgimento de alguns instrumentos essenciais como o fogo. Mas, no nível de milhares de anos, percebo o nascimento e o aperfeiçoamento de técnicas mais elaboradas, como a domesticação de animais, o uso técnico do fogo, com a metalurgia, as diferentes técnicas de tecelagem e com elas algumas instituições sociais. De fato, na medida em que deixo o campo biológico e penetro no tempo arqueológico, começo a vislumbrar a sociedade e a cultura. Numa escala de mil anos, posso perceber nitidamente algumas instituições sociais e até mesmo certas biografias. Mas é visível a possibilidade de especular sobre uma “história institucional”, sobretudo quando se deseja penetrar no campo das conquistas, guerras e etnias, o que remete à guerra e ao comércio: a uma história econômica e política das sociedades. Finalmente, na escala secular, estou no tempo da história propriamente dita, quando minha consciência deve desenvolver uma noção muito mais complexa e dialética das determinações múltiplas dos eventos sobre os homens e as sociedades. Mas esse tipo de consciência já pertence a Antropologia Social (ou Cultural)”
Etnologia “Atualmente, o termo etnografia é amplamente usado nas obras antropológicas como referência aos estudos descritivos das sociedades humanas, geralmente (embora não forçosamente) as sociedades denominadas “primitivas” que estão num nível relativamente simples de desenvolvimento político e econômico. Até mesmo os estudos descritivos devem implicar certa generalização e, uma vez que a estrutura teórica empregada na antropologia social foi grandemente desenvolvida na primeira metade do século XX, muito do que se tem recentemente escrito no campo da etnografia (a maioria foi escrita por especialistas em antropologia social) é de cunho teórico. O fato de que os antropólogos modernos são seus próprios etnógrafos faz com que a distinção entre etnografia e antropologia social fique confusa (para uma discussão a respeito de algumas das implicações disso ver Evans Pritchard, Social Antropology. 1951, cap. IV)”. (J. Beattie. Dicionário de Ciências Sociais. Fundação Getúlio Vargas, 1982) Política
A política é a arte de governar os Estados. A teoria política é formada por um conjunto de constatações e proposições que tendem a regulamentar a questão de saber como devem agir governantes e governados. (Enciclopédia Delta Larousse) “A política tem muitas finalidades, muitos objetivos possíveis, na verdade tem tantos quantos forem aqueles que a praticam. O que faz crer, aliás, que os fins são dos praticantes e não da política. Pode-se ter como fim a proteção dos cidadãos contra estrangeiros em momentos de guerra, a realização de reformas econômicas e sociais, a repressão de comportamentos desviantes, a mudança nos mecanismos de escolha de representantes, a punição de corruptos, e muitos, muitos outros. (...) A política é sempre o modo pelo qual chega-se a decidir algo que não é particular, mas que diz respeito a toda uma coletividade, algo que é público”. (...) “O exercício do poder político por parte do Estado através do governo baseia-se, na possibilidade de uso da violência legítima. Mas em segundo lugar há um ponto não menos importante. Ao mesmo tempo em que o uso dessa violência por parte do Estado deve ser autorizado, ser legítimo, devem também ser desautorizadas todas as formas de violência privada de cidadãos contra outros cidadãos. Isso significa que a violência pública deve ser não apenas legítima, mas também exclusiva, dentro de seu território de jurisdição. O Estado não pode tolerar formas concorrentes de violência, que colocam em risco justamente a função fundamental da violência pública legítima: garantir a continuidade da vida civil”. (Alberto Tosi Rodrigues. Política)
Estudo da Política, ou Ciência Política Ciência Política é a descrição das relações referentes à autoridade, ao poder e seu exercício no mundo real. (Enciclopédia Delta Larousse)