"Vinho novo em odres novos"
A Liturgia desse domingo descreve, de forma veemente e apaixonada, o incondicional amor de Deus pela humanidade, usando a imagem do amor conjugal. As Leituras de hoje sublinham o clima de alegria e festa, pelo Amor reencontrado e reconquistado e pela presença do Esposo.
Na 1a. Leitura, Deus aparece como o ESPOSO APAIXONADO do seu povo. Oséias, que sofreu na própria vida a experiência amarga de uma esposa infiel, foi o primeiro a usar a imagem de Deus como um esposo apaixonado. Israel é como uma esposa infiel, que abandona o Senhor para dedicar o seu amor a outros deuses e poderosos, colocando neles a sua esperança e a sua felicidade.
* Deus é o esposo sempre fiel, apesar das infidelidades do seu povo. "Eu me casarei contigo", repete três vezes o texto de hoje.
-Tudo isso, diz o Salmo,
No Evangelho, vemos a realização dessa profecia de Oséias:
Jesus se apresenta como o ESPOSO da humanidade. Eis porque a sua presença entre os Homens é tempo de núpcias, tempo de festa, de alegria, que não condiz com o jejum.
TUDO COMEÇA COM UMA PERGUNTA: - Por que seus discípulos não jejuam? Para os judeus, o jejum era uma prática fundamental da religião. Os judeus piedosos jejuavam duas vezes por semana, a fim de acelerar a vinda do Messias e do Reino de Deus. -
Os discípulos de João e os fariseus estavam em jejum e questionaram:
"Os discípulos de João e dos fariseus jejuam... por que os teus não ?"
+ Jesus responde: "Enquanto o noivo está com eles não podem jejuar“ Os discípulos são os "amigos do noivo", que foram convidados por Jesus para o Banquete da Nova Aliança e aceitaram integrar a comunidade de Jesus. Numa festa de casamento, seria um absurdo pedir aos "amigos do noivo" que jejuassem.
O JEJUM tem sentido ainda hoje? Se o jejum for expressão de humilhação, de tristeza, de dor e de luto, como era no Antigo Testamento, não faz sentido… - Se for uma privação de algo para partilhar com os irmãos mais necessitados, é um gesto de amor que faz sentido; - Se for uma forma de educar nossos sentidos,
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de aprender a controlar nosso egoísmo e nossos desejos, é uma pedagogia na caminhada rumo à vida definitiva.
Duas parábolas para esclarecer a resposta: - Remendo com pano novo em roupa velha... - Vinho novo em odres velhos...
A nova situação religiosa não pode conviver com as velhas tradições: Jesus não veio remendar a velha sinagoga e o culto do Antigo Testamento... Ele veio fundar o novo Povo de Deus, o novo Israel, isto é, a IGREJA.
A Comunidade cristã de Marcos era formada por discípulos de João Batista e por judeus apegados à tradição dos antepassados. - Como conciliar o espírito austero de João Batista e a prática rigorosa da lei dos fariseus com o espírito novo de Cristo?
- Dá para pôr vinho novo em odres velhos? - Dá para remendar com pano novo a roupa velha?
As comunidades foram percebendo que o novo e o velho eram incompatíveis.
A nossa Comunidade como reage diante do novo e do velho? - Alguns acham que pelo simples fato de ser novo é melhor... - Outros, apegados ao passado, estão fechados ao novo... e exclamam com saudades: "Uma vez era melhor!" - Estamos num mundo em mudanças violentas e rápidas...
Precisa muita inteligência para discernir o "bom" do novo e estarmos abertos a ele...
Scalabrini afirmava já há muito tempo: "O mundo gira... e nós devemos girar junto, senão... ficaremos para trás...“ O único absoluto e imutável é Deus e o amor que devemos ter a ele e aos irmãos. O resto é secundário e acidental. - E Nós, estamos também acomodados com remendos em
nosso cristianismo, sem optar pela novidade do evangelho? - Estamos nós e a nossa comunidade em condições
de conter e canalizar o vinho novo do Reino, como uma jovem esposa de Cristo, que se renova sempre? - Ou estamos vestidos com uma roupagem tão velha na qual impossível enxergar a juventude de Cristo e da Igreja ?! Sejamos fiéis ao PASSADO, atentos ao PRESENTE e abertos ao FUTURO...
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