Videoclipe Artigo.pdf

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Mídia, Imagem e Imaginário 12 a 15 de outubro Universidade Federal de Goiás Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia O VIDEOCLIPE COMO PRODUTOR/INOVADOR DE SIGNIFICAÇÃO DAS LINGUAGENS AUDIOVISUAIS 1 Natã Moura Faria2 Lucas Mariano3 Universidade Federal de Goiás Resumo: Vivemos hoje em um mundo novo de sensações e vivências. Essas mudanças estão vinculadas às alterações radicais nas formas pelas quais experimentamos o tempo e o espaço, motivadas pela sociedade pós-industrial onde a acumulação do capital se “desmaterializa” numa economia baseada na informação e na comunicação. Hoje o que se instala é “enfeitiçamento da e pela imagem” que instala na sociedade uma prática altamente narcisista e auto-referencial. Ou seja, a maioria das mídias se baseia apenas nesse culto a “imagens” sem instigar o poder inventivo da sociedade, os deixando apenas como meros espectadores e reprodutores do que vêem. O videoclipe vale a pena ser estudado a fundo pois desde seu inicio vem como uma ação transgressora e de inovação perante o resto das produções audiovisuais. Sua liberdade é infinita, podendo usar moldes tanto da televisão e do cinema como de “coisa alguma” como os videoclipes abstratos e surrealistas que possuem apenas “estímulos visuais”.

PALAVRAS CHAVE: Videoclipe , Audiovisual , Semiótica ,estética, linguagem

1. INTRODUÇÃO: O mundo hoje vive um “boom” de imagens e produções audiovisuais. Dentre elas estão as produções de videoclipes que agora conseguem ter um alcance ainda maior pela internet. As emoções desse tipo de mídia que já era muito “popularizada” com a televisão, agora com a internet tem a chance de passar sua mensagem para um publico ainda maior. O videoclipe vale a pena ser estudado a fundo pois desde seu inicio vem como uma ação transgressora e de inovação perante o resto das produções audiovisuais. Sua

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Trabalho realizado na disciplina de Teorias da Imagem I (Orientado pela Profª Msª?Dr.ª? Camila Craveiro) e apresentado na VI FEICOM: Mídia, Imagem e Imaginário. De 12 a 15 de outubro 2011, em Goiânia – GO. 2 Aluno de Graduação em Publicidade e Propaganda, da UFG (4° Perído) E-mail 3 Aluno de Graduação em Publicidade e Propaganda, da UFG (4° Perído) E-mail < [email protected]>

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liberdade é infinita, podendo usar moldes tanto da televisão e do cinema como de “coisa alguma” como os videoclipes abstratos e surrealistas que possuem apenas “estímulos visuais”. Esse artigo busca esclarecer os movimentos que giram em torno desse tipo de mídia e o que a banda inglesa Coldplay está produzindo em clipes. Usaremos aqui conceitos da Teoria da Comunicação e Teoria da imagem para explicar a história desse tipo de material audiovisual e analisar o videoclipe Don't Panic(Coldplay) junto aos aspectos semiológicos envolvidos na produção de sentido.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Mundo Das Imagens Vivemos hoje em um mundo novo de sensações e vivências. Essas mudanças estão vinculadas às alterações radicais nas formas pelas quais experimentamos o tempo e o espaço, motivadas pela sociedade pós-industrial onde a acumulação do capital se “desmaterializa” numa economia baseada na informação e na comunicação. Hoje o que se instala é “enfeitiçamento da e pela imagem” que instala na sociedade uma prática altamente narcisista e auto-referencial. Ou seja, a maioria das mídias se baseia apenas nesse culto a “imagens” sem instigar o poder inventivo da sociedade, os deixando apenas como meros espectadores e reprodutores do que vêem. “Esse fenômeno da comunicação como consumo e produção de imagens espetaculares que se oferecem à prática voyeur partiu da vida social, das demandas da cultura industrial, mas acabou por se instalar, com a internet, também como a nova realidade da vida privada”. A vida de todos, direta ou indiretamente, é bombardeada por imagens, ou conforme queremos discorrer aqui, produções audiovisuais de toda ordem. Na televisão, cinema - e agora principalmente na internet - entramos em contato com uma grande quantidade de materiais audiovisuais. Com esse quadro instalado se faz necessário prestar mais atenção aos videoclipes. Eles são hoje uma das formas de expressão artística mais importantes no âmbito de produção audiovisual. “Numa época de entreguismo e de recessão criativa, o videoclipe aparece como um dos raros espaços decididamente abertos a mentalidades inventivas, capaz ainda de dar continuidade ou novas conseqüências a atitudes experimentais inauguradas com o cinema de vanguarda dos anos 20, o cinema experimental dos anos 50-60 e a vídeoarte dos anos 60-70”. Ainda pela visão de praticidade, ele é um formato enxuto e concentrado, de curta duração, de custos 2

relativamente modestos se comparados com os de outras mídias como de um filme ou programas de televisão, e tem também um amplo potencial de distribuição. O videoclipe também possui uma grande vantagem perante as grandes mídias pois deu a possibilidade de a primeira vez que certas atitudes transgressivas no plano da invenção audiovisual encontrarem finalmente um público de massa. Isso se torna importante em um quadro totalmente de “uniformidade” de programas, novelas e filmes totalmente comerciais e que seguem padrões pré-estabelecidos, sem que se possa abrir qualquer brecha para expressões artísticas inovadoras. O videoclipe que geralmente seguia estes moldes “tradicionalmente associados ao gosto e comportamento de teenager”, chega a uma fase mais amadurecida em que usa novos moldes e propostas.

2.2 Videoclipe Nos primeiros 50 anos do século 20, o homem teve consciência do poder da imagem e o quanto a televisão poderia auxiliar no âmbito da informação e do entretenimento. E com a popularização desse meio houve uma mudança de hábitos que mudou irreversivelmente o modo de vida das pessoas. As relações agora eram, quase sempre, mediadas por imagens ou por conceitos que a televisão introduzia na sociedade. Aproveitando-se disso os grandes empresários acharam nesse meio um modo de vender mais eficiente do que em qualquer outro meio. A venda agora não estava somente centrada em produtos, mas em modos de vida, comportamentos, etc. Inicialmente criado por um apelo mercadológico o videoclipe vem mudando a alguns anos essa visão. Ao invés de vídeos “tradicionalmente associado ao gosto e ao comportamento de teenagers” e apenas idolatrando a vida de “pop stars”, os videoclipes assumem agora uma identidade mais artística. “O videoclipe antes de qualquer coisa, serve para materializar a música.” É o que pontua o grupo de pesquisa de ISCA, instituição de Limeira, SP. O videoclipe propõe uma harmonia entre letra, musica e imagem, fazendo com que o entendimento da mensagem seja muitas vezes facilitado. Esse processo é baseado na idéia de “o que o diretor quis transmitir” e o que “o que o receptor filtrou desse conteúdo”. É um processo de capacidade semiótica, aonde o diretor quer mostrar um novo ângulo de vida através dos conceitos, letras e estilo da banda e que o receptor filtra de acordo com o que está passando no momento, de sua cultura ou de uma interpretação diversa.

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Esse meio de criação que mescla vídeo e musica também abrange outros conceitos de interpretação. “Ao se juntar visão e audição é criado todo um plano sensorial ativado e percepção neurológica, essa capacidade é chamada de sinestesia.” Ou seja, o clipe musical é perceptível a todos e não só a uma minoria “intelectual”.

O entendimento é pautado apenas por seus sentidos no seu filtro

“cultural”. Como já dito esse tipo de material audiovisual surgiu com um grande apelo mercadológico. Contudo posteriormente ficou marcado por seus exemplos de atitudes transgressivas e inovadoras diante do que estava sendo feito no cinema e na televisão. Como disse Arlindo Machado: “(...) o velho clichê publicitário segundo o qual o clipe se constrói a partir da exploração da imagem glamorosa de astros e bandas da musica pop vai sendo aos poucos superado e substituído por um tratamento mais livre da iconografia”.

Ao invés de mostrar as bandas e seus instrumentos, os clipes agora buscam também mostrar animações e tendências abstratas ou surrealistas. Imagens “sujas”, mal iluminadas, tremidas e mal focadas dão uma sacudida num mundo acostumado às regras da perfeição de tratamento, dos estereótipos. A sensibilidade agora é levada às ultimas conseqüências. O ritmo é mais importante que a produção de uma simples “historinha” ou a filmagem de instrumentos. As imagens se transformam em “estímulos visuais(cor, movimento, ritmo). O clipe é transformado em um emaranhado de vetores que dão vida a melodia, em movimentos quem nem sempre tem um “sentido”. Quando se fala da linguagem apresentada nos videoclipes existem vária referências diversificadas, pois salvo os interesses mercadológicos, o videoclipe é um campo de experimentação amplo e aberto a novas possibilidades Há clipes em que se observa a repetição na estrutura (música e roteiro) montada a partir de convenções da música pop. Outra referencia seria a linguagem publicitária utilizada nos videoclipes e o inverso: a propaganda se utilizando da linguagem do videoclipe. Podemos ainda mencionar a referencia que se faz a linguagem fílmica e também o contrário: a linguagem do videoclipe sendo referência e incorporada pelo cinema. O videoclipe também busca referência no formato videoarte, que nada tem a ver com a linguagem da televisão e muitos menos do cinema. A narrativa descontínua é muito presente neste gênero, seria a “estética do vago” com uma linguagem constituída mais de ruídos do que de sinais. A videoarte é a indeterminação elevada à categoria estética, na qual o sentido se desfaz, é uma busca por extensão e polifonia. Enquanto o 4

cinema trata a imagem como quase sagrada o vídeo tem uma postura diferente e ousada para desconstruir a imagem. Um vídeo é a construção em ritmo acelerado de imagens sobrepostas, e que transmitem no receptor a idéia e a concepção do diretor, e que provoca no receptor uma reação, através de sua familiaridade e singularidade. Dessa forma, o receptor, através do som e da imagem cria processos dedutivos de maneira direta e instantânea. Essa possibilidade é devida graças à televisão e sua elaborada construção de imagens por de pontos e lacunas vazias. Em A arte do Vídeo, Arlindo Machado atesta essa habilidade da televisão, e exercita o telespectador a perceber essas frestas vazias que é natural do aparelho, pois ver televisão é: [..] antes de mais nada, preencher os intervalos que fraturam a figura e completar os dados que foram suprimidos na enunciação para poder dar consistência à imagem, [..] A percepção das formas e a combinação das cores no vídeo, dependem, portanto, de certo empenho do espectador no sentido de fazer emergir a configuração plástica final .(MACHADO, 1997, p.60)

Toda essa acepção de conceitos e técnicas que o receptor precisa ter ao se deparar com o produto audiovisual o fortalece de meios para a sua identificação quando este emana características comuns ao seu redor. Tanto a imagem, como o vídeo são concepções artísticas inseridas no que é largamente conhecido como comunicação visual. Todas as imagens sejam cartazes, impressos, publicidade, e os vídeos, sejam jornais, jogos, videoclipes, são elementos desse tipo de comunicação, ou seja, tudo o que pode ser visto e que o receptor encontra o significado, codificando-o. A junção da música com a imagem potencializa as possibilidades de codificação da mensagem. O áudio mais imagem recriam um plano imagético espacial, tridimensional, criando recursos para o espectador entender, compreender e interpretar. E é justamente essa relação imagem - áudio que é tão importante para a construção de um videoclipe e que gera muito significados em torno da musica e do artista. A semiótica surge então como instrumento que auxilia e nos embasa para interpretar e codificar as possíveis mensagens em uma obra audiovisual, seus signos e seus significados. Santaella (1983): [..]A semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção,de significação e de sentido.

A semiótica busca entender e estudar como a nossa consciência se comporta e se relaciona mediante os signos que nos são revelados. Mas é preciso entender como estes nos são revelados. Charles Pierce, um dos maiores estudiosos neste campo, salientava 5

que todo e qualquer pessoa era capaz de conhecer através do fenômeno, comum à tudo e a todos. O fenômeno seria o canal de entrada do conhecimento para os signos. Ou seja, é através da consciência, (esta, que foge o pensamento racional). O conhecimento é adquirido instantaneamente através de uma escala de três momentos distintos: Qualidade, Reação e Mediação, ou Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. Cada qual desses estágios, referindo-se ao sentimento primordial do que é novo: (Primeiridade) ou seja, aquilo que é perceptível pela primeira vez. Que é novidade, que existe pelo fato de ser, que tem nossa percepção imediata sem consultarmos o nosso intelecto racional. Quando passamos dessa fase, atribuímos então o significado da existência (Secundidade) pois, ela apresenta-nos com carga de valor, quando compreendemos o signo e conhecemos seu conteúdo. Quando representamos o que nos rodeia através dos signos e propomos então um significado (Terceiridade). Este rápido pano de fundo para o conhecimento acerca da semiótica mostra sua importância quando nos deparamos com a música e seu contexto na realidade social e midiática que nos auxilia a compreender e contextualizar o que se quer traduzir em audiovisual, no videoclipe. Não podemos esquecer que o videoclipe também é pode ser percebido como produto cultural de uma industria cultural e fonográfica. O fenômeno da indústria cultural – um produto da Revolução Industrial, capitalismo liberal, economia de mercado e sociedade de consumo – surge no cenário da produção cultural. A partir do século XX, os meios de comunicação de massa (como a TV e o rádio) deram as bases para a cultura de massa, que é produto da indústria cultural: a massificação da cultura, o fazer em série para grande número de pessoas. A indústria cultural impede a formação de

indivíduos

autônomos,

independentes,

capazes

de

julgar

e

de

decidir

conscientemente. Na perspectiva de Adorno, o termo “indústria” se deve à racionalização das técnicas de distribuição, e não estritamente ao processo de produção, em que a cultura é consumida e comercializada como uma coisa qualquer. A reedificação, ou coisificação” do homem – o valor absoluto das coisas, dos bens, acima de qualquer coisa – resulta na alienação, em que o ser humano se limita a um mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, um objeto. E os jovens, dentro dessa ótica, passaram a receber passivamente uma mensagem divulgada pelos meios de comunicação através de uma linguagem jovial, atrativa e que representava um novo estilo: o estilo MTV. Dentro do conceito proposto por Adorno, o consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar: é só escolher. O sistema da indústria cultural reorienta as massas e 6

não permite que ela saia de seu contexto, para tanto, os esquemas do comportamento são expostos incessantemente – e a massa absorve esses esquemas como que por osmose. Portanto, o adolescente nesse contexto engoliria e reproduziria o que o meio propagasse, sem permitir uma crítica de si e da sociedade. Os videoclipes lançam modas, sejam com fins artísticos ou comerciais, induzindo o expectador a se vestir e agir conforme sua banda preferida, a consumir os seus produtos e ter determinado estilo. Nessa ótica, poderia se afirmar que é o sistema capitalista comandando a cultura. “Os videoclipes tornaram-se um novo referencial para a apreciação estética da música associada a uma forma de oferecer um produto ao consumo.Inegavelmente, pela indústria fonográfica, vídeos musicais são formas de exposição de um produto que está à venda, um apelo ao consumo. Sua estética une técnicas apuradas do cinema e da publicidade, a liberdade de criação de film makers e um universo simbólico que visa à expressão do sentido da canção e da personalidade do artista”. (MACHADO,1997)

2.3 Coldplay- Os Universitários Ingleses

O grupo Coldplay é mais uma banda produto de universidades. O quarteto formado por Chris Martin, Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion começou apenas com Martin e Buckland que estudavam juntos na University College London. A banda que inicialmente se chamava Pectorals, posteriormente com a entrada de mais membros mudou seu nome para Starfish e finalmente, com o quarteto completo, se tornou o Coldplay que conhecemos hoje. Essa jornada vem desde 1996 com o crescimento da banda a cada ano. O primeiro EP chamou-se Safety EP e foi lançado em 1998 com apenas 500 cópias. Em dezembro do mesmo ano, a banda assinou contrato com a gravadora independente Fierce Panda. O primeiro lançamento com a gravadora foi Brothers & Sisters EP que haviam gravado rapidamente durante quatro dias em fevereiro de 1999. Depois de concluir seus exames finais, o grupo assinou com a Parlophone para um contrato com lançamento de cinco álbuns, na primavera de 1999. Foi nessa época que lançaram seu terceiro EP, intitulado The Blue Room. Foram produzidas 500 mil cópias. Em 2000 a banda inglesa lançou sua primeira música de reconhecimento mundial, “Yellow”. A canção fazia parte de seu álbum de estréia, Parachutes, que também teve como destaque a música “Trouble”. Depois disso vieram vários outros álbuns como “A Rush Blood to the Head”, “X&Y” e “Viva la Vida or Death and All 7

His Friends”. Dentre esses álbuns estão algumas das músicas sucesso da banda como “In my Place”, “Clocks” , “The Scientist”, “Talk”, “Fix You” e a música a qual o videoclipe analisaremos aqui, “Don‟t Panic”. O estilo musical do Coldplay foi definido como rock alternativo, sendo comparado muitas vezes a bandas como Radiohead e Oasis. O som da banda é imerso em uma atmosfera “romântica” carregado de solos de piano e palavras de um lirismo único. O pop melódico da banda é conduzido por composições do pianista e vocalista Chris Martin com todas as suas “esperanças, medos, duvidas e amores”. Conduzindo os olhares para seus videoclipes podemos ver que seguem a sua linha “art rock”, com clipes mais artísticos que “comerciais”. Quanto a isso cabe falar também a posição da banda diante da “comercialização” de suas músicas, pois a banda já recusou contratos milionários para usarem suas canções alegando “não vender os significados de suas músicas”. A banda possui clipes feitos em “stopmotion”(como a nova música “Every Teardrop Is A Waterfall”), também podemos encontrar o grande plano sequência de “Yellow” e a fotografia dos clipes de modo geral com uma paleta de cores sempre entre o azul e cinza, sempre “segurando” as cores.O Coldplay, não sabemos se pela “frieza” britânica, deixa transparecer toda essa melancolia em seus clipes e músicas. 3. METODOLOGIA A metodologia aplicada para o desenvolvimento do presente trabalho inclui abordagem qualitativa, com coleta de dados secundários, baseada em pesquisa bibliográfica; leitura de livros, documentos e periódicos e pesquisas na Internet4.

4. RESULTADOS 4.1 Videoclipe Da Música Don’t Panic – Uma Análise "Don't Panic" foi composta pela banda e originalmente intitulada "Panic", a versão mais antiga conhecida da canção existia em 1998, tocada ao vivo durante o primeiro show da banda no mesmo ano. Ela tinha uma melodia diferente, e foi incluída no segundo EP da banda, The Blue Room. A faixa foi reproduzida por Coldplay e pelo produtor britânico Ken Nelson para o álbum de estreia da banda:Parachutes.

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Site <www.youtube.com>

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O videoclipe de "Don't Panic" foi dirigido por Tim Hope. O vídeo começa com um diagrama animado do ciclo hidrológico, em seguida, retrata a banda como dois recortes de papel tridimensionais fazendo tarefas domésticas, quando de repente uma catástrofe atinge a Terra sob as formas de inundações, vulcões e choques elétricos. Tal como nos vídeos anteriores do Coldplay, "Don't Panic" também apresenta o globo amarelo da capa de Parachutes. Partindo do pressuposto de que o videoclipe é muito mais que uma canção com imagem para promover uma banda, e sim um espaço aberto para experimentações tanto estéticas quanto lingüísticas no campo do audiovisual, "Don't Panic" explora bem as simbologias e signos carregados de ironia, mostrado pela não identificação exata da imagem com a letra da música e muito menos a melodia. Essa riqueza em linguagem não torna o videoclipe algo pesado e confuso, mas é carregado de significado e não de forma gratuita de mostrar a destruição e sim nos mostrar que o nosso belo mundo, onde as coisas são tão boas não é bem assim; de forma leve a música nos passa a impressão de segurança e aconchego, mas em suas imagens a destruição e o modo que tudo é destruído nos espanta, pois até os participantes do clipe, que são a própria banda, não estão reagindo a nada que passam e sim a uma adaptação fácil ao ambiente. Essa metáfora poderia ser aplicada aos dias atuais, pois tudo se transforma ou se destrói mas sempre achamos uma maneira de sobreviver ou nos adaptar as mudanças e nossas próprias destruições, continuando apáticos e inertes. Assim o videoclipe passa de mera obra onde se veicula em TVs de salas de esperas lanchonetes e afins, para uma significação profunda de uma obra contestadora e irônica de forma artística. Mesmo que se tenha fins de lucro em qualquer videoclipe, não são obras isentas e assim como em "Don't Panic" são super elaboradas não só no sentido imagético mas ideológico também . Assim obras audiovisuais como os videoclipes tem poder de questionar e transformar a arte em linguagem que é capaz de nos fazer refletir. Sobre a questão de se poder experimentar em um videoclipe, aqui podemos encontrar uma representação bem interessante para toda essa ironia e linguagem e significado desta situação de destruição. O recurso de animação e colagens digitais juntamente com imagens „reais‟ formam um ambiente fictício porem de identificação. Pois a destruição está presente mas de forma inovadora e não de forma tradicional que imagens „reais‟ de catástrofes são usadas. É criado um mundo novo, um novo ambiente para esse videoclipe. A apropriação do real na linguagem audiovisual é muito rica podendo mostrá-lo de formas 9

estilizadas fragmentadas e o videoclipe permite uma maior contestação pois o que é considerado muitas vezes erro em outras produções aqui e em "Don't Panic"

é

considerado recurso estético belo e ousado. A realidade de um videoclipe é a própria duração dele, ou seja, o mundo é inventado, questionado mas dura somente o tempo de videoclipe podendo variar para cada um e criar novos mundos. "Don't Panic" em sua apropriação diferenciada de acontecimentos reais, traz um distanciamento também e interpretar que isso não é em nosso mundo e sim no imaginativo, mas alguns elementos nos remetem a essa identificação: o rosto dos personagens, o uso do ciclo hidrológico, o indicação do planeta terra e as construções de cidades e a destruição do meio ambiente e o fato da letra e o vídeo dizer que tudo está afundando. E é essa a ligação mais coerente, pois a musica diz que tudo está acabando mas no refrão ele já ironiza e contradiz com isso. O vídeo retrata muito bem essa ligação de uma hora concordar com a letra e hora discordar por meio da destruição e inerte dos personagens. E é onde o vídeo e musica se encontram na letra :

Don't Panic Bones sinking like stones All that we fought for Homes, places we've grown All of us are done for And we live in a beautiful world Yeah we do, yeah we do We live in a beautiful world Bones sinking like stones All that we fought for Homes, places we've grown All of us are done for We live in a beautiful world Yeah we do, yeah we do We live in a beautiful world We live in a beautiful world Yeah we do, yeah we do We live in a beautiful world

Sem Pânico Ossos afundando como pedra Tudo por aquilo que lutamos Lares, lugares que criamos Todos nós estamos acabados E nós vivemos num belo mundo, É, vivemos, é vivemos Nós vivemos num belo mundo Ossos afundando como pedra Tudo por aquilo que lutamos Lares, lugares que criamos Todos nós estamos acabados Nós vivemos num belo mundo É, vivemos, é vivemos Nós Vivemos num belo mundo Nós vivemos num belo mundo É, vivemos, é vivemos Nós Vivemos num belo mundo

Oh, all that I know There's nothing here to run from 'Cos yeah, everybody here's got somebody to lean on Oh, todo aquele eu conheço Não há nada do que fugir aqui 10 Pois é, todos aqui conseguem alguém em quem se apoiar

5. CONCLUSÃO A construção da linguagem de uma música pode ficar muito mais rica e polifônica se utilizarmos o vídeo como construtor do significado. Assim como em “Don’t Panic,”,o vídeo foi utilizado para acentuar e amplificar as possibilidades narrativas e as experiências de significação e

interpretação , utilizando recursos

gráficos para o aprimoramento e experimentação da técnica convencional de se fazer vídeo e aliar reflexão e conhecimento através da linguagem áudio/vídeo. Assim o videoclipe pode ser uma ótima ferramenta de se fazer arte de forma musical e visual ampliando nossa percepção de mundo e de realidade, nos levando a reflexão e ao debate de questões ligadas a nos mesmos, podendo inventar e ser criativo ao fazer isso. Num mundo onde as imagens ganham significado mas ao mesmo tempo perde, pois estamos já rodeados delas, o recurso é utilizar da imagem o diferencial que elas nos possibilitam de gerar impacto e ser diferente, inovar de forma reflexiva, pensada, inteligente e não reprodutora de discursos e modos de linguagem e sim produtora de conhecimento. BIBLIOGRAFIA MACHADO, Arlindo, A Arte do Vídeo, 3ª ed. São Paulo, Brasiliense 1995. MACHADO, Arlindo. A Televisão levada à Sério, 4 ed. São Paulo, SENAC, 2005 SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica, São Paulo, Brasiliense, 1996 DON‟T PANIC - COLDPLAY

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