Vertigem – 200 dúvidas a respeito: Parte 1 Categoria(s): Fisioterapia, Otorrinolaringologia geriátrica, Saúde Geriátrica 30/11/2007 Por: Prof. Dr. Armando Miguel Jr
1. Labirintite (sic) tem cura? Sim, labirintite tem cura. A idéia de que não é possível curar a vertigem é errônea, freqüentemente oriunda da falta de conhecimento sobre os distúrbios labirínticos e de erros diagnósticos e terapêuticos. 2. O que é tontura? A tontura, também denominada tonteira, zonzeira, atordoamento ou estonteamento, é a sensação de perturbação do equilíbrio corporal. Pode ser definida como uma percepção errônea, uma ilusão ou alucinação de movimento, uma sensação de desorientação espacial de tipo rotatório (vertigem) ou não-rotatório (instabilidade, flutuação, oscilações, etc) desequilíbrio e distorção visual (oscilopsia). 3. Por que algumas pessoas que sofrem de tontura apresentam perda de memória e falta de concentração mental? Devido às inter-relações entre o sistema vestibular e as diversas áreas do cérebro, pode ocorrer a falta de memória, a dificuldade de concentração, fadiga, além de, insegurança física, psíquica, irritabilidade, perda da autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico. 4. Quais são os mecanismos do equilíbrio? O nosso equilíbrio é regido por inúmeros processos que envolve os estímulos musculares (fusos musculares e reflexos de estiramento), estímulos posturais (mudanças lineares ou angulares na posição da cabeça em relação a terra e ao corpo), que ativam os receptores vestibulares (células ciliadas dos canais semicirculares e dos órgãos otolíticos. Estes estímulos nervosos, percorrem a espinha, penetram no tronco encefálico e vão terminar no complexo de núcleos vestibulares situado na porção mais alta do bulbo, invadindo a ponte. A figura ilustra as várias estruturas envolvidos nos reflexos do equilíbrio, como os orgãos do sentido (fuso muscular, olho, vestíbulo) e os centros cerebrais, feixes vestíbulo-espinais e espino-cerebelares, núcleos vestibulares, núcleo oculomotor (III) núcleo troclear (IV) núcleo abducente (VI), nervo vestibulococlear e cerebelo.
A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal, revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas janelas oval e redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol – relacionada com a audição, e uma parte posterior – relacionada com o equilíbrio e constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares. 5. O que é vestibulopatia? Vestibulopatia é a designação genérica para os distúrbios do equilíbrio corporal sediado no sistema vestibular periférico ou central. 6. O que é vestibulopatia periférica? Tanto a vestibulopatia periférica como a central têm os mesmos sintomas de tontura, porém, as vestibulopatias periféricas podem apresentar, perda da audição, zumbido, sensação de pressão ou desconforto no ouvido, ânsia de vômito, sudorese fria e palidez. 7. O que é vestibulopatia central? Além da tontura, a vestibulopatia central apresentam incoordenação motora (ataxia), visão dupla (diplopia), perda da força parcial ou total dos músculos da face, dificuldade de engolir (disfagia), fraqueza, distúrbios de sensibilidade. 8. O que é labirintite? O termo correto é labirintopatia, que é a afecção determinada por comprometimento do ouvido interno (labirinto). Labirintite seria a inflamação do labirinto, que é uma condição rara.
9. Quem costuma ter mais tonturas o homem ou a mulher? Cerca de 10% da população mundial tem algum tipo de tontura e esta pode ser de origem central ou periférica. Na mulher a incidência é maior que no homem (aproximadamente 2:1) e ao se investigar as causas da tontura verifica-se que todas as citadas pela literatura incidem também na mulher e com o agravante de que a variação hormonal normal ou anormal influencia no funcionamento do ouvido interno; o que pode ocasionar ou agravar a tontura e, com isso, pode-se ter uma paciente com os sintomas de “tensão pré-menstrual” que tem também tonturas. 10. Quais são os tipos de tonturas? Tontura, tonteira, zonzeira, atordoamento, vertigem, estonteamento, é a sensação de perda do equilíbrio corporal. Pode ser do tipo rotatório (vertigem), ou não rotatório (instabilidade, flutuação, oscilações), desequilíbrio e distorção visual (oscilopsia). 11. A vertigem das alturas é uma doença? Não, a vertigem das alturas, assim como, as cinetoses (tonturas com o movimento, p.ex barco), as vertigens auditivas, as proprioceptívas (por movimentos bruscos e amplos da cabeça), constituem alguns tipos de tonturas fisiológicas. 12. Por que muitas tonturas parecem não ter cura? Em muitos pacientes o diagnóstico da causa da tontura não são feitos de forma apropriada e causa real não é identificada. Nesses casos, o tratamento é apenas parcial, insuficiente, puramente sintomático (medicamentos para “circulação”) e os insucessos terapêuticos prevalecem. 13. Quando procurar um especialista? No primeiro sintoma. Muitas vezes, as pessoas, se auto-diagnosticam e se auto-medicam no primeiro sintoma de tontura. Julgam que o sintoma apresentado, foi decorrente de algum exagero alimentar, de um momento de estresse, de um nervosismo, e que logo vai passar. Aceitam, prontamente, o conselho medicamentoso de um amigo ou vizinho. Geralmente, o segundo episódio é mais forte que o obriga a procurar um pronto-socorro, no plantão noturno, recebe um medicamento e nenhum estudo diagnóstico. O correto, para não deixar a doença se torne crônica, é procurar um médico de confiança que certamente o encaminhará para um otorrinolaringologista, já no primeiro episódio de tontura. 14. Como diagnosticar a causa da tontura? O passo inicial para o diagnóstico é a história clínica, seguida de uma boa avaliação no contexto da medicina geral, otológica e neurológica. Pois, a etiologia pode estar distante dos sistema vestibular. O sistema vestibular é de tal forma sensível à influência de distúrbios em outras áreas do corpo, que as tonturas podem surgir antes dos sintomas da doença principal.
O passo seguinte é a avaliação bioquímica dirigida, exames indicados pelos clínica do paciente, como radiografia do tórax, eletrocardiograma, eletroencefalograma. Complementa o estudo os exames otoneurológicos. 15. Quem deve cuidar do paciente com tontura? A abordagem terapêutica é multidisciplinar, ou seja, vários profissionais, devem estar envolvidos no processo de cura. Consiste em um grupo de medidas concomitantes (tratamento etiológico, medicamentos, reabilitação auditiva e/ou vestibular, correção de possíveis erros alimentares, orientação de mudança de hábitos, eventual acompanhamento psicológico, etc) capitaneadas pelo médico otorrinolaringologista e/ou clínico geral ou geriatra. 16. O que é ototoxicose? Ototoxicose é a lesão do aparelho auditivo por alguma substância tóxica. Muitos são os medicamentos (antiinflamatórios, antibióticos, hipotensores, hipoglicemiantes, etc) que podem lesar o aparelho vestibular e causar as tonturas. O mesmo, pode ocorrer com os inseticidas, produtos de limpeza, solventes, etc. Quando se pensa nesta etiologia, deve-se afastar rapidamente o produto suspeito. 17. Uma “gripe” pode provocar “labirintite”? Sim, trata-se de uma infecção com possível etiologia viral, a neurite vestibular, relativamente comum, que ocasiona uma crise vertiginosa súbita. A intensidade do ataque e o tempo até a cura podem variar, mas o que costuma ocorrer é uma progressiva, até completa, recuperação. O episódio geralmente é único. Não existe tratamento específico, apenas repouso. Os exames laboratoriais ajudam no diagnóstico. 18. Um trauma no pescoço pode causar “labirintite”? Sim, trata-se da chamada síndrome cervical, que se manifesta com dores na nuca, limitação dos movimentos do pescoço, formigamento nas mãos e sem dúvida o quadro de tontura. Pode ser decorrente da chamada síndrome da chicotada (whiplash injury) quando a cabeça faz um movimento rápido como um chicote, inflamatória, osteoartrites. 19. A pressão arterial alta pode causar tonturas? A hipertensão arterial é uma das causas mais freqüentes de tonturas. Com o controle da pressão os sintomas desaparecem. Caso isso, não ocorra, deve-se pensar em micro infarto cerebral, especialmente na região do cerebelo. 20. A enxaqueca é causa ou conseqüência da tontura? É muito comum a associação de enxaqueca e vestibulopatia, recebe o nome de enxaqueca vestibular. As possíveis causas dos distúrbios vestibulares podem ser também fatores desencadeantes da enxaqueca e o tratamento deles beneficia a melhora das duas doenças.
21. O jejum é bom para combater a labirintite? Não, a hipoglicemia é um dos fatores que podem desencadear as crise de laberintite. Assim, o jejum é prejudicial aos pacientes com labirintite. O ideal é não ficar mais de 3 horas sem se alimentar. 22. Quando deve-se tomar de água para ajudar no controle da vertigem? Na fase aguda é muito comum os vômitos, que se forem muito intenso leva a desidratação. Deve-se repor líquidos por via endovenosa (soro fisiológico). O ideal é tomar quatro a seis copos de água durante o dia. 23. O repouso é bom para vertigem? Não, deve-se evitar o repouso excessivo. 24. Quais os alimentos devem ser evitados? Deve-se restringir o uso de açúcares de absorção rápida (refinado, mascavo, cristal, demerara, mel), café, chá, chocolate e alcool. 25. O uso concomitante de vários medicamentos pode ser causa de vertigem? Sim, O uso simultâneo de vários medicamentos é muito comum, principalmente nos idosos, e esta polifarmácia pode ser a causa ou fator de piora dos quadros de vertigens. Esses casos devem ser analisados com os vários profissionais envolvidos no tratamento, tentando-se manter apenas os medicamentos indispensáveis. 26. Quais medicamentos são mais perigosos? Medicamentos anti-depressivos, ansiolíticos, indutores do sono, hiponóticos, diuréticos, antiinflamatórios não hormonais e moderadores de apetite. 27. O fumo é permitido? Não, o fumo agrava os sintomas de vertigem, mesmo para os fumantes passivos. 28. Como deve ser as refeições no dia a dia? No dia a dia, o desjejum deve ser substancial, colação, almoço, lanche e ceia leve. Evitar longos períodos sem se alimentar. 29. Como se faz o equilíbrio? O equilíbrio é uma função sensório-motora, ou seja, a manutenção do equilíbrio de uma pessoa depende de um conjunto de estruturas sensíveis dos sistemas visual, vestibular e proprioceptivo (tendões e músculos do pescoço) nos núcleos vestibulares do tronco encefálico, sob coordenação do cerebelo. Todos estes centros nervosos são automáticos e nos não tomamos consciência do
seu funcionamento. Reagem aos reflexos oculares e espinhais. Os principais são o reflexo vestibulocular (RVO) e o reflexo vestibulo espinhal (RVE). 30. A gravidez pode ocasionar tonturas? Sim, no período gravídico, pelas alterações endócrinas do pâncreas, com seu aumento de produção de insulina, incrementam os períodos de hipoglicemia e alteram o funcionamento da orelha interna, podendo desencadear alguns sintomas neurovegetativos e labirínticos (desequilíbrio, náuseas e vômitos). O tratamento adequado é verificar os episódios de hipoglicemia e adequar a dieta a esta importante fase da vida da mulher. 31. Quais os exercícios físicos são indicados? Todos os exercícios físicos adequados para as condições físicas e clinicas de cada paciente devem ser incentivado. 32. Quais exercícios físicos são contra-indicados? Os exercícios contra-indicados são os de competição, os de natação, os que envolva mudanças bruscas de posição. A princípio a dança de salão não é contra-indicada. 33. A hidroginástica é contra-indicada? Se o paciente tolerar os exercícios e realiza-los de forma lenta, esses darão autoconfiança e ajudarão na recuperação. 34. Todo paciente com vertigem deve fazer avaliação da audição e do equilíbrio corporal? Sim, Não é rara a situação em que o paciente com tontura recebe a informação que tem “labirintite”, sem ter feito nenhuma avaliação prévia, e passa a ser medicado de forma empírida, geralmente com vasodilatadores. O sucesso deste “tratamento” é pequeno e, os riscos de retardar o diagnóstico de uma doença grave, pode ser muito grande. A demora na obtenção do diagnóstico correto pode causar sérios prejuízos para o paciente. 35. O tratamento inicial da labirintite é com medicamentos? Não, o diagnóstico correto do quadro é fundamental, existem inúmeros processos envolvidos no controle do equilíbrio e o uso de medicamentos pode prejudicar a realização do diagnóstico correto. 36. Quais são as causas da labirintite? As vertigens geralmente são causadas por distúrbios do sistema vestibular. As tonturas de natureza puramente visual, neurológica ou psíquica são raras. Existem mais de 300 quadros clínicos diferentes e já se identificou mais de 2000 agentes causais.
37. Identificada e removida a causa, a vertigem acaba? O tratamento da causa da vertigem costuma não ser suficiente para eliminar a vertigem e os sintomas associados. É comum a vestibulopatia persistir em atividade mesmo com a erradicação da causa. A disfunção vestibular, uma vez iniciada, pode prosseguir de forma independente da evolução do fator que a provocou. Neste sentido é muito importante a terapia de reabilitação vestibular personalizada. 38. A tontura no idoso é diferente da tontura no jovem? Sim, geralmente os idosos são portadores de múltiplas patologia e fazem uso de vários medicamentos, isso faz com que, aproximadamente 50% dos idosos apresetem múltiplas etiologias para a tontura. 39. As múltiplas patologias que os idosos apresentam é um fator agravante para o diagnóstico? Certamente, múltiplas doenças podem causar deficiências sensoriais, tanto em nível periférico (artroses, diabetes, hipertensão, medicamentos,etc) como em nível central (AVCs, Doença de Parkinson, etc). Dai, ser difícil o diagnóstico da disfunção vestibular, mesmo porque, as queixas são inespecíficas, como, cabeça leve, falta de firmeza quando fica em pé. 40. O paciente com pânico pode apresentar tonturas? Sim, a hiperventilação, que é uma manifestação comum nas crises de pânico, ou em outras causas de ansiedade, pode causar tonturas. 41. Inflamação na orelha pode causar labirintite? Sim, inflamações bacterianas causando otite média (inflamação do orelha média), ou cirurgia da orelha média ou interna, podem causar vertigem e alteração da audição (disacusia), a chamada Labirintite Serosa. Nos casos das otites médias bacterianas, acredita-se que seja causada por toxinas que atravessam as janelas redonda e oval. O tratamento visa o controle da infecção com antibióticos.
42. Por que ocorre vertigem intensa nos casos de descompressão brusca? Viagens aéreas e mergulhos submarinos são causas de modificações bruscas da pressão atmosférica que podem provocar danos para as orelhas média e interna. Essas mudanças bruscas causam fístulas (pertúitos) da janela oval ou redonda ou rotura de membrana intralabiríntica. Os casos são extremamente graves e necessita tratamento cirúrgico urgente.
43. Existe tumor do nervo vestibular? Sim, o tumor do VIII par (Schwannoma e outros) provoca disacusia (alteração da audição) e/ou zumbido unilateral (lado do tumor), progressivos ou não. Eventualmente tonturas. Algumas vezes, os distúrbios circulatórios locais provocados pelo tumor levam à quadros de manifestações de comprometimento endolabiríntico. É importante o diagnóstico precoce (audiometria do tronco cerebral e ressonância magnética), para diminuir a morbidade provocada pelo tumor. O tratamento é cirúrgico.
44. O vírus do Herpes Zoster por causa labirintite? Sim, trata-se da Síndrome de Ransy Hunt, que caracteriza-se por quadro agudo, unilateral, com intensa dor no ouvido, paralisia facial periférica, perda da audição e vertigem. Pode ocorrer o aparecimento de vesículas no trajeto do nervo facial (pavilhão auricular e canal auditivo). O vírus invade os gânglios do VIII nervo e o gânglio geniculado do nervo facial.
45. O aumento do colesterol pode provocar vertigem? Sim, normalmente, as alterações no metabolísmo do carbohidrato, como no diabetes, são os que mais causam vertigem. Porém, o aumento do colesterol e/ou triglicérides podem causar vertigem, a chamada Labirintite Metabólica. O tratamento é o controle desses lípides. Não podemos esquecer que o próprio medicamento para o controle do colesterol pode causar tonturas.
46. Como se apresenta a vertigem nos casos de Esclerose Múltipla? Nos casos de esclerose múltipla os pacientes apresentam um quadro de surto de distúrbios locomotores e visuais, podem a tontura acompanhar o quadro. Nesses casos, a audiometria de tronco cerebral é o que revela a lesão. Podem ocorrer períodos de remissão até total dos sintomas entre os surtos dismielinizantes. Porém, como a doença é progressiva os sintomas se tornam irreversíveis.
47. A Síndrome do Pânico causa vertigens ou ao contrário? Na maioria das vezes a síndrome do pânico tem origem unicamente psicogênica (sistema labiríntico). Porém, em alguns casos a síndrome do pânico podem envolver o sistema vestibular ou até nele ter origem.
48. Quais as causas circulatórias da labirintite? As principais causas de labirintite nos idosos são: hipertensão arterial, hipotensão arterial, aterosclerose, arritmia cardíaca. Especialmente a síndrome cervical.
49. Como se apresenta as labirintites de causas auto-imunes? Os sintomas das labirintites de causas auto-imunes são bem variáveis, causando perda auditiva flutuante, súbita ou progressiva, além de tonturas.
5o. A Doença de Ménière pode ser provocada por outras doenças? Sim, existem inúmeras doenças desencadeantes e agravantes, como o diabetes, sífilis, doenças reumáticas, doenças da tireóide, cardiopatias e medicamentos. As alterações emocionais podem ocorrer por causa do quadro ou agrava-lo.
51. O que é Labirintite Luética? A labirintite luética é o comprometimento vestibulococlear pela sífilis, resultando em um quadro semelhante a Doença de Ménierè. Na lues, o quadro geralmente é bilateral, podendo ser assimétrico, e o paciente apresenta um baixo reconhecimento da fala. O diagnóstico depende do antecedentes clínicos e dos testes sorológicos.
52. O que é a neurite vestibular? A neurite vestibular é uma doença relativamente comum, que provoca crise vertiginosa aguda, acompanhada de náuseas, vômitos, sudorese fria, palidez. A intensidade do ataque e o tempo de remissão podem variar, mas o que costuma ocorrer é uma progressiva, até completa, recuperação. Acredita-se que a causa seja viral.
53. O que é a vertigem idiopática? A vertigem idiopática é um quadro agudo, com graus variados de hipoacusia e vertigem. Muitas vezes, não há uma causa aparente. Embora em cerca de 60% dos casos a surdez súbita neurossensorial tenha uma recuperação espontânea em poucos dias, quando ela é severa ou profunda e acompanhada por vertigens intensas, apresenta pior prognóstico.
54. A osteoartrose de coluna cervical pode causar labirintite? Sim, pode se manifestar por vertigem ou outra tontura, postural ou não. Eventualmente, acompanha zumbido ou perda auditiva discreta. Dores na nuca, limitação dos movimentos do pescoço e parestesia (formigamentos) nas mãos fazem parte do quadro.
55. O que é o sistema proprioceptivo no equilíbrio corpóreo? O nosso equilíbrio depende fundamentalmente de três sistemas: 1. olhos, 2. labirinto e 3. sistema proprioceptivo. o sistema proprioceptivo é composto por, sensores denominados exterorreceptores, situados na pele, que nos dão conciência da posição do corpo no espaço, e os sensores denominados enterorreceptores, profundamente situados nos tendões, articulações e músculos, que nos informam a posição em que se encontram as diversas partes do corpo (este sistema é fundamental para o equilíbrio nos cegos).
56. Quais os tumores que ocupando a região pontocerebelar ocasionam vertigem? Os tumores podem ser primários do sistema nervoso central, como o schwanoma vestibular, meningeoma, astrocitoma, neurinomas, e os tumores secundários como as metástases, neurocisticercose, colesteatomas, granuloma de colesterol.
57. O que é o neurinoma do acústico? O neurinoma do acústico é um tumor que se origina na divisão coclear do nervo vestibulococlear.
58. O que é labirintite idiopática? Em 25% dos casos não se consegue identificar o agente responsável pelo quadro de tontura, esse casos são chamados de labirintopatia idiopática.
59. Quando viro rapidamente a cabeça ficou com tontura, qual o motivo? Este tipo de sintoma, tontura ao virar rapidamente a cabeça, é muito comum na espondiloartrose cervial, (degeneração da coluna cervical, osteofitose marginal = “bico de papagaio” no jargão popular). A confirmação diagnóstica se faz com radiografia da coluna cervical e ecodoppler vascular das artérias vertebrais. Este quadro constitue a tontura cervical.
60. O que é tontura ou labirintopatia cervical? A tontura cervical é causada pela compressão da artéria vertebral por osteófitos (popularmente, bicos de papagaio). Dessa compressão resulta a diminuição do fluxo sangüíneo para o tronco cerebral, e disso a vertigem rotatória. O diagnóstico é feito por radiografia da coluna cervical, ecodoppler arterial das artérias vertebrais e artériografia vertebral. O tratamento poderá ser conservador com fisioterapia ou cirúrgico com remoção dos osteofitos.
61. O que é a Vertigem Posicional Benigna (VPPB)? A VPPB é uma vertigem à mudança de posição da cabeça, ao levantar-se ou olhar para cima. Os sintomas aparecem dias, meses ou anos depois em quadro clínico como doença de Ménière e outras formas de hidropsia endolinfática, equivalentes de migrânea, neurite vestibular ou insuficiência vértebro-basilar. A VPPB está relacionada com a disfunção ovariana, hiperlipidemia, hipoglicemia, hiperglicemia, hiperinsulinismo, distúrbios vasculares, trauma craniano, pós cirurgia otológica, etc. O substrato fisiopatológico é a presença de acúmulos de pedaços de estatolitos (cálculos) utriculares na corrente endolinfática de um ou mais ductos semicirculares (ductolitíase), ou sobre a cúpula da crista ampular de um ou mais dos ductos (cupulolitíase).
62. O que é o sistema vestíbulo-coclear? O sistema vestibulo-coclear é o sistema composto pelos canais semi-circulares (responsável pelo equilíbrio) e coclear (responsável pela audição). Este sistema está envolto por uma membrana (veja estrutura em destaque amarelo na figura), com líquido em seu interior banhando estas estruturas, externamente (perilinfa) e internamente (endolínfa). 63. Como este sistema linfático regula o equilíbrio? A redução da pressão perilinfática, decorrente de fístulas perilinfáticas, ou o aumento da pressão na endolínfa, como na doença de Ménière, podem gerar tonturas. Por tanto, a pressão da perilinfa e da endolinfa devem permanecer um níveis semelhantes, para que não ocorra distúrbios de equilíbrio.
64. Por que uma pessoa que faça um grande esforço físico, pode ficar com tonturas e problemas de audição por algum tempo? O esforço físico demasiado, a tensão interna (via explosiva), ou os mergulhos submarinos, a hiperventilação anestésica (via implosiva) podem ocasionar a fístula perilinfática, causando graus variados de perda auditiva e vertigens. 65. O espaço perilinfático pode ficar hipertenso? Quando existe um defeito no medíolo, ou o aqueduto coclear é excessivamente amplo, pode ocorrer um aumento da pressão da perilinfa, provocando a chamada Síndrome de Hipertensão Perilinfática. Veja na figura a relação entre o osso estribo (os três ossos que conduzem o son são; martelo, bigorna e estribo) e saco perilinfático pela chamada janela oval. O son que ouvimos é aplificado pelo conjunto desses três ossículo, transmitido ao sistema de endolinfa através da janela oval, que conduzirá até a cóclea, ao nervo auditivo até o cérebro. O quadro clínico da Síndrome de Hipertensão Perilinfática é de surdez. raramente distúrbios vestibulares. 66. A vertigem pode levar a perda da audição? Não, a audição pode ser normal. Há pessoas que sentem-se incomodadas com sons altos. Algumas pessoas sentem pressão nos ouvidos, distorção auditiva, diplacusia (sensação de ouvir o mesmo som com diferentes sensações nos dois ouvidos). A perda auditiva durante a crise labiríntica deve ser estudada. 67. O zumbido faz parte da labirintite? Os zumbidos podem estar presentes. É muito significativa o zumbido ou a alteração da perda auditiva durante a crise de vertigem. 68. O que é o teste do equilíbrio ou teste de Romberg? O teste de Romberg é feito com a pessoa em pé, de pés juntos, com os olhos fechados, durante um minuto. Em caso de lesão vestibular recente, não compensada, o corpo se inclina, com tendência a queda para o lado do labirinto lesado. 69. Como avaliar a marcha da pessoa com distúrbio do labirinto? A marcha é testada, inicialmente com a pessoa com os olhos abertos, depois com os olhos fechados. O médico acompanha o paciente de perto, pois pode ocorrer queda durante o teste. O paciente que tem distúrbio do labirinto anda com os pés afastados, abre a base de sustentação do corpo. 70. O que é a Doença de Ménière? A doença foi descrita por Ménière, em 1861, por tanto, a mais de 140 anos, e representa 20% das doenças que afetam o sistema vestibular. A pessoa apresenta crises vertiginosas freqüentes, perda auditiva e zumbidos. Os sintomas agravam-se com a progressão da doença, sendo que as vertigens podem tornar-se incapacitantes e a perda auditiva pode tornar-se intensa. Veja mais.
71. A doença pode acometer os dois ouvidos? A doença atinge os dois ouvidos em 50% dos casos, mas pode permanecer unilateral durante anos. 72. Por que ocorre a doença de Ménière? O substrato fisiopatológico da doença de Ménière é a hipertensão da endolinfa, líquido que irriga as estruturas sensoriais auditivas e vestibulares do labirinto (desenho de cor amarela na figura). A hipertensão endolinfática pode ser ocasionada pela deficiência de reabsorção da endolinfa no saco endolinfático, pelo excesso de sua produção ou por ambos os mecanismos. 73. O uso de diurético pode diminuir o volume de líquido do saco endolinfático? Não, já tentou-se “esvaziar” o espaço endolinfático utilizando-se diuréticos e recomendando dietas com restrição de líquidos e sal. Mas, na verdade, o volume da endolinfa, assim como da perilinfa, são sofre a menor influência, pelo contrário, pode intoxicar a área metabólica da orelha interna, agravando a audição do paciente. 74. Quais as causas que podem provocar a doença de Ménière? A causa da doença de Ménière pode ser reconhecida em mais da metade dos casos e nesses o melhor tratamento é o da causa básica. As possíveis etiologias: diabetes, hipoadrenalismo, hipopituitarismo, hipotireoidismo, deficiências nutricionais, alergia por inalantes ou alimentos, doenças auto-imunes, viroses, lues, trauma craniano, cervical, acústico, barométrico ou cirúrgico, distúrbios cardiovasculares, osteodistrofias da cápsula ótica, estreitamento de meato acústico interno, senilidade labiríntica, distonias neurovegetativas ou distúrbios psicossomáticos. 75. A diabetes pode causar a Doença de Ménière? Sim, doença de Ménière é decorrente da hipertensão da endolinfa, líquido que irriga as estruturas sensoriais auditivas e vestibulares do labirinto existem inúmeros fatores desencadeantes e agravantes, como o diabetes, sífilis, doenças reumáticas, doenças da tireoide, cardiopatias e medicamentos. No caso da diabetes, as crise de hiper e hipoglicemia são os fatores causadores das crises. 76. O que é o tremor do globo dos olhos na crise de labirintite? O movimento ritmado dos olho, tanto lateralmente, como verticalmente, chama-se nistagmo e é a parte mais importante do exame do sistema vestibular. 77. Por que ocorre o nistagmo? O nistagmo pode ocorrer no plano horizontal, que é o mais comum, ou vertical, ou oblíquo, ou ser rotatório, dependendo do canal semicircular do labirinto ou via vestibular afetada. Veja a figura.
78. Quais os medicamentos que podem ser utilizados nas vertigens? Muitos tipos de medicamentos podem ser utilizados nas vertigens, mas não podemos esquecer que eles são apenas parte do tratamento. Mudanças no estilo de vida, hábitos alimentares, exercícios fisioterápicos específicos, apoio psicoterápico complementam o tratamento individualizado para cada caso. Anticolinérgicos – escoplamina uso nos enjôos de transporte (via transdérmica) Anticonvulsivantes – hidantoína e clonazepam – usado nas vertigens não vasculares Antidopaminérgicos – clorpromazina, trifluoperazina, metaclopramida e domperidona – antieméicos usados nas fases agudas das afecções labirinticas Anti-histamínicos – buclizina, ciclizina – usados na prevenção das cinetoses (vertigem de movimento) Antagonistas de cálcio – cinarizina, flunarizina, benciclan e nimodipina – vertigem de origem vascular. Outros medicamentos – substâncias vasoativas – diidroergocristina, nicergolina, papaverina, betaistina, ginkgo biloba, pentoxifilina. 79. O que é neuronite vestibular? A neuronite vestibular são crises vertiginosas recidivantes (repetitivas), semelhante à doença de Ménière, mas sem os sintomas auditivos (surdez e zumbido). O exame otoneurológico, mostra hiporreflexia vestibular, uni ou bilateral, decorrente de atrofias de células receptoras labiríticas e/ou fibras nervosas. A causa pode ser tóxica, infecciosa, viral. ou desconhecida. O tratamento é sintomático até ocorrer a compensação labiríntica, ou seja um sistema labiríntico de um lado compensa o lado lesado. 80. O que nos informa o exame vestibular? O exame vestibular nos informa: a) se existe uma doença no sistema vestibular; b) se o problema é central (cérebro) ou periférico (labirinto no ouvido) e c) se o problema é somente de um lado ou de ambos. 81. Qual a composição anatômica do sistema vestibular? A base da otoneurologia é constituída pelo oitavo nervo craniano (vestibulococlear). Em vista disso, os otologistas e os otoneurologistas devem se ocupar no estudo do órgão receptor periférico (labirinto), do nervo condutor, das conexões e centros de projeção cortical, como ilustra a figura abaixo. O topodiagnóstico de processos que acometem as vias vestibulares centrais é difícil. A existência de quatro núcleos vestibulares bulbo protuberanciais primários e de intrincada conexões desses núcleos com o cerebelo, com a medula espinhal, com os núcleos dos nervos motores oculares, com agupamentos celulares da substância reticular e com núcleos secundários do mesodiencéfalo, colículos inferiores e corpo geniculados mediais, explicam as dificuldades diagnósicas das síndromes vestibulares centrais.
Devemos lembrar que ambos os territórios (periférico=labirinto e central = núcleos vestibulares e suas conexões) dependem de um sistema arterial comum, a artéria vertebral, assim, sua obstrução pode causar vertigem por isquemia do labirinto, artéria auditiva interna, como por lesão dos núcleos vestibulares, artéria cerebelosa posterior e inferior.
82. O labirinto é a estrutura responsável pelo controle do equilíbrio? Em parte. Quem controla todas as informações que chegam de todos os receptores situados no sistema visual, no sistema proprioceptivo e no próprio labirinto são os núcleos vestibulares (veja figura). Devemos recordar que o sistema proprioceptivo é composto pelos exterorreceptores (situados na pele e que dão consciência da posição do corpo no espaço) e os enterorreceptores (situados profundamente nos tendões, articulações e músculos, que nos informam a posição em que se encontram as diversas partes do corpo). 83. Se temos dois sistemas vestibulares, um em cada ouvido, por que sentimos tonturas? Em verdade existem dois sistemas vestibulares, o da orelha direito e o da esquerda. Estes dois sistemas devem enviar ao sistema nervoso central dados compatíveis uns com os outros. Quando um lado é afetado, ocorre uma diferença de tônus entre os dois lados do sistema e surge a vertigem. Sem as lesões ocorrem iguais em ambos os lados, não haverá diferença de tônus, a pessoa tem instabilidade, ou sensação de não pisar firme no chão, como se estivesse andando sobre espuma, mas não sente vertigens. 84. Por que em alguns tipos de vertigens a pessoa melhora, quase que expontâneamente, em outras não? O sistema nervoso central é capaz de adapta-se, gradativamente, fazendo uma perfeita compensação da diferença de tônus entre os dois sistemas labirínticos, deixando o paciente sem sintomas. Porém, para isso correr é preciso que a diferença de tônus entre os dois lados seja sempre a mesma, pois, caso exista flutuações, a compensação é impossível e o paciente apresenta episódios vertiginosos nos momentos em que a diferença se manifesta mais intensamente.
85. Como funciona os nervos vestibulares? Existem dois nervos vestibulares, em cada sistema vestibular, que correm junto com nervo coclear formando o nervos vestibulococlear (VIII par craniano). O nervo vestibular superior recebe os estímulos dos canais semicirculares lateral e superior, e do sáculo. Já, o nervo vestibular inferior recebe os estímulos do canal semicircular posterior e útriculo. Os dois nervos vestibulares enviam as informações para os núcleos ventral e dorsal localizados no tronco cerebral. Veja a figura. 86. Que tipos de doenças podem afetar estes nervos? Estes nervos podem ser afetados por processos infecciosos (neurites), tóxicos, degenerativos e neoplásicos (neurinomas). 87. O que é o Schwanoma vestibular? O schwanoma vestibular é um tumor benigno que origina-se primariamente das células de revestimento do nervo vestibular e representa de 6 a 8 % dos tumores intracranianos. O schwanoma vestibular cresce no ponto onde a bainha glial central do nervo encontra a bainha periférica, células de Schwann, transição esta que, geralmente, situa-se dentro do canal auditivo interno. Os sintomas do schwanoma são desequilíbrio e vertigem. Mesmo que o nervo vestibular seja totalmente destruído, o tronco cerebral e o aparelho vestibular contralateral compensam a perda e os sintomas diminuem. 88. Por que algumas pessoas que fizeram a cirurgia de redução de estômago para obesidade mórbida apresentam crises de vertigem? A causa mais comum parece ser a hipoglicemia reativa, provocada por hiperinsulinemia e má absorção intestinal de açúcar. Nesses casos, o diagnóstico é de labirintopatia metabólica e o tratamento é orientação dietética. Podemos confirmar a suspeita diagnostica com a dosagem da insulina sangüínea. 89. As doenças da tireóide podem causar vertigens? Sim, tanto o hipertireoidísmo (aumento do funcionamento da tireoide) como o hipotireoidísmo (diminuição do funcionamento da tireoide) podem apresentar labirintopatia metabólica. O hormônio da tireóide regula a nossa taxa de metabolísmo, aumentando e diminuindo o fluxo sangüíneo para todo o organismo, atuando no sistema adrenérgico. Nesse casos o tratamento da tireóide contra as crises vertiginosas. Não devem ser empregadas substâncias vasoativas, que costumam agravar o distúrbio hormonal. 90. O que é a reabilitação vestibular? A reabilitação vestibular (RV) é uma terapia utilizada no combate aos sintomas e sinais clínicos relacionados às disfunções vestibulares. A RV inclui exercícios específicos de olhos, cabeça e/ou corpo que estimulam a compensação vestibular e manobras físicas realizadas por especialista ou próprio paciente. Os especialistas, geralmente, são fisioterapeutas com formação nos exercícios de RV.
91. Como age no organismo a RV? A RV visa atingir a compensação vestibular pela estimulação fisiológica da neuroplasticidade (adaptações do sistema nervoso central) relacionada ao sistema vestibular. Os principais fenômenos dessa adaptação são: a) adaptação vestibular – ajuste das informações sensoriais relacionadas ao equilíbrio corporal às novas condições de funcionamento do vestibular; b) substituição vestibular – reposição da função vestibular diminuida ou ausente por outra informação sensorial (visual ou somastossensorial); c) habituação vestibular – diminuição ou abolição dos sintomas e/ou sinais vestibulares, mediada por exposição repetitiva aos estímulos sensoriais. 92. Quais as vestibulopatias que se beneficiam com a RV? Praticamente todas as vestibulopatias se beneficiam com a RV, especialmente as que cursam com inseguraça física, medo, falta de confiança no equilíbrio corporal. As principais indicações de RV são: vestibulopatias não compensadas, vertigem posturais, hipofunção labiríntica, cinetose e mal do desembarque (viajem de navios), oscilopsia, vestibulopatias em idosos. 93. Como se indica um tipo de RV para o paciente? Existem inúmeros exercícios e protocolos de RV, porém devem ser feito por especialistas treinados e experiente em reabilitação dos distúrbios do equilíbrio corporal e baseada sempre no diagnóstico otoneurológico e nas particularidades de cada paciente. 94. O que é o protocolo de Cawthorne & Cooksey? O uso de exercícios para o tratamento de indivíduos com doenças vestibulares começou na década de 1940 quando Cawthorne (Otorrinolaringologista) e Cooksey (Fisioterapeuta) introduziram exercícios físicos no tratamento de pacientes com doença de Ménière que haviam sido operados, tendo observado uma aceleração na recuperação destes pacientes. Exercícios vestibulares de Cawthorne e Cooksey implementam subsídios para que novos rearranjos das informações sensoriais periféricas aconteçam, permitindo-se que novos padrões de estimulação vestibular necessários em novas experiências, passem a serem a ser realizados de forma automática. Este treino do equilíbrio promove melhoras nas reações de equilíbrio com conseqüente diminuição na possibilidade de quedas. 95. Os medicamentos ajudam ou atrapalham a RV? Alguns medicamentos têm ação inibitória sobre o sistema vestibular, podendo retardar o processo fisiológico de compensação vestibular. Outros, como a betaistina, não prejudicam. Alguns pacientes necessitam de medicamentos que melhorem os sintomas, aliviem as condições emocionais e físicas para poderem fazer o programa de RV. 96. A RV pode ser feita em casa? Pode. Mas, os exercícios de RV, quando realizados sob supervisão, com retornos e avaliações periódicas, proporcionam resultados melhores quando comparados aos exercícios que são feitos em casa sem a presença de um especialista.
97. Qual a seqüencia de possíveis tratamento indicados para Doença de Ménière? A escala hierárquica das alternativas terapêuticas mais utilizadas é: 1. Mudança de hábitos; 2. Orientações dietéticas; 3. Seguimento clínico; 4. Tratamento medicamentoso; 5. Tratamento etiológico; 6. Pulsos de pressão positiva; 7. labirintectomia química (gentamicina); 8. Descompressão do saco endolinfático; 9. Neurectomia vestibular; 10. Labirintectomia. 98. Quando está indicado o tratamento cirúrgico? As cirurgias para o controle da vertigem só devem ser indicadas quando persistirem as crises de vertigens de forma incapacitantes, após exaustivas tentativas de controle clínico bem direcionado. As labirintopatias de origem periféricas unilaterais são as principais causas de indicação e cujos resultados são melhores. 99. Como podemos ter idéia do labirinto lesado? A perda da audição, zumbido, plenitude aural (sensação de ouvido tapado) e/ou a presença de nistagmo característico de lesão periférica auxiliam na identificação do lado acometido. 100. Como é feita a terapia química com gentamicina? A terapia química com a gentamicina (antibiótico) visa lesar as células ciliadas vestibulares (equilíbrio), sem afetar as células ciliadas colcleares (auditivas). Visa, também desativas as células negras vestibulares responsáveis pela produção da endolinfa na área vestibular da orelha interna, para reduzir a hidropsia endolinfática que existe na doença de Mélière. Esta terapia, também chamada de labirintectomia química, desconecta o sistema labirintico do lado lesado, como se fosse um corte cirúrgico. preserva a audição, e é feito com injeções transtimpânicas diárias de gentamicina tamponada, até o máximo de seis aplicações. 101. O que é neuroaudiologia? Os sistemas auditivo e vestibular possuem uma anatomia e fisiologia bastante peculiares. Localizados no mesmo receptor periférico (a orelha) adentram o sistema nervoso central e percorrem caminhos totalmente distintos, estabelecendo conexões com inúmeras vias e sistemas, abrangendo uma vasta região do encéfalo. Todos estes complexos sistemas são estudados pela neuroaudiologia. 102. O exame otoneurológico é útil para vertigens? A investigação sistemática de todas as vias (auditivas e labirínticas) e sistemas pela otoneurologia, não só ajuda na compreensão das causas da vertigens, mas também para as mais diversas especialidades médicas, pois trata-se de uma maneira sensível, pouco invasiva, rápida e muito abrangente de avaliação e monitorização de muitas doenças do SNC. 103. Pode-se tratar os quadros de vertigens sem o exame otoneurológico? Todas doenças crônicas, debilitantes, invalidantes, tem seu início em sintomas agudos, pouco valorizados e raramente diagnósticados. Muitas vezes ouvimos – É apenas uma simples tonturinha, que logo passa!
Se teve ou tem tontura, alguma coisa aconteceu. Somente, após um detalhado exame clínico geral e otoneurológico, podemos ter certeza da doença e instituir o tratamento adequado. 104. Como se avalia a função vestibular e o equilíbrio? A equilíbriometria, também conhecida como vestibulometria ou exame do aparelho vestibular, é baseada em testes vestibuloespinhais que avaliam o esquilíbrio estático (com a pessoa parada), dinâmico (com a pessoa andando) e em teste vestibuloculares que estudam o reflexo vestibulocular (pesquisa do nistágmo). 105. Como o exame otoneurológico investiga as lesões auditivas? A avaliação auditiva é feita no laboratório de exame otoneurológico, através da audiometria tonal, discriminação de palavras, audiometria de alta freqüência e audiometria eletrofisiológica, além do exame do equilíbrio. 106. O zumbido está correlacionado com a tontura? O zumbido e a surdez de causa neurossensorial pode estar associado com tonturas por ter os mesmos fatores causais, lesando o labirinto; o seja, drogas ototóxicas, disfunções metabólicas, agressões infecciosas (virais, fúngicas ou bacterianas), traumas, tumores ou isquemias. 107. O que é zumbido de causa neurossensorial? O zumbido pode ser de dois tipos; o zumbido periódico – que é o ruído gerado pelas estruturas próximas à orelha interna e transmitido à cólcea e, o zumbido neurossensorial – que é gerado por disfunções da cóclea, principalmente nas estruturas neuroepiteliais do órgão de Corti e em todo sistema nevoso auditivo, desde a sinpase entre a célula ciliada e os dendritos do gânglios espiral, passando pelo nervo coclear, vias auditivas no troncoencefálico, no diencéfalo, nas estruturas subcorticais até a área auditiva no córtex cerebral, situado no giro temporal transverso anterior. 108. como se manifesta o zumbido neurossensorial? O zumbido neurossenorial é referido como um ruído semelhante a apito, cachoeira, chuva, cigarra, esvoaçar de inseto, etc. Esse zumbido é o que mais incomoda a pessoa e é o mais difícil de ser tratado, e está freqüentemente relacionado com surdez neurossensorial e tontura. 109. Com o tratamento do zumbido neurossensorial, melhora a tontura? Sim, com o tratamento da fator que causou a lesão neurossensorial dos orgão da audição e equilíbrio, ocorre a melhora da tontura. 110. Como se trata o zumbido neurossensorial? O tratamento mais efetivo do zumbido neurossensorial, como na vertigem, depende da identificação da causa que está gerando o distúrbio, como por exemplo; hiperinsulinemia, uso de drogas ototóxicas, etc.
111. A surdez pode causar vertigem? Não, mas as causas dos dois sintomas podem resultar das lesões do ouvido interno, cóclea (órgão de Corti, responsável pelas sensações auditivas) e vestíbulo (máculas e cristas ampulares, responsáveis pelas sensações de equilíbrio corporal). 112. Qual a relação que existe entre estes dois sistemas? Os orgão receptores (orgão de Corti = audição e máculas e cristas ampulares = equilíbrio) estão imersos na endolinfa, e vivem em permanente equilíbrio pressórico, bioquímico e bioelétrico. 113. Como é constituído o ouvido interno?
O ouvido interno (detalhe em amarelo) é constituido por um complexo de membranas que formam canais e cavidades, cheios de endolinfa, que flutuam dentro da perilínfa, que por sua vez as separam e protegem da carapaça óssea da cápsula ótica, situada na intimidade do osso mais duro do corpo humano, o osso temporal. Esse tipo de proteção deve-se à grande delicadeza do órgão. 114. Como é feito o equilíbrio pressórico entre a perilinfa e a endolinfa? O equilíbrio pressórico entre a perilinfa e a endolinfa, que mantém esses dois sistemas em equivalência de pressão e conserva sua delicada anatomia, é fornecido pelo líquido cefalorraquidiano (LCR) do espaço subaracnóide. O LCR conecta-se com o espaço perilinfático através do aqueduto coclear, e com o espaço endolinfático através do saco endolinfático. 115. No caso de aumento do LCR, por meningite, tumor, AVC ou outra causa, pode ocorrer lesão nos orgão receptores da audição e equilíbrio? Sim, explicando a perda da audição e equilíbrio como complicações dessas doenças. 116. Como é feito o equilíbrio bioquímico e bioelétrico entre a perilinfa e a endolinfa? Os equilíbrios bioquímico e bioelétrico do ouvido interno estão relacionados entre si e envolvem interações iônicas entre sódio, potássio e cálcio.
117. Como os distúbios metabólicos interferem com a endolinfa? A endolinfa é rica em potássio, o que só acontece dentro das células. A excessiva concentração de insulina no sangue, que ocorre nos distúrbios do metabolísmo do carbohidrato (diabetes, hipoglicemia, hiperglicemia), provoca um bloqueio da atividade da enzima (Na+K+)ATPase, que leva à retenção de sódio na endolinfa, expulsando o potássio e carreando maior quantidade de água para o espaço endolinfático. Este fato, causa hipertensão da endolinfa e os sintomas de tontura, disacusia (distúrbios da audição) e zumbidos. 118. Por que tanto a hipoglicemia como a hiperglicemia, causam vertigem? O ouvido interno possui intensa atividade metabólica, pouca reserva de energia armazenada, e depende para sua atividade do suprimento constante do oxigênio e da glicose sangüínea. Então, os distúrbios glicoinsulinêmicos (hipo e hiperglicemia ou hipo e hiperinsulinemia) causam transtornos vestibulococleares, promovendo os sintomas de flutuação, sensação de não pisar firme no chão, pressão nos ouvidos, crises de vertigem, distúrbios da audição e zumbido. Também podem apresentar queixas de ouvido tapado, sensação de cabeça oca ou pesada, dores nos ouvidos (otalgia), instabilidade, esquecimento, irritabilidade a ruídos, visão borada, sensação de desligamento, obstrução nasal e pressão retroauricular. 119. Somente os distúrbios do açucar e da insulina causam labirintite? Não, os distúbios dos eletrólicos (sódio, potássio e cálcio) causados pelos hormônios reguladores (glicocorticóides, mineralocorticóides, hormônio antidiurético, etc), inclusive os hormonais sexuais podem provocar alterações do labirinto e da cóclea. 120. Por que o ouvido interno sofre com os processos isquêmicos? A rede vascular de terminais no ouvido interno são finíssimas e está vulnerável à insuficiências vasculares agudas e crônicas. A irrigação do ouvido interno é feita através da artéria cerebelar anterior superior em particular da artéria labiríntica e seus capilares. 121. Por que durante a gravidez algumas mulheres apresentam tonturas e outras melhoram da tontura que antes apresentavam? A retenção de sal e água que ocorre no período gravídico pode levar a um quadro labiríntico de hipertensão perilinfática (semelhante à doença de Ménière), o mesmo ocorre quando dos quadros de hipoglicemia. Algumas mulheres apresentam uma maior retenção de sal e água, que normalmente ocorre no período menstrual podendo levar ao quadro clínico de hipertensão perilinfática. A interrupção do ciclo menstrual que ocorre na gravidez pode produzir melhora dos sintomas nessas pacientes. 122. As doenças intestinais podem apresentar vertigem? Quais? Doenças intestinais, como gastroenterites inflamatórias (Doença de Crohn , Síndrome do intestino irritável), microvilopatia intestinal e parasitárias que causam má absorção de açúcares podem levar a hipoglicemia e conseqüentes distúrbios cocleovestibulares.
A vertigem desaparece quando a doença é controlada. 123. Por que, quem tem intolerância a lactose pode sofrer de labirintopatia? Os alimentos contêm três principais tipos de dissacarídeos, a lactose, a sacarose e a maltose. Nos pacientes portadores de uma microvilopatia intestinal, que é uma afecção na mucosa jejunal induz a redução da produção de dissacarides provocando má absorção intestinal de açúcares e vertigens por hipoglicemia. Quando o paciente portador de uma microvilopatia enzimática (exemplo, falta de lactase ou sacarase) ingere grande quantidade de alimento rico nos dissacarídeos; lactose, sacarose ou maltose, que ele não consegue decompor nas suas moléculas primitivas, esses, por osmose, removem glicose plasmática para o interior do tubo digestivo causando hipoglicemia. Um outro sintoma característico é a diarréia e os gases (aerocolia), que ocorre quando os os dissacarídeos que não foram decompostos, chegam no intestino grosso e são fermentados pelas bactérias intestinais. 124. Como podemos confirmar o diagnóstico de intolerância a lactose? Pacientes com queixas de vertigens, distensão abdominal pelos gases e eventualmente diarréias, devemos suspeitar de ” Intolerância aos dissacarídeos”, sobretudo a carência da enzima lactase (Síndrome da intolerância a lactose). O primeiro exame é a curva da insulina, e nos casos de curva insulinopênica (insulina baixa) solicita-se, em seguida, o teste de tolerância à lactose, Esse teste baseia-se no fato de que a pessoa normal nessecita ter lactase suficiente para desdobrar a lactose ingerida em glicose e galactose. O exame é considerado alterado quando os níveis de glicose nas diversas coletas de sangue venoso, após a ingestão de lactose, não atinjam o valor de 25 mg/dL acima do valor de jejum. 125. Como tratar os paciente com intolerância à lactose? Os pacientes com intolerância à lactose são orientados a manter uma dieta com restrição de sacarose, eliminando o leite e seus derivados ou em caso da necessidade de usar leite (prevenção de osteoporose), acrescentar enzima lactase extraída de cogumelos. Devem ter o cuidado de não ficar mais de três horas sem se alimentar. 126. A ressecção intestinal pode levar a quadros de perda do equilíbrio? Após ressecção (retirada) cirúrgica de parte do intestino, o pedaço remanescente sofre alterações, tanto estruturais quanto funcionais que aumentam a absorção de nutrientes e fluidos. As alterações estruturais (hiperplasia das células dos vilos e maior profundidade das criptas) começam alguns dias após a ressecção e resultam em aumento da área de superfície mucosa. A adaptação funcional (maior atividade enzimática da borda em escova e diminuição da motilidade gastrointestinal) também promove absorção de fluidos e nutrientes após a ressecção. Porém, pacientes com ressecções extensivas do intestino delgado também apresentam redução de dissacaridases, mais comumente lactase. Isso pode resultar em intolerância à lactose e suas conseqüências como vimos acima. Além desse problema a deficiência da absorção da vitamina B12 que é absorvida pelo íleo terminal após sua ligação com fator intínseco. Quando mais de 60 cm do íleo foi ressecado, injeções mensais de vitamina B12 são necessárias por tempo indefinido. Ver mais – Síndrome da alça curta
127. O que é a síndrome de resistência à insulina? A resistência à utilização da insulina pelo organismo, ou seja a pessoa tem insulina, mas ela não consegue colocar a glicose para dentro da célula, e fica com taxa alta de glicose e insulina no sangue periférico. Isso ocorre por disfunções dos receptores celulares para a insulina. Este distúrbio provoca um série de alterações metabólicas, que causam obesidade abdominal, hipertensão arterial, angina, doenças coronárianas. O distúrbio do metabolísmo dos carbohidratos, leva a hiperglicemia, a hiperinsulinemia e desencadeia episódios de labirintopatias. Muitas vezes esse é o primeiro sintoma da resistência a insulina, chamada de síndrome plurimetabólica. 128. Por que ocorre a síndrome metabólica? Existem inúmeros estudos a respeito da síndrome metabólica, ao que tudo indica, o distúrbios ocorre por um defeito dos receptores celulares para a insulina. Porém, a maior causa do aumento dos problemas metabólicos se deve a dieta inadequada e a indisciplina alimentar da vida moderna. 129. Quais as mudança alimentares prejudiciais à saúde que estão ocorrendo na civilização atual? Os hábitos alimentares da civilização urbana atual, a tendência de importar modelos de consumo têm levado ao abandono de importantes componentes da dieta, com a presença progressiva das chamada refeições rápidas, ricas em carbohidratos e gorduras. O sedentaísmo agrava a situação. O desjejum é negligenciado, o almoço é rápido (não tem tempo a perder) e o jantar farto e copioso, geralmente na altas horas da noite e logo seguido de sentar-se em frente o televisor ou deitar-se. 130. O que são alimentos antioxidantes? Alimentos antioxidantes são substâncias como a vitamina E, a vitamina C, os bioflavanoides, o selênio, que apresentam a capacidade de inativar os radicais livres, que são espécies químicas reativas que agridem, destroem a membrana celular e causam alterações iônicas. Os processos isquêmicos, vasculares, metabólicos (diabetes) e estresse geram grande quantidade de radicais livres, causando efeito deletério sobre as células. 131. As labirintites de causa metabólica pode ser tratada com terapia ortomolecular? Sim, um bom exemplo é o que ocorre com o diabetes e com síndrome plurimetabólica, onde a hiperglicemia e a hipoglicemia estão presentes gerando radicais livres que agridem as células de todo o corpo e também o sistema labiríntico. Veja como a terapia ortomolecular pode ajudar nos distúrbios do açúcar como no diabetes – Diabetes mellitus – terapia ortomolecular 132. Como age a vitamina C? A vitamina C é o mais potente varedor de radicais livres. 133. Como age a vitamina E?
A vitamina E é um dos mais importantes oxidantes. Sua localização é nas membranas celulares protegendo-as contra os radicais livres que tendem a agredir os ácidos graxos poliinsaturados dos fosfolipídeos das membranas celulares. A vitamina E é um antiagregante plaquetário e reduz a oxidação do LDL-colesterol. 134. Como age o selênio? O selênio é um íon que faz parte da enzima glutationa peroxidase, que faz parte do sistema antioxidante endógeno que combate os radicais livres. Ele também potencializa a ação anti-radical livre da vitamina nas membranas celulares. 135. Como age os bioflavanóides? Os biofavanóides recompõem a vitamina C evitando que ela seja destruída por oxidação, permitindo que esta continue agindo contra os radicais livre. O uso concomitante destes dois elementos é benéfico para o tratamentos das doenças de uma em geral, podendo ser utilizados no tratamento das labirintopatias. 136. O vinho tinto, de uso muito preconizado pelo seu efeito anti-radicais livres e envelhecimento pode ser usado? Em teoria sim, mas com muito cuidado e moderação pois pode levar a hipoglicemia agravando a labirintopatia. 137. Como age os compostos fenólicos do vinho? Os compostos fenólicos dos vinhos são capazes de estabilizar radicais livres tanto, gerados em sistema aquoso por radiólise (hidroxila, azida, ânion superóxido, peroxila e alcoxil t-butila), como em sistema lipofílico (peroxidação lipídica). O radical hidroxila e o ânion superóxido gerado pelo sistema enzimático hipoxantina/xantina oxidase estão envolvidos em uma série de reações que provocam danos celulares, como a peroxidação lipídica. 138 A carência de tiamina (vitamina B1) pode levar a distúrbios do equilíbrio? Sim, vários pesquisadores têm observado a ocorrência (44% dos casos) da deficiência de vitamina B1 nos pacientes idosos portadores de deficit coginitivos, ou degeneração cerebral (afetando orientação geral e capacidade de andar) – Síndrome de Wernicke – Korsakoffn e o Beribéri. Sintomas que podem sugerir carência de tiamina; sudorese noturna, caimbras, parestesias (formigamento) nas mãos e pés, confusão mental, fraqueza geral, desorientação, ansiedade, nervosismo, fadiga, insônia, além da perda da coordenação motora e perda do equilíbrio. O tratamento é feito pela reposição de tiamina. 139. A Ginkgo biloba pode ser utilizada no tratamento das labirintites? Sim, a ginkgo biloba tem inúmeras propriedades que ajudam no controle das vertigens, tais como: promover a manutenção da pressão normal de difusão tissular e controlar a permeabilidade e a fragilidade capilar favorecendo a perfeita oxigenação e nutrição dos tecidos.
A ginkgo biloba atua preventivamente contra as doenças cujo processo patológico básico é a isquemia tissular. A ginkgo biloba atua também controlando a agregabilidade plaquetária e eritrocitária, através de seus componentes com reconhecida ação de antagonismo do PAF (fator de adesão plaquetária), resultando numa diminuição dos processos trombóticos microcirculatórios. A ginkgo biloba esta indicada para o tratamento e prevenção das angiopatias diabéticas e tratamento dos processos vasculares de outras origens, assim como as suas complicações. No sistema nervoso central a ginkgo biloba atua preservando o rendimento energético das células, principalmente dos neurônios e células neurossensoriais, intermediada pelo aumento na captação e consumo de glicose e na síntese de ATP. Por isso tudo, é um excelente medicamentos no tratamento e controle dos vários tipos de vertigens. 140. Como deve ser o hábito alimentar para os pacientes com labirintite? Algumas recomendações dietéticas são importantes não só para as pessoas com labirintopatia, mas de um forma geral a todos nós. 1. Procure comer bem pela manhã, menos no almoço e muito menos à noite. Evite jantar muito tarde e logo ir dormir. “Noitadas” freqüentes não faz bem para nínguem. 2. Durante o dia, procure não ficar mais que três horas sem se alimentar 3. Evite o uso de carboidratos de absorção rápida (açúcar refinado, mascavo ou cristal). Dê preferência para adoçantes e dietéticos. 4. Massas e comidas gordurosas (especialmente carnes e frituras) devem ser limitadas a pequenas quantidades. 5. Coma frutas e legumes. 6. Procure comer devagar e mastigar bem os alimentos. 7. Lembre-se os alimentos são os melhores remédios. 8. Beba de quatro a seis copos de água por dia. 9. Evite a ingestão de bebidas alcoólicas. 10. Procure beber pouco café, no máximo 3 xícaras por dia. 141. Todo paciente que sofre de labirintite necessita de fazer a reabilitação vestibular? Sim, A reabilitação vestibular (RV) é parte fundamental no tratamento da vestibulopatias, adaptando o sistema nervoso central (neuroplasticidade) e previnindo as recidivas das crises de vertigens. Os principais fenômenos da neuroplasticidade são: adaptação vestibular – ajuste das informações sensoriais relacionadas ao equilíbrio corporal às novas condições de funcionamento vestibular; substituição vestibular – reposição da função vestibular
diminuída ou ausente por outra informação sensorial (visual ou somatosensorial; habituação vestibular – diminuição ou abolição dos sintomas e/ou sinais vestibulares, mediada por exposição repetitiva aos estímulos sensoriais. 142. Qual o princípio das RV? Recordando – O nosso equilíbrio depende fundamentalmente de três sistemas: 1. olhos, 2. labirinto e 3. sistema proprioceptivo. O sistema proprioceptivo é composto por sensores denominados exterorreceptores, situados na pele, que nos dão conciência da posição do corpo no espaço, e os sensores denominados enterorreceptores, profundamente situados nos tendões, articulações e músculos, que nos informam a posição em que se encontram as diversas partes do corpo. Nas lesões do sistema vestibular ocorre uma sensação errônea do movimento do corpo induzida por informações sensoriais labirínticas conflitantes com as informações visuais e somatossensoriais. O conflito entre as informações sensoriais e os padrões sensoriais esperados provoca as tonturas e desencadeia o processo de compensação, que procura reestabelecer o equilíbrio, porém este mecanismo muitas vezes é insuficiente e a vertigem permanece. A RV trabalha no sentido de adaptar o sistema vestibular a esta nova situação, ajudando a reestabelecer o equilíbrio fisiológico. 143. O que é descompensação vestibular? A descompensação é o estado de alteração do equilíbrio corporal por lesão vestibular unilateral repentina. O labirinto lesado deixa de enviar informações bioelétricas aos núcleos vestibulares homolaterais (do mesmo lado), e os neurônios vestibulares contralaterais (do outro lado) à lesão aumentam a sua atividade, surgindo uma assimetria funcional entre os núcleos vestibulares. Os núcleos homolaterais à lesão tornam-se hipoativos e os contralaterais, hiperativos. Esta descompensação gera a crise vertiginosa, com nistagno espontâneo batendo para o lado oposto à lesão, instabilidade postural, ânsia de vômito, vômito, sudorese intensa, palidez e desequilíbrio para o lado do labirinto lesado. 144. Como ocorre a compensação do sistema vestibular? As informações enviadas pelo labirinto lesado e as informações enviadas pelo labirinto sádio, são compensados nos núcleos vestibulares do tronco encefálico, onde também, se processa a integração da informação sensorial visual e a proprioceptiva. A compensação utiliza-se de dois mecanismos; um de acomodação que modula e ajusta as respostas do labirinto intacto aos distúrbios funcionais, e outro de substituição da função vestibular deficiente por reajustes ópticos e somatossensoriais. Um sistema bem compensado é aquele em que o SNC, por meio da adaptação, promove o adequado controle dos movimentos oculares, da cabeça e do tronco, para tornar estável o equilíbrio corporal. Em resumo, a compensação ocorre no tronco cerebral. Os demais fenômenos, atuando nos sistemas visual e proprioceptivos (mecanísmos de equilíbrio periférico) que ajudam no caso de vertigem chama-se processo de adaptação. A recuperação das lesões vestibulares centrais é muito mais lenta do que a das vestibulopatias periféricas e os pacientes continuam com os sintomas durante vários anos, o que conseqüente ao comprometimento das estruturas envolvidas no processo de compensação no tronco encefálico e no cerebelo.
145. O que é habituação? A habituação ocorre quando diante de um conflito sensorial, produz-se um processo adaptativo por uma estimulação repetitiva. Por tanto, a habituação reduz ou anula as respostas sensoriais por meio de estímulos repetidos a intervalos regulares, ajudando ao paciente com uma disfunção vestibular periférica persistente a orientar-se no espaço e equilibrar-se quando parado ou andando de maneira normal. As disfunções vestibulares sempre necessitam da intervenção de mecanismos adaptativos, para conseguir a compensação. 146. Como se dá o reajuste da função vestibular, compensação? O reajuste da função vestibular é efetuado por um mecanismo eferente (acomodação), com inibição do labirinto sadio pelo cerebelo e por um mecanismo central, em que o SNC aumenta os potenciais elétricos no núcleo do lado lesado e promove a substituição sensorial do labirinto lesado por aferências visuais, proprioceptivas e comissurais. A compensação é otimizada por fenômenos de plasticidade neural que aumenta a eficiência sináptica, tornando funcionantes sinapses inativas e criando um maior número de sinapses. 147. Qual o objetivo do procedimentos terapêuticos de reabilitação? A RV procura restaurar o equilíbrio, acelerando e estimulando os mecanísmos naturais de compensação, permitindo ao paciente voltar a uma vida normal. 148. Como inicia-se um terapia de RV? A terapia de RV deve ser programada e específica para cada caso, atendendo as necessidades individuais de cada pessoa, isto só pode ser feita se previamente tenha sido realizado um exame clínico completo e uma avaliação otoneurológica ampla. Ao fisioterapêuta compete avaliar a integridade do sistema musculoesquelético e reconhecer SE a deficiência é vestibuloespinhal (do reflexo vestibulo e da visão) E/OU postural (do reflexo vestibuloespinhal e das sensações somatossensoriais), identificar se a lesão é unilateral, periférica ou central e caracterizar as limitações funcionais decorrentes. 149. Qual a função da RV? A RV deve promover a estabilização visual durante os movimentos da cabeça; melhorar a interação vestibulovisual durante a movimentação da cabeça; ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes; e diminuir a sensibilidade individual à movimentação da cabeça. 150. Quanto tempo dura a crise de labirintite até sua cura? A fase crítica, incapacitante, dura 1 a 2 semanas. A compensação com remissão dos sintomas e consolidação da compensação labirintica de 3 a 6 semanas.
151. O que é a estimulação elétrica paravertebral cervical? É a aplicação de uma onda chinesa de 100 microssegundos a uma freqüência de 80 hertz aplicada na musculatura cervical dorsal do lado sadio sobre o músculo trapézio superior do lado lesado, para estimular o neurônio motor proprioceptivo gama, proporcionando o aumento da estimulação propriceptiva sobre os núcleos vestibulares do lado da lesão e ativando o reflexo cérvico-espinhal do lado sadio. 152. Como é feita a estimulação elétrica paravertebral cervical? A estimulação é iniciada com o paciente na cama, por 20 a 30 minutos. A seguir, a estimulação elétrica é repetida com o paciente andando em vai-e-vem, acompanhando de perto, por mais 30 minutos. O método é aplicado duas vezes ao dia, com o paciente andando. 153. Quais fatores ajudam na compensação labiríntica? Diversos fatores ajudam na compensação labiríntica, como boa saúde, estado emocional estável, boa nutrição e principalmente motivação para a cura com muita paciência, pois a recuperação completa pode durar anos. 154. Quais fatores de prejudicam na compensação labiríntica? O sedentarismo, o uso de bebidas alcoólicas, o tabagismo, uso de medicamentos que atuam no SNC (ansiolíticos, neurolépticos, sedativos,etc). A idade não é problema se a pessoa é sadia. 155. Nas vestibulopatias centrais como pode ocorrer a compensação, já que esta se dá nesse nível? Nesse casos de lesão central a terapia visa minimizar os déficits funcionais valorizando os inputs vestibulares (caminhos dos estímulos até o tronco cerebral e cerebelo) remanescentes e as pistas alternativas visuais e somatossensoriais. 156. Por que ocorre as quedas nos idosos com labirintite? A queda nos idosos ocorre, principalmente, por instabilidade postural e marcha oscilante quando os testes posturais são anormais, mesmo com reflexo vestibulocular normal. A prevenção das temidas quedas passa pelos programas de habituação, substituição sensorial ou facilitação dos mecanismos de plasticidade adaptativa. A análise global indicará o melhor programa, pois existem inúmeros programas de RV. 157. Qual exercício ajuda a aumentar a adaptação vestibular? Os exercícios propostos por Herdman, onde gira-se a cabeça 45 graus de um lado para outro, sem parar, mantendo o olhar focalizado em palavras num cartão à sua frente, durante um a dois minutos, e repetindo com movimentos da cabeça para cima e para baixo, aumentam o ganho do reflexo vestibulocular e a tolerância aos movimentos da cabeça e podem ser usados no tratamento da hipofunção vestibular unilateral. Os exercícios clássicos de Cawthorne & Cooksey também ajudam a adaptação vestibular.
158. Como se faz um treinamento de coordenação do equilíbrio? Este tipo de treinamento é utilizado para pacientes com desequilíbrio em pé ou em marcha. Consiste em sessões diárias de 1 hora, em casa, utilizando colchonete, espelho na parede e um plataforma móvel. Existem numerosos protocolos de exercícios, propostos por diversos autores, que visam estimular as aferências visuais e proprioceptivas, coordena e elabora os reflexos cerebelares, formação reticular, gânglios da base e córtex cerebral. As dificuldades nos exercícios são progressivamente crescentes e apenas depois de obter total estabilidade um exercício é que se deve ir ao seguinte. 159. Como indicar os exercícios para a Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB)? A VPPB é uma das vestibulopatias periféricas mais freqüentes. Nessa doença, os achados característicos são a vertigem e o nistagmo posturais. O conhecimento prévio da localização do canal semicircular lesado (posterior, lateral ou superior) e do lado da lesão (direito ou esquerdo) é fundamental para a prescrição dos exercícios de reabilitação. Na maioria dos casos de VPPB, o canal semicircular envolvido é o posterior. 160. Quais os exercícios que existem para VPPB? Existem diversos tipos de exercícios sendo principais, a manobra liberatória de Semont, o reposicionamento canalicular de Epley, a terapia física de Brandt & Daroff, o treinamento de habituação vestibular de Norré. 161. A surdez pode provocar labirintites? As surdezes sensorioneurais, causadas por doenças do aparelho auditivo (coclea) e/ou vias acústicas centrais, consideradas como surdez súbita, podem ter os mesmos fatores que levam a labiritopatias, por tanto uma concomitância de sintomas. Por exemplo a lesão do nervo auditivo causada por um vírus, pode causar lesão no nervo vestibular, por proximidade. 162. Quais vírus podem dar surdez? Os vírus que mais freqüentemente acometem o aparelho auditivo são: vírus da caxumba, sarampo, varicela zoster, adenovírus, citomegalovírus, coxsakie, influenzae A e B, herpes simples e o da mononucleose infecciosa. O diagnóstico é por teste sorológico. 163. A gripe pode causar surdez e labirintite? Sim, os vírus da influenza A e B podem afetar a coclea e o labirinto. O processo geralmente é benigno e auto-limitado, ou seja quando o gripe melhora passa a surdez e a vertigem. Raros casos a lesão pode durar por alguns meses. O diagnóstico é feito através do teste sorológico. O tratamento é sintomático. 164. Quem sofre de meningite pode apresentar surdez e vertigem? Sim, a endolinfa e a perilinfa é regulada pelo líquido cefaloraquidiano. Quando ocorre um meningite viral ou bacteriana pode ocorre contaminação da endo e perilinfa causando surdez e labirintopatia.
165. Por que alguns casos de caxumba pode apresentar surdez? As caxumbas (parotidites) sintomáticas e especialmente as formas subclínicas (pouco sintomáticas) podem causar surdez viral por contaminação do órgão de Corti ou nervo auditivo através da estria vascular ou do líquido cefaloraquidiano via aqueduto coclear. O diagnóstico das formas subclínicas é feito pela titulagem de anticorpo no plasma. 166. O que é otoesclerose?
Otoesclerose é a doença degenerativa dos ossículos (martelo, bigorna e estribo) da orelha média, como mostra a figura. O processo degenerativo desses ossos é semelhante aos que ocorre nos casos de artrose das demais articulações do corpo. Este tipo de lesão provoca distúrbios da audição no ouvido afetado. 167. Como podemos avaliar a membrana timpânica e os ossículos (martelo, bigorna e estribo) do ouvido médio? A avaliação da flacidez ou rigidez da membrana timpânica e da cadeia ossicular é feita pelo exame otorrinolaringológico chamado imitanciometria ou impedanciometria, que avalia o grau de liberdade de movimento das estruturas do ouvido médio. O teste é realizado pela colocação de uma pequena sonda no conduto auditivo externo de um dos ouvidos e um fone no outro. Essa pequena sonda contém um sistema que injeta e remove pressão, um pequeno canal que fornece estímulo sonoro e um outro que, conectado a um registrador no aparelho, avalia o grau de deslocamento do sistema tímpano-ossicular, em resposta à variação de pressão ou ao estímulo sonoro. 168. As inflamações do ouvido pode levar à labirintite? Sim, os processos infecciosos das otites médias agudas podem alcançar a orelha interna, possivelmente através do ligamento anular da janela oval e/ou da membrana da janela redonda, causando as verdadeiras labirintites supurativas que, geralmente são graves e podem comprometer seriamente as funções auditivas e vestibulares, e até mesmo causar meningites.
169. Qual a vantagem do uso de medicamentos antivertiginosos? O medicamentos antivertiginosos é indicado em todas as fases da doença, sobretudo nos episódios agudos. Seu uso é importante para o alívio ou erradicação mais rápida dos sintomas primários (vertigem e outros tipos de tonturas) e dos sintomas acompanhantes (náuseas, vômitos, desequilíbrios, quedas, ansiedade, pânico, etc). 170. Como usar os medicamentos antivertiginosos? Os medicamentos antivertiginosos devem ser utilizados em associação com as terapias de reabilitação vestibular, devendo ser continuamente reavaliado e adequado, de acordo com os resultados dos exames otoneurológicos. Devemos ter sempre em mente, não é somente o uso do medicamento que controla e cura as vertigens. 171. Os medicamentos antivertiginosos ajuda no tratamento da surdez? Quando os sintomas auditivos como; zumbido, hiperacusia (sensibilidade aos ruídos), hipoacusia (surdez parcial), diplacusia (sons em eco) , plenitude aural (som abafado) e distúrbios da atenção; acompanham o quadro de vertigem, os medicamentos antivertiginosos melhoram estes sintomas. 172. Quais as desvantagens do uso dos medicamentos antivertiginosos? O uso de vários medicamentos com dosagens inadequadas pode prejudicar o processo de compensação vestibular, impedindo a resolução do problema e até mesmo agravando os sintomas. Os medicamentos não devem ser utilizados de forma intempestiva ou inadequada, sem um conhecimento etiológico correto da labirintopatia. Os efeitos adversos dos medicamentos é a terceira causa de óbitos nos EUA, o mesmo pode estar ocorrendo no Brasil. 173. Quais os medicamentos usados no tratamento da vertigem? Os medicamentos que podem ser utilizados nos casos de vertigens são: benzodiazepínicos e ansiolíticos; anti-histaminicos (antialérgicos) como, difenidramina, dimenidrinato, prometazina ou ondansetrona; vasoativo e supressor vestibular (bloqueadores dos receptores H1 da histamina) como, betaistina, cinarizina, flunarizina, supressor vestibular como clonazepan e supressores vestibulares e antieméticos como, dimenidrinato, domperidona e meclizina. 174. Os extratos da Ginkgo biloba são eficazes no tratamento das vertigens? Sim, a ginkgo biloba por seus princípios ativos, vasoativo, antioxidante e antiisquêmico, podem ser utilizados por longos períodos, porque não retarda a compensação vestibular em pacientes vertiginosos. Se necessário, pode ser associado a supressores vestibulares como cinarizina, clonazepam para ampliar o efeito terapêutico. Os efeitos adversos mais comuns são: náuseas, palpitações, reações cutâneas, hipotensão arterial, cefaléia e queda da pressão.
175. O tratamento das vertigens deve ser feito com um ou vários medicamentos? Devemos lembrar sempre de tratar a etiologia da vertigem, e isto só pode ser feito após exaustivos estudos do caso. A associação de betaistina + cinarizina + clonazepan + ginkgo biloba ou flunarizina, tem se mostrada bem eficiente na terapia otoneurológica combinada com a reabilitação vestibular. 176. Como acompanhar os pacientes com labirintite? O acompanhamento e a monitorização dos exames otoneurológico são fundamentais para possíveis adequações terapêuticas, para detectar e efeitos adversos dos medicamentos, e para determinar o final do tratamento. Muitos insucessos terapêuticos ocorrem pela alta precoce ou abandono do tratamento com a melhora dos sintomas. 177. A labirintite pode ser tratada sem medicamentos? Pode, mas a experiência clínica dos profissionais que trata esta doença mostra que, os resultados são claramente inferiores quando, por algum motivo, a medicação antivertiginosa não pode ser utilizada. 178. Os benzodiazepínicos podem causar problemas de dependência? Alguns medicamentos que inibem a função vestibular como os benzodiazepínicos, a difenidramina e o dimenidrinato podem retardar o processo fisiológico de compensação vestibular e ao mesmo tempo promover a dependência química. 179. Existe algum antivertiginoso que não interfere com a compensação vestibular fisiológica? Sim, a betistina, que é um agonista leve dos receptores H1 e antagonista potente dos heterorreceptores H3 do sistema histaminérgico (anti-alérgico), tem leve efeito supressor das atividades bioelétricas dos neurônios na zona dos núcleos vestibulares, e não interfere com a compensação vestibular. 180. A labirintite pode ser tratada cirurgicamente? Sim, o tratamento cirúrgico podem ser necessário quando a causa da labirintopatia é persistente, levando continuamente aos centros cerebrais informações erradas, e não se conseguindo a compensação vestibular com as terapias clínicas. Existem inúmeras terapêuticas cirúrgicas que veremos na última parte desta série. 181. Como deve ser planejamento terapêutico das labirintites? O equilíbrio corporal é resultado de um processo de aprendizado, que inicia-se na infância, ao engatinhar, procurar ficar em pé, etc. Este processo vai criando um padrão de referência, que estabiliza o campo visual e mantém a postura ereta, sob a coordenação do cerebelo. Em condições normais, a informação sensorial visual, proprioceptiva (fusos musculares) e vestibular harmoniosa corresponde ao padrão fisiológico normal identificado pelo sistema nervoso central, que desencadeia reflexos oculares (vestibulocular, optocinético, cérvico-ocular) e espinhais (vestibuloespinhal, vestibulocólico, cervicocólico, cérvico-espinhal) apropriados para a manutenção automática e inconciente do controle postural no meio ambiente.
O planejamento terapêutico passa pelo reconhecimento e entendimento de todos estes mecanismos envolvidos no equilíbrio. Ou seja, uma reabilitação vestibular personalizada, não somente a retirada do fator que provocou a labirintite, mas o “re-ensino” do sistema vestibular. 182. Quais os objetivos da terapia de reabilitação vestibular? O sistema vestibular bem controlado é aquele em que sistema nervoso central, por meio de adaptação, promove o adequado controle dos movimentos oculares, da cabeça e do tronco, para tornar estável o equilíbrio. Em vista disso, os objetivos primordiais da reabilitação são: 1. promover a estabilização visual durante os movimentos da cabeça; 2. melhorar a interação vestibulovisual durante a movimentação da cabeça; 3. ampliar a estabilidade postural e estática e dinâmica; 4. diminuir a sensibilidade individual à movimentação da cabeça. 183. Quais as evoluções das labirintopatias? Os pacientes podem curar-se após obter um diagnóstico completo do distúrbio labiríntico, tratamento higieno-dietético, medicamentoso, psicológico e fisioterápico com reabilitação vestibular. Em alguns casos, a doença é autolimitada e pode curar-se expontaneamente (como nos casos de obstrução tubária) ou ser bem controlada. Em casos especiais, onde os processos perpetuam as informações errôneas ao sistema labírintico, somente o tratamento cirúrgico permite a cura. Ou seja, praticamente todas as formas de labirintopatias tem cura, se a terapia for bem a conduzida. 184. A obstrução nasal pode causar labirintite?
Sim, os distúrbios de pressão causados por obstrução da trompa de Eustáquio podem levar à vertigem, provavelmente, por movimentação da perilinfa, que é provocada pelos deslocamentos da janela redonda, que se lateraliza, e do estribo, que se desloca para dentro da janela oval com a retração do tímpano e do martelo. 185. Quando está indicado o tratamento cirúrgico? As principais indicações de cirurgia são nos casos de: doença de Ménière, fístulas perilinfáticas, pós trauma craniano ou cirúrgico, vertigens posicionais severas, colesteatomas com fístulas e alças arteriais, algumas labirintites infecciosas e serosa. 186. Quando indicar a cirurgia? Os bons resultados da cirurgia depende mais do diagnóstico correto do que propriamente da técnica cirúrgica, e certo que os centro mais bem equipados e as equipes melhores preparadas obtem os melhores resultados. Porém, deve-se ter muita cautela na indicação da cirurgia. os medicamentos ora disponíveis permitem abolir os sintomas e esperar que ocorra a compensação fisiológica espontãnea, ou acelerá-la com exercícios de compensação labiríntica. Nas disfunções labirínticas bilaterais, a indicação cirurgia deve ser considerada apenas ecepcionalmente. 187. A doença de Ménière pode ser tratada cirurgicamente? Sim, a cirurgia é indicada quando, apesar do tratamento medicamentoso intensivo, a pessoa segue com crises invalidantes e com perda progressiva da audição. 188. Qual a cirurgia mais indicada para o tratamento da doença de Ménière? Não existe apenas um tipo de cirurgia que diminua a pressão da endolinfa, mas sim várias. As técnicas cirúrgicas mais empregadas são: 1. Conservadoras -quimiocirurgias, descompressão do saco endolinfático, neurectomia retrolabiríntica e a cocleossaculotomia; 2. Agressivas – labirintectomia por via da janela oval e por via translabiríntica e a neurectomia vestibular translabiríntica. 189. O que é um cirurgia – Labirintectomia química? A labirintectomia química é um tratamento simples, efetivo e sem os efeitos adversos das técnicas agressivas, particularmente em relação à perda auditiva. Consta a aplicação de 3 a 6 de injeções de gentamicina (antibiótico) intratimpanica em dias seguidos. O sucesso na cura é de 70% a 90% dos casos, a audição é preservada em 75% dos casos. A verificação dos resultados é feita por audiometrias diárias e o estudo da função vestibular é feito antes, logo após as aplicações e depois de 6 meses. Desvantagens da labirintectomia – Injeções diárias na membrana timpânica. O paciente deve permanecer em posição supina (deitado de costas) com a orelha afetada voltada para cima e sem deglutir por 45 minutos. 190. O que é a cirurgia de descompressão do saco endolinfático? É uma cirurgia que permite o equilíbrio pressórico entre a endolinfa, perilinfa e líquido cefalorraquidiano, amplia a superfície de absorção de endolinfa, possibilita melhor suplimento sangüíneo e facilita as trocas gasosas. É uma técnica conservadora que
preserva a audição. A porcentagem de complicações é pequena (1% a 3% dos casos). Indicada quando a labirintectomia química não deu bom resultado. 191. O que é a cirurgia de neurectomia vestibular? A cirurgia de neurectomia vestibular controla a vertigem pela desconexão entre o labirinto e os núcleos vestibulares, permitindo que estes possam executar o mecanismo de compensação. Essa cirurgia preserva a audição. O controle da vertigem ocorre em 94% dos casos. Pode ocorrer fístula liquórica em aproximadamente 5% dos casos. 192. O que é a cirurgia labirintectomia? Essa técnica é indicada quando as cirurgia citadas anteriormente não deram resultado ou estão contraindicadas. É uma cirurgia que afeta a audição. A cirurgia via transmeatal consiste em aspirar o conteúdo do vestíbulo após a remoção da bigorna e estribo e unir as duas janelas por meio da remoção do osso do promontório. Controla a vertigem em até 97% dos casos, mas lesa a audição. 193. O que é a cirurgia vestibular translabiríntica? Também é uma técnica cirúrgica destrutiva, permite a secção pré-ganglionar do nervo vestibular e do nervo coclear se necessário. 194. A vertigem aguda é uma emergência médica? Sim, apesar não ser considerada um causa de risco de morte, é uma emergência médica. Nos casos agudos, o quadro clínico é devastador, implicando na incapacitação física temporária, gerando a impressão de uma doença de maior gravidade, como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. 195. As crises de vertigem necessitam de internação? A crise vertiginosa que não cessa rapidamente, acompanhada de náuseas, vômitos, palidez, taquicardia e queda da pressão pode requerer internação hospitalar, para melhor diagnóstico e tratamento. Sobretudo conforto e segurança para o paciente e seus familiares. 196. Os médicos valorizam ou subvalorizam as crise de vertigem? Os médicos de uma forma geral desconhecem todas implicações fisiológicas que estão envolvidas no equilíbrio e na sua perda. Muitas vezes não procuram realizar o diagnóstico completo do distúrbio que causou a disfunção do sistema vestibular, limitando-se a prescrever um medicamento antivertiginoso. 197. O idoso deve ter seu sistema vestibular examinado preventivamente? Sem sombra de dúvida. Uma das maiores causas de incapacitação é a perda do equilíbrio, que inúmeras vezes resulta em quedas e suas conseqüências. Não devemos estudar o sistema labiríntico apenas quando o “mundo roda”, mas da mesma forma com que fazer o “check up” cardiológico.
198. Quem tem mais labirintite o jovem ou o idoso? A labirintopatia não tem idade predominante, ocorre em todas, com igual intensidade. Nos idosos, as pequenas tonturas são de um forma geral negligênciadas – É próprio da idade, afirmam. Só se preocupam com as quedas dos idoso. Procuram previni-las adaptando as habitações e não estimulando o sistema vestibular, com medidas fisioterápicas (veja reabilitação vestibular). 199. As múltiplas doenças crônicas e as inúmeras medicações são causas de labirintite? Sim, as múltiplas doenças associadas nos idosos e polifarmácia são grandes fatores de risco para os distúrbios do equilíbrio. 200. Quais as práticas diária previnem a labirintopatias? A vida diária, competitiva, estressante, sedentária, tóxica agride ao nosso organismo de múltiplas formas. Afetam os nossos sentidos, e o equilíbrio (sistema vestibular), como mostra os giroscópios (figura acima) têm que estar continuamente se adaptando. Somente a vida saudável previne as doenças e ajuda o equilíbrio e a marcha. A vida saudável é complexa e ao mesmo tempo simples. Depende de nossa boa alimentação, dos exercícios físicos regulares, do laser, do repouso comedido e da poesia da vida.