Uma viagem... Por: Luis Carlos Zuze Dhein Há poucos dias, em um desses raros momentos vagos, estive a observar as pessoas que passavam em frente à escola. Várias mães passavam com seus filhos, ainda bem pequenos, e eles ficavam a observar atentamente a movimentação na escola, as cores e as crianças que felizes, correm e brincam, aproveitando ao máximo seu descanso ao qual chamamos de recreio. Nesse momento me lembrei da minha infância. Desde onde a memória me permite lembrar, me reconheço como um apaixonado pela escola, mas que tinha medo dela. Medo esse quase inexplicável, pois não era um medo da escola, e sim da ausência da mãe. Imaginava que a mãe iria me abandonar, mas esse medo durou até o momento que entrei na escola e vi aquela mulher sorrindo, dizendo que iríamos aprender muitas coisas novas juntos. Até hoje acho que foi o aprender juntos que me conquistou. O que sempre me passava pela cabeça eram as letras, elas me encantavam. Eu as transformava em desenhos, tinha um letreiro antigo e com a ajuda dele elas viravam prédios, carros, pessoas e tudo que a minha imaginação me permitia criar. Sempre irei lembrar a importância que teve a televisão na minha alfabetização. Havia alguns programas de música, nos quais passavam as letras, e ali descobri que as palavras faladas eram um conjunto de símbolos, símbolos esses que estavam em meu letreiro. Descobrir a magia de aprender, esse deve ser o objetivo de uma educação que busca formar seres humanos que tenham a capacidade de aprender juntos. Naquela época eu nem imaginava a importância que esses momentos teriam um dia. Dentro dessa viagem na memória, quero fazer a seguinte reflexão: Todos os momentos de nossas vidas são momentos históricos. E é nessa história que está o nosso eu pessoal. Imagino a importância do professor, pois ele vai fazer parte da história de muitas pessoas. E é nesse processo de se reconhecer como sujeito histórico e fazedor de história que vive a beleza de ser professor, e mais, é nesse reconhecer-se sendo, que está a beleza de ser humano.