Viagem no. 2 24/07/2007 sala do LUME à tarde sozinha As figuras me rodeiam. Dançam comigo. Sempre por trás aquele que me devora, que me devolve à terra, suga meu ventre, me come as carnes todas. Como joão-bobo elas me jogam de um lado a outro, me acariciam inteira, me penetram com suas superfícies por todos os lados. Me faço ninar. Eu mesma no meu colo. Quando as figuras se afastam me desespero, sei que outra coisa está por vir, oposta, dilacerante. A terra me puxa e devora outra vez. Plantas nascendo por dentro. Tomando o lugar das veias. Um mundo de balões cai e depois vai rareando. É então que vejo as figuras a me circundar. São brancas e grandes. Um último balão cai em meu colo. O instrumento (musical)? Eu mesma bebê? Seres que me povoam. Aparecem e depois se vão. Me visitam. Quero subir no colo da grande mãe. Quero escalar o corpo dela, me afundar, sumir nas suas reentrâncias. Os olhos das figuras são vazios, são apenas cavidades, frias, gesso. Não me vêem. Não há reflexo em seu olhar opaco. Que estátuas são essas? A brincalhona, a desesperada, a castradora?