QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
1 a Quinzena de Dezembro de 2009 Ano XXX - No. 1076 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual
Bolsas de Estudo
FUNDAção PORTUGUESA de Educação • TURLOCK TELEVISÃO
Página 2, 18 e 19
BOLSAS DE ESTUDO - Foram entregues 55 Bolsas de Estudo pela Fundação Portuguesa de Educação do Centro da California, em Turlock
CULTURA
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Novo livro de Onésimo Teotonio de Almeida O escritor e professor da Universidade de Brown, nos EUA, Onésimo Teotónio de Almeida, procedeu ao lançamento da sua obra “De Marx a Darwin – a desconfiança das ideologias”, em Ponta Delgada. A obra foi lançada a 18 de Novembro, pelas 21h30, na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. A apresentação esteve a cargo de Gabriela Castro e Berta Miúdo.
CELEBRAÇÕES
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Macau - 10 anos depois A Comunidade Macaense de Califórnia festejou no dia 22 de Novembro o Décimo Aniversário da existência da Regiâo Administrativa Especial de Macau com um banquete e baile no Restaurante Asian Pearl em Fremont. Participaram nesse evento histórico mais de quatrocentos macaenses e convidados.
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RECONHECIMENTOS: Em pé: António e George Martins; Monsenhor Ivo Rocha, Manuel Pires Sentados: José Manuel Martins, Maria Freitas; Rute e Luís Teixeira
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SEGUNDA PÁGINA
1 de Dezembro de 2009
Fundação Portuguesa
EDITORIAL
Falta de liderança As crises são boas muitas das vezes para mostrar quem é que é lider, e quem é que faz o seu trabalho sem arte e sem ciência. Na crise que estamos a atravessar, a Educação é das primeiras a sofrer os percalços das más decisões, quer dos políticos, quer mesmo dos educadores. As notícias que nos chegam do Sul da California àcerca dos brutais aumentos de 32% nas Universidades Estaduais, levam-nos a pensar que algo está mal, quando educadores que são pagos a peso de ouro (muitos deles ganham mais que o Presidente Obama) vão obrigar alunos a repensar o seu futuro. As cabeças bem pensantes desses educadores deveriam ver o seu trabalho terminado e darem lugar a quem se interessa verdadeiramente pela Educação e pelos seus alunos. E não me venham com a cantilena do costume, que isso só se aplica a quem tiver X e Y de rendimento anual. A falta de liderança nota-se mais nestes tempos de crise. Quem não puder com ela que desista. Há tanta gente boa à espera da sua vez. Afinal o sistema dourado de um País que parecia ser o mais feliz do mundo e onde a construção fazia inveja a todos os maiores países do mundo, não passou de uma miragem. Os belos edificios são verdadeiros mas o resto é tudo falso. O Dubai está na bancarrota. Quem diria. O Dubai era o sonho de qualquer arquitecto moderno, porque lá havia expectativas para todos os sonhos de grandes artistas. Afinal o Dubai não passava de uma miragem falsa onde o dinheiro parecia nascer do mar e agora desapareceu na areia. O “homem” continua sendo uma grande “incógnita” em qualquer lugar onde esteja.
jose avila
de Educação
A
proveito este espaço para vos falar do jantar anual da Fundação Portuguesa de Educação do Centro da California, celebrando os seus 18 anos de existência, realizado no Salão de Nossa Senhora da Assunção com o propósito de entregar Bolsas de Estudos. O mestre de cerimónias da noite foi João Dias, um veterano destas andanças. Reconheceram-se também diversas entidades, tais como: Empresários do Ramo da AgroPecuária - Irmãos Martins (José Manuel, António Luís e George), de Hilmar. Empresário do Ano - Manuel Pires, de Modesto Cidadão do Ano - Monsenhor Ivo Rocha, de Tracy. Alunos do Ano - Luís e Rute Teixeira, de Turlock. Educadora do Ano - Maria Freitas, de Hilmar. Foram 55 as Bolsas de Estudo entregues a jovens prestes a singrar nos estudos universitários, para se tornarem competentes profissionais nas artes e ciências que escolheram. O total de donativos deste ano foi de $23,000 dólares. A Fundação já distribuíu $175,947 dólares em 439 bolsas de estudo. Diversas organizações da nossa Comunidade e empresas do Vale quiseram mais uma vez contribuir na ajuda destas bolsas de estudo. O que
Crónicas do Perrexil
J. B. Castro Avila
não compreendemos ainda muito bem, é porque razão um maior número de individualidades da nossa comunidade não fazem o mesmo, podendo assim o número de donativos aumentar exponencialmente. Dá ideia de se ter criado a ilusão de que sómente as nossas organizações e empresas é que devem dar donativos e não os próprios pais dos alunos, os amigos e tantos outros. Por outro lado, como membro desta comunidade custa-nos ver que todos os bolsistas, uma vez recebedores destes donativos, se esquecem da Fundação e nem sequer participam na noite mais importante dela. Calculem que desde há 18 anos que a Fundação dá bolsas. Deram-se perto de 500 bolsas até agora. Se todos eles pudessem colaborar com $20.00 cada um, teríamos um valor de $10.000.00. Parece incrívelmente simples? É pura matemática. Não podemos acreditar que ninguém possa não dar $20.00 anuais para uma entidade que tem por objectivo ajudar alunos a prosseguir os seus estudos. Caso o produto bruto dos donativos fosse substancial, poderiam as Fundações entregar bolsas de estudo de valores mais compatíveis com as necessidades actuais dos alunos. Não podemos estar a exigir que as Fundações, quer esta, quer a LusoAmerican Education Foundation, trabalhem tão árduamente, se não
tiverem a compreensão de toda a comunidade e de todos aqueles que beneficiaram da sua ajuda. Sentar-mo-nos numa cadeira e vermos as nossas organizações entregarem o que podem às Fundações e nós não nos atrevermos a fazer o mesmo, como indíviduos, fica mal, fica mesmo muito mal. Grão a grão enche a galinha o papo. O mesmo se aplica às nossas Fundações de Educação. Elas só poderão subsistir, se todos, mas todos, tivermos a compreensão de participar por muito pouco que possamos dar. O que conta é o gesto. A multiplicação dos gestos fará crescer a montanha. No final da noite, o novo CônsulGeral de Portugal em San Francisco António Costa Moura, falou (sete minutos apenas e tão só) para dizer que acabava de chegar, queria aprender a relacionar-se bem com a comunidade e criar uma solidariedade mútua. É sempre pena que os artistas convidados para estes eventos (o mesmo acontece com as festas da LAEF) não possam exprimir a sua arte em frente às trezentas ou quatrocentas pessoas presentes. Mal acabam os discursos, as pessoas vão-se embora. Não é verdade meus caros Zé Duarte e Roberto Lino? Que pena...
Year XXX, Number 1076, Dec 1, 2009
COLABORAÇÃO
Tribuna da Saudade
Ferreira Moreno
O
dia 11 de Novembro assinala a festa litúrgica em honra de São Martinho. Até aqui, nada de novo. No entanto, como há muitos São Martinhos, convém saber de quem se trata. P’ró devido esclarecimento, apresento o testemunho de Vitorino Nemésio incluído no seu livro “Jornal do Observador” (pgs. 187190, Ed. 1974). “Pelo Martirológio Romano conto sete e, aliás, o livro omite o de Braga, também chamado de Dume. Entre eles, quatro bispos: de Tongres, de Vienne, de Tréves, de Tours; um papa, o primeiro do nome, mártir como o prelado de Augusta Trevisorum; o abade de Saintes e um diácono e abade. Mas o que se festeja e interessa agora é o de Tours, o do gesto da capa rasgada ao meio p’ra dar metade a um pobre. São Martinho é popular nas nossas paragens pelo Verão serôdio e pelos magustos. Asceta e penitente, tornou-se paradoxalmente como que o patrono dos bêbados, ou pelo menos dos pândegos”. Nemésio, depois de reflectir na biografia de S. Martinho, falecido em 397, conclui que foi certamente a aura de santidade que lhe auferiu tamanha celebridade mundial. Seguidamente, Nemésio abre a pergunta: Mas será mesmo só este Martinho o que é fe s t eja d o c om c a s t a n h a s a 11 d e Nove mbro? Eis a resposta nemesiana: “Eu creio que à sua grande nomeada se veio sobrepor a de outro Martinho, o bracarense, abade de Dume, não longe da Brácara Augusta, quase dois séculos depois. Foi ele o autor
Na companhia de São Martinho
de belos escritos morais compostos entre 561 e 573. A fama de S. Martinho de Dume ultrapassou a do grande cenobita S. Martinho de Tours, na disseminação de prodígios espirituais martinianos, que o povo galego-português se encarregaria de ir misturando com práticas mais ou menos pagãs e de rotina antiquíssima (ritos de colheitas, mostos satíricos, superstições), até virem parar ao espicho do verdasco e ao torno do maduro torrejão que rega as castanhas do assador”. E Nemésio prossegue: “É ver a quantidade de terras e terreolas sob a invocação de S. Martinho que Portugal e Espanha têm, na cola das Saint-Martin de França. E a data de apelidos “Martins” (o que queria dizer, na Idade Média, “filho de Martim”) que enchem colunas e colunas das listas dos nossos telefones; muitos mais Martins que Rodrigues, Fernandes, Simões, os outros patronímicos”. Assim, “desde São Martinho do Porto e São Martinho da Cortiça, e São Martinho do Bispo, até ao pequeno e alpestre SãoMartinho de Anta, é um nunca acabar de são-martinhos de gente, não esquecendo ainda que Martim e Martinho são formas divergentes do mesmo prenome”. Àcerca de S. Martinho de Dume, arcebispo de Braga, falecido em 579, consequentemente uma mão cheia de séculos antecedendo o estabelecimento da nacionalidade portuguesa, apraz-me transcrever as seguintes informações extraídas de “Butler’s Lives of the Saints”, Volume I, Edição 1988: “O historiador e hagiógrafo S. Gregório de Tours (538-594), nomea-
do bispo de Tours em 573, considerou S. Martinho de Braga como um dos maiores eruditos do seu tempo. Após uma peregrinação à Terra Santa, estabeleceu-se na Galiza, onde dominavam os Suevos e as heréticas doutrinas arianas, mas através da entusiástica pregação de S. Martinho a Galiza regressou ao Cristianismo. Tudo começou com a conversão do rei Theodomir e subsequente reconciliação entre
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Arianos e Católicos renegados. Martinho construiu vários mosteiros, destacando-se esse de Dume que serviu de centro p’rà sua evangelização de autêntico missionário. Era tanto o respeito e veneração dos monarcas suevos por S. Martinho que eles decidiram criar a sé episcopal de Dume (hoje Mondoñedo), elegendo-o como primeiro bispo, adicionando ainda o título de Bispo da Família Real. No entretanto, Martinho manteve sempre um espírito monástico, orientando os monges no cumprimento de disciplina austera. Tempos depois, Martinho foi promovido à sé episcopal de Braga, com o título de metropolitano (arcebispo) de toda a Galiza. Além do seu notável trabalho como missionário, Martinho prestou um brilhante serviço à Igreja, distinguindo-se como escritor. Entre as suas obras, salienta-se uma colecção de 84 cânones, merecendo particular referência a “Formula vitae honestae” e “De correctione rusticorum”. A fechar, só tenho a acrescentar que S. Martinho faleceu em 579 no mosteiro de Dume, e os seus restos mortais foram trasladados p’ra Braga em 1606. A sua festa litúrgica ocorre anualmente no dia 20 de Março. Com respeito a ser natural da Panónia (Hungria), aparentemente é simples conjectura. CORRECÇÃO - No artigo da semana passada, no penúltimo parágrafo, onde se lê SANTA IRIA deve ler-se SANTA RITA. As nossas desculpas.
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COLABORAÇÃO
Da Música e dos Sons
Nelson Ponta-Garça
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1 de Dezembro de 2009
Festa de Nossa Senhora de Fátima em Watsonville
As mais ouvidas
Presidente Danny Carvalho e o Comité da Festa - Tony Fernandes, Mary Jo Silva, Maria Avelar, Mary Lacerda, Natalie Costa e Paul Azevedo
Agradecimento A família de Ilda da Encarnação Silva Vale na impossibilidade de o fazer pessoalmente vem por este meio agradecer a todos os seus amigos as manifestações de amizade e solidariedade que tiveram aquando do falecimento do seu ente querido. Ficaram eternamente agradecidos pelas visitas, telefonemas, emails, cartões e missas encomendadas pela alma da sua mãe, avó, bisavó e trisavó.
Padre Manuel Sousa, celebrante da Festa, benzendo os animais durante o Bodo de Leite
COLABORAÇÃO
Muito Bons Somos Nós
Joel Neto
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rad Pitt reapareceu há dias paramentado de streetwear, o mundo da cultura pop celebrou-o em euforia – e eu celebrei-o com ele. Não celebrámos bem a mesma coisa. O mundo da cultura pop celebrou o regresso de um madraço de 46 anos às calças de ganga de cintura rebaixada, aos gorros e aos óculos escuros, aos brincos e aos anéis. Eu celebrei que o dito madraço tenha rapado o bigode – e, se foi isso que o mundo da cultura pop celebrou também, então pelo menos as razões foram diferentes. Brad Pitt é meio piroso (além de absurdamente bonito), mas pode sempre recorrer, em sua defesa, a nomes como os de Juliette Lewis, Gwyneth Paltrow, Jennifer Aniston ou Angelina Jolie. Bem vistas as coisas, ganhou o meu respeito. Mas dava mau nome ao bigode – e desde que deixara crescer o pêlo no lábio superior, de início para gravar um filme de Tarantino e depois para agitar as convenções sobre o estilo e a beleza, que me tinha em modo de marcação cerrada, ansioso por desatar à cabeçada. Eis-me aqui.
Gosto de bigodes e de homens de bigode. Ainda no outro dia entrei numa daquelas lojas que já não existem, uma oficina de electrotecnia onde se coleccionam grafonolas, se reparam transístores e se trocam as correias a gravadores de bobinas, e fui atendido por um desses homens: um magnífico homem de bigode, alto e magro, bonito e digno, afável sem ser simpático, firme mas não abrutalhado. Tudo nele, em boa verdade, transpirava estrutura, honestidade e determinação. Vi-lhe o bigode, elegante e bem aparado sobre uma camisa de má qualidade (mas impecavelmente engomada), e tracei-lhe a biografia: província até aos 11 anos, aos 12 mudança para Lisboa, para trabalhar como moço de recados do tio, dono de uma oficina de electrotecnia – e entretanto, ali por volta dos 40-45, o tio misericordiosamente libertado de obrigações e remetido enfim ao lar, onde o esperavam um par de pantufas, uma televisão a cores, as regalias possíveis de 60 anos de descontos e (sobretudo) a certeza absoluta de que o negócio ficava em boas mãos.
Ode ao Bigode ... não é um homem de bigode quem quer. Vários amigos mo disseram, ao inteirarem-se da epifania da loja de grafonolas: “É fácil. Deixa crescer um também.” Erro. Um bigode não se pode pôr nem tirar. Não basta ter bigode para ser um homem de bigode. O bigode, para qualificar um verdadeiro homem de bigode, tem de lá estar desde o início dos tempos – e, de resto, não pode ter desaparecido nunca. Dessa massa é feito um homem de bigode. Quer dizer: alguma vez viu, no cinema ou na literatura, na vida real ou em sonhos, um vilão de bigode? Não: não me venha com o exemplo de Hitler. Aquilo de que estou aqui a falar não é de macaquices peludas: nem de bigodinhos escova-de-
dentes nem, aliás, de bigodaças arrufiadas; nem de excentricidades à Salvador Dali, nem de malandrices à Errol Flynn; nem de ferraduras como a de James Hetfield, nem de caganitas de mosca como a de Cantinflas. Aquilo de
O velho piano
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a vila da minha infância havia mais pianos do que máquinas de costura… Por isso na minha casa tínhamos um piano vertical, “Foster & Co. – Rochester, N.Y.”, de fabrico americano, que, dizia-se, tinha mais de 100 anos e era uma herança familiar.
De entre as várias músicas do meu “repertório”, havia o Lac de Come, uma melodia ultra-romântica que era a minha preferida. E, quando as amigas da minha irmã iam lá para casa, eu caprichava na interpreta-
que estou aqui a falar é do velho, simples e conservador bigode chevron (ou divisa): do bigode de Tom Selleck, quando muito do bigode de Burt Reynolds – do bigode do tempo dos nossos pais, quando os bigodes não eram já um mecanismo de distinção social mas eram ainda um sinal de preocupação estética, quando ninguém ganhava um lugar no Paraíso apenas por ter bigode, mas também não era de imediato remetido ao Inferno por tê-lo. Eis aquilo que invejo nos homens de bigode: nunca um deles foi o mau da fita. Nas histórias como no dia-a-dia, os homens de bigode foram sempre os polícias, os bombeiros, os médicos – enfim, os homens do bem. O contrário não colaria. contece que não é um homem de bigode quem quer. Vários amigos mo disseram, ao inteirarem-se da epifania da loja de grafonolas: “É fácil. Deixa crescer um também.” Erro. Um bigode não se pode pôr nem tirar. Não basta ter bigode para ser um homem de bigode. O bigode, para qualificar um verdadeiro homem
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ção: assumia uma postura séria e sentida e, com enlevos de artista, semicerrava os olhos, projectava a cabeça para trás, extasiado… As amigas da minha irmã (todas mais velhas do que eu) apreciavam o estilo e, em contrapartida, deixavam-me apalparlhes as maminhas… A música ajudou-me a disfarçar a minha timidez e foi a minha grande motivação para o flirt, mas, nessa matéria, o meu irmão José passava-me a perna… Às vezes acontecia que, na pressa do pagamento das lições, as alunas da minha mãe deixavam escapulir moedas de escudo ou
Victor Rui Dores
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mesmo “baratinhas” (1) pelas ranhuras do teclado. Foi então que me especializei em procurar e achar dinheiro nas vísceras do piano…
Dó, mi, sol, dó… ré fá, lá, ré…
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de bigode, tem de lá estar desde o início dos tempos – e, de resto, não pode ter desaparecido nunca. Não há nada mais triste do que ver pela primeira vez sem bigode um homem que sempre vimos de bigode (lembram-se de Guterres?; lembram-se de Queiroz?). A não ser talvez, tempos mais à frente, voltar a vê-lo com bigode, reconsideração sobre todas as outras desesperada e inútil (tão inútil quanto seria a Sansão tornar a deixar crescer o cabelo). Um bigode é muito mais do que uma pilosidade: é uma metafísica. Vem acompanhado de conversas sobre a necessidade de estudar para ser alguém na vida, a utilidade de amortizar o crédito à habitação, a urgência de substituir as velas do carro, a saudade de quando o fado era o fado, a rádio era a rádio e a Amália Rodrigues cantava o fado na rádio, tanto na Emissora Nacional como na Voz de Lisboa. Brad Pitt não conhece nem metade deste património. Que diabo: há quanto tempo Brad Pitt não tem de preocupar-se com as velas do carro?
Crónicas Terceirenses
Dó, mi, sol, dó…ré, fá, lá, ré… Tenho belas e doces saudades daquelas intermináveis tardes de solfejo na casa da minha infância. Minha mãe dava lições de piano às meninas prendadas da vila, por um escudo à hora. Estou a vê-la, complacente, a ensinar a marcar os compassos ou a desenhar, com sorridente benevolência, a clave de sol na segunda linha, serapintando de mínimas e semínimas, com aquele traço firme de artista doméstica… De segunda a sexta-feira era um rodopio lá em casa. As alunas da minha mãe entravam e saíam em grupinhos, trazendo debaixo do braço o Método para piano, teórico, prático e recreativo, de A. Schmoll. Ouvia-se o matraquear do velho piano todo o santo dia. E era a monotonia do solfejo… E eram as posições de mãos, as notas, as regras, as tonalidades, as divisões, as apogeturas, as escalas, os ditados musicais… Quando a puberdade me bateu à porta, foi através daquele velho piano que cheguei ao coração das meninas… Tocava “La Bouquetiére”, em compasso ternário, que é o compasso do coração… Infelizmente nunca passei da 7ª lição de Schmoll… Santos de casa… Tocava de cor tudo o que queria e essa era uma capacidade que eu fui desenvolvendo. Minha mãe bem que me mandava ler a partitura. Eu fingia que a lia, mas, ainda e sempre, estava era a tocar de cor...
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casa da minha infância enchia-se de música, de manhã à noite… Toda a minha família tocava piano. Até a mossa gata “Princesa”, para quebrar os (poucos) momentos de silêncio, saltava para o teclado, sobre o qual se passeava altivamente, compondo estranhas melodias, para gáudio dos meus irmãos mais novos… Nesse tempo não havia televisão na vila de Santa Cruz da Graciosa e todos nós vivíamos solidários e infinitamente felizes.
……………………………………………… Quarenta anos depois passo pela casa que já foi minha e, no aconchego tépido da sala, reencontro o velho piano, cujos acordes ecoam ainda na minha memória. Retiro a longa tira de flanela sobre as teclas e ataco algumas notas. O piano está desafinado mas o meu coração não. Trauteio a Chiquita, canção que meu pai (que tinha uma voz bem timbrada de barítono) costumava cantar: Si a tua ventana llega una paloma trata-la com cariño que es mi persona! E recordo, em flash back, os serões bem animados na casa onde nasci. Naquela sala tocava-se piano, dançava-se a valsa e o tango, jogava-se à sueca, às prendas e ao anel, nessas longas noites de não haver a pantalha… Olho o teclado melancólico e escuto, do fundo dos tempos, melodias tocadas pelos dedos ágeis de minha mãe: a Oração de uma Virgem, a Avé Maria de Schubert e a de Gounod, as Czardas, de Monti, uma ou outra rapsódia húngara de Liszt… A música vivia connosco naquela casa. O pior eram as tardes: as alunas de minha mãe martelavam, a compasso de estudo, escalas e a minha paciência… Ainda com as mãos sobre o teclado do velho piano mudo e desafinado, abandonome a lembranças remotas. Tento tocar o Lac de Come: vem-me uma saudade infinita de minha mãe e sinto uma lágrima rebelde ao canto do olho… (1) Pequena moeda de 2$50
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COLABORAÇÃO
1 de Dezembro de 2009
Traços do Quotidiano
Margarida da Silva
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SÍMBOLOS Recentemente encontrei um livro intitulado: “THE WOMAN’S DICTIONARY OF SYMBOLS & SACRED OBJECTS”, da autoria de Barbara G. Walker, que na sua opinião, trata-se de um compêndio da linguagem de símbolos que podem ter múltiplas interpretações. Na sua municiosa pesquisa ela usou vasto material bibliográfico de vários países. Passo a transcrever a definição de alguns desses símbolos que acho interessantes e que nada tem a haver com o meu preceito moral ou religioso.
SUÁSTICA Durante a Segunda Grande Guerra e, a partir daí, a suástica é vista como um símbolo demoníaco da dominação hitleriana que continua a causar repulsa e terror, especialmente às famílias das vítimas do maléfico Holocausto. Porém, a palavra suástica vem do Sânscrito, língua sagrada do Indostão e a mais antiga da família indo-europeia. Consta-se que este símbolo data, pelo menos, 10.000 anos antes de Cristo. Apareceu nas moedas mais antigas da Índia, na imagem de Buda no Japão e nas figuras gregas e romanas da Grande Deusa. Desde o século XIII antes de Cristo que se encontraram na Ásia Menor, Grécia, China, Pérsia, Líbia, Escandináva e Islândia, artefactos com o símbolo da suástica. Ainda no começo do século XX era usado na Europa como um sinal mágico. Igualmente conhecida como cruz gamada, foi muito usada na Igreja Medieval como decoração e símbolo de brasões.
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Ao contário ao que se julga, a Cruz Latina, de início, não era um símbolo cristão e só foi assimilhada ao Cristianismo no século VII. As igrejas primitivas preferiam representar Cristo na figura do Bom Pastor carregando
uma ovelha sobre os ombros. Algumas passagens do Novo Testamento descrevem que Jesus foi enforcado numa árvore e não pregado numa cruz. Importantes figuras do início do Cristianisno repudiava a Cruz Latina, pois diziam que era um símbolo pagão. No entanto, uma vez que a cruz foi aceite pelo Cristianismo, criaram-se vários mitos à sua volta. Muitos julgavam que a própria madeira da Árvore da Vida do paraíso tinha sido preserverada por Adão e todos os patriarcas depois dele para mais tarde ser transformada na cruz onde Jesus foi crucificado.
O ROSÁRIO Apesar da Igreja Católica continuar a manter que o rosário foi inventado por São Domingos, o certo é que, o rosário era um instrumento ritual do Oriente . Uma antiga forma do rosário pertenceu à Deusa Kali e foi usado na Arábia e Egipto no início do Cristianismo, ou, talvez, ainda mais cedo. O rosário tinha por fim ganhar equidade eterna com a sua contínua repetição de orações e mantras em nome de divindades e espíritos. Tendo sido o rosário primeiramente associado a uma figura feminina, quando o Cristianismo o adoptou foi principalmente aplicado ao culto de Maria. A Ladaínha de Loreto chama Maria, “Raínha do Santissimo Rosário”. O rosário cristão continha grupos de cinco e dez contas, o tradicional número das Deusas. O rosário muçulmano tinha noventa e nova contas que era o mesmo número dos nomes secretos de Alá. Ao anotar estes traços, fez-me lembrar uma estória relacionada com a oferta de um rosário de prata que minha irmã Cecília recebeu da Tia do Céu que era uma pessoa muito religiosa. Passado algum tempo, a Cecília queixou-se à tia que as contas estavam a enegrecer e ao que esta respondeu: “Isso é sinal que o rosário não tem sido muito usado!”
COLABORAÇÃO
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
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em sei que o espirito imbuído na sublime quadra que se avizinha é o de dar. Mas, o certo é que, a brincadeira não deu resultado. Há sempre quem leve estas coisas a sério demais. Picam-se por tudo e por nada e, nem a ler se dispõem a soltar um sorriso discreto. Não é bom sinal. Se as suas obsessões politicas ou paixões futebolisticas não lhes permitem ver mais do que um curto palmo à frente do nariz, tenham santa paciência. Não escrevo por obrigação nem muito menos por encomenda. O que rabisco sai de boa e livre vontade, sempre com o leitor em mente. Só que, como bem sabeis, a mente do leitor é, de todo, imprevisível. Já eram de prever, no entanto, as ranhosas reacções aos meus dois últimos textos cá no jornal. No caso mais recente, o da edição passada – uma inofensiva tacada politica sem quaisquer segundas intenções – com o texto enviado à última da hora, não houve chance para a paginação ideal e a piada gorou-se. Poucos a apreenderam na sua irónica intencionalidade. As emoções parecem andar ao rubro na enervante efervescência dos tempos actuais. A crise não desarma. O stress desanca. E o pessoal, com os nervos à flôr da pele, desatina. Cada vez há mais gente desempregada, deprimida, desesperada, desiludida. Tanto lá como cá, a paciência começa a esgotar-se. A tolerância, há muito que se esgotou. Houve quem não gostasse mesmo nada de ver a “desrespeitosa” ilustração do meu último “rasgo” com o primeiro ministro português, cabisbaixo, face oculta, armado em desolado burro de paus, quando o retrato lhe fica muitissimo melhor como sorridente valete de oiros. Cartas de valor idêntico, tá claro, mas de aparências completamente distintas. Sócrates, opinam os seus cínicos opositores, é o caso certo do politico errado para ser tão descaradamente reeleito Houve, de igual modo, quem detestasse ver recentemente o jovem presidente americano curvar-se em ridículas vénias ante o venerando imperador nipónico e o despótico rei das Arábias. Exéquias, diz-se por aí, perfeitamente
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Esclarecimento
escusadas em pleno século XXI. Pior, no entanto, para Obama, é ouvir-se contestar com irónico desdém a simbólica entrega que elegeram fazer-lhe do prestigioso Prémio Nobel da Paz quando ele já tinha em mente esta pavorosa guerra a desenhar-se cada vez mais feia no montanhoso Afeganistão. Há já quem queira mesmo dizer que, se as eleições fossem hoje os resultados seriam outros. Esqueçam-se! Tanto lá como cá, temos que nos convencer de que melhor está para vir. O pior que nos pode passar pela cabeça é desesperarmo-nos e desistirmos à tôa quando as coisas parecem correr mal. A esperança, ademais, deve ser sempre a última coisa a morrer. Não morreram mas estão moribundas as minúsculas esperanças dos frustrados “lagartixas” ao almejado titulo de campeões nacionais. Reconheço tambem que não resultou em cheio o meu futebólico humor aos quadradinhos lacrimejados em verde e branco aqui há um mês em inocente piada dirigida às feridas sensibilidades do actual orgulho leonino – em delicada crise de identidade devido à sua precária posição na tabela classificativa. Pior do que levar a coisa a sério, houve mesmo quem se ofendesse. Salvo seja! Ofenderem-se com futebol? É de pasmar. Quando o “soccer”, bem como o desporto em geral, não servir para nos descontrairmos e desentoxicarmos, o melhor é irmos ao médico. A doença pode ser mesmo perigosa. Sou adepto mas, felizmente, não sou doente. Como tal, sinto-me perfeitamente à vontade para, à laia de esclarecimento, lançar o seguinte comunicado ao maior clube português de sempre, o dos fanáticos “Antibenfiquistas”: “…Porque o Porto, apesar do seu viciado sucesso dos últimos anos, continua a ser um clube de província, admito que a actual euforia encarnada tenha feito muito mal ao verdusco sportinguismo. Há quem queira
culpar a grandeza do Benfica pelos desaires do Sporting. Não sei. O que eu sei é que os nossos rivais não podem acusar o fabuloso “Glorioso” de não se integrar com graça e benevolência no benemérito espirito de Natal. Depois duma entrada fulgurante na presente temporada, o Benfica, com Jesus religiosamente agarrado aos cordelinhos, presta-se a dar agora mais oportunidades aos seus esfomeados adversários. Prestes a refugiar-se no presépio por uns dias, Jesus deu instruções específicas em Alvalade para que, ao abeirar-se a beleza do Natal, o Benfica não fosse lá roubar ao Sporting a derradeira réstia de esperança em melhores dias e resultados que tardam em aparecer. Ficava feio. Como feio fica intrigar-se sem nexo por aí que até o próprio leão, ferido e desesperado, já não quer a jaula verde de todos estes múltiplos anos de frustrante insucesso. …Terá mesmo decidido abandoná-la?” E de futebol, como de política, não escrevo mais este ano.
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COLABORAÇÃO
1 de Dezembro de 2009
Crónica de Montreal
Antonio Vallacorba
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as últimas semanas, ela, a mulher que sempre insistia em falar, conversar, discutir, e analisar, calou-se. Passava as tardes no quarto deles, agora o seu quarto, lendo ou sentada na sala olhando para o tecto. Nem lhe respondia se lhe perguntava algo. De boca cerrada, mantinha-se impassível, não sabia se ouvia as suas palavras, pois nem acenava sim ou não. Ele, mal chegava a casa, ia para o computador ou sentava-se no sofá, que passara agora a ser também a sua cama, a ver televisão até altas horas da noite. Sabia que ela, mais tarde ou mais cedo, tal como tantas outras vezes, diria: “Temos que falar”, e falariam, melhor dito, ela falaria. Mas desta vez foi diferente. Ao fim de duas semanas de silêncio, chegou a casa e encontrou um bilhete sobre a mesa da cozinha, “Vou-me embora. Cuida-te, love you”. Ficou estupefacto com as palavras rabiscadas no papel onde geralmente escreviam a lista das compras. A esta hora ela já devia estar em casa preparando o jantar e ouvindo os Gypsy Kings ou Bob Dylan, conforme a sua disposição. Depois de quinze anos de casamento, ainda se amavam e eram considerados por todos como um casal exemplar. É verdade que as grandes conversas à volta da mesa eram menos frequentes, para não dizer inexistentes. Ela aborrecia-se porque ele deitava-se sempre tarde, passando horas no computador. Ele, por si, detestava as horas que ela passava lendo ou escrevendo. Mas qual é o casal que não tem dificuldades de vez em quando? Ainda pensou que era uma partida de mau gosto. Subiu as escadas de dois a dois degraus e revistou o quarto de cama. O guarda-fato parecia intacto, a mala deles de viagem encontrava-se no mesmo lugar, mas pressentiu um abandono, faltava algo naquele quarto, mas o quê? Deitou-se sobre a colcha da cama, um rasto a sabonete, roupa perfumada e suor, misturado com o cheiro característico de livros permeavam todo o espaço. Levantou-se rápido, não fora ela chegar a casa e encontrá-lo deitado na cama do quarto que já
não era o seu quarto. Sentiu-se só. Não se lembrava de nunca se ter sentido tão só. E agora o que é que ia fazer? A quem é que ia pedir conselho? Deitou-se de novo. Olhou para o móvel que ela tinha comprado mas que ele pensava ser muito caro. Tinham-se zangado e ela ficara ofendida, mas era assim, ofendia-se por tudo e por nada. Nesse dia dissera-lhe que ele tinha muito descaramento em tentar controlar o dinheiro dela. Ora, alguém tinha que ter controle naquela casa, não fosse ela gastá-lo todo. Quando se zangava o melhor era não dizer nada e esperar que voltasse a si. Era uma mulher razoável e após a tempestade, vinha sempre ter com ele e, ao acabar de responder às suas próprias perguntas, parecia ficar satisfeita. Levantou-se, saiu rapidamente do quarto, e decidiu chamar a mãe dela, decerto que tinha ido para lá desabafar como o fizera muitas vezes. A mãe disse, “Não, ela não está aqui, porquê?” Ele respondeu, “Ficámos de sair a jantar e como ainda não chegou a casa, pensei que talvez se tivesse esquecido.” A mãe respondeu que de certeza não tardaria, talvez tivesse ido à loja comprar alguma roupa para levar ao jantar. A mãe dela pelos vistos não sabia de nada. Mas talvez tivesse razão. Ela se calhar tinha ido de compras, gastar mais dinheiro em roupa ou sapatos que não necessitava, e quando se cansasse viria para casa. Tinham que falar, lá porque tinha um maior ordenado à sua disposição, não era passaporte para gastar dinheiro mal gasto ou sem a sua autorização. Bem, mas agora o que importava era que viesse para casa. O que importava era que voltasse à realidade. Voltou para o quarto de cama. Desta vez despiu-se, abriu a cama e deitou-se debaixo dos lençóis e cobertor, adorava o cheiro de lençóis lavados e podia ver que ela acabara de os mudar, e assim ficou muito quieto à escuta, atentamente, esperando ouvir o barulho da chave na porta de entrada avisando a chegada da sua mulher.
Onésimo Teotónio de Almeida lança
implicações teóricas (sobretudo no domínio da ética) do paradigma darwinista que no universo intelectual suplantou hoje o marxismo como explicação última do mundo”. Onésimo Teotónio de Almeida é doutorado em filosofia pela Brown University (EUA). Desempenha as funções de Professor Catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros e no “Wayland Collegium for Liberal Learning”. Dedica grande parte da sua investigação ao problema da formação de mundividências, ideologias e valores. O professor e escritor é natural do concelho da Ribeira Grande, designadamente do Pico da Pedra. in Acorean Oriental
“De Marx a Darwin”
O escritor e professor da Universidade de Brown, nos EUA, Onésimo Teotónio de Almeida, procedeu ao lançamento da sua obra “De Marx a Darwin – a desconfiança das ideologias”, em Ponta Delgada. A obra foi lançada a 18 de Novembro, pelas 21h30, na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. A apresentação estará a cargo de Gabriela Castro e Berta Miúdo. De acordo com uma nota de imprensa da Bilioteca Pública, este livro “pretende apenas levantar questões, interrogar-nos sobre as
Eleições na Casa dos Açores de Quebeque Direcção rejuvenescida com sangue “antigo” Benjamim Moniz, Manuel A. Pereira e Emanuel Martins estão de regresso à Direcção da Casa dos Açores do Quebeque (Caçorbec), em virtude das eleições realizadas no domingo de 8 do corrente em Assembleia Geral Ordinária, para o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal e de Deontologia. Em causa estava o preenchimento de cinco posições, por via dos três membros cujos mandatos terminam no fim do corrente ano e de duas vagas. Em carta dirigida aos membros, Damião Sousa, presidente em exercício, encorajara os associados a fazerem um “esforço” e a dedicarem-se “um pouco mais à Casa dos Açores, pois o voluntariado prolonga a longevidade. Venham e candaditem-se!”. Lembrou, depois, os problemas que há em “recrutar jovens para a massa Associativa, quer na participação das actividades da Caçorbec, quer em outras actividades comunitárias”. Seja como for, um interessante número de membros como não se via há anos, manteve com muito interesse o desenrolar dos trabalhos, embora se denotasse por vezes muita confusão e desacordo com algumas decisões, como por exemplo a atribuição de medalhas de mérito a associados ou a membros da comunidade açoriana que se distinguem pessoalmente ou em prol
dos Açores e da nossa cultura. Consequentemente, foi proposto que se para tal fosse criada uma Comissão. A mesa das eleições, dirigida por Mercês dos Reis, presidente; Carlos Pereira, secretário; Dora Barão e Vitor Raposo, escrutinadores, orientou diligentemente depois os trabalhos que haveriam de levar aos seguintes resultados, no apuramento dos elencos directivos cujos mandatos começam em l de Janeiro de 2010: Conselho de Administração: Presidente - Benjamim Moniz Vice-Presidente - Fernando Pacheco Secretário - Manuel A. Pereira Tesoureiro - Emanuel Martins Administradores: Damião Sousa, Maria de Jesus Andrade, Alice Macedo, José D. Silva e Gabriel Perdigão
Conselho Fiscal e de Deontologia: Presidente - Francisca Reis Quase a encerrar-se a reunião, Benjamim Moniz agradeceu a confiança que lhe acabavam de depositar, ao mesmo tempo que apelou para a “colaboração de todos” neste seu mandato à frente dos destinos da Caçorbec.
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Do Tempo e dos Homens
Manuel Calado
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sta nação de nações, que é o país onde vivemos, está envolvido numa discussão fenomenal, com fervor político-religioso. E este é o pior aspecto da questão. No fundo, não deixa de ser uma luta entre ricos e pobres. Os ricos desejam a todo o custo proteger os seus capitais, acumulados nos bancos “offshore”. Tudo o que desejam é um “pequeno governo” e baixos impostos. Porque o Governo, segundo dizem, é o “problema, não a solução”. O chamado “partido dos pobres, dos pretos e das minorias”, deseja um governo humano, “mais cristão”,mais compassivo, em suma, mais amigo do “próximo”. Mas as gentes da “massa”, aparentemente, não estão interessadas na sorte, na vida ou nos problemas humanos do tal “próximo” que estes “cristãos novos” não reconhecem, como gente. E este pecado vem já dos “cristãos velhos”, que nunca reconheceram os direitos das mulheres nem dos escravos, que eles baptizavam, antes de os mandar, como animais, para os farms do Novo Mundo. Mas agora, benza-os Deus, estão mais interessados no embrião do que nas pessoas, que tratam como cidadão encartado, e esquecem os embriões que a desgraça, a pobreza e a droga trouxeram ao mundo, e se perdem por essas ruas, sem emprego, sem instrução, sem a compaixão dos carinhosos cristãos, agora aliados áqueles que não lhes reconhecem o direito a um seguro de saúde, e servem apenas para encher as prisões. Estes carinhosos cristãos republicanos, estão gastando centenas de milhões de dólares, para sabotar a aprovação de um sistema de seguro de saúde, para todos os habitantes desta terra e não apenas alguns. E os slogans que usam, são os mesmos que vêm usando há mais de um século a esta parte. Os cabeças falantes
ao serviço do capital, alcunham os adversários, como “socialistas e comunistas”, e têm chegado ao cúmulo de comparar o presidente Obama a Hitler ! Todas as leis e programas de carácter social, têm sido aprovados com dificuldade, pelos liberais. Os direitos humanos dos negros e das mulheres, o direito de voto, o Seguro Social, o Medicare e Medicaid, o salário mínimo e a protecção dos trabalhadores, tudo tem sido obra dos liberais, tanto democratas como republicanos. Porque antigamente os democratas do sul, eram mais retrógrados do que os republicanos do norte. Mas actualmente, não há um só republicano que enfileire ao lado dos democratas, na aprovação desta medida básica de protecção da saúde do povo, uma coisa que existe em todos os países livres e desenvolvidos do Universo. Neste capítulo a America, que deu cartas ao mundo, está no fundo da tabela, e com tristeza o dizemos. Graças aos democratas, os mais velhos, estão hoje protegidos pelo Seguro Social e o Medicare. Mas os mais novos não estão. Um estudo da Johns Hopkins University, verificou que as crianças hospitalizadas, sem seguro, têm mais 60 por cento de possibilidades de morrer, do que as protegidas pelo seguro de saúde. E calculou que mil crianças morrem, anualmente, nos Estados Unidos, por falta de tratamento médico. Talvez mil crianças salvas pelos amigos do embrião.
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Ventos da História for aprovado agora, como tudo parece indicar, eles provarão que continuam retrógrados e insensíveis aos ventos da evolução e da história. Apenas um punhado de republicanos liberais, cônscios da sua responsabilidade como cidadãos compadecidos, humanos e cristãos, seria necessário para salvar
a América desta posição de ser a nação maior, mais forte e mais rica, a única a opôr-se a uma lei humana de protecção da saúde dos seus habitantes. E o mais caricato é vermos os que se opôem à lei do seguro de saúde, a defenderem agora o Medicare, a que sempre se opuseram, mas que protege apenas as
pessoas idosas e não os cidadaos mais novos e sobretudo as crianças. O mesmo Medicare a que sempre se opuseram com igual veemência em 1935 e 1965, e a última vez, no tempo de Clinton. O Partido do Não, continua a ignorar os “Ventos da História.”
Está hoje provado que aqueles que se opunham ao Seguro Social em 1935, e ao Medicare, em 1965, estavam errados, e que os seus receios de que o país fosse para o “socialismo” ou a ditadura, estavam tão errados como os cabeças falantes da rádio e TV, que hoje estão fazendo as mesmas acusações parvas e irresponsáveis, como então. E se a lei do seguro de saúde não
Falecimento • Josefina Mendes Josefina Mendes faleceu no dia 23 de Novembro, em San José, California. Nasceu no dia 12 de Setembro de 1941 na freguesia do Porto Judeu, e residiu na freguesia da Fonte do Bastardo, Ilha Terceira. Era viúva de José da Costa Borges Mendes. Deixa a chorar a sua morte: Filhos: José Roberto Mendes casado com Orlanda Mendes, Goretti Shifman, casada com Larry Shifman, e John Mendes em San José, e Richard Mendes casado com Diane Mendes, em Hollister. Netos: Crystal, Catrina, Nathan e Caitlin Mendes, Sophia e Joseph Shifman. Irmãos: Francisca Rocha, viúva de Francisco Rocha, em Lemoore, California, Maria dos Santos Aguiar, viúva de José Aguiar, do Por-
to Judeu, Ilha Terceira, João de Sousa Borges casado com Zaneida, no Rio de Janeiro e dois irmãos já falecidos António e Luís Sousa. Sogra: Cristina Mendes, na Ilha Terceira. Cunhados: Teresa Mendes viúva de Aniceto Mendes, em Stevinson, California, Manuel e Conceição Rocha, Jose e Inês Fagundes, Natália, viuva de José Machado Fagundes, e Lina Mendes na Ilha Terceira. Vários sobrinhos e sobrinhas - na California, no Rio de Janeiro, Terceira, e Portugal Continental. Vários primos e primas - na California, Terceira e Canadá. Josefina Mendes pertencia às seguintes organizações: IES e POSSO de San José, Ir-
mandade da Senhora do Carmo e do Sagrado Coração de Jesus. Colaborou na Cozinha de Santa Isabel da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família Mendes. Paz à sua alma.
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1 de Dezembro de 2009
Passagem de Modelos no PAC
No passado dia 14 de Novembro o Portuguese Athletic Club, de San José, promoveu uma noite de passagem de modelos onde foram apresentados vários modelos confeccionados pela Mafalda Bridal Shop, de Gilroy. Puderam presenciar-se modelos de noite,
Memorandum João-Luís de Medeiros
cocktail e vestidos de noiva. Estão de parabéns a Direcção do PAC e Mafalda Vieira, proprietária da Mafalda’s Bridal Shop, pelo belissimo trabalho apresentado. Fotos de Mário Ribeiro
Mirante da Fraternidade
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uriosamente (não acham?)... hoje não me apresento, aqui, como comentador voluntário do quotidiano sócio-político da grei açor-lusitana. Sim, já passaram mais de 30 anos: os leitores mais lúcidos descobriram que não sou “assalariado” político, porque tive a sina de escapar ao imperativo da necessidade de ser colunista “pago à linha” (sem desprimor pela dignidade profissional dos colegas que pensam e actuam diferentemente). Gostaria de sugerir aos prezados leitores desta coluna a fineza de me acompanharem numa jornada de gratidão, pelo gesto publicamente assumido pelo professor Nuno A. Vieira – colunista de rara probidade opinativa e pedagógica, e com presença credenciada em vários orgãos da diáspora lusófona (vidé crónica “Notas de Rodapé” - edição do PT 11/04/09, e também no Diário Insular, de Angra do Heroísmo, Terceira). Como assentei praça na vida em meados do século XX, creio não me ter atrasado no treino exigido aos que continuam confiantes na benignidade humana. Tenho procurado não faltar às aulas da vida, onde a alegria suada da aprendizagem faz parte da aventura resultante da convivialidade entre mestres e discípulos... sem vénias ao estandarte dos promotores do martírio alheio. Ora aconteceu que o conceituado cronista Nuno A. Vieira veio há dias aspergir, por
sobre a opinião pública das comunidades açorianas, o orvalho perfumado da solidariedade artística. Face ao cenário opaco da finitude humana, subscrevo o decreto de que é perda de tempo repetir a veleidade palavrosa de que a Vida é injusta... O observador atento reconhece que, embora muito longe de imitar o altruísmo das formigas, o ser humano é ainda capaz de galgar os píncaros do heroísmo para “esticar” o bem-estar da comunidade onde se insere. Hoje, gostaria de merecer a vossa companhia nesta aliciante subida ao Mirante da Fraternidade. Estou a pedir às palavras que sirvam de fio-condutor ao sentimento do poeta: socorro-me da expressão paulina – “love seeks not its own interests”. Atrevo-me a opinar que o autor de “Notas de Rodapé” pertence à gesta dos idealistas que proclamam “nem só da razão vive o homem”. Creio que não fui o único a reparar na sua humildade corajosa ao tentar associar o meu nome aos vocábulos “liberdade e verdade”. Já sinto os ombros a latejar com o peso da responsabilidade ética e artística, resultante da generosa expectativa que o nosso “cronista-semeador” Nuno A.Vieira espalhou nos canteiros da opinião pública da nossa pacata comunidade. Entretanto, venho “pela primeira vez” fazer um breve parêntesis para recordar e agradecer, publicamente, os companheiros que já vieram a terreiro expressar
o que sentiram àcerca do conteúdo poético de (Re)verso da Palavra: escritores Daniel de Sá, Cristóvão de Aguiar, Eduardo Bettencourt Pinto; artistas e académicos Francisco Fagundes, Irene Blayer, Célia Cordeiro, J.M. Lopes de Araújo, Dionísio DaCosta, os tradutores John M. Kinsella (Inglês) e Leons Briedis (Latvia), sem todavia mencionar os que optaram pela sua inviolável privacidade... Adiante. Considero que o mais humilhante destino para um livro seria transformá-lo em “altar-ego” para sacramentar o perfil do respectivo autor: prefiro dizer que livros são pássaros em liberdade que transportam nas suas asas o mistério duma mensagem “que é de todos e não é de ninguém”. Repito: o cronista Nuno A. Vieira veio agasalhar a nudez das (minhas) palavras com o tecido emocional da verdade, prima-irmã da liberdade; depois, vem convidar o leitor a poisar o olhar na proposta seareira dos meus poemas; finalmente, presenteia-me com o cuidado de abrasar a lareira da solidariedade cultural, com o carvão fresco da afectividade humana. Obrigado, amigo! Gostaria de relembrar que os poemas coleccionados nas páginas de (Re)verso da Palavra são pertença emocional dos seus leitores. A poesia não merece a tristura de ser encarcerada nas estantes repletas do vazio decorativo, não raro envernizadas pela indiferença impenetrável das mordomias culturais.
Meu caro: reconheço o meu parentesco com poetas-navegadores das caravelas do imaginário, perdidos e achados nas encruzilhadas da nossa ancestralidade comum: somos navega(dores)... ... a dor olha a vida pela vidraça que disfarça o perfil oculto das origens. Não podemos penetrar o arco-íris da alegria ou do sofrimento sem conhecer o alfabeto do silêncio impresso nas páginas que o vento esconde no cofre-forte da memória... Poetas são alavancas de recurso na tormenta de quem vive a prazo com licença da morte a respirar angústias e promessas de pátrias celestiais... poetas-emigrantes, visionários do ideal: navega(dores) nos mares do espanto no duelo com o vendaval do bem e do mal... Imaginar!... Imaginar é navegar sem rumo na contra-corrente da existência com destinos à proa, na ânsia de chegar... bem-vinda seja a gota do presente caída no charco do tempo que nos resta: (cada episódio passa por nós a correr aragem do Nada que a eternidade empresta...) (inédito) JLM
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Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
“Hilmar Ingredients” nomeada
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Exportadora do Ano
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ilmar Cheese Company foi uma pioneira na Industria de produtos da proteína do soro. Hilmar Ingredients a divisão de produtos derivados da proteína do soro e lactose, do Hilmar Cheese, que foi criada em 2004, foi recentemente nomeada exportadora do ano 2009 pelo “U.S. Dairy Export Council” e de “Dairy Foods Magazine. Este prestigioso galardão que vem reconhecer a chefia de “Hilmar Ingredients” em aumentar a demanda global para produtos das proteínas do leite dos Estados Unidos, veio no momento oportuno em que a companhia está celebrando 25 anos de existência. Ainda mesmo quando “Hilmar Cheese” tem estado na vanguarda da produção de queijo na Califórnia, e agora mais recentemente em Texas, desde 1984, a companhia embarcou numa nova jornada quando enviou o seu primeiro contentor de produtos de lactose e soro do porto de Oakland, na California para a distante China em 1994, explorando um novo e potencial mercado. 10 anos mais tarde quando a companhia começou a produzir mais produtos da lactose e do soro criou uma divisão separada “Hilmar Ingredients” esta divisão hoje exporta para mais de 40 Países por todo o mundo. As exportações de U.S. Dairy produtos totalizaram mais de $3.83 biliões de dólares em 2008, números que infelizmente não foi possível igualar em 2009 pela falta de demanda devido à crise financeira que afectou os mercados globais.
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nfelizmente enquanto produtores de leite lutam com dificuldades financeiras pelos altos custos de produção, baixos preços recebidos, e a contínua inclinação do Departamento da Agricultura da Califórnia, de favorecer os processadores, estes estão desfrutando altíssimos lucros ao ponto do departamento de Estado estar investigando, e judicialmente processando esses com números mais duvidosos. Algumas companhias tem alargado a tal ponto a sua capacidade que podem dominar os mercados em larga escala sem dificuldade, e quem perde são os produtores. Para o futuro, o horizonte
parece um pouco mais claro, mas uma recuperação total, que esteja ao alcance de todos será longa e difícil, tudo depende da capacidade dos produtores em conseguir o controlo da produção e mantê-la em linha com a demanda do consumidor, e não a demanda do processador.Quando os inventários de produtos do leite aumentam nos armazéns e frigoríficos nacionais e globais, os preços à produção são os primeiros, e não raras veses os únicos a baixar. photo courtesy of Hilmar Ingredientes
SJGI tem o prazer de apresentar
Eduardo da Silveira, M.D. Diplomado em Gastroenterologia. Especialista em Doenças do Fígado e do Aparelho Digestivo.
O Dr. Eduardo da Silveira fala múltiplas línguas incluindo o Português, Inglês, Espanhol e Francês. Bem-vindos a San Jose Gastroenterology (SJGI)
Agradecemos a oportunidade de oferecer os melhores cuidados médicos em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva.
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1 de Dezembro de 2009
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Agua Viva
Filomena Rocha
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... nem há nada nem
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Lancha Espalamaca:
Por favor “afundem-me” com DIGNIDADE
ninguém que escape à crise
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epois de um fim-de-semana tradicionalmente alargado, espero que tenha havido ao mesmo tempo, a devida abundância deste maior feriado dedicado ao Imigrante, nas mesas e nas casas de cada um, nos albergues e nos lugares inóspitos onde habitualmente os sem abrigo experimentam o calor de uma ceia, que neste país de eleição e abundante de tudo, devia acontecer todos os dias, e não apenas uma vez por ano. Demasiado bom para ser verdade, se pensarmos que já não há nada nem ninguém que escape à crise dos nossos dias. Até mesmo alguns daqueles em cujo prato foi outrora servido o melhor manjar, de uma forma ou outra se vão ressentindo e começando a fazer contas à vida, porque os tempos trazem mudanças e ainda que as vontades sejam fortes, nem sempre é possível ultrapassálas, sobretudo para quem não estava habitudo a viver em condições menores. “Os pobres são os pobres. Têm a sua pobreza”, não secessitam que lhes digam em jornal e o que é mais triste em boletim paroquial que são os “sem eira nem beira”, porque eles já se acomodaram com o seu viver; sonharam tão devagar que não chegaram a alcançar outra realidade que a de ser feliz com o pouco que a vida lhes deu, mas devemos respeitá-los na mesma. Nem ouvir dizer frazes como esta: uma casa assim, de dois milhões de dólares, é que nunca vais ter...” Subir pode ser tão fácil como descer, com a diferença de que para os que já nasceram com a riqueza, será mais difícil enfrentar o infortúnio, o sabor amargo dos dias sem pão e sem abrigo, sem o aconchego das cobertas e das palavras em família. As notícias trazem acontecimentos todos os dias e deviam fazer corar de vergonha os que governam os países, que em vez de trabalho, educação, condições humanas essenciais dadas ao homem para respeito e dignidade pessoal, preferem eles mesmos tomar o avião e irem de passeio ao país visinho e até mais longe, fazer as compras para a estação seguinte, assim como abusarem do seu poder para confiscarem os bens de cada um com burlas, corrupção e toda a espécie de engano. É uma bofetada sem mão, um atentado à boa vontade dos que com as suas parcas economias conseguem matar a fome a milhões de crianças a viver em bairros de lata, em guetos e em favelas em todo o mundo. Que lição de humanidade algumas pessoas ainda nos dão. Assim todos a tomassem como modelo. Que engraçada, pitoresca e até romântica é a tradição de salvar-se a vida de um perú todos os anos neste País, mas a quantos condenados à morte inocentes terá sido dado o previlégio de uma noite em quarto presidencial de hotel e o resto da vida na Disneylândia? Que alguma coisa se cumpra pelo Natal. Oxalá!
Mesmo que se conseguissem 200 ou 300 mil euros para reconstruir a “ESPALAMACA”, o mesmo problema de hoje manter-se-ia no futuro. O Pico e qualquer das suas organizações não têm capacidade financeira para manter esta lancha, até porque a sua operação seria um tanto ou quanto dispendiosa, porque ela só serviria para excursões à volta das Ilhas do Triângulo, nos meses de Verão e pouco mais. Por isso, é com tristeza que propomos o seu afundamento com a dignidade devida a quem serviu as populações das nossas Ilhas em tempos bons e em tempos de muita trabuzana. Salvou vidas e cumpriu escrupulosamente a sua função. Em vez de a vermos a apodrecer e um dia qualquer a arder, como já aconteceu no passado, melhor será que a afundemos a meio do Canal entre os Ilhéus e a Vila da Madalena, que conheceu como poucos. Sempre que passarmos no Canal a Espalamaca será recordada. Quem é que tem coragem para o fazer? Ou será melhor vê-la como está na fotografia que tirámos em Setem-
bro de 2009 durante a nossa visita ao Pico. O Homem do Pico é um Homem de coragem, por isso confiamos na sua justa decisão. Segundo nos conta Francisco Medeiros, numa das viagens a lancha “Espalamaca”, ao chegar debaixo de mau tempo ao Porto da Madalena, tendo como mestre José Medeiros, este dirigiu-se ao Gerente Sr. João
Quaresma dizendo: - Ó Senhor João, as janelas do lado de estibordo da cabina de proa da “Espalamaca”, estão a meter água e os passageiros estão a queixar-se ! Ao que o Sr. João Quaresma respondeu: - Ó José, as janelas das lanchas, se não metessem água, as carreiras eram feitas com “Camionetas”.
A Espalamaca no Porto da Madalena num dia de mau tempo
NOTA DO EDITOR - na nossa última edição faltou a parte final do artigo da Filomena que agora reproduzimos. As nossas desculpas. “Uma Igreja, não é só o Templo de oração e reconciliação com Deus. A Igreja, que somos todos nós, é também o Arquivo de uma civilização que criou raízes e fez História, e por isso mesmo deve ser guardado como relíquia sagrada e a que nem todos devem ter acesso sem os devidos conhecimentos e de forma leviana. Por agora, que a Festa se cumpra enquanto houver tempo de festejar e que se prepare com a dignidade que merece o centenário, onde cada um possa levar até ao Altar um pedaço da sua alegria, do seu trabalho e do seu orgulho de continuar a ser Português, pelas coisas que cada um realiza dentro e fora da casa que habita, seja ela pequena ou do tamanho de um palácio”.
Oração Espírito Santo, Vós que me esclareceis tudo, Vós que me iluminais todos os caminhos para que eu atinja o meu ideal, Vós que me dais o Dom Divino de perdoar e esquecer o mal que me fazem, e que em todos os instantes da minha vida estás comigo, eu quero, neste curto diálogo, agradecer-vos por tudo, e, confirmar mais uma vez, que nunca me quero separar de Vós, por maior que seja a ilusão material, não haverá o mínimo de um dia sem estar convosco e todos os os meus irmãos na glória perpétua. Obrigado mais uma vez. A pessoa deve fazer esta Oração três dias seguidos sem dizer o pedido. Dentro de três dias será alcançada a graça por mais difícil que seja. Publicar assim que receber a graça. I.A.
1600 Colorado Avenue Turlock, CA 95382 Telefone 209-634-9069
jose avila
14 FESTAS
1 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES
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FESTIVAL MUSICAL
M
1 de Dezembro de 2009
6° festival das filarmónicas portuguesas da california • TUlare
Um Successo
usical
No dia 14, de Novembro, de 2009, realizou-se na cidade de Tulare o 6° Festival das Filarmónicas Portuguesas da California, promovido pela Filarmónica Portuguesa de Tulare. Na Sexta-feira, a partir das 7 horas da noite, houve convívio entre todos os músicos e familiares que chegaram de véspera para o Festival. O Sábado começou com a apresentação de cada Filarmónica presente, num total de 14. O mestre de cerimónias, Professor Diniz Borges, fez a apresentação de cada uma, que em conjunto tocaram os hinos Americano e Português. Estiveram presentes o Presidente da Câmara de Tulare, Superintendente do Condado de Tulare, Representante do Distrito de Tulare e o Reverendo Padre Raul Marta. Foi um dia muito bem organizado, e a Direcção da Filarmónica de Tulare está de parabéns pelo belíssimo trabalho efectuado neste festival. O próximo terá lugar na Cidade de San Diego. Texto e fotos de David Borges
Padre Raul Marta abençoando as Filarmónicas presentes em Tulare
AÇORES
uma pérola da Terceira
Igreja de São Sebastião foi construída pelos primeiros povoadores da Ilha Terceira nos finais do século XV e reconstruída no século XVI. Na sua fachada, destaque para o portal ogival assentes em colunelos de capitéis lavrados com ornamentação vegetal. Interior de três naves com admirável conjunto de pinturas a fresco, representando São Martinho, Santa Bárbara, a aparição de Jesus a Madalena, São Sebastião, São Joaquim e Santa Ana, o Juízo Final e São Miguel Arcanjo. Trata-se da única pintura a fresco existente nos Açores que está a colocar no terreno novas metodologias de limpeza e conservação do valioso património religioso Na sacristia, destaque para um lavabo de cantaria lavrada, um armário de madeira brasileira e três painéis pintados sobre tábua representando passos da vida do Mártir S. Sebastião. Encontrase classificada como Imóvel de Interesse Público. in guiaturistico
fotos de jose avila
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COMUNIDADE
1 de Dezembro de 2009
Fundação Portuguesa de Educação Bolsas de Estudo
Salão de Nossa Senhora da Assunção - festa de entrega de bolsas de estudo e reconhecimento a várias entidades que marcam a diferença na nossa Comunidade.
Michael Lopes foi um dos 55 estudantes que receberam Bolsas de Estudo.
A Educadora do Ano - Maria Freitas
COMUNIDADE
Maria Hortênsia apresentou os Empresários
do Ano no Ramo da AgroPecuária - Irmãos Martins, de Hilmar - José Manuel, António Luís e George Martins.
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Mesa de Honra - Melissa e Filipe Lima (Vice-Presidente), António Costa Moura (Cônsul-Geral de Portugal), Sérgio Pereira (Presidente), Padre Manuel Sousa (Pastor da Igreja de Nossa Senhora da Assunção), Teresa Dias (Directora)
Filipe Lima, Vice-Presidente da Fundação apresentou o Empresário do Ano:
Manuel Pires (ao centro), rodeado por Sérgio Pereira, Steve Nascimento (representando Congressman Dennis Cardoza), Kurt Vander Weide (rep. Congressman George Radanovich) e Landon Whithey (em representação do Assemblyman Bill Berryhill)
Alunos do Ano - Luís e Rute Teixeira - marido e mulher, e ambos médico dentistas com Clínica em Turlock. Apresentação feita pelo colega e amigo Jorge Duarte
Manuel E Vieira apresentou o Cidadão do Ano - Monsenhor lado o Presidente da Fundação, Sérgio Pereira
Ivo Rocha, tendo a seu
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COLABORAÇÃO
1 de Dezembro de 2009
Ao Sabor do Vento
José Raposo
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nchi-me de coragem e vou escrever sobre um assunto do qual percebo pouco: touros. Esses animais que passam uns três ou quatro anos a serem bem tratados, a comer da melhor palha e outras coisas que compõem a sua alimentação, levam uma vida de descanso para depois terem, na opinião de alguns, uns minutos de glória numa arena a serem espicaçados pelas farpas. Será isso glória? Não sei. Mas, de qualquer forma, a arte tauromáquica existe e existem os que gostam e os toureiros que se metem na frente de um touro de cornos bem afiados e os cavaleiros que bem montados nos seus cavalos são por vezes um espectáculo digno de se ver. E os forcados? Para eles, então, como diz o Zé, tiro o meu chapéu. E nesse caso eu tiro o meu chapéu e faço a minha vénia a todos: os bons e os menos bons, pois que
nem toureou...
Nem viu vacas,
esses rapazes, na minha opinião, estão entre os mais corajosos. Não sou perdido por touros, mas quando vejo uma tourada aprecio a habilidade dos toureiros, as manobras de um bom cavalo e a força que tem um animal como o touro. Quanto à sua inteligência, diz-me um amigo que é toureiro, que o touro é muito inteligente e aprende os movimentos do toureiro muito rápidamente. Talvez seja essa uma das razões porque é morto depois de ser corrido, acabando-se assim a sua bravura e nobreza que tantas vezes mostra na praça. De qualquer forma eu não me quero ver à frente de um touro, quer ele seja inteligente ou não. Quanto a nomes como a muleta, o capote e mais não sei o quê, o amigo Zé já me tentou explicar essa coisa toda e eu cada vez percebo menos. Segundo me contaram, a última vez que eu fui ao vale, um touro aqui de uma ganada-
ria em Califórnia foi levado para o México para ser toureado e, como é sabido, no México matam os touros. No entanto parece que esse touro portou-se tão bem na praça que lhe perdoaram a morte. Não entendo muito disto, mas deve ter sido uma honra para o ganadeiro e talvez um sofrimento mais prolongado para o touro. as essas coisas são como são. Contaram-me também que houve uma tourada em Las Vegas, com touros de
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ganadarias Portuguesas aqui do Vale. Um dos touros, eu não vi, mas me disseram que era um bonito animal, que deveria pesar mais ou menos mil e trezentas libras, que foi transportado para Las Vegas como os touros são transportados e não nessas “motorhomes” de luxo, com boas camas e com comidas e bebidas à descrição. O touro chegou a Las Vegas e não foi corrido na praça. É provável que alguém ao chegar a este ponto do meu artigo pergunte: -Esse chato do Raposo por que não se cala? Bem a razão é simples: por que se leva um touro para Las Vegas, não é corrido e não se dá explicação? Será que o touro não prestava ou os toureiros tiveram medo? Vai o pobre do bicho por aí abaixo aos trambolhões e volta da mesma maneira. Nem foi ao casino, nem viu vacas, nem toureou.
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Elen de Moraes
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e todos os sentimentos que navegam os oceanos das nossas emoções, a decepção certamente é o mais doloroso, o mais devastador, porque envolve pessoas nas quais investíamos confiança, esperança e projetos edificados em cima de sonhos que pretendíamos realizar, mas que em determinado momento se dissolveram como fumaça. A decepção é tanto maior quantos forem os investimentos feitos, seja em relação ao amor, à amizade, à família, ao emprego, etc. e o que mais nos desalenta, o que nos tira o chão, é saber que depois de uma decepção nada será como antes. Ela marca o fim e quando algo se exaure deixa em seu lugar a dor, a incerteza, a mágoa e o desânimo, portanto é o divisor entre o sonho e o pesadelo, a fé e a desesperança, a alegria que se aguardava e a tristeza que se fez presente. Sabemos que o caminho mais curto para a decepção é criarmos expectativas em torno de alguém ou de alguma coisa e quando a decepção se materializa no seio familiar, a pergunta é a mesma: aonde foi que eu errei? Talvez não nos decepcionássemos tanto se demasiadas esperanças não colocássemos em realizações sobre as quais não temos controle. Óbvio que queremos o melhor para os nossos familiares, porém esse conceito de melhor e pior, bom e ruim, certo e errado, é nosso. São valores criados e rotulados por nós, no entanto, nem sempre as outras pessoas vêem o que vemos pelo mesmo prisma. Nem sempre o que desejamos são os seus desejos e daí, pelo convívio, pela proximidade familiar, há o perigo da linha que separa a decepção das agressões verbais e físicas, tornar-se tênue demais. Segundo a poetisa e psicanalista brasileira Reinadi Sampaio, as pessoas se decepcionam porque esperam demais do outro e explica: “Determinados valores que se
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Decepção
Antes só que mal acompanhado
perderam no tempo diante da própria modernidade – nos levam a conflitos existenciais, visto que somos sujeitos morais e éticos, embora até os indivíduos de formação e educação mais elevadas, num momento de frustração, agridem pessoas e coisas, de forma vil, donde posturas ético-morais perdem seus significados intrínsecos à convivência e conveniência social e se percebe, claramente, que embora se tente uma postura retilínea (persona), adquirida no convívio da família, da sociedade, na política, na religião, na cultura, questões exteriores levam pessoas a se agredirem, mostrando realmente o que são e como são (sombra)”. E continua: “Submetido a uma ampla diversidade cultural, os indivíduos contemporâneos enfrentam uma grave crise existencial, que os levam às decepções, tentando entender a sua identidade em meio à profunda dúvida e angústia existencial manifestada no conflito freqüente entre os níveis do ser: o que sou; o que penso que sou; o que os outros dizem que sou; o que eu gostaria de ser e o que os outros gostariam que eu fosse. Não sendo nada especificamente, o homem termina sendo tudo em potência e um nada existente”. Quando a decepção nos atinge através de um amigo, então, dói muito mais constatarmos a nossa ingênua credulidade diante do muito que esperávamos daquela relação, do que propriamente o mal que ela nos tenha causado. Só o tempo, a convivência e os desenganos nos ensinam o significado de ter e ser amigo. Tem gente que se faz de amigo porque não lhe convém aquela pessoa como inimiga; outros, porque necessitam que seus segredos continuem bem guardados e outros, ainda, por alguma vantagem social ou material. Esses tipos de amigos não merecem a nossa eterna mágoa, porque não se respeitam. Prefiro ter um inimigo que eu admire do que ter um falso amigo.
Como disse Vinicius de Moraes “A gente não faz amigos, reconhece-os”, entretanto isso só acontece quando as desilusões nos revelam todos os tipos de amizade e aí, sim, estaremos aptos a reconhecer os verdadeiros amigos. E, finalmente, a mais freqüente e temida decepção: a amorosa! Esta, dependendo da nossa auto-estima, pode ir do estágio “muito brando” até chegar a níveis insuportáveis. Quando entramos numa relação de intensa paixão não conseguimos enxergar os defeitos do outro e se os vemos, achamos que teremos o poder de mudá-los, com o tempo. A princípio até se consegue, mas quando a “obsessão” vai se acalmando, os defeitos emergem e começam os desentendimentos e as cobranças. E se a pessoa que amamos tem no seu histórico “o defeito” de trair, ilusão pensar que vai mudar. E pior do que essa decepção, é a
de não ouvir jamais um “eu te amo”, um “muito obrigado/a” ou tampouco um pedido de “perdão” e as pessoas que agem assim, quando a relação acaba, além de não se sentirem culpadas, jogam a responsabilidade no outro e ainda saem da história como super-vítimas. Todos nós precisamos de carinho, atenção, aceitação, amor, admiração e reconhecimento e se a pessoa amada não supre nossas necessidades emocionais, não nos valoriza, não nos abraça nos momentos de dor, não nos estimula com os nossos dons, não nos estende as mãos nos despenhadeiros da vida, não nos beija a boca na hora do sexo, etc., então estamos numa relação moribunda, que se estertora a cada novo desentendimento, a cada decepção. E ou se parte para reconstruí-la, amorosamente, ou se põe em prática o dito popular “antes só do que mal acompanhado”.
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DESPORTO
1 de Dezembro de 2009
Liga Portuguesa de Futebol Porto vence; Sporting continua a 11 pontos F.C. Porto-Rio Ave, 2-1 O F.C. Porto tirou máximo proveito da «escorregadela» do Benfica no Estádio de Alvalade com uma difícil vitória sobre o Rio Ave (2-1) no Estádio do Dragão, reduzindo a diferença para o líder para três pontos. A equipa de Jesualdo Ferreira ganhou vantagem aos 23 minutos, numa iniciativa individual de Hulk, mas a equipa de Carlos Brito empatou dois minutos depois com uma cabeçada de João Tomás. A oito minutos do final, Farias e Varela, que entraram na segunda parte, construíram o golo da vitória. O F.C. Porto passa a contar com 23 pontos, menos três do que o Benfica e menos dois do que o Sp. Braga que só joga esta segunda-feira com o U. Leiria.
caseiro frente ao Leixões, 1-1, em jogo da 11ª jornada da Liga. Os golos só surgiu na segunda parte. William inaugurou o marcador, aos 51 minutos. Maykon surgiu no corredor central e isolou Roncatto na área. Este cruzou rasteiro para um desvio fácil de William, em zona de finalização. O empate chegou vinte minutos depois. Jean Sony fez uma entrada desastrada sobre Cristiano, dentro da área. Bruno Paixão apontou para a marca de grande penalidade. Hugo Morais fez a cobrança.
Coimbra. E, desta vez, por números concludentes. O V. Setúbal foi despachado por claros 3-0 e ultrapassado na classificação pelo adversário deste domingo. Manuel Fernandes tem mesmo muito a fazer no Bonfim. Sougou apontou dois golos (21 e 68 minutos, este de g.p.) e William Tiero também fez o gosto ao pé na marcação de um livre directo (49). A Académica tem agora dez pontos e o V. Setúbal apenas oito.
Nacional-Naval, 1-1
Belenenses-Marítimo, 2-2
A Naval 1º de Maio garantiu um ponto no reduto do Nacional da Madeira (1-1), em encontro referente à 11ª jornada da Liga 2009/10. Camora marcou o primeiro golo da partida, pouco antes do intervalo, mas Mateus viria a restabelecer a igualdade. Manuel Machado não orientou a equipa insular, devido a internamento hospitalar. A Naval apostou no contra-ataque e conseguiu violar a baliza de Bracalli ao minuto 44. Os homens da casa, numa tarde pouco inspirada, não reagiram da melhor forma mas lograram evitar a derrota, com 91 minutos de jogo, na sequência de um remate rasteiro de Mateus.
O Belenenses desperdiçou uma oportunidade soberana para somar a sua segunda vitória na Liga ao ceder um empate diante do Marítimo (2-2), em jogo da 11ª jornada da Liga, depois de ter estado a vencer por 2-0. Um enorme balde de água fria para João Carlos Pereira. A equipa do Restelo ganhou vantagem aos 55 minutos, na transformação de uma grande penalidade, convertida por Lima, num lance que ditou a expulsão de Peçanha, e aumentou-a, aos 69, na sequência de um rápido contraataque do mesmo Lima. Quando parecia que os «azuis» tinham garantido os três pontos, os madeirenses, reduzidos a dez, carregaram e, em poucos minutos, conseguiram o empate com um «bis de Manú (78 e 88m). Já em tempo de compensação, Lima voltou a surgir destacado, mas atirou ao lado.
Sporting-Benfica, 0-0 Acabou empatado a zero o derby de Alvalade. Sporting e Benfica foram incapazes de fazer funcionar o marcador e levam um ponto cada. Desta forma, os leões continuam a 11 pontos dos rivais da Luz: 15 para 26. A partida, principalmente na segunda parte, foi bastante movimentada e ambos os conjuntos tiveram boas ocasiões para marcar. Infelizmente, o duelo entre leões e águias terminou como começou. O público que preencheu as coloridas bancadas de Alvalade foi para casa sem celebrar qualquer golo.
Olhanense-V. Guimarães, 0-2 O Vitória de Guimarães deslocou-se a Olhão, na jornada 11 da Liga, e venceu por 2-0. Os algarvios continuam sem vencer desde a quarta jornada do campeonato, enquanto os minhotos confirmam o bom momento, após vitórias sobre Sp. Braga, na Liga, e Benfica, na Taça de Portugal. Nuno Assis abriu o marcador aos 21 minutos, de cabeça. O médio do Vitória ainda desperdiçou uma grande penalidade, bem defendida por Ventura. Na segunda parte, porém, Targino fez o segundo golo dos vimaranenses e sentenciou a partida.
P. Ferreira-Leixões, 1-1 O Paços de Ferreira concedeu um empate
Bola de Ouro 2009 O português Cristiano Ronaldo (Man. U e Real Madrid) e o argentino Lionel Messi (FC Barcelona) surgem hoje na lista dos 10 finalistas do troféu Bola de Ouro, na qual não consta o nome do espanhol Fernando Torres (Liverpool). A lista, apresentada por ordem alfabética, foi divulgada pelo programa Téléfoot da cadeia de televisão francesa TF1 e o vencedor do troféu será conhecido na edição de terça-feira, 01 de Dezembro, do France Football. A ausência de “El Nino”, autor do golo que valeu à Espanha a conquista do Euro2008, é a maior surpresa da lista dos finalistas. Torres tem sido afectado por problemas físicos e o Liverpool foi eliminado prematuramente da fase de grupos da Liga dos Campeões. Lionel Messi é agora apontado como favorito à sucessão de Cristiano Ronaldo na lista dos vencedores do troféu, apesar do português também estar no “top-10”. O FC Barcelona é o clube mais representado na lista de 10 finalista com quatro jogadores: o sueco Zlatan Ibrahimovic, os espanhóis Andres Iniesta e Xavi e o
argentino Messi. O troféu foi conquistado pelos portugueses Eusébio (1965), Luís Figo (2000) e Cristiano Ronaldo (2008). Lista dos 10 finalistas da Bola de Ouro 2009: Didier Drogba, Costa do Marfim (Chelsea). Samuel Eto’o, Camarões (FC Barcelona e Inter Milão). Steven Gerrard, Inglaterra (Liverpool). Zlatan Ibrahimovic, Suécia (Inter Milan e FC Barcelona). Andres Iniesta, Espanha (FC Barcelona). Kaka, Bras (AC Milan e Real Madrid). Lionel Messi, Argentina (FC Barcelona). Cristiano Ronaldo, PORTUGAL (Manchester United e Real Madrid). Wayne Rooney, Inglaterra (Manchester United). Xavi, Espanha (FC Barcelona). Sapo Desporto c/Lusa
Académica-V. Setúbal, 3-0 A Académica não quer largar o estado de graça proporcionado pelo efeito-Villas Boas. Os estudantes somaram a segunda vitória desde que o novo técnico chegou a
In maisfutebol
EURO 2012 - Portugal é cabeça de série Portugal é um dos nove cabeças-desérie no sorteio da fase de qualificação para o UEFA EURO 2012™, a decorrer em Varsóvia, na Polónia, no dia 7 de Fevereiro de 2010. Procedimentos do sorteio Serão formados nove grupos, seis de seis equipas e três de cinco, de onde sairão os 14 finalistas que se juntarão à Polónia e Ucrânia, co-anfitriões do torneio. Os potes são formados com base no sistema de coeficientes de “ranking” da UEFA, finalizado após o final do apuramento para o Campeonato do Mundo, sendo a Espanha, campeã europeia, automaticamente cabeça-de-série. Todos os grupos irão incluir uma nação de cada um dos cinco potes, ao passo que seis grupos irão incluir ainda uma selecção do Pote 6. Fase de qualificação As equipas de todos os grupos defrontam-se entre si, em casa e fora, e as jornadas serão marcadas consoante o calendário internacional de jogos, entre Setembro de 2010 e Outubro de 2011. Os nove vencedores e os segundos classificados com melhores resultados contra os primeiro, terceiro, quarto e quinto clas-
sificados dos respectivos agrupamentos apuram-se directamente para a fase final. Os restantes oito segundos classificados disputam uma ronda de “play-off” em Novembro de 2011.
Potes do sorteio Pote 1: Espanha (campeã), Alemanha, Holanda, Itália, Inglaterra, Croácia, Portugal, França, Rússia Pote 2: Grécia, República Checa, Suécia, Suíça, Sérvia, Turquia, Dinamarca, Eslováquia, Roménia Pote 3: Israel, Bulgária, Finlândia, Noruega, República da Irlanda, Escócia, Irlanda do Norte, Áustria, BósniaHerzegovina Pote 4: Eslovénia, Letónia, Hungria, Lituânia, Bielorrússia, Bélgica, País de Gales, República da Macedónia, Chipre Pote 5: Montenegro, Albânia, Estónia, Geórgia, Moldávia, Islândia, Arménia, Cazaquistão, Liechtenstein Pote 6: Azerbaijão, Luxemburgo, Malta, Ilhas Faroé, Andorra, San Marino uefa.co
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TAUROMAQUIA
1 de Dezembro de 2009
Novo Livro sobre Forcados Teve lugar no Campo Pequeno, em Lisboa, a 28 de Novembro de 2009, a apresentação do Livro “Forcados: Os Últimos Românticos da Festa!”, da autoria de Eurico Goncalves Lampreia. A festa de apresentação deste importante livro contou com a presença de um painel de seis Oradores; - De de um Júri constituído por oito personalidades. - Uma Poetisa que irá declarar os poemas constantes do livro. - Atribuição de 92 distinções de Honra às Individualidades que mais se destacaram ao serviço da festa nos mais diversos sectores de actividade. - Existência de uma rubrica denominada de “Êxitos vs Tragédias”, visando homenagear os quinze elementos que perderam a vida no desempenho da actividade na arena (a titulo póstumo) e os que ficaram inutilizados para sempre. - Actuação de duas Sociedades Filarmónicas. - Actuação de Vários Fadistas e Guitarristas. - A previsão de presenças foi de 6500 aficionados para o que contribuem os seguintes factos: a) Convite dirigido a todos os forcados que vestiram a jaqueta em representação dos seus grupos (Portugal – México – Califórnia(USA) ). b) O livro menciona as vinte e seis Dinastias de Forcados (famílias) mais expressivas de Portugal, à média de dez/Dinastia c) Contém o Historial dos quarenta e cinco Grupos de Forcados Portugueses, dos dez do México e quatro da Califórnia. d)Contém uma referência a todos os forcados que faleceram de morte natural. O livro é composto por aproximadamente 800 páginas, ilustradas com cerca de 800 fotografias, estruturadas em 37 capítulos, repartidos por dois volumes. A obra em causa,
dedica cinco páginas ao historial de cada um dos 45 grupos de forcados em Portugal, uma dezena de grupos do México e aos 4 grupos da Califórnia, incluindo também listagens nominativas de todos os praticantes da “classe”, desde os primórdios (1836) até à actualidade. O programa incluíu, projecção em ecrã gigante das 800 fotografias, em “slide-show”, ao longo do evento de apresentação do livro. Sobre o Autor:
Eurico Gonçalves Lampreia, nasceu no concelho de Mértola a 13 de Fevereirode 1952, frequentou o Liceu Nacional Diogo Gouveia, em Beja entre 1964/64, posteriormente ingressou nas Escolas de Regentes Agrícolas de Évora, tendo-se licenciado em Engenharia Técnica Agrária em 1973. Cumpriu o Serviço Militar em Tavira entre 1973/75. Em 1976 iniciou a actividade profissional na Zona Agrária de Alcácer do Sal, tendo transitado posteriormente para a D. I. Veterinária desta localidade, onde passou a residir desde então. Em 1980 abandonou a função pública, tendo enveredado pela actividade empresarial, cuja iniciativa originou a fundação da primeira empresa, a que se seguiram posteriormente outras seis empresas, ao longo de vinte e três anos, em diferentes sectores de actividade comercial. Em 2006 reingressou na função pública onde permaneceu enté 2008. O primeiro contacto com os aficio-
nados, em termos de cor, perfume e sabor da Festa Brava, ocorreu na E.R.A de Évora aos treze anos, onde encontrou um ambiente fascinante no qual conviviam ganaderos, cavaleiros tauromáquicos e forcados, que constituiam a base de recrutamento dos grupos mais antigos e concentrados, em cujo estabelecimento de ensino teve oportunidade de privar com alguns dos maiores valores da forcadagem. Este facto originou que em 1970 ingressasse no G.F.A. de Lisboa onde permaneceu até 1980, ao serviço do qual pegou 192 toiros, dos quais nove foram em pontas e doze sózinho na arena, de que resultou a conquista de 24 troféus, através de uma inescedível entrega à causa de pegar toiros por amor à arte, assente num espírito de puro amadorismo de cujo conceito resulta a conotação: “dos últimos românticos da festa brava!”. Um grupo de aficionados e forcados estão a pensar convidar o autor para apresentar o seu livro no princípio da temporada de 2010. Agradece-se desde já a todos a sua preciosa ajuda. Possívelmente a sessão de apresentação do livro acabará com um espectáculo de Fados. Quando soubermos mais pormenores desta importante apresentação de um livro que nos conta a vida de todos os grupos de Forcados de Portugal, Mexico e America, informaremos os nossos bons amigos aficionados. Até lá, Felizes Festas e Boa Temporada de 2010.
Quarto Tércio
José Ávila
[email protected]
Tiro o meu chapéu a Eurico
Lampreia pela publicação de um livro tão importante como este sobre os Forcados de todo o mundo.
Mesmo com a temporada quase hibernada, há sempre excepções - já houve uma ferra em Madera, nos campos do Ganadero Manuel Correia, um homem que não consegue estar longe dos toiros por muito tempo. Também este fim de semana houve uma importante tenta na ganadaria de Joe Rocha, em Turlock. Mais um sinal de que mesmo quase hibernada a temporada sempre mexe em alguns lugares. É sempre bom pensar no futuro. Na nossa próxima edição apresentaremos uma reportagem fotográfica dos dois eventos.
Fico com o meu chapéu no ar, preparado
para o atirar até à Lua, quando tiver a certeza que o Pico dos Padres irá renascer e tornar-se um dos centros taurinos mais importantes da California como sempre foi no passado. Tudo está nas mãos do Ganadero Manuel Sousa Júnior. Que os Anjos e Arcanjos e mesmo o Menino Jesus o ajudem a decidir WISELY.
Para todos aqueles que irão ter responsabilidades
na contratação de cartéis e ganadarias, seria bom que começassem a pensar a tempo e horas, quais são os seus objectivos, os seus orçamentos e o que gostavam de oferecer ao público aficionado. Não deixem para amanhã o que se pode fazer hoje. Um conselho - por favor nao contratem sempre os mesmos, inovem, façam coisas “out of the box”. Há tanto por onde escolher. Sejam diferentes, melhores. Sempre melhores!
Tiro o meu chapéu de coco à Tertúlia
Tauromáquica Terceirense por ter sido galardoada pelo Jurado de Los Premios de la Associación Taurina Parlamentaria com o Prémio “A la entidade de cáracter público o privado que tanto a nivel nacional o internacional haya destacado por su labor de promócion e fomento de las actividades taurinas o de la potenciación de la Fiesta de los Toros”. Parabéns da California.
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ARTES & LETRAS
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1 de Dezembro de 2009
Liberdade e Verdade na
Apenas Duas Palavras
Poesia de João-Luís de Medeiros
Diniz Borges
Nuno A. Vieira
F
oi na Primavera deste ano de 2009, que em ambiente verdadeiramente íntimo, se reuniram em Cambridge, no estado de Massachusetts, três poetas açorianos, para dialogar com uma audiência curiosa acerca do quando e do como da verve que os anima. Foram eles José Francisco Costa, Cisaltina Martins, e João-Luís de Medeiros. Cada um leu poemas da sua autoria com o cunho próprio de quem lhes deu o ser. Nenhum deles reivindicou mérito pessoal. Todos compartilharam a opinião de que a poesia é nascente que corre em dia inesperado. O último livro que li foi (Re)Verso da Palavra de João-Luís de Medeiros – um livro de múltiplas vertentes, espaços, e idades. Assim, passarei a fazer algumas observações ácerca deste livro publicado em 2007 pelo escritor-poeta que desde há muito, do Rancho Mirage, na Califórnia, nos oferece uma análise conscienciosa, sensível e erudita sobre variados problemas sócio-históricocultural-económico e políticos. Na tarde dos três poetas, em Massachusetts, João-Luís de Medeiros falou, em termos inequívocos, da sua atracção pelo belo no ser humano, o belo da natureza, e o belo feminino. Em relação à mulher, escreveu: “linda no seu enxoval / toda a noiva nos fascina: / - ó mulher escultural / quem te fez bela menina? “ João-Luís de Medeiros, desde a meninice até à madureza dos anos, tem arquivado “na memória do tempo” poemas de igualdade, liberdade e verdade para todo e qualquer homem. Carregou consigo este mandato, desde a terra açoriana como estudante, através da antiga colónia de Moçambique como militar, e até à capital portuguesa como político na Assembleia da República. Como emigrante, nas duas costas extremas dos Estados Unidos, continua vigilante para que o ideal de liberdade de Jean Jacques Russeau se materialize em prol de todos. Em 1959, o jovem poeta, no auge da sua juventude, dá a seguinte folga às amarras do silêncio: “Mil gerações de ideias sepultaram o pensamento dum adolescente: agora sou um simples descendente das ideias que outros já pensaram...” Em 1961, escreveu em “Mandamento” poético: “Se andas de cabeça erguida/ e a Verdade tens por lema / transformaste a tua vida / num generoso poema.” Em Maio de 1974, quando ainda no piso das ruas se viam as marcas dos cravos que dariam início a uma nova caminhada, João-Luís de Medeiros distribui, em verso, “O Pão Fresco Da Liberdade”: “avante! a multiplicação dos pães já vai em marcha para a ceia fraternal quero gritar ao silêncio do passado o delírio magoado do verbo resistir
[email protected] que já conhece de cor as falas do meu sentir...
saudade. Chegámos! Chegámos!
quero quebrar as algemas que adiam a verdade trago na alma poemas do livro da liberdade”
Soldados, firme! Morrer, mas em sentido! (... e o silêncio a navegar lágrimas do além-mar e a espreitar o eco da crueldade peninsular que ensanguentou o dote das epopeias...)”
A terceira parte do livro (Re)Verso da Palavra intitula-se “Dor do Parto da Liberdade” onde o autor explica que “o eco da justiça está para além do grito”: “no cemitério da história há estátuas erguidas aos inventores da miséria escusada; são lengalengas à injustiça esculpidas por cinzéis da indiferença na pedra lascada, lágrimas de mármore de mágoas antigas... romeiros afogados na tosse da má-sorte trazem espinhos na almofada do mito: quem inventou a dor não merece a morte; o perdão é irmão-gémeo do coração contrito, e o eco da justiça está para além do grito...”
A
guerra colonial coloca o escritor no emaranhado das partilhas do Tratado de Tordesilhas e na fé perdida nos cabos da Boa Esperança. Agora, em “Testamento Equatorial”, o poeta-combatente dá nova ordem de comando ao navio transportador de tropas:
O poeta dá-se conta de que as revoluções têm consequências: “madre Autonomia no andor da história sorrindo à revolução sem assustar ideias mas há aranhas assustadas pela mudança a tecer no linho frágil das sapateias, telas de medo na aurora da esperança...” João-Luís de Medeiros, imigrante nos Estados Unidos desde 1980, é conhecedor de todas as fases do drama que frequentemente acompanha o emigrante. Conhece-lhe as lágrimas, a saudade, e as injustiças sociais, como se pode ver na quarta parte do seu livro, em “Salmos da Distância”. No poema “Sucata Humana” lê-se: “Quem são os donos dos danos humanos?
Um abraço do josé avila
João-Luís Medeiros, contabilista habituado à medida matemática, escreve tanto em rima como em verso livre. A sua poesia discorre numa linguagem densa e fluida. Frequentemente consegue um efeito curioso ao incorporar, na sua composição poética, competências comunicativas num contexto diferente do original. Por exemplo, veja-se o uso que faz de termos gramaticais no seguinte poema, intitulado “Operário de Palavras”:
lanças linguísticas de fala-padrão navalha lusitana do sentimento ao latim bárbaro da nossa tradição faz falta a língua do pensamento... vénias verbais ao altar do discurso de invejas inflamadas pela vaidade ferro em brasa no dono da verdade da língua da dúvida e do seu percurso tempos e verbos obedientes ao “mais-que-perfeito”entre os falantes trovas de amigos, juras de amantes sob o pálio gramatical dos crentes...
Em terra moçambicana, o poeta sensibiliza-se com o mundo da criança, no seu poema “Protesto”:
saldo infantil do destino anjinhos sem firmamento com a fome sobre as mesas e a doença a espreitar ... as velinhas sempre acesas para a morte nunca entrar”
Vale a pena ler com atenção.
“...sonhei que a gramática da maldade Desconhece o verbo da fraternidade...
“Meu caro Equador... fronteira mística da coragem ordena à vertigem patriótica para mudar o rumo da “nau-Niassa” da segunda metade do século vinte; roda-lhe o leme triste em direcção a Porto Alegre...”
“pai-natal ocidental! milagreiro de brinquedos nas árvores da escravidão... quando é que chega o natal para os meninos-jesus sem medicina nem pão?
Quem tem filhos tem (bons) cadilhos e o nosso amigo Diniz aproveitou este provérbio tão popular para estar junto de um deles alguns dias, e assim é da nossa escolha esta excelente apreciação ao livro do nosso colaborador e poeta, João-Luís de Medeiros, feita por Nuno A. Vieira, que veio publicada no jornal “A União” e no “Portuguese Times”.
Posso entrar? Já posso entrar? Pode. Já devia estar a trabalhar... Afinal!... preciso ou não de licença p’ra viver...? Não! queremos apenas um corpo vestido: - aqui, o pensar é proibido... “piece-work” – quebra braços à justiça; Dignidade desonrada não tem nome;”
A
temática da poesia de JoãoLuís Medeiros gira em torno de tópicos de conteúdo humano, como a De regresso da campanha colonial em Moçambique, o poeta-militar, ao chegar liberdade, a igualdade, e a justiça para ao local de partida na terra lusíada, tes- todos. – Pão sobre a mesa, alfabetização, assistência médica e integridade temunha em “Saldo Patriótico”: política. Na sua poesia, a criança, a mulher, e o homem merecem consideração “Gaia à vista! Gaia à vista! individual. a ponte Dom Luís é sentinela da
...na língua imortal da saudade há ausências magoadas de igualdade”. Liberdade e verdade são presença assídua e genuína na poesia de João-Luís Medeiros – É ele quem afirma: “A liberdade nunca é demais...”. Em poema dedicado ao padre Joe Ferreira (Moreno), o poeta escreve: “tenho medo que o medo da verdade converta os valentões da mentira ao evangelho das verdades-mentirosas”.
Do Vale à Montanha
Sergio Pereira
[email protected]
N
os tempos difíceis que agora passamos, todos procuram maneiras de diminuir custos. Gostaria de passar algumas informações sobre como se podem diminuir alguns custos a breve prazo. Estas sugestões devem ser revistas aquando da melhoria das condições económicas. • Mude as injecções dos programas de Presynch/Ovsynch para serem iniciadas aos 45 dias e tente inseminar as vacas após as primeiras duas injecções de Prostaglandinas (Lutalyse, Prostamate, Estrumate), assim poupará nas hormonas e nos tempos das inseminações programadas. • Corte os custo do sémen, não usando sémen sexado e usando sémen de toiros novos nos programas de inseminação. Tire proveito dos descontos concedidos pelas companhias de inseminação nestes toiros. • Mude para uma pré-desinfecção à base de Cloro e uma pós-desinfecção à base de 1% de iodo. Faça pressão para que as companhias de químicos baixem os seus preços. • Elimine os banhos químicos de pés e mantenham as linhas e currais limpos e secos. • Reveja os seus protocolos de vacinação com o seu veterinário, e se usa a vacina Scour-Guard pode deixar de usar até que as condições económicas melhorem. • Não use fertilizantes comerciais. Teste os solos e use o estrume. Processe ou venda o estrume que resta. • Não compre erva com teste muito elevado (56-58 TDN). Esta é cara e pode causar falta de fibra na dieta dos seus animais.
COLABORAÇÃO
Falando de Veterinária
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Redução de Custos
Use erva de teste médio com mais fibra ou use palha para aumentar a fibra e melhorar a digestão com a diminuição de custos . • Use o tratamento de pés quando tiver mais animais e não de uma forma regular. Tenha em atenção que o uso de pessoal extermo à leitaria aumenta os custos e este pessoal tende a usar sapatos e algumas técnicas de uma forma desajustada e com custos elevados. Venda os animais mancos. • Use companhias de trabalho dos campos especializadas que façam o trabalho por completo e assim evite a contratação de companhias diferentes com custos adicionais. Se usa os seus trabalhadores para o trabalho de campo, utilize estes também para o maneio das camas, currais, jardinagem, etc. • Evite o uso de tratamentos de silagem, estes tratamentos podem ser evitados quando os silhos são feitos com as condições de humidade e maturação adequadas. Não devem desperdiçar a comida que produzem na sua leitaria. • Use o potencial dos seus trabalhadores ao máximo, evite a contratação de mão de obra extra. Evite a sobre carga dos ordenhadores, estique o potencial dos trabalhadores que não ordenham • VENDA, VENDA, VENDA os animais que não produzam adequadamente. Qualquer vaca que produza menos do que 50 libras, tenha uma gestação inferior a 100 dias, e mais do que 150 dias de produção deve ser vendida. Venda as vacas com problemas crónicos, estas são: vacas magras e mancas, com mamites crónicos, vacas obesas com tendências de sindroma de
“ketosis”, e vacas com valor relativo baixo. Neste momento devem prestar atenção ao conforto dos vossos animais, á ordenha em condições adequadas, á alimentação dos seus animais e ás condições de parição dos seus animais. Fazendo as diversas tarefas de uma forma correcta e exigir isto dos seus trabalhadores é barato. Gaste tempo (e não dinheiro) no treino, inspecção, qualidade de trabalho e revisão. No próximo artigo darei algumas ideias de como reduzir os custos a nível de medicamentos e de tratamentos médico-veterinários. Até lá, fiquem bem!.
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ser v i ng t h e p o rtuguese – a m er i c an c o m m un i t i es s i n c e 1 9 7 9
Ideiafix
Miguel Valle Ávila
portuguese
• E N G L I S H S E C T IO N
[email protected]
The Tale of the Crusts
T
he day before Thanksgiving, I went to our local chain supermarket looking for graham cracker crusts to make my mother’s condensed milk tart. I remember that golden brown, silky smooth tasting tart coming out of our small oven on Avenida Infante Dom Henrique in the historic city of Angra do Heroismo. It was a familiar aroma for our birthday celebrations and holiday dinners. As these crusts are common staples in our American supermarkets, I was surprised — not to say, shocked — that this chain supermarket was out of stock on them. The employee asked if I wanted to do it the old fashioned way — by crushing the graham crackers by hand to make the crust. Who? Me? Not if I can make it the easy way! So I drove to the local neighborhood market. They were also out of the crusts. But not everything was lost. They had another version — the honey cracker crusts. I bought the two small crusts and depleted the market’s inventory. But these wouldn’t be sufficient for the large Thanksgiving gathering. I had not given up yet. And off I was to another chain supermarket. What a authentic zoo! It seemed that the world was ending and everyone was grabbing their last supplies. After some misdirected steps, I finally made it to the baking aisle. There, I observed a stack of large graham cracker crusts. Was it possible? I blocked off the periphery, hoping that my arms would act like the yellow police tape in a crime scene. No touching, no grabbing, no sudden moves, or I’ll smack someone with a five pound bag of whole wheat flour. I read and re-read the label on the first crust. It seemed to be what I needed. But there were four of these crusts. There was a reason they were still there. Was it the wrong product? Expired? Returned? Partially used? As a Quality Assurance professional, I looked for all evidence of tampering, mislabeling, expiration dating, etc. Everything seemed normal. If I went through all this trouble, I might as well buy the entire stack of crusts. I’m Portuguese after all, and you never know when someone at the house might need another few graham cracker crusts. The scene of pandemonium when I entered the supermarket came to mind. Was I doing exactly what those people were doing? Nuh… You can never have too many pie crusts in the house. The expiration dates are in late 2011, so no hurry to bake more condensed milk tarts after Thanksgiving.
Portuguese Tribune on Facebook The Portuguese Tribune launched its page on Facebook on November 25, 2009 by sending a Thanksgiving greeting to all its fans on the world’s most used social network. The first fan to join The Portuguese Tribune page was our subscriber and author Rose Silva King of Modesto, CA. The first event to be followed live on the Facebook page was the soccer derby between Sporting Clube de Portugal and Sport Lisboa e Benfica from Estádio José de Alvalade in Lisbon with the highlights being shared live with The Portuguese Tribune fans. The final result was Sporting 0, Benfica 0, Tribune 31. The Portuguese Tribune can be found on Facebook by searching on its name or by typing the following link:
Exonome in Art
I
n this presentation I will explore aspects of identity, roots and origins, place and displacement, crossings and wanderings, new surroundings and ever-changing reality and how these experiences inform and transform the person and the self and ultimately find artistic expression on the canvas. Keeping in mind the wider context and guiding theme of the project -- the aesthetical reflection on contemporary Azorean artistic manifestations -- I will nonetheless leave room for other intangibles pertaining to my craft. While recognizing and asserting origins, one must be careful not to neglect important influences and aspect’s of one’s art in favor of background. That could place artificial restrictions on the artist’s vision. Exonome is a relatively new term which originated in an internet community and seeks to define/ describe an individual who has lived outside his/her homeland, original place, social group or culture for an extended period of time and “has adapted to the new surroundings without losing awareness or characteristics of his/her origins.” This adaptation does not mean one fully blends in with the new reality; yet one has changed enough to feel somewhat “foreign” in the place of origin. A full return is therefore never possible. Having wandered about and lived in many different places one can only return as a new entity. One belongs to nowhere and everywhere. This suspended state, this nomadic condition – exo (outside) + nome (possible alter. of nomad) – is in many ways an apt symbol or metaphor for the creative life. The artist is a wayfarer, a nomad, a citizen of the world. This very unsettling and unsettled state constitutes also paradoxically a privileged viewpoint from which to see anew, to recreate one’s world. Like other Portuguese American artists, this journey, or sea voyage in the tradition of the na-
vigators who charted new routes and remapped the world, led me geographically and symbolically across continents, space and time from Vila Franca do Campo in the Azores to California, via New England. I’m part of a new generation of artists residing in California where cultural diversity flourishes. We are the originators of new topographies, paradigms, symbols, a particular mode of expression and being that reflect the significant cultural contributions that immigrants have made in this outpost state. Yet we are first and foremost artists and our first allegiance is to our calling and
and expressions of seedlings that have crossed the oceans, found new colors, new communities of artists, were scattered all over my long voyage, redrawing the map of my identity as a painter. My work has been variously described in terms of magic realism, expressionism in the Fauve tradition, as having an “exotic, magical, surreal, magnetic exuberance.” For my part I strive to present the viewer with images that are both familiar and alien, that elicit a strong response and maybe a second take. And ultimately defy schools, labels and explanations.
Joao de Brito
inner vision. In my work I seek to understand and incorporate roots through an identification with the land and the topographic islands of memory and emotion that I hope will reach viewers on a visceral level. While I can plumb my own personal story for subject matter and ask myself what it means to be Portuguese American and an artist of Azorean origins, from the viewpoint on this other side of the world I’m also embracing the challenge to revive and transform tradition, to question assumptions and stereotypes and reinvent roots. In my landscapes and portraits you may detect hues
I see myself as a wanderer, exonome in art. I feel privileged to inhabit this nomadic space which allows me to go beyond artificial cultural definitions/limitations and hopefully enter the realm of a primordial and universal reality.
By João de Brito Text presented at the “Conferência Internacional—Reflexão sobre Mundividências da Açorianidade” (REMA) on November 19, 2009 at the Universidade dos Açores in Ponta Delgada, Azores.
www.facebook.com/pages/Portuguese-Tribune/199832355664 Follow The Portuguese Tribune on Facebook and Twitter.
From left: Onésimo Teotónio de Almeida (Brown University, USA), Irene Blayer (Brock University, Canada), Magda Costa Carvalho (moderator, Universidade dos Açores), António Machado Pires (Universidade dos Açores), and João Brito (artist, USA). Photos courtesy of Emanuel Pacheco, Universidade dos Açores
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Macau celebrates 10 years as Special Administrative Region The Macanese Community of California celebrated last November 22 the 10th anniversary of the creation of the Special Administrative Region of Macau with a banquet and dance at the Asian Pearl Restaurant in Fremont, California. Over 400 Macanese and guests attended this historic event. Among the guests were Gao Zhansheng, Consul General of the Popular Republic of China in San Francisco, Yang Shunfeng, Vice Consul, Jiang WeiWei, Political and Press Office, Al Merschen of the Macau Government Tourist Office, Deolinda Adão, of the Portuguese Study Program at the University of California Berkeley, and Al Dutra, of the Portuguese Historical Museum in San Jose. The musical band of maestro Leonel Sequeira and renowned Macanese singer Elsa Rosa Denton provided the entertainment. Macau was a Portuguese colony in Asia for 450 years until it was transferred back to China on December 20, 1999. Text: Henrique Manhão Photos: Nuno Prata da Cruz
About Macau Macau lies on the western side of the Pearl River Delta, bordering Guangdong province in the north and facing the South China Sea in the east and south. The territory has thriving industries such as textiles, electronics and toys, and a notable tourist industry. This makes it one of the richest cities in the world.
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Macau was both the first and last European colony in China. Portuguese traders first settled in Macau in the 16th century and subsequently administered the region until the handover on 20 December 1999. The Sino-Portuguese Joint Declaration and the Basic Law of Macau stipulate that Macau operates with a high degree of autonomy until at least 2049, fifty years after the transfer. Under the policy of “one country, two systems”, the Central People’s Government is responsible for the territory’s defense and foreign affairs, while Macau maintains its own legal system, police force, monetary system, customs policy, immigration policy, and delegates to international organizations and events. Source: Wikipedia
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California Chronicles
Ferreira Moreno
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nce again, the Spanish city of Pamplona held its centuries-old festival called Encierro, better known in English as the Running of the Bulls. The pageantry evolves annually from July 6 to July 14, with a day set aside to honor St. Firminus, Pamplona’s patron saint, equally esteemed as San Firmin or San Fermin by the Spaniards. The succession of events achieved great notoriety after the 1927 publication of Ernest Hemingway’s novel The Sun Also Rises. The book was originally published in Britain under the title FIESTA, by which it is still known in Spain. It became a major movie in 1957, followed by another movie made for television in 1984. Presumably, the city of Pamplona derived its name from Pompey, a famous Roman general and statesman, who established an outpost in Spain in the year 75 BC, and named it Pompeiopolis. Regarding 4th century St. Firminus, it is alleged that he was a native of Pamplona, who converted to the Catholic faith and went as a missionary to Gaul, where he became bishop of Amiens and was martyred there. According to one legend, he was killed by a bull, but another legend states he was decapitated. There are claims that his remains are kept at the Cathedral of Amiens, and that his relics can be found at Pamplona. He is revered as patron saint of both cities,
and his patronage is invoked by bathers, coopers, bakers and wine-merchants. Furthermore, he is considered to be the protector against scurvy and shingles. St. Firminus’ silver bedecked and dark—faced statue is on display on a chapel at the San Lorenzo parish church, from where it is taken outdoors every year for a colorful procession on the streets of Pamplona. The nine-day, round-the-clock festivities (singing, dancing and drinking), also called Los San Firminos, start at noon on July 6 with the sounds of church bells, and wind down with a candlelight parade on the night of July 14. Besides spectacular fireworks and carnival features, there are builfights every afternoon and, of course, the encierro or running of the bulls each morning. The encierro begins at 7 AM with the launching of a chupizano (signal rocket) as a warning to all participants. Seconds later, another rocket is launched signaling the release of the bulls. If the bulls (six in number) are not in a tight herd, a third rocket is fired, as a warning of the danger posed by a stray bull on a rampage. Those bulls are accompanied by a small herd of calves and steers to help keep them bunched up and therefore less dangerous. Once the bulls reach the Plaza de Toros (bullring), they are quickly penned. The encierro lasts only a few minutes. Despite all the fun, one
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The running of the bulls
must not forget the risk of getting caught and gored by the bulls. In fact, serious injuries and even fatalities are not uncommon. undreds of brave and/ or foolhardy men run ahead of the bulls. The runners sport the traditional costume of white shirt and pants, red beret, bandana and sash. Women are prohibited from participation, and those who attempt it are physically prevented. The Estafeta street leading to the bullring is appropriately dubbed Suicide Alley. At 6:30 PM the bullfights are held in the Plaza de Toros. Tickets for the bullfights are sold almost a
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year in advance, but ten percent are reserved and sold at the bullring each evening for the next day’s fights. The Running of the Bulls, which in Portuguese takes the name of Espera do Gado, is also an annual tradition observed in Portugal, namely at Vila Franca de Xira, a town situated on the west bank of the River Tagus, 20 miles northeast of Lisbon. During the first weekend of July visitors flock to the site for the Festival do Colete Encarnado, named after the scarlet waistcoat worn by the mounted herdsmen called the Campinos. The festivities include bull running and herding competitions in the streets,
bullfighting in the town’s arena, displays of the region’s lively folk dancing, and outdoor snacking on sardinhadas (grilled sardines), pork steaks and chicken. Wearing a wide scarlet sash, Tight breeches and white stockings, The campino enters the fray On the fields of Vila Franca When at a gallop he goes, His whole being full of pride, He is not troubled or tired By the hottest sun in July
Visita de alunos açorianos aos EUA Um grupo de alunos de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo, do Departamento de Ciências da Educação da Universidade dos Açores, acompanhados da docente de Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa, Graça Castanho, encontra-se, presentemente, nos EUA, a promover o projecto Acordar para o Acordo Ortográfico. Do conjunto de actividades previstas, o grupo, em parceria com o LusoCenter, e o seu responsável, Professor José Francisco Costa, dinamizou uma Oficina de Trabalho, no Bristol Community College, situado em Fall River, Massachusetts, à qual assistiram docentes universitários e de outros níveis de ensino, bem como alunos de língua portuguesa, tradutores e escritores. Numa actividade organizada pelo Consulado Português de Newark, em New Jersey, os visitantes da Universidade dos Açores apresentaram as novas regras do Acordo Ortográfico a estudantes de Português do referido estabelecimento de ensino superior. Os alunos e a docente aproveitaram, ainda, a visita aos EUA para, na cidade de New York, visitarem museus, bibliotecas e pontos turísticos e assistirem a um espectáculo com temática infanto-juvenil na Broadway. Esta deslocação só foi possível devidos aos apoios concedidos
pela Sata Internacional e Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional das Comunidades e da Direcção Regional da Juventude. No âmbito deste projecto, que visa divulgar as novas regras do Acordo Ortográfico nos países de língua portuguesa e na diáspora lusa e desenvolver acções de esclarecimento junto de públicos diversificados, outras acções estão programadas, nomeadamente uma Oficina de Trabalho para profissionais em geral que decorrerá no dia 28 de Novembro, na Universidade dos Açores, e outra para docentes de todos os níveis de ensino (Ensino Básico, Ensino Secundário, Ensino Profissional, Ensino Particular e Ensino Universitário), prevista para o dia 5 de Dezembro, também na Universidade. Os alunos dos ensinos universitário, secundário e profissional poderão frequentar uma das duas Oficinas previstas, a um preço simbólico de 5 euros. Os restantes participantes pagarão 10 Euros. Com o montante conseguido nestas acções, outro grupo de estudantes partirá para os EUA, no
próximo mês de Fevereiro, a fim de dar continuidade ao processo de divulgação em curso junto de universidades norte-americanas de prestígio internacional. O projecto Acordar para o Acordo Ortográfico integra-se numa abordagem nova de avaliação dos alunos universitários, os quais, segundo a Declaracao de Bolonha, devem revelar competências não só ao nível dos conhecimentos teóricos, mas igualmente competências sociais e pedagógico-didácticas.
COMUNIDADE
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Uma função à moda do Pico “Vou-te oferecer uma vaca” diz-lhe o amigo. “Para que é que eu quero uma vaca”, diz o outro. “Podias fazer uma função à moda do Pico” “Para isso preciso de duas vacas. Então fica assim, eu vou falar com a minha família e se eles aceitarem a tua oferta, eu compro-te a segunda vaca” diz o outro. O negócio estava quase feito. Esta conversa podia ser o princípio de uma ideia para uma dança de carnaval, mas efectivamente é verdadeira e aconteceu entre dois amigos - Manuel Morais, o que queria oferecer a vaca e Manuel Eduardo Vieira, o que não sabia que fazer com ela. E é assim que começam muitas das coisas que neste Vale de San Joaquin acontecem. Tal e qual como a função dos Beirões, em Napa Valley, a Festa de Santo Cristo, em Buhach e tantas e tantas outras. As coisas simples são sempre as mais bonitas e duradoiras. O Manuel Vieira falou com toda a família e aceitaram o repto do Manuel Morais. A escolha das datas não foi fácil, mas tiveram a sorte do Sábado escolhido ter sido um dia abençoado de bom tempo. Cerca de 600 pessoas apareceram em Atwater para participarem numa função à moda do Pico. Foi uma festa muito simples - missa celebrada pelo Monsenhor Ivo Rocha, com o coro da Igreja de Livingston, seguindo-se a parte gastronómica - sopa, acompanhada de repolho e carne, finalizando com arroz doce. Não pudemos saborear as batatas doces do Manuel E Vieira, porque não é da tradição do Pico haver batatas na comida da função. Além do arroz doce havia muitos doces para saborear, trazidos por muitos amigos. Depois seguiram-se algumas chamarritas e cantigas de função, acompanhadas por nove tocadores. E a tarde tornou-se pequena para tanta alegria. No fim do dia aproveitou-se a ocasião para se cantar o Parabéns a Você, dedicado ao nosso amigo Miguel Canto e Castro.
Jaime e Márcia Vieira Bettencourt; Manuel e Laurinda Vieira; Ricardo e Miriam Vieira; Carlos e Asia Vieira
Os planos para o ano já andam no ar.
Esq/dir: Carlos Arruda, Miguel Canto e Castro, Victor P. Reis, Chico Avila, Hélio Beirão, João Machado, Dimas Toledo, Humberto Silveira, Luis Garcia
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