Tribuna 08/01/2009

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  • Pages: 32
QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1 a Quinzena de Agosto de 2009 Ano XXIX - No. 1068 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

“DeZire” no Festival Lusavox

“DeZire” é um projecto de um grupo de amigas luso descendentes com uma grande paixão pela música e dança. Jessica, Nancy, Vanessa, e AnDrea representam o espirito da juventude Lusa na California de uma forma única e contemporânea. São finalistas do Festival Lusavox a realizar no Algarve, no dia 1 de Agosto e transmitido pela RTPi. Infelizmente AnDrea não pôde deslocar-se a Portugal. DESPEDIDA

Cônsul de Portugal disse Adeus Depois de quase cinco anos nas funções de Cônsul-Geral de Portugal em San Francisco, António Alves de Carvalho está de partida para Hamburgo, Alemanha, onde irá cumprir mais um ciclo da sua vida diplomática. No período da sua gestão (2004 a 2009) registaramse no Consulado cerca de 3.500 pessoas. De 10/01/04 a 06/30/08 foram praticados cerca de 45.800 actos consulares. Em 2009, até Junho último, foram executados 4.566 actos consulares. Também de 2004 a 2009 (Junho último) foram arrecadados cerca de $1,300.000 em receitas consulares. Os pedidos de aquisição de nacionalidade portuguesa registaram um aumento sustentado da ordem dos 30%. Isto mostra bem a movimentação havida durante o seu consulado. Na nossa próxima edição iremos oferecer-vos uma entrevista com o Cônsul-Geral de Portugal, que nessa altura já estará trabalhando em Hamburgo.

Não se esqueça de votar online no dia 1 de Agosto! Elas vão cantar “Porquê “ do compositor e cantor Roberto Lino, que foi produzido por Nelson Ponta-Garca em NPG Productions, inspirado no panorama pop rock na California. Foto: Jessica Mendes, Nancy Fontes, Vanessa Fontes e Nelson PontaGarca.

Mais um bom livro

Da responsabilidade da “Portuguese Historical Center” e Donna Alves-Calhoun, Arcadia Publishing mais uma vez surpreendeu a nossa comunidade com o lançamento de mais um livro, desta vez sobre a nossa comunidade de San Diego. São 127 páginas e 228 fotografias sobre tudo o que se relaciona com aquela rica área, onde assentámos arraiais há um século. Desde as festas, à pesca do atum, e até recordando aqueles que serviram o País. Vale mesmo a pena ver com atenção todas as fotografias e recordar familiares e amigos. À venda nas livrarias.

As Rainhas e aias da Festa do Espírito Santo de San Siego em 1930

[email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com

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SEGUNDA PÁGINA

1 de Agosto de 2009

A Fórmula Mágica de ser Campeão

EDITORIAL

J

Pensar no futuro

á há muitos anos sugerimos nesta página, que todas as nossas organizações deveriam tirar uma pequena percentagem dos seus lucros líquidos e investir num fundo que servisse um dia para construir uma (ou várias) casa de repouso, para benefício da nossa comunidade mais velha. Temos visitado muitas casas de repouso e sempre que de lá saímos ficamos com a impressão que a nossa comunidade deveria e poderia fazer mais e melhor no sentido de construir algo para os nossos mais idosos. Será assim tão difícil? Sabemos que uma ou outra festa distribui parte dos seus lucros por instituições já existentes, o que nos apraz referir, mas não é bastante. Precisamos de uma onda de boas vontades em toda a California. Quem dá os primeiros passos? Nos dois primeiros fins de semana de Agosto vamos poder assistir a duas Convençôes históricas. Históricas porque, no caso da Luso-American será a primeira vez que a SPRSI se junta na mesma Convenção. No respeitante à UPEC, será uma Convenção a pensar fortemente como será o futuro a quatro, depois da fusão de outras fraternais acontecida este mês e que terá o seu começo oficial no dia 1 de Janeiro de 2010. Vão ser duas Convenções excitantes e oxalá que os resultados sejam os melhores. Possívelmente em Setembro iremos ter o novo CônsulGeral de Portugal a assistir ao Festival Cabrilho, em San Diego, como tem sido habitual neste últimos anos. Outra personalidade, outra maneira de servir Portugal. O problema não tem sido tanto com as personalidades que habitam o Consulado em San Francisco. Os maiores problemas têm sido na ausência de entendimento, a todos os níveis, entre Portugal e a nossa Comunidade. A distância física iguala a ignorância do não entendimento. jose avila

Estava eu a comer caramujos debaixo de uma palmeira, numa praia linda de Tahiti, quando li no meu iPhone as ultimas notícias dos três considerados maiores (em dívidas, claro) do nosso futebol português. O Porto dizia que tinha vantagem e que iria ser campeão este ano. O Sporting dizia que este ano é que era, iriam ser campeões concerteza. O Benfica, não podendo ficar atrás nestes profundos desejos, também disse que iria ser campeão. Wow! Todos queriam ser campeões mas só um é que poderia ser, segundo o modelo actual. Num País que está a atravessar uma crise não só económica, como de identidade, onde só se fala mal do Governo, e onde existe o descaramento de todo a gente chamar ladrão, mentiroso, traidor ao primeiro ministro, eu pensei com os meu botões e cheguei à conclusão que esse País à beira mar plantado não aguentaria este stress todo de ter um campeão em três possíveis. Se a produtividade em Portugal é das piores da Europa e como bem diz o meu amigo Conselheiro, está três dedos abaixo de cão, dos melhores, o que seria, se ainda houvesse este problema de ser campeão, nas cabeças dos trabalhadores. Calculem que nesse dia, nem nos seguintes, molhei os pés nas águas tépidas de Pacifico, tal foi o desejo que

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila tinha em poder ajudar o povo português a encontrar a fórmula mágica para poderem ter uma vida melhor, com menos stress mental. Apliquei todas as fórmulas matematicas possíveis desde Aristóteles, Leonardo Fibonacci, Wilhelm Schickard, Cantor, Cauchy, Descartes, Euler, Gauss, Galileu, Newton, Pedro Nunes, Pascal, Pitagoras, Russel, Laplace e até do meu amigo Conselheiro. Consultei demoradamente a Teoria de Números, Álgebra Abstracta, Álgebra Linear, Teoria da Ordem, Teoria de Operadores, Cálculo Vectorial, Equações Diferenciais, Sistemas Dinâmicos, Teoria de Conjunto, Teoria de Categorias, Análise Numérica, Teoria das Probabilidades, Matemática Financeira, Teoria dos Jogos e até Teoria do Caos. Foi uma semana inteira fechado na Biblioteca de Tahiti até que, numa visão futurística, vi a fórmula mágica. Afinal era mais simples do que poderíamos pensar. Imediatamente enviei um fax (em Portugal adoram faxes) à Liga, propondo as alterações necessárias ao Campeonato. Muito simples - Ficam considerados em primeiro lugar as três equipas que vão à frente em pontos, por isso, a classificação ficaria assim ordenada:

1º lugar - mais golos marcados 1º lugar - menos golos 1º lugar - ainda menos golos 2º lugar 3º lugar e seguintes. Como podem ver, o assunto está resolvido. As três maiores, por uma questão de lógica não matemática, vão ficar nos três primeiros lugares que são os de campeão. Teremos assim três campeões para alegria de milhares de adeptos e mesmo para descanso mental do País. Vender-seão mais camisolas, mais cachecóis, ficando os clubes menos endividados, evitando assim a bancarrota. Afinal o que eles disseram pode mesmo tornar-se realidade este ano. Os trabalhadores em Portugal aumentarão (um pouco) a sua produtividade, as eleições futuras serão menos stressantes, vai haver mais bébés para o ano, já que os casais terão mais tempo para fazer amor. Enfim, uma solução simples e que produzirá efeitos benéficos em variadíssimas situações. Cumprimento-me a mim própria por esta tão importante descoberta. Quem diria que eu era mesmo muito bom em matemática aplicada? Já vendemos esta ideia a outros Países menos pessimistas do que o nosso.

Year XXIX, Number 1068, Aug 1, 2009

COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

N

a ilha Terceira dos Açores, a presença de São Bartolomeu é conspícua desde os primórdios do povoamento local, conforme o testemunho que nos foi legado por Gaspar Frutuoso: “A igreja de São Bartolomeu fica no lugar dos Regatos, de oitenta vizinhos, que também vivem em suas quintas apartados uns dos outros”. (Saudades, Livro VI, pg. 15, Ed. 1998). Diogo das Chagas escreveu: “Caminhando daqui (Santa Bárbara) p’rà cidade (Angra) por entre estas ribeiras que não são de água perene, mas de enchentes e em boa distância, está a freguesia dos Regatos, cuja paróquia é do Orago do Apóstolo São Bartolomeu, que fica no princípio duns biscoitos das vinhas, que daqui correm até à cidade, por meio das quais vai este caminho, que pelo adro desta paróquia passa”. (Espelho Cristalino, pgs. 240-241, Ed. 1989). Guido de Monterey (A Ilha de Jesus Cristo) sublinhou que a primitiva edificação da igreja remonta ao ano de 1500, ficando ampliada em 1875. No século passado sofreu um incêndio em 1963 e foi prejudicada por um terramoto em 1964, ficando posteriormente reconstruída e remodelada. O saudoso José Rodrigues Ribeiro apontou que São Bartolomeu dos Regatos é uma freguesia rural

pertencente ao concelho angrense, notável pela boa produção de fruta, especialmente uvas e figos, com uma bela igreja paroquial já várias vezes destruída e sempre reconstruída, e é freguesia independente antes de 1566, mas não se conhece a data certa. (Dicionário Toponímico, Ecológico, Religioso & Social da Ilha Terceira, Ed. 1998). Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas foram unânimes em atribuir o nome Bartolomeu ao santo-apóstolo, enquanto o evangelista João usou o nome Natanael. Aparentemente, Natanael seria o nome que lhe fora dado ao nascer, seguindo-se o sobrenome da família Bar-Tolmai, do aramaico (“Filho de Tolmai”, tal qual o nome original de S. Pedro, ou seja, Simão Bar-Jona (Simão Filho de Jonah). É provável que Bartolomeu tivesse sido pescador, trabalhando independentemente, ou na companhia de Pedro ou de Zebedeu (pai de Tiago ou de João). No último capítulo do Evangelho de S. João fomos informados que, quando Simão Pedro disse que ia pescar, Natanael, Tomé, Tiago, João e outros, imediatamente disseram: “Nós também vamos”. É igualmente provável que Bartolomeu fosse um indivíduo esclarecido em questões bíblicas, que se comprazia a ler e meditar à sombra fragrante e fresca da fi-

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Lembranças de São Bartolomeu gueira. No primeiro capítulo da narrativa evangélica de S. João lemos que Filipe foi à procura de Natanael, e trouxe-o à presença de Jesus, que pronunciou: “Antes que Filipe te chamasse, eu vi-te quando estavas debaixo da figueira”. Curiosamente, figueira e figos estão patentes no nosso cancioneiro: A figueira é uma planta Que dá fruto sem dar flor; Toda a gente tem inveja De tu seres o meu amor. Toda a moça que é bonita Nunca havera de nascer; É c’mo figuinho lampo, Todos lo querem comer. Ó figueira dá-me um figo, Ó silva dá-me uma amora; Rapariga dá-me um beijo, Que me quero ir embora. És figueira do caminho, És pia de baptizar, És a menina de todos E com todos queres casar. A folha da figueira É c’mo fidalgo nobre; Quem se chega a boa árvore Uma boa sombra o cobre. Da figueira nasce o figo, Do figo nasce a semente; Só eu vim a este mundo P’ra te amar eternamente.

Criaram-se muitas lendas àcerca de São Bartolomeu no exercício da sua missão apostólica de evangelização, bem como àcerca do seu martírio. É tradição consistente que ele foi esfolado vivo, e por isso é representado com uma faca na mão, merecendo ainda o título de padroeiro dos curtidores, carniceiros, encadernadores, luveiros, coureiros, sapateiros, alfaiates, padeiros, mineiros, moleiros e pastores. Uma outra curiosa representação é essa do diabo acorrentado aos pés do santo. Alegadamente, São Bartolomeu tinha o poder de afastar o diabo das pessoas. Tanto assim que, antigamente, na ilha Terceira, as benzedeiras recomendavam “vender o diabo”, aconselhando os demoninhados a irem à igreja de São Bartolomeu

às terças e sextas-feiras, depositando moedas junto aos pés da imagem do santo, e seguidamente circulando no adro da igreja, com as mãos atrás das costas p’ra que o diabo os abandonasse. Aparentemente, no dizer de José Henrique Borges Martins (Crenças Populares da Ilha Terceira, Volume II), “esta prática não desapareceu totalmente dos nossos hábitos, porque ainda hoje, quando um espírito ruim ou diabólico perturba a casa ou a vida duma pessoa, as mulheres de virtude mandam o paciente à igreja de São Bartolomeu”.

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COLABORAÇÃO

1 de Agosto de 2009

Da Música e dos Sons

Do Tempo e dos Homens

Nelson Ponta-Garça

Manuel Calado

[email protected]

[email protected]

Política, Profecia, Humanisno

A ENCONTRO DE JOVENS 2009 O reforço do papel da Juventude nos Açores e Comunidades O Governo Regional dos Açores, através das direcções regionais das Comunidades e Juventude, organiza o Encontro Jovens 2009, de 5 a 7 de Setembro de 2009, na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel. Destinado aos jovens açorianos e descendentes de açorianos, com idades compreendidas entre os 18 e 35 anos, este encontro tem como objectivos: Proporcionar a reflexão e o debate dos jovens oriundos das comunidades, aproximando-os do movimento associativo juvenil dos Açores; Divulgar a actualidade dos Açores nas suas múltiplas vertentes; Promover o incremento dos intercâmbios de jovens; Traçar linhas orientadoras a curto, médio e longo prazo de acção plena nas comunidades e nos Açores. O programa do encontro incluirá sessões plenárias, workshops, visitas de estudos e lazer. A inscrição no encontro será feita online, em www.encontrodejovens.org, através do preenchimento de uma ficha de inscrição, que será alvo de selecção de acordo com os critérios definidos, sendo, posteriormente, aceite após o pagamento. O prazo de candidatura decorre até 9 de Agosto de 2009. Para mais informação consulta: www.encontrodejovens.org Secretário Regional da Presidência Direcção Regional da Juventude Rua Margarida de Chaves, 135 – 9500-088 Ponta Delgada - S. Miguel - Açores Telefone: 296 30 44 70 - Telefax: 296 30 44 77 http://www.drjuventude.eu

Português para Crianças A Escola JARDIM INFANTIL DOM DINIS apresenta Português Para Crianças, que terá início em Setembro. Este programa tem como objectivo assistir famílias que tentam ensinar as suas crianças a manter e desenvolver a língua portuguesa durante a infância.

Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 15:30h às 17.00h

Crianças entre os três e os seis anos de idade:

ou visite www.domdinis.com

Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 9.30h às 11.00h Crianças entre os cinco e os nove anos de idade:

Chame já e reserve um espaço para a sua criança para Setembro. Para mais informações chame para o número

(408) 993-0383

semana que passou, foi uma semana cheia. Celebramos a nossa festa e do nosso vate Camões, houve acontecimentos e emoções em favor da paz e não só. No Irão, antiga Pérsia,houve eleições, e o ambiente politico está fumegante. A Coreia do Norte, continua arisca e dizer coisas feias aos parceiros ocidentais, especialmente ao nosso Obama. Assemelha-se a um animal que não tolera os moscardos. Os cabeças falantes do “Partido Não”, estão mais assanhados do que nunca... O “supremo lider” Murdock, chefe máximo da imprensa mundial parece ter dado ordem aos seus squazes anti-Obama, para atacarem em todas frentes. E entretanto o nosso Presidente está-se vendo “à grega” para responder a todos os desafios. E não só do Partido não. Os gays e as senhoras donas não estão muito satisfeitos com ele, por causa dos casamentos de machos com machos e fêmeas com fêmeas. E eu até compreendo as hesitações do nosso chefe e o seu receio de não meter a pata na poça da política que ameaça engolir as gentes da governança. O sr. Chenney, que viveu os ultimos oito anos como uma figura encoberta, a puxar os cordelinhos por detrás da cortina, anda agora por aí como uma abelha, a meter o ferrão e a dizer coisas como se tivesse ressuscitado. No caso do Irão, com quem o nosso chefe pretende estabelecer contacto e negociar a bem, sem as acusações e os gritos bélicos do costume, ele está estudando a direcção dos ventos, sem fazer

declarações de tesura, como era costume do seu antecessor. Nos acontecimentos iranianos, seria essa a posição que eu tomaria, se estivesse no seu lugar... Prudência e bom senso, e não fanfarronice, deve ser a palavra de ordem em todas as situações. E o mesmo acontece em face do nosso amigo Israel, que quer continuar a abrir alicerces no território dos palestinos E isto é o mesmo que dizer, que é preferível a continuação do “ranger de dentes”, a uma paz vigiada com os palestinos. Sabe-se que Barack quer ir para a história como a criatura que conseguiu fazer as pazes entre aqueles dois filhos do Velho Testamento. Infelizmente, digo eu, enquanto a mistura explosiva de religião, fanatismo e nacionalismo não abrandarem, esse problema nunca se resolverá. Mas, com o Dia de Juizo à porta, profetizado pelos Bandarras da internete e não só, até nem vale a pena tentar, uma vez que vai ficar tudo reduzido a caliça calcinada. E a ultima batalha está programada precisamente para as terras biblicas donde saiu a religião, e com ela, toda a desgraça de cristãos, judeus e muçulmanos. Mas, afinal, todos estes acontecimentos serão mais importantes do que os meus pardais, os meus tomates e o meu jardim? Todos nós temos a nossa politica caseira a que devemos atender . E foi por isso que ontem à noite confraternizei com um grupos de amigos que, durante as minhas visitas à Ilha do Arcanjo, me acolheram, me alimentaram e me deram abrigo. E, mais uma vez, gostei de ouvir

as histórias da Dona Conceição, antiga mestre-escola -- que ela gosta de dizer coisas com graça. E também da Dona Inês, cujo nome é tão raro em S. Miguel, como Calado no mundo em redor. E tão raro, que um dia, bastou pronunciá-lo, para não ficar só e abandonado no Aeroporto do Papa João Paulo II. Mas referindo-me ainda aos meus tomates e aos meus pardais, melros de bico amarelo e estorninhos, dir-vos-ei que senti as mesmas tremuras e indecisões, do nosso Obama, em face dos gays, do Irão e da Coreia do Norte. Havia-vos dito que resolvera mandar os pardais embora, em busca de bichos e insectos. Disse à passarada, que o meu quintal não era nenhum McDonalds, e que só vir, comer, borrar os tomates e cantar para mim, não era coisa que me agradasse. No inverno, era O.K., mas que agora, era tempo de ir à vida. Mas, chegada a hora H, não tive coragem. É que, com os pais, veio uma chusma de filhotes da sua criação, talvez mais de cem! E a passarada, estava para ali a piar sem saber o que comer. Apesar de grandes e voadores, eram os pais que lhe punham ainda a comida no bico. E, em face deste espectáculo de necessidade, de “Wellfare”, lá se foi a minha decisão, e fiz o que Obama está procurando fazer em favor dos ”pássaros humanos”, que os há por aí, pipilando como os meus pardais, para alimentar o fôlego da vida. E é tudo, e mais não digo por hoje, com a graça de Deus.

COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel Neto [email protected]

T

anto quanto diz respeito à esmagadora maioria dos portugueses, apenas uma pequeníssima parte dos problemas da nossa Saúde vem diagnosticada na Carta de Princípios de Coimbra. Diz o documento, elaborado por um think tank avalizado pelo próprio Ministério, que os doentes oncológicos não têm todos acesso aos mesmos tratamentos. Que os tratamentos que lhes são ministrados nem sempre são alvo de decisão colegial entre as especialidades competentes. Que muitas vezes os hospitais não conseguem dar resposta atempada a casos atempadamente diagnosticados. Que regra geral os serviços de oncologia estão pouco optimizados – e que, de resto, faltam especialistas na matéria, tanto em resultado de uma abertura insuficiente de vagas anuais como de uma pedagogia que esgota o entusiasmo do candidato muito antes de efectivamente o colocar em contacto com a área. E, no entanto, não diz tudo. Não diz, por exemplo, que a situação é a mesma (e muitas vezes pior) numa série de outras especialidades. Que os rostos desta coisa toda, portanto os hospitais, são em muitos casos Babilónias de aspecto (e às vezes de funcionamento) rigorosamente terceiromundistas, onde se entra com um resfriado e se sai com uma pneumonia. E que, de resto, não só os utentes do Serviço Nacional de

Saúde se sentem inseguros como, inclusive, os subscritores da maior parte dos seguros de saúde existentes no mercado se sentem inseguros também. No meio disto, uma classe profissional foi, durante décadas, privilegiada e extorquida: os médicos. Poucos em número e apoucados em meios, os médicos portugueses habituaram-se a ir a todas, numa correria desenfreada entre hospitais e universidades, entre centros de saúde e seminários, entre clínicas privadas e contratos de prestação de serviços. Andavam sempre atrasados, claro – e não raras vezes acabavam por telefonar, quando havia já pacientes à espera há horas, a avisar de que, afinal, não iam poder comparecer. As suas contas bancárias metiam inveja. A sua qualidade de vida metia dó. No essencial, eram missionários – e, naturalmente, continuaram a comportar-te como missionários muito depois de a missão começar, em algumas especialidades, a revelar-se dispensável. As universidades produziam agora licenciados em maior escala. Os médicos espanhóis invadiam o mercado. Brasileiros, ucranianos, romenos – outros médicos começavam a imigrar vindo das mais variadas latitudes. Cansados, tantas vezes envelhecidos, os nossos permaneciam, no entanto, na sua correria. Se ainda tinham vida pessoal, já nem se questionavam sobre o

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Estado policial “Que os médicos devem começar a cumprir horários, não duvido. Obrigá-los a fazêlo quando os hospitais continuam escassos, disformes, sobrecarregados e fundamentalmente perigosos, é um absurdo.” que isso pudesse significar – e aí andavam eles, de hospital em universidade, de centro de saúde em seminário (e, naturalmente, telefonando ciclicamente para um sítio ou para outro, avisando que houvera um acidente, que o banco se complicara, que não podiam comparecer). Bem vistas as coisas, foi o sistema e saúde que nos obrigou a ver os médicos como deuses, canga que nenhum deles merecia ter sido obrigado a transportar – e é de novo o sistema de saúde que nos quer obrigar agora a vê-los como demónios, canga sobre todas as outras injusta. Apesar de tudo, foram os médicos quem mais se empenhou em disfarçar o terceiro-mundismo em que durante tantos anos o sector teve de viver. Se ganharam muito dinheiro, é o menos: tanto quanto me diz respeito, talvez até devessem ter ganho mais, tantos e tantos foram os turnos de 16 e 24 horas que tiveram de fazer, tantas e tantas foram as noites que tiveram de dormitar numa sala de internamento, tantas e tantas foram as vezes que tiveram de sacrificar as suas famílias em prol da sobrevivência desse sistema que agora pretende diabolizá-los. Que devam passar a cumprir horários, não duvido. Que devam passar a ser alvo de inspecções de assiduidade, como acontece com os profissionais de qualquer outra área, também não. Obrigá-los a fazê-lo

quando os hospitais continuam escassos, disformes, sobrecarregados e fundamentalmente perigosos, é um absurdo. Obrigá-los a fazê-lo quando a própria classe continua depauperada em várias especialidades, sugada em toda a sua energia pelo excesso de expectativas e recorrentemente demasiado esgotada para procurar um mínimo de qualidade de vida para si própria, quanto mais para

o paciente, é uma desumanidade. Um absurdo, uma desumanidade – e, aliás, como tantas vezes com este Governo, mais uma construção começada pelo tecto.

Germano Silva - cantado, em livro e na TV Relógios com qualidade E para trabalharem bem Marcam a habilidade Que o nosso Germano tem Um relógio marca a fundo A chegada e despedida Como a entrada no mundo Assim como a partida Relógio com perfeição Que brilho aos olhos nos traz Nas peças feitas à mão Só o Germano é que faz O relógio o Germano adora Tem-lhe um amor profundo O ponteiro marca a hora Que o Germano veio ao mundo O relógio peça bonita Que marca cada segundo Dessa hora bendita Que o seu artista veio ao mundo O relógio peça querida Com um badalar tão forte Que marca o tempo da vida E marca o tempo da morte

O relógio ao bater No ouvido de tanta gente Tem um som que ao nascer Do morrer é tão diferente O relógio que nos trouxe E responsável neste cargo Ao nascer toca tão doce E ao morrer toca amargo O relogio mete respeito Se trabalha sem engano Quando é todo bem feito Pelo artista Germano. Olhando ao tempo antigo Tem um provérbio que diz A verdade não merece castigo E foi isso que eu fiz Sem escola nem colégio Para ganhares parabéns A dimensão do relógio Já vez a altura que tens

Um homem muito importante Um orgulho Português Eu diria um Gigante Maior que a máquina que fez

Bem hajas meu companheiro És um rei de verdade Aí não fala o dinheiro Aí só fala a amizade...

Os meus parabéns ao senhor Por saber trabalhar bem Nós devemos dar valor E àquele que o tem



Uma ciência destemida Se irmana a sua sorte Dou-lhe o seu valor em vida Não é depois da sua morte São Jorge Ilha de brilho Que aos nossos olhos brilha Que se honra em ter um filho Muito maior do que a Ilha Muitos artistas lá tem Com uma forte craveira Mas bendita á a Mãe Com um filho desta maneira

Daniel Arruda 7/15/09

Mais uma vez o trabalho de Germano Silva despertou o interesse da estação de televisão norteamericana NBC, que fez com ele uma reportagem: http://www.vimeo.com/3218318 Em Portugal, o Expresso falou dele em: http://aeiou.expresso.pt/os_fabulosos_relogios_de_germano_silva=f502286 e o Professor José Hermano Saraiva também se lhe referiu há pouco tempo, no programa que mantém na RTP2: http://www.youtube.com/watch ?v=x9PGAnoFQCY&feature=

player_embedded. Para saber mais, além da História do Tempo, pode consultar-se Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal (Âncora, 2006). Germano Silva não vendeu ainda nenhuma das suas peças monumentais, apesar de interesse manifestado por coleccionadores. “Apego-me aos relógios, não consigo desfazer-me deles”, diz. Notícia publicada no blogue http://estacaochronographica. blogspot.com por Fernando Correia de Oliveira. “Este homem entontece-me com os seus relógios”

... a melhor “boca” do Dia de Portugal de 2008.

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COMUNIDADE

1 de Agosto de 2009

Cônsul de Portugal despede-se da Comunidade

Estimados Amigos, Tudo na nossa vida começa e termina, numa sucessão infindável de experiências e desafios. As nossas relações, os sentimentos, a pro-

fissão, fazem muitas vezes parte desse círculo compondo, afinal, a nossa própria existência como Homens. Servem estas palavras para vos comunicar que muito em breve deixarei terras da Califórnia para iniciar uma nova fase da minha vida profissional.

Sei que, por experiência própria, o diplomata não deve, em rigor, fazer comparações do que viveu e do que fez neste ou naquele Posto. Sei, ainda, que na Alemanha nova e diversa realidade me aguarda. Mas não posso, perante vós esconder a emoção e a tentação de recordar cinco anos de dedicação e trabalho que, procurei, nortear pela honestidade, esforço de compreender a vossa riqueza e dimensão humanas e diálogo e cooperação para objectivos comuns. É inevitável que a marca que levo ao partir, em conjunto com a minha Mulher, me acompanhe e me traga, em pensamento, no futuro, de volta a esta Terra, que também foi minha. Deixo-vos, sem excepção, um abraço muito amigo, assente em amizades fortes que aqui pude construir. Desejo a todos a continuação de sucessos e êxitos pessoais, familiares e profissionais. Exorto-vos a exercerem, com convicção

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On Saturday August 29, Carlos Vieira Racing, Inc. will present the Race and Ride for Autism at Madera Speedway in Madera, Calif. The night of racing will be highlighted by a $2000 to win, 100 lap feature open to Late Models from all NASCARsanctioned tracks in California. Races will also include American Limited Stock Cars, Mini Super Toyotas, Toyota Sedans, and Hornets. There will also be a motorcycle show during the day at the track. CVR, Inc. is a car racing team from Livingston, CA. that has dedicated its 2009 racing season to help raise money for families living with Autism and has organized a fundraising campaign called “Race for Autism” Carlos Vieira, owner and driver of CVR, Inc. hopes that this day will bring racers, bike riders/enthusiasts and race fans all to-

crescente, uma cidadania activa e participante não apenas nesta grande sociedade de acolhimento mas, também, em tudo quanto respeita ao aprofundamento dos laços com Portugal, num espírito construtivo e positivo. Não podia deixar de enaltecer a importância e o relevo da “Tribuna Portuguesa” como baluarte de informação, de comunicação, de alerta e de instrumento de cultura nesta Comunidade e dirigir uma palavra de muito especial apreço e amizade ao seu Editor, Sr. José Ávila. Neste contexto e conhecedor da próxima passagem de 30 anos de “Tribuna Portuguesa”, associo-me, então, em espírito, às comemorações que, seguramente, vincarão as qualidades que enunciei. O Cônsul-Geral António Alves de Carvalho

gether on this fun filled day to help support this very important cause. Several special incentives are in place for drivers competing in the Late Model feature. If the race winner is from outside the top-five in Madera Speedway points, he or she will earn an extra $1000 bounty. The dash for cash will pay $300, and Mid Valley Iron will donate $50 to the Autism campaign for every Late Model that enters the event. Teams are allowed to run based on NASCAR-sanctioned, California Late Model rules. All cars must run the feature on Hoosier tires. Grandstands and Bike Registration open at 3 p.m. Main events will begin at 6:30 p.m. following a bike parade around the track. General admission will be $17.00 with student, military, junior, child and family pack discounts available. Team 51 Fifty invites all who are interested to come see some of the best bikes & drivers in California. Madera Speedway is located off of Hwy 99, Cleveland Exit. People who are interested can find out more about the “Race for Autism” campaign by visiting www.raceforautism.net and racers can find out more about payouts and rules by going to www.51fiftyracing.com or www.racemadera.com.

COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso [email protected]

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erguntaram-me há dias com risonho ar de manha se o meu penúltimo “rasgo” tinha sido rabiscado a reboque de vinho verde ou com o amparo do vinho tinto. “Porquê?” Reagi, desconfiado. “Porque não percebi nada daquilo que escreveste.” Foi a resposta seca e imediata dum bom amigo que bem me quer. Ofendi-me. Não por causa da minha modesta escrita, às vezes mesmo confusa e enigmática demais para meu próprio gosto, mas só porque detesto o verde. É cor que não me inspira nem me comove. Já do tinto, parente chegado do vermelho, não poderei dizer o mesmo. Tudo o que é encarnado empolga-me. Mais do que inspirado, sinto-me verdadeiramente comovido em ver a forma solene e seleta em como a atual admnistração do “meu” glorioso clube da Luz se lançou devotamente em busca de ajuda divina. Não foi fácil, mas valeu a pena. Finalmente, o nosso abençoado Benfica parece não querer mais azarentos contratos com o diabo. Está agora totalmente entregue a Jesus. Resta apenas saber se por altura do Natal poderemos já desembrulhar a apetecida prenda de campeões à vista e entoar em

uníssono o dulcissimo “Viva Jesus!” ou se mesmo ainda antes da Páscoa já o teremos crucificado, uma vez mais a pagar caro pelas nossas acumuladas desilusões “futebólicas”. Só Deus o sabe. Mas eu tambem sei de certeza absoluta que não tinha a minima intenção de me sentar hoje aqui ao computador a escrever sobre futebol. Só que há bem pouco tempo encontrei uma “Velha Glória” local que não via há muito – o Mário. Em saudosas temporadas capitaneou com brio e entrega a equipa principal da Familia Portuguesa de San Leandro antes de ter inconsoladamente “arrumado as botas”. Para os que bem se recordam, nas décadas de sessenta, setenta e oitenta do passado século, o Club Recreativo da Familia Portuguesa foi uma forte referência futebolistica nos relvados da California. Marcou uma era vibrante de constante sangue novo regularmente a chegar às nossas artérias comunitárias, a nivel desportivo e não só. Como toda a gente deve saber, beneficiando da forte avalanche migratória ocorrida após o dramático Vulcão dos Capelinhos, a Familia Portuguesa, fundada em fins da década de cinquenta, era muito mais mais do que um mero clube de futebol. A sua rica

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Ao sabor de um bom verdelho história social e os seus vastos pergaminhos culturais enriqueceram de sobremaneira todos quantos por lá passaram. Para os que porventura ainda não o saibam, oficialmente, o Club Recreativo da Familia Portuguesa deixou de existir. É triste. Mas é tambem um critico sinal dos tempos e ao mesmo tempo vivo alerta para demais agremiações comunitárias que pretendam sobreviver sem o devido reinfluxo de sangue novo nos seus quadros activos. Ao sabor agradável dum fino copo de bom tinto conversávamos então, eu e o Mário Fagundes (antigo capitão e respeitado jogador da Familia Portuguesa), sobre o lamentável desaparecimento do brioso clube que outrora colocara San Leandro no roteiro sóciodesportivo que a comunidade portuguesa disfrutava um pouco mais ao norte da Area da Baia. Lamentava o Mário (agora a residir no “Vale” mas sem nunca esquecer os bons velhos tempos fortemente ligados ao clube de coração) que a respeitável Familia tivesse funebremente desaparecido do mapa, pela calada, sem sequer dar ao menos uma insólita palavrinha de despedida, um qualquer aceno derradeiro. Mais que não fosse um simples certificado oficial d’óbito, lido ou escrito através da nossa doméstica

comunicação social. Tanto trabalho, esforço, dedicação, entrega, convivio, camaradagem, amizade, amor ao clube e à camisola…gratissimas recordações para o resto das nossas vidas …e “tudo o vento levou” assim sem mais nem menos… Infelizmente, Mário, cá na diáspora e não só, para certos clubes bem como para tantos individuos, a vida é mesmo assim. Desaparecem do mapa pela calada da noite, sem darem pio que se oiça aquando do seu último suspiro. Felizes desses que ao menos nos deixam as suas boas recordações. Acredita, ao sabor irrestivel dum fino tinto foi mesmo muito bom termos brindado e recordado. A “Familia” passou à história mas a vida continua. Ás vezes, tambem sem já conseguir perceber muito bem aquilo

que escrevo, pergunto-me a mim próprio se não seria altura de “arrumar as botas” – “pendurar a chuteiras”, como diz o “cara” brasileiro. São caros leitores como tu, porem, que me incentivam a continuar. P.S. - Ao caro comparsa que raramente entende os meus “rasgos” garanto-lhe que este foi rabiscado ao sabor exclusivo dum bom verdelho.

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PATROCINADORES

! L L A C T S LA

1 de Agosto de 2009

COLABORAÇÃO Do Pacifíco ao Atlântico

Perspectivas

Rufino Vargas

Fernando M. Soares Silva

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Portugal, País dos 3 F’s (8) FUTEBOL - A edição do Ilha Maior de 6 de Março p/p de 2009, divulga a notícia de que a Câmara Municipal da Madalena, comprou o edificio do Futebol Clube da mesma Vila. Segundo Jorge Rodrigues, Presidente desta prestimosa edilidade, a aquisição do imóvel não foi um subsídio e vai permitir a instalação do primeiro centro na região de formação artística. À “priori” isto foi uma operação de salvamento, porque o clube estava underwater (debaixo de água), com um défice rondando ±1 milhão de euros. A minha pergunta é: será que um centro de formação artística é mais importante do que o salvamento e restauração do nosso património marítimo e eólico? É confrangedor ver o que ainda resta da antiga ELP (empresa de lanchas do Pico), barcos do Calhau e moinhos de vento, expostos aos elementos implacáveis e destruidores da natureza, o que inevitávelmente provocará o desaparecimento deste relevante espólio histórico. Na minha fraca opinião, a responsabilidade da resolução deste problema recai na autarquia local. O jornal “O Dever” do transacto 9 de Abril, anunciava a recuperação da lancha baleeira Rosa Maria. Tanto a Vila das Lajes como a de S.Roque podem-se orgulhar de possuir excelentes museus marítimos. É tempo da autarquia da Madalena assumir a sua responsabilidade de criar um magnífico museu marítimo e éolico, restaurando o moinho do Saca e outros que eu desconheço mas que merecem ser recuperados. A concretização destes projectos é que representa um turismo de qualidade i.e., o que o turista procura e aprecia. Ajudar um clube desportivo é possivelmente louvável mas descurar, ignorar e abandonar o salvamento e preservação do nosso património maritimo e eólico é uma tragédia. Na edição do Ilha Maior de 22 de Maio, M. Tomás sob o titulo “Os barcos da sua ilha”, chama a atenção, com mais um S.O.S., para que a Câmara Municipal da Madalena assuma a sua responsablidade primacial que é - servir o povo -, respondendo às suas necessidades mais

prementes e não às mais pomposas. Na guerra colonial a minha geração foi profundamente influenciada pelos ensinamentos proclamados pelos nacionalistas, em que um deles era e É...A luta continua.... FORMIDÁVEL- Segundo notícia publicada no dia 15 de Fevereiro de 2009 no jornal “San Jose Mercury News”, arauto do Silicon Valley do Estado da California, Portugal ganhou os 3 primeiros lugares (hoscars), na competição mundial de hostels. Este neologismo é uma contracção entre hotel e hospedaria ou pensão, que se destina primáriamente à juventude ou turistas de parcos recursos e é muito popular no continente Europeu. Embora o preçário diário seja ± 1/5 do que é normalmente aplicado pelo turismo de primeira classe, estas unidades hoteleiras, foram galardoadas pela sua elevada qualidade e eficiência. Isto é uma honra que faz jus à fama que temos de ser um povo de brandos costumes. FILANTROPIA –O editorial do “Tribuna Portuguesa,” paladino da comunidade portuguesa no Far-West americano, chamava a atenção para o objectivo da festa de Santo Antão de Stevinson, pequena cidade localizada no Vale de San Joaquin da California. Quando li o anuncio da referida festa fiquei deveras estupefacto, por constatar algo de inédito ou pelo menos inusitado na celebração desta festa. De acordo com o anúncio - o objectivo desta festa é construir um Lar para a terceira idade e continuar a oferecer bolsas de estudo para estudantes de ciências animais, além de apoiar as paróquias do Santo Rosário e Santa Maria, conforme as suas carências. Na minha opinião isto é um exemplo que deveria ser seguido por todas as organizações que utilizam e por vezes abusam dos símbolos religiosos ou santos, que fazem parte da nossa fé Católica. Parabéns aos organizadores desta festa, por esta tão louvável iniciativa.

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hegar a Lisboa em Junho após quase um ano de ausência é sempre um prazer cheio de surpresas. Junho é um mês buliçoso, o culminar da temporada antes das prometidas férias de Verão, altura em que Lisboa pode então fazer a sesta ao fresco da brisa ribeirinha. E que lindo é o Tejo ali perto das Docas de Alcântara. O Centro de Congressos de Lisboa foi um sítio bem escolhido para ir ouvir novidades sobre o Plano Tecnológico da Educação (PTE) que o Governo Português está a desenvolver com o intuito de “colocar Portugal entre os cinco países Europeus mais avançados ao nível de modernização tecnológica do ensino” (www.escola. gov.pt). O “Fórum de Lisboa sobre TIC e Inovação na Educação” (Lisbon Forum on Innovative Approaches to ICT in Education) foi organizado pela Coordenação do PTE (Ministério da Educação) nos dias 18 e 19 de Junho, reunindo prestigiadas personalidades nacionais e internacionais, para além da participação da Ministra da Educação na sessão de abertura. Eis a minha primeira surpresa: a elevada qualidade do serviço prestado aos participantes, totalmente gratuito, incluindo tradução simultânea, lanches e o almoço de sexta-feira. A minha segunda surpresa: o público era constituído por uma maioria de professores portugueses das escolas públicas até ao ensino secundário. A minha terceira surpresa: pela primeira vez desde meados dos anos 90, quando comecei a conviver com a tecnologia no ensino e a participar em congressos semelhantes, senti que em Portugal se está a formar uma comunidade profissional de educadores (e não só de académicos) com quem finalmente poderei passar a discutir estes temas a partir de uma realidade comum, ainda que com experiências diferentes. É na verdade agradável ver assim validados os nossos esforços após anos de trabalho mais ou menos solitário. Só por isso valeu a pena a visita. E não tive nenhum pejo em dizer publicamente à audiência o como me sentia orgulhosa em poder regressar à Califórnia e apresentar o caso português como um exemplo a ter em conta em matéria da utilização das tecnologias no ensino e formação de cidadãos do século XXI. No entanto, não fui só eu a gabar o avanço e o esforço do investimento tecnológico português no

ePostal de Lisboa ensino. Repetidamente os oradores estrangeiros o fizeram. E esta foi a minha quarta surpresa: pela primeira vez vi em acção uma parceria constituída pelo governo de um país (Portugal) e três das maiores corporações do mundo em matéria de tecnologia: a Cisco, a Intel e a Microsoft. E se esses senhores dizem que Portugal já é um estudo de caso, então é porque deve ser mesmo. Na verdade, Portugal é um dos membros fundadores do projecto internacional “Avaliação e Ensino das Competências do Século XXI” (Assessment and Teaching of 21st Century Skills Project - www.atc21s.org), conduzido pela Universidade de Melbourne, a par da Austrália, Finlândia, Singapura e Reino Unido. Entre os objectivos deste projecto contam-se o desenvolvimento de um sistema de avaliação por meio de computador das competências interdisciplinares dos alunos nas áreas da resolução de problemas, habilidades de adaptação, criatividade e capacidade para o trabalho colaborativo. Pensando na tão diferente realidade tecnológica da maioria das escolas públicas e comunitárias na Califórnia, e no modo como poderemos vir a usufruir das sinergias recentemente criadas em Portugal, aproveitei ainda a participação neste fórum para me apresentar pessoalmente ao Coordenador do PTE, Dr. João Trocado da Mata, e saber novidades sobre a anunciada possibilidade de os alunos dos níveis elementares envolvidos no Ensino Português (EP) poderem vir a receber o computador portátil Magalhães, tal como está a acontecer com os seus colegas em Portugal (www.eescolinha. gov.pt/). A resposta não foi um inequívoco sim, mas delineou as possibilidades da sua concretização. Também em relação a este tipo de equipamento o Governo Português estabeleceu parcerias com terceiros, neste caso as operadoras de comunicações móveis, as quais fornecem também a ligação à internet. Assim, coloca-se a questão de saber se as operadoras portuguesas vão ou não estabelecer, por seu lado,

parcerias com as operadoras americanas locais, permitindo a entrega desses computadores às crianças. Embora não me pareça ser de todo impossível a realização destas intenções, tomando como exemplo as parcerias internacionais que referi acima, parece-me que o processo poderá ser muito moroso se não for ajudado pelos próprios cidadãos a quem se destina este benefício. Aqui ficam duas sugestões. Por um lado, as comunidades luso-americanas na Califórnia poderão encontar uma forma de pressão política sobre decisores e agentes económicos através dos seus representantes (nomeadamente o Conselho das Comunidades), de forma a apressar o processo de entrega dos portáteis Magalhães. Por outro lado, as comunidades e associações luso-americanas podem simplesmente adoptar a ideia e criar o seu próprio programa “Magalhães”, contribuindo para a aquisição e distribuição de equipamento e materiais de ensino às escolas e alunos EP. A vantagem da realização de um projecto local autónomo é não depender de qualquer factor ou interveniente externo, mas somente do interesse e envolvimento de todos os que desejam oferecer as melhores oportunidades educativas às gerações mais jovens de luso-americanos. É nesse sentido que a Coordenação do Ensino Português (CEP. CA) vai lançar em Setembro o projecto ADOPT-A-PORTUGUESE-SCHOOL (Adopteuma-Escola-Portuguesa) em parceria com associações educativas luso-americanas, o qual permitirá identificar exactamente as necessidades educativas de todas as escolas, professores e alunos EP na Califórnia, reunindo os esforços e contribuições de todos os que acreditam que a língua e a cultura Portuguesas também são um valor patrimonial em que as comunidades luso-americanas podem e devem investir. Para além do mais, este é um investimento seguro.

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COLABORAÇÃO

1 de Agosto de 2009

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges

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ubordinado ao tema “Cruzando os Mares com a Língua Portuguesa”, realizou-se de 10 a 17 de Julho, do ano em curso, a bordo do paquete Spirit da NCL e no Clube Português Vasco da Gama nas Bermudas, o XVII Encontro de Professores de Português dos EUA e Canadá. Há 17 anos que aqueles que ensinam a língua e cultura portuguesas se juntam numa cidade norte-americana, ou em Portuga, para durante 2-3 dias debaterem o estado da língua portuguesa no continente norte-americano. Este ano, e como tem vindo a acontecer nos últimos dois, o encontro foi mais alargado, dando mais espaço para convívio e troca de experiências, ideias pedagógicas, triunfos e desafios. É que ensinar a língua portuguesa nos Estados Unidos e no Canadá, continua a ser uma grande luta. Da semana de sessões de trabalho, de debate, de reflexão, de convívio e de lazer, resultaram uma amalgama de conclusões as quais foram publicadas por diversos órgãos da comunicação social e enviadas às autoridades portuguesas. As conclusões incluíram ainda uma mescla de sugestões vindas de vários grupos de trabalho que se debruçaram sobre uma temática específica. E são essas sugestões que gostaria de reflectir. Um dos grupos mais participa-

tivos foi o das escolas comunitárias. Uma grande parte dos docentes presentes neste encontro pertence a essa unidades de ensino, que como se sabe fazem parte do nosso movimento associativo. Salientou-se, ainda mais uma vez, a importância destas escolas, destes cursos de língua e cultura portuguesas. Se é verdade que há que caminhar para o enquadramento da língua e cultura portuguesas nos currículos do ensino oficial americano, não é menos verdade que estas escolas, em muitas cidades, são a única esperança para se ensinar a língua e cultura portuguesas aos luso-descendentes. Daí que, mais uma vez, se apelou ao governo português para fornecer formação no campo do ensino da língua portuguesa como língua estrangeira ou segunda língua. E tal como foi provado neste encontro, temos professores nas nossas comunidades, conhecedores da nossa realidade que podem fornecer essa formação, num contexto que é nosso. As coordenações de ensino, enquanto elas existirem, têm que ter como uma das suas grandes prioridades, promover durante o ano lectivo uma série de acções de formação para os professores de língua e cultura portuguesas nas escolas comunitárias. Não há outra alternativa! Se não partirmos para essa formação estamos a condenar as escolas comunitárias. E há que

A Língua Portuguesa viaja... acrescentar: também é preciso que os educadores nessas escolas não se fechem na sua redoma e estejam abertos e disponíveis para uma nova aprendizagem. Houve ampla discussão, como acontece todos os anos, sobre a falta de materiais. Quem ensina a língua portuguesa sabe, muito bem, que temos pouquíssimos matérias didácticos e o que temos não se assemelha, nem pelos calcanhares, à qualidade e diversidade dos materiais em espanhol, francês ou alemão. Há anos que ando a “roubar” e a “adaptar” os materiais dos meus colegas de espanhol. Aqui, mais uma vez, Portugal tem uma palavra muito importante. Uma vez que somos poucas escolas, quer do ensino integrados, quer comunitárias, a nível de continente norte-americano, é praticamente impossível esperar-se que as grandes editoras americanas e canadianas, peritas em publicações de manuais de línguas para o ensino secundário, queiram editar publicações não rentáveis. Daí que o governo português (todos os governos, independentemente da cor partidária—cor de rosa ou laranja) , versado em proclamar que quer apoiar a promoção da língua e cultura portuguesas no continente norte-americana, tem que, forçosamente, subsidiar a publicação de materiais que coloquem a língua portuguesa em pé de igualdade com as suas congéneres do velho continente europeu. Aquelas que são ensinadas nos liceus da América do Norte. Já há, criado pela coordenado-

Memorandum João-Luís de Medeiros [email protected] 1 - oxalá a utopia socialista não perca o “pio”… Nunca me dei à tarefa de auscultar os analistas do óbvio, porque reconheço que nem sempre é fácil contornar em silêncio as curvas aliciantes do protagonismo do momento que passa. O quotidiano apresentase repleto de notícias gulosas, coalhado do epistolário da apologia ou da razia do “bota-abaixo”. Mesmo à distância, o balho foliado dos opinantes de serviço reflecte a comicidade copista do pensamento alheio... Vamos hoje resistir à tentação de juntar a nossa voz ao coro dos patuscos gritadores de penalty cometido pela simpática ditadura da maioria (consentida) que governa Portugal e as regiões autónomas. Em Fevereiro de 2005, nesta coluna e neste jornal, deixei arquivado alguns telegramas alusivos às eleições da época, um dos quais me aventuro a transcrever na sua versão original: “... estamos a fazer um novo remendo em pano antigo: oxalá a (minha) utopia socialista não perca o pio... Se houvesse alguém curioso do que penso do resultado eleitoral, responderia com uma simples pergunta: numa maioria absoluta, será que os vencedores estão absolutamente convencidos do relativismo político do tempo que passa?” Até fins de 1980, Portugal pareceu-me um país meigo, a balbuciar a utopia de um dia se libertar do seu padecimento ancestral: crise crónica de crescimento sócio-cultural. Entretanto aconteceu o fenómeno A.D. (alternância democrática) – o primeiro

“cartão amarelo” apresentado ao anarquismo romântico da revolução dos cravos. Foi nessa altura que comecei a perceber que o “soarismo” fora “promovido” à posição de alcaide-mór da Ibéria ocidental para conter o ímpeto da unicidade revolucionária praticada pelo Partido Comunista Português. Uma vez ultrapassado o período translúcido da “legalidade” revolucionária (com os múltiplos atropelos da época, uns mais românticos do que outros), a maioria da classe política portuguesa ficou endeusada pela proximidade institucional com a comunidade europeia; logo a seguir, o país entrou na fase “veneradora e obrigada” da magnanimidade financeira com sotaque franco-alemão. Em plena aurora da década iniciada em 1990, começámos a observar a charanga dos “fiéis-do-cofreeuropeu” – gestores da ilusão do sucesso e manipuladores do maná financeiro estranho à produtividade real da cidadania democrática. Esqueceram que é preciso estimular nos mais jovens o dom de imaginar e o prazer de aprender. Podemos imaginar a Autonomia não como “cinto de castidade” ideológica, mas uma “ponte” para circular ideias, sem todavia importar vícios... Não acredito em ilusões anti-democráticas: nos Açores, de certa vez, a ilusão do “sucesso” exalou um tal perfume mitónimo que até mereceu o milagre da visita papal... 2 – menos romarias e mais trabalho... Em Portugal (e nas Regiões Autónomas) a competição politica não quebra osso

ra da Califórnia, a minha amiga Ana Cristina Sousa, um site com alguns materiais. É um primeiro passo. Mas há que fazer mais, muito mais. A presença da língua portuguesa no ensino oficial dos EUA e Canadá, particularmente no ensino secundário, também foi alvo de discussão. Se é certo que se bateu na mesma tecla, lá diz o provérbio que “água mole em pedra dura sempre bate até que fura.” Daí ter-se voltado a insistir na criação de lóbis comunitários, coordenados pelas coordenações de ensino, com a presença de associações e personalidades das comunidades, para que em cada ano lectivo sejam abertos novos cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas secundárias dos EUA e Canadá. É que com cada ano que se passa perdemos mais oportunidades de instituirmos cursos de língua e cultura portuguesas, particularmente nas zonas onde as nossas comunidades têm alguma influência. Há que criar, sob os auspícios e a orientação das coordenações de ensino (e no qual a associação de professores de português APPEUC, como única entidade congregadora de professores nos dois países, terá que estar presente) uma série de grupos regionais que tenham por objectivo primordial a expansão da língua portuguesa nos currículos do ensino secundário americano e canadiano. Os grupos de trabalho também propuseram o que há anos se fala ser um outro passo fundamental

para a preservação e divulgação da língua portuguesa nos EUA e Canadá, a criação dum agregado de apoio denominado Amigos da Língua Portuguesa—Friends of the Portuguese Language. Uma agremiação com “open membership”, ou seja: sem qualquer cota anual, mas que servisse como elo de ligação entre as escolas, as nossas comunidades e o mundo norte-americano em geral. Bem sabemos que, no caso particular da Califórnia (e o mesmo será em muitos outros estados americanos e províncias canadianas), é a generosidade da nossa gente, particularmente dos empresários lusos que fazem com que tenhamos centenas de estrondosas festas comunitárias, dezenas de touradas que custam milhares de dólares, e imensas actividades sociais. Não resta dúvida que chegou o momento de apelarmos a essa generosidade para que tenhamos outras condições no ensino da nossa língua e cultura, quer nas escolas comunitárias, quer no ensino oficial. É que se a nossa generosidade não tiver em consideração o futuro do ensino da nossa língua e cultura, estaremos, definitivamente, a petrificar o futuro dessas actividades sociais, dessas festas e romarias.

(conclui na pagina 13)

Conversa antes da “Ordem do Dia” ideológico. As maiorias absolutas já começaram a descer “a passo e passo a escada estreita”. No entanto, é nosso dever admitir que a história recente da autonomia açoriana tem sido contemplada com o concurso de gente de raro gabarite político. Claro que não seria realista esperar que muitos dos recém-chegados à política tenham “ego”resistente ao ritual adulador das massas educadas no aplauso emocional ao rematador de serviço... No fundo, as classes dirigentes são tão semelhantes nas respectivas opções partidárias, que se torna imperativo recorrer aos especialistas de marking para “reinventar” nuances ideológicas e disfarçar o “pronto-a-vestir” da uniformidade ideológica. Nos Açores, há clientelas interessadas em provocar uma espécie de “duelo” institucional entre o presidente do Executivo açoriano e a “mayor” da municipalidade de Ponta Delgada. Os estrategas do arruído parecem distraídos do facto que seria desastroso para as ambições politicas da actual presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada uma eventual derrota nas próximas eleições autárquicas. Isto para concluir que a legitimidade democrática das funções do actual Chefe do Executivo Açoriano só estará em disputa dentro de três anos. Não haja pressa em empurrar o presidente do Executivo para a selecção europeia. Nesta fase do “campeonato” da Autonomia, a sua ausência faria muita falta ao projecto do triângulo lusitano do Estado português... Também considero que “o mundo é uma pança enorme”. Não há triunfo do direito sobre a força da justiça que não tenha sido

considerado utopia. A antiga governadora do Texas, Ann Richards, de saudosa memória, disse uma frase que fixei: “… I have always said that in politics, your enemies can’t hurt you, but your friends will kill you. Nesta ordem de considerações, alinhavadas com sinceridade mas em passo de corrida, penso que o desafio do futuro da autonomia dos Açores precisa (exige) mais inteligência cooperativa do que “chamarritas” ensopadas em alcatras partidárias. Considero urgente congregar o PS/A e o PPD/PSD na formação duma União Açoriana para o Desenvolvimento (UAD). Nesta emergência, não seria racional menosprezar aqueles que, no passado e no presente, continuam credores da confiança colectiva, embora arbitrariamente marginalizados ou “dispensados” de funções, segundo critérios ditados pelo ritual da “solidariedade na incompetência”... Entrementes, a opinião independente anda ao corrente do autismo crónico dos governantes insulares. Curiosamente, há indícios que apontam o facto de que a juventude açoriana foi convidada a pensar que o natal da Autonomia Democrática aconteceu na segunda metada da década de 90 do século passado. Haja paciência... Nesta breve conversa antes da “ordem do dia”, diria que de facto conquistámos a Autonomia Democrática. Aleluia! Mas é preciso acreditar nela e servi-la... com menos romarias e mais trabalho!

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Sabores da Vida

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida [email protected] Os produtores de leite do Vale de San Joaquin estão numa encruzilada, ou num beco sem saída Nestes dias de hoje, todas as vezes que os produtores de leite ordenham as suas vacas estão perdendo dinheiro, estão encarando baixos preços e dificuldades laborais em todas as direcções. Muitos fizeram decisões difíceis para o seu futuro, na esperança de salvaguardar o fruto de uma vida inteira de trabalho, e que aos poucos teima em desaparecer, sob a imensa pressão económica que tem atribulado a indústria da agropecuária nos ultimos meses, outros ainda estão na encruzilhada pendentes da expectativa de que uma das maiores crises dos anos mais recentes possa recuperar económicamente antes que seja demasiado tarde. Segundo Leslie Butler, um economista na area da agropecuaria da Universidade da California em Davis, “em jogo está o futuro de uma industria, central para a economia do Vale de San Joaquin, que comanda a Nação na produção de leite”. Tudo depende de quanto tempo mais os produtores de leite poderão manter-se sobre as águas turvas e usar todos os recursos económicos ao seu alcance. Muitos estão deixando esta indústria

a uma velocidade vertiginosa e por vezes assustadora. Há muitas razões para tal e nós continuamos a mencionar algumas. Na passada edição do TRIBUNA fizemos uma breve referência aos preços a retalho do leite e produtos do mesmo. Como tem sido largamente publicado, os preços destes produtos à produção caíram em percentagens significantes, enquanto que, ao mesmo tempo falharam para filtrar a mesma descida nos produtos a retalho, beneficiando o consumidor e incitando assim o aumento do consumo dos mesmos. Presentemente e segundo “The Bureau of Labor Statistics”, os preços do leite líquido por atacado para vendas, baixou mais de 50 % enquanto que a retalho baixou menos de 15 %. Ao mesmo tempo, o preco no CME pelo queijo “Cheddar” usado para calcular os preços na California baixou 40 % desde o início de 2008, e curiosamente o preco do mesmo queijo a retalho é agora mais alto que em Janeiro de 2008. Produtores continuam a sofrer o impacto dos seus altos custos de produção, enquanto processadores, distribuidores e retalhistas vão enchendo os seus bolsos, à custa do consumidor Saputo Inc. completou a aquisição das actividades da fábrica de queijo F&A Dairy of California, na

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Cidade de Newman. Saputo Inc. é uma companhia Canadiana, já com muitos negócios nos Estado Unidos e segundo a sua própria classificação, a Companhia é numero 12 na ordem (ranking) Mundial da Agropecuaria. Esta transação foi anunciada a 23 de Junho do corrente ano e segundo a qual a companhia comprou as actividades da F&A que tem manufacturado, vendido e distribuido queijo mozzarella, provalone e produtos do soro. O preço da venda foi US$44.5 milhões (em base livre quanto a credores) e foi pago “Cash”. F&A Dairy of California Inc. tem 113 empregados e a sua fábrica está situada em Newman, California. No ano terminado em 31 de Desembro 2008 produziu aproximadamente 60 milhões de libras de queijo e as suas vendas totalizaram US$140 milhões. Esta aquisição completa as actividades de “Saputo Dairy Products Division (USA)”. Como é do conhecimento da industria Californiana, a F&A tem causado sérios problemas a alguns produtores de leite. Apelamos por um futuro melhor.

Quinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo. A nossa convidada nesta quinzena é Albertina Silva, casada com Moisés Silva, natural da Ilha do Pico, residente em Newark, California.

Espuma de Morangos 1/2 Kg de morangos moídos 1 pacote de gelatina de morangos Dissolve-se 1 pacote de gelatina, 1/2 copo de água quente (mas não a ferver), 6 claras em castelo, 2 copos de açucar, 1 copo de natas. Mistura-se tudo bem e vai ao frigorifico. Bom apetite!

SJGI tem o prazer de apresentar

Eduardo da Silveira, M.D. Diplomado em Gastroenterologia. Especialista em Doenças do Fígado e do Aparelho Digestivo.

O Dr. Eduardo da Silveira fala múltiplas línguas incluindo o Português, Inglês, Espanhol e Francês. Bem-vindos a San Jose Gastroenterology (SJGI)

Agradecemos a oportunidade de oferecer os melhores cuidados médicos em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva.

Dois escritórios para o servir em San Jose MONTPELIER OFFICE: 2340 Montpelier Dr., Suite A O'CONNOR OFFICE: 231 O'Connor Dr.

Telefone: (408) 347-9001

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Perspectivas

Em Busca da Felicidade

1 de Agosto de 2009

Fernando M. Soares Silva [email protected]

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esde o raiar da sua primeira aurora neste planeta terráqueo, a Humanidade tem sempre procurado penetrar, implícita ou explicitamente, o tentador mas ilusório horizonte da Felicidade... Meros prazeres corporais, omnímodos momentos de alegria, ou sensações de contentamento acabam sempre em não satisfazer completamente o ser humano em busca de uma plausível perdurabilidade num mundo onde a caducidade é parte integrante da realidade... A caminhada para a Felicidade é problemática e cheia de perplexidade. E assim, através de todos os tempos, sistemas filosóficos, religiosos, e diversas modalidades psicológicas, têm focalizado as suas atenções nas complexidades da definição e da explicação do que pode (ou poderia) fazer o ser humano sentir-se verdadeiramente feliz. Que disseram os antigos pensadores? Vejamos primeiro o BUDISMO cujos princípios filosófico-moralístas estão fundamentados nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama (563 - 483 a. C.), mais conhecido pelo nome de Buddha (Buda). Este mestre e líder espiritual, nasceu no que actualmente se chama Nepal e faleceu na Índia onde viveu a maior parte da sua vida. A busca da felicidade é o tema central dos ensinamentos budistas que focalizam a processo conducente à “libertação” do ser humano do seu “sofrimento” existencial. Como? Mediante o

Custo: $150,000.00 dolares. Aceitam-se ofertas

entendimento da verdadeira natureza dos fenómenos e a implementação dos “oito trilhos”, ou métodos, apontados por Buda. Segundo Buda, esses métodos, --- que incluem meditação, estudo e cultivo da sabedoria, renúncia de coisas mundanas, comportamento altruístico, boa e irrepreensível conduta ética, e prática religiosa,--- promovem e facilitam o “escapar” ao ciclo de “sofrimento” e de “renascimento” (samsara), que o Homem confronta na progressão da sua consciencialização em rumo a NIRVANA, o estado mental onde a consciência e o espírito, libertados de obcecantes paixões, ambições e efémeros desejos terrestres, transcendem e encontram a paz da auto-realização que gera a verdadeira felicidade. Segundo o Budismo, todas as outras formas e nuanças de felicidade --- poder, ambição, riqueza, conforto material, etc.--- são balofas e enganosas ilusões. ***** Leiamos agora pertinentes declarações de alguns dos mais célebres filósofos da antiga Grécia. Nas profundamente filosóficas esferas da brilhante Atenas da antiga Grécia, também a Felicidade foi assunto muito falado e debatido durante séculos. Comecemos por um dos dois mais proeminentes filósofos gregos, indubitavelmente um dos maiores génios de todos os tempos, isto é, pelo famoso ARISTÓTELES (384 322 A. C.),, pilar e co-fundador do sistema filosófico ocidental e por muitos considerado o pai das

ciências físicas. Este genial pensador cujas ideias e pontos de vista profundamente influenciaram sobretudo o mundo antigo e também as civilizações medievais durante séculos, ou mais precisamente até ao findar da Renascença (séculos 14-15-16 e 17), ultrapassou o tradicional conceito grego de felicidade, “Eudamonia”, baseado no “gozo e na cultura do prazer” e na consequente “boa qualidade de vivência”, e definiu-a como a “prática da virtude”, ou, mais especificamente, na “virtuosa actividade do espírito” fundamentada na observância de “normas éticas” em concordância com “o uso da razão”. Mas, já existiam então outra ideias e conceitos de “vida feliz” ou felicidade em vários pontos da Grécia. Reflectindo as consequências do alastrante lazer e dos decadentes valores morais das sociedades helénicas daquelas épocas, uma nova corrente filosófica, o HEDONISMO, havia surgido rapidamente sobretudo nas elites de Atenas. O Hedonismo, evitando o que é desagradável, doloroso e penoso, mantinha (e ainda mantém) ser o “prazer” o supremo bem e o objectivo inato e mais importante da Humanidade. Naturalmente, esta corrente filosófica foi submetida a diversas interpretações de vários filósofos e proponentes. Aqui seguem, resumidamente, as teorias de três dos mais proeminentes proponentes do hedonismo clássico. DEMÓCRITO, o atomista, (c. 460-370? a.C.), aparentemente o pioneiro das correntes hedonistas

que rapidamente se popularizaram entre os helénicos, opinava ser a felicidade resultante do “contentamento” e das ocasiões de “alegria” e “prazer”, sentidas e vividas pelos seres humanos nas suas interacções pessoais e sociais. ARISTIPO DE CYRENE (435356 a. C.), fundador do movimento hedonista denominado CINISMO, baseando-se no princípio socrático de que a felicidade é um dos fins da acção moral e da virtude, acreditava, --- embora desprezando bens materiais e vigentes valores convencionais ---, que os “prazeres” , isto é, formas de gratificação corporal, eram o bem supremo capaz de trazer felicidade ao ser humano. EPICURO (341-c.270 a. C.), arquitecto do EPICURISMO, também visualizava o “prazer” como o “supremo bem” humano, mas, ao verificar lamentáveis e trágicas consequências de abusivos excessos hedonistas, passou a urgir controlo, ou eliminação, de prazeres nocivos ao bem-estar físico e mental do utente. Tal imprudente prática seria contrária à fomentação da anelada felicidade. Em outras palavras, Epicuro dizia que o mais alto prazer e a verdadeira felicidade consistem em manter uma vida simples e autosuficiente, com gozo de moderados prazeres numa atmosfera de paz e tranquilidade, e isenta de sofrimento. Outros filósofos da época perfilharam similares ideias. Como veremos subsequentemente, essas ideias e pontos de vista ain-

da hoje perduram com variações que serão aqui apontadas. ***** As ideias hedonistas foram imediatamente criticadas e contrariadas por vários filósofos gregos e, mais tarde, por eminentes pensadores romanos. Zeno, de Citium (334-262 a. C.), fundador do movimento filosófico ESTOICISMO, foi o primeiro oponente das ideias e práticas hedonistas. A sua escola, estabelecida em Atenas, preconizava austeridade e firmeza na virtude, autocontrolo das emoções, indiferença à dor e ao sofrimento, e constância de ânimo para enfrentar e opor aos males e contrariedades da vida. A nova corrente dava grande ênfase à formação do carácter e à paz de espírito que advêm a quem vive esforçandose em manter ou conseguir uma vida virtuosa, e de harmonia com as leis naturais. Mas o Estoicismo era muito mais do que uma reacção contra as tendências hedonistas daqueles tempos. Perfilhando premissas socráticas, os estóicos conseguiram formular uma impressionante estrutura filosófica que rapidamente se tornou muito influente e dominante não só na antiga Grécia, como também em toda a expansão do vasto Império Romano durante vários séculos.

(continua na próxima edição)

COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena Rocha [email protected]

The Swiss Shop

M

esmo aqui ao meu lado, na longa Avenida onde moro, um lugar onde quase todos os saudosistas faz já muito tempo queriam viver, a vida já foi mais Portuguesa. Tudo tem um começo e um fim, como o Sol quando nasce e enobrece o dia para depois se esconder e no seu ocaso nos deixar as sombras e a noite. Ainda há 24 anos, quem vinha dos Açores, queria conhecer a Alum Rock. Era quase uma Manhatten da California já em decadência, onde o Comércio já tinha sido brilhante, entre os cafés e restaurantes, o pulular da vida e o articular das palavras dos que se encontravam, às vezes como se fossem seres superiores às gentes do outro Vale onde eu tinha feito poiso. Nessa altura ainda havia Fados e Canções; o Folclore tinha de vir do monte, que era lá que o agricultor vivia e tinha consigo o saber dos nossos sabores ainda arreigados à terra. Para mim, esta avenida representava mais o percurso do Alto das Covas à Sé de Angra. Embora não tivéssemos os doces da Pastelaria Athanásio, tínhamos a bica gostosa e quente da Tamar, entre a amena cavaqueira dos amigos em serões inesquecìvelmente agradáveis; o Restaurante Sousa - a catedral do Fado - com a comida saborosa como o Beira-Mar; a Sé, no maravilhoso Templo de construção Manuelina - Igreja das Cinco Chagas - onde a Palavra de Deus dita pelo saudoso Padre Leonel Noia nos lembrava sentido da Vida, em improvisados sermões perfeitamente elaborados.

Antologia de Poetas II Antologia de Poetas Lusófonos lançada em Leiria

A

literatura portuguesa está mais enriquecida em virtude da publicação da mais recente antologia de poesia lusófona. Sob o título de II Antologia de Poetas Lusófonos, esta obra apresenta nas suas quase 500 páginas, cerca de 140 poetas de 11 países, a saber, de Angola, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra, Moçambique, Portugal, Suiça e Timor. A comunidade portuguesa de Montreal (leia-se o Canadá) está representada com 5 poemas do livro “Peito Açoriano”. O respectivo lançamento, numa edição de Folheto Edições & Design, de Leiria, decorreu recentemente no Mosteiro Santa Maria da Vitória, Vila da Batalha, tendo o evento sido iniciado nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro, com a actuação da Orquestra Filarmonia das Beiras. Com preâmbulo de Adélio Amaro, coordenador editorial, e introdução de Arménio Vasconcelos, Governador do Distrito Elista da Zona Centro do Elos Internacional da Comunidade Lusíada, este livro é um notável exemplo de mais um outro contributo literário para a universa-

Lingua Portuguesa.... (cont. da página 10)

No meio deste cenário, silenciosamente, sem ser Português, mas tomando lugar e pulso, o homem dos relógios no melhor de sempre para marcar o Tempo - The Swiss Shop. No meu tempo quem não tinha um relógio suíço, não tinha um bom relógio. Mr. Emil Heyler, vindo de um país do frio, a velha Alemanha da Floresta Negra que foi o seu berço há muitos anos, aquela em que ele percorreu largos quiilómetros de tem e biciceta para a sua escola católica e para o trabalho, até que um dia decidiu como a irmã mais velha, vir para os Estados Unidos à procura de uma vida melhor, fazer o que gostava no mundo dos relógios e fugindo do rescaldo de uma Guerra de Hitler, que matou, escravizou e desestabilizou a vivência de tanta boa gente. Oregon, foi sua primeira casa, por se parecer melhor com a Floresta dos seus verdes anos, mas o destino em pouco tempo o fez morar na cidade de São José, ficando com a Swiss Shop, faz este ano cincoenta anos e onde até hoje vive para servir uma grande clientela, que de todos os grupos étnicos, a maior é a Portuguesa de todas as partes da América. São muitos anos de trabalho e muitas histórias que Emil tem de memória de clientes excelentes e menos bons, que guarda para si, com respeito por cada um deles, mesmo que nem sempre o pagamento pelo seu trabalho tenha sido justo e feito atempadamente. Saudades do seu país que visitou algumas vezes, nem por isso. Já tem mais anos de cá, do que da Alemanha muito verde e fria, pois a California colorida e de temperaturas agradáveis o cativou para sempre. Diz-me com graça que só há-de reformar-se quando ganhar a Lotaria e humildemente continua a vender ouro de Portugal aos mais portugueses e ajustando os ponteiros de outros que nem sempre regulam tão bem como os relógios de Cuco originários da terra que o viu nascer. Cincoenta anos é muito tempo e penso que Emil Heyler dentro deste Little Portugal merece uma homenagm dos Portugueses, nem que seja pelo Natal, até porque sempre tem uma prenda para o bazar quando alguma organização lhe bate à porta.

O ensino da língua e cultura portuguesas nos EUA e Canadá continua numa encruzilhada. Porém as soluções estão nas nossas mãos. Há que sairmos da apatia a que nos habituámos, abrir a janela às novas possibilidades que por aí despontam, e arejar esta missão de promover a língua portuguesa e as vivências luso-americanas e

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Crónica de Montreal

Antonio Vallacorba [email protected] lidade da língua portuguesa. Ou como afirma o próprio Adélio Amaro, “Mais um elo para a Lusofonia”. De facto, esta antologia surge com os objectivos nobres de promover a Lusofonia e de promover os poetas que espalham as suas veias inspiradoras por todo o mundo, tal como o fizeram os grandes vultos da Lusofonia, com especial destaque para o Padre António Vieira, que além da língua conseguiu unir continentes. Honra-nos particularmente poemas que exaltam a nossa língua e os nossos valores, como neste exemplo “Língua Portuguesa”, de Sérgio M. Pandolfo, do Brasil: “Língua que nascida de latino terço/ último rebento do romântico falar/, de Viriato, a Lusitânia, o chão bruto fecundaste/, e, semente prolífera, tenra árvore viraste”. Quase toda a temática tratada nas páginas desta antologia, tem muito em comum com todos os seus autores, apesar da distância que os separa: o amor, a democracia, a liberdade, a paz, a guerra,demais problemas que afectam a humanidade, as terras onde nasceram, os afectos pessoais, etc. Entre todos eles, muitos são de inspiração popular. Por isso, e tal como se refere Adélio Amaro, nem todas as poesias são, por outro lado, de “índole académica”. No entanto, acrescenta ter-se querido dar voz à poesia popular. “Mas uma coisa é certa - adianta-:

neste livro todas as poesias têm mensagem. Todas elas transmitem sentimentos. Todas elas cantam a mesma língua. E mais, todas elas nasceram tão distantes umas das outras e conseguiram um elo de verdadeira união através da II Antologia de Poetas Lusófonos”. Diz, por seu lado, o Governador Arménio Vasconcelos, “Eis a II Antologia...Com o seu canto a ecoar por mais longínquos mares e montes... (...) o canto ecoa agora com redobrada qualidade e musicalidade a confirmar que vale a pena semear sentimentos e saborear fragrâncias tão raras e caras como o são as que emanam do nosso amado idioma que, acima de tudo, e ao redor de nós, nos enlaça e une”. Ouçamos este belo exemplo de Piedade Barbedo, portuguesa, residente no Continente, em “Raças”: “Que não se afoguem os laços/ nas longas ondas do mar/, tantas...e tantos os passos/ Unindo...peitos, em abraços/ Sabe melhor...misturar”. E o do orgulho da nacionalidade: “Portugal de Lés a Lés”, de Joaquim Augusto Mota, do concelho de Odemira: “Como é linda a Natureza/; Com toda a sua beleza/, Do Algarve até ao Minho/; És pequena mas tens riqueza/, Linda pátria portuguesa/, Portugal meu cantinho”. Parabéns a todos os poetas, poetisas e à Folheto Edições & Design. E que não tarde a próxima antologia!

luso-canadianas. As nossas escolas comunitárias, e os cursos de língua e culturas portuguesas no ensino oficial americano e canadiano, são, os melhores veículos que possuímos para passarmos o nosso legado cultural, não só às novas gerações, filhos, netos e bisnetos de emigrantes, mas ainda aos filhos, netos e bisnetos, de todos os outros grupos étnicos que compõem o mosaico humano, o multiculturalismo estaduni-

dense e canadiano. O momento é agora, ou encetamos um conjunto de medidas e projectos para salvaguardar a língua e a cultura portuguesas ou as mesmas, daqui a uns escassos anos, serão peças do passado guardado, bem lá no fundo do baú de recordações. Peças que ninguém as utilizará ou entenderá.

1600 Colorado Avenue Turlock, CA 95382 Telefone 209-634-9069

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1 de Agosto de 2009

Festa de Monterey - quem não vai não sabe o que perde

No Sábado da Festa houve, como é habitual, a apresentação das Rainhas e Direcção da mesma. Finalizou com baile com o Hermínio

A Rainha Amelia Wren mostrando a sua bonita capa e acompanhada pelas suas aias Angela Wren e Rachel Brum nas ruas de Monterey em direcção à Capela

A Festa de Monterey sempre foi conhecida pela “artilharia pesada” que tem na sua rectaguarda, o que faz com que o Presidente passe o dia descansado, sem preocupações.

A Festa em Louvor ao Espírito Santo de Monterey começou em 1943 por iniciativa de John Morais. Gus Souza foi eleito o seu primeiro Presidente. Na sua primeitar festa tudo veio emprestado, de Salinas “Old Festa”, de San Joaquin Valley e Watsonville. A primeira festa consistiu só na benção da comida. Não houve missa nem parada. A carne servida provinha de uma só vaca oferecida pelos Irmãos Sousa (Tom e Gus Souza) e o feijão foi oferecido pelo casal Garcia, de Salinas. E assim começou esta festa na terra rica e

piscatória de Monterey. Hoje em dia, o almoço de agradecimento no Sábado da Festa, é o mais rico almoço da nossa comunidade. A ementa é tão rica que até temos medo de nos esquecerRainha Pequena Jenna da Rosa e aias Isabella Melo e Amber Matos mos de alguma coisa. Consta de carangueijo, camarão, polvo, filetes de peixe, do ano passado com pequenas ofertas. Salão e são servidas novamente à tarde e à peixe frito, lulas, bifes, vinho e cerveja noite houve baile com Chico Avila. Baile com Hermínio. à discrição. Como sempre, ao lado do Salão da Festa No Domingo, a Coroação saíu da baixa da Um almoço inesquecível para quem pode há um enorme espaço onde permanecem cidade, percorrendo as suas avenidas até à abarcar com tais iguarias. as dezenas de motorhomes que todos os Capela, onde a missa foi rezada pelo Padre À noite, apresentação das Rainhas e ofianos vem a esta bonita festa. Eduino Silveira. ciais com troca de coroas, tendo os PrePara quem nunca foi aqui fica o convite. As sopas são servidas contínuamente dessidentes deste ano agradecido às Rainhas de manhã até ao regresso da Coroação ao Vale a pena o passeio a Monterey.

FESTAS

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No regresso ao Salão as Rainhas e Oficiais recebem os cumprimentos de todas as Bandas envolvidas na Festa.

O Presidente Manuel e Nemésia Machado sendo coroados pelo Padre Eduino

Três mulheres num altar acompanhadas por uma Padre é um bom sinal

Coroação da Rainha Grande Amelia Wren

Rainha Pequena Jenna da Rosa sendo coroada à vista do pai e avós

Se nunca foi à Festa de Monterey não sabe o que perde. Vá em 2010 e leve muitos amigos consigo.

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1 de Agosto de 2009

GPS, a festa no coração do Vale

Em pé, dir/esq: Ana Maria Parente, Debbie Azevedo, Scotty Mendes, Joe Machado, Paulo Matos, Alcino Nunes, Alfredo Nunes, João Jorge, João Pires, Arminda Alvernaz, Jesualda Azevedo. Sentados: Manuel Escobar, Helder Carvalheira, Vanda Teixeira, Teresa Machado, Maria Nunes, Lucy Nunes, Odelta Jorge, Cecilia Pires, João Cardadeiro.

João Pinheiro e Jesualda Azevedo na tradicional desgarrada

Em cima: Arminda Alvernaz, com Helder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro. Embaixo: Ana Maria Parente

João e Odelta Jorge, Alfredo Nunes, Monsenhor Myron Cotta, Lucy Nunes, Maria e Alcino Nunes

Manuel dos Santos, José Ribeiro, João Pinheiro, Adelino Toledo, José Placido, Vasco Aguiar e o “seleccionador” Luís Nunes. Embaixo: Padre Leonard Trindade, Monsenhor Myron Cotta e Padre Daniel Avila

FESTAS

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Vice Presidente Alcino e Maria Nunes; Presidente Alfredo e Lucy Nunes; Past Past President João e Odelta Jorge, Tesoureiro João e Cecilia Pires; Secretário Joe e Teresa Machado

Rainha Junior Lexie Nunes com as aias Brittney Vaz e Maryann Verissimo

Rainha Pequena Jillian Nunes, aias Sidney Lima e Darian Nunes

A Noite de Fados encheu o Salão. Cantaram a Debbie e Jesualda Azevedo, Ana Maria Parente e Arminda Alvernaz, acompanhadas por Helder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro. O MC foi Paulo Matos. Houve fados para todos os gostos e também a habitual desgarrada entre a Jesualda e o João Pinheiro.

Familia Nunes a ser coroada, o que incluia as três Rainhas e uma aia, filhas do casal Alfredo e Lucy Nunes.

Rainha Grande Brianna Nunes e aias Brianna Moen e Kataryna Verissimo

No Sábado, dia de Bodo de Leite com Pézinho - Vasco Aguiar, José Plácido, Manuel dos Santos, João Pinheiro, Adelino Toledo, José Ribeiro, acompanhados pelo Pedro Reis, Jorge Reis, Dimas Toledo e Manuel Avila. À noite baile com o Conjunto Progresso e Cantoria.

No Domingo a Coroação saíu do Salão para a Igreja onde foi rezada Missa de Festa pelo Monsenhor Myron Cotta, coadjuvado pelos Padres Leonard Trindade e Daniel Avila. Cantou o Coro do Santuário de Gustine. O regresso ao Salão fez-se debaixo de muito calor. Sopas, arremataçãoes e à noi-

te, baile com Alcides Machado. Na segunda feira, a tradicional corrida de toiros no Bella Vista Park. Praça cheia, mas antes da corrida dançou-se ao som do Alcides Machado.

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COMUNIDADE

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Reuniões de Família Hoje em dias com as famílias tão dispersas que temos, não é facil reuni-las de vez em quando e aproveitar esses momentos para conhecer melhor aqueles que mais longe vivem, conhecer melhor os netos que já não se vêem há anos, enfim, gozar esses dias ou mesmo horas que serão inesquecíveis. João Pires, de Gustine, aproveitou e bem o seu 60° aniversário para trazer a familia para junto de si e ainda teve tempo de receber algumas centenas de amigos. Aqui fica para a história esse momento familiar. Em cima do muro: João Pires e Stela, Christian e Cecilia, Paulo, Cecilia e Leo, Brian, Owen, Michele, Amanda, Adão, Eldred. Fila traseira: João David, José e Lucas, Ana Cristina e Vasco, Toninho e Claudia, Cristiana, João, Maria, Lucia, Etelvina. Em pé: João, João Ramiro. Primeira fila: Gonçalo, Lourenço e João Manuel.

Foto tirada a 24 de Junho de 2009, na Leitaria de João e Cecilia Pires, em Gustine

Quem não se lembra do Zé da Lata, o José Martins Pereira? Quem não se lembra daquela voz especial que enchia o ar, levada pela Rádio dos Açores, com as canções mais bonitas do nosso folclore. Este saudoso poeta e cantador tem uma enorme família aqui na California como se pode ver nesta fotografia da Filomena Rocha, tirada na semana passada em Modesto, onde todos se reuniram para recordar aquele que mais alto cantou o folclore e outros que já partiram. Só há, infelizmente, quatro filhos vivos - o João Martins Pereira, Leontina Simões, Benvinda Dias e Lourdes Costa.

foto de José Enes

PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO

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Sabor Tropical

Elen de Moraes



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Existe uma só raça: a raça humana”. Uma frase que fez sucesso na TV brasileira, numa campanha contra o racismo. Certa vez ouvi de um amigo nascido nos Açores que muitos portugueses continentais têm os açorianos como cidadãos inferiores. Naquele momento achei o comentário exagerado, porque não compreendo e não aceito nenhum tipo de preconceito e, ademais, somos todos irmãos. Depois, aqui no Brasil, procurei conversar com alguns portugueses para saber-lhes a opinião e a maioria enfatizou que nunca tinha ouvido nada a respeito. Consideravam-se um só povo, de uma só Nação. Alguns respondiam não ter cabimento a minha pergunta e se chateavam e outros – poucos - davam com os braços para o ar, num gesto de desdém, sem tecer nenhuma observação. Daí, fui pesquisar na internet e me admirei com a troca de “farpas” e mensagens exaltadas que li nos comentários de alguns blogs, entre habitantes do continente e das ilhas e cheguei à conclusão que há certa mágoa e desencanto entre alguns deles. Por quê? Não descobri! Como também, ainda hoje, não descobri os motivos pelos quais tantos portugueses, em Portugal, se deixam levar por um ódio cego pelos brasileiros. E a aversão é tão intensa que um cidadão no site “Causa Nacional” despeja

todo seu racismo contra nós, com tanta ênfase que, instantaneamente, lembrei-me do nazismo e das suas dramáticas conseqüências. Lá pelo meio do artigo o tal Senhor tem a petulância de chamar o Brasil de “pardieiro” e acrescenta que acha natural a imigração dentro da Europa, por partilharem a mesma herança cultural e por serem “brancos, católicos e trabalhadores” e que “os imigrantes actuais (PALOP’s, Brasileiros, Indianos, etc.) representam um corpo estranho no tecido social português” E continua o ataque dizendo “estes indivíduos trazem as suas religiões, culturas e tradições, que em muitos casos acabam por chocar com a cultura nativa (pense-se no caso da excisão feminina!)”. Entristece-me essa mentalidade tacanha. Pela parte que nos toca nesse comentário, nós, brasileiros, sentimos orgulho da nossa cultura, do nosso folclore, da nossa culinária, herança do povo português, como herança, também, foi a religião e se somos hoje o país com maior numero de católicos no mundo e se temos uma cultura bonita, diversificada e bem colorida, devemos à colonização portuguesa. Não sei se pela desorganização ou por pura xenofobia, a verdade é que são inúmeras as reclamações e os depoimentos de brasileiros, que vemos na TV, jornais e revistas, pelo racismo e precon-

Ao Sabor do Vento

José Raposo

Existe uma só raça: A humana! ceito que sofrem quando chegam a Portugal, quer sejam turistas, estudantes ou quem vai a negócios. Há um tempo, uma revista brasileira de grande circulação entre nós – Claudia - veiculou uma matéria cujo título “Brasileira= prostituta – é assim que a Europa nos vê”- de cara, já mexia com nossos brios e com nossos nervos. Eram depoimentos de brasileiras estudantes ou que estavam a trabalho na Europa e que durante todo o tempo tinham que provar, mostrando documentos, que não eram prostitutas. A revista conta que foi a Portugal e Espanha para rastrear as origens do preconceito e confirmaram todas as denuncias. Ainda bem que a grande maioria dos portugueses não é xenófoba e racista. Encontramos, entre eles, muitos admiradores do nosso povo, como o Sr. Helder, que ao descobrir 18 motivos para se ter orgulho de ser português, dá-nos como primeiro, a miscigenação e diz: “Deus fez os negros e os brancos e o português encarregou-se de inventar os mulatos... é uma tese arriscada, mas politicamente correcta” e conclui: “enquanto os holandeses cultivavam a separação colonial, o português praticava uma virtude: a miscigenação”. E eu acrescento que o português (homem e mulher) ao se casar com um negro, emprestou beleza e poesia à nossa raça. Mas, concordo com os portugue-

ses, quando se revoltam e pedem que os ladrões, prostitutas, traficantes e travestis que vendem sexo e invadem Portugal, sejam devolvidos aos seus países de origem. Devem, sim, ser repatriados e não só os africanos, brasileiros, indianos, mas os de todas as nacionalidades. Que cada governo cuide dos “seus filhos” que têm problemas de ordem social, os desamparados pela sorte e os bandidos que precisam do “abrigo” das penitenciárias.

Entretanto, tratar todos os brasileiros como se fossem bandidos e prostitutas, sem o devido respeito ao Ser humano, é indigno, cruel e revoltante. Merecemos e exigimos respeito! http://www.causanacional.net/index.php?itemid=118 ht t p: //cl a u d i a . a b r i l.c o m .b r/ materias/2831/?sh=31&cnl=35 ht t p://e nge n iu m .wo r d p r e s s . com/2006/10/06/18-motivos-deorgulho-em-ser-portugues/

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[email protected] Olá Sr. Machado! É sempre a maneira como me dirijo ao Sr. Manuel Machado, de Petaluma. A primeira vez que o encontrei, penso eu que foi no salão Português da mesma cidade, quando ele mandava uma chamarrita e eu também me meti na dança. Uma vez, ao regressar de Portugal, encontramo-nos em Boston e bebemos um copo juntos lá no aeroporto e tenho de dizer que se bem que o vinho fosse bom, não valia o dinheiro que ele pagou. Mas, já sabemos como são as coisas nos aeroportos. Continuamos a ver-nos sempre nas festas Portuguesas e tenho a dizer que é sempre um prazer falar com ele, mesmo que algumas vezes não concordemos. Já uma vez me referi a ele, aqui no jornal, quando me chamou a atenção por causa das bandeiras da organização em que eu estava incorporado, ficarem nos lugares errados durante a Procissão da festa de Sebastopol. Fiquei muito agradecido a ele e chateado comigo mesmo por ver os erros que os outros cometem e não ter visto um que cometemos, mesmo na frente dos meus olhos. Enfim, coisas da vida. Ainda há dias, falando com ele, me contava a história que se bem que tivesse nascido em São Jorge, na freguesia da Urzelina, só foi ao Topo depois de estar a viver seis anos na América. Dizia ele na brincadeira: “Foi preciso eu ter vindo à América e tirar um passaporte para entrar no Topo”. É uma das pessoas que eu conheço que trabalhou muito nesta terra, mas, também tem gozado. Todos os anos vai num cru-

zeiro e sempre a pontos distantes. Talvez seja dos Portugueses aqui desta área que mais tem viajado. Uma vez até me mostrou uma pequena nota que tinha na carteira com o número de vôos que já fez. Não me recordo, mas sei que estava perto dos 200 ou mais. Numa dessas suas viagens a Portugal, em 1965, viu em vários jardins, arbustos em forma de animais e outros formatos. Pensou logo em fazer a mesma coisa nos parques e jardins que estavam à sua responsabilidade, em Petaluma. Se bem pensou, melhor o fez. E os parques e os jardins públicos que ele cuidava em Petaluma, co-

meçaram a tomar uma forma diferente e ainda hoje se pode apreciar em alguns, o seu magnífico trabalho. Topiary (que é arte de podar arbustos em formas caprichosas), era para o Sr. Machado um prazer e na minha opinião esses arbustos que ele muito delicada e amorosamente transformou nas mais variadas figuras ou animais, parecem que tomavam vida própria e assim se enquadravam no meio da natureza que ele tanto admira e gosta. Quando o Sr. Machado se reformou, a cidade de Petaluma ficou mais pobre, pois ninguém tem o talento e a dedicação que

este homem, durante tantos anos emprestou àquela cidade. Em 1986 ele foi eleito o empregado do ano. Numa entrevista que ele deu ao jornal Argus-Courier de Petaluma, ele diz: - I have a beautiful wife, two wonderful sons and three terrific grandkids. I am a lucky man.

COLABORAÇÃO

Minha Língua Minha Pátria

Eduardo Mayone Dias

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Conversa em duas Línguas

[email protected]

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á nos longínquos tempos do Liceu estranhava um pouco que o nosso livro de texto de História de Portugal quase só assinalasse vitórias e conseguimentos. Quanto a derrotas... Sim, havia aquele malfadado Alcácer-Quibir. E na batalha de Toro pelo menos a ala comandada pelo Príncipe Perfeito havia batido os castelhanos. Batalha indecisa, pois, mais ou menos como um empate num desafio de futebol. Fora isso o livro representava quase uma apologia da invencibilidade dos portugueses, sobretudo frente a esses execráveis espanhóis. Mais tarde procurei saber como fontes estrangeiras consideravam essas insuperáveis vitórias. Uma época que especialmente me interessava era o domínio filipino e a subsequente Guerra da Restauração. Para aclarar um pouco o tema, propus ao meu antigo aluno e posterior colega, colaborador e amigo, o Doutor Antonio Morillo, que me expusesse como via os mesmos factos sob a sua perspectiva de além-fronteira. E aqui vai o que discutimos: - Antonio, pensa em 1580. Há uma crise de sucessão, Filipe II de Espanha considera-se o legítimo herdeiro do trono de Portugal, o Duque de Alba ocupa o país virtualmente sem resistência. Era então assim tão ameaçador o poderio bélico espanhol? Qual era a reputação do Duque dAe Alba como chefe militar? - Sí, Felipe II se considera el legítimo heredero de la corona portuguesa, y de hecho lo es, como así le fue reconocido por las Cortes portuguesas de Almeirim, quienes le ofrecieron el trono de ese país. Evidentemente, al aceptar ese trono encontró fuerte oposición por parte de los portugueses quienes se levantaron en armas contra él. Para remediar la situación, envió a Fernando Álvarez de Toledo, III Duque de Alba, para controlar y remediar la si-

Falecimento Faleceu em Cerritos no dia 15 de Junho de 2009, Isabel Pacheco Silveira, nascida em Santo Espírito, Ilha de Santa Maria, Açores, a 2 de Julho de 1949. Deixa de luto seu marido Alfredo Silveira, filha Cristina Isabel Silveira, casada com Terence Tungsth e ainda o neto Rui Agnelo Silveira. Também a chorar a sua morte ficam suas irmãs Ana Maria Nunes, casada com José Nunes e Águeda Maria Toste, casada com Luís Toste. A Isabel Silveira ficou sepultada no Cemitério de Todas as Almas, em Long Beach, California. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a familia Silveira.

tuación. Don Fernando, derrotó a Dom Antonio en la batalla de Alcántara, y ocupó el país. En efecto, en aquella época el poder militar español era inmenso, y sus tropas eran temidas por todo el continente europeo. Don Fernando era un reconocido general que había participado, y ganado, importantes batallas en diferentes lugares de Europa. Aunque había sido relegado de su cargo como jefe militar por Felipe II –Don Fernando había aprobado el matrimonio de su hijo Don Fadrique, sin esperar el consentimiento del rey –fue llamado para solucionar el problema portugués, lo que hizo sin grandes dificultades, permitiendo que sus soldados saqueasen las ciudades portuguesas conquistadas. - Bem, assim compreende-se a passividade da débil oposição portuguesa. Aliás a chamada batalha de Alcântara não passou de uma breve escaramuça nos arredores de Lisboa. O Duque de Alba, com os seus 50 000 homens, dotados de poderosa artilharia, não teve dificuldade em pôr em frenética debandada as poucas tropas que D. António, Prior do Crato, havia podido reunir no dia anterior. O meu livro de História dos tempos do Liceu não aludia ao saque de cidades portuguesas por tropas espanholas, prática corrente na época. Essa omissão era todavia politicamente correcta. Nos anos após o termo da Guerra Civil de Espanha, todo o ensino em Portugal estava rigidamente controlado pelos altos poderes e atravessava-se então uma fase de quase lua de mel com o Governo de Franco. Seria pois inadequada qualquer nota discordante. Mas voltemos a Filipe II de Espanha e I de Portugal. Havia prometido - e cumprido - manter direitos e prerrogativas que preservassem a individualidade portuguesa. Como achas tu que essa atitude se possa compatibilizar com o expansionismo espanhol do tempo? Poder-se-ia considerar

Filipe II como um rei “liberal”? - Recordemos que Felipe II, en su política hacia Portugal, no fue motivado en momento alguno por ideas - imperialistas, sino que con ella defendía su derecho hereditario. Derecho que, como hemos dicho antes, le fue reconocido por las mismas cortes portuguesas. En cuanto a lo de respetar el que los portugueses mantuviesen sus derechos y prerrogativas, tenemos que recordar que la madre de Felipe, la emperatriz Isabel, era portuguesa, y que con ella Felipe aprendió no sólo la lengua –que hablaba con facilidad –sino el amor por la tierra lusitana. Durante los dos años (1881-1583) que Felipe permaneció en la corte portuguesa, siempre favoreció a la nobleza portuguesa, y que para la administración del país no nombró ni un solo funcionario español. Cuando salió del país para regresar a El Escorial (febrero.de 1583) dejó por virrey a su sobrino el cardenal archiduque Alberto de Austria y los consejeros que le dio eran portugueses. De todo ello podemos concluir que su actitud de tolerancia hacia Portugal no tenía nada que ver con la política de España hacia otros países. - Uma explicação perfeitamente aceitável. Nesse aspecto a actuação do rei foi meritória. Avancemos agora uns sessenta anos. Filipe IV de Espanha (III de Portugal) está no trono. No verão de 1640 rebenta uma revolta na Catalunha. Tropas portuguesas estão incorporadas na forcas que a tentam reprimir. O comandante operacional dessas forças é um português, D. Francisco Manuel de Melo. Contudp, ante novos recrutamentos, vários nobres portugueses reagem. Como é bem sabido, no dia 1º de Dezembro desse ano, 40 deles, acompanhados de adeptos, num total de uns 120 homens, irrompem pelo Paço da Ribeira, impõem-se à vice-rainha, a duquesa

de Mântua, lançam pela janela o detestado secretário Miguel de Vasconcelos e proclamam o Duque de Bragança como novo rei de Portugal. Como se explica que não houvesse ocorrido qualquer resistência por parte da guarda do Paço, composta por duas companhias de espanhóis e alemães, da guarnição do Castelo de São Jorge, uns 600 homens, ou dos tripulantes das galés espanholas surtas no Tejo? É certo que a notícia só chegou a Madrid a 7 de Dezembro mas por outro lado foi apenas na primavera de 1644 que teve lugar o primeiro ataque a território português por forças espanholas. Porquê essa demora? Estava ainda Madrid ocupado com a revolta da Catalunha? - Madrid estaba preocupado no sólo con la guerra contra Cataluña, sino con la revuelta en Aragón. Hay que recordar que 1640 fue un año desastroso para España, que era amenazada por Francia, - aliada con Suecia. La situación en Flandes era insostenible para Felipe IV, y a todo eso, como dije anteriormente, hay que añadir las guerras en Cataluña y Aragón. El ejército que el Conde-Duque de Olivares organizó para enviar e Portugal a combatir contra los nobles portugueses, que se habían alzado contra España, y nombrado rey de Portugal al Duque de Braganza, fue prontamente derrotado en la batalla de Elvas ya que era un ejército un tanto debilitado. Por tanto, es fácil ver que España no puso la atención debida a lo que sucedía en Portugal, y la que le dedicó, no contenía la energía debida ya que Olivares encargó de todo al Duque de Medina Sidonia, hermano de la Duquesa de Braganza. Medina Sidonia, s no puso gran interés en solucionar los problemas con Portugal, y eso explica el que no actuasen las tropas que mencionas, en el castillo de San Jorge en Palacio, o en los

barcos españoles anclados en el Tajo ante Lisboa. - Continua a fazer sentido o que me explicas. É lógico que a atenção do Governo de Madrid estava dividida por vários teatros de guerra. Por outro lado o Duque de Bragança, agora o rei D. João IV, logo que subiu ao trono procurou prover de meios de defesa a raia alentejana, por onde era previsível que tivesse lugar uma incurs. A reacção espanhola foi demorada, o que permitiu a concentração de reforços portugueses no Alentejo. A primeira batalha significativa, a de Elvas ocorreu só em 1659, as do Ameixial e Montes Claros respectivamente em 1663 e 1665. Nesse último ano morre Filipe IV, sempre inconformado com a “rebeldia portuguesa”, como ele dizia, e começa a considerar-se um acordo de paz. Mesmo assim, o Tratado de Madrid, que pôs fim as hostilidades, so veio em 1668. Se os sucessores de Filipe II de Espanha tivessem compartido a complacência do soberano em relação a Portugal, não seria inadmissível pensar que tu e eu, Antonio, tivéssemos idênticos passaportes e mesmo que o jornal que acolhe esta conversa se chamasse agora Tribuna Española. A Ibéria, se esse nome fosse adoptado contaria com um excelente porto atlântico, essencial para o trato com as comuns colónias da América, África e Ásia. A união teria sido evidentemente oposta pela Inglaterra e pela França, receosas de uma nova grande potência, mas Portugal, embora com certa relutância, teria hoje um estatuto comparável ao da Catalunha actual. As imponderabilidades da História determinaram o contrário e nunca se se pôde concretizar aquela “España una, grande y libre” com a qual o General Franco séculos depois iria sonhar.

Nascimento

Nasceu no dia 6 de Junho de 2009 no Doctor’s Hospital em Modesto, Alissa Silva, filha de Lucia e John Silva, residentes em Turlock.

nia e os maternos Fátima e José Costa, residentes em Turlock. Alissa foi baptizada no dia 28 de Junho pelo Padre Manuel de Sousa.

Os avós paternos são Fátima e Mike Silva, residentes em Watsonville, Califor-

Tribuna Portuguesa envia parabéns a toda a família Silva e Costa.

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TAUROMAQUIA

1 de Agosto de 2009

O bom senso voltou Praça de Gustine, 20 de Julho de 2009 Festa do GPS Cavaleiros - Paulo Ferreira, Sário Cabral Matador - Israel Tellez Forcados Amadores de Turlock Director - Duarte Braga Banda de Tracy 3/4 forte de praça Toiros de Manuel da Costa (3) e Amigos do GPS (3) O matador de toiros Israel Tellez chegou 1 hora e 25 minutos atrasado à corrida. Inexplicável. Desculpas do avião, não são de acreditar. Os contratos com estes jovens mexicanos devem ser revistos. O primeiro toiro (n°54) para Paulo Ferreira, de Manuel da Costa, era insonso, e nunca respondeu aos castigos, o que é um mau sinal. Sempre que se cravava uma bandarilha nunca respondia ao castigo. Paulo Ferreira esteve bem, desenvolto e procurando dar espectáculo. Citou de frente, fez-se ver e cravou en “su sitio”. De referir o primeiro comprido, primeirio e terceiro curto. Merecida volta à praca. A primeira pega da noite foi de Anthony Martins. O toiro ainda tentou pô-lo fora, mas ele aguentou-se e o grupo compôs-se bem. No seu segundo toiro, (dos amigos de Gustine), um saro, manso e malcriado, Paulo Ferreira andou na arena a passar tempo, pois toiros daqueles deveriam ir para dentro mais cedo. Este toiro por duas vezes derrotou os forcados, o Director e muito bem, mandou-o para dentro. Não se podem pegar toiros deste calibre.

Sário, o nervoso apoderou-se dele Quem sabe um pouco de psicologia, deve ter notado que o Sário Cabral não gostou mesmo nada da maneira

como o segundo toiro entrou na arena. Possante, corredor e sem nunca largar o cavaleiro. Viu-se na cara dele e viu-se no comportamento que ele imprimiu ao cavalo. Toda a gente tem destes dias, mas é importante que o Sário saiba controlar-se em frente a este tipo de toiro. Nunca o compreendeu, tirou-o da sorte várias vezes e ia complicando a sua actuação todas as vezes que acelerava o cavalo, que é um sinal de falta de confiança. Os cavaleiros, todos eles, não gostam de aceitar estas críticas, mas estas coisas estão estudadas por grandes mestres, e são verdadeiras. “Diz-me como andas e dir-te-ei o que sentes”. Sário nunca deveria ter dado volta á praça nas suas duas actuações. Só se deve dar, quando se triunfa e não foi este o caso. Outros dias virão, mas Sário tem de compreender que não pode esconder sentimentos em frente a três mil pessoas. A pega esteve a cargo de Kyle Parker que se portou muito bem. No seu segundo toiro, manso e desinteressado, pouco ou nada Sário pode fazer. Muitos toques desnecessários. O Director da corrida mandou o toiro para dentro depois de duas pegas não consumadas a um toiro malcriado e que queria partir tudo o que lhe aparecesse pela frente.

Tellez - de artista a palhaço em 5 minutos Israel toureou o quarto toiro, um colorado de Manuel da Costa já depois do intervalo, por não ter chegado a tempo e horas como devia. O toiro mostrou-se muito cooperante com o matador, humilhava bem, era nobre, embora lhe faltasse um poucom de pimenta, para alegrar ainda mais a faena. Tudo ia correndo bem, quer para o toiro, quer para o matador, quando este, de joelhos, perdeu a muleta. Passou-lhe então uma paranoia pela cabeça e julgou que estava a tourear numa aldeia do Mexico, onde

tudo se faz, menos tourear. Tocou nos cornos vezes sem conta, ajoelhou-se, apalhaçou-se de tal maneira que uma miuda que passou em frente a nós, disse para a outra:” Eu não sabia que havia circo em Gustine?”. Uma autêntica vergonha numa faena que estava muito bonita, com muito salero. Desde há anos que aprecio muito o trabalho deste jovem, mas já numa corrida recente em Stevinsou, ele perdeu as estribeiras e armou-se em palhaço, para gáudio de muita gente. Tourear é uma liturgia, como bem me diria no fim da corrida, o meu bom amigo peruano Alejandro. Tourear é uma arte, não um palhaçada. Tourear é saber respeitar o toiro. É dignificá-lo. Vejam no YouTube o que aconteceu com o José Tomás em Barcelona no dia 9 de Julho de 2009, onde toureou seis toiros, de uma maneira digna, profissional e artística. Quem sabe, consola-se e consola-nos. No seu segundo toiro, alguém develhe ter dito que ele não estava numa aldeia mexicana, e então Israel Tellez esteve mais digno de um toureiro. O toiro (saro, dos Amigos de Gustine) teve um princípio muito promissor, mas na segunda série de muleta começou a falhar, a ficar curto de investida e a não ter recorrido. O Director da Corrida não poderia parar a “palhaçada” havida, poderia sim, ter usado o tempo da faena para a mandar parar. (Art. 44 n° 5 - “Na lide a pé, a faena de muleta não deve exceder oito minutos, findo os quais será dado o primeiro aviso; dois minutos depois será dado o segundo aviso e um minuto depois o terceiro, indicando que vão entrar os cabrestos, afim de recolher a rês.” Uma referência especial ao Mário Teixeira por dois ou três cortes que fez muito bem e a propósito. Uma boa chapelada para ti, ó velhinho!

Os Heróis de Gustine

Quarto Tércio

José Ávila [email protected]

Tiro o meu chapéu 5 vezes

e atiro fogo de artificio para o ar, à Direcção do GPS, presidida por Alfredo e Lucia Nunes, que, com o Joe Machado, Alcino Nunes, João Pires e Scotty Mendes, acabaram com uma ilegalidade praticada nas nossas corridas de toiros - a não entrega dos bilhetes aos seus donos. Até que enfim que o bom senso regressou às nossas festas.

Também tiro o meu chapéu ao Merced County Sheriff’s POSSE pela sua sempre bonita participação nas nossas corridas. Tiro o meu chapéu à RTPi por ter começado a transmitir um programa de toiros semanal, aos Domingos às 8:30 pm. Também deu na quinta-feira um lindo programa chamado “O Toiro” e na Internet em directo, a Corrida da TV do Norte. O mesmo se aplica à TVI, por dar-nos a oportunidade de ver corridas em directo na Internet. Será que isto aconteceu porque morreu o maior antitaurino de Portugal, que tinha algum poder na RTP? Possívelmente aquele que escreveu a lei contra a sorte de varas.

Pela primeira vez na minha vida, fui mordido por mosquitos na Corrida da Festa de Gustine. Sempre disse que nunca tinha sido mordido devido a ter sangue da Graciosa. Nove vezes fui picado, como nove Ilhas há nos Açores. Até me morderam nos pés. Quem diria? Só ha três razões para isso: 1. Estes mosquitos são do Canadá, não me conhecem de parte nenhuma e não gostam de toiros. 2. Pode ter havido algumas pessoas que pediram a todos os santos e arcanjos para eu sofrer um pouco nessa noite de muita alegria, devido a ter regressado o bom senso às nossas organizações, ao entregarem os bilhetes aos seus verdadeiros donos. 3. Estou a ficar mais velho e o meu sangue graciosense está a ficar adulterado, mais fraco, menos vermelho, com tendências a ficar azul mais uma vez este ano.

COLABORAÇÃO

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Do meu Jardim

Alicia Filomena Cota [email protected]

T

Portuguese Legends

here is nothing better than sitting at a table with my elders, drinking red or green Portuguese wine and listening to stories about nossa terra. I especially like to hear about the different myths and legends Portuguese people have recited generation after generation. Maybe it is because many ears throughout Portuguese societies have heard the same words we hear today. Or maybe, it is because they are entertaining and insightful pieces of information that leave you saying, “I didn’t know that.” With some research, I found four common legends that are recounted below:

unique young slave named Gilda. Among the olive-skinned slaves, Gilda looked up at him with blue eyes, blond hair and fair skin. Later, the two married in an extravagant wedding. Despite the glorious wedding and exuberant festivities, the new princess appeared distant and distressed. Later, a Nordic man told the prince that his new princess was sad because she longed for the snow covered hills of her northern homeland. Immediately, Prince Ibri-Almudim ordered for the planting of thousands of almond trees. His plan was to deceive his princess with the white flowers on the trees covering the hills and cure her of her longing.

The Legend of the Barcelos Cockerel

The Black Lake Legend

We have all seen it. The colorfully painted rooster found in any and every tourist shop in the Azores and Portugal. But who exactly is this rooster that has found itself an important facet of Portuguese culture? What significance does it have that many have found it deservingly sitting on knickknack shelves, in the kitchen, on the window sill, and every other nook and cranny of the house? This rooster actually comes from a Portuguese legend dated back to the 13th century. It is the Legend of the Barcelos Cockerel. It is said that a pilgrim made a stop in Barcelos on his way to Santiago de Compostela. In Barcelos, he was wrongly accused of theft and thus, his punishment was a hanging scheduled for the next day. In his distress he appealed to Nossa Senhora and Saint James (the Patron Saint of Protection). In his appeal, he prayed for justice. Ironically, he later ran into the judge convicting him of his crime. At the time, the judge was about to eat roasted cockerel. Before he took his first bite, the pilgrim exclaimed, “If I am innocent, may that cockerel get up and crow!” Not a moment later, the cockerel leaped from the judge’s plate and began to crow. As a result, the cockerel became a Portuguese national symbol of faith, justice and good luck.

The last legend mentioned here today is a legend coming from the island of Terceira. It is more commonly known as The Black Lake Legend. Similar to the tale of the Blue Eye Princess Legend this tale recounts the story of a wealthy nobleman’s daughter who falls in love with one of the house slaves. Once the girl and the slave realize they are in love, they decide to run-away from their habitation and live freely in their love. Unfortunately, one of the chambermaids heard about their escape and immediately informed the nobleman. Shortly after, the nobleman sent out a team to chase after the couple. Once the slave got word about the persecutors chasing after them, he demanded that the girl return home while he continues running. Feverishly, he ran all over the island, later feeling exhausted and restless. He finally gave up and sat by a tree to cry. His tears began to build up, producing a black lake. Past the lake, he could see his persecutors approaching him and he leaped up and dove into the lake of his own tears. These legends are only a few of the others out there. Some are told within families, while others have discontinued from passing down through the generations. Like the childhood game “telephone,” many of legends have a few extra details not originally noted. In all, these legends, myths, tales, or whatever you want to call them are unique to the Portuguese the same way Chinese legends are unique to the Chinese. As a result, they generate an idea of who Portuguese people are and their personalities. For instance, the tale about the Cockerel of Barcelos reminds listeners that many Portuguese people are Catholic. In addition, the tale about the almond trees in Algarve detail a small part of Portuguese history when Southern Portugal was once a region ruled by the Moor’s. If we look a little closer at these tales, just like any other tale, we can learn about our culture in narrative form from that of reading only factual historical, social, or non-fictional accounts. If you have any information on any other legends, please email me at cotaa@ alumni.uci.edu.

The Blue Eye Princess Legend The next legend is common in Sao Miguel but might be new to anyone who has not visited the island. It is regarding the two lagoons in Sete Cidades and is called The Blue Eye Princess Legend. The story goes that a blue-eyed princess from the village in Sete Cidades was walking around green fields when she stumbled upon a handsome green-eyed shepherd boy who was playing the flute. The two crossed paths and fell in love. In their arrangement, they would meet at the same tree everyday to profess their love. Eventually, the princess’s father got word of the rendezvous and ordered the princess to stop because she was due to marry a neighboring nobleman. In her remorse she begged her father to see the boy one last time. He caved in and allowed her one last visit. Under the tree, where the lovers have continuously met, they embraced each other one last time. In their grief, they both began to cry. The tears of the blue-eyed princess produced a blue lagoon and the tears of the green-eyed shepherd boy produced a green lagoon. Almond Tree Legend from Algarve If you have ever been to Algarve, you have seen the thousands of almond trees that cover the hills. As a matter of fact, there is a legend behind the almond trees suitably named The Legend of the Almond Trees in Algarve. At the time when the Moor’s were in battle with Nordic armies, Prince Ilbri-Almundim gained control of what was later to become Southern Portugal. In the battle, he was caught by a

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ARTES & LETRAS

1 de Agosto de 2009

Apenas Duas Palavras

(Des)atentados interculturais

Onésimo Almeida

M

esmo em tempos de crise as celebrações do fim-de-ano académico americanas são eufóricas. Os graduados só querem ouvir quem lhes planta futuros radiosos nos olhos. Os cortejos – procissões, como aliás lhes chamam – são graciosamente polícromos. Vou com quase quarenta deles na pele, aqui na Brown, e admito que me deixo contagiar pela festança. Ordeiríssimo tudo, na maior descontracção, misto de alegria e solenidade. Todos os anos dois dos melhores finalistas são eleitos para fazerem o discurso do adeus (o Valedictory). Este ano a escolha recaiu em duas jovens (costuma ser mais equilibrado em termos de género), uma delas muçulmana, que foi minha aluna. Muito calada na aula, exibindo apenas o rosto emoldurado no véu, evitei exigir-lhe participação nos debates. Leu Nietzsche, Marx, Weber e outros, tomava muitas notas, mantinhase todavia reservada. Que me recorde, interveio duas vezes. Nos trabalhos escritos, porém, não notei nada de islâmico. Escrevia como outro aluno qualquer. E que muitíssimo bem. Na sessão final da festa de formatura, perante milhares de pessoas, subiu ao palco e parecia transfigurada. Capa e cap de graduada como qualquer outra americana, mas por baixo, bem visível, ainda o véu em torno da face, como sempre a conheci nas aulas. Falou com desenvoltura, segurança notável e colocação de voz de tribuna. Quase nem olhava para o papel. Agarrou o tema do preconceito anti-muçulmano e referiu um caso bicudo da campanha de Obama – o facto de ele ter Hussein no nome, de um ramo da sua família provir do mundo islâmico e de ter frequentado uma madrass. Lembrou que foi Colin Powell quem revelou a coragem de agarrar a questão frontalmente, mas teve de dizer: Obama não é muçulmano, é cristão. Todavia, so what? – interrogou a Noor. Que diferença faria se fosse muçulmano? Não era americano também? Mesmo para um país que elegeu um presidente negro, o problema não era de modo nenhum tão simples como ela ali o punha. Falava, no entanto, para um auditório de uns dez mil alunos, antigos alunos e familiares, tradicionalmente liberais, habituados há anos a uma Reitora negra (para além de ter sido a primeira mulher a presidir a uma Ivy League), defensores de todas

as causas de vanguarda do país. Por isso os aplausos interromperam as suas afirmações dirigidas aos colegas de formatura: Estabelecemos aqui na Brown uma comunidade fortalecida pelas nossas diferenças e energizada pela nossa paixão pelo bem comum. Estamos convencidos de que as liberdades que queremos para nós estão inextrincavelmente ligas às liberdades dos outros […] Num mundo que por vezes parece tão determinado a autodestruirse com base nas diferenças de ideologia, raça, religião ou nacionalidade, fui testemunha de que 1445 alunos de 44 países diferentes, inicialmente estranhos uns aos outros, se encontraram como colegas em aulas que questionaram, debateram, e em que por vezes, apaixonadamente entre si discordaram, mas acabaram sempre por se manter unidos em torno de ideais comuns. É nessa experiência que se enraíza o meu optimismo. É sobre esse elo de amizade e espírito de compreensão e de humanidade comum que eu entrego confiadamente as minhas esperanças no futuro. Parecia uma Luther King adaptada agora ao terceiro milénio, uma cara moderna,

laudas ao seu discurso. Vi brilharem-selhe os olhos e apresentei-a ao Presidente do Executivo açoriano. Mas confesso uma gaffe. Os meus elogios saíram-me de braços abertos para ela e, irreflectidamente, pespeguei-lhe, à portuguesa, dois calorosos beijos, um em cada face. Quando me apercebi do risco de possível afronta, era tarde. Por isso nem quis olhar para a família, com receio de dar com algum rosto aterrorizado, ou mesmo furioso, sobretudo de algum macho mais conservador. A Noor não se desconcertou e agradeceu comovida. Bem sei que nem discursos nem beijos desses resolvem a paz do mundo, mas a verdade é que ajudam a nos convencermos da possibilidade de imaginar um mundo melhor do que este que fabricámos, por mais que saibamos que no outro lado do planeta a reciprocidade nem sempre é moeda de troca. Como quando um americano se gabava perante um russo, no tempo dos sovietes. Que poderia bater o pé diante de Nixon e dizer-lhe na cara: Mr. Nixon, eu discordo

apesar do véu. Que afinal parecia esconder algo estranho, como se por baixo dele estivesse uma estrela de cinema a fazer um papel de muçulmana e a maquilhagem não conseguisse encobrir uma cara ocidental das páginas da Comopolitan, da People Magazine ou da Vogue. Eu estava bem perto dela quando discursou, e no entanto foi por mero acaso que mais tarde nos cruzámos. Dava eu uma volta ao campus com visitantes (por sinal Carlos e Luísa César mais a sua comitiva açoriana, que por coincidência nesse dia visitavam oficialmente o Estado de Rhode Island), vinha ela acompanhada da família, muçulmana mas medianamente ocidentalizada. Véus, sim; nenhuma burka porém. Ao saudá-la efusivamente, soltaram-se-me

absolutamente da sua política! E simplesmente nada lhe aconteceria. O soviético apostou que seria perfeitamente idêntica a sua situação. Podia ir diante do patrão-mor da URSS e dizer-lhe: Mr. Brezhnev, eu discordo absolutamente da política de Mr. Nixon. E também nada lhe aconteceria.

Diniz Borges [email protected] Onésimo Teotónio Almeida é um nome de referência na cultura portuguesa. É um nome de referência no seio dos intelectuais das nossas comunidades portuguesas. É um nome de referência nas letras contemporâneas de língua portuguesa. O Onésimo é conhecido e respeitado em todos os pontos do mundo lusófono, e não só. Daí que é sempre um prazer ter publicar um dos seus textos. Desta feita, mais um texto, delicioso como é toda a escrita do Onésimo. Um texto que nos coloca perante algumas das perplexidades do nosso multicultural quotidiano norteamericano. Um magnífica reflexão. Abraços diniz

Tribuna Portuguesa

CONVENÇÃO

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ENGLIH SECTION

1 de Agosto de 2009

serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• ENG L ISH SECTION

[email protected]

EspetuS (não) há muitos! EspetuS Churrascaria touts itself as the first Brazilian Rodízio churrascaria, or Brazilian Gaucho-style steakhouse, in San Francisco. Now, a new location just opened in downtown San Mateo. At EspetuS in San Mateo, lunch goes for $24.95 with seven meat options and dinner is $49.95 with fourteen meat options; kids receive a 50% discount. The décor is a contrast of modern with traditional Brazilian country feel. Very welcoming and hip at the same time. The Maitre D’ offered us a bottle of 2005 Rosenblum Syrah for a very affordable price. Traditional Brazilian appetizers appeared at the table—pão de queijo (cheese bread), fried banana, and other tasty delicacies. And off to the salad, vegetable, and warm buffet bars. A great variety of salads including mozzarella and tomato, multiple bean salads, grilled vegetables, Moroccan couscous, roasted corn salad, and some other exotic items. The warm buffet offered stewed beef, Brazilian feijoada (black beans), stewed chicken, among other choices. But we were here for the grilled meats after all... And the grilled meats started to arrive at the table. Gaucho-style waiters placed their long swords filled with grilled cuts of meat — picanha (sirloin), filet, linguiça sausage, lombinho (pork loin covered in Parmesan cheese), chicken hearts, franguinho (grilled chicken), and garlic top loin. One piece seemed tastier and more succulent than the previous. After a first round of the seven choices, we began to be more selective — “Picanha, por favor!” or “Agora só lom-

ABOUT THE GAUCHOS In the early 1800s, European immigrants settled in the Rio Grande do Sul area of Brazil. The fertile, grassy plains were perfect for finding new and better opportunities for their families. These Brazilian settles were excellent horsemen, so they quickly became adept at raising and herding cattle imported from Cabo Verde. The settlers became known as Gauchos. A unique type of cooking, inspired by the Gauchos, was called churrasco. After digging pits

binho!” By the way, isn’t it nice to speak Portuguese to a waiter? One of the Gaucho waiters is Brazilian married to a Portuguese women from Viseu and does an great accent from “Biseu.” Having been to many churrascarias, what stood out above all at EspetuS was the excellent and amicable service. The meats were perfectly salted (rock salt, of course) and grilled to perfection. After almost two hours of being in carnivore heaven, the best was yet to come… Among the less-than-Brazilian dessert options, I opted for the Mousse de Maracujá (passion fruit mousse). It was to die for. Not too sweet or heavy. Simply amazing… and worth a drive from the South Bay just for dessert! Diners who made reservations on OpenTable.com gave EspetuS 4.2 stars out of 5 with 40% rating it as Outstanding (5 stars) and 47% rating it as Very Good (4 stars). I could not disagree with those high marks. The food prepared by EspetuS Executive Chef Robson Barreto and his kitchen staff is well-worth a stop in downtown San Mateo for a taste of real Brazilian churrasco.

EspetuS Churrascaria 710 South B Street, San Mateo, California www.espetus.com Reservations by calling 650.342.8700 or online at OpenTable.com

in the ground, the Gauchos would start a fire using the wood from the rangelands of the Pampas. Once the fire turned to golden embers, large portions of prime meats were skewered and slowly roasted to perfection over the fire pits. As groups of families would gather for meals, Gauchos would carry bountiful portions of meat, fruits and vegetables to the table. Using traditional knives, which Gauchos wore on their belts, they slices thin and tender pieces of meat onto plates. The succulent, skewered meats were served continuously to each person. This is the tradition of Brazilian Gaucho and their unique style of preparing and serving food to their families and friends.

DeZire is ready to take on Lusavox Composed by local Portuguese-American musician and composer Roberto Lino and produced by Nelson PontaGarça, the single “Porquê” (Why) will be showcased by a Portuguese-Californian all-girl band — DeZire — at the 3rd edition of the Lusavox Song Contest. Friends Jessica Mendes, 24, Vanessa (Nezza) Fontes, 20,

Nancy Fontes, 24, and Andrea Bettencourt, 23, are the fresh young faces who compose the band. Jessica is a graduate of Five Wounds School, San Jose High Academy, and DeAnza College with a degree in Journalism. She currently works at Cisco Systems. She is the daughter of local San Jose musicians and composers

Manuel Cunha Mendes and KSQQ radio personality and Portuguese Tribune columnist Filomena Rocha-Mendes. Andrea Bettencourt is also a graduate of Five Wounds School and San Jose High Academy. She is the daughter of Maria Alice Bettencourt and Dr. Manuel Bettencourt. DeZire and their song “Porquê” were chosen to be one of ten finalists at the LusaVox singing contest taking place Saturday, August 1, at the Centro de Congressos do Arade.Algarve in Lagoa, Portugal. RTP International (DishNetwork channel 615 or 816) will broadcast the show live starting at 1:15 PM Pacific Time. Votes for the best songs are cast online at lusavox.sapo.pt. After arriving in Portugal, the three young singers of DeZire, minus Andrea Bettencourt, accompanied by producer Nelson Ponta-Garça went to Porto to the music studios of Portuguese rock musician and composer Pedro Abrunhosa. The Lusavox Festival is an initiative of the Portuguese Government’s Secretary of the Portuguese Communities in cooperation with web portal Sapo, music producer Valentim de Carvalho, Portuguese radio RDP, and Portuguese television RTP. There will be two winners of the 2009 festival: the jury grand prize (recording of a CD) and the popular prize (5,000 Euros). Pedro Abrunhosa serves as the festival’s musical director. The Lusavox Song Contest is open to Portuguese and Portuguese-descendent young adults between the ages of 18 and 35 years old. Roberto Lino and Nelson Ponta-Garça are no strangers to this song contest. They were finalists in the 2008 edition with Lino’s song “A noite não espera” (The night doesn’t wait). www.myspace.com/deziregirlz

FESTAS

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Não percam a Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock, uma das mais importantes da California

O Grupo “Voz da Saudade” de Quebec, Canada, actuará pela primeira vez em terras da California, na Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock. O Grupo “Voz da Saudade” estreou-se em Outubro de 1998, por ocasião da Festa do Imigrante, que é realizada anualmente no Centro Comunitário Português “Amigos Unidos”, na cidade de Hull, província de Québec, perto da cidade de Ottawa,

capital federal do Canadá. O Grupo é composto por trinta elementos, incluíndo músicos, vozes femininas e masculinas. O seu reportório é todo ele revestido de uma originalidade surpreendente, com músicas e letras da autoria do seu director, António Fernando Ázera da Silva, músico, compositor e intérprete. Sejam bem-vindos.

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FRATERNALISMO

1 de Agosto de 2009

As Fraternais são um pilar da nossa Comunidade A história da Luso-American Fraternal Federation não cabe nem mesmo nas trinta e duas páginas deste jornal, por isso será sempre muito incompleto o que se pode dizer em duas páginas. Em 1957 a Sociedade Beneficiente fundada em Agosto de 1868 com o nome The Portuguese Protective and Benevolent Association of the City and County of San Francisco e a União Portuguesa Continental fundada em Janeiro de 1917 conjugaram os seus esforços e criaram a United National Life Insurance Society, que por sua vez era constituída pela Luso-American Fraternal Federation, Luso-American Life Insurance Society, Luso-American Education Foundation. Em 2002 houve a fusão com o PCU e desde o ano passado com a SPRSI. E tudo isso para responder aos desafios que nessa época já eram consideráveis. O propósito desta fraternal, bem como das suas antecessoras, era oferecer seguros de vida, e ajudar a comunidade em serviços de ordem cívica, cultural, educacional e social e o empenho que tem tido com tudo o que se relaciona com a juventude. As actividades juvenis da Fraternal estão bem patentes nas Convenções anuais, onde lhes é dedicado um dia inteiro, para mostrarem os resultados de tal trabalho. Verem-se 400 jovens a desfilarem num palco e a mostrarem todo o trabalho de um ano, quer no campo musical, folclórico, teatral, merece ser visto por toda a comunidade. É digno de registo e de apreciação. As Convenções anuais onde são eleitos todos os seus membros, servem também para o desenvolvimento dos programas de actividades para o ano seguinte. Os Conselhos (Councils) tem por função promover diversas actividades para beneficio e gozo dos seus membros e tem o seu dia mais importante na visita anual do Presidente Estadual da Sociedade. Desde os seus primórdios que a Sociedade Fraternal tem-se envolvido em promover ou participar em todas as actividades comunitárias que promovam a nossa identidade e preservem as nossas tradições e culturas. Por exemplo, na Convenção de 1958 a Fraternal aprovou uma resolução

nais tem sido muitas vezes reconhecido pelos nossos Presidentes, tendo muitos dos seus elementos visitado a Casa Branca em diversos anos. A Luso-American Fraternal Federation, a Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel (que se juntaram à LALIS em Janeiro de 2008), e a Portuguese Continental Union, da Costa Leste, tem 22,000 membros em 193 Conselhos e Lodges, nos seguintes Estados: California, Connecticut, Florida, Idaho, Massachusetts, Nevada, New Jersey, Pennsylvania e Rhode Island. A Luso-American Education Foundation há mais de 45 anos que oferece milhares de bolsas de estudo, além de promover Conferências de Educação e Youth Summer Camps. O Summer Camp começou há 11 anos e já o fizeram em diversas Universidades, como Berkeley, Santa Barbara, San Jose State, Sonoma, Stanislaus State. Os jovens passam uma semana nesses campus, vêem como funciona uma universidade, aprendem a preencher aplicações, estudam as oportunidades de cursos. Enfim, uma autêntica semana de educação. A Luso orgulha-se em dizer que todos aqueles que participam em Summer Camps tem ido para as universidades. Muitos deles voltam passados anos como mentores, o que sempre é muito apreciado pela fundação. A Luso-American Life Insurance Society com as suas divisões fraternais já mencionadas, tem mostrado um sólido recorde financeiro, sendo uma companhia de seguros de sucesso, contribuindo para o bem estar de todos os seus membros. Conversámos com Larry Soares, Executivo Vice Presidente/CEO e Joseph Resendes, Vice-Presidente e Secretário, da LAL. Larry Soares falou-nos sobre o futuro: “Tivemos duas junções nos últimos anos – com o PCU e SPRSI, para podermos sobreviver neste mundo globalizante. Olhamos para o futuro com muita confiança. Outras sociedades, mesmo das maiores da America, compreenderam a mesma necessidade que nós e também fizeram as suas mergers e tornaram-se maiores sociedades para poderem

Joseph Resendes, Vice-Presidente e Secretário da LAL

especial em suporte da Lei do Senado 3942, conhecida como “KennedyPastore Bill” autorizando a admissão nos Estados Unidos dos sinistrados do Vulcão dos Capelinhos. Também em 1964, durante a crise sísmica de São Jorge, esta Sociedades esteve na linha da frente na ajuda aos sinistrados com a participação de toda a comunidade portuguesas. O trabalho das Sociedades Frater-

também responder às mudanças que estão ocorrendo no nosso País e no mundo inteiro. Na parte fraternal há cada vez menos pessoas porque a emigração acabou. Continuamos a consolidar as tradições e é por isso que temos os nossos Concelhos para as manter. Ainda na semana passada tivemos o Summer Camp em San Francisco com a nossa juventude, onde se partilhou com

diz José Resendes

Portuguese Continental Union January 2002

Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel January 2008

Larry Soares, Vice-Presidente/CEO da LAL

todos, as nossas tradições, como jogos, culinária, cultura. Também foi importante visitar a universidade. Tentamos diversificar em muitas maneiras. Temos também as Conferências Anuais de Educação e isso explica o esforço não só da LAEF, mas também da LAL, PCU e SPRSI, ajudando-nos a prever o futuro. Perguntado àcerca das vantagens da merger com a SPRSI, Larry disse-nos que “a merger foi importante para ambas as sociedades, não só pelos assets, mas pelos membros, que ao fim e ao cabo trabalham para a causa comum fraternal. A LAL é o centro da nossa sociedade, mas as divisões fraternais são muito importantes. Decidimos manter os nomes de cada fraternal em respeito ao seu passado. As fraternais até mantiveram os seus própiros deveres de oferecer prémios e bolsas de estudo. Nós fizemos a merger no lado do negócio, mas mantivemos no lado da fraternal muita independência e as suas próprias tradições, o que é bom para cada uma delas, em beneficio de todos.” O Joe Resendes quis entrar na conversa e acrescentou: “a merger também nos deu a oportunidade de abrir novos mercados. Como sabem, a SPRSI era uma sociedade feminina, agora nós podemos também ir atrás daquela base feminina. Agora que a SPRSI está connosco, tem também a possibilidade de promover os produtos que nós oferecemos aos membros masculinos do SPRSI. Na Costa Leste, o PCU abriu também um novo mercado para nós, oferecendo os novos

produtos financeiros que temos. Ficámos agora licenciados na Florida, onde existe uma grande comunidade portuguesa vinda maioritáriamente da Nova Inglaterra. Já há muitas organizações Portuguesas, com as suas festas tradicionais. Este novo mercado interessa-nos sobremaneira.” O Larry recordou que o LAL está “licenciada em nove Estados Americanos e continuam sempre a olhar para o futuro com muita confiança.” Todos nós sabemos que as fraternais tem dedicado muito do seu tempo a ajudar a juventude com bolsas de estudo. Larry e Joe, mais ainda disseram que “além de manterem as nossas tradições, os Concelhos fazem o melhor que podem em recolher fundos para esses fins. Se qualquer Concelho oferecer donativos a organizações caritativas, a LAL faz o match até $500.00. A Luso-American Education Foundation é uma organização non-profit e que dá milhares de dólares por ano, não só em bolsas de estudo como para ajudar causas tão diversas como Breast Cancer, Homeless, United Way e tantas outras. Outras estruturas dos Concelhos oferecem e distribuem comida duas vezes ao mês a todos aqueles que mais necessitam. Todos os Concelhos tem programas iguais a estes, mas além do dinheiro também oferecem voluntariado em muitas outras causas. Os Concelhos são muito inventivos. Os seus Torneios de Golfe para juntar fundos têm sido muito concorridos. É verdade que muitas das vezes a Fraternal não publicita todo este envolvimento na sociedade para beneficio de muita gente.

FRATERNALISMO

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Mais tarde ou mais cedo vamos ter de nos juntar todos, disse-nos João Manuel Dias, Chairman da LAL João Manuel Dias, Chairman da Luso America Life (LAL) também falou connosco durante a visita que fizemos ao Quartel-General da Sociedade, em Dublin. Quisemos saber quais eram as funções de um Chairman e a resposta veio rápida: “O Chairman do Board of the LAL tem por função ser o líder do corpo directivo, dirige todas as reuniões da direcção, tem a responsabilidade sobre o escritório no respeitante aos empregados da sociedade, dá-lhes uma certa liderança, nos aspectos de como a sociedade vai, qual o caminho que a sociedade deve tomar, etc.. Está em contacto diáriamente com os escritórios principais para resolver assuntos que são necessários resolver na altura, na impossibildade de reunir o corpo directivo. Está em contacto com as nossas sub-divisões, as fraternais. Assiste a quase todas as reuniões das divisões fraternais. Auxilia, no que diz respeito às divisões fraternais no caminho que eles estão a seguir, faz parte do corpo directivo e quando haja empate é responsabilidade do Chairman fazer o desempate. Isto é em resumo, o que são as funções do Chairman of the the Board, que é uma responsabilidade extraordinária e que acarreta muito tempo e muitas dores de cabeça. A Convenção que terá lugar no próximo fim de semana é especial e João Manuel Dias sabe disso ao dizer-nos que “as expectativas para a Convenção são muito A SPRSI faz o mesmo e também muita gente nem sonha donde vêm certas ajudas em tantas causas. As Fraternais não são ricas, como muita gente pensa, mas o seu objectivo é suportar a comunidade portuguesa, mas não só”. Larry e Joe quase falaram em uníssono, quando afirmaram que “em suporte da juventude, todos os anos damos milhares de dólares em Bolsas de Estudo e agora a SPRSI também faz o mesmo. Alguns anos damos mais de 100,000 dólares em Bolsas de Estudo. Damos bolsas de estudo não só para aqueles que vão entrar nas Universidades, mas para aqueles que querem tirar cursos na Universidade dos Açores ou em alguma em Portugal Continental. Não estamos a falar sómente em jovens, também damos a adultos com o mesmo propósito. Temos muitos daqueles que receberem bolsas de estudo no passado que agora oferecem dinheiro para o mesmo fim e muitos deles conseguem que as suas companhias façam o mesmo. Eles não se têm esquecido de nós, o que é um bom sinal. Um dos propósitos de mantermos uma ligação com os mais velhos, aqueles que já acabaram os seus estudos, casaram, fez-

boas. Pela primeira vez vamos ter uma das nossas divisões, a SPRSI, a ter uma convenção juntamente connosco. Aliás, quando aconteceu esta junção a ideia era essa – de nos juntarmos e termos uma convenção juntos. Vai-nos juntar cada vez mais, dar-nos a oportunidade de conhecermos uns aos outros cada vez mais e trabalharmos em conjunto. No ano passado a SPRSI fez a sua última convenção separada da nossa. Vamos ter também representação da nossa divisão que temos na Costa Leste, Portuguese Continental Union, além dos elementos do Corpo Directivo da LALIS (Luso-American Life Insurance Society). Não podemos esquecer que o movimento jovem da Luso é um movimento que continua a crescer em cada dia que passa. Há um entusiasmo enorme no que diz respeito aos Concelhos aqui na California. Só esse movimento jovem, que tem um dia dedicado a ele, vai ser um dos pontos máximos da nossa Convenção, como tem sido todos os anos. Penso que os delegados estão muito interessados nesta Convenção, para compreenderem o que foi feito desde o ano passado. Pensamos que os delegados estão na expectativa de ver resultados destas mudanças ocorridas, quer este ano quer no ano passado e começarmos a desfrutar desses resultados. Nesse aspecto vamos ter uma convenção histórica. Todos nós sabemos que neste mundo globalizante em que vivemos, o futuro nunca mais será igual ao presente nem

ao passado. As nossas sociedades sabem disso e preparam-se para o futuro, tal como nos diz João Manuel Dias a finalizar a nossa conversa: A LAL tem vindo em vários momentos a promover a ideia que todas as sociedades fraternais se vão juntar. Felizmente e recentemente aconteceu isso, quando as sociedades fraternais portuguesas aperceberam-se dessa necessidade. É um ponto positivo. Um ponto que nós apoiamos. Estamos muito satisfeitos que isso tenha acontecido. Não quero dizer forçosamente que esta junção das quatro sociedades que vai pôr de qualquer maneira a situação fraternal, em especial na comunidade portuguesa,

um pouco diferente do que era anteriormente. Acho que não, pelo contrário. Vai haver um maior entuasiasmo por parte de todas as pessoas que fazem parte das fraternais para continuaream a trabalhar no fraternalismo, para se juntarem cada vez ainda mais. Aliás, já há muito tempo que temos vindo a fazer essa promoção. Mais tarde ou mais cedo todos nós vamos ter que nos juntar. Isto é uma realidade, um facto e mais tarde ou mais cedo vamos ter de bater nesse ponto. Quando será? Não sabemos, mas vai acontecer.

nos criar os 20-30’s, que tem sido um sucesso. Comprendemos que o tempo é valioso para todos, mas é importante para nós que alguns deles nos ajudem e possam mostrar aos outros aquilo que fizeram na vida. As fraternais são um pilar da nossa comunidade” Uma das críticas que ouvimos a certa juventude é a dificuldade que têm em entrar na Direcção das fraternais. Larry explicou que “hoje em dia há muita mais gente nova do que dantes. Dos 14 elementos da Direcção do LAL, 6 têm menos de cinquenta anos. Alguns são past presidents da Federação e da SPRSI e alguns dos 20-30’s. Estamos a tentar esse equilíbrio porque é importante para a nossa Sociedade. Mas é importante compreender que, para se pertencer a estes directorias, as pessoas tem de estar envolvidas, não podem sómente cair do céu. Logo que os jovens se envolvam em actividades ficamos muito contentes se eles quiserem fazer parte dos Boards”, concluíu Larry Soares. O que é que se espera para o ano em relação à Conferência de Educação? “Seria bom que a comunidade compreen-

desse a importância destas Conferências. Seria bom que se começasse a fazer networking desde já, com todos aqueles que receberam bolsas de estudo, aqueles interessados em aprender coisas novas, em participarem. Talvez tenhamos de usar as novas tecnologias – Facebook, Twitter, etc, para ter toda esta malta nova em Berkeley no próximo

ano. A Conferência tem de ser um sucesso, para isso é que tanta gente trabalha nela. O próximo Presidente que irá ser eleito na Convenção vai visitar semanalmente todos os Concelhos e também pode convidar essas pessoas a assistirem à Conferência”, disse-no Joe Resendes, a finalizar esta nossa conversa. Foi um dia bem passado em Dublin.

Em cima - memorabilia da Lusa. Emb: Na Sala de Reuniões podem ver-se as fotos dos Presidentes e Vice-Presidentes/CEO’s da Lusa-American

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