Universidade dos Açores – Departamento de Ciências Agrárias Ciências Farmacêuticas (Preparatórios) Fitoquímica e Farmacognosia II
Realizado por: Terra-Chã, 11 de Março de 2008
• Henrique Tavares • Rui Costa
Sumário:
• A destilação fraccionada e o fraccionamento por via química foram técnicas que viabilizaram e fundamentaram os trabalhos pioneiros de investigação da composição dos óleos essenciais. • As técnicas de separação cromatográfica vieram dar um contributo importante ao fraccionamento de óleos essenciais, não só pela eficiência , mas tambem pela limitação de ocorrência de possíveis artefactos.
• Entre as técnicas cromatográficas, a cromatografia liquido-sólido em coluna, à pressão atmosférica, é a mais usada para o fraccionamento de óleos essenciais. • As fases estacionárias de alumina e especialmente as de gel de sílica permitem separações bastante eficazes dos hidrocarbonetos e dos compostos oxigenados dos óleos essenciais. • As colunas para cromatografia á pressão atmosférica são de fácil e rápida preparação a partir de suspensões do gel de sílica em solventes apolares de baixo ponto de ebulição, como o n-pentano ou o n-hexano.
• Porém, a disponibilidade de equipamentos de cromatografia líquida sob pressão, em particular a cromatografia líquida de alta pressão (CLAP), tem atraído alguns investigadores a usá-la para o fraccionamento de óleos essenciais. • Apesar da pouca eficiência na separação de hidrocarbonetos mono- e sesquiterpénicos, revelaram-se adequadas para separar compostos funcionalizados. A utilização das fases reversas em CLAP semi-preparativa permitem separações mais selectivas. • • • •
Redução do tempo de separações Possibilidade de automatização Maior eficiência e reprodutibilidade Limitação das oxidações (contacto com o ar)
• A cromatografia gás-líquido (CGL) ou cromatografia em fase gasosa é a técnica mais adequada e generalizada para o fraccionamento de óleos essenciais. • Porém, dadas ás suas características, a CGL é mais do que um meio de fraccionamento, já que ela proporciona o fornecimento de informações que lhe conferem, também, carácter analítico. • Independentemente do tipo de detector utilizado, a CGL permite a análise qualitativa da composição de misturas complexas, nomeadamente pela possibilidade de permitir identificar a presença de compostos conhecidos a priori. • Interpretação do comportamento de retenção dos compostos eluídos com recurso ao cálculo de índices de retenção e sua comparação dos índices de retenção com índices de compostos de referência.
• Entre os diversos detectores compatíveis com a cromatografia em fase gasosa, são particularmente importantes na análise de óleos essenciais: • Detector universal de ionização de chama (DIC)
• Este possibilita a detecção de qualquer tipo de composto eluído em CGL e é, por isso, o detector de uso mais generalizado na análise de óleos essenciais. • Vantagens: Análise quantitativa de óleos essenciais com a utilização do método da normalização sem aplicação de qualquer factor de correcção.
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Contudo, a dificuldade de interpretação de espectros adquiridos sobre picos deficientemente resolvidos e a menor disponibilidade de espectros de referencia, condicionam mais o êxito das análises por CGL-IVTF do que o das realizadas por CGL-EM. No entanto, os espectros IV, pelas informações que especificamente fornecem sobre grupos funcionais, têm maior utilidade do que os de EM para a informação estrutural de compostos. A combinação das duas técnicas (CGL-IVTF-EM) é um instrumento poderoso, onde as limitações de cada uma delas são minimizadas.
Fármacos Aromáticos •
Principais Aldeídos e Cetonas
•O número de aldeídos e cetonas que vamos encontrar neste grupo de fármacos pertencentes às séries aromático e gorda é reduzido. Associados
O
anethole O
O
p-methoxybenzaldehyde
Oxidação
Na série aromática
Álcoois e ácidos
Cadeias laterais insaturadas de constituintes fenólicos Fig. 1 – Compostos presentes no óleo essencial de anis.
Fármacos Aromáticos Principais Aldeídos e Cetonas Na série gorda •
•Furfural e o metilfurfural, sempre em quantidades inferiores a 1 por cento, não existentes nos órgãos secretores das plantas, mas formados por alteração dos glúcidos existentes nos fármacos durante o aquecimento destes na caldeira dos destiladores.
Glúcidos O O
Furfural
Fármacos Aromáticos Principais Aldeídos e Cetonas Na série gorda •
•Também encontram-se aldeídos saturados, desde o fórmico ao láurico e em alguns óleos essenciais metilcetonas (cravinho e caneleira) O
n
O
Lauric aldehyde Syzygium aromaticum
Fármacos Aromáticos •
Aldeídos e Cetonas – Propriedades e identificação H
•Presença do grupo carbonilo:
C O
•Formação com sulfitos ou bissulfitos de sais de ácidos hidroxissulfónicos, muitas vezes solúveis em água, que podem ser decompostos pelas bases ou pelos ácidos, regenerando, normalmente, os aldeídos e cetonas. •Obtenção de compostos cristalinos com diversas aminas primárias, caso da hidroxilamina e de diversas hidrazinas substituídas.
Absinto Nome: Artemisia absinthium Família: Asteraceae Partes utilizadas: Folhas basilares ou inflorescências ligeiramente folhadas, ou mistura destes órgãos, inteiros ou fragmentados. Constituição: • Artabsina • α- e β-tuionas • Tuióis • Hidrocarbonetos terpénicos • Azulenos • Flavonas • Ácidos fenólicos • Taninos • Sais
Absinto • Propriedades farmacêuticas • Aperitivo amargo. • Dispepsia. • Disquinésia biliar. • Óleo essencial: • Fabrico do licor de absinto (proibido na maioria dos países devido á neurotoxicidade das tuionas).
Alcaravia Nome: Carum carvi L. Família: Apiaceae. Partes utilizadas: aquénios dos frutos. Constituição: • Carvona (60%) • D-limoneno • Glicéridos de ácidos gordos saturados e insaturados • Carveóis • Aldeído perílico • Sesquiterpenos • Flavonóides • Glucidos diversos • Vestigios de furanocumarinas
O
carvone
Alcaravia • Indicações Farmacêuticas: • Dispepsia. • Inflamações orofaríngeas (externamente). • Propriedades Industriais: • Aromatizante de alimentos e nas industrias de confeitaria. • Fabrico de licores.
Canela-do-ceilão Nome: Cinnamomum zeylanicum Nees Família: Lauraceae Partes utilizadas: Casca seca, privado do súber e do parenquima adjacente, dos rebentos que crescem nos entalhes feitos nos troncos. Constituição: • • • • • • • •
Aldeído trans-cinâmico (55 a 75%) Linalol β-cariofileno Trans-2-metoxinamaldeído Eugenol 1,8-cineol Benzoato de benzilo Cumarina
O
Trans-cinnamic aldehyde
Canela-do-ceilão • Propriedades Farmacêuticas: • Actividade antifungica e antibacteriana (in vitro).
• Propriedades Industriais: • Aromatizante de produtos alimentares. • Contra-indicações: • Dermatites nas mãos. • Dermatites periorais por gomas aromatizadas com este óleo essencial.
Caneleira-do-ceilão • Por arrastamento pelo vapor de água das folhas de Cinnamomum zeylanicum Nees obtém-se o óleo essencial de caneleira-doceilão. Constituição: semelhante à canela-doceilão, apresentando apenas teores de eugenol superiores à anterior (70,0% a 80,0%) e ainda valores mais baixos de aldeído trans-cinâmico (inferior a 3,0%). • Propriedades terapêuticas: • Devido à grande quantidade de eugenol este óleo essencial tem propriedades anti-sépticas e cáusticas muito semelhantes ao óleo essencial do cravinho.
Canela-do-China Nome: Cinnamomum cassia blume Família: Lauraceae Partes utilizadas: Casca dos ramos da canela-da-China. Constituição: • Aldeído trans-cinâmico (70 a 90%) • Acetato de cinamilo (1,0 a 6,0%) • Trans-2-metoxinamaldeído (0,3 a 1,5%) • Eugenol • Cumarina (1,5 a 4,0%) O
Trans-cinnamic aldehyde
Canela-do-China • Propriedades Industriais: • Aromatizante de produtos alimentares. • Usado em certos tipos de perfumes. • Contra-indicações: • Dermatites de contacto.
Curcuma-de-java Nome: Corcuma xanthorrhiza Roxb. Família: Zingiberaceae Partes utilizadas: Rizoma cortado em fatias e seco. Constituição: • Amido • Poli-holósidos heterogéneos (45 a 50%) • Óleo essencial com hidrocarbonetos sesquiterpénicos: • Zingiberenos • Curcumenos • Derivados oxigenados • Xantorrizol • Turmeronas • Curcuminóides • Curcumina • Demetoxicurcumina
Curcuma-de-java • Propriedades
Farmacêuticas: • Actividade colagoga e colerética.
• Propriedades Industriais: • Usada como condimento. • Usada, sob a forma de extracto hidroalcoólico ou em pó, como corante aromatizado (E100).