Trabalho ..[1]

  • June 2020
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Inclusão Social de Crianças e Jovens do Bairro do Alto da Cova da Moura

“Comunidade em Acção” O Bairro do Alto da Cova da Moura O local que actualmente constitui o Bairro do Alto da Cova da Moura era uma área de terrenos de cultivo tendo a norte uma pedreira, e na zona sul uma vacaria, existindo algumas construções dispersas, os quais foram sendo ocupados e apropriados por famílias emigrantes, fundamentalmente oriundas de Cabo Verde e de outras antigas colónias portuguesas, fenómeno esse que viria a acentuar-se após a Revolução de 25 de Abril de 1974, com o processo de descolonização então ocorrido. Com o decorrer dos anos e em virtude de largos períodos de abandono a que o poder autárquico votou o bairro aumentaram as dificuldades e a vivência dos moradores tornou-se mais difícil. Actualmente, é considerado um bairro clandestino, socialmente e arquitectonicamente degradado (apesar de não ser um bairro de barracas, uma vez que a generalidade das habitações dispõe de estruturas de betão e cimento). O bairro do alto da cova da moura é situado no conselho da Amadora, nos arredores de Lisboa. Neste bairro residem cerca de 6500 habitantes. Trata-se de um bairro jovem porque os seus habitantes instalaram-se depois de 1977 e também cerca de 50% dos seus habitantes têm menos de 20 anos. A grande maioria é de origem africana: 75% são cabo verdianos, mas há também guineenses, angolanos e ainda portugueses provenientes do norte e do centro do país. Nos últimos anos, trabalhadores dos países de leste encontraram aqui uma cama para dormir. A maioria da população activa masculina trabalha na construção civil (44,5%). As mulheres trabalham essencialmente no serviço doméstico, limpeza, restaurantes e na venda de peixe e fruta. É uma comunidade alegre e cheia de esperança que cultiva laços de solidariedade.

O Projecto Com vista à promoção da cidadania e prevenção da delinquência, será desenvolvido através de um contrato-programa a assinar com o governo civil de Lisboa e a Câmara Municipal da Amadora que visa resolver todas as carências do bairro, onde o desemprego e a baixa escolaridade são alguns dos problemas mais marcantes, fomentando um dos lemas da organização: "Um outro mundo é possível se a gente quiser". Pretende-se também revelar as capacidades "escondidas" nos habitantes do bairro da Cova da Moura e usar essas capacidades no auxílio a quem mais precisa, principalmente crianças e jovens sendo o principal objectivo do projecto "Comunidade em Acção”.

Os Objectivos deste projecto são: Conhecer os factores que propiciam o desenvolvimento de situações e/ou comportamentos de risco, ou de marginalidade social, em crianças/jovens residentes no bairro. Identificar potenciais factores propiciadores de inclusão social, passíveis de serem accionados por estruturas num trabalho continuado com crianças e jovens, em situação de risco, marginalidade e/ou delinquência. Promover a inserção social através de um trabalho de acompanhamento e encaminhamento escolar, profissional e social, bem como a construção de vida. Ocupar os tempos livres dos destinatários com actividades estruturadas a partir dos seus interesses que promovam a identidade cultural e a interacção entre esta e a cultura dominante. Reforçar o processo de cidadania através de um programa específico de autonomia e liderança juvenil. Introduzir os alunos no debate em torno das problemáticas da pobreza, da exclusão social e da inserção social.

Estratégias de actuação Desenvolver actividades dirigidas aos jovens envolvidos em actos de delinquência ou outras actividades ilícitas numa tentativa de enfrentar a sua marginalização; desenvolver actividades de promoção de qualificações e competências com vista à melhor inserção no mercado de trabalho, orientando a sua intervenção para manifestações culturais e acções de formação profissional. Aumentar o acesso e a manutenção do emprego no mercado aberto de trabalho; proporcionar oportunidades para o desenvolvimento de competências académicas e profissionais; desenvolver as competências das organizações e dos seus recursos humanos, em termos de modelo de emprego apoiado; promover redes sociais de inter-cooperação, entre entidades públicas e privadas, como estratégia dos procedimentos mais eficazes na inclusão social e profissional dos jovens.

Deste trabalho resulta: o envolvimento activa e positivo dos jovens de risco; o desenvolvimento de competências pessoais e sociais: a autoestima, autoconfiança para os jovens participantes e responsáveis (Peritos de Experiência em formação); o desenvolvimento cognitivo das crianças e jovens envolvidas; a promoção do espírito de equipa; a interacção, intercâmbio e convívio a nível desportivo, pessoal e social entre crianças e jovens estimulando a Interculturalidade; a promoção de hábitos de vida saudáveis; o desenvolvimento e aperfeiçoamento de competências sociais.

Realizamos crianças

alguns

inquéritos

a

jovens

e

Entrevistas a grupos de jovens Após essas entrevistas reuniram-se vários grupos de crianças/jovens para entrevistas colectivas, de 8 a 10 elementos, identificados segundo critérios diversificados e com perfis diferenciados: grupos de rapazes, raparigas, grupos de amigos, grupos ligados a determinadas actividades desportivas ou culturais. As entrevistas colectivas desenvolveram-se com cerca de 40 jovens.

Entrevistas a jovens A partir das entrevistas exploratórias (individuais e colectivas) pediuse aos entrevistados que seleccionassem um perfil dos jovens com base na temática do projecto, nos seus objectivos e em critérios fundamentais. Assim, realizaram-se 23 entrevistas a crianças/jovens, entre os 10 e 19 anos de idade, em situação de insucesso ou abandono escolar, com problemas de violência em família, na escola ou no bairro (por exemplo, agressão por parte dos pais, agressão face a colegas da escola, pequenos furtos, discussões no bairro, etc.), e muitas vezes identificados por se encontrarem directamente envolvidos em conflitos locais, ou por integrarem grupos problemáticos dentro e fora do bairro. Procurámos ainda fazer uma segunda entrevista com alguns dos jovens que na primeira fase tínhamos entrevistado colectivamente, enquanto protagonistas de percursos “positivos” no bairro: - um jovem que organizou um grupo informal de desporto, com dezenas de crianças e jovens do Casal dos Machados; - duas jovens que residem no Bairro do Armador e dão aulas de dança numa associação local, por iniciativa das duas que organizaram dois grupos de dança, 1 de mais pequenos e outro de jovens com mais de 17, 18 anos, fazem ainda festas no bairro e excursões; - um jovem que procurou organizar um grupo de jovens para discussão dos problemas que sentiam, organização de festas, excursões, queixando-se frequentemente de não ter apoio de outros jovens do bairro embora fosse clara a sua influência junto dos jovens que circulavam pelo bairro (paravam, cumprimentavam-no, acenavam-lhe);

- um jovem residente na Zona J de Chelas (Entrevista 27) que possui um grupo de break, ligado ao movimento hip hop.

Conclusão

Trabalho realizado por: Carla Landim Nícia Costa Patrícia Monteiro Telma Farinha

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