Foi ter com a tia Verde-Água e voltou a agradecer-lhe o grande favor que lhe prestou: - Ai, minha tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago tudo bem arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo O que eu lhe pedia é que mos deixasse lá ficar sempre. A tia Verde-Água respondeu: - Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos? - Ainda não e gostava tanto de os conhecer. - Se tu os queres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!
Havia uma mulher que se dava mal com o marido porque era muito preguiçosa e desgovernada. Começava uma coisa e não acabava. Tudo ficava a meio. Quando o marido voltava do trabalho, encontrava sempre a comida por fazer e a roupa por arranjar. Como tudo ia de mal a pior, o homem já farto de tanto sofrer, resolveu não falar mais à mulher.
A mulher compreendeu a lição e foi para casa muito satisfeita.
Esta ficou muito triste e foi ter com uma vizinha a quem se queixou amargamente. A vizinha, mulher idosa e sensata, era conhecida pela Tia Verde-Água. - Ai, tia! Vocemecê é que me podia valer nesta aflição. - Conta comigo; eu tenho dez anõezinhos muito obedientes e mando-tos para te ajudarem. Então, a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a auxiliassem:
...pela manhã, logo que se levantasse fizesse a cama, varresse a casa, cosesse a roupa e, no intervalo do jantar, fosse dobando as meadas até o marido chegar. Se cumprires as minhas ordens, serás ajudada sem sentires pelos dez anõezinhos. A mulher assim fez. Os dias foram passando e o marido estava muito contente por ver a mulher tornar-se tão trabalhadeira e limpa. Ao fim de uma semana disse à mulher que ela estava totalmente diferente e, por isso, poderiam viver como Deus com os anjos. A mulher ficou contentíssima com as palavras do marido e
andava radiante.