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CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PSICOMOTRICIDADE COMO CONDIÇÃO DA APRENDIZAGEM Autor: Gletchen Camila Cirilio1

RESUMO: Este trabalho apresenta a psicomotricidade e sua contribuição na aprendizagem da educação infantil. A partir da revisão bibliográfica específica percebe-se que, a psicomotricidade na educação infantil apresenta uma condição estratégica, no que diz respeito a compreensão dos princípios do desenvolvimento do corpo em suas teias de significados. A educação psicomotora deve ser considerada relevante no processo da aprendizagem, visto que ela demonstra ser competente na aquisição de um saber capaz de levar a criança a tomar consciência de seu corpo, a situar-se no espaço, dominar seu tempo e adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. Assim, abordar a ludicidade como estratégia psicomotor é, também, ampliar a visão sobre a inserção dos jogos e das brincadeiras na educação infantil como promotores do processo de ensinoaprendizagem atuando em condições social, afetiva, psicomotora, etc. De forma mais abrangente, a psicomotricidade e a ludicidade como estratégias de aprendizagem resultam em uma ação reflexiva sobre a vida, proporcionando à criança o prazer na construção do saber compartilhado com seus pares. Nesse sentido, no ato de brincar a criança agencia um conhecimento, cuja evidência demarca a motivação necessária para uma aprendizagem exitosa promovida pela psicomotricidade

PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade. Educação Infantil. Aprendizagem. Corpo.

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Graduação em Pedagogia, Especialização em Lúdico e Psicomotricidade na Educação Infantil, pela Faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal – SP. E-mail do autor: [email protected]. Orientadora: Prof.ª Esp. Ana Carolina Caruso Bertonha.

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1 Introdução A contribuição da psicomotricidade na prática educacional está inserida na condição de um saber sistematizado acerca do corpo e seus movimentos. Quer dizer, ao debruçar sobre os referenciais teóricos pautados no materialismo dialético, é possível demonstrar as relações existentes entre a sistematização da psicomotricidade como produtora de um saber, capaz de gerar um produto, nesse caso, o corpo hábil (SILVA, 2013). Dessa forma, a leitura do corpo elaborada pela noção conceitual da psicomotricidade confere a organização das experiências dos seres humanos, alocadas na espacialidade e temporalidade cuja percepção social está recortada na necessidade industrial. Sendo que os sujeitos em suas competências e habilidades se articulam em torno das possibilidades de controle do próprio corpo. Ao examinar a literatura da psicomotricidade obtém-se valiosas contribuições da Psicologia do Desenvolvimento. Essa última articulada ao corpo lido em movimentos potencialmente comprometidos com os aspectos cognitivos, afetivos e relacionais da criança. Assim, tomamos como referência a criança em suas interações na construção de um conhecimento sobre si, nesse caso, acerca de seu corpo. Dito de outro modo, através das atividades lúdicas propostas na educação infantil, pretende-se destacar o papel da psicomotricidade, capaz de agenciar no corpo da criança os efeitos de sentidos em seus movimentos e gestos. Conforme Silva (2013) aponta, as abordagens sobre o tema psicomotricidade e ludicidade têm um papel de extrema importância na educação infantil, pois influenciam diretamente no desenvolvimento da criança, podendo ajudar na melhoria da aptidão física e do desenvolvimento psicomotor. Assim, a utilização dos jogos e das brincadeiras auxiliam nos estímulos dos elementos cognitivo, motor e socioafetivo da criança. Evidencia-se, nesse contexto, que o ato de brincar apresenta-se numa dimensão educativa. Dessa forma é possível afirmar o equilíbrio entre a função lúdica, que propicia a diversão, e a função motora educativa que se refere a situações que completa o

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ser em seu saber e na sua apreensão do mundo. Daí a importância da ludicidade inserida na psicomotricidade infantil para o fazer pedagógico.

A psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a relação do homem com o meio interno e externo: psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo (...) Esse marco é fundamental ao processo de conduta ou de aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas suas múltiplas relações: perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um esquema representacional e uma vivência indispensável à integração, à elaboração e a expressão de qualquer ato ou gesto intencional. (BECKERT, 2015, p.3).

Pelo ato de brincar é possível observar as práticas qualitativas da psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo da criança e, também, descrever as possibilidades de ação que a criança em seu desenvolvimento potencializa. Toda criança traz consigo a necessidade, bem como a vontade de brincar, e é através dessa experiência que a criança explora seu mundo. Reafirmando que, a ação das crianças com os objetos, bem como o grau de interação entre elas e os adultos podem ser caracterizados em níveis de competências e habilidades desempenhados por parte das crianças. O desenvolvimento desse estudo está estruturado em três tópicos. No primeiro

Considerações

acerca

da

psicomotricidade

como

condição

da

aprendizagem, apresenta a importância da sistematização da noção conceitual de psicomotricidade ao longo da história, bem como sua contribuição para o processo educacional da criança. No segundo tópico, Corpo na educação infantil tem por objetivo demonstrar a linguagem

corporal

da

criança,

como

possibilidade

de

construir

redes

comunicacionais em que seus gestos e movimentos produzam efeitos de sentidos difundidos nos compartilhamentos entre si.

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No terceiro tópico O brincar como desenvolvimento da psicomotricidade, descreve que o reconhecimento e a percepção no contexto do espaço lúdico são capazes de reordenar a realidade, observada na motricidade do corpo da criança que comunica com o mundo e, simultaneamente, instaura o aprendizado articulado aos objetos nomeados por brinquedos e/ou brincadeiras. A metodologia descreve os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo, isto é, a maneira como realizou a coleta de dados para compor esse trabalho. Os resultados e discussões apresentam as contribuições dos autores pesquisados para a construção do tema investigado. Por fim, na conclusão apontaremos nossas considerações a partir dos dados apresentados.

2 Desenvolvimento 2.1

Considerações

acerca

da

psicomotricidade

como

condição

da

aprendizagem A transitoriedade do conceito de psicomotricidade está relacionada aos diferentes momentos históricos em que o corpo pode ser visto e lido. Dessa forma, pensar em psicomotricidade é também tecer considerações acerca de uma especificidade do corpo, que vai se transformando ao logo do tempo. Nesses desdobramentos se encontram presentes o olhar científico, entrecortado pela realidade que está diretamente ligada às necessidades da sociedade. Sendo que a noção conceitual de psicomotricidade se construirá sob suas pluralidades, pois cada período histórico aparecerá com uma determinada proposta de leitura do corpo. Contudo, é possível considerar psicomotricidade a partir de um saber embasado no materialismo histórico, em que essa noção conceitual se apresenta como produtora e produto das relações humanas que permeiam as teias de sobrevivência. Nesse sentido, vale mencionar que a primeira manifestação do ser humano é o movimento, pois desde a vida intrauterina este realiza movimentos que são importantes para sua formação estrutural e comportamental (RUBIO, 2012).

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Assim, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1995) a psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através de um corpo em movimento, nas relações com o interno e externo. Para Alves (2003) A psicomotricidade envolve toda ação realizada pelo indivíduo, que represente sua necessidade e permite sua relação com os demais. A psicomotricidade articulada à ação educativa contribui para a organização psicomotora da noção do corpo na condição de demarcar a espacialidade e a temporalidade do “eu” em sua unidade psicossomática (GALVÃO 1995 apud BECKERT, 2015, p. 3). Dito de outro modo, esse processo de aprendizagem, busca conhecer o corpo em suas múltiplas relações perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um esquema representacional de vivência indispensável à integração.

A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a aprendizagem trabalhando no ser humano, cada uma das etapas, possibilitando trabalhar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento deste com o seu corpo e com o que está ao seu redor. Proporciona ao indivíduo a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e fazer, na medida em que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua distinção. Relacionando-se com o mundo de forma equilibrada (ALVES 2008 apud BECKERT, 2015, p. 3).

A integração do psiquismo e motricidade, diz respeito ao domínio do tempo visto sob a ótica da aquisição de habilidades presentes na coordenação de gestos e movimentos do corpo. A psicomotricidade adquiriu novos e outros contornos com os estudos de Henri Wallon (1879-1962), Jean Piaget (1896-1980) e Sigmund Freud (1858-1939), os quais contribuíram para o distanciamento de uma concepção de corpo mecanicista. As considerações desses pesquisadores trouxeram mudanças paradigmáticas nesse campo; o corpo neurológico é também o corpo consciente. A passagem da psicomotricidade organicista para uma psicomotricidade relacional, partindo das ideias humanistas e construtivistas, articuladas aos

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pressupostos da psicologia do desenvolvimento, aos poucos forneceu para a pedagogia valiosas experiências da potencialidade e criatividade da criança (SILVA, 2013). Nesse sentido, a concepção de o corpo bio-psico-maturacional (Wallon), o corpo bio-psico-social (Piaget), bem como o corpo pulsional (Freud) apresenta o sujeito que interage com o meio na dimensão de um corpo hábil. Quer dizer, a psicomotricidade torna-se, portanto, ciência do esquema corporal perfazendo-se no mínimo detalhe do movimento. A aprendizagem da criança perpassa pela interação e, consequentemente, a construção da percepção dos efeitos de sentido são aquisições que caracterizam as etapas do desenvolvimento corporal e mental, o qual expressa à própria natureza da evolução. A contribuição e compreensão das teorias psicomotoras para educação infantil, no que diz respeito às relações interpessoais promovidas entre as crianças, oferecem direcionamentos que possibilitam conhecer a atuação do corpo em suas redes relacionais.

2.2 Corpo na educação infantil A educação infantil é a fase da escolaridade que mais tem crescido no Brasil. Isso ocorre pela preocupação com a formação das crianças, antes mesmo que atinjam a idade para frequentar o ensino fundamental, dentre outros motivos. O que acontece nessa fase é marcante para o desenvolvimento da criança (KRAMER, 1999, p. 64). A educação psicomotora, sob a concepção de corpo hábil é compreendida na precisão do movimento em que se faz presente o desenvolvimento do controle motor. Na educação infantil, o contato das crianças com exercícios sensoriais, trabalhos manuais, está presente nos processos de percepção de seu corpo (SILVA, 2013). Amparada nos estudos da psicologia do desenvolvimento, a psicomotricidade está voltada a um contexto global do indivíduo, em relação ao seu mundo interior e

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exterior. Está relacionada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza o seu corpo para mostrar o que sente (BATISTA, 2014). O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo (BARRETO, 2000 apud BATISTA, 2014).

Piaget possui uma visão da inteligência ou da cognição humana como uma adaptação biológica específica de um organismo complexo a um envolvimento igualmente complexo, um sistema cognitivo extremamente ativo, que seleciona e interpreta a informação do envolvimento à medida que constrói o seu conhecimento (FONSECA, 2008, p. 76)

A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio (LIMA; BARBOSA 2007 apud SILVA, 2013). O corpo em sua produção de sentido reestrutura sentimentos, pensamentos e atitudes “interligados pela ação da mente, que conduz todo o nosso esquema corporal” (RUBIO, 2012, p. 4). Assim, pode-se considerar que toda criança vive em intenso processo de desenvolvimento corporal e mental, o qual expressa a própria natureza da evolução e exige a cada instante uma nova função e exploração de novas habilidades (FARIA, 2001, p. 16).

As explorações que a criança faz através do contato físico e observações são importantes para o conhecimento e consciência dos limites do seu próprio corpo, desenvolvendo assim, a construção de sua identidade e autonomia. Sua oposição diante das situações e decisões, passa a ter mais evidencia, quando por exemplo, disputa a posse de um brinquedo, afirmando seu desejo e sua vontade (RUBIO, 2012, p. 5).

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Sob esse ponto de vista, a linguagem corporal da criança tem a partir da interação do ambiente, a possibilidade de construir redes comunicacionais em que seus gestos e movimentos despertem a solidariedade, respeito ao próximo e a si mesmo uma vez que tais movimentos são expressões de aprendizagem e reconhecimento do outro. Conforme aponta Rubio (2012), o estudo da psicomotricidade estabeleceu elementos considerados básicos, que auxiliam em determinadas áreas do desenvolvimento infantil, são eles: esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal, pré-escrita. O esquema corporal é a formação da consciência do corpo pela criança, o qual é expresso naquilo que é conhecido e percebido, constituindo o foco das possibilidades de ações da criança. A lateralidade é a predominância de um lado do corpo em relação ao outro, está relacionada com a força, precisão, agilidade. Assim, a criança perceberá a predominância lateral, quando um lado do corpo governar melhor os movimentos ou estímulos que o outro, contribuindo para o conhecimento do termo direito e esquerdo, diferente de lateralidade. A estruturação espacial pode ser observada na criança em sua consciência ao próprio espaço, ou seja, o que está ao seu redor tendo seu corpo como referência, depois pessoas ou coisas que a rodeiam. Com relação à orientação temporal pode-se afirmar que a criança vive no tempo. Acha-se que determinadas coisas que aconteceram, estão ligadas a fatos vividos naquele momento. As descrições dessas etapas podem ser verificadas em brincadeiras tradicionais como pular corda, a amarelinha e o boliche, com cálculo e registro dos resultados para posterior competição e gincanas grupais envolvendo sociabilidade, agilidade física e mental, classificação e associação de objetos (SANTOS, 2009). Na etapa da pré-escrita a criança desenvolve sua motricidade fina; os movimentos realizados com as mãos e os dedos passam a ser mais trabalhados, estimulando sua coordenação para um movimento mais preciso. Esses exercícios são necessários para aprendizagem das letras e dos números.

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A criança passa a ter domínio da escrita quando sua base motora estiver equilibrada. A flexibilidade e agilidade têm que estar em harmonia com as articulações de seus membros superiores, para a realização dos movimentos (RUBIO, 2012, P. 3)

Com isso podemos observar que mesmo determinando espaços físicos diferentes para as crianças brincarem, a forma como elas explora e se adapta a cada um deles é impressionante (SILVA, 2013). A educação física na educação infantil tem um papel potencialmente relevante, uma vez que pode aplicar atividades da psicomotricidade no intuito de promover desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo de maneira intencional. O

movimento

do

corpo,

na

educação

infantil

objetiva

viabilizar

a

aprendizagem de conhecimentos relacionados ao movimento humano consciente que permita a criança, individual e intencionalmente, a utilização de potencialidades para se mover, genérica ou especificamente, de forma habilidosa, bem como, capacitá-las para agir, interagir, adaptar, transformar etc. o meio em que vivem, favorecendo a descoberta de benefícios para a qualidade de vida. Diante disso, os profissionais da educação infantil têm papel relevante no desenvolvimento da criança, podendo ajudar na melhoria da aptidão física e do desenvolvimento. Atividades lúdicas pertinentes a essa modalidade de ensino, tais como pular corda, equilibrar em um pé só, pular amarelinha devem ser estimuladas e exploradas por parte dos professores.

2.3 O brincar como desenvolvimento da psicomotricidade Brincar é um ato de comunicar-se; a brincadeira entre as crianças representa, entre outras coisas, a maneira de ver e ler o mundo. Uma espécie de reconhecimento e percepção de si em que o lúdico reordena a realidade, e o corpo da criança comunica com o mundo e, simultaneamente instaura o aprendizado articulado aos objetos nomeados por brinquedos e/ou brincadeiras.

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Dito de outra forma, as diversas brincadeiras reforçam a condição de que o jogo simbólico articula as possibilidades de vivências como um recurso de condições adaptadas formuladas pela criança que brinca. A literatura específica acerca da ludicidade nem sempre está em concordância com a utilização do termo lúdico. Alguns autores, entretanto, relacionam o lúdico ao jogo articulando esse ato ao desenvolvimento educacional. Segundo Huizinga (1980 apud KISHIMOTO, 1994) o jogo, portanto, aparece segundo esse autor, como uma atividade voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites (tempo/espaço), geralmente acompanhados por regras, apresentando um fim em si mesmo. Para Piaget (1975) a situação lúdica não conduz à atividade inteligente, ou ainda, a aquisição de significados pelo processo de assimilação em que se torna possível reorganizar as estruturas mentais. Dito de outro modo, é possível perceber que pelo jogo a criança repete condutas por simples prazer de ser capaz de realizar tal atividade, isto é, meramente como um exercício.

A motricidade na obra de Piaget tem papel de extrema importância na construção da imagem mental, ou seja, na questão da representação. Para a formação dessa representação é preciso que tenha acontecido a experiência vivida com o objeto, a ação direta com ele, ou seja, o movimento que se pratica transformando esse objeto por meio de processos sensório-motores. É um período que Piaget denomina como “inteligência prática”, no qual a criança passa a imitar e representar as situações as quais vivencia e que são interiorizadas como imagens mentais (PULASK, 1986, p. 32).

A constatação e a valorização da brincadeira, considerada atividade espontânea da criança pela ciência psicológica e pela própria psicanálise, auxiliaram e estimularam também a criação de uma criança brincante (WAJSKOP, 1995). Nesse sentido, é correto afirmar que a criança se desenvolve através da atividade de brincar.

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A linguagem referente ao lúdico desenvolvida pelos estudiosos (PIAGET, 1975; WINNICOT, 1975), bem como os conceitos sobre jogo, brinquedo e brincadeira são formados em nossas vivencias, ou seja, a forma com que cada um utiliza para nomear o seu brincar. O dicionário Houaiss (2011) traz o jogo como “nome comum a certas atividades cuja natureza ou finalidade é recreativa; diversão, entretenimento”, para brinquedo tem-se “objeto de brincar, jogo; distração, jogo de criança” e, brincadeira encontra-se a seguinte definição “jogo, divertimento específico de criança, passatempo, gracejo, zombaria, algo fácil de resolver”.

Muitas vezes, ao observar as brincadeiras infantis, o pesquisador se depara com situações em que a criança “brincando”, diz: “Agora eu não estou brincando”, mas, logo em seguida, entra na brincadeira. O que diferencia o primeiro momento (não brincar) do segundo (brincar) é a intenção da criança, o que mostra a grande dificuldade de realizar pesquisas empíricas sobre o jogo infantil (KISHIMOTO, 1994, p. 114).

Pensar no jogo lúdico como brinquedo educativo é referir-se a forma de como ele é utilizado, ou seja, num contexto dirigido, com ações orientadas e objetivos preestabelecidos. Assim, o brincar apresenta-se como um importante recurso pedagógico conseguindo incorporar os aspectos afetivos e cognitivos necessários na formação e no desenvolvimento do ser humano.

3 Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica acerca da psicomotricidade e sua contribuição na aprendizagem da educação infantil. Percebeu-se que no ato de brincar a criança agencia a construção do conhecimento, garantindo a motivação necessária para uma boa aprendizagem juntamente com a psicomotricidade. Para o desenvolvimento deste artigo foram realizadas pesquisas bibliográficas junto à biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Os artigos

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foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: artigos online na integra e idioma português. Há que mencionar também, as leituras de obras em material impresso. Partindo do levantamento bibliográfico e, posteriormente de leituras, objetivou-se tecer considerações das literaturas referentes às análises dos procedimentos específicos em que vários autores, apresentam uma definição de caráter operacional da psicomotricidade que ajuda na compreensão dos princípios que orientam a observação da criança. Assim, no decorrer das leituras apreendeuse a psicomotricidade como um recurso objetivo que nos faz alcançar o real aspecto de suas ações na criança no processo de aprendizagem. Contudo, interessa reafirmar a relevância do estudo da psicomotricidade na educação infantil visto na pluralidade de seu caráter, que favorece a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; bem como corrobora em benefícios para a qualidade de vida.

4 Resultado e Discussões Todos as fontes selecionadas tinham por critério investigar psicomotricidade e sua contribuição na aprendizagem da educação infantil. Quer dizer, demonstrar como a psicomotricidade favorece à criança, uma relação consigo mesmo, com o outro e com mundo que o cerca, possibilitando um melhor conhecimento do seu corpo e de suas possibilidades. Para isso, as literaturas utilizadas responderam aos objetivos propostos. A partir da revisão bibliográfica pode-se escrever sobre a psicomotricidade na educação infantil em seu caráter operacional que auxilia na compreensão dos princípios que orientam a aprendizagem da criança. Na etapa de levantamento de dados para elaboração desse trabalho, utilizouse de fontes impressas e eletrônicas, cujos descritores foram: psicomotricidade, educação infantil, aprendizagem e corpo.

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Para Le Boulch (1987 apud BECKERT, 2015, p. 4) a psicomotricidade é a ciência que estuda as condutas motoras por expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem, procurando fazer com que os indivíduos descubram uma relação adequada entre corpo, interior e exterior. Nessa mesma perspectiva, a psicomotricidade pode ser definida como a ciência que estuda o homem através de seu corpo em movimento, suas relações internas e externas. Seu estudo está ligado a três premissas principais: o movimento, o intelecto, e o afeto. (OLIVEIRA apud SILVA, 2013, p. 9). Conforme Silva (2013), a educação psicomotora deve ser considerada uma educação de base na escola primária. Ela acondiciona todos os aprendizados préescolares levando a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. Os autores selecionados (BECKERT, 2015; SILVA, 2013; SANTOS, 2009) apontam o corpo em movimento consciente capaz de produzir-se nas interações consigo e com o outro. Essa concepção neurofisiológica busca o corpo em sua condição consciente, ou seja, a psicomotricidade torna-se ciência do esquema corporal que procura construir uma fala acerca desse movimento.

5 Conclusão Este artigo buscou apresentar a psicomotricidade como uma estratégia fundamental no desenvolvimento das capacidades infantis. O trabalho psicomotor é fazer com que a criança tenha a oportunidade de realizar diversas atividades, das mais simples às mais complexas e, que se sinta capaz de criar e experimentar confiança e autonomia. Ao longo da história é possível perceber a transitoriedade da construção do conceito de psicomotricidade, o qual atende a uma demanda social capaz de emitir um saber sobre o corpo em suas redes de efeitos de sentido. Nesse sentido, o desempenho da psicomotricidade no espaço escola, garante que a criança tenha mais contato com a ludicidade. Sendo a ludicidade um fator

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motivante para a prática de atividades corporais. Assim, as brincadeiras constituem objetos de observação que indicam o desenvolvimento infantil quanto à ação motriz.

6 Referências Bibliográficas ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível: http://www. cdof. com. br/recrea22. html. Acesso em: 15, de fevereiro 2018. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wak, p. 31-52, 2003. BATISTA, Nielson Rafael. Psicomotricidade na educação infantil. Efdeportes.com, [s.l.], v. 18, n. 188, p.1-1, jan. 2014. Disponível em: Acesso em 08 maio de 2018. BECKERT, Elisandra Andréia; TRENHAGO, Janinha. Psicomotricidade infantil: a arte de brincar e aprender através do lúdico. 2015. Disponível em: Acesso em 10 maio 2018. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. HOUAISS, Antônio; VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss conciso. São Paulo: Moderna, 2011. KRAMER, Sonia; LEITE, Maria Isabel F. Pereira; NUNES, Maria Fernanda Rezende. Infância e educação infantil. Papirus Editora, 1999. PULASK, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. RUBIO, J. A Contribuição da Música no Desenvolvimento da Psicomotricidade. Revista Eletrônica Saberes da Educação, v. 3, 2012. SANTOS, Solange RM; OLIVEIRA, Vera Barros de. Intervenção psicomotora lúdica na construção do pensamento operatório. Boletim-Academia Paulista de Psicologia, v. 29, n. 1, p. 164-182, 2009. SILVA, Daniel Vieira da. HAETINGER, Max Günther. psicomotricidade. 1.ed., rev. Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2013.

Ludicidade

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