Tarefa 2 Eu decidi debruçar-me um pouco nas letras da tabela matriz do colega José Barroco. Não por pena, nem só pela visão um pouco negativa da realidade, que no fundo muito de nós já vivenciaram, mas por me rever um pouco nas suas conclusões. Na realidade estamos ainda um pouco mal vistos, principalmente por parte dos nossos colegas, que nos julgam outros AEC, mas que só dá trabalho, que ainda vêm a BE como uma arrecadação de livros sem vida, que utilizam quando pretendem fazer alguma pesquisa ou colocar um aluno de castigo. Também por vezes sentimos que os nossos próprios chefes não querem saber de nós, que não nos apoiam, não nos dão verbas e que só se lembram de nós em semanas da leitura, na escolha de livros do PNL, para reuniões chatas e para uma infinidade de tarefas que pouco ou nada se coadunam à BE mas que temos por obrigação fazer. Depois temos a formação, eu que parti tanto a cabeça com o Porbase, obrigatório pela RBE para agora o abandonar em prol de outro programa no qual a autarquia trabalha, por isso cuidado ao fazer formação. Quando falo de colaboradores, falo não de parceiros mas de uma quantidade de pessoas que tentam a toda a força e sem escrúpulos, tomar por suas as actividades deliberadas e contidas nos nossos planos de actividades. São aquelas pessoas que recebem os louros pelo nosso trabalho. Surge no meio de toda esta bagunça a necessidade urgente de fazer algo pelas bibliotecas, algumas delas completamente abandonadas, poeirentas, com ratos, sem ordem, um verdadeiro caos. Não, não estou a fugir à análise da grelha matriz, estou apenas a referir que está real e identifica claramente muitas dificuldades sentidas por mim à quatro anos atrás quando abracei as BE do meu agrupamento e… hoje, com muita ajuda e apoio do meu conselho executivo e da Dra. Regina, tenho as bibliotecas organizadas, ainda não informatizadas mas no bom caminho; tenho cinco BE muito bem equipadas, limpas e muito movimentadas; tenho já alguma formação na área que me permite ter uma boa visão do panorama geral e dos verdadeiros interesses das BE; tenho o que sempre tive, um conselho executivo cada vez melhor, activo e apoiante, que apenas este ano nos decretou uma verba para as BE, embora nunca nos tenha faltado nada; tenho lentamente professores, pais e funcionários leitores; tenho uma taxa de leitores espectacular; tenho um elevado número de livros distribuído para empréstimo domiciliário nas escolas (16 escolas e 14 jardins); tenho finalmente este ano uma equipa, com a qual vou às escolas levar contos, cinema, teatro e outras actividades; estamos a dar os primeiros passos na realização de um centro de recursos no nosso agrupamento e temos um blog muito frequentado, cheio de novidades, trabalhos e materiais de apoio, os quais enviamos para todos os docentes do agrupamento por email. Temos sobretudo muita pedra partida e muita ainda por partir. Muitos dias de tristeza, incompreensão, muitos sapos engolidos, muitos dias de desânimo e até ofensas pessoais, mas
sinceramente, considero que sem esta fase menos boa o nosso crescimento não seria tão cimentado e frutífero. Penso que a sua visão no futuro, o espírito de abertura e de acompanhamento na evolução natural do mundo que nos rodeia são essenciais para a vida das BE; depois é o trabalho de nos adequar às normas, aos interesses e às actividades dos docentes, ajudando-os; é ver o que os alunos precisam e ajudá-los; é analisar o que a sociedade precisa e dirigir as nossas forças para a apoiar, sempre apoiados no saber, na formação, nas aprendizagens com os mais velhos e claro ligando à nossa andorinha que nos atura e orienta. A minha maior dificuldade até ao momento é avaliar algumas coisas que vamos fazendo, mas até nesse aspecto temos a auto avaliação que embora pesadona e muito trabalhosa nos auxilia, e refiro apenas o meu último ponto de vista… até a tarefa mais insignificante, por vezes torna-se fabulosa!
Eduardo Lopes