Acção de Formação: Práticas e Modelos de AA das Bibliotecas Escolares
Outubro - Dezembro/09
Tarefa 2 – 1ª parte Análise Crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares
O
Modelo
de
Auto-Avaliação
das
Bibliotecas
Escolares,
enquanto
instrumento pedagógico e de melhoria contínua, permite aos órgãos de gestão, aos coordenadores, professores bibliotecários e respectivas equipas, avaliar o trabalho da Biblioteca Escolar (BE) e o impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos, por um lado, e por outro, identificar áreas de sucesso e fraquezas, o que levará necessariamente a uma inflexão de práticas pouco produtivas. O nosso rumo de acção será redimensionado, as acções serão delineadas e ajustadas, com vista a uma melhoria contínua e ao reconhecimento do papel da BE no sucesso educativo. Nos documentos em análise, ficou claro que a construção e aplicação do modelo assentam em conceitos como: a noção de valor, isto é, uma BE bem equipada tem de produzir resultados que contribuam para o alcance dos objectivos da escola em que se insere; a auto-avaliação, entendida como um processo pedagógico e regulador de práticas com vista a uma melhoria contínua da BE; a identificação das áreas nucleares com impacto positivo no ensino e na aprendizagem, apontando para uma utilização flexível do modelo, em função da tipologia de escola e de outras circunstâncias que exerçam influência nos modos de organização/funcionamento da BE; um instrumento pedagógico que visa permitir às escolas uma orientação fundamentada para manter práticas que têm sucesso e melhorar acções com resultados menos positivos. A construção do Modelo justifica-se, dado que ele assenta nos princípios da IFLA/UNESCO/IASL e no conhecimento resultante de investigação e estudos que apontam caminhos num contexto global de mudança. Nesta perspectiva, pretende-se apontar caminhos nos quais as bibliotecas escolares devem evoluir: novos contextos e conceitos de aprendizagem em que o aluno se apresenta como construtor do próprio conhecimento; novas estratégias de Formanda: Conceição Bouwman – Vila Nova de Foz Côa
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abordagem à realidade e ao conhecimento “Inquiry based Learning”; modificação global das estruturas sociais com a introdução das TIC que obrigam ao desenvolvimento de novas literacias e a uma aprendizagem ao longo da vida; necessidade de gerir a mudança procurando evidências relatadas “Evidence-Based practice.” Ross Todd associa este conceito às práticas das bibliotecas escolares para provarem o impacto que estas têm nas aprendizagens. Através da leitura das evidências, podemos conhecer os aspectos positivos que devemos realçar, ou aspectos menos positivos que nos levarão certamente a repensar as formas de gestão e de funcionamento. Hoje, a avaliação centra-se, no impacto qualitativo da biblioteca, na aferição das modificações positivas que o seu funcionamento tem nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores. Interessa aferir o sucesso do serviço, centrado nos resultados ou impactos dos serviços prestados junto dos utilizadores. Neste contexto, trata-se de aferir não a eficiência, mas a eficácia dos serviços. O que verdadeiramente interessa e justifica a acção e a existência da biblioteca escolar não são os processos, mas sim os resultados, o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores. Embora compreenda o espírito e a filosofia deste princípio, parece-me um pouco exagerado, excessivo, na medida em que há processos válidos que apenas por via de conjunturas imprevisíveis, não surtiram o efeito desejado. Numa época em que as tecnologias e as pressões económicas acentuam a necessidade de fazer valer o papel e a necessidade de bibliotecas, a avaliação permite validar o que fazemos, como fazemos, onde estamos e até onde queremos ir. Os estudos sobre o papel das bibliotecas escolares associam esse papel ao currículo, às aprendizagens dos alunos e ao sucesso educativo. Segundo a Declaração Política da IASL, as funções a desempenhar pela biblioteca escolar remetem para o papel vital, no processo educativo que a BE desempenha, não podendo esta ser encarada como uma entidade separada e isolada da globalidade da escola, mas sim envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Deste modo faz todo o sentido falar de avaliação das bibliotecas. As funções que desempenham (informativa, educativa, cultural e
Formanda: Conceição Bouwman – Vila Nova de Foz Côa
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recreativa)
e
os
objectivos
que
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preconizam,
justificam
a
implementação/aplicação do Modelo. A pressão sobre a existência de resultados na sociedade actual, requer que também as bibliotecas investiguem os resultados das suas acções. A avaliação da BE permite prestar contas do impacto dos seus serviços perante a escola e todos os que estão ligados ao seu funcionamento. O valor desta informação fundamentada em evidências é hoje consensual, sendo uma prática cada vez mais comum em muitos organismos. A informação resultante do processo de auto-avaliação das bibliotecas escolares revela-se de extrema importância não só para a escola, como valor estratégico, mas também para a tomada de decisões do Programa que a gere –RBE. O Modelo de Auto-Avaliação, como instrumento de melhoria, organiza-se em quatro domínios: A – Apoio ao Desenvolvimento Curricular; B – Leitura e Literacias; C – Gestão da Biblioteca Escolar; D – Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade. O objectivo é proceder à AA da Biblioteca Escolar nos quatro domínios, num período de quatro anos, devendo, ao fim deste ciclo, fornecer uma visão holística e global da BE. Os domínios estruturantes do Modelo podem ser integrados em três áreas chave: - Integração na escola e no processo de ensino/aprendizagem - Acesso e Qualidade da Colecção - Gestão da BE O Modelo deve ser aplicado numa perspectiva de melhoria da prestação de serviços, na medida em que facultará informação capaz de apoiar tomadas de decisão. Os resultados devem ser partilhados com o Director e apresentados e discutidos em Conselho Pedagógico e o seu impacto será tido em conta na planificação e gestão, levando a que se defina a ambição, se estabeleçam e coordenem políticas, se analisem rumos estratégicos possíveis, se identifiquem oportunidades e constrangimentos e se proceda à recolha sistemática de informação. A metáfora da Alice no seu encontro com o gato Cheshire remete Formanda: Conceição Bouwman – Vila Nova de Foz Côa
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para caminhos sustentados e seguros. “O caminho a seguir depende do sítio onde se quer chegar!” (Alice in Wonderland - Cheshire Cat).
Ross Todd vê a importância da comunicação da informação dos resultados como agente de validação dos processos e das acções desenvolvidas. Como factores críticos de implementação do Modelo (o qual já testei), importa registar que a falta de reconhecimento e apropriação por parte de colegas/professores levanta obstáculos, por vezes difíceis de transpor. O professor bibliotecário e a equipa da BE podem rever-se no modelo, mas sem o apoio/colaboração/disponibilidade dos colegas ele não será um instrumento agregador. O papel do professor bibliotecário é pouco valorizado e, em prol disso, dá-se pouca importância aos processos que o possam envolver e nos quais esteja implicado. Do ponto de vista de alguns colegas, a aplicação do Modelo de AA interessa pouco, centrando toda a responsabilidade no professor bibliotecário. Não é fácil ser líder, onde há líderes… Para além das dificuldades na mobilização de toda a escola em torno do processo de auto-avaliação, a falta de formalização/implementação de alguns procedimentos no sentido de criar rotinas de funcionamento, serão sempre obstáculos à implementação do MABE. Acredito que a metodologia de sensibilização passará por uma comunicação constante com o Director do Agrupamento, pela apresentação e discussão do processo no Conselho Pedagógico e aproximação/diálogo com departamentos e professores, calendarizando o contributo de cada um no processo. As competências “gerais” do professor bibliotecário são as estabelecidas na Portaria 756/2009, de 14 de Julho, sem prejuízo de outras tarefas a definir em Regulamento Interno. No âmbito do processo de Auto-Avaliação, há, quanto a mim, competências “específicas” que o professor bibliotecário deve evidenciar, nomeadamente: ser proactivo e um comunicador efectivo na escola; saber exercer influência junto de professores e o órgão de gestão; ser capaz de ver o todo e estabelecer prioridades; ser gestor de serviços de aprendizagem; saber gerir recursos, avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola e trabalhar com departamentos e colegas, entre outras. Umas vezes, interrogome se não serão demais…outras vezes, dou conta de que é preciso muita Formanda: Conceição Bouwman – Vila Nova de Foz Côa
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imaginação, algum tacto, diplomacia e jogos de cintura para alcançar pequenas “grandes” vitórias.
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