Sebastiao Jose Da Silva

  • May 2020
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SEBASTIÃO JOSÉ DA SILVA (Pai de Armando, Bolívar e Almira Bordallo da Silva)

Sebastião José da Silva, neto de Plácido José da Silva, português miguelista que fugiu de Portugal e, chegando ao Maranhão, “encontrou no Bacuri uma cabocla tapuia descendente de tupi” chamada Anacleta com quem teve sete filhos, entre os quais, Pedro Alexandrino, pai de Sebastião. Sebastião José nasceu no ano de 1874 em uma família pobre, portanto não teve oportunidade para grandes estudos, mas, teve sorte ao encontrar na adolescência um médico já cego que o “adotou”, a quem ele lia e guiava, e que lhe ensinou literatura, Francês, e principalmente o gosto pela leitura de grandes autores. No final do século XIX foi parar em Bragança onde trabalhou na loja de tecidos do Sr. Nazeazeno Ferreira, vindo a se tornar sócio, e assim ele passou a ser comerciante. No início do século XX, casou-se com Maria do Céu Cabral Bordallo, filha de José Maria Ferreira Bordallo e Maria da Luz Cabral Bordallo, também portugueses chegados ao Brasil pelo porto do Maranhão que, atraídos pelo clima de prosperidade da época, foram parar em Bragança. Joaquim era comerciante de sapatos e, com o casamento, Sebastião aos 28 anos de idade, e Maria do Céu (D. Cotinha), aos 16 anos, tornou-se o próspero dono de uma casa comercial chamada “Tupi”. Ele mesmo era conhecido como “Seu Tupi”. Do casamento nasceram quatro filhos, sendo que a mais velha Inah não durou mais que alguns poucos anos. Nasceu então Armando em 1906, Bolívar em 1907 e Almira em 1910. Sebastião, como comerciante, participou ativamente na vida da cidade. Foi vogal, uma espécie de vereador, para o triênio 1903-1906, assumindo o cargo a 15 de novembro de 1903. Em 1923, também como vogal, foi o orador oficial do Conselho Municipal na Sessão Magna comemorativa ao centenário de independência do Brasil, ocasião em que foi inaugurado o Monumento do Centenário situado ao centro da Praça Coronel Batista Júnior, em frente à Igreja Matriz da Paróquia de Bragança. Em 26 de Junho de 1927, juntamente com outros comerciantes, fundou a Caixa Rural de Crédito de Bragança. Esta era uma sociedade cooperativa, de responsabilidade ilimitada, pelo sistema Raifaisen, com o objetivo principal de conceder pequenos empréstimos à lavradores de criadores da cidade e interior. Sendo que esta sociedade foi transformada no Banco Rural de Crédito de Bragança em 15 de Setembro de 1929, tendo ainda Sebastião José da Silva participado como sócio fundador, juntamente com os mesmos sócios fundadores da Caixa Rural de Crédito. Bolívar Bordallo da Silva ainda o menciona em sua Cronologia Bragantina, até 07 de outubro de 1930, quando toma como referência carta sua, contando os fatos acontecidos

em Bragança durante o movimento revolucionário ocorrido no sul do país, liderados por Getúlio Vargas – Tenentismo. Ele morreu em 1931, antes de completar 57 anos de idade, porém não sabemos razão exata sua morte. Sebastião José da Silva, após sua primeira experiência como vogal do Conselho Municipal sentiu-se frustrado talvez, por não ter conseguido realizar aquilo que ele acreditava ser seu dever no cargo que assumira, e desesperançado escreveu um pequeno esboço sobre a vida política do país. Nos anos seguintes, sentindo-se um pouco mais esperançoso com o Governo Estadual do Sr. Lauro Sodré, resolveu assim mesmo publicar seus escritos sob o pseudônimo de Zé das Selvas, com o acréscimo de uma segunda parte, onde ele deposita sua esperança no novo governo, de que a situação que o fizera escrever – a manipulação política e eleitoral pelos governos municipais – tivesse um fim. Assim ele escreveu Reflexões de um ex-vogal., um esboço crítico. Mas, esta não foi sua única obra. Ele deixou também diversas poesias inéditas, assim como, Crianças, e uma outra, “Baile na Roça” – 1920, foi publicada em um número da Revista Ilustrada de Bragança.

Texto de Mariana Bordallo, baseado no discurso de Armando Bordallo da Silva. “Discurso de posse na Academia Paraense de Letras – 31/05/1969

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