O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS E NA UMBANDA Por Caio de Omulu
ÍNDICE PALAVRAS INICIAIS OS ARGUMENTOS •
1º Argumento – A Evolução da Vida
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2º Argumento – As Leis de Sobrevivência, Preservação das Espécies; A Vida, a Alma e a Morte
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3º Argumento – A Diferença entre o Nephesh e a Alma do Ser Humano
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4º Argumento – Magia, a Lei das Manifestações e o Sangue
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5º Argumento – Os Orixás e os Seres Elementais
OS FUNDAMENTOS •
1º Fundamento – Da Ancestralidade
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2º Fundamento – Da Ética
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3º Fundamento – Da Magia
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Algumas considerações
PALAVRAS FINAIS BIBLIOGRAFIA DA PESQUISADA
PALAVRAS INICIAIS Este trabalho é fruto das discussões e debates realizados na nossa lista de umbanda. Também é resultado de uma promessa feita por mim de que forneceria um material sobre esta questão. Na verdade o tema, Sacrifício de Animais nos Cultos Afro-Brasileiros e na Umbanda, nunca tinha sido um assunto pesquisado por mim de forma racional. Este ritual era aceito por minha fé, meio como um dogma. Embora eu esteja procurando responder as dúvidas e inquirições de muitos que questionam e questionaram isto na lista, na verdade eu estou nestas páginas formando minha própria opinião sobre um assunto, ou melhor dizendo, fundamentando a minha fé de forma racional sobre esta polêmica. Talvez por isso tenha demorado tanto a sair. A maior luta que eu travei foi comigo mesmo para conseguir extrair do meu consciente o que a minha fé tranqüilamente já havia resolvido no meu subconsciente. Acho que consegui. Se para alguém que ler tudo o que aqui foi escrito, de nada valer ou facilmente conseguir contestar, o que posso fazer. Para mim no entanto, já fiquei feliz em saber que consegui desenvolver um trabalho que respaldou racionalmente a fé que possuo nas instruções e ensinamentos que recebo no Culto Omolocô do Brasil, através da minha Mãe de Santo, dos guias, meus mestres espirituais e do Pai Joaquim de Angola, preto-velho, mentor do terreiro que freqüento. Minha intenção aqui jamais foi de convencer ninguém. Que isto fique bem claro. Outra questão é que muito do que aqui será citado se encontra espalhado em uma diversidade de literatura Umbandista ou não e que a minha participação nisto tudo foi apenas de juntar estas pérolas com o cordão da minha opinião e da minha intuição. Eis, portanto um colar que ofereço como presente a todos os meus irmãos na lista.
Para podermos compreender o verdadeiro sentido dos sacrifícios de animais tanto no Candomblé, como nos rituais do Culto Omolocô, ou em qualquer páramo que o mesmo se realizar, estando é claro incluso dentro do universo daquilo que denominamos religiões afro-brasileiras e Umbanda, temos que ir a busca de informações diversas que juntas comporão o arcabouço de nossos fundamentos, são os argumentos de sustentação.
1º Argumento – A Evolução da Vida. Vivíamos uma vida evolutiva sem a necessidade do que chamamos matéria. Éramos por assim dizer espíritos em sua mais pura essência. Matéria ou energiamassa não existia. Tínhamos então uma Via de Evolução que chamo de Original possuindo nesta via um Karma que denomino Causal. Se vivíamos em pares ou não, e como se conduzia este processo evolutivo, sem a existência de matéria, ou o que era este Karma Causal, nesta linha de argumentação é irrelevante. Importante é que para a nossa linha de raciocínio em algum instante, individual ou coletivamente, houve um desequilíbrio provocado por uma necessidade de experimentação mais objetiva desta individualidade. Foi esta necessidade de experimentação, que se consubstanciou em uma vontade interior de vivenciar a si mesmo de forma mais concreta, este sentimento maior de complementação que provocou, quando alcançou proporções indescritíveis, ou seja, contagiou por assim dizer a um número inigualável de seres espirituais, uma exsudação que se transmutou naquilo que denominamos de energia-massa ou na sua forma mais densa a matéria. Esta exsudação é fácil de ser entendida já que seu fenômeno é uma Lei Divina. Se pararmos por um instante e nos concentrarmos mentalmente em um elefante cor de rosa imediatamente no mundo espiritual é criado esta forma-pensamento que durará o tempo que a energia despendida pela nossa mentalização durar. Imaginemos agora o poder que uma ansiedade, um sentimento, uma necessidade intrínseca de uma multidão inigualável de espíritos pode criar coletivamente ? Realmente é a formação de algo indescritível.
O que esta exsudação formou (energia-massa) criou a primeira existência de algo que não pertencia ao mundo do Cosmo Espiritual. Como esta energia-massa era algo indefinido, sem ordenação, totalmente desequilibrada podemos denominá-la de Caos. A Gênese de Moisés começa a contar a história exatamente deste ponto. Ora, Deus como Pai misericordioso que é vendo que era inevitável esta experimentação e percebendo que da forma como a energia-massa estava se formando não proporcionava condições aos espíritos de alcançarem os seus objetivos, resolveu em sua Sabedoria Divina intervir colocando ordem no Caos, ou melhor dizendo moldando esta energia-massa de forma que os espíritos pudessem realizar as suas experimentações e retirarem as lições que tanto ansiavam. Neste instante a ciência, na Teoria do Big Bang, começa a contar a história do universo. Vejamos que a exsudação formou o Caos de energia-massa como um elemento extrínseco ao Cosmo Espiritual, Deus, Grande Arquiteto do Universo, no seu Fiat Lux gerou a expansão desta energia-massa como uma grande explosão de onde o que não possuía forma começava a ser moldado para possuí-la. Assim começou a formação do que denomino Universo-astral ou reino da energia-massa que na sua forma mais densa se transformou naquilo que entendemos por matéria. Os espíritos geravam uma segunda via de evolução e por conseqüência um Karma constituído ou adquirido. Iniciava para todos nós uma longa e profunda queda nos reino denso da matéria e uma longa jornada de retorno a verdadeira pátria, o Cosmo Espiritual. A Física Quântica defende desde a muito a expansão contínua do Universo e mais recentemente experimentações científicas determinam uma ligeira curvatura neste processo expansivo o que determina, ainda de forma empírica, uma possível desaceleração desta expansão seguida de uma posterior retração. Para um bom entendedor meia palavra basta... Bom, voltando aos espíritos... Esta 2ª Via de Evolução embora tivesse sido ocasionada por eles lhes era totalmente desconhecida, e mais seus tônus vibratórios espirituais não se harmonizavam com esta nova realidade.
Era portanto necessário dentro desta via de evolução criar duas coisas: 1º) Uma forma em que pudesse fornecer a eles meios de vivenciar esta energia-massa. 2º) Um processo evolutivo de harmonização com a nova ordem das coisas para que suas lições não fossem desperdiçadas. Deus-Pai assim providenciou as condições necessárias de ambas as necessidades. Encurtando a história pois longa ela é, e trazendo mais de perto para o nosso planeta começamos a vivenciar o que a ciência defende como a evolução darwiniana, evidentemente acrescentada de valores que vão além do campo científico.
(TABELA I)
EVOLUÇÃO DA VIDA NO PLANETA TERRA Plano Físico
Plano Espiritual
Situação
REINO ELEMENTAL (*)
Essência Elemental
Coletiva
REINO MINERAL
Alma Grupo Mineral
Coletiva
REINO VEGETAL
Alma Grupo Vegetal
Coletiva
REINO ANIMAL
Alma Grupo Animal
Coletiva
Alma Individualizadas
Individual
(Invertebrados e Vertebrados)
REINO HUMANO (Ser Humano)
(*)
Este reino elemental está relacionado aos princípios básicos de formação
da vida no planeta Terra, ou seja, as essências ou estruturas primitivas de estruturação, portanto não confundir com os Elementais que possuem evolução paralela totalmente diferente, embora estejam relacionados com a nossa inclusive com funções bastantes específicas.
A bem da verdade, quando envolvidos pela energia-massa, gerada pela exsudação deles próprios, não foi possível um envolvimento imediato já que, como já disse, o tônus vibratório espiritual dos espíritos não conseguia interagir com a energia massa. Lógico que sem um envolvimento completo com a energia-massa o intuito pelo qual os espíritos abdicaram de sua evolução original não seria alcançado. Se do lado espiritual Deus-Pai juntamente com sua Coroa Divina (os Orixás), providenciavam a formação de diversos veículos para o completo envolvimento dos espíritos na energiamassa, com a modelação de corpos de diferentes densidades. No Plano físico a luta das espécies para a sobrevivência evolutiva do mais forte, ou melhor explicando das espécies que conseguissem se adaptar as intempéries da natureza em formação continuava (a mais pura manifestação da Lei de Darwin). Isto é demonstrado claramente nas duas atividades básicas que primeiro se manifestam nos seres vivos no caminho evolutivo das formas: a primeira é a atividade onde o organismo deseja conservar a vida o maior tempo possível, o que consegue pela nutrição; a segunda é o desejo de produzir um outro organismo semelhante a si. Sob o impulso de tais instintos, haverá evolução, isto é, de simples que era, veremos o organismo assumir uma estrutura complexa. O processo prosseguirá de estágio em estágio, até que, de modo gradual, apareça no planeta os diversos reinos, tal qual vemos em nossa Terra. Cada um dos períodos sucessivos terá por ponto de partida o período precedente, e estará mais bem organizado que este, para prolongar a sua existência e produzir descendentes. Cada um será mais “evoluído” do que o precedeu. Das estruturas atômicas básicas à complexidade das cadeias moleculares no reino mineral; dos organismos unicelulares, bactérias, algas, cogumelos desenvolver-se-ão plantas com esporos e posteriormente as plantas com sementes no reino vegetal; dos protozoários, organismos unicelulares muito simples, aos organismos multicelulares, com tecidos, sistemas nervoso, sistema circulatório, dos invertebrados a nova etapa de construção dos organismos, com o envolvimento do tronco central nervoso pelas vértebras, o que nos dá os vertebrados a complexidade vai aumentando de grupo para grupo no reino animal.
Dos répteis, uma ordem dos vertebrados, vêm os mamíferos; entre os mais elevados mamíferos aparecem os primatas. Nessa última ordem do reino animal o homem é o mais bem organizado. Os dois instintos de conservação e de propagação encontram-se também no reino animal. Quanto mais complexa a estrutura, mais bem preparado o organismo para adaptar-se a seu mutável ambiente, e mais apto para viver e produzir organismos semelhantes, com um dispêndio cada vez menor de energia. Em suma, o processo evolutivo no plano físico decorria da necessidade primordial que se tinha para formar o corpo denso material que viria a ser o veículo da manifestação dos espíritos no plano terra de um lado, bem como de criar os organismos de sustentação para natureza e o ecossistema que se formará a partir da criação do nosso planeta. Este processo que gerou o corpo humano como conhecemos nos dias atuais visava a proporcionar ao espírito seu total envolvimento com a matéria, ou seja, o clímax da sua auto-experimentação, sua necessidade extrema de objetivação, a concretização de sua necessidade completista. Nas colunas Plano Espiritual e Situação (Tabela I), está a chave para compreendermos o que desejamos formular neste primeiro argumento. Da essência elemental ao reino animal toda a situação de envolvimento dos espíritos neste processo foi coletiva. Quando fomos pelo nosso livre-arbítrio enredados na energia-massa, vivenciamos duas situações alheias a nossa condição original: a primeira foi de contato com algo caótico e totalmente desequilibrado o que ocasionava um choque profundo que impedia uma interação que permitisse um aprendizado profícuo; a segunda situação, após a criação do universo astral, por Deus-Pai e sua Coroa Divina que em sua misericórdia Divina resolveu desta forma a primeira situação, passamos a ter a necessidade de nos amoldarmos a nova condição evolutiva que exigia um total insulamento na matéria para que alcançássemos os objetivos que nossas necessidades objetivaram.
Ora, este contato profundo com a matéria não significava desde o início encarnação e posteriores reencarnações nos reinos elemental, mineral, vegetal e animal, tendo em vista que os espíritos apenas necessitavam, como poderei explicar, adquirir determinadas propriedades destes ditos reinos para conseguirmos a harmonização perfeita para a definitiva encarnação no corpo humano. Vejam bem, o corpo humano é o último e derradeiro estágio de nossa experimentação. Após esta experimentação, cumprida esta etapa, passamos gradativamente, através dos processos evolutivos do Karma Constituído, a nos elevarmos em busca do retorno ao Cosmo Espiritual em um processo lento de nos destituirmos dos diversos veículos adquiridos no reino da energia-massa, até alcançarmos uma condição que nos permitirá cruzarmos os portais cósmicos que nos devolverá a nossa via de evolução original (esta é a nossa 2ª Morte, por assim dizer).
(Tabela II) As Propriedades Primordiais dos Reinos adquiridos pelos Espíritos
REINO
PROPRIEDADE
Elemental
Os primeiros contatos com o plano físico
Mineral
Estrutura e organização molecular.
Vegetal
Sentimento e sensações
Animal
Instinto, preservação e sobrevivência
Para esta consecução o espírito não tinha a necessidade de encarnar em uma pedra, em uma planta ou em um animal.
Necessário era portanto, que os espíritos coexistissem coletivamente imantados a cada uma desses reinos, para que pudessem se impregnar destas propriedades e outras aqui não relacionadas, formando todo um arcabouço de memória, experiência e vivências, ao mesmo tempo que harmonizando os seus perispíritos em formação (entenda-se aqui perispírito como o conjunto dos diversos veículos adquiridos pelo espírito em sua queda vertiginosa no mundo da energiamassa, que proporcionaram a sua adequada manifestação neste universo) para a definitiva ligação ao corpo material. Esta imantação aos diversos reinos, o que gerou as almas grupos, não era dada de forma consciente, na verdade, desde a sua entrada no universo astral os espíritos passaram a conviver com uma inconsciência coletiva tendo em vista que não seria possível conseguir a total harmonização deles neste novo lócus tendo que administrar as diversas interferências conscientes que os mesmos realizariam neste processo. Podemos constatar então que a nossa consciência somente foi inteiramente devolvida com a encarnação como ser humano. Para compreendermos melhor esse assunto, realizemos a correlação com um médico que vai operar um paciente e necessita para que tudo ocorra a contento, de anestesiá-lo, de forma a conseguir operá-lo sem que haja interferência por parte do mesmo. Este é o verdadeiro sentido da alma-grupo, Deus e sua Coroa Divina zelava por todos nós, afim de que tudo ocorresse como deveria ser e alcançássemos os nossos objetivos. Na verdade todo este estágio evolutivo, de forma bem simplista, é como a câmara de descompressão que o mergulhador tem que passar após mergulhar grandes profundidades, para se adaptar novamente as condições normais de temperatura e pressão do nível do ambiente. Portanto, quando falamos em reinos elemental, mineral, vegetal e animal não estamos falando em individualização, em uma alma em cada indivíduo desta espécie. Estamos sim, dissertando sobre alma grupo, encarnação ou melhor explicando em existência coletiva de aprendizado.
É como se os reinos existissem com suas diferentes espécies e imantados em um mesmo lócus de existência estivessem os espíritos interligados etérea e psiquicamente com o todo da espécie. A passagem (imantação) por diferentes espécies provoca o aprendizado e a apropriação das propriedades inerentes a cada espécie e lócus(reino) necessária mais tarde para que a conjunção Espírito, Perispírito e Matéria possam se agrupar e formar o ser humano completo de todas as condições para iniciar o seu processo evolutivo consciente. O importante para finalizar este argumento é que quando falamos em pedras e seus correlato, plantas, animais e assemelhados, não estamos falando de almas individualizadas, individualização da alma somente pode ser relacionado a espécie humana.
2º Argumento – As Leis de Sobrevivência, Preservação das Espécies; a Vida, a Alma e a Morte. Está bem claro no 1º Argumento, que uma das atividades que moviam as espécies era a que incitava o organismo a conservar a vida o maior tempo possível. Esta atividade representa especificamente a nutrição (alimentação) e os instintos de sobrevivência e preservação. Importante se notar que muitas das espécies, já no reino animal, matavam tanto para se alimentar como para sobreviver. Esta situação não se consubstancia de forma nenhuma em crime para as Leis Divinas pois, elas são manifestações puras do processo de seleção natural. Consideremos também que neste processo de seleção natural, sobrevivência, alimentação e preservação das espécies, a morte de um indivíduo não representava um ataque a um espírito individualizado e sim a vida que num determinado período conservou um grupo de compostos químicos como um organismo vivo. Enquanto ela o manteve assim, foi ganhando em complexidade pelas experiências filtradas pelo seu receptáculo. O que devemos considerar como morte do organismo, não é outra coisa senão a retirada da vida que, por certo tempo, existirá separada das formas mais ínfimas e físicas da matéria, embora permaneça ainda associada a variedades hiperfísicas de matéria.
Ao retirar-se do organismo com a morte, as experiências recebidas através dele são conservadas como hábitos apreendidos em vida, os quais são transmutados em novas capacidades para a construção da forma (propriedades), e utilizadas em seu esforço de construção de um novo organismo (pela Alma Grupo em questão). Considerando apenas a forma, não vemos senão um lado da evolução, porque toda forma há uma vida. Quando morre uma planta, a vida que a mantém viva e que a impeliu a responder às excitações do meio não morre. Quando uma rosa murcha e se torna pó, sabemos que a sua matéria não se destrói. Cada partícula subsiste ainda, porque a matéria não pode ser aniquilada. Dá-se o mesmo com a vida, a qual contando com tais elementos químicos, organizou a rosa. Só por um instante a vida se retira, para reaparecer logo, em vias de produzir uma outra rosa. A experiência que, na primeira rosa, recebeu do calor solar e das tempestades, da luta pela existência, será gradualmente utilizada para compor uma segunda rosa, mais bem dotada para viver e propagar a sua espécie. Da mesma maneira que um organismo individual é uma unidade num grupo mais vasto, também a vida que se oculta no íntimo desse organismo faz parte de uma alma grupo, mas não é um espírito individualizado, com livre-arbítrio e consciente do seu processo evolutivo. Por trás dos organismos do reino vegetal há a alma grupo vegetal, reservatório indestrutível das forças vitais que se tornam cada vez mais complexas, ao edificar as formas vegetais. Cada uma das unidades de vida dessa alma grupo, ao aparecer na Terra embutida num organismo, vem provida da soma total da experiência adquirida na construção dos organismos precedentes. Cada unidade, pela morte do organismo, volta à alma grupo e lhe traz, como contribuição, o que aprendeu em sua capacidade de reagir, de acordo com os novos métodos, às excitações exteriores. Verifica-se o mesmo no reino animal: cada espécie, cada gênero, cada família tem seu compartimento especial na alma grupo animal e coletiva. Diante destes fatos percebemos nitidamente o poder da máxima em que no “Universo nada se cria tudo se transforma”
A vida que aqui nos referimos é o prana dos Iogues, o princípio vital dos Teósofos, a força vital (ou energia essencial de vida) dos rosacruzes, tattvas dos Vedas e o Nephesh da Bíblia Sagrada que significa o alento da vida, anima, mens, vita, a vida ou alma vital, que existe em todos os seres vivos, em toda a molécula animada e até de cada átomo mineral. Não é o espírito, nem é individual.
3º Argumento – A Diferença entre o Nephesh e a Alma do Ser Humano A alma do ser humano é sua condição de ser encarnado dentro do reino da energia-massa, seja na condição de espírito ou seja como ser humano encarnado na matéria, pois onde o espírito esteja, neste universo astral, ele está envolvido por um ou vários corpos de manifestação.
(Tabela III) Os Veículos do Espírito no Reino da Energia-Massa (Universo Astral) PLANO
VEÍCULO
MOTIVO
ATUAÇÃO Ideais sentimentos puros intuição pensamentos abstratos idéias pensamentos concretos
Espiritual
Espírito (*)
p/ transcender com
Mental Superior
Corpo Astral
p/ intuir com
Mental Inferior
Corpo Mental
p/ pensar com
Astral
Corpo Perispiritual
p/ sentir com
emoções desejos
Físico
Corpo Físico
p/ agir com
Sensorial ações
(*) O espírito já na condição de retornar ao Cosmo Espiritual
Já o Nephesh não possui veículos de manifestação pois ele é o alento de vida destes veículos, ou seja, o Nephesh é o que em uma comparação minimizada , fica mantendo um corpo físico quando da morte clínica de um ser humano. O organismo continua vivo (já que o corpo humano é construção fundamentada na composição orgânica do reino animal) mas já sem a presença do espírito que o ocupava. Ele existe em tudo e em todos desde a essência elemental até o ser humano, passando pelo mineral, o vegetal e o animal.
4º Argumento – Magia, a Lei das Manifestações e o Sangue O que é Magia? Magia é o ato consciente de ativar e direcionar energias positivas ou negativas, universais ou cósmicas, através do movimento produzido pela vontade, capaz de produzir uma modificação, alteração, supressão, agregação para um objetivo(s) predefinido(s). Enfim é a ciência e arte de utilizarmos conscientemente poderes invisíveis (espirituais) para produzir efeitos visíveis. A Magia está subordinada a diversas Leis que passamos a enunciar: 1) Toda e qualquer Magia é mental. 2) Toda e qualquer Magia está baseada na dinâmica do pensamento. 3) Pensamento atrai pensamento na razão direta de sua qualidade, intensidade e vontade, tanto de quem as emite, quando de quem as recebe. 4) Todo o movimento provocado pela vontade do pensamento produz energia, que pode ser positiva ou negativa. 5) Na energia produzida pela emissão do pensamento é eliminado o espaço, este deixa de existir, porém não o tempo. 6) Toda Magia é regida pela Lei da Causalidade. 7) Toda causa corresponde a um efeito, imediato ou tardio. 8) Nenhuma Magia alcançará seus objetivos se não for projetado sobre determinados elementos físicos densos e etéricos, os quais servirão de
canais da Magia ou elementos espelhos, os quais se projetaram os pensamentos e os desejos, que alcançara ou não, o objetivo visado. 9) Toda Magia possui mecanismos básicos de evocação e invocação próprios a cada ritualística utilizada para tal mister. 10) Toda a Magia obedece a Lei das Manifestações.
Toda e qualquer Magia é mental. O dínamo, o gerador de toda e qualquer Magia é a mente que transforma a energia abstrata em concreta. Há de haver a ideação, concretizando-se em forma de corrente de pensamentos, os quais imantarão e atrairão certas energias, ou classes de Entidades que vibram afins com a corrente de pensamentos emitidas. A mente consegue realizar este efeito através de três atributos inerentes a própria mente. Estes atributos, em Magia, são denominados de as três chaves superiores: Sabedoria, Vontade e Atividade. O pensador deve possuir o conhecimento – SABEDORIA (que tipo ou qualidade de magia será efetuada), VONTADE para imprimir nesta energia mental o efeito que deseja e, finalmente, ATIVIDADE, para pôr em movimento, em ação, direcionar esta energia.
Toda e qualquer Magia está baseada na dinâmica do pensamento. O pensamento é dinâmico em sua manifestação, ou seja, ele vem e vai por todo mundo astral e psíquico utilizando como seu veículo o éter espiritual. Esta dinâmica causa a mobilização das mais diferentes correntes de pensamento que se agregam, se fundem, se completam e vice-versa. Um exemplo claro deste dinamismo da energia mental é a comparação as ondas de rádio das mais diferentes sintonias coexistindo harmonicamente ou não pelo espaço.
Os pensamentos são nada mais que ondas mentais sutis e densas conforme a qualidade do seu emissor.
Pensamento atrai pensamento na razão direta de sua qualidade, intensidade e vontade, tanto de quem as emite, quando de quem as recebe. Todo o movimento provocado pela vontade do pensamento produz energia, que pode ser positiva ou negativa. Na energia produzida pela emissão do pensamento é eliminado o espaço, este deixa de existir, porém não o tempo. Toda Magia é regida pela Lei da Causalidade. Toda causa corresponde a um efeito, imediato ou tardio. Por sua ação dinâmica o pensamento cria energia, que pode ser positiva ou negativa. Pela liberação da energia é eliminado o espaço, ou seja, não existe distância que essa energia assim criada não possa atingir. Sendo o tempo a dimensão da energia, podemos facilmente chegar a um outro enunciado: Toda energia liberada por um pensador através da Vontade, Sabedoria e Atividade e direcionada a fim de produzir uma modificação terá um tempo de duração variável. Um pensador A emite uma energia positiva ou negativa para um pensador B. Porém, B não está neste momento receptivo, está vibrando numa faixa de onda diferente de A. Esta energia ao chegar até B, não penetra, não o envolve e volta para o seu emitente, A. Isso se denomina Retorno. Na volta da energia para o pensador A, todos aqueles que estiverem vibrando na mesma tônica, no mesmo campo vibratório do pensador A, receberão esta energia.
Isto funciona tanto para emissão de Energia positiva quanto negativa. Consequentemente, teremos: Retorno positivo e Retorno Negativo. Logo, podemos concluir, que a dinâmica do pensamento funciona como a eletricidade: pólo positivo e pólo negativo. Sendo que neste caso semelhante atrai semelhante e dissemelhante se repulsam.
(Tabela IV)
A Dinâmica do Pensamento Pensador A
Pensador B
(Tipo de
(Tipo de
Energia)
Energia)
(+)
(-)
Não penetra, não envolve
(-)
(+)
Não penetra, não envolve
(+)
(+)
Penetra, envolve, atinge seu objetivo
(-)
(-)
Penetra, envolve, atinge seu objetivo
Dinâmica do Pensamento
A duração variável da emissão de pensamento – Magia – está condicionada aquilo que denominamos Retorno tardio. O Retorno imediato, já observamos, é quando o receptor está vibrando em campos vibratórios diferentes. O Retorno tardio é sempre ocasionado pela Lei imutável da natureza – o Karma. A toda causa corresponde um efeito. Assim que dirige, quem orienta uma emissão de pensamento, quer positivo, quer negativo, receberá, embora tardiamente, o efeito da causa provocada. Já podemos enunciar a Lei Maior da Magia: TODA CAUSA CORRESPONDE A UM EFEITO, IGUAL EM SENTIDO CONTRÁRIO.
Na aura do planeta Terra, existem núcleos de pensamentos de todas as espécies. Quando um pensamento positivo é emitido, primeiro é captado pelo núcleo positivo existente e daí se dirige ao receptor. Os pensamentos afins captados, quando esta emissão é negativa, captam todas as negatividades contidas neste núcleo de pensamentos negativos, daí se dirigindo ao receptor. A Lei Maior da Magia já pode ser enunciada em sua forma definitiva: A energia-pensamento tende a somar às existentes de acordo com sua intensidade, qualidade e afinidade. Logo, A TODA CAUSA CORRESPONDE UM EFEITO ADICIONADO E CONTRÁRIO. O Retorno Imediato pode ser evitado pelo mago ou magista, que usa o recurso que denominamos Transferência. Nos objetos utilizados para este fim, o mago transfere sua poderosa energia mental. Depois, imanta e dirige a sua magia para o fim a que se destina. Se o receptor estiver vibrando em outra faixa, o retorno desta operação voltará, não para o emitente, mas para os objetos imantados que o receberão e imediatamente o devolverão. Este mecanismo funcionará pelo tempo que for determinado pela imantação e poder de vontade do magista, até atingir o seu objetivo, que será alcançado ou não, dependendo do poder do mago. Durante a transferência o magista se protege com uma “Concha Etérica”. A concha ou resguardo se faz por um esforço da vontade e da imaginação. Pode-se fazê-la de duas maneiras: pode-se densificar a periferia da aura etérica, que tomará a forma do corpo físico e será ligeiramente maior do que este; ou então, se constrói uma concha ovóide de matéria etérica da atmosfera circundante.
Nenhuma Magia alcançará seus objetivos se não for projetado sobre determinados elementos físicos densos e etéricos, os quais servirão de canais da Magia ou elementos espelhos, os quais se projetaram os pensamentos e os desejos, que alcançara ou não, o objetivo visado.
Essa parte física seria a ação ou execução propriamente dita. Os elementos ou materiais servirão como elementos radicais, os quais serão movimentados do físico ao etérico e desse ao astral. Assim, há uma forte reação no astral, dependendo de certos elementos colocados no ato mágico ou oferenda ritualística, a qual visa projetar ou ativar certas energias etéreo-físicas ou mesmo astro-etéricas para depois desencadearam a atuação na matéria. Deixemos claro o seguinte mecanismo: para haver Magia há necessidade de elementos materiais específicos e especiais, os quais são manipulados em seus elementos etéricos e transformados em matéria astral, a qual desencadeia determinado ciclo e ritmo vibratório no campo astral envolvido, retornando ao campo etérico e físico, carreando certo código, que encontrará através de emissários astralizados os objetivos visados. Este mecanismo, embora seja simples, é básico para o magismo.
(Tabela V)
Mecanismo de Ativação da Magia em cada Plano PLANO
ATIVADO ATRAVÉ DA:
Mental
Ideação
Astral
Vontade
Físico
Ação ou Execução
(Tabela VI)
Mecanismo Básico da Magia serão projetados sobre
Pensamentos
Elementos
e Desejos
Materiais (projetores) são dinamizados e excitam
Objetivo
Éteres(*)
Visado AÇÃO ASTRO-ETÉRICAS
Estes se transformam ou abalam o plano astral e sua matéria. Esta emite energias que são transformadas em
(*) Os éteres são os 4 estados superiores da matéria neste Universo-astral (Reino da Energia Massa). Os estados da matéria, portanto são: Sólido, Líquido, Gasoso, Éter Químico, Éter Refletor, Éter Luminoso e Éter Vital. Estes estados são comuns a todos os planos de manifestação do Espírito.
Toda Magia possui mecanismos básicos de evocação e invocação próprios a cada ritualística utilizada para tal mister Toda Evocatória (Evocar = chamar de algum lugar; ordenar) ou Invocatória (Invocar = implorar; pedir; rogar; pedir proteção) alcança vários níveis, dependendo é claro de quem evoca ou invoca, desejos, pensamentos, emoções, necessidades, etc. Mas se o magista sabe como realizar, o que fazer, tudo se passa como se houvesse uma fonte emissora (o magista) que visa alcançar a estação receptora (as energias etéricas ou entidades evocadas ou invocadas). É sabido que a evocatória ou invocatória estará na dependência de quem a faz, dependendo é claro da potência do pensamento emitido ou grau de freqüência das ondas mentais (ondas alfa, beta e gama). Depende também da modulação dada aos desejos, ou seja, a intensidade. Na dependência desses fatores, pode-se ou não atingir a recepção, pois se os dois pólos (emissor e receptor) não estiverem em mesma sintonia não se conseguirá o objeto visado no ato mágico. Todo ato mágico só é viável se as afinidades vibratória se “casarem”. Do ponto de vista técnico, a evocatória ou invocatória forma ondas eletromagnéticas, que poderão ser dinamizadas ou dissipadas através do desejo, que poderá tornar-se condutor ou resistor. A evocatória ou invocatória é dirigida através da vontade, do desejo, que sem dúvida é manancial de poder, que na dependência da petição poderá ou não alcançar os objetivos ou as Entidades evocadas ou invocadas. Assim, toda evocação ou invocação é uma ação que provocará uma reação, na dependência da natureza do pedido e de força mentoastral que foi emitida.
Toda a Magia obedece a Lei das Manifestações A Lei das Manifestações nada mais é do que a Lei Universal do Triângulo.
Em qualquer coisa que realizamos devemos levar em consideração a necessidade de dois elementos gerando um terceiro. Somos o elementos motor, o elemento ativo. O outro elemento é a pessoa ou condição sobre a a qual vamos atuar, o elemento relativamente passivo. O resultado de nossa ação, o efeito que dela ocorre, é o terceiro elemento ou a terceira ponta do triângulo.
(Tabela VII)
LEI DAS MANIFESTAÇÕES Manifestação
=3
Lei do Triângulo
Ativo
Passivo
TRINDADE UNIVERSAL DAS MANIFESTAÇÕES A Magia obedece estritamente está Lei. Temos 1º elemento, ativo (emissor) o magista, o 2º elemento, passivo (receptor) os objetos manipulados pelo Mago e o 3º elemento, a manifestação provocada pelo rito mágico (objetivo visado). Evidentemente que no caso da Magia Negra este triângulo é invertido. O sentido da ponta para cima ou para baixo esta na, podemos assim dizer ou comparar, na intenção positiva ou negativa que se deseje alcançar. O Mago antes de mais nada deve ser um profundo conhecedor das Leis de Manifestações para que ele possa conseguir algum resultado com os seus ritos mágicos. Sem as condições propícias ou conhecimento profundo dos dois elementos ativo e passivo de um rito mágico não será possível para um magista conseguir o objetivo visado.
O SANGUE O Sangue é a linfa da vida e elemento imprescindível no ser vivo, pois, além de sua função propriamente física, ainda capta e absorve as forças vitalizantes do Sol, como o “prana”, o magnetismo lunar e certos fluidos do mundo astral. A sua circulação rapidíssima é imantada pela eletricidade animal e nutrida pelos éteres que se emana dos diferentes planos de manifestação do espírito e flui através do perispírito. Portanto, denota-se claramente, que a circulação sangüínea é por onde trafega a força vital tendo em vista, que sem a circulação do sangue no organismo o corpo morre entrando em pouco tempo em estado de decomposição. O importante a se destacar o papel que o sangue possui nos estudos oculistas e magísticos. Ramatsariar já dizia que o sangue “contém todos os mistérios secretos da existência”, e Levi “é a primeira encarnação do fluido universal, a luz vital materializada”. No ser humano representa a fonte de vitalização mais material da unificação das energias que possibilitam a harmonização da sustentação da unificação corpo material, perispírito e espírito. No reino animal é a base material do Nepesh ou força vital. Com este significado no reino animal o sangue é vitalidade pura, repositório de energias imponderáveis, fluido magístico com grande poder energético de efeito adicionador. Por ser plasma, seiva, linfa material mas com emanações etéricas e agregações fluídicas espirituais em sua formação a força coadjuvante do sangue em plasmar e vitalizar qualquer coisa no reino astral é muito poderosa. Seu potencial vitalizador de formas-pensamento, de ideações, desejos e emoções é incontestável. O sangue possui o efeito cristalizador para qualquer efeito mágico e sobrenatural. A formação de égregoras consangüíneas, familías, irmandades, pactos de sangue exemplificam o seu poder catalizador.
5º Argumento – Os Orixás e os Seres Elementais Deixando de lado o caráter de arquétipo das personalidades do seres humanos que neste estudo é irrelevante, consideremos os Orixás como componentes da Coroa Divina que ficaram, por assim dizer, no Universo Astral (Reino da Energia-Massa) para reger toda obra criativa do Deus-Pai. Hierarquicamente falando, para efeitos desta fundamentação, os Orixás a que nos referimos são os que estão mais próximos do planeta Terra e que regem as forças da natureza. Esses Orixás são cultuados diretamente pelos Cultos Afro-Brasileiros e a Umbanda. No Culto Omolocô do Brasil são eles: Exú, Nanã, Omulu, Ogum, Oxum, Xangô, Iansã, Oxossi, Iemanjá e Oxalá. Seu caráter é de forças divinas e cósmicas, que nunca tiveram encarnação na Terra, representantes de Deus (Obatalá) e regentes diretos das forças imponderáveis da natureza. Portanto, estão sobre seu comando imediato os Seres Elementais que cuidam de todo o Ecossistema, são conhecidos também como espíritos da natureza porque regem os elementos básicos: terra, água, ar e fogo e neles habitam. Os espíritos da natureza ou seres elementais são em número infinito e, embora habitem o mesmo planeta, têm uma evolução completamente diferenciada da raça humana. Sendo assim jamais encarnarão na condição de ser humano. Os corpos dos espíritos da natureza carecem de estrutura interna por essa razão não podem ser molestados ou agredidos pelos agentes externos. As suas formas são várias, podendo assumir à vontade qualquer aparência.
(Tabela VIII)
OS SERES ELEMENTAIS ELEMENTO
SER ELEMENTAL
Água
Ondinas
Terra
Gnomos
Fogo
Salamandras
Ar
Fadas
Fundamentos – O Sacrifício de Animais nos Cultos Afro-Brasileiros e na Umbanda Indubitavelmente, os argumentos anteriormente descritos, seriam por si próprios, a fundamentação necessária para finalizar este assunto. No entanto, é necessário se colocar mais alguns pontos com intuito de proporcionar outros esclarecimentos que fundamentem a nossa explicação.
1º Fundamento – Da Ancestralidade Com certeza, o Sacrifício de Animais é um ritual herdado de forma hereditária dos fundamentos dos Cultos praticados na África. O Candomblé desenvolve esta prática e antes dele as inúmeras seitas e cultos africanos. Infelizmente o ecletismo e pluralidade de doutrina dentro da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros são inúmeras. Não existe codificação e as ramificações são incontáveis. Do advento de Zélio de Moraes e muito antes dele, da Umbanda Esotérica, OICD e outros, dos Candomblés de Caboclo, do Culto Omolocô, da Pajelança, dos diversos Xangôs, do Batuque de Minas e partindo para fora, em Cuba, somente para citar um exemplo, com suas Santerias. Tudo está envolvido em um grande guarda-chuva chamado Umbanda. O que podemos retirar como sumo vital de tudo isto ? O que é comum a todos ? Os Orixás, as entidades e a manifestação mediúnica. O resto se perde num emaranhado de ritos e doutrinas que muda de terreiro para terreiro, de Pai ou Mãe de Santo para Pai ou Mãe de Santo. O importante nisso tudo é que o trabalho de entidades e Orixás estão sendo realizados. Dentro de um grande plano divino, os objetivos gerais que são: de permitir a cada grau conscencional sua evolução e a difusão da assistência caritativa aos que buscam esperançosos os diversos templos, bem como a difusão do perdão, do bem do amor etc., estão claro com muitas restrições, caminhando.
O que eu quero dizer, com estas colocações é que por tudo isso ninguém pode chegar com autoridade o suficiente para dizer: “Sacrifício de animais é algo primitivo e não possui mais razão de ser”. Se as coisas funcionassem desta forma a Umbanda hoje, estaria devidamente codificada e plenamente definida, e esta miscelânea que vivenciamos teria perdido totalmente o sentido. Por isso, a ancestralidade deste rito é válida como fundamento. Se considerarmos do ponto de vista bíblico, o sacrifício de animais é algo que vem desde a história de Caim e Abel. Deus se agradou do sacrifício de Abel que imolou em oferenda os primogênitos de seu rebanho e recusou a oferta de Caim que tinha sido parte de sua colheita agrícola. Já antes do Dilúvio, os animais eram mortos a fim de prover roupa ao homem e para fins sacrificiais. (Gên 3:21; 4:4) Os animais são almas viventes que não são humanas. (Núm 31:28) Dentro de uma ótica cristã – judaica, o sangue era o principal elemento catalisador de ofertas e oferendas a Deus. Havia apenas um uso do sangue aprovado por Deus, a saber, para sacrifícios. Ele mandou que os que estavam sob a Lei mosaica oferecessem sacrifícios de animais para expiar pecados. (Le 17:10, 11) Estava também em harmonia com a Sua vontade que Seu Filho, Jesus Cristo, oferecesse sua perfeita vida humana em sacrifício pelos pecados (He 10:5, 10). A aplicação do sangue de Cristo, para salvar vidas, foi prefigurada de diversas maneiras nas Escrituras Hebraicas. Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o sangue na parte superior das portas e nas ombreiras das casas israelitas protegeu o primogênito lá dentro de ser morto pela mão do anjo de Deus. (Êx 12:7, 22, 23; 1Co 5:7) O pacto da Lei, que tinha uma particularidade típica para a remoção dos pecados, foi validado pelo sangue de animais. (Êx 24:5–8) Os numerosos sacrifícios de sangue, especialmente os oferecidos no Dia da Expiação, eram para a típica expiação de pecados, apontando para a verdadeira remoção dos pecados por meio do sacrifício de Cristo (Le 16:11, 1518).
O poder jurídico do sangue aos olhos de Deus, conforme aceito por ele para fins de expiação, foi ilustrado pelo derramamento de sangue à base, ou junto ao alicerce, do altar e de ser posto os chifres do animal imolado no altar. O arranjo de expiação tinha como base, ou alicerce, o sangue, e o poder (representado pelos chifres). (Le 9:9; He 9:22; 1Co 1:18). Mas o sangue e o sacrifício de animais dentro do contexto bíblico, não era somente ligado a expiação dos pecados, mas também
significava
purificação. O lugar de moradia de Jeová ou qualquer lugar em que ele more de forma representativa é um lugar santificado ou santo, um santuário. O tabernáculo no ermo e os templos mais tarde construídos por Salomão e por Zorobadel (reconstruído e ampliado por Herodes, o Grande) eram chamados de “miq dásh” ou qó dhesh, lugares “postos à parte” ou “santos”. Situados no meio de um povo pecaminoso, estes lugares tinham de ser periodicamente purificados (em sentido típico ou pictórico) do aviltamento, por meio da aspersão de sangue de animais sacrificiais. (Le 16:16) Nas festividades também, que sempre possuíam um caráter religioso, o sacrifício de animais era largamente utilizado. Como na Festividade dos Pães Não Fermentados ocorrida de 15 a 21 de abide (nisã) realizadas pelo Rei Ezequias, depois de ele ter limpado o templo. celebração que naquela ocasião, foi prolongada por mais sete dias. O relato diz que o próprio Ezequias contribui para o sacrifício de 1.000 novilhos e 7.000 ovelhas, e que os príncipes contribuíram com 1.000 novilhos e 10.000 ovelhas. (2Cr 30:21-24) Na história bíblica as duas maiores alianças realizadas por Jeová uma com Abraão e a outra com Moisés foram firmadas através de sacrifícios de animais e sangue como elementos principais de confirmação.
No caso de Abraão visto que Sara continuava estéril, parecia que Eliezer, o fiel mordomo doméstico, de Damasco, receberia a herança de Abraão. Todavia, Jeová de novo assegurou a Abraão que sua própria prole seria inumerável, como as estrelas do céu, e, assim, Abraão “depositou fé em Jeová; e este passou a imputar-lhe isso como justiça. (Gên 15:1-6; Ro 4:9, 10) Jeová concluiu então com Abraão um pacto formal, à base de sacrifícios de animais, e, ao mesmo tempo, revelou que a descendência seria afligida por um período de 400 anos, sendo até levada cativa em escravidão. (Gên 15:7-21). O Pacto da Lei foi quando da transmissão da Tábuas, transmitida por meio de anjos, pela mão de um mediador, Moisés, e que entrou em vigor com o sacrifício de animais no Monte Sinai. (Gál 3:19; He 2:2; 9:16-20) Naquela oportunidade, Moisés aspergiu sobre o altar a metade dos sangue dos animais sacrificados, daí, leu o livro do pacto para o povo, que concordou em ser obediente. Depois disso, ele aspergiu o sangue sobre o livro e sobre o povo. (Êx 24:3-8). E finalmente das dez pragas lançadas sobre o Egito duas envolveram o sangue e o sacrifício de animais. Uma foi a transformação de todas as águas em sangue e outra a, já relatada, da morte dos primogênitos. (Êx 7 a 13) O Antigo Testamento está, portanto permeado de sacrifícios de animais com derramamento de sangue. Sob a jurisdição cristã, a santidade do sangue foi enfatizada com vigor ainda maior no Novo Testamento, com a imolação do Cordeiro Divino Nosso Senhor Jesus Cristo que derramou o seu sangue para lavar os pecados da face da Terra. Até nos dias atuais o vinho simbolicamente significa o sangue de Jesus e é bebido e consagrado pelo Padre. Partindo para as escolas iniciáticas dos grandes mistérios, vemos no berço da cerimônias de iniciação, o Egito, os famosos Mistérios de Ísis. Papus em seu livro “ABC do Ocultismo” revela toda a ritualística destes mistérios iniciáticos, com riqueza de detalhes. Na descrição do Templo existe o destaque para a OUSEKTH-KHA: A sala da elevação ou ofertório em que eram expostas as oferendas vegetais e animais feitas ao templo.
Nessa sala, por meio da força vital dos animais sacrificados, os sacerdotes preparavam as aparições e as evocações das salas de mistério, localizadas no fundo do templo e construídas como grutas naturais. Nos sacrifícios de animais, considerados atualmente como primitivo e desnecessário estão séculos de ancestralidade e tradição.
2º Fundamento – Da Ética A Ética está muito arraigada ao 5º Mandamento “Não Matarás”. Mas como vimos, ao receber as Tábuas da Lei, Jeová confirmou com Moisés um pacto a base de sacrifícios de animais, logo o sacrifício de animais não estava incluso no âmbito deste quinto mandamento. Percebe-se, que este sacrifício permitido esta ligado a práticas ritualísticas (ofertas, oferendas, purificação, pactos, alianças, expiação, misericórdia, etc.) e mesmo iniciáticas. (evocatória e invocatória). E por que o quinto mandamento não inclui a matança de animais como contrária a Lei de Deus ? Um primeiro motivo é óbvio, a alimentação carnívora faz parte da nutrição do ser humano desde que o mundo é mundo. O segundo motivo, já largamente explicado nos argumentos é revisado agora dentro do contexto bíblico. O Nephesh, que anima o reino animal e por todo Gênese, quando esta palavra é citada, indica a Criação do Reino animal, sendo assim totalmente diferenciado de Neshamah o fôlego de Deus nas narinas de Adão. Ora, muitos neste momento deve estar estranhando as minhas diversas comparações, citações bíblicas e digressões principalmente no tocante a Gênese, Moisés e o Pentateuco (os cinco livros atribuídos a Moisés). A questão é que Moisés como é sabido, era príncipe egípcio, iniciado nos Mistérios de Ísis por Jehtro, seu sogro e sumo-sacerdote da Escolas Iniciáticas. Portanto, conhecia Moisés todos os segredos e mistérios Mágicos e Cabalísticos.
E como conhecedor destes mistérios, podia como o fez, transmitir para o povo judeu a verdade só que sobre uma capa velada. Velada ou não as verdades apreendidas por Moisés de fonte fidedigna pode não estar clara na Bíblia, ter sido alterada, adulterada, manipulada, suprimida e muito mais, mas estão ali. “Buscais a verdade e ela vos revelará a sua face”. Logo, ao sacrificarmos animais, dentro de uma ritualística própria, organizada e dirigida a um determinado fim, não estamos matando um ser vivo com alma individualizada, um ser que possui um direcionamento kármico definido e que a morte através do sacrifício esteja brutalmente sendo interrompida. O segredo dessa história está em que na morte do ser humano não existe transformação da energia, já que somente o corpo material se desagrega, o espírito não. No caso dos animais o seu Nephesh retorna ao seu lócus original, sendo absorvida pela Alma Grupo e devidamente transformado em experiência e outros atributos em benefício da mesma. Matar um ser humano sim, fere gravemente as Leis de Deus, pois destrói ou interrompe todo um processo reencarnatório, arquitetado, planejado pelos responsáveis dos processos kármicos, além de impedir um espírito de continuar o seu processo evolutivo.
3º Fundamento – Da Magia No sacrifício dos animais encontramos todas as Leis da Magia em ação. Antes de mais nada, a mente e a dinâmica de pensamento são os motores básicos do direcionamento magístico e este movimento provocado pela emissão do pensamento produz energia que pode ser positiva ou negativa conforme o direcionamento dado ao sacrifício. Estudemos a composição do ritual mágico do sacrifício de animais, vulgarmente chamado de matança para podemos compreender toda a sua amplitude.
Como membro do Culto Omolocô do Brasil apenas posso dissertar sobre o que acontece dentro deste universo religioso. Embora exista diferenças de ritual e direcionamento nos diversos cultos que praticam o sacrifício de animais, a mecânica não muda muito. A utilização dos sacrifícios de animais são apenas relacionados aos Orixás e Exús e pelos os seguintes motivos: oferendas, obrigações com os mesmos, evocação e invocação. Em todas as situações existem a presença do emissor (Pai de Santo ou Mãe de Santo), objetos físicos (alguidar, velas e demais elementos inerentes aos Orixás ou Exús, os seus axés) e a presença ou não do consulente, filho(a) de santo ou de pessoas que formam a corrente vibratória e ajudam no ritual. Esquematicamente:
(Tabela IX)
Mecanismo do Sacrifício de Animais serão projetados sobre
Pensamentos
Objetos
e Desejos
(Axés) (projetores) Emissor: Pai ou Mãe de Santo + Consulente e participantes da corrente de vibração
Objetivo Visado AÇÃO ASTRO-ETÉRICAS
são dinamizados e excitam
Éteres(*) Força dos Orixás ou Exús
Estes se transformam ou abalam o plano astral e sua matéria. Esta emite energias que são transformadas em
Algumas Considerações •
O momento do derramamento do sangue dos animais sacrificados é o instante mágico em que é feito o elo de ligação entre todas as energias envolvidas (pensamentos, desejos e emoções de um lado; com o poder de projeção dos objetos manipulados pelo magista; mais a ação astro-etérica das entidades espirituais evocadas ou invocadas no referido trabalho; bem como a força vital ou Nephesh que se esvai com a morte do animal).
•
O sangue jorrado funciona como catalizador explosivo, a ignição que canaliza a poderosa corrente de energias etéricas, imprimindo velocidade para que rapidamente se elimine o espaço, ou seja a distância entre o emissor e o receptor.
•
Mais do que isso, o sangue derramado potencializa nos objetos manipulados quando neles aspergidos o efeito de transferência já citado. Por isso, estes objetos somente podem ser removidos após um determinado tempo.
•
Esta potencialização também é transformada em magnetização ou imantação deixando parte desta energia como fonte de recursos talismânicos nos objetos usados no sacrifício.
•
De forma nenhuma, embora muitos queiram dar este sentido, as entidades envolvidas no processo se alimentam deste sangue, nem tão pouco os participantes físicos. O intuito é apenas de caráter energético. Isto pelo menos, no Culto Omolocô.
•
Todo
o
ritual,
seus
apetrechos,
cânticos,
organização,
posicionamento, arrumação, utilização e colocação de cada coisa em determinadas posições, bem como, o resguardo para o desmanche da obrigação, o que comumente chamamos de levantar o trabalho, visa exclusivamente a montagem e manutenção da égregora magística e mística que se forma.
PALAVRAS FINAIS A bem da verdade, quero deixar, bem claro, que acredito que chegará época não muito distante que tanto o sacrifício de animais, como outras práticas ditas ultrapassadas ou primitivas, deixem de existir. Quando este tempo chegar elas serão substituídas por métodos mais avançados ou evoluídos espiritualmente. No entanto, até que esta evolução aconteça o sacrifício de animais ainda é um instrumento útil, válido para prática nos cultos que a utilizam e poderoso nos seus elementos magísticos e ritualísticos. Como disse no início a minha intenção ao escrever estas páginas não foi de convencer ninguém e sim de contribuir para fundamentar e explicar com base nos estudos mais avançados que possuímos o ritual, as vezes tão mal compreendido e que vive na maioria das vezes sem explicação. Não sei se alcancei os objetivos e satisfiz a contento a expectativa de todos. Mas com certeza eu sei que entreguei para quem vier a ler estes escritos muita coisa para pensar. Quaisquer dúvidas pela lista ou através do meu e-mail particular:
[email protected]
Namastê
Caio de Omulu
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA •
Umbanda A Proto-Síntese Cósmica – F. Rivas Neto
•
Umbanda Essa Desconhecida – Roger Feraudy
•
O Código de Umbanda – Rubens Saraceni
•
Serões do Pai Velho – Babajinanda
•
Magia de Redenção – Ramatis
•
Fundamentos de Teosofia – C. Jinarajadasa
•
Glossário Teosófico – Helena P. Blavatsky
•
Orixás – Pierre Fatumbi Verger
•
ABC do Ocultismo – Papus
•
Manual Rosacruz – H. Spencer Lewis
•
Anatomia Esotérica – Douglas Baker
•
Estudo Perspicaz das Escrituras – Sociedade de Torre de Vigia de Bíblias e Tratados
•
Catecismo da Igreja Católica – Concílio Ecumênico Vaticano II
•
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral